Festival de Nova Iorque volta a Macau

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] NY Portuguese Short Film Festival volta à Casa Garden. A sétima edição do evento traz a Macau, nos próximos dias 25 e 26, um documentário, um concerto e uma selecção de 11 curtas-metragens.

Dia 25 é a data para a exibição de “Os Portugueses do Soho, uma história que mudou de geografia”, um documentário de Ana Miranda. O filme conta a história dos emigrantes portugueses que chegaram ao SoHo após a Segunda Guerra Mundial. “Através de sua história, descobrimos a história deste bairro, bem do coração de Manhattan e da cidade de Nova York”, lê-se na apresentação do evento. O documentário pretende ainda “ser a voz e o registo inédito da vida destes portugueses”.

Depois do filme é tempo de Rita Red Shoes subir ao palco para um concerto.

O dia seguinte é preenchido com as curtas do festival de Nova Iorque. Na tela vão passar “Tu” de Hugo Pinto
, “Foi o Fio” (Curta Convidada) de Patrícia Figueiredo, “Quarto em Lisboa” de Francisco Carvalho, “Alvanéu” de André C. Santos
, “Manuel” de Bruno Carnide
, “The Amazing Ordinary Man” de Paulo Portugal e “Ribbon Tooth” de Sara Gouveia.

O NY Portuguese Short Film Festival (NYPSFF), organizado pela primeira vez em Junho de 2011, foi o primeiro festival de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos. A iniciativa mostra o trabalho da nova geração de jovens realizadores.

17 Out 2017

Cinemateca | Cinema alemão e local em destaque a partir de amanhã

Começa amanhã a segunda edição do KINO@Macao17. A iniciativa deste ano traz alguns aperfeiçoamentos à do ano passado. A ideia, refere Rita Wong, é chegar a um público mais alargado. “Descobrir Macau” volta, também amanhã, ao ecrã da Cinemateca Paixão. O ciclo é mensal e dá a conhecer os trabalhos dos realizadores locais

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma edição feita para chegar ao público local é o objectivo da 2ª edição do KINO@Macao17, ciclo de cinema alemão. A iniciativa, a cargo da cinemateca Paixão que, este ano, tem início marcado para amanhã está dividida em três secções. “Nesta edição houve o cuidado de ter em conta a população do território, ou seja, escolher filmes que mais se adequassem ao público local”, disse ao HM a directora executiva da Cinemateca Paixão, Rita Wong.

Numa primeira parte vão ser apresentados oito dos últimos filmes alemães realizados por cineastas de renome. “O Meu Encontro Com A Vida”, uma comédia romântica baseada em eventos reais, é um dos destaques de Rita Wong. A secção vai exibir ainda quatro de seis filmes nomeados para a 67ª edição dos Prémios de Cinema Alemão, incluindo os sucessos de bilheteira “Toni Erdmann”, “O Florescer de Ontem”, “Bem-vindos à Alemanha” e “Selvagem”.

A selecção teve em conta o público do território e as suas características e interesses. “Temos filmes que abordam o tema da multiculturalidade e que abordam o papel do género, mais concretamente o da mulher”, explica a directora.

A segunda secção do festival é dedicada às curtas. Para o efeito, e tal como no ano passado, vão estar no grande ecrã da cinemateca onze filmes experimentais que estiveram presentes na Berlinale Shorts 1&2, três dos quais galardoados. De acordo com Rita Wong, “a preocupação foi a de trazer realizadores estreantes no que respeita às curtas produzidas na Europa”.

Obras primas

A terceira e última secção tem os olhos postos nos grandes do cinema alemão. “Sessões Especiais em Macau: Novo Cinema Alemão” traz três clássicos realizados pelos chamados “mestres”. “Fitzcarraldo” (1982) de Werner Herzog, “O Mundo Por Um Fio” (1973), o único filme de ficção científica realizado por Rainer Werner Fassbinder, e “Morte de um Caixeiro” (1985), de Volker Schlöndorff são as películas seleccionadas.

Tratando-se de uma corrente marcante no panorama internacional, “a exibição de filmes emblemáticos que a integram pretende trazer ao público local um melhor conhecimento daquilo que é considerado como referência na sétima arte”, aponta Rita Wong. Depois de cada exibição, terá lugar uma tertúlia com o público. O objectivo, explica a directora, é permitir a troca de conhecimentos acerca da história do cinema e das suas influências e promover, desta forma, a criatividade de quem por cá se dedica à realização de filmes para que “possam ficar a conhecer mais acerca deste movimento alemão”.

“A participação do público vai ainda proporcionar um ambiente interactivo”, sublinha a directora da Paixão.

O Kino deste ano vai contar também com a presença da responsável pelo Goethe-Institut de Hong Kong.

O balanço da edição do ano passado é positivo mas foi um momento experimental para que se pudessem fazer melhorias. “Com essa experiência decidimos que este ano o objectivo seria tornar o ciclo mais acessível”, reitera Rita Wong.

A Alemanha já tem uma assinatura no cinema, considera, mas é necessário fazê-la chegar a quem vive em Macau. “Em suma, pensamos que com a diversidade de escolha na programação do KINO@Macao17, conseguimos apelar a um novo público”, diz a responsável.

Prata da casa

Também amanhã, tem início a rúbrica mensal dedicada ao cinema feito por realizadores locais. “Começámos em Abril quando abrimos a nossa sala e

é um dos destaques da programação da cinemateca”, recorda Rita Wong.

A ideia apareceu porque “Macau tem uma produção cinematográfica muito boa mas que não consegue ter um espaço para ser exibida. Não há uma plataforma para projectar os filmes que são feitos por realizadores locais e que já passaram inclusivamente por festivais”, refere.

Com a nova direcção da cinemateca que tomou posse no ano passado, foi imperativo que aquele espaço servisse também de plataforma para mostrar o que é feito por cá.

Para a edição de Outubro foram escolhidos quatro filmes, todos de realizadores de Macau que estudaram em Taiwan.

O objectivo é promover as produções independentes de forma activa e abrangente, “de modo a que os residentes e visitantes possam conhecer melhor o cinema e a cultura cinematográfica de Macau”.

Com entrada livre não há desculpa para que nos próximos dois fins-de-semana não se vá ver os filmes escolhidos para estar no ciclo “Descobrir Macau” em que vão ser projectados os primeiros filmes de Chao Koi Wang, Teng Kun Hou, Lei Ka Wai e Cheong Chi Wai.

13 Out 2017

FRC | Exposição e livro sobre a calçada portuguesa

Fotografia de Ernesto Matos,  poesia de António Correia e pintura de Teresa Portela. O tema é único: a calçada portuguesa. A mostra é inaugurada hoje na Fundação Rui Cunha

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma altura em que a calçada portuguesa é candidata a património mundial, é tambem a estrela da exposição de fotografia e pintura inaugurada hoje, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha. O momento é também pretexto para o lançamento do livro “Calçada Portuguesa – Lux Platearum” de Ernesto Matos e António Correia.

A exploração da arte no chão que se pisa tem levado o designer e fotojornalista Ernesto Matos pelo mundo fora. A ideia é fazer imagens do legado deixado pelos portugueses e que pelos vistos, pode ser visto nos lugares mais recônditos do planeta.

Ernesto Matos

A exposição de fotografia “A poética da Luz na Calçada Portuguesa” de Ernesto Matos prova isso mesmo. Na fundação Rui Cunha só vão estar 25 imagens por limitação de espaço, mas, “a escolha criteriosa”, disse o autor ao HM, permitiu representar as pedras da calçada com pelo menos uma imagem de cada país por que passou. Macau ganha relevo com quatro fotografias das que saíram de “uma circunavegação que começou em Lisboa”, começa por contar. Daí o autor seguiu Europa fora. O caminho continuou em África e chegou depois ao Havai e mesmo à Califórnia. Médio Oriente e Timor não ficaram de fora, e a viagem, termina onde começou, em Lisboa.

Pintura à mistura

A fotografia não chegava e a pintura impôs-se. Teresa Portela foi a convidada para pintar o tema. Para Ernesto Matos trata-se de uma artista capaz de dar uma visão global do território em todas as suas componentes. “É uma visão diferente de abordar a calçada. De olharmos para as pedras e tirarmos partido delas “, aponta.

Ao HM, a advogada que se dedica à pintura, revela que a ideia do trabalho que vai apresentar é a de juntar a calçada a motivos de Macau, terra onde viveu e que apesar de agora estar mais longe, nunca se desvinculou. As sete telas que vai mostrar são a interacção cultural que se vê todos os dias no território, em que o chão português tem caídos vários motivos que simbolizam a cultura chinesa. “Seria impossível não o fazer” diz.

Viagem escrita

“Calçada Portuguesa – Lux Platearum” é outra das obras apresentadas. Trata-se de um livro que mostra imagens e conta histórias através dos poemas de António Correia. De acordo com Ernesto Matos, “Caminhos de luz é uma visão filosófico poética do modo de ver a calçada portuguesa”.

