João Santos Filipe Manchete SociedadeBanca | Menos 429 caixas automáticas no espaço de cinco anos Por cada cinco caixas de multibanco em funcionamento em 2020, restam hoje apenas quatro. No entanto, o número de terminais para fazer pagamentos electrónicos cresceu de cerca de 70 mil para quase 110 mil Desde o final de 2020, até à actualidade, os bancos passaram a disponibilizar menos 429 caixas automáticas (ou caixas multibanco) à população. O número mais recente, referente ao final de Junho deste ano, foi adiantado ao HM pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), e contrasta com a maior utilização das outras formas de pagamentos electrónicos. Segundo os dados avançados pela AMCM, no final de Junho havia um total de 1.358 caixas automáticas em funcionamento. Este número mostra que em comparação com o final de 2024 até houve um aumento do número de caixas a funcionar, com mais 29 unidades. No entanto, em comparação com o final de 2020, o ano em que havia mais caixas automáticas a funcionar, a queda tem acontecido de forma praticamente constante. No final de 2020 estavam em funcionamento 1.787 caixas automáticas, o maior número registado pelo menos desde 2016. Em comparação com Junho de 2025, houve uma redução de 429 caixas automáticas, o equivalente a diminuição de 24 por cento. Esta redução significa que por cada cinco caixas multibanco em funcionamento no final de 2020 uma deixou de estar disponível. A redução aconteceu de forma progressiva, mas tem acelerado nos últimos anos, à excepção dos primeiros seis meses deste ano. Entre 2020 e 2021 apenas nove caixas deixaram de estar disponíveis. No entanto, entre 2021 e 2022, a diminuição foi de 221 unidades, ou 12,4 por cento. Entre 2022 e 2023 a quebra do número de caixas automáticas foi mais lenta, com uma redução 56 unidades, para 1.501, quando antes era de 1.557. Entre 2023 e o ano passado a redução voltou a acelerar ao ritmo de 11,5 por cento, com menos 172 máquinas em funcionamento, o que significou que 2024 encerrou com 1.358 máquinas a operar. Outras alternativas O encerramento das caixas automáticas dos bancos contrasta com a realidade dos pagamentos através de aplicações para telemóvel que se tem expandido continuamente nos últimos cinco anos. No final de 2020, de acordo com as estatística publicadas em Janeiro de 2021 pela AMCM, havia cerca de 70 mil máquinas que aceitavam pagamentos móveis. Contudo, no primeiro trimestre de 2020, o número de máquinas era de cerca de 43 mil, o que significa que no espaço de 12 meses o número quase duplicou. Ao longo desse ano o valor das transacções com pagamentos móveis foi de aproximadamente 6,31 mil milhões de patacas. Todavia, os números do primeiro trimestre de 2025 mostram uma implementação maior deste tipo de pagamentos, tendência para a qual também contribuiu o facto de o Governo de Ho Iat Seng ter utilizado os meios de pagamento electrónico para atribuir apoios ao consumo durante a pandemia. Segundo os dados mais recentes, no final de Março de 2025, a AMCM contabilizou 108.749 terminais para pagamentos móveis. E só no primeiro trimestre o valor das transacções atingiu 7,9 mil milhões de patacas. Os dados da AMCM mostram também que ao longo de todo 2024 houve um total de 30,3 mil milhões de patacas transaccionados através de pagamentos electrónicos. Diferença Caixas Automáticas 1.787 1.358 -24,0% Terminais de Pagamentos Electrónicos 70.000 108.749 +54,97% Fonte: Autoridade Monetária de Macau
Andreia Sofia Silva SociedadeCCTV | Banco da China diz que câmaras não captam códigos nas máquinas ATM O Banco da China assegura que as câmaras de videovigilância instaladas junto às máquinas ATM não têm capacidade para captar códigos de acesso dos clientes e servem apenas para garantir a segurança dos utilizadores. No entanto, numa sessão de julgamento do caso IPIM, foram exibidas imagens fornecidas pelo Banco da China onde é possível ver o código de acesso [dropcap]A[/dropcap]s câmaras de videovigilância instaladas junto às máquinas ATM do Banco da China servem apenas para garantir a segurança dos utilizadores e não conseguem captar os códigos de acesso às contas bancárias. A garantia foi dada pelo gabinete de comunicação do Banco da China ao HM. “O nosso banco valoriza sempre a protecção dos direitos dos clientes. As câmaras de videovigilância são instaladas nas caixas multibanco, gravando as imagens das pessoas que fazem levantamentos, a fim de saber se as caixas multibanco funcionam bem.” Nesse sentido, “se o ângulo da gravação incluir a zona de digitação dos números, o sistema irá blindar essas imagens e será impossível obter os códigos de acesso dos clientes através das imagens da videovigilância”. A resposta do Banco da China acrescenta que existe um sistema de alerta para que seja garantida a protecção dos dados pessoais dos clientes. “Antes do cliente digitar o código de acesso, no ecrã do multibanco surge de imediato um aviso de que é necessária maior protecção a fim de se evitar a divulgação das informações e do código.” Código no caso IPIM Apesar do Banco da China negar que as câmaras de videovigilância captam os códigos de acesso às máquinas ATM, a verdade é que na sessão de julgamento do caso IPIM, na passada quinta-feira, foram mostradas imagens fornecidas pela própria entidade bancária às autoridades onde é visível o código de acesso inserido pela empregada do empresário Ng Kuok Sao. Ng Kuok Sao é um dos arguidos no processo, acusado de criar uma rede criminosa de venda de autorizações de permanência em Macau. O assunto acabou por não ser explorado em tribunal, mas a verdade é que o ângulo de uma das três câmaras instaladas pelo Banco da China, junto às caixas ATM, captou o código pin inserido pela utilizadora. Por esse motivo, as imagens da câmara que apontam ao painel de controlo têm no centro um quadrado preto a tapar o painel de controlo da máquina ATM, onde a empregada estava a inserir o código pin da conta. A funcionária, que utilizava o multibanco, tinha em sua posse uma folha de papel com vários números inscritos. Recorrendo ao zoom das imagens de alta resolução, as autoridades conseguiram aceder a toda a informação contida no documento. O HM contactou também o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais e a Autoridade Monetária de Macau sobre este assunto na quinta-feira, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.
