João Santos Filipe Manchete SociedadeEstudo | Subnutrição sobe durante a pandemia A taxa de prevalência de subnutrição nas crianças e adolescentes em Macau estava a descer desde 2005. No entanto, com a pandemia os valores voltaram a disparar Durante a pandemia da covid-19 a subnutrição entre as crianças e adolescentes com idades entre 7 e 18 anos em Macau aumentou, de acordo com um estudo publicado por académicos do Interior, na revista científica Iran J Public Health, publicada desde 1971 pela Universidade de Ciências Médicas de Teerão. O artigo foi publicado recentemente na edição de Março da revista. Com o título “Tendências de Subnutrição nas crianças e adolescentes de Macau com idades 7~18 anos: Uma análise de quatro inquéritos sucessivos do Governo de Macau de 2005 a 2020”, o artigo foi elaborado pelos académicos Chunjing Tu, Xiaolong Chen, Yibo Gao, Qi Pan, Lupei Jiang, Yuyu Li e Yanfeng Zhang, das Universidades de Taizhou, Universidade Normal de Hagnzhou e Instituto de Ciências de Desporto da China, em Pequim. Apesar de destacarem que a tendência entre 2005 e 2020 é positiva, com cada vez menos crianças numa situação de subnutrição, os académicos indicam que o cenário mudou em 2020, em pleno período da covid-19, quando eram impostas algumas das medidas mais restritivas. “De 2005 a 2020, a prevalência global da subnutrição entre as crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 7 e os 18 anos em Macau registou uma tendência decrescente, sendo a diferença estatisticamente significativa”, é indicado. “No entanto, a prevalência global da subnutrição aumentou de 9,6 por cento em 2015 para 12,11 por cento em 2020”, foi indicado. Os resultados mostram ainda que a situação se agravou mais em termos das estudantes do sexo feminino, embora a situação seja mais prevalente entre os estudantes do sexo masculino. “Durante este período, a prevalência para os homens aumentou de 12,31 por cento para 13,81 por cento, e para as mulheres, aumentou de 6,36 por cento para 10,06 por cento”, foi explicado. Sobre os motivos que levaram a esta subnutrição, o estudo indica as medidas “extremamente rigorosas” como a distância social, os isolamentos em casa, o ensino à distância. “Embora estas medidas restritivas tenham efectivamente abrandado a propagação do vírus e contido a doença, também tiveram impacto na actividade física, na qualidade do sono e na saúde mental das pessoas”, foi justificado. “No que diz respeito à actividade física, verificou-se uma redução significativa do exercício diário e das actividades ao ar livre dos estudantes durante a epidemia. A redução da actividade física está intimamente associada à malnutrição em crianças e adolescentes”, foi acrescentado. Integração bem-sucedida Quando é analisada a média da subnutrição de Macau com a média do Interior, a RAEM tem um registo superior. Contudo, os resultados da RAEM estão em linha com o que se regista na província de Cantão, indicam os académicos “Em 2020, a prevalência da subnutrição em Macau foi 3,47 por cento superior à registada no Interior da China. Em comparação com as províncias do Interior da China, as cinco províncias com as taxas de subnutrição mais elevadas foram Guangdong (16,89 por cento), Yunnan (14,26 por cento) e Guangxi (12,08 por cento)”, foi indicado. “Macau situou-se entre a segunda e a terceira posição entre as províncias da China Continental. Quando analisada por grupos etários, a prevalência de subnutrição em crianças e adolescentes em Macau em 2020 era geralmente mais elevada”, foi sublinhado. Face às conclusões apresentadas, os académicos consideram que o Governo “deve promover uma alimentação equilibrada, aumentar a actividade física, melhorar a educação física escolar e proporcionar educação para a saúde mental”. “Deste modo, será possível reduzir ainda mais a prevalência da subnutrição entre as crianças e adolescentes”, é concluído.
Joana Freitas SociedadeDados Pessoais | Sites visitados por adolescentes sem protecção Sem protecção de dados e com muita facilidade em desencaminhar os adolescentes. São assim quase todos os sites e aplicações visitados pelos jovens de Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s sites visitados pelos adolescentes de Macau não estão bem sinalizados no que à protecção de dados pessoais diz respeito. A conclusão é do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), depois da participação deste na terceira edição da acção “Privacy Sweep”, que juntou 29 autoridades da privacidade de todo o mundo. Dados publicados pelo GPDP mostram que “nenhum dos sítios avaliados fornece vias para os utilizadores cancelarem a conta, permitindo que os dados pessoais no perfil e os dados publicados através da conta possam ficar guardados permanentemente e ser lidos por outros”. Quase 1500 sites e aplicações móveis foram avaliadas – nove delas pelo GPDP, que indica ainda que nenhum dos sítios “define medidas de controlo e de protecção pelos pais dos adolescentes”. A maior parte dos sites pode guiar os utilizadores ou fazer ligação a outros locais na rede, permite a inserção de publicidade por terceiros e facilita o contacto dos adolescentes com informações inesperadas. O relatório indica ainda que a maior parte “não fornece informações suficientes aos utilizadores para conhecerem bem a política de tratamento de dados pessoais”. Situação que, para o GPDP, merece atenção. “O GPDP espera que possa ser elevada a atenção sobre a utilização da internet pelos utilizadores, sobretudo pelos adolescentes, consciencializando-os de que os dados pessoais publicados na internet não podem ser cancelados. Por outro lado, os operadores também têm que tomar em consideração os utilizadores adolescentes, adoptar medidas de controlo convenientes, fiscalizar e cancelar oportunamente as informações que envolvem a privacidade dos adolescentes e outras informações adversas.” Faltava o quase O estudo no qual participou o GPDP foi levado a cabo pela Global Privacy Enforcement Network (GPEN), em Maio. O tema deste ano foi a “privacidade do adolescente” e consistia em avaliar os riscos para a privacidade encontrados em sites ou em aplicativos móveis destinados principalmente a esta faixa etária. A avaliação dividiu-se em questões como quais os dados pessoais dos utilizadores necessários na altura do registo, se existe ou não a função de cancelamento da conta, quais as medidas de protecção destinadas aos adolescentes e qual o grau de transparência das informações fornecidas aos utilizadores. O resultado não foi animador. “O GPDP pesquisou na internet nove sítios que permitem uma inscrição e utilização pública, destinados principalmente aos adolescentes, abrangendo fóruns de discussão das escolas primárias, secundárias e das universidades, fórum de animação e de jogo e de temas adultos. Nenhum dos sítios avaliados adopta o sistema de autenticação do nome real, fiscaliza a idade, ou confere se o utilizador é ou não menor. À excepção de um, dão um elevado grau de liberdade aos utilizadores, permitindo-lhes carregar fotos/filmes/ficheiros de som e divulgar mensagens por escrito. Os visitantes podem navegar pelos ficheiros e publicações sem se registar. Além disso, uma parte dos sítios tem fórum de temas adultos, mas não define medidas de controlo e de protecção nem pede a idade dos utilizadores. Entre os sítios avaliados, somente dois oferecem aos utilizadores declaração da política de privacidade.” O relatório indica ainda que os locais na rede recolhem dados pessoais dos utilizadores mas não os alertam para o facto de que os dados pessoais correm o risco de ser vistos e utilizados por terceiros. Segundo o resultado da avaliação, o organismo assegura que vai enviar ofícios aos exploradores dos sites, sugerindo-lhes que melhorem as situações.