Quando se fala desta arte, há muito mais além da pedra. No livro é feito o convite para que se esteja atento “não só à parte física da pedra branca e preta ou mesmo vermelha, mas que se embarque numa viagem que se pode chamar de transcendental que está incluída não só na parte escrita dos poemas mas tambem na componente estética que integra a fotografia”, refere o autor das imagens.

A ideia é proporcionar um encontro diferente, “com vários olhares sobre as pedras que estão no chão”.

Este recorrer à pedra não é novo. Para Ernesto é uma herança que vem de longe. “Tal como os nossos entrepassados pré-históricos, que faziam gravuras, como é o caso de Foz Côa e também queriam transmitir qualquer coisa através do valor do risco na pedra, hoje em dia continuamos a transmitir o mesmo tipo de valores da nossa cultura”, explica.

Podem não ser já gravuras, mas a calçada portuguesa tambem é uma espécie de “desenho simplificado”. “Exemplo disso são os motivos que se podem encontrar no chão que pisamos, como as caravelas, as estrelas, etc.”, diz, sendo que muitas vezes estes símbolos podem passar despercebidos, mas cada um deles não deixa de carregar um significado profundo.

De acordo com Ernesto Matos, estamos a falar de um bem português e como tal com um forte traço sentimentalista.

No que respeita à integração da calçada portuguesa enquanto património mundial, Ernesto Matos salienta a diferença desta, de outras calçadas. “Não estamos a falar apenas de por pedras no chão”, diz enquanto lamenta que em muitos locais esta técnica esteja a ser confundida com um simples arrumar de pedras.

A diferença da calçada portuguesa de outras que se fazem no mundo é o facto da pedra ser batida na palma da mão e depois encaixada como se fosse num puzzle. “Há que saber que interpretar este valor e espero que este tipo de valores sejam considerados na candidatura para que a calçada portuguesa continue a manter a sua qualidade e as suas características próprias”, remata.

12 Out 2017

Mostra de teatro lusófono “Teatrau” começa este sábado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] quarta edição do “Teatrau – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa” arranca já este sábado, no contexto da semana cultural da China e dos países de língua portuguesa. Participam este ano cinco companhias teatrais de Portugal, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Moçambique.

A companhia teatral Hiu Kok, de Macau, volta a participar com a peça “O cuco da noite escura”. Apesar desta companhia já ter estado presente noutras edições do Teatrau, trata-se, segundo João Laurentino Neves, director do Instituto Português do Oriente (IPOR), de um novo projecto.

“Há, no seio da companhia Hiu Kok, diversos projectos artísticos, um pouco à semelhança do projecto Artistas Unidos, em Portugal. Os jovens que vêm este ano fazer a peça fazem parte de um projecto que não tem a ver com as outras edições”, explicou ao HM.

A peça em questão será em chinês, com tradução em português. No caso da companhia que representa Macau, a escolha recai sob o Instituto Cultural. O IPOR decidirá, através de um concurso, a companhia que representa Portugal, e, este ano, é a Nómada Art & Public Space, que vai mostrar o projecto “Solange – uma conversa de cabeleireiro”.

No caso das companhias teatrais oriundas dos países de língua portuguesa, a escolha cabe aos delegados do Fórum Macau.

João Laurentino Neves declarou que, para participar no Teatrau, existem critérios que determinam a presença dos projectos de teatro.

“Não é comportável ter grandes companhias e isso obriga-nos a tomar opções. Apostamos numa mostra de teatro em que a companhia apresenta poucos actores, a mostra deve incidir sempre no trabalho do actor e no texto.”

Depois, é importante, no caso de Portugal, que se trate de “uma peça que tenha circulado e que tenha tido bons comentários”.

Além disso, “o texto deve ser revelador daquilo que é a literatura em português e que conte com um desempenho de actores que possa trazer às outras companhias propostas inovadoras”.

Público a crescer

João Laurentino Neves acredita que, na hora de falar de público, há que abordar três dimensões, que vão muito além das pessoas que se dirigem ao Teatro D.Pedro V.

Há que olhar para os workshops que se realizam nas escolas e universidades, pois abrangem “pessoas que não vão necessariamente ver as peças, mas que recebem os actores e fazem diversas acções”. “Essa é uma dimensão importante da mostra, não se esgota no palco”, acrescentou.

O director do IPOR destaca também “a dimensão dos workshops com associações ou projectos locais de artes performativas”. Ao todo, estão em causa cerca de mil pessoas. “Esperamos ter mais pessoas este ano”, acrescentou Laurentino Neves.

Ao nível dos espectadores, o director do IPOR sugere um maior apoio do Governo. “Esperamos que nesta edição possamos ter mais ajudas. Temos de analisar como podemos reforçar a informação junto dos diversos públicos, tal como as comunidades de estudantes e todos os que falam português, como língua materna ou não. Era importante que os serviços públicos da RAEM pudessem dar uma ajuda”, concluiu.

11 Out 2017

Literatura | Arturo Pérez-Reverte acaba de lançar “Falcó”

O mais recente romance de Arturo Pérez-Reverte, “Falcó”, levou o autor a reviver as experiências de “crueldade e estupidez” do ser humano, de dor e morte que presenciou durante os 21 anos em que foi repórter de guerra

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte acaba de lançar “Falcó”, que conta a história de um espião e ex-contrabandista de armas sem escrúpulos, que se encontra a mando dos serviços de inteligência franquistas, durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936, com a missão de libertar um detido da prisão.

“Os anos 1930 foram uma época muito interessante na História da Europa, lugar de espionagem, fascismo, comunismo, de lutas revolucionárias, mas por outro lado, de roupas muito elegantes, de maneiras, era um mundo muito interessante, não tão inglório como agora, era um mundo fascinante”, disse o escritor, em entrevista à Lusa, justificando a escolha do tema para o romance.

A personagem que criou para se movimentar nesse meio é Lorenzo Falcó e, apesar de já ter escrito vários livros sobre guerras, nesta história a Guerra Civil Espanhola não é o objectivo, “é o fundo decorativo”, explicou.

Arturo Pérez-Reverte assume que um dos grandes desafios deste livro foi conseguir que “o leitor adoptasse como companheiro de leitura um torturador, assassino, sem escrúpulos, amoral por completo”, e para isso teve que apresentar como contrapartida virtudes que o compensassem: “elegante, simpático, encantador, sedutor, um homem que gosta muito das mulheres e de quem as mulheres gostam”.

O escritor admite que se identifica com a personagem de Falcó, indiferente às causas e ideologias e até à humanidade, devido às duas décadas que viveu em países em guerra.

“Partilhamos os mesmos pontos de vista sobre o mundo, sobretudo (Falcó) partilha da minha fé indestrutível na capacidade de crueldade e estupidez do ser humano e esse é o território em que ele se move”, afirmou.

A ambivalência da personagem – entre o mau e o bom – está igualmente presente na corrente da história, que retrata acções de fascistas, comunistas, socialistas e anarquistas, sem deixar transparecer simpatia por nenhuma das facções.

Arturo Pérez-Reverte explica que das reportagens de guerra que fez, na maioria guerras civis, aprendeu que entre duas facções há uma “declaradamente dos bons e outra dos maus” – sendo que na Guerra Civil Espanhola, “os bons eram os da República e os maus eram os Franquistas” -, mas que quando se convive com os protagonistas das guerras, “a linha já não está tão clara, é tudo mais confuso”.

“Falcó beneficia desse conhecimento, vive num mundo em que os bons e os maus não estão nada claros, às vezes são bons outras vezes são maus, e ele não tem uma ideologia, uma simpatia politica concreta, é um mercenário, um amoral, um homem para quem a aventura, a adrenalina, as mulheres, o luxo e a acção são os valores fundamentais”, diz.

Para descrever as acções da personagem, na sua faceta mais cruel e violenta, bem como as cenas de morte e tortura, com todas as descrições de expressões faciais e sintomas físicos, Reverte socorreu-se da sua própria memória, usando “artefactos literários narrativos que beneficiam” da sua “experiência pessoal”.

“Quando escrevo estas aventuras sobre violência tortura e morte, não me contaram, não é teoria nem imaginação, não aprendi numa conversa de bar nem numa conferência, nem num livro ou num filme, eu vivi-o, durante 21 anos vi muita gente como o Falcó, eu vi torturar, vi matar, por isso eu sei como é um cadáver, como é a pele de um homem sob tortura, os suores frios, eu toquei-lhes”, recorda.

Para escrever os seus romances, Arturo Pérez-Reverte viaja até aos lugares onde as histórias se passam, frequenta os restaurantes, lê, tira fotografias e sobretudo respira o ambiente que respiram as suas personagens, conta.

Foi o que aconteceu com este livro, cuja história termina no Estoril, onde o escritor esteve três semanas a trabalhar, porque Portugal era, na altura, “um lugar importante, de tráfico, de espionagem, de conspirações”.

Lisboa no próximo livro

E é em Portugal, na cidade de Lisboa, que começa o seu próximo romance, “Eva”, que sai em Espanha nos próximos dias, que recupera o espião Falcó e uma das suas companheiras de missão, uma personagem feminina “muito forte”.

