Futebol | Equipa do Consulado vence e Vítor Sereno quer continuar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o fim de dois anos de existência, a equipa de futebol do Consulado de Portugal em Macau conseguiu um feito que Vítor Sereno garante ser “inédito” para uma representação diplomática: vencer um campeonato local, ainda que da quarta divisão.
A subida à terceira divisão aconteceu na sexta-feira, depois da equipa vencer por 6-1 o Lun Lok, conquistando o título da edição de 2015 da Liga Júnior, onde competiram 104 equipas.
Ao chegar a Macau, já o cônsul-geral trazia consigo a ideia de formar uma equipa por considerar o desporto “um dos maiores veículos de aproximação diplomática”.
Para participarem num campeonato local, as equipas têm de estar ligadas a uma associação e, para não ‘obrigar’ um próximo diplomata a responsabilizar-se por uma formação, Sereno decidiu associar-se a uma equipa já existente mas desactivada, o Clube Futebol Benfica de Macau.
A equipa tem 16 elementos, com uma média de idades a rondar os 39, mas apenas quatro estão directamente ligados ao Consulado: Vítor Sereno, o chanceler Ricardo Silva, o guarda-redes da equipa e o director desportivo. Os restantes são portugueses, com excepção do melhor marcador, o brasileiro Cláudio Santos.
“[A equipa] permitiu-me ter acesso a uma comunidade de matriz portuguesa que, se me cingisse às funções de cônsul-geral, jamais conheceria”, comenta Sereno à agência Lusa. consulado futebol equipa
Além de cimentar um “espírito de equipa” dentro do próprio consulado, onde Sereno garante que mesmo quem não joga está envolvido com a equipa, o futebol foi também usado como instrumento diplomático.
“Temos sido convidados para variadíssimos torneios [na região]. Através do desporto estreitámos laços diplomáticos. As pessoas acham piada a um cônsul que joga futebol e marca golos”, graceja. Na final da liga, Sereno foi responsável por dois dos seis golos.
A vitória na Liga Júnior e a ascensão à terceira divisão representam um “sonho tornado realidade” e um facto “inédito” para uma equipa ligada a uma representação diplomática portuguesa.
Sereno admite que o facto de jogar e ser capitão da equipa atrai curiosidade, mas frisa que faz questão de se demarcar do cargo quando está nos relvados. “Não é o cônsul que joga futebol, é o Vítor Sereno. Acho que me respeitam mais por marcar golos do que por ser cônsul”, comenta.
A subida de divisão vai implicar a ‘contratação’ de mais jogadores – todos em regime voluntário não remunerado – e é um projecto que o diplomata deseja manter, mesmo após a sua saída do território.
“Estou muitíssimo satisfeito com os resultados. Esta é uma nova forma de fazer diplomacia”, conclui.

21 Jul 2015

Jovem piloto de Macau Andy Chang voltou a competir

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ing Ching Chang, ou Andy Chang, como é conhecido no mundo automobilístico internacional, regressou no passado fim-de-semana à competição. O jovem piloto da RAEM que, desde da estreia no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 o ano passado, andava afastado das pistas, participou na prova do Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3, que no fim-de-semana se disputou em Zandvoort, na Holanda.
Arredado da competição automóvel ao mais alto nível devido à falta de apoios para participar na temporada completa do competitivo europeu da especialidade, Chang juntou-se à equipa inglesa Fortec Motorsport para fazer o restante da temporada no lugar que até aqui pertencia ao chinês Cao Hongwei, sendo presença quase garantida na corrida de final de ano nas ruas de Macau.
Num fim-de-semana composto por três corridas, entre 34 concorrentes, Chang partiu para a primeira corrida do 32º lugar para subir doze posições durante a acidentada corrida e terminar no “top-20” da classificação. Na segunda corrida, marcada pela intervenção do “Safety-Car” em duas ocasiões, o piloto do território foi o 26º da geral, quatro posições acima do seu lugar de partida. Por fim, na derradeira corrida no sempre difícil traçado holandês, o piloto de 18 anos que reside em Oxford, terminou novamente no 26º posto. formula 3
O Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3 regressa no primeiro fim-de-semana de Agosto a Spielberg, na Áustria, e depois segue para Portugal, para uma ronda no Autódromo do Algarve. Entretanto, Chang está esta semana na Alemanha com a sua equipa a testar um Fórmula Renault 2.0 no circuito de Nurburgring para preparar a prova de Setembro no mítico circuito germânico.
Entretanto, as inscrições para o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Suncity Grupo – Taça Intercontinental de F3 da FIA arrancam em Agosto. O director do Departamento do Circuito de Campeonatos e Secretário Geral Desportivo da FIA, Frederic Bertrand, afirmou na Conferência de Imprensa de apresentação do evento realizada em Abril que a Fórmula 3 teve sempre um enorme sucesso em Macau e, hoje, a categoria está muito forte no Japão, como na Europa.
Bertrand disse ainda acreditar que a Taça Intercontinental de F3 da FIA irá, uma vez mais, atrair uma lista de inscritos forte e as corridas serão um espectáculo fabuloso. O 62º Grande Prémio de Macau realiza-se entre os dias 19 e 22 de Novembro deste ano.

