Design | Exposição em Lisboa revela projectos locais feitos nos últimos 20 anos

“Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da exposição que estará patente até Janeiro do próximo ano na Roca Lisboa Gallery. Com curadoria de James Chu e Emanuel Barbosa, a mostra revela trabalhos de marcas e empresas locais ligadas à arquitectura e ao design, como é o caso da Lines Lab, Soda Panda ou Macau Design Center, entre outras

 

A evolução do design feito em Macau nos últimos 20 anos pode agora ser vista em Lisboa no espaço Roca Lisboa Gallery. “Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da mostra que, ao mesmo tempo, celebra os 35 anos de existência da Associação de Design de Macau, fundada pelo artista macaense António Conceição Júnior e actualmente presidida por Chao Sio Leong.

A mostra conta com a curadoria de Emanuel Barbosa, da Associação Cultural Portuguesa (ACPT) e James Chu, director do Macau Design Center, duas entidades que há muito colaboram uma com a outra. Ao HM, Emanuel Barbosa falou de uma mostra “eclética” onde entram nomes como a Lines Lab, ligada ao design de moda, Soda Panda, LBA – Architecture & Planning, atelier de arquitectura de Rui Leão e Carlotta Bruni, entre outras entidades.

“É uma selecção muito eclética porque mostra um bocado de tudo. É uma representação muito grande dos sócios das empresas e da associação. Cobre arquitectura, design de interiores, de produto, design gráfico, multimédia. [A exposição] é interessante por causa disso”, disse.

A primeira vez que os designers de Macau viram o seu trabalho exposto em Portugal foi em 2019 na Casa do Design de Matosinhos, no norte do país. Mas agora impôs-se a necessidade de expor na capital portuguesa.

Se no início o design local contava com inspiração portuguesa, as coisas mudaram muito nos últimos anos, confessa Emanuel Barbosa. “Nota-se uma evolução muito grande. Com o mercado chinês, e também [devido à proximidade] com Hong Kong, os estúdios de Macau estão com muito trabalho e com uma dinâmica enorme, por isso é importante vermos em Portugal esse crescimento. Há 20 anos o design em Macau era muito influenciado pelo que se passava em Portugal. Agora já não é o caso, e isso torna a exposição muito interessante.”

Para Emanuel Barbosa, o design feito no território apresenta características muito próprias, graças a esta mistura de culturas de que Macau é feito. “As influências são as mesmas um pouco por todo o mundo, mas estando Macau tão próximo da China nota-se que o trabalho desenvolvido é muito próprio, porque nem é design chinês nem é aquele que costumamos ver no mundo ocidental. Faz uma ponte entre as duas coisas.”

Que futuro?

James Chu adiantou que a preparação para esta exposição teve início em 2019, por ocasião do 20º aniversário de transferência de soberania de Macau, mas a pandemia fez adiar o projecto para este ano. “Com o apoio do Instituto Cultural queríamos ter a oportunidade de mostrar o design feito nos últimos 20 anos em Portugal. Como curador posso dizer que é sempre importante manter a troca cultural entre Macau e Portugal, e através do design conseguimos encontrar ainda influências da cultura portuguesa, o que faz com o que nosso design seja diferente daquele que é feito noutras cidades chinesas.”

Além de olhar para o passado, esta mostra quer também perspectivar o futuro e o caminho que os designers locais ainda têm de percorrer. Para James Chu, esta “não é uma questão para ser pensada apenas pelos designers, mas também para merecer a atenção do Governo, educadores e políticos. Não tenho uma resposta, mas acredito que eles tenham as suas próprias opiniões”, frisou.

Citado no catálogo da exposição, Chao Sio Leong, presidente da Associação de Design de Macau, lembrou que esta iniciativa contém “trabalhos representativos das empresas de design de Macau nos últimos vinte anos”.

“Portugal é o berço da cultura, arte e vida de Macau que se integra com harmoniosamente a cultura nativa tradicional Chinesa. Esta é a vantagem diferenciadora de Macau e fazemos questão de continuar perto dos nossos amigos portugueses para partilhar as nossas conquistas”, acrescentou. A exposição abriu portas no passado dia 29 de Julho e estará patente até Janeiro do próximo ano.

16 Ago 2021