Aliás, o escritor sublinha a importância que dá à personagem feminina que não é a clássica “esposa” ou “mãe”, como Anna Karenina ou Madame Bovary.

“A mulher é um tema muito interessante, as minhas mulheres são muito poderosas, perigosas, duras, cruéis também, de uma grande força intelectual e de personalidade, mulheres lutadoras, comunistas, franquistas, activistas, esse tipo de mulher combativa interessa-me muito na vida real e nos romances”, declara.

11 Out 2017

Maria João Belchior, fundadora da Livros de Bordo: “Faltam conhecimentos sobre a China antiga [em Portugal]”

Saiu de Pequim para criar uma editora de nicho em Portugal, que só publica livros que versam sobre esse grande país que é a China e todo o continente asiático. Em entrevista, Maria João Belchior fala dos desafios que é publicar livros do outro lado do mundo no mercado editorial português

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]olaborou com vários meios de comunicação em Macau, viveu em Pequim, até que decidiu ir para Portugal e fundar a Livros de Bordo. Porquê publicar livros sobre a China e a Ásia?

Eu vivi durante 12 anos em Pequim onde trabalhei como correspondente para Portugal e Macau. Regressei a Portugal no último dia do ano 2013 (tinha chegado em 2002). A ideia de abrir uma editora focada em temas sobre a Ásia já vinha de há algum tempo, porque, apesar de haver muitos livros bons sobre a Ásia e o Oriente, encontrei vários que nunca tinham sido publicados. A Livros de Bordo nasce de um amor aos livros e de uma experiência bastante longa de vida na Ásia. Apesar de ter passado muito tempo na China, estive também no Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Laos, Cambodja, Índia, Taiwan. Fui encontrando livros e temas que nunca tinham sido publicados, ou que se encontravam há muito esgotados em Portugal, e decidi arriscar no mundo da edição.

Publica livros académicos sobre a sociedade, cultura ou sistema político da China, ou mais obras de escritores chineses?

A editora só conta até agora – Outubro de 2017 – com sete títulos publicados dos quais dois são reedições da obra de Wenceslau de Moraes. Cinco dos livros são inéditos. Os temas não têm sido exclusivos da China. Um deles apenas “Quando Mil Milhões de Chineses Saltam” é uma viagem pela China atravessando todas as províncias e registando os problemas ambientais e as soluções que têm sido encontradas. O autor, Jonathan Watts, foi correspondente do The Guardian na China durante 12 anos. Outro dos livros “A Antiga Rota do Chá e dos Cavalos” é uma viagem de um explorador canadiano pela história do comércio do chá desde as primeiras trocas que se faziam entre a província de Yunnan e o Tibete. Os outros três livros passam pela Mongólia, pelo Tibete e pela Índia. Não são livros académicos mas registos históricos de viagens feitas, nomeadamente desde o século XIII. “A História dos Mongóis aos Quais Chamamos Tártaros” é uma obra traduzida pela primeira vez do latim com o registo de viagem de um frade franciscano, Giovanni da Pian del Carpini, que chegou à corte Mongol em 1247. O livro “Cartas do Tibete” reuniu pela primeira vez na íntegra as quatro cartas escritas pelo padre jesuíta António de Andrade sobre a sua viagem até ao reino de Guge, no Tibete, e a criação da primeira missão jesuíta naquele território na primeira metade do século XVII.

Quais os grandes desafios de publicar estas obras em Portugal? Prendem-se com a tradução, sobretudo?

Publicar livros históricos tem sempre alguma dificuldade por serem livros específicos, que num sentido geral se podem considerar literatura de viagens, quando se fala na viagem feita há poucos anos pela Rota do Chá e dos Cavalos. No entanto, viagens do século XIII ou do século XVII têm um pendor histórico, tanto pela linguagem utilizada como pelo cenário descrito. As dificuldades de edição estão sobretudo ligadas à escala, porque sendo uma editora pequena é mais difícil entrar nas grandes redes de livrarias, o dito “mercado”. De qualquer maneira, já temos dois títulos em segunda edição o que mostra que tem havido interesse no trabalho por parte do público.

Quais os temas ou obras que mais interessam aos leitores portugueses? Querem compreender a China de hoje ou querem ler mais autores chineses?

É sempre complicado generalizar. Creio que existe um interesse por todos os temas, sendo que há formas mais comerciais de vender livros ou temas. A Livros de Bordo é uma editora de nicho e apenas posso dizer que existe de facto interesse na China, mas também na Ásia e na sua história antiga.

Há ainda um grande desconhecimento em relação à China e à Ásia, apesar de existir uma maior publicação de livros nos últimos anos?

Esta é outra resposta que não consigo dar com certeza. Há momentos em que determinados assuntos se tornam mais apelativos, seja pelos acontecimentos da actualidade, seja pelo momento criado pelos media, como por exemplo a divulgação de filmes históricos. É natural que a China ocupe um grande espaço, mas também é verdade que há já muitos títulos no mercado sobre a nova realidade chinesa. Por vezes, até o que falta mais é conhecimento sobre a China antiga. Aqui existe certamente o desafio de tradução de, por exemplo, textos clássicos, que é algo quase inexistente em Portugal pela dificuldade que representa. Só que também aqui tem havido uma grande mudança à medida que existe mais curiosidade sobre o país e a sua cultura.

10 Out 2017

Trilogia fotográfica de Lu Nan no Museu Berardo

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] inaugurada no próximo dia 10, no Museu Berardo, a exposição “Trilogia Fotografias [1989-2004] do fotógrafo chinês Lu Nan. A mostra conta com a curadoria de João Miguel Barros e traz a público parte do trabalho desenvolvido por Lu Nan durante um período de 15 anos.

“A obra de Lu Nan é a projecção moderna (também já datada no tempo) de uma trilogia clássica simbolicamente representada na Divina Comédia de Dante Alighieri”, lê-se na apresentação oficial da exposição, sendo que “cada uma das suas partes são, igualmente, projecções exemplares do que pode ser, na Terra, o Inferno, o Purgatório e o Paraíso”.

No entanto, e de acordo com o curador, não se trata de um retrato de uma fantasia. As imagens recolhidas durante mais de uma década são “de um realismo cortante, “por vezes doloroso, que impressiona”, refere João Miguel Barros.

Tal como na trilogia dantesca, a mostra está dividida em três partes, correspondentes aos estágios da obra poética: a vida dos hospitais de doenças mentais, as comunidades católicas nas zonas rurais e mais recônditas da China e a que levou Lu Nan a acompanhar a vida quotidiana do Tibete.

De acordo com João Miguel Barros, “o inferno, o purgatório e o céu retratados no trabalho do fotógrafo de Pequim, “é a China de uma época talvez já diferente da actual, como bem poderia ser a realidade de muitos outros países e lugares por esse mundo fora”.

Do povo esquecido às quatro estações

As condições de vida dos doentes psiquiátricos da China constituem a primeira parte da trilogia de Lu Nan. De 1989 a 1990, o fotógrafo contactou com 14 mil doentes mentais em 38 hospitais, espalhados por 10 províncias e grandes cidades do China. As imagens constituem “O Povo Esquecido” é que é apresentada “de forma verdadeira e poderosa, as condições de vida de um estrato social esquecido”, refere o curador.

A viagem continua e encontra o purgatório “Na Estrada: a fé católica na China”. As imagens forem recolhidas entre 1992 a 1996 em que o fotógrafo visitou mais de 100 igrejas, O objectivo foi o de capturar a forma como o amor e a fé se concretizam na vida quotidiana dos crentes. “Mostra que a divindade interior está integrada na vida quotidiana e que, no fundo dos seus corações, é essa a verdadeira Igreja”, comenta João Miguel Barros.

“Quatro estações: o dia-a-dia dos camponeses tibetanos”, terceira e última parte da trilogia, foi produzida de 1996 a 2004. Como o nome indica, o trabalho “acompanha de perto o ciclo das estações, desde a sementeira, na Primavera, à ceifa, no Outono, desde a espera pela colheita, no Verão, até à sobrevivência, durante os meses agrestes do Inverno”.

Tal como as duas primeiras partes da trilogia, “Quatro estações” não se centra no que poderiam ser considerados os grandes acontecimentos da vida. É o quotidiano que interessa é a “vida quotidiana que proporciona uma forma básica de as pessoas aferirem o destino”.

9 Out 2017

Festa a Duplicar na Lusofonia

Teatro, exposições e a recriação de festas populares são algumas das actividades que juntam artistas lusófonos e chineses a partir de 19 de Outubro. A Festa da Lusofonia volta às Casas-Museu da Taipa e a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa de Macau vai espelhar-se pelo resto do território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Festival da Lusofonia de Macau regressa às Casas-Museu da Taipa, entre 19 e 22 de Outubro, para recriar o ambiente das festas populares portuguesas, com música, artesanato e gastronomia dos países de língua portuguesa.
Este ano, a festa prolonga-se por quatro dias e volta a oferecer “uma mostra cultural de cada uma das comunidades lusófonas residentes em Macau, gastronomia típica, espectáculos de música e dança, e jogos”, indica o Instituto Cultural (IC), em comunicado.
“O espaço estará decorado com iluminações e enfeites ao estilo das festas populares portuguesas”, explica o IC, lembrando que esta festa aconteceu pela primeira vez em 1998 e que inicialmente estava integrada nas comemorações do Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.
“Ao longo dos anos, este evento de promoção da cultura dos países e regiões de língua portuguesa tornou-se uma das grandes festividades anuais do calendário cultural de Macau”, afirma o IC.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau vão ter expositores com artesanato e “petiscos e bebidas típicas” junto às Casas-Museu da Taipa.