19 Jul 2015

Parceria com franceses para a Taça do Mundo FIA de GT

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação Geral Automóvel de Macau – China (AAMC), entidade promotora da primeira edição da Taça do Mundo FIA de GT, escolheu a empresa francesa SRO Motorsports Group para coordenar todo o trabalho operacional desta corrida que decorrerá no fim-de-semana da 62ª edição do Grande Prémio de Macau. A SRO é a empresa que organiza os campeonatos de carros de GT com maior sucesso a nível mundial, onde se destacam as séries Blancpain e os campeonatos nacionais de França e Inglaterra. A empresa do ex-piloto e empresário francês Stéphane Ratel foi também responsável pelo defunto Campeonato do Mundo FIA GT1 até 2012 e este ano conseguiu os direitos para organizar as 12 horas de Sepang, na Malásia. Com apenas cinco meses até ao evento do Circuito da Guia, a prioridade da SRO será trabalhar para conseguir o objectivo da FIA e do AAMC para que cada construtor automóvel inscreva três carros na prova.
As entidades federativas esperam persuadir sete construtores a alinhar neste desafio, isto num ano em que vários construtores lançaram novos carros de competição para o mercado. Como a grelha de partida da corrida de GT estará este ano limitada a 28 carros, caso o objectivo da FIA e do AAMC seja atingidos, as restantes sete inscrições estão destinadas a pilotos do campeonato asiático da especialidade ou a pilotos locais. gt carros
Sobre esta parceria, Chong Coc Veng, o presidente da AAMC, disse em comunicado que “nós estamos muito contentes por trabalhar em conjunto com a SRO e com o apoio do Governo de Macau e da FIA nós esperamos criar uma excitante e cheia de sucesso Taça do Mundo FIA de GT em Macau.” Por sua vez, Stéphane Ratel, CEO e Fundador da SRO Motorsports Group, afirmou estar “muito satisfeito por coordenar e trabalhar em conjunto com a AAMC em fazer a edição inaugural da Taça do Mundo FIA de GT o sucesso que merece. É também uma honra e um prazer para a SRO trabalhar num evento da FIA outra vez”.
A Taça do Mundo FIA de GT era um velho desígnio da federação internacional que até aqui não tinha conseguido encontrar um promotor adequado para a prova. A Comissão do Grande Prémio de Macau vinha a realizar desde 2007 a Taça GT Macau, prova que reunia a elite asiática e alguns ilustres convidados de renome mundial, o que motivou a FIA a endereçar um convite a Macau. O transporte subsidiado da Europa até à RAEM e outras condições que não são do conhecimento público terão facilitado um acordo e que irá incluir no programa do evento do território não uma, mas duas corridas, uma no sábado e outra no domingo.

7 Jul 2015

Zhuhai recebeu as primeiras provas de apuramento para o GP Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Circuito Internacional de Zhuhai acolheu o primeiro dos dois Festivais de Corridas de Macau de 2015, evento que contemplou as duas primeiras jornadas duplas do Campeonato de Macau de Carros de Turismo nas categorias AAMC Challenge e Macau Road Sport Challenge. Esta é a competição que apurará os pilotos locais para as corridas de suporte do 62º Grande Prémio de Macau.
Seis anos depois da última visita da caravana das corridas de carros de turismo da RAEM ao circuito que foi imaginado para um dia organizar o primeiro Grande Prémio da China de Fórmula 1, assistiram-se a boas corridas, principalmente as de sábado, que mereciam outra atenção e público nas bancadas. Pilotos e máquinas foram postos à prova num fim-de-semana extremamente duro devido às altas temperaturas que se fizeram sentir nos três dias do evento e que tiveram reflexos negativos nas mecânicas das viaturas. Incólume a qualquer contratempo, Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9) venceu as duas corridas da categoria Road Sport Challenge. O piloto da Macau David Racing Team apenas viu o seu domínio beliscado quando na primeira corrida o antigo campeão Sun Tit Fan (Mitsubishi Evo9) pareceu capaz de ter uma palavra a dizer na luta pelo triunfo.
Depois de um mau arranque, Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) acabou mesmo por herdar a segunda posição, ao passo que Lam Kam San (Mitsubishi Evo7) fechou o “top-3”. Na segunda corrida, Leong largou do primeiro lugar e teve 12 tranquilas voltas à frente do pelotão, terminando à frente de Lei Kit Meng (Nissan GTR), que na primeira corrida chegou a estar na luta por um lugar no pódio até um problema o ter atrasado irremediavelmente, e Billy Lo (Mitsubishi Evo7). Esta foi uma jornada terrível para os pilotos de matriz portuguesa, sem excepção. Sérgio Lacerda (Nissan Z33), Belmiro Aguiar (Mitsubishi Evo7) e Luciano Lameiras (Mitsubishi Evo8) quedaram-se por posições secundárias devido a problemas mecânicos de diversa ordem nas suas viaturas.

