Associação dos Macaenses | Chá Gordo de Natal no dia 26 de Novembro

A sede da Associação dos Macaenses acolhe no próximo dia 26 de Novembro o “Chá Gordo” de Natal, o último evento gastronómico do género realizado este ano. Com cerca de 40 pratos tradicionais servidos aos convivas, o grande destaque vai para as iguarias natalícias, como o tacho, presunto China e alua

 

Afinal, a tradição continua a ser o que era. Abriram ontem as inscrições para o “Chá Gordo – O Natal”, a celebração gastronómica organizada pela Associação dos Macaenses que antecipa no dia 26 de Novembro, entre as 17h30 e as 20h30, a chegada das festividades natalícias.

O evento está marcado para a sede da associação, que fica no 4º andar do nº 103 da Rua do Campo e é a terceira e última mostra de Chá Gordo de 2022. Cumprindo o espírito da época, os participantes poderão experimentar uma autêntica consoada macaense, típica da véspera de Natal, e o “jantar típico do Dia de Natal, um dos mais importantes celebrados pelas famílias macaenses”, indica em comunicado a organização.

Os cerca de 40 pratos tradicionais servidos no dia 26 serão confeccionados por uma equipa de chefs composta por Marina de Senna Fernandes, Armando Sales Richie, Florita Alves, Gito de Jesus, Joyce Barros, Ivone Nogueira, Mena Pacheco Silva, Mário Novo, Paula Borges, Ivone de Senna Fernandes e Wilma Marques. Porém, apesar da oferta variada, a Associação dos Macaenses destaca os pratos típicos de um Chá Gordo natalício, como são o tacho, o presunto China, e a alua.

Plataforma de afectos

Num território que assume como prioridade política o desempenho do papel de plataforma entre Oriente e Ocidente, uma mesa recheada com acepipes que resultam de múltiplos cruzamentos culturais, servidos num ambiente familiar é a metáfora perfeita para os desígnios de Macau.

Seguindo a boa tradição macaense, a ementa que irá representar a consoada típica é constituída por sopa lacassá, marisco e peixe, para abrir a ceia. De seguida, chega uma interpretação do jantar de natal, “com pratos conhecidos como o peru e o lombo assado, a perna de carneiro e o bacalhau, mas também os tradicionais ade cabidela, o caril de badana e o diabo – um guisado que, em rigor, era servido uma semana após as festas, com base nas sobras das refeições festivas anteriores”.

A entidade organizadora refere que ao longo da ceia será possível “verificar não só a influência portuguesa na ceia de Natal, como também a inglesa, devido às comunidades macaenses em Xangai e Hong Kong, especialmente nas sobremesas”. Assim sendo, para fechar em beleza, o “serão de Natal antecipado” culmina num “desfile” de uma dezena de sobremesas.

Os bilhetes custam entre 280 e 330 patacas para adultos e 150 patacas para crianças entre 3 e 11 anos. E, como o pretexto para o convívio gastronómico é o Natal, a organização indica que todos os participantes receberão uma lembrança.

Festas familiares

A organização destaca que o Chá Gordo é uma tradição macaense centenária, que acontecia principalmente nas casas típicas das antigas famílias macaenses, normalmente para celebrar feriados católicos, como a Páscoa e o Natal, mas também datas comemorativas como casamentos, aniversários e baptizados.

Com os tempos, acabou por se popularizar como uma refeição volante, onde as pessoas se movimentam num ambiente descontraído. Na base do Chá Gordo, está a arte de bem receber e da hospitalidade e, apesar do conceito familiar deste convívio, a indumentária é algo importante, denota o comunicado da Associação dos Macaenses.

“Tradicionalmente, os convidados apareciam vestidos a rigor para petiscar numa mesa farta e variada, também decorada de forma aprumada. O Chá Gordo é uma das mais apreciadas tradições da cultura macaense, mas tornou-se cada vez mais raro, sendo, nos dias de hoje, organizado tipicamente sob forma de mostras, para manter viva a memória dos velhos tempos”, é indicado.

15 Nov 2022

Festival da Lusofonia | Escolha do mês de Dezembro não agrada a associações 

Está confirmada a realização do Festival da Lusofonia em Dezembro, mas duas associações ouvidas pelo HM discordam da data, por ser um mês cheio de eventos e obrigar a ajustes financeiros e de pessoal. Caso continuem os cortes orçamentais e as alterações à organização do evento, a participação da Associação dos Macaenses nas próximas edições está em risco

 

A Casa de Portugal em Macau (CPM) e a Associação dos Macaenses (ADM) discordam da escolha do mês de Dezembro para a realização da 24.ª edição do Festival da Lusofonia. Segundo a TDM Rádio Macau, o evento deverá realizar-se no fim-de-semana de 10 a 12 de Dezembro.