Festas articuladas

O Festival da Lusofonia articula-se com a semana cultural da China e países lusófonos, que decorre entre 14 e 22 de Outubro. Para a 9.ª edição, a semana cultural recebe 150 artistas que participam também na Exposição de Produtos e Serviços de Língua Portuguesa (PLPEX) e na Feira Internacional de Macau (MIF).
O cartaz deste ano inclui concertos no Largo do Senado, no coração de Macau, de grupos e artistas de Portugal (Diogo Piçarra), Cabo Verde (Trio Hélio Batalha, Sílvia Medina e Ellah Barbosa), Angola (Yola Semedo), Timor-Leste (Solution Band), Goa, Damão e Diu (True Blue), Moçambique (Os Kassimbos), Brasil (Rastapé), Guiné-Bissau (Klim Mota), São Tomé e Príncipe (Haylton Dias) e China (Grupo de Música e Dança da Província de Guagxi). Estes artistas actuam também no Festival da Lusofonia.
Além da música, a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa de Macau volta a ter uma mostra de teatro de países e territórios lusófonos pelo quarto ano consecutivo.
A mostra integra quatro companhias de países lusófonos, incluindo Portugal, e uma de Macau.
Assim, entre 14 e 19 de Outubro, o grupo local Hiu Kok Theatre marca presença com a peça “O cuco da noite escura”, o Grupo de Teatro Girassol (Moçambique) leva ao palco “Nkatikuloni (A outra)”, a companhia Nómada – Art & Public Space (Portugal) vai representar “Solange, uma conversa de cabeleireiro”, o grupo Nós Por Cá (São Tomé e Príncipe) leva à cena “Feitiçaria”, e a Arte Naroman (Timor-Leste) apresenta “Nahe Biti”.
Esta semana cultural integra ainda uma vertente de exposições de arte contemporânea de artistas de Moçambique (Pekiwa, escultura), São Tomé e Príncipe (Guilherme Vaz de Carvalho, pintura) e Macau (Filipe Dores, artes plásticas) e uma exposição de animação do artista plástico e cineasta brasileiro Alê Abreu relacionada com o seu filme “O Menino e o Mundo”, que também será exibido em Macau.
As exposições vão decorrer entre 14 de Outubro e 12 de Novembro, no edifício do antigo tribunal, na Galeria de Exposições da Avenida da Praia, na Casa de Nostalgia da Avenida da Praia e na residência do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.
A mostra de artesanato poderá ser vista na Feira do Carmo e a mostra de gastronomia “Sabores do Mundo” decorrerá num restaurante da Torre de Macau e também no espaço onde vai decorrer o Festival da Lusofonia.
Este ano estão convidados ‘chefs’ de cozinha de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Goa, Damão e Diu e Macau.

9 Out 2017

One Central | Carlos Marreiros traz “esculturas urbanas luminosas” à cidade

O 2º Festival de Lanternas de Macau decorre na Promenade do One Central e conta este ano com dez esculturas iluminadas, decoradas por vários artistas, incluindo Alexandre Marreiros e Konstantin Bessmertny. O arquitecto Carlos Marreiros pretende fazer deste um evento anual de relevo, que mostre a cultura local ao mundo

[dropcap style≠’circle’]“C[/dropcap]omo dizem os americanos, ‘The size does matter’ (o tamanho realmente importa).” É desta forma que o arquitecto Carlos Marreiros começa por falar do seu mais recente projecto, que mostra as tradicionais lanternas do Festival do Bolo Lunar numa versão mais contemporânea, de maior dimensão.

“Não queria que este evento fosse tradicional, mas que caminhasse para uma mostra de esculturas urbanas luminosas”, contou ao HM. “É uma iniciativa local, não no sentido de ser mais uma actividade de Macau, mas de ser a actividade de Macau. Não existe no mundo um festival, ou uma exposição, que esteja relacionado com lanternas de grande porte ou instalações artísticas urbanas”, disse Marreiros.

O ano passado, a primeira edição contou com 38 lanternas de grande porte, tendo sido convidados artistas locais para a decoração. Este ano são dez, sendo que cinco delas são decoradas por cinco artistas, dois deles locais: Alexandre Marreiros e Konstantin Bessmertny.

“Fiz uma instalação urbana, de arte pública, com lanternas que são esculturas, e que são iluminadas por dentro, com pintura de artistas. Este ano mudei e propus que fosse menos lanternas, mas com um tamanho mais significativo, pois têm entre cinco a oito metros”, explicou.

Para o arquitecto e membro do Conselho do Património Cultural, está em causa a criação de uma iniciativa que tenha “interesse turístico e de entretenimento”.

“A nossa ideia é que haja anualmente uma grande instalação de esculturas de luz, com estilos de artistas convidados de todo o mundo e excursões plásticas muito variadas, do mais figurativo ao mais abstracto.”

O que é local é bom

Carlos Marreiros considera que o território não tem capacidade para competir com as bienais de arte que acontecem um pouco por todo o mundo, mas sobretudo na Ásia. Daí a aposta nas esculturas cheias de luz, por representarem algo novo.

“Macau tem recursos, mas tem as suas limitações. Caso fosse feita outra bienal, [o território] não iria conseguir competir com outras regiões e países, e até mesmo com a China. A história e a cultura são um atractivo, esta miscigenação cultural, e isso tem de ser explorado.”

Na ideia de Marreiros, este objectivo pode ser atingido se for associado o conceito de lanterna tradicional “a uma dimensão contemporânea, de vanguarda”. “A tradição das lanternas chinesas é lindíssima e pego nesta tradição e reformo-a em fórmulas contemporâneas, mostradas em locais bonitos, que não são os habituais”, frisou.

O arquitecto garante que, com este projecto em mente, não está “preocupado com a arte de massificação”. “Estas esculturas estão num sítio bonito, têm tamanho e dimensão. Macau deve ser animada com qualidade e a tradição deve ser renovada”, adiantou.

Até porque, na sua visão, os museus e a própria arte têm de sair das paredes em que vivem enclausuradas e encontrar-se com as pessoas, o público.

“A arte deve ir de encontro à população. As pessoas vêm aos museus mas os promotores das artes têm de ir ter com o povo. E isso faz com que as pessoas sejam mais selectivas a frequentarem museus e galerias. Não estou interessado no produto massificado, para ser arte é porque é único e original.”

Marreiros já pensa noutras edições, e espera que, nos próximos anos, “haja mais esculturas de luz, com mais artistas internacionais”. “Gostava de produzir lanternas em menor número e convidar os artistas a fazer a escultura e a decorá-las”, concluiu.

8 Out 2017

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro ganha menção honrosa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro conquistou uma menção honrosa na vertente profissional dos International Photography Awards (IPA), anunciou a organização.

A fotografia “Stay Tuned” foi distinguida na categoria “Architecture: Historic” (Arquitectura: Histórico), na vertente para fotógrafos profissionais, de acordo com o comunicado da organização.

No campo dos fotógrafos não profissionais, os portugueses Filipe Matos e Jorge Maia ficaram em terceiro lugar nas secções “People:Lifestyle” (Pessoas: Estilo de vida) e “Nature: Landscapes” (Natureza: Paisagem), respectivamente.

Para a edição de 2017, o IPA indicou ter recebido 14.270 trabalhos oriundos de 165 países.

Nascido em Lisboa, em 1979, Gonçalo Lobo Pinheiro colaborou com vários órgãos de comunicação social, tendo sido editor do Hoje Macau, e é actualmente coordenador fotográfico da Revista Macau, do Gabinete de Comunicação Social do Governo.

Na competição anual podem participar fotógrafos profissionais, amadores e estudantes de todo o mundo e todos os anos, o IPA atribui ainda os títulos de “Fotógrafo do Ano”, escolhido entre os vencedores de todas as categorias, e “Descoberta do Ano”, entre os vencedores de todas as categorias para amadores e estudantes.

Seis candidatos são ainda convidados para a competição “Deeper perspective photographer of the year”, onde as histórias das imagens também são avaliadas.

8 Out 2017

Nobel da Literatura | Governo japonês felicita Kazuo Ishiguro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo do Japão felicitou hoje o escritor britânico Kazuo Ishiguro pela atribuição do Nobel de Literatura e destacou as suas raízes nipónicas, tal como os diários japoneses, que dão relevo ao autor nascido em Nagasaki.

“Queremos felicitá-lo e alegra-nos muito que alguém de origem japonesa tenha êxito no estrangeiro, porque provavelmente teve que superar muitas dificuldades”, disse, em conferência de imprensa, o ministro porta-voz da Executivo, Yoshihide Suga.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, emitiu um comunicado no qual felicita Ishiguro e destaca que o autor é natural da cidade de Nagasaki (sudoeste do arquipélago nipónico) e “conta com muitos fãs” no Japão.