Vitórias macaenses

O equilíbrio foi maior na classe AAMC Challenge, porém o macaense Filipe Souza (Chevrolet Cruze) destacou-se entre os demais. Também ele a correr pela equipa Macau David Racing Team, Souza foi “pole-position” para a primeira corrida, que não venceu, apesar de ter liderado até aos momentos finais.
A corrida de sábado, talvez a mais animada do fim-de-semana, ficou também marcada pelo acidente ainda nas primeiras voltas entre Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) e Patrick Chan (Peugeot RCZ), tendo o macaense, que haveria de ter um domingo mais positivo, sido abalroado violentamente para fora na Curva 4 pelo seu adversário. A corrida teve ainda a intervenção do “Safety-Car” nas últimas voltas, juntando o pelotão, o que atrapalhou de certa maneira Souza, que ao mesmo tempo se viu a braços com um problema electrónico no seu Chevy nas voltas finais.
Num final emocionante, em que a vitória só se decidiu nos últimos metros, Célio Alves Dias (MINI Cooper), Chao Chong In (MINI Cooper) e Souza cortaram a linha de chegada por esta ordem separados por apenas meio segundo. Partindo novamente da “pole-position” para o segundo confronto, no domingo, Souza liderou desta vez de fio-a-pavio, obtendo uma vitória merecida. Cheong Chi Hou (Peugeot), que foi uma das revelações do fim-de-semana, tendo colocado Souza sempre sob pressão em ambas as corridas, e Dias completaram as posições de honra, depois de Kevin Tse (Chevrolet Cruze), quarto na primeira corrida, e que parecia capaz de subir ao pódio desta vez, ter desistido com um princípio de incêndio na sua viatura. O português Rui Valente teve um fim-de-semana recheado de problemas no seu MINI, o mesmo tendo acontecido com Hélder Rosa, cujo Peugeot RCZ branco se recusou a cooperar. Organizado pela Associação Geral Automóvel de Macau-China, o segundo Festival de Corridas de Macau está marcado para 25 a 26 de Julho, novamente no circuito permanente da cidade chinesa adjacente a Macau.

2 Jul 2015

Rugby | Macau vence “Plate Final” e Kowloon leva “Cup” para casa

A equipa de Macau venceu este fim-de-semana uma das últimas etapas do Torneio Anual de Rugby Tens, conseguindo levar para casa o troféu do ‘Plate Final’. A equipa local venceu num jogo contra o Rocky Rugby Football Club, num jogo que terminou a 17-12 para regozijo de Macau. A ‘Cup Final’ foi ganha pela equipa Kowloon Specials, num jogo renhido contra os Shenzhen Dragons. A equipa da RAEHK venceu por 7-0. Organizado pelo Macau Rugby Football Club (MRFU), o torneio teve lugar no Canídromo e recebeu equipas de Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou, além das duas equipas do território, tanto em divisões seniores como em sub-19. Os mais novos competiram em seis jogos, com o Hong Kong Football Club a levar a melhor, depois de mostrar “uma forte técnica” em todos os confrontos contra a equipa da Polícia e contra os Discovery Bay Pirates (ambas de Hong Kong).

30 Jun 2015

Marco Meireles, centro-campista do Benfica de Macau

Nascido na Amadora, Marco Meireles foi uma das boas surpresas da Liga de Elite deste ano. Evoluiu e ajudou o Benfica a sagrar-se bi-campeão. Aos 25 anos, o jogador formado no FC Porto, não fecha as portas a uma segunda época em Macau mas está com alguns convites em carteira. Desde o tempo em que começou como jogador de futsal até que, aos 14 anos, decidiu que o ringue era pequeno de mais para o seu futebol e decidiu envergar as cores do CAC da Pontinha, Marco Meireles traça um perfil da sua carreira

[dropcap]Q[/dropcap]uem é o Marco Meireles?
Sou uma pessoa simples, divertida também e amigo do seu amigo. Sou, ao fim ao cabo, uma pessoa diferente. Não tenho medo da opinião dos outros. Por norma, faço o que quero e assumo. Contudo, se a opinião dos outros for para ajudar, considero.

As andanças do futebol começaram quando?
Quando tinha seis anos comecei a jogar futsal. Joguei no ABCD na Amadora. Depois, aos 14 anos, tentei ingressar no futebol de 11 e bati à porta do Real Massamá e eles gostaram de mim. Só que fizemos um jogo treino contra o CAC da Pontinha e, como era iniciado e o CAC jogava o Campeonato nacional, optei por ir para a Pontinha. Fiquei lá dois anos e fui para o FC Porto. Numa daquelas observações que acontecem, os dirigentes portistas gostaram de mim e mudei-me para o norte onde fiquei também dois anos. Aos 18 anos, a concorrência era muito forte e tanto eu como o clube optámos que um empréstimo seria bom e acabei por ir para o Nacional da Madeira, onde fiz época de júnior de primeiro ano. Gostei muito da Madeira e adaptei-me bem. Aliás, até foi lá que conheci a minha esposa e onde nasceu o meu filho. Depois, voltei ao FC Porto e ainda fiz um torneio na Malásia. Mas, por essa altura, o Nacional volta a contactar-me e oferece um contrato profissional com opção para os seniores. Voltei à Madeira. Nos juniores de último ano, parti o pé e fiquei de fora cinco meses. Com essa contrariedade, o treinador dos seniores, Jokanovic, decidiu emprestar-me ao Machico, do Campeonato Nacional de Seniores onde acabei por ficar três épocas.
Ainda passei pelo Aljustrelense e voltei à Madeira para representar o Ribeira Brava.

Portanto, um percurso baseado na Madeira?
Sim, gosto muito da ilha, das pessoas e tenho lá a família. A seguir ao Ribeira Brava, onde fiz uma boa época, optei por emigrar para a Finlândia, para jogar na II Liga. O clube que representei foi o Sporting Kristina e a aventura correu bem, apesar do frio. As condições lá são muito boas e o futebol, apesar de físico, e muito rápido. Estávamos em 2013 e fiz o campeonato todo, que dura cerca de seis meses. Depois disso, recebi um contacto do Brasil para ir jogar para o Grémio Barueri, treinado pelo português Paulo Fernando, uma equipa com bastantes pergaminhos mas que naquela altura estava na Série D.

