Jazz | Tributo a Armandinho reúne músicos locais no D2

A carreira do “mestre do jazz” Armando Araújo, mais conhecido por Armandinho será celebrada no dia 26 de Dezembro no D2 e conta com a participação de mais de 25 artistas locais. José Chan, baixista dos The Bridge, considera que, independentemente da idade, o jeito inconfundível de Armandinho na bateria “continua lá”

 

1, 2, 3, 4, 5 minutos de jazz ao ritmo das baquetas de Armandinho bastariam para apreciar o génio do “mestre do jazz” de Macau. Mas está para breve uma oportunidade para ter a experiência completa ao longo de uma noite inteira. No dia 26 de Dezembro, o espaço do D2 irá acolher, a partir das 22h um tributo ao lendário baterista Armando Araújo, mais conhecido por Armandinho.

Para celebrar a carreira do baterista brasileiro radicado em Macau desde os anos 70, o evento irá contar com mais de 25 músicos locais, que entram em cena, logo após a actuação de abertura a cargo dos The Bridge, o grupo de Armandinho.

“A abrir vamos ter a banda do Armandinho, que são os The Bridge, formação residente do Jazz Club de Macau, e depois vai haver uma espécie de ‘Jam Session’ com várias bandas locais que decidiram associar-se a esta celebração”, disse ao HM Rui Farinha, um dos organizadores do evento.

Dos grupos que vão marcar presença no evento fazem parte os Groove Ensemble, os Hot Dog Express, Groovy Ghosts e “outras bandas ad-hoc criadas especialmente para o efeito”, esclareceu o responsável.

Afirmando que a ideia não é de agora, mas que “desta vez não havia desculpas” para não se fazer um tributo a Armando Araújo, Rui Farinha destaca a importância da celebração especialmente para o artista “se sentir querido” e comprovar “que as pessoas ainda se lembram dele como um grande músico que sempre demonstrou ser”.

“Todas as pessoas com quem falamos sobre o Armando têm um carinho muito especial e sabem quem ele é. Aliás, ele é inclusivamente um músico famoso fora de Macau e bastante conhecido em toda a Ásia”, acrescentou.

Rui Farinha aponta ainda a entrega “absolutamente fantástica” do artista em palco, lugar onde demonstrou sempre ser “afável” e “solidário”. “Lembro-me de o ver muitas vezes, no intervalo entre as músicas, a explicar um pouco o conceito das letras ou estilo que estava a tocar na bateria. Sempre teve este lado um bocadinho pedagógico”, sublinhou.

Ginga peculiar

José Chan, baixista dos The Bridge, que se juntou a Armandinho no Jazz Club de Macau em 1988, faz questão de vincar que as origens do “mestre do jazz” conferem um toque único à música que o artista emana.

“O Armando, como é brasileiro, tem uma maneira de tocar que é diferente dos americanos ou dos europeus e isso faz com que a música tenha uma outra forma. Apesar de ser jazz, tem um toque mais latino”, partilhou Chan.

Apontando ser um tributo “mais que merecido” por ser se tratar de um marco da música de Macau, o baixista lembra a influência incontornável que Armandinho teve no panorama musical de Macau, especialmente ao nível da música brasileira que havia no território.

Questionado sobre como é tocar ao lado de Armandinho, José Chan lembra a forma como artista influenciou toda a sua carreira musical e como, “apesar de já ter mais idade, o jeito de tocar continua lá”. Quanto ao trato, Chan destaca o facto de Armandinho ser “um cara muito bacana” e a abrangência que conquistou ao longo dos anos.

“Como foi dos músicos que chegou a Macau há mais tempo, muita gente o conhece na comunidade chinesa, macaense ou portuguesa porque já está cá há mais de 40 anos. O Armandinho é abrangente nas pessoas que o conhecem e que reconhecem o seu talento”, remata.

20 Dez 2020