A atribuição do Nobel de Literatura a Ishiguro está nas capas dos principais jornais japoneses e na abertura dos noticiários, nos quais se destaca a ligação do escritor com o país de origem e sobretudo com a cidade natal.

A Academia Sueca justificou a escolha de Kazuo Ishiguro, por ser um escritor que, “em romances de grande força emocional, revelou o abismo sob o sentido ilusório de conexão com o mundo”.

O escritor britânico de origem japonesa destacou-se com os primeiros contos, publicados na revista Granta, escreveu para cinema e televisão, é autor de canções. Com “Os Despojos do Dia” venceu o Booker Prize, em 1989.

6 Out 2017

Lusofonia | Semana Cultural decorre de 14 a 22 de Outubro

Concertos no anfiteatro Casas-Museu da Taipa e a participação, pela primeira vez, na Exposição de Produtos e Serviços de Língua Portuguesa e na Feira Internacional de Macau. Eis as novidades da 9ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 150 artistas vão participar entre 14 e 22 de Outubro na nona Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, que volta a juntar teatro, gastronomia, arte contemporânea, dança e música de vários continentes.

Esta é uma iniciativa que se realiza em Macau desde 2008. Pela primeira vez, os artistas convidados participam também na Exposição de Produtos e Serviços de Língua Portuguesa (PLPEX) e na Feira Internacional de Macau (MIF).

O cartaz deste ano inclui concertos no Largo do Senado, no coração de Macau, de grupos e artistas de Portugal (Diogo Piçarra), Cabo Verde (Trio Hélio Batalha, Sílvia Medina e Ellah Barbosa), Angola (Yola Semedo), Timor-Leste (Solution Band), Goa, Damão e Diu (True Blue), Moçambique (Os Kassimbos), Brasil (Rastapé), Guiné-Bissau (Klim Mota), São Tomé e Príncipe (Haylton Dias) e China (Grupo de Música e Dança da Província de Guagxi).

Além de subirem ao palco no Largo do Senado, os artistas vão actuar no Festival da Lusofonia, a decorrer entre 19 e 22 de Outubro nas Casas-Museu da Taipa.

Teatro de regresso

Além da música, a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa de Macau volta a ter uma mostra de teatro de países e territórios lusófonos pelo quarto ano consecutivo.

A mostra de teatro integra quatro companhias de países lusófonos, incluindo Portugal, e uma de Macau.

Assim, entre 14 e 19 de Outubro, o grupo local Hiu Kok Theatre marca presença com a peça “O cuco da noite escura”, o Grupo de Teatro Girassol (Moçambique) leva ao palco “Nkatikuloni (A outra)”, a companhia Nómada – Art & Public Space vai representar “Solange, uma conversa de cabeleireiro”, o grupo Nós Por Cá (São Tomé e Príncipe) leva à cena “Feitiçaria”, e a Arte Naroman (Timor-Leste) apresenta “Nahe Biti”.

Esta semana cultural integra ainda uma vertente de exposições de arte contemporânea de artistas de Moçambique (Pekiwa, escultura), São Tomé e Príncipe (Guilherme Vaz de Carvalho, pintura) e Macau (Filipe Dores, artes plásticas) e uma exposição de animação do artista plástico e cineasta brasileiro Alê Abreu relacionada com o seu filme “O Menino e o Mundo”, que também será exibido em Macau.

As exposições vão decorrer entre 14 de Outubro e 12 de Novembro, no edifício do antigo tribunal, na Galeria de Exposições da Avenida da Praia, na Casa de Nostalgia da Avenida da Praia e na residência do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

A mostra de artesanato poderá ser vista na Feira do Carmo e a mostra de gastronomia “Sabores do Mundo” decorrerá num restaurante da Torre de Macau e também no espaço onde vai decorrer o Festival da Lusofonia.

Este ano estão convidados ‘chefs’ de cozinha de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Goa, Damão e Diu e Macau.

A Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa é organizada pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), sendo co-organizadores o Instituto Cultural de Macau e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais da cidade. Conta ainda com a colaboração das associações das comunidades lusófonas que existem em Macau.

Orçamento de milhões

A nona edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa tem um orçamento semelhante ao do ano passado, na ordem de 8,8 milhões de patacas, disse, na apresentação à imprensa, Echo Chan, secretária-geral adjunta do Secretariado Permanente do Fórum Macau.

Eco Chan disse que as actividades desta semana cultural articulam-se com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” promovida pelo Governo central e destacou a importância de “reforçar o intercâmbio cultural” entre os países e territórios participantes.

“Espero que através desta semana cultural possam mostrar a sua cultura”, acrescentou.

5 Out 2017

Photo Macau | Evento vai decorrer em Março de 2018

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 60 galerias internacionais de arte e fotografia vão participar na primeira edição da feira Photo Macau, que vai decorrer entre 25 e 28 de Março do próximo ano, anunciou a organização.

“No coração da cena artística e cultural da Ásia, que está a crescer rapidamente, a nossa feira de fotografia de arte contemporânea reunirá talentos asiáticos e de outras paragens para promover e celebrar a fotografia e a arte em vídeo, que estão rapidamente a ganhar reconhecimento na região”, afirmou, em comunicado, a directora executiva da feira, Cecilia Ho.

A responsável destacou que a Photo Macau vai decorrer num local “com uma tradição chinesa e portuguesa única”, afirmando que a feira de arte “é dedicada à fotografia artística e às imagens em movimento, apresentando arte visual, digital e impressa numa das economias asiáticas em maior crescimento”.

Segundo a organização, a cargo da Red Balloon, o certame vai “destacar um país diferente a cada ano, celebrando a fotografia e as imagens em movimento dessa nação, e a sua contribuição para o mundo das artes”.

“Nesta primeira edição, a atenção recai sobre Istambul, com a curadoria de Nina Öger, colecionadora, patrona das artes e especialista em arte turca”.

5 Out 2017

Cultura | Festival da América Latina arranca esta sexta-feira

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]xposições, gastronomia, cinema. São vários os ingredientes que compõem a edição desta ano do Festival da América Latina, que começa na sexta-feira e termina a 5 de Novembro. A organização está a cargo da Associação para a Promoção do Intercâmbio entre a região Ásia-Pacífico e América Latina (MAPEAL, na sigla inglesa).

O evento começa com a inauguração de uma exposição intitulada “Arquitectura latino-americana”, que estará patente na Torre de Macau até ao dia 15 deste mês. O mesmo evento poderá ser visto, de 15 de Outubro até 1 de Novembro, na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST).

Segue-se, no Sábado, dia 7, uma mostra de cozinha do Chile no restaurante Tromba Rija, localizado no rés-do-chão da Torre de Macau. Haverá também uma demonstração da gastronomia natural do Peru, no mesmo local, no dia 10 de Outubro.

Na segunda-feira, dia 9 de Outubro, arranca a exibição de filmes oriundos de países latino-americanos, como é o caso do Brasil, Equador ou Argentina. Até ao dia 31 de Outubro, as películas poderão ser vistas em locais distintos, como é o caso da MUST ou da Fundação Rui Cunha.

A partir de terça-feira, 10 de Outubro, haverá também lugar à realização de seminários destinados a abordar a cultura de cada país da América do Sul. Os representantes consulares de países como Cuba, Brasil ou Peru em Macau e Hong Kong vão ser os principais oradores destes encontros, que terão lugar na MUST e na Universidade de Macau.

Na área da fotografia, a Torre de Macau vai também acolher uma exposição intitulada “A memória do Peru: 1890-1950”, que estará disponível para a visita do público até ao dia 22 de Outubro.

A agenda do Festival da América Latina dará ainda destaque à realização da Semana de Gastronomia do Chile, de 7 a 12 de Outubro, sem esquecer as semanas da gastronomia do Equador e Argentina. Estas iniciativas terão lugar nos restaurantes Tromba Rija e Café 360º, ambos localizados na Torre de Macau. O programa completo está disponível em https://www.latinamericanfestival.org

5 Out 2017

Armazém do Boi abre portas em 2018

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já a partir do dia 1 de Outubro, domingo, que o espaço cultural Armazém do Boi estará fechado ao público, “a fim de melhorar as suas condições em prol das suas operações futuras”, anuncia o Instituto Cultural (IC) em comunicado. O IC prevê que o Armazém do Boi volte a funcionar na segunda metade de 2018.

Vão ser feitos “trabalhos de reparação em todo o Armazém, incluindo a reparação de todo o telhado, paredes externas e internas e sua impermeabilização, trabalhos de drenagem e a substituição e recuperação do chão, janelas e portas”.

Quanto ao concurso público, o IC deseja que “todas as associações artísticas locais interessadas em promover as artes visuais e o desenvolvimento das artes comunitárias” possam submeter as suas propostas para a utilização do espaço.

A ideia é que se possa criar “um novo método cooperativo para encorajar a participação e actividade das associações civis, a fim de revelar a diversidade do panorama artístico de Macau”.