Grémio Barueri, que já esteve na Série A do Brasileirão, inclusive.
Exactamente. Contudo, essa experiência apesar de interessante não foi fácil. O Brasil tem muitos jogadores [risos]. A equipa, no primeiro treino, tinha mais de 35 jogadores. Então médios eram muitos e, tanto eu como o meu colega [Filipe Aguiar] que foi comigo, estávamos apreensivos. Como havia muitos jogadores na minha posição, acabei por jogar a lateral-direito. Não fiz muitos jogos e, por isso, fiquei cinco meses.

Foi nessa altura que surgiu Macau?
Quando estava no Brasil já tinha conversado com o mister Bruno [Álvares], através do meu empresário, que me disse que o Benfica de Macau estava a precisar de jogadores para a época que iria começar. O mister foi uma pessoa muito importante em todo este processo, desde a negociação até à minha adaptação. Estou eternamente agradecido a ele. É que, para quem não sabe, é complicado gerir uma equipa com diversos estrangeiros e, jogando uns, jogando outros, penso que ele geriu com mestria os jogadores estrangeiros. Bem ou mal, eles fez as suas escolhas e penso que fez bem.

Quer dizer então que há uma porta aberta para continuar em Macau ou existem outras possibilidades?
Penso que cumpri com o que me foi pedido nesta minha primeira época em Macau. As pessoas, julgo que, gostam de mim e do meu trabalho. Penso que a porta está e fica aberta. Claro que, como profissionais de futebol, queremos sempre mais. Houve algumas abordagens de Portugal nos últimos tempos mas para regressar só mesmo para uma equipa profissional e a II Liga é o mínimo dos mínimos. Mas para já, não há nada formal. Quando houver um convite directo, poderei falar disso. Contudo, ainda estou a competir aqui por causa da Taça de Macau e, a seguir, vem a Liga Asiática, algo também muito interessante. É como lhe digo, temos de ver bem o futuro e as oportunidades que surgirem, mas claro, não fecho as portas ao Benfica e a Macau. O meu empresário [Luís Lousa] está a tratar da minha vida.

A época está a correr bem. Como disse, ainda faltam alguns objectivos mas a Liga de Elite já está conquistada, apesar de alguns sobressaltos pelo caminho.
Verdade. Ainda queremos conquistar a Taça de Macau, fazendo a dobradinha. Mas, claro, até ao momento o balanço é muito positivo. A equipa sempre trabalhou para alcançar o título. Tivemos uma fase, não digo má, mas menos boa em que perdemos com o Ka I e empatámos com o Lai Chi, mas voltamos a encontrarmo-nos e, naturalmente, com alguma sorte também, a chegar ao cimo da classificação. O plantel do Benfica é muito forte. Existem diversas boas opções para as mesmas zonas do terreno. Todos nós trabalhámos, sem desistir, com o intuito de sermos campeões e tudo correu bem.

marco meireles

Já conhecia alguns dos seus colegas de equipa?
Não conhecia. Naturalmente, que o capitão Filipe Duarte, até pelo seu currículo, já tinha ouvido falar e o Luisinho das lides do Campeonato Nacional de Seniores, e tem o mesmo empresário que eu. Quem conhecia bem era o Pio Júnior, que jogou no Benfica em 2013, e com quem conversei algumas vezes antes de aceitar vir para Macau.

O que é que achou das condições do futebol de Macau?
Fiz algum trabalho de casa e já vinha um pouco preparado. Naturalmente, que vendo as coisas ‘in loco’ fiquei apreensivo. Existem poucos campos e os relvados não estão com a relva toda igual. Os jogadores que vêm de fora e estão habituados a outro tipo de condições têm de saber fazer um sacrifício para que tudo corra bem. Depois, é preciso que as autoridades apostem mais no futebol. Macau tem todas as condições para, por exemplo, ter um campeonato muito mais conceituado do que o de Hong Kong. A Associação de Futebol de Macau tem de fazer um pouco mais. Que se sentem à mesa com o Governo e com o clubes e encontrem soluções para melhorar o futebol.

E Macau?
O que posso dizer é que este é um território único no mundo. Aqui vi coisas que nunca vi. Vi carros de alta gama a andar por estas ruas. E a noite de Macau pode, de facto, estoirar com a carreira de um jogador de futebol que for fraco mentalmente. Quem não souber fazer as coisas com conta, peso e medida pode estragar a sua carreira. Fora isso, é uma cidade tranquila, segura. O clima é complicado, mas é secundário. Gostei muito desta experiência.

Quem é o seu ídolo?
O meu ídolo é o Ricardo Quaresma. Quando cheguei ao FC Porto vi-o jogar muitas vezes. Era um regalo ver jogar e treinar um jogador tão talentoso. À minha maneira, quando jogo na posição dele, tento fazer coisas parecidas. Também gosto muito do Cristiano Ronaldo, que é o melhor do mundo, mas o Quaresma não teve, na minha opinião, a ajuda necessária que o Ronaldo teve.

Na eterna questão do melhor do mundo, o Marco adiantou-se e disse logo que o CR7 estava na dianteira...
Sem dúvidas. Ambos são fantásticos mas o Ronaldo é mais completo que o Messi. Apesar do argentino ser um jogador que resolve jogos sempre que quer, o Cristiano cabeceia bem, é bom de esquerdo e de direito, finaliza, finta, é mais veloz, defende melhor. Com o estatuto e a qualidade destes dois grandes jogadores, será difícil aparecerem melhores no futuro. Vamos ver.