Hoje Macau PolíticaBanco da China vai emitir novas notas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho Executivo concluiu a discussão sobre o projecto de regulamento administrativo denominado “Emissão de notas de dez, vinte, cinquenta, cem, quinhentas e mil patacas” , pelo Banco da China. Na prática, esta entidade bancária vai passar a emitir novas notas, existindo uma “actualização de algumas das suas características gerais”, tal como o número, a data da publicação do regulamento administrativo que autoriza a emissão. Quanto às outras características, “mantém-se inalteradas”, aponta um comunicado oficial. O regulamento administrativo prevê que o Banco da China emita um máximo de 50 milhões de unidades de notas de dez patacas, bem como cinco milhões de unidades de notas de mil patacas, por exemplo. Foi o próprio Banco da China que emitiu um requerimento ao Executivo para que esta alteração fosse concretizada. “Atendendo por um lado, ao aumento crescente da procura das notas em circulação e, por outro, ao facto de, nos últimos anos, o padrão utilizado para destruição das notas deterioradas ter sido reforçado e se ter verificado uma tendência crescente do uso das máquinas de ATM, tudo isto implicou um aumento do uso das notas”, explica o mesmo comunicado.
Hoje Macau SociedadeBanca | SCMP relaciona visita de Zhang Dejiang a suspeitas sobre Macau A Autoridade Monetária de Macau assegura que cumpre o seu papel na supervisão do sector financeiro local no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. A garantia é deixada no dia em que o South China Morning Post publica um demolidor texto sobre o que se passará no território [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é feita referência directa ao texto publicado pelo principal jornal em língua inglesa de Hong Kong, mas a coincidência de datas e o título do comunicado não deixam dúvidas. A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) emitiu uma nota em que diz estar “atenta à reportagem sobre actos suspeitos de branqueamento de capitais”, para assegurar que na RAEM se aplicam as regras internacionais sobre a matéria. Além disso, diz a entidade que tem “dispensado uma grande atenção às medidas de supervisão sobre o sector financeiro local”. Na passada sexta-feira, o South China Morning Post (SCMP) publicou um artigo em que indicava que o montante mensal levantado em máquinas ATM em Macau tinha ultrapassado a marca dos 10 mil milhões de dólares de Hong Kong. O jornal dizia ainda que a grande procura por dinheiro levou as autoridades que regulam o sector financeiro a darem ordens aos bancos, de modo a assegurarem que não faltam notas nas 1300 máquinas espalhadas pela cidade. No entanto, apontava também o jornal, a visita de um emissário de topo de Pequim a Macau – Zhang Dejiang, esperado hoje no território – estava a causar preocupações em torno destes expressivos montantes de dinheiro. Ou seja, as caixas ATM estarão a ser utilizadas para branqueamento e fuga de capitais. O valor apontado pelo SCMP – 10 mil milhões de dólares de Hong Kong – não foi confirmado pela AMCM, mas sim por fonte não identificada. Outra fonte, igualmente anónima, relaciona a visita de Zhang Dejiang ao dinheiro que circula no território e às indicações – não atestadas pela AMCM – dadas aos bancos para que não falte dinheiro nas máquinas ATM. “Talvez esta seja uma das razões que leva Zhang Dejiang a vir cá abaixo – para ver com os próprios olhos como é o buraco da rede de segurança financeira da China”, especula o comentador anónimo do jornal. As exigências do regulador No comunicado publicado já depois de o artigo ter sido publicado, a AMCM explica que “tem solicitado, expressamente, ao sector [bancário] a necessidade do cumprimento rigoroso dos correspondentes diplomas legais, designadamente a assunção da sua responsabilidade, quanto ao cumprimento das exigências legais e de supervisão, no capítulo do combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”. A entidade reguladora recorda que está em vigor a Directiva contra o Branqueamento de Capitais e o Financiamento do Terrorismo, que obriga os bancos a implementarem um sistema que “possa assegurar, suficiente e apropriadamente, o cumprimento das normas relacionadas com o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”. A mesma directiva permite “tomar medidas” quando os clientes procedam à abertura de novas contas e concretizem transacções, aponta a AMCM. Além disso, “devem os bancos vigiar, de forma contínua, as operações realizadas pelos clientes, com o objectivo de identificar o modelo de transacções anormais, para participação ao Gabinete de Informação Financeira das transacções suspeitas”.