Outras paragens

Localizado na Avenida do Almirante Lacerda, o antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino e Canil Municipal de Macau foi classificado em 2017 como edifício de interesse arquitectónico. O edifício do antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino foi construído em 1912 e reconstruído em 1924, sendo composto por dois edifícios paralelos com a tipologia de grandes armazéns, um dos quais (actualmente conhecido por Armazém do Boi) passou a ser usado como espaço expositivo em 2003 e passou a estar sob a égide do IC em 2016.

No ano passado, durante uma vistoria ao edifício, foram detectados alguns riscos de segurança causados pelo envelhecimento e degradação do mesmo, explica o IC.

A associação que actualmente está no Armazém do Boi teve de sair, mas segundo explicou a sua responsável, Gigi Lee, ao HM, a ideia é continuarem o trabalho que têm vindo a desenvolver.

“Saímos das instalações e vamos trabalhar com as pessoas ou trazemos a comunidade para integrar as nossas actividades. É um trabalho muito interessante e que merece ter continuidade.”

29 Set 2017

Música | FIMM dá espaço aos jovens do território com “Bravo Macau!”

Um dos primeiros destaques do arranque do Festival Internacional de Música de Macau é a promoção de jovens talentos locais na área da música clássica. No sábado arranca a primeira de duas edições do “Bravo Macau!” onde o palco será dado às novas esperanças da cidade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s ideias por detrás do programa “Bravo Macau!” é dar a conhecer o desenvolvimento da música clássica local e mostrar o talento dos jovens que dão os primeiros passos no mundo musical. O primeiro concerto do 31º Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) no âmbito deste ciclo de concertos acontece amanhã, às 20h, no Teatro Dom Pedro V.

A violinista Lo Cheng Io, a pianista Suiong Wong, a harpista Leong Cheok Wun e o violoncelista Ho Chun sobem ao palco da histórica sala para interpretar composições de Brahms, Saint-Saens e Schubert.

Lo Cheng Io é uma adolescente de 16 anos apaixonada pelo violino desde os seis anos de idade. Quanto completou 13 anos ganhou o primeiro prémio na Competição de Jovens Músicos de Macau e em 2014 arrebatou o prémio do Departamento de Assunto Culturais. Com um futuro promissor pela frente, Lo Cheng Io fez-se ao mundo e foi estudar para a Escola de Música de Manhattan onde aprofundou a técnica de violino sob orientação do Professor Nicholas Mann.

Outra das estrelas que actua amanhã é Suing Wong, uma pianista que tem um mestrado em performance de piano da New York University. Actualmente, Suing Wong é professora de música no Estado do Vermont e faz frequentemente tournées de concertos de piano.

Segundo acto

No domingo realiza-se outro concerto do “Bravo Macau!”, com a subida ao palco do Teatro Dom Pedro V, às 20h, da harpista Leong Cheok Wun e do violoncelista Ho Chun, que apresentam os seus dotes musicais numa noite dedicada às cordas.

Os jovens vão atacar obras compostas por Bach, Ravel, Takemitsu, Glass, Schumann, Dvorak e Prokofiev.

Leong Cheok Wun é harpista da Orquestra Sinfónica de Guangzhou e professora de harpa no Conservatório de Macau e figura entre o naipe de talentos locais que beneficia do Programa de Concessão de Subsídios para Estudos Artísticos e Culturais do Instituto Cultural.

Ho Chun é um dos membros da Orquestra da Universidade de Música e Artes Performativas de Gratz e participou em digressões com a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau a Portugal e outros países da Europa como músico convidado. Ganhou numerosos prémios no Concurso para Jovens Músicos de Macau e no Concurso de Violoncelo China Egeu, tendo ainda vencido o Prémio Lótus da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude de Macau.

29 Set 2017

Pintura | Ip Son Hou expõe no Centro UNESCO de Macau

A exposição de pintura “Flor e Pássaro, Montanha e Água”, de Ip Son Hou, é inaugurada amanhã na Sala de Exposições do Centro UNESCO de Macau. A mostra de trabalhos do artista local integra o ciclo “Projecto de Promoção de Artistas de Macau” e estará patente até 11 de Outubro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] natureza tem sido, desde tempos imemoriais, uma das primordiais fontes de inspiração para as mais variadas expressões artísticas. Ip Son Hou não é uma excepção a esta regra. Nesse sentido, a Sala de Exposições do Centro UNESCO de Macau recebe a partir de amanhã a exposição “Flor e Pássaro, Montanha e Água”, do artista local. A inauguração está marcada para o final da tarde, às 18h30, hora em que o público pode passear pelas 65 obras seleccionadas pelo pintor. A cerimónia marca o início da exposição que estará patente até 11 de Outubro, e que será palco do lançamento de uma publicação com o mesmo título da mostra.

As obras exibidas têm como cenário ambientes montanhosos e aquáticos que representam o percurso artístico do autor nos últimos anos e são também atmosferas estéticas conducente com os traços de Ip Son Hou.

O pintor local é o tipo de criador que busca recorrentemente inspiração em contextos de paisagens naturais, tendo ultimamente encontrado nas representações de flores e pássaros uma forma de se expressar. Um percurso que faz sentido, tendo em conta que Ip Son Hou tem ao longo da sua carreira como artista revelado uma propensão para pintar obras onde a vida ocupa o papel principal.

Discípulo e mestres

Ip Son Hou nasceu em Cantão há 60 anos e é um nome recorrente em mostras de pintura locais, daí não seja de estranhar que tenha sido seleccionado para a Exposição Colectiva dos Aristas de Macau. Em 1996 foi um dos protagonistas de uma mostra itinerante que percorreu várias cidades de Taiwan. Em 2013 esteve em destaque na Exposição Individual de Pintura de Flores e Pássaros na Galeria do Restaurante Plaza.

Ip Son Hou começou a sua formação em pintura com tenra idade. Aprendeu a fazer esboços com o Professor Chen Yinghen, uma técnica fundadora para o que se seguiria. Prosseguiu os estudos de expressão plástica sob a batuta do Professor Liu Renyi com quem aprendeu técnicas de pintura chinesa de flores, enquanto que as representações de pássaros foi um conhecimento que adquiriu com os professores Cai Jingxiang e Guan Haoquan.

O artista tinha o hábito de pintar flores nos parques de Guangzhou quando vivia na capital da província de Guangdong. Quando se mudou para Macau começou a trabalhar como técnico de desenho artístico em fábricas de móveis, uma ocupação que mantém há uma década.

Actualmente é membro da Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau e da Associação de Sinetes de Macau, secretário-geral da Associação de Arte a

Tinta de Macau bem como presidente da direcção da Associação de Caligrafia de Deleite (Macau). Uma acumulação de cargos que não lhe rouba tempo suficiente para continuar a deixar-se encantar com cenários naturais e a pintar o que vê.

28 Set 2017

Albergue SCM | “Lanternas do Coelhinho” voltam a marcar Celebração da Lua

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]bre ao público no dia 4 de Outubro um clássico do Albergue SCM: a Exposição “Lanternas do Coelhinho” – Uma Exposição de Carlos Marreiros e Amigos, um evento que já vai na 13ª edição.

A inauguração será acompanhada pela festa de Celebração da Lua que decorre entre as 18:30h e as 21:30h, onde vão ser servidas comidas e bebidas, e distribuídas caixas de oferendas (reservadas às primeiras 300 pessoas). O evento será musicado por um concerto de música chinesa, assim como com a actuação da Tuna Macaense a fechar a festa. Haverá ainda demonstração de caligrafia chinesa, distribuição de lanternas do coelhinho e balões a crianças e jogos de enigmas para entreter os participantes.

A exposição insere-se na celebração do 68º aniversário da República Popular da China e este ano reúne lanternas criadas por 26 artistas e designers de várias partes do mundo. Além disso, serão ainda expostos trabalhos de estudantes do “Workshop de Lanternas Criativas de Macau”.

O Festival de Meio-Outono tem origem na veneração aos Deuses da Montanha, que era feita findas as colheitas, um dos momentos chave da mitologia chinesa. A festividade ganhou popularidade durante das dinastias Ming e Qing, tornando-se um dos momentos de celebração incontornáveis na cultura do Interior da China.

A exposição estará patente ao público de 4 de Outubro a 6 de Dezembro de 2017, na galeria A2 do Albergue SCM.

27 Set 2017

Concerto | FIMM traz a Macau jovens estrelas da música mundial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cartaz deste ano do Festival Internacional de Música de Macau está repleto de jovens talentos. Entre eles destaque para o pianista russo Lukas Geniusas, para a cantora norte-americana Jazzmeia Horn e para o artesão do vibrafone El Fog. O HM apresenta-lhe as propostas mais frescas do festival que arranca esta sexta-feira

As revoluções musicais foram, quase sempre, protagonizadas por sangue novo que rompe com velhos conceitos. O Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) tem no seu cartaz uma panóplia de jovens valores dos mais variados quadrantes musicais.