Futebol em Portugal. Que achou desta época que agora terminou?
Apesar de ser portista, acho que o Benfica foi um justo vencedor porque foi a equipa mais regular, coerente. O FC Porto, com o melhor plantel da I Liga, teve um trajecto de altos e baixos.

E as novidades do defeso?
Normais. Só mesmo em Portugal é que se dá tanta importância a isso. Se o Jorge Jesus treinasse o Manchester United e fosse para o Chelsea, ok até se podia falar comentar mas nunca com tanta polémica como sucedeu em Portugal. Em relação a casos concretos, penso que o Jorge Jesus vai melhorar e muito o futebol do Sporting. Não sei se para serem campeões, mas o Jesus têm uma cultura táctica muito boa e consegue transformar jogadores. Vai ser engraçado ver o que irá acontecer na próxima época, até porque não vejo o Sporting como os coitadinhos. Não. O Sporting tem bons jogadores, muito novos é certo, mas com muito valor.

29 Jun 2015

Pilotos do WTCC interessados em voltar à Corrida da Guia

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]iago Monteiro, Rob Huff, Tom Coronel e Yvan Muller são alguns dos nomes que nos habituamos a ouvir nas notícias no mês de Novembro. Por dez anos consecutivos, o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) visitou Macau e alguns destes senhores, todos eles conceituados pilotos de carros de turismo, fizeram parte do quotidiano da semana do Grande Prémio.

Contudo, o WTCC despediu-se no final de 2014 do Circuito da Guia e este ano a principal corrida de turismo, cujos regulamentos abrem a porta ao novo conceito de carros de turismo TCR, terá outros intervenientes. A boa notícia é que o WTCC viu-se obrigado a mudar de data da sua última corrida no Qatar, que coincidia com o Grande Prémio do território, permitindo agora aos pilotos do mundial de carros de turismo participarem na “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo”. E o interesse existe.

“Mesmo que o WTCC não volte, não quer dizer que eu não venha cá! Tenho de arranjar alguma coisa para vir a Macau. Há muitas corridas por aí…”, disse Tiago Monteiro ao HM no passado mês de Novembro, enquanto acrescentava que esta decisão vai depender da Honda. “Só tenho 38 anos e vencer em Macau é sempre uma esperança”, relembrou o português.

Monteiro é piloto oficial da Honda no WTCC e foi a sua equipa, a italiana JAS Motorsport, quem construiu e é responsável pelo desenvolvimento dos Honda Civic do novo campeonato TCR International Series.

Ambição de vencer

Esta semana, ao saber das alterações do calendário do WTCC, também Rob Huff mostrou interesse em regressar à RAEM. “Sou o piloto de carros de turismo com mais vitórias [no Circuito da Guia] e gostaria de tentar estender esse recorde” disse Huff ao portal TouringCarTimes.com.

O vencedor de sete corridas do WTCC no Circuito da Guia lembra que há “obviamente mais oportunidades” de voltar agora em carros de turismo e disse acreditar nesta hipótese para regressar à sua “pista favorita”. O piloto britânico está confiante que terá ofertas para voltar à prova, porém terá ainda que ter a autorização do construtor automóvel russo Lada, com quem tem contrato no WTCC e que não está envolvido no TCR.

O regulamento da “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo” ainda não está acessível, no entanto, de acordo com Chong Coc Veng, Coordenador da Subcomissão Desportiva da Comissão do Grande Prémio de Macau, este ano, “a Corrida da Guia será realizada sob os regulamentos de carros 2.0T. Muitas marcas e modelos estarão aptas a competir, incluindo as que participam no TCR”. O responsável acredita que se pode esperar “esperar uma competição acérrima, o que já é habitual na Corrida da Guia”.

25 Jun 2015

Liga de Elite | Benfica festeja bi-campeonato. Dia negro para Casa de Portugal

Chega ao fim mais uma edição da Liga de Elite de Macau. Benfica sagra-se novamente campeão depois de golear o Chuac Lun. Casa de Portugal não aproveita ajuda alheia, perde com Lai Chi e despede-se do convívio entre os grandes

[dropcap type=”circle”]A[/dropcap]última jornada da Liga de Elite, edição de 2015, acabou por não trazer grandes surpresas: Benfica de Macau renova o título de campeão, com Ka I a tentar chegar à frente até ao último instante. Monte Carlo perde a medalha de bronze para o Chao Pak Kei, apesar da igualdade pontual. Lai Chi “quis ajudar” o Chuac Lun e não permitiu que a Casa de Portugal pudesse fazer a festa da permanência, acompanhando o lanterna vermelha Sub-23 na descida à 2.ª Divisão.

O Benfica teve de esperar até domingo para golear o Chuac Lun por 7-0 e se sagrar campeão de futebol do escalão máximo da RAEM. Num jogo fácil para os encarnados, a equipa de matriz chinesa nunca conseguiu impor qualquer perigo. Aliás, não fosse a vitória do Lai Chi ante a Casa de Portugal e poderiam neste momento estar a chorar a despromoção.

Os encarnados, muito entrosados e apostados em ajudar William a subir mais na tabela de melhores marcadores, chegaram ao intervalo a vencer por 4-0 com um hat-trick do avançado brasileiro aos 24, 31 e 37 minutos. Iuri Capelo, abriu a contenda logo aos sete minutos de jogo.

A segunda metade, mais descansada, trouxe mais golos aos comandados por Bruno Álvares. William voltou a fazer o gosto ao pé, aos 61 minutos, completando um poker. O lateral-direito Chan Man marcou aos 76 e Fabrício, entrado aos 58 minutos para o lugar de Juary, fechou o marcador com um golo já nos descontos.