O descontentamento prende-se com a realização de vários eventos e actividades nesse mês, associados ao Natal, além de que permanecem os cortes orçamentais que trazem maiores dificuldades na realização do evento conforme os moldes dos anos anteriores.

“Dezembro é um mês péssimo”, disse ao HM Amélia António, presidente da CPM. “Isso obriga a que tenhamos de dar a volta a muita coisa. Temos as vendas de Natal, há jantares. Temos de reorganizar o calendário e há coisas que não se podem mudar”, frisou a responsável.

No caso da ADM, o calendário fica ainda mais apertado, pois nesse mês, além de realizar o habitual jantar de Natal, a associação celebra 25 anos de existência. “Não sei como vamos fazer isto e que tipo de representação vamos ter nesse dia [sábado], porque também temos falta de pessoal. Ou estamos na Lusofonia ou na festa de Natal”, disse o seu presidente, Miguel de Senna Fernandes.

O também advogado referiu que há a possibilidade de a ADM estar representada de forma simbólica no sábado, dia em que acontece a festa de Natal, para que depois possa ter o seu espaço no festival a funcionar como habitualmente. “Mesmo assim vai ser complicado estarmos lá na sexta-feira. Temos falta de apoios financeiros e humanos e isso pesa no sucesso da festa.”

Miguel de Senna Fernandes vai mais longe e diz que o que se passa “é uma aberração”. “As autoridades têm de pensar como querem o Festival da Lusofonia. Este tipo de actividades são fundamentais para Macau, um território multicultural, como querem mostrar para todo o mundo. Se continua assim para o próximo ano não pomos os pés no festival. Este tipo de pensamento é uma aberração e é não ter a mínima consideração pelas pessoas que querem fazer de Macau um local cultural de sucesso.”

Amélia António confirmou ao HM que as associações não foram contactadas previamente sobre a escolha da nova data para o festival e lamenta aquilo que leu no comunicado oficial, que refere que “o Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa deste ano incluirá o Festival da Lusofonia”.

“O festival de artes e cultura é uma coisa nova, aconteceu duas vezes, não tem tradição e é um acontecimento com um outro nível cultural e artístico, organizado oficialmente pelo Instituto Cultural. Não tem nada a ver com o espírito popular do Festival da Lusofonia.”

Para Amélia António “é preocupante esta visão, porque a ideia que é transmitida é que se pretende minguar uma coisa que é grande e que as pessoas não gostam que seja grande”.

Pouco dinheiro

Em termos financeiros as associações são apoiadas pelo IC com 50 mil patacas, não podendo usar outros subsídios no mesmo evento. Isso traz grandes entraves à presença da ADM, pois Miguel de Senna Fernandes garante que esse orçamento serve apenas para construir e decorar a barraca, sem incluir as comidas, bebidas e restantes actividades.

“A impossibilidade de duplicar o apoio deixa a ADM absolutamente fragilizada. Se continuar esta maneira de ver as associações da Lusofonia, fica comprometido o êxito do festival nos próximos anos, porque ninguém vai ter dinheiro e paciência para estar na Lusofonia. Pelo menos nós, ADM, já estamos aflitos com falta de dinheiro e ainda nos cortam todas essas coisas. A continuar com esta política fica comprometida, da parte da ADM, a nossa participação nos próximos anos.”

Miguel de Senna Fernandes acrescentou ainda que as autoridades devem ter “muita sensibilidade e condescendência nos apoios financeiros, tendo em conta as finalidades a que se destinam e as condições debilitadas em que se encontram as associações que se batem pelo sucesso desta actividade cultural”.

No caso da CPM, que todos os anos oferece no seu espaço alguns petiscos, isso vai deixar de acontecer, ficando apenas garantida, nesta edição, a oferta de sangria. “É evidente que não queremos deixar de participar, porque são mais de 20 anos de um festival popular que cada vez trazia mais pessoas e que é muito apoiado pela população.”

“A Lusofonia, além de ser um momento de convívio, é rico para Macau, marca a maneira de viver e de estar em Macau, das suas diferentes comunidades. A festa da Lusofonia é extremamente importante e não pode morrer. Temos de fazer todo o esforço para continuar, mas há coisas que são preocupantes”, rematou a presidente da CPM.

21 Out 2021