Além do programa “Bravo Macao!” que tem como objectivo ser uma rampa de lançamento para os novatos talentos locais, destaque para o espectáculo de Masayoshi Fujita, o japonês sedeado em Berlim que em palco dá pelo nome de El Fog. Este é um dos destaques mais contemporâneos num cartaz pontuado pela música clássica. O músico experimental sobe ao palco do Antigo Tribunal no dia 13 de Outubro, para uma performance que leva o espectador numa viagem subtil a um mundo íntimo do vibrafone.

Com uma gama de influências que vão do jazz à electrónica, El Fog é dono de um som evocativo e onírico para ouvir, preferencialmente, de olhos fechados.

Num registo mais clássico, Lukas Geniusas apresenta o seu virtuosismo ao piano no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 27 de Outubro. O música russo/lituano irá interpretar um repertório com composições de Chopin, Ravel e Prokofiev.

Oriundo de uma família de músicos, Lukas Geniusas começou a estudar piano aos cinco anos, impulsionado pela sua avó, uma professora do Conservatório de Moscovo.

Voz de poder

Num registo totalmente diferente, o cartaz do FIMM oferece ao público uma prenda de inestimável valor: a voz de veludo de Jazzmeia Horn, cantora norte-americana de jazz.

Com apenas um disco na bagagem editado este ano, “A Social Call”, Jazzmeia Horn tem granjeado os elogios da crítica que vêm na cantora uma sucessora de  Betty Carter, Sarah Vaughan e Nancy Wilson.

A jovem de apenas 26 anos é daqueles fenómenos de tem no palco o seu habitat natural. Dotada de uma voz com grande amplitude, a cantora promete deliciar os melómanos no dia 29 de Outubro num concerto ao vivo na Fortaleza do Monte.

Dois dias antes, a norte-americana dará um workshop na Fundação Rui Cunha onde os apreciadores do jazz cantado podem experimentar a prática da improvisação, assim como outras técnicas de interacção entre instrumentos e voz.

27 Set 2017

Evandro Teixeira, fotojornalista: “Os políticos no Brasil são vergonhosos”

Evandro Teixeira esteve onde poucos conseguiram. Subiu nos palanques, fotografou a ditadura militar e captou o exacto momento em que um jovem cai no chão para morrer logo a seguir. A sua lente registou a febre do futebol no Maracanã, a pobreza das favelas, as visitas oficiais. São 81 anos de vida, 50 anos de carreira. Chegou a ser preso, mas nunca pensou em desistir: afinal de contas, o único fotojornalista que fotografou o corpo de Pablo Neruda numa maca de hospital sempre trabalhou por paixão. Até amanhã as suas imagens estão no Clube Militar, na exposição “Introspecção”, uma iniciativa da Associação de Fotografia Digital de Macau

[dropcap]A[/dropcap]ntes de falarmos das histórias por detrás das imagens, perguntava-lhe como surgiu a oportunidade de fazer esta exposição aqui em Macau.
Veja bem: o ano passado estive na China três vezes, onde fiz algumas exposições. E conheci o curador desta exposição numa dessas viagens. Aí ele perguntou-me se eu gostaria de fazer a exposição aqui em Macau. Foi muito curioso e gratificante estar aqui para ver a exposição porque em 1995 estive aqui, acompanhando a comitiva presidencial de Fernando Henrique Cardoso. Mudou muita coisa, mudou radicalmente.

Quase tudo.
Sim. Eu viajo muito, já expus no mundo inteiro – França, Alemanha, Suiça, sei lá mais onde. Tenho dez livros publicados sobre fotografia, todos esgotados. Trabalhei durante 47 anos no maior jornal do país [Jornal do Brasil], que fechou em 2010. E aí parei. O que faço hoje é dar palestras no Brasil e fora também, e faço workshops. Continuo a fotografar muito.

O ponto mais alto desta exposição serão as imagens que captou durante o período da Ditadura Militar. Como foi fotografar quando havia censura no país?
O Jornal do Brasil teve uma actuação muito grande durante o período da ditadura. Sempre fiz tudo por prazer, e como era contra a ditadura, a minha maneira de brigar com os militares era fotografando. Subir no palanque para fotografar. O Jornal do Brasil foi contra a ditadura e pagou caro por isso. Chegou a fechar. Há uma foto ali, e por causa dela eu fui preso. O jornal era muito inteligente e fazia frases irónicas. E o Governo não gostava. Muitos foram presos, caçados, intelectuais, muitos mortos. Com uma das fotos, no dia seguinte o Presidente me mandou chamar para estar presente no palácio. E aí ele me disse “como ousa publicar uma merda destas na primeira página, e o Presidente tão pequeno ficou lá atrás?”. E eu ri, pedi desculpa e disse que era uma questão de edição. E ele me respondeu “edição é a filha da p…” e me mandou prender. Quando os jornalistas não eram pegos na rua, e quando se publicava algo que os militares não gostavam, acontecia isso.

Desse período tem também uma foto rara de uma marcha que foi feita em 1978.
Estava ao lado do Vladimir Palmeira [político brasileiro] fotografando, e quando vi aquela faixa [que dizia “Abaixo a ditadura – poder ao povo], cliquei. No jornal seleccionamos aquela foto para a primeira página, mas havia dois militares censores lá. Eles perceberam e não deixaram publicar essa, só a que não tinha a faixa. Alguns anos mais tarde publiquei a foto num livro e a designer desse livro se descobriu na foto e o marido, que estava no meio da multidão. Aí começaram a descobrir muita gente, e aí tivemos a ideia de fazer um livro com todas essas pessoas. Quarenta anos depois publicámos as histórias de cem pessoas que estiveram nesse local, e fotografei-as como se tivessem olhando para o Vladimir Palmeira. Esse livro esgotou.

Os abusos da ditadura militar no Brasil © Evandro Teixeira

Acredita que muitos se esqueceram da ditadura? É preciso lembrar a história novamente?
Na verdade a memória do povo brasileiro é muito curta. Hoje em dia faço muita palestra e sempre fotografei no contexto da história. Mostro imagens do Vietname, da Ditadura Militar e também do golpe do Chile, onde também fotografei muito. Fotografei o chileno Pablo Neruda, também fiz um livro sobre Neruda, intercalado com os seus poemas. Nas palestras que dou há muitos estudantes, e isso é bom porque hoje em dia, nas universidades, o período da Ditadura Militar está muito esquecido. Um pouco de propósito da parte do Governo e também das universidades.

Como vê o Brasil dos dias de hoje, depois do impeachment a Dilma Rousseff?
Na verdade a situação do país está tão caótica que as pessoas voltam a falar de ditadura para dar o baixa. Essas pessoas que berram e que cantam isso não viveram essa época da ditadura militar, quando todo o mundo foi massacrado, artistas presos, o Chico Buarque, o Caetano Veloso, músicas censuradas, pessoas mortas. Mas também falam isso porque os políticos são tão corruptos e safados que deixaram chegar o país a este estado. Todo o mundo rouba, mas não tanto como fizeram agora no Rio de Janeiro. Lá está uma loucura, funcionários públicos sem receber. As forças federais foram enviadas pelo Presidente para tentar conter a violência nas favelas.

Esperava encontrar a mesma realidade que fotografou nas favelas, nos anos 60, tantos anos depois? Tinha esperança que algo mudasse?
Houve abandono e não houve um governo para tentar. Todo o mundo foi abandonado. Isso também não justifica o que está acontecendo. A revolta nos presídios, Rio Grande do Norte, Pernambuco, com matanças, é um absurdo. Isso não pode acontecer. Os políticos no Brasil são vergonhosos, e fico pensando: agora vamos ter eleições em 2018. Vamos votar em quem? Não temos um líder.

Não há confiança.
Acompanhei o Lula com o Jornal do Brasil e antes não falava com ele, tinha horror dele. Aí quando ele ganhou as eleições, em 2003, viajei com ele por todo o Brasil, de ônibus. Passei a adorá-lo, amá-lo, porque o que ele dizia parecia que ia mudar o mundo. Ele é bom nisso [aponta para a garganta]. O primeiro Governo dele foi muito bom, e a coisa depois chegou no que chegou. Ele não era aquilo que pregava. O pai do ex-governador do Rio de Janeiro, é Sérgio Cabral, escritor, é meu contemporâneo. Uma figura maravilhosa e começámos na mesma época. Vi o Serginho nascer, e agora o governo do Rio não tem dinheiro nem para pagar a polícia.

Teve momentos em que sentiu medo, quis desistir?
Pelo contrário. Estou com 81 anos, e fisicamente não tenho mais a sua força. Mas de cabeça e memória continuo bem. Não vou pensar em desistir. Em nenhum tipo de cobertura minha disse: “não vai ser possível”. Sempre fiz tudo para conseguir. Houve situações que me diziam “não vai entrar aqui”. Mas eu entrava. O Pablo Neruda, por exemplo. Todos os jornalistas naquela época ficavam no Hotel Carreira, no Chile. E nós estávamos no terraço e tínhamos de cumprir o recolher obrigatório. O Pinochet, o chefe do golpe, não recebia jornalistas. E queríamos achar o Pablo Neruda, que era o conselheiro do Presidente e a pessoa mais importante do país. Soubemos que estava preso. Uma informante minha me disse o hospital onde ele estava, mal tratado. Cheguei lá e o director do hospital não me deixou entrar porque não gostava de jornalistas. Disse-lhe que era amigo dele mas não era nada, era só conversa jogada fora. Quando liguei depois, às dez da noite, ele já estava morto. No dia seguinte o hospital estava cheio de gente, tinha a câmara Leica escondida aqui debaixo do casaco, filmes no bolso. Não tinha como entrar, mas fiquei lá. Passou uma hora, uma das portas abriu por acaso e eu entrei. Quando entro, está o poeta morto na maca. Fotografei primeiro, depois falei com a esposa dele. No dia seguinte fomos para o cemitério, a bandeira do Chile estava no caixão. Pinochet convocou a imprensa, achou que todos iam largar e correr para ele. Eu fiquei lá. Foi emocionante ver todo o mundo no cemitério. Foi lindo. Foi talvez o momento mais dramático e importante da minha vida. Depois de vários anos se soube que ele foi morto alvejado pelos militares. E fui agora ao Chile prestar depoimento, contei o que estou contando agora pra você.

Que Brasil lhe falta fotografar?
Tudo. O Brasil é muito grande, o mundo é muito grande. Toda a viagem onde vou, fotografo. Aqui também fotografei. Outro dia viajei para o Ceará, vi uma menina na rua vestida de bailarina, e disse para o meu amigo: “pára o carro”. Fotografei. Me perguntaram se tinha levado a menina para aquele lugar, mas aconteceu assim.

26 Set 2017

Língua | IPOR promove programa de leitura em português

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente começa hoje uma série de sessões de leitura com a contadora de histórias Cristina Taquelim em várias escolas de Macau, abarcando um universo de cerca de 500 crianças. O programa pretende dinamizar a leitura em língua portuguesa durante a semana que agora começa.

As sessões realizam-se na Escola Luso-Chinesa da Flora, Escola Zheng Guanying, infantário D. José́ da Costa Nunes, Escola Portuguesa de Macau, Oficinas de Língua Portuguesa para Crianças e Jovens do IPOR e o Curso Geral do próprio instituto.

Na quinta-feira, pelas 19h, no Café Oriente do IPOR a escritora conduz uma sessão aberta de narração de histórias dirigida ao público em geral.

Cristina Taquelim é coordenadora de vários programas de promoção e mediação de leitura, integra a equipa de especialistas do Projecto Casa da Leitura da Fundação Gulbenkian e é fundadora da Associação de Contadores de Histórias.

Além disso, é autora de vários livros de literatura infanto-juvenil, como “Na minha casa somos sete”, editado em Portugal e “Malaquias”, “Uma casa na Lua” e “Corrupio” editados no Brasil.

25 Set 2017

Instituto Cultural | Revelado inventário do património cultural intangível de Macau

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m misto de crenças espirituais e manifestações culturais preenchem o inventário do património cultural intangível que o Instituto Cultural (IC) pretende identificar, reconhecer e salvaguardar, cumprindo o estabelecido na Lei de Salvaguarda do Património Cultural.

A lista de expressões culturais intimamente ligadas ao território inclui 15 manifestações. São elas a Ópera Yueju (Ópera Cantonense), a preparação do chá de ervas, a escultura de imagens sagradas em madeira, o Naamyam Cantonense (Canções narrativas), a música de ritual taoista, o Festival do Dragão Embriagado e a crença e os costumes ligados à adoração a A-Ma.

A estes manifestações culturais, este ano o IC decidiu juntar a crença e os costumes de Na Tcha, o teatro em patuá, a gastronomia macaense, a crença e os costumes de Tou Tei, a crença e os costumes de Chu Tai Sin, a arte dos andaimes de bambu, a procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e a procissão de Nossa Senhora de Fátima.

O objectivo da actualização do inventário, anunciado na sexta-feira pelo IC, tem em vista a continuidade do levantamento do património de forma a ser inscrito na Lista do Património Cultural Intangível.

25 Set 2017

Exposição | Hong Kong celebra a obra de Fang Zhaoling

Começa esta semana no Club Jockey de Hong Kong uma série de eventos dedicados à expressão artística no feminino como forma de comemorar a vida e obra de Fang Zhaoling. Além da exposição da pintora chinesa, haverá lugar para a projecção de um filme sobre a vida da performer sérvia Marina Abramovic

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ang Zhaoling foi uma testemunha dos vários tumultos e comoções que atravessaram século XX. Desde cedo começou a desenvolver a sua paixão pela caligrafia e pintura com uma intensidade que a haveria de a catapultar para o panteão das artistas chinesas de maior relevo do século passado.

Fang Zhaoling viria a tornar-se numa mestre de caligrafia e pintura chinesa, atravessando fases tradicionais, modernas e contemporâneas.

Esta semana começou um ciclo de eventos que celebram a sua obra e vida. “Painting Her Way: The Ink Art of Fang Zhaoling”, é a exposição que abre ao público na próxima quarta-feira, no Asia Society Hong Kong Center, e que estará patente ao público até dia 31 de Dezembro.

A pintora, filha de um general do Kuomintang que lutou contra as invasões japonesas, viria a perder o pai ainda em terna idade depois deste ter sido assassinado pelos próprios nacionalistas chineses. Durante a década de 1930 é enviada para Manchester para estudar pintura, mas vê-se forçada a interromper a formação devido a uma guerra mundial que se lhe atravessa no caminho. Retorna a uma devastada Hong Kong onde prossegue a sua formação e inicia uma carreira incontornável no mundo da pintura chinesa.

Com uma vida repleta de dramas sociais e pessoais, Fang Zhaoling é um símbolo de perseverança e sucesso face a tremendas adversidades. Como tal, inspira um pequeno ciclo de eventos dedicados a mulheres fortes que encontraram na arte uma forma de luta.

Avó da performance

A inauguração da exposição de Fang Zhaoling começa com uma palestra marcada para quarta-feira às 19h, no Asia Society Hong Kong Center em Admiralty, conduzido pelos curadores da exposição Julia Andrews e Kuiyi Shen. Ambos especialistas em História de Arte, vão apresentar ao público a evolução do estilo pessoal da pintora no contexto chinês e internacional. 

Outro destaque será a apresentação do filme documental “Marina Abramovic: The Artist is Present”, de Matthew Akers e Jeff Dupre. O filme sobre a vida e obra da performer sérvia é exibido no dia 9 de Outubro, pelas 19h, no Asia Society Hong Kong Center.

Marina Abramovic é uma provocadora, uma artista destemida, fascinante e que não tem receios de forçar as barreiras das artes performativas há quase cinquenta anos.

A artista ficou conhecida por explorar a relação entre performer e público, levando essa relação aos limites físicos e psicológicos. A expressão artística de Marina Abramovic, conhecida como a avó das artes performativas, centra-se no confronto com a audiência e na partilha de sofrimento e do desconforto provocado pelo esticar dos limites do corpo humano.

O documentário que será apresentado no dia 9 de Outubro leva os espectador através do mundo de Marina, enquanto se prepara para um dos momentos mais importantes da sua vida artística: a grande retrospectiva da sua obra no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). Além de ser um momento importante na carreira de qualquer artista, a retrospectiva da sérvia serviu para procurar a resposta para uma questão que os seus mais ferozes críticos lhe colocavam há décadas: “porque é que isto é arte?”.

A exibição do filme será precedido por uma palestra com a artista Wen Yau que participou na retrospectiva da artista no MoMa.

Marina Abramovic é um dos nomes mais sonantes do avant-garde e experimentalismo performativo. Uma pioneira e uma revolucionária.

25 Set 2017

Cinema | Inscrições para curso da BIF termina amanhã

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]ermina amanhã o prazo para a inscrição no concurso que vai escolher 18 talentos locais para participarem num curso preparado pela academia de cinema BIF International Film. A iniciativa vai decorrer ao longo do Festival Internacional de Cinema de Macau e é organizada numa parceria entre a BIF International Film Academy e a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau.

Para participar, os candidatos têm de entregar uma ficha com currículo, onde devem destacar a experiência na área, assim como as principais aptidões. Depois, o júri vai seleccionar os 18 vencedores, sendo a participação está limitada a pessoas com experiência com idades entre os 18 e 28 anos.

Ao longo dos nove dias do programa oferecido pela BIF, os alunos vão ter de produzir duas curtas, com a ajuda de profissionais. Os enredos e os preparativos da pré-produção vão ser feitos antes do curso. Um dos grandes desafios para os participantes é adequarem a produção ao orçamento disponibilizado, que os organizadores definem como “pequeno”, embora não esclareçam o montante.

Entre os 18 participantes, seis vão ser escolhidos do programa que foi realizado no ano passado. A decisão sobre os vencedores vai ser tomada entre sábado e 29 de Outubro e os contemplados vão ser informados a 30 de Setembro.

O curso começa a 1 de Novembro e termina no dia 9. Porém, a 7 de Outubro há um dia de preparação, que visa explicar aos contemplados o que precisam de fazer ao nível da pré-produção das curtas.

21 Set 2017