Sensação de dever cumprido

Fabrício, que com o golo marcado este fim-de-semana chegou ao top10 dos melhores marcadores, fala em “grande alegria” por mais uma conquista numa época em que, ao nível pessoal e devido a lesões, as coisas não correram como esperava.

“Estou muito satisfeito. Este bi-campeonato traz uma grande felicidade. Todos temos o sentimento de dever cumprido uma vez que trabalhámos muito para conseguir mais este título. A nível pessoal, as coisas podiam ter corrido melhor. Esperava ter jogado mais vezes, mas ter partido um dedo da mão direita acabou por me afastar um pouco.”

Agora segue-se a tão falada e almejada Liga Asiática, assim como, internamente, a Taça de Macau. “São duas competições muito importantes para o Benfica. A Taça de Macau está aí, a decorrer. Em relação à Liga Asiática, vamos ter de aguardar. Qualquer jogador do clube quer ter a chance, que a meu ver é única, de participar nessa competição. Vamos ver o que acontece durante esta próxima semana”, disse.

O estreante Marco Meireles também conversou com o HM. Para o médio português, as coisas não podiam ter corrido melhor. “Um título de campeão na minha estreia? Quero dizer que me sinto concretizado. Vim mesmo com esse objectivo e as coisas correram bem. Penso que, pessoalmente, gostaram e gostam do meu trabalho. A equipa também se mostrou muito unida nos momentos cruciais.”

William, goleador encarnado e melhor marcador da Liga de Elite, também se manifestou muito feliz pelo desfecho final. “Sinto-me muito bem. Estou, acima de tudo, muito feliz. Ser campeão é muito bom e melhor marcador é fantástico, ainda mais depois de uma fase difícil que tive. Valeu a pena todo esforço. Graças a Deus!”

E a Deus, o futuro pertence. Depois da boa época, William despertou a cobiça de alguns clubes portugueses a evoluir na II Liga e Campeonato Nacional de Seniores. “Tenho sido abordado, informalmente, por alguns empresários no sentido de perceberem a minha disponibilidade para jogar em Portugal. Tenho 28 anos e isso seria um sonho enorme, um passo de gigante mesmo, fosse na II Liga ou no Campeonato Nacional de Seniores. Contudo, tudo depende da proposta. Não posso largar tudo e ir, assim, de repente. Preciso de sentir que do outro lado sou aposta segura e que existem condições para poder desenvolver o meu futebol. Ao mesmo tempo, estar no Benfica e poder jogar a Liga Asiática é algo de muito interessante também. Vamos ver o que acontece nas próximas semanas.”

Casa de Portugal sem hipóteses

Com grandes probabilidades de sorrir no final do campeonato, muito por culpa do cenário que o calendário apresentava, a Casa de Portugal, acabou por não aproveitar as oportunidades e acabou derrotada por 3-1 pelo Lai Chi.

A equipa lusa cedo se viu correr atrás do prejuízo, uma vez que aos 28 minutos de jogo já perdia por 2-0 com golos marcados por Cheok Ka Fai, aos 17, e por Lai Ka Him, aos 28, ambos do Lai Chi. A Casa de Portugal ainda esboçou um pequeno sorriso de alento quando o mexicano Leonel Velasco reduziu a vantagem do adversário aos 36 minutos.

Mas nada mais que isso. O que se viu foi o costume. Muitas ocasiões de golo perdidas e ninguém que quisesse agarrar no jogo. Os lusos acabaram por permitir mais um golo do adversário que, através de Sio Ka Un, aos 75 minutos, sentenciou a partida e mostrou o caminho da 2.ª divisão aos comandados por Pelé, que viu assim ruir um sonho. “Estou muito triste e ainda nem consegui dormir. Assumo toda a responsabilidade porque fui eu quem fez as escolhas apesar que sempre acreditei até ao último jogo que podíamos ficar na Liga de Elite. Agradeço, obviamente, aos meus atletas pois tudo fizeram com muita dedicação.”

O treinador lembra que as entradas do “salvador” Rodrigo Quaresma e do “mágico” Velasco, trouxeram futebol de qualidade à equipa, mas salienta também que a lesão de Jean Peres, “referência de ataque e líder no campo”, foi algo muito difícil de superar. “Perder o Jean foi algo que não estava a contar. Ele era o líder da equipa no rectângulo de jogo. Nesse dia, perdemos 75% da equipa. O Jean Peres era mais que um jogador. Era um grande líder como outros já o foram – lembro o meu irmão Cuco e o José Costa. Sem o Jean, só ganhámos aos Sub-23. Empatámos com a Polícia e com o Chuac Lun, jogos que deveríamos ter vencido tais foram os golos que desperdiçámos. Ontem, sem um líder, seria ainda mais difícil vencer pois, naquelas circunstâncias, o nervosismo era muito grande e não houve um jogador que tivesse a coragem de pegar no jogo.”

Pelé relembrou que “os jogadores tudo fizeram para dignificar a instituição Casa de Portugal” e que, para o ano, o projecto passa por garantir a subida de volta à Liga de Elite.

Chao Pak Kei apanha Monte Carlo

Com o terceiro lugar isolado à sua mercê, o Monte Carlo não conseguiu levar de vencida a única equipa que, ainda assim, poderia roubar a tão desejada medalha de bronze.

Algo nervosos, os canarinhos viram-se chegados ao intervalo a perder por 1-0. Numa primeira parte equilibrada, coube ao Chao Pak Kei a única oportunidade de se adiantar no marcador com um golo marcado pelo brasileiro Diego patriota, aos 24 minutos.

