Hoje Macau Eventos“Flashmobs” este fim-de-semana nos bairros comunitários Decorre este fim-de-semana a iniciativa “Cultura à Sua Porta”, com a realização de 16 “flashmobs” em 12 bairros comunitários locais, um evento com organização do Instituto Cultural (IC). Segundo uma nota do IC, as “flashmobs” têm cinco temas, nomeadamente teatro, ópera cantonense, artes marciais, cinema e leitura, pretendendo-se “levar ricos recursos culturais aos bairros comunitários, nutrindo os residentes culturalmente na sua vida quotidiana e reforçando a sua sensação de felicidade”. Na área do teatro, com o tema “Teatro em Mais Locais”, apresenta-se “Uma Viagem Mágica aos Palcos”, em que se pretende que o público explore “diferentes espaços de actuação, como o anfiteatro grego antigo, o tradicional teatro de bambu de Macau e teatros modernos, através do formato de teatro interactivo”. Com o tema “Ópera Cantonense em Mais Locais” pretende-se que “os residentes experimentarem esta preciosa arte do património cultural intangível”, enquanto que com “Artes Marcias em Mais Locais”, se apresenta os “movimentos clássicos de Wing Chun no local, onde os residentes poderão também experimentar os movimentos básicos sob a orientação de instrutores e compreender os conceitos da cultura das artes marciais chinesas”. Cinema e leitura Já com “Cinema em Mais Locais”, a “flashmob” irá “transformar a comunidade numa sala de cinema ao ar livre, onde o público poderá apreciar o documentário sobre o sector da exibição cinematográfica de Macau ‘Interpretação das Imagens’, conhecer a história centenária da indústria e o desenvolvimento do cinema”. Por sua vez, através do tema “Ler em Mais Locais”, realiza-se a actividade “Trocar um Livro por Outro”, que também faz parte do “Mês de Leitura Conjunta em Toda a Cidade de Macau 2025”. Os residentes poderão levar livros que cumpram as regras no local, seleccionando os seus preferidos e trocando-os por um número igual ao dos seus próprios livros, realizando a circulação e a partilha dos recursos de leitura nos bairros comunitários. A actividade “Cultura à Sua Porta” realiza-se em vários períodos da manhã e tarde amanhã e domingo, em bairros comunitários ou locais como o Centro de Actividades de S. Lourenço – Terraço Ajardinado, Parque Central da Taipa, Zona de Lazer da Rua Quatro do Bairro Iao Hon, Zona de Lazer da Praça das Orquídeas, Terraço do Edifício Ip Heng de Seac Pai Van, Jardim de Lou Lim Ioc – Corredor dos Cem Passos, Zona de Lazer da Rotunda de Carlos da Maia, Zona de Lazer da Praceta de Venceslau de Morais, Parque Urbano da Areia Preta, Zona de Lazer contígua ao Edif. Wang Hoi e Wang Kin, Zona de Lazer do Bairro Social de Tamagnini Barbosa e Zona de Lazer de Edf. Lok Yeong Fa Yuen.
Hoje Macau VozesEm defesa de uma agenda cultural para a cidade Opinião de João Miguel Barros 1. Macau é uma cidade pequena, com comunidades diversificadas. Tem muita gente por cm2, mas não tanta assim interessada em acontecimentos culturais contemporâneos. No entanto, a autonomia individual na promoção e dinamização cultural, e a lógica do “cada um por si”, que aparenta ser um sinal de enorme riqueza e variedade, torna-se num factor não inclusivo e até de exclusão à participação nas actividades culturais que se vão organizando pela cidade. Somos muitos e apenas deve contar quem está. Mas não é possível estar em mais do que um lugar ao mesmo tempo. E este é o problema. Justifica-se que a autonomia de cada uma das entidades que organizam eventos leve a que se tenha, por vezes, duas e três inaugurações no mesmo dia e há mesma hora? 2. Em meu entender, isto é um absurdo. Mas pode ter solução se houver vontade de se começar a olhar para além do próprio umbigo! 3. O caminho não é limitar a capacidade de iniciativa de ninguém (a livre iniciativa na organização, como a liberdade criativa, são sempre bens a preservar e a defender de forma intransigente). Mas já seria uma boa solução se fosse criada uma agenda cultural para a cidade. Poderão realizar-se eventos que coincidam no mesmo dia e hora, se for essa a vontade consciente das entidades envolvidas, mas é imperioso minimizar os “riscos” dessa sobreposição. 4. O Instituto Cultural (ou a Direcção de Turismo) poderia, e deveria, promover uma plataforma de registo prévio de eventos, aberto a todas as entidades que organizem eventos culturais, para que, com antecedência, essas entidades “reservem” espaço de calendário, deixando nesse backoffice uma previsão da sua programação cultural. As entidades (associações, fundações, departamentos do governo, etc.) teriam assim, querendo, um instrumento de planeamento da sua programação (e nunca de controlo ou censura), que lhes permitiria ajustar as suas inaugurações ou realizações a dias livres e sem se sobreporem a outros “acontecimentos” já previamente projetados. 5. Uma vez confirmadas as diversas iniciativas, o conteúdo dessa agenda cultural deveria ser disponibilizado em três línguas através de uma página própria na internet, onde se dariam detalhes públicos sobre cada uma das concretas iniciativas a acontecer ou em curso. E assim teríamos, também, mais um instrumento de promoção de um turismo cultural que importa dinamizar, e que vá para além das visitas aos bairros históricos ou ao património construído. 6. Esta é uma solução plausível e a sua concretização é de manifesta utilidade pública. A tecnologia não é problema; mas as pequenas vaidades ou necessidades de afirmação de “independência” de cada um talvez o sejam… Esta metodologia de trabalho inclusivo seria a melhor forma de garantir a diversidade e de permitir a participação cultural na cidade. Logo se ajustariam os procedimentos quando as pessoas passassem a ter o dom da ubiquidade!