Na segunda parte, mais do mesmo, mas com o CPK a mostrar maior ascendente. O Monte Carlo tinha os seus melhores jogadores em campo mas nem isso chegou para inverter o decurso dos acontecimentos. Aos 62, através da marcação de uma grande penalidade, e aos 76 minutos, o CPK voltaria a marcar por intermédio de Patriota que acabou a fazer um ‘hat-trick’. O Monte Carlo apenas conseguiu reduzir a vantagem aos 57 minutos, através do inevitável Thiago Silva, mas o golo mostrou-se insuficiente para, sequer, empatar o jogo, resultado que já permitiria ao Monte Carlo ficar no terceiro lugar destacado.

No final sorriu o Chao Pak Kei, que acabou por ver premiado um campeonato interessante e que promete, no futuro, outros voos. Benfica_festa_06_créditos FACEBOOK

Ka I e Sporting a cumprir

Se houve dois jogos que apenas permitiram cumprir calendário, eles foram o embate entre Polícia e Ka I, bem como o Sub-23 vs. Sporting.

No primeiro jogo, venceu o Ka I sem grandes dificuldades. Ainda com a ténue esperança de chegar ao primeiro lugar, os comandados por Josecler Filho mostram-se competentes e, sem grandes hipóteses para a Polícia, marcaram três golos aos 4, 6 e 62 minutos por, respectivamente, Ricardo Torrão, Roni e Milton. A Polícia fez o gosto ao pé, já no final, através de Leong Chan Pong.

No outro jogo para cumprir calendário, o Sporting, já em ritmo de férias e sem Bruno Brito, venceu por 2-0 os condenados Sub-23. Os golos surgiram em ambas as partes do encontro, aos 22 minutos através de Alex Sampaio – médio defensivo que se tem demonstrado goleador – e, aos 67 minutos, por intermédio de Ieong Ka Hong.

23 Jun 2015

Entrevista | Rodrigo Quaresma, guarda-redes da Casa de Portugal

Aos 23 anos, e a grande referência do plantel da Casa de Portugal. Com as suas seguras exibições, a equipa de matriz portuguesa conseguiu, pelo menos, o feito de chegar á última jornada da Liga de Elite e poder continuar a sonhar com a permanência. Rodrigo Quaresma acredita que a sorte está com os lusos. O guarda-redes português, nascido nos Açores, dá prioridade à vida académica mas não descarta o sonho da sua vida: chegar à I Liga portuguesa. Ao HM, revelou ser fã de Michel Preud’homme e acusa os dirigentes de acabarem com o futebol português

[dropcap type=”circle”]Q[/dropcap]uem é o Rodrigo Quaresma?
Sou um açoriano apaixonado pelo futebol. Considero-me uma pessoa humilde, mesmo almejando dar um passo gigante neste desporto. Seja como for, a prioridade está nos estudos e pretendo terminar o curso universitário. Sou tímido, um pouco introvertido mas, quando ganho confiança, torno-me mais amigo.

Com que idade começou a jogar futebol federado?
Com seis anos, no Santa Clara [dos Açores]. A minha família esteve sempre ligada ao clube. Aliás, um dos meus avôs chegou mesmo a ser presidente do clube. Ao longo da minha vida, foi com grande prazer que joguei pelo Santa Clara. Lá fiz toda a minha formação, desde os seis até aos 18 anos, ou seja, desde as escolinhas até aos juniores.

E depois?
No meu primeiro ano de faculdade, que correspondeu ao meu último ano de júnior no futebol, fui para Coimbra estudar. Parei dos 18 aos 19 anos, mas o bichinho estava sempre presente. Depois desse ano, fui jogar para o Tabuense, depois joguei no Arganil, onde tive um ano muito bom, até que cheguei ao Febres onde fiquei duas épocas até vir para Macau.

Todo esse percurso que fez nesses clubes do distrito de Coimbra foi nos Distritais?
Sim, certo. Basicamente, na Divisão de Honra de Coimbra que é a ‘pole’ de acesso ao Campeonato Nacional de Seniores, coisa que quase aconteceu quando estava no Febres, o ano passado. Acabámos o campeonato na segunda posição e vencemos a Taça de Coimbra. Ao termos vencido esse troféu, carimbámos a nossa presença na Taça de Portugal. Foi, até hoje, o momento mais alto da minha carreira como futebolista sénior.

Falou em terminar o curso universitário. Como consegue conciliar os estudos com o futebol?
Para ser honesto, sempre sonhei ser jogador de futebol. Contudo, tive a sorte de ter uns pais que sempre me encaminharam para os estudos. O futebol, sempre paralelo, é um hobbie. Repare, por mais que queira singrar no mundo do futebol, sei que esse mundo é muito instável, ingrato e injusto. Nem todos serão jogadores de topo e, mesmo que o sejam, têm apenas 14/15 anos para ganhar dinheiro. Depois há ainda as lesões. Enfim, tendo estudos, as coisas podem tornar-se mais fáceis. É sempre mais uma muleta que possuo. Este é o meu plano B.

Tentando perceber melhor o seu percurso. Quando chega aos juniores do Santa Clara, era titular? Porque não ficou e apostou ficar no clube, já que se trata de um emblema de II Liga?
Na altura, tanto eu como o meu companheiro éramos os melhores guarda-redes da ilha de São Miguel. Ora jogava ele, ora jogava eu. Pessoalmente, as coisas começaram a correr melhor para ele, mas depois correram melhor a mim e acabei por ter directa influência na conquista da Taça de São Miguel, onde defendi três penáltis. Contudo, ele não tinha estudos e estava mais vocacionado para seguir o futebol. Os dirigentes sabiam que a minha prioridade era a escola. Naturalmente, que tenho desgosto de nunca ter representado a equipa sénior do Santa Clara mas julgo ter a porta aberta para um dia, quem sabe, regressar.

Que curso é que está a frequentar?
Ciências do Desporto. Parei agora, este semestre, para poder abraçar esta oportunidade que a Casa de Portugal me deu, mas tenho estado a estudar e vou fazer os exames de recurso assim que regressar a Portugal, no final do campeonato.

FOTO: Gonçalo Lobo Pinheiro

Sendo que os seus pais sempre o fizeram ver que os estudos estavam primeiro, como é que reagiram a esta decisão de vir para Macau?
A minha mãe, ao início, ficou em choque [risos]. Não estava à espera deste cenário. Contudo, depois de ter falado com ela a sério, deu-me todo o apoio. Já o meu pai, mostrou-se sempre mais à vontade desde o primeiro instante. Ele entendeu que tinha uma oportunidade que não deveria ser deitada fora. Posto isso, não pensei duas vezes e vim para Macau, muito por culpa do Leonel [Carlos Leonel, jogador do Benfica de Macau, que jogou com Rodrigo no Febres na época 2013/2014].

Chegou a Macau com a época em andamento, numa altura em que a Casa de Portugal estava muito mal na classificação e as coisas têm corrido bem
A grande maioria do plantel é composta por jogadores amadores, que têm outras profissões e outras preocupações. Por isso, nem sempre levam a sério esta coisa de ser jogador de futebol. O mister Pelé pediu-me o máximo de trabalho e concentração na luta pela manutenção na Liga de Elite. Pessoalmente, penso que tenho correspondido.

O Rodrigo tem sido uma das boas surpresas do campeonato. Lá atrás sente o desequilíbrio que é notório no plantel da Casa de Portugal? É fácil ser guarda-redes nesta equipa?
Vim para ajudar a equipa mas não é fácil, confesso. Há jogos em que me sinto incapaz e desamparado. Os meus companheiros da frente de ataque também falham muitas ocasiões de golo o que torna ainda mais difícil a luta contra os adversários. Mas o pior mesmo são as condições de trabalho. Em Portugal, mesmo que um clube seja minúsculo, tem sempre o seu terreno de jogo próprio. No Febres, treinava várias vezes por semana. Aqui, as coisas são bem diferentes. Para piorar esse cenário, é quase impossível fazer um treino em que esteja o plantel todo reunido. Enfim, são situações que fazem parte deste futebol de Macau, às quais não estava habituado, mas que temos de saber encarar com a naturalidade possível. Macau é o que se pode chamar do reverso da moeda no futebol.

Mas sente-se bem aqui.
Muito bem. Quero, desde já, agradecer à Casa de Portugal por tudo o que tem feito por mim. Ao mister Pelé, ao Vilar, a todos os meus companheiros. Nada tenho a apontar, sempre me acolheram muito bem.

Quando chegou, qual foi a primeira impressão do território?
Em Portugal toda a gente sabe o que é Macau. Aliás, mesmo nos Açores, esta parte do mundo não é desconhecida. Sabia, mais ou menos, ao que vinha. Apesar disso, é sempre um choque quando se chega muito por culpa do clima. Penso que isso é o maior ponto negativo de Macau. Quando ao património, à comida, às pessoas só tenho a dizer bem. Apesar de ter chegado há pouco tempo, penso que me adaptei facilmente. Tem sido uma experiência muito boa.

E é uma experiência para repetir?
Não descarto. Vejo-me, perfeitamente, para o ano a vir jogar novamente a Liga de Elite. A Bolinha não me atrai. Sou jogador de futebol de 11, mas regressarei com todo o gosto para o ano, se surgirem convites. Penso que o campeonato de Macau tem potencial para ser muito melhor mas é preciso que a Associação de Futebol de Macau crie, urgentemente, condições para isso.

Esse regresso a acontecer será para a Casa de Portugal ou almeja algo melhor?
Tudo depende. Voltar a Macau só se me convidarem, naturalmente. Se os clubes daqui acreditarem em mim e no meu trabalho, oferecerem boas condições, terei todo o gosto em regressar. E nesse particular, tanto a Casa de Portugal como o Benfica ou o Ka I estão em igualdade. O futuro é uma incógnita. Tudo é possível.

Mas agora que o guarda-redes do Benfica, Rui Nibra, assumiu que pretende regressar ao futebol português, o lugar dele não é tentador?
[Risos]. Sou uma pessoa humilde. Não quero estar aqui a entrar por esse caminho e dizer que sou a pessoa ideal para substituir quem quer que seja. Vou esperar que as pessoas venham ter comigo e apresentem as suas condições. Mas, é óbvio, que Benfica, Ka I, Sporting, Monte Carlo ou Chao Pak Kei são equipas que despertam outro tipo de ilusão aos jogadores. Quem é que não gosta de jogar para ficar entre os primeiros?

Neste momento, quais são os seus horizontes no mundo do futebol?
Gostava de chegar à I Liga portuguesa mas sei que não é fácil. Em Portugal, há muitos jogadores de qualidade mas existe um grande problema. Os dirigentes têm medo de apostar em jogadores portugueses e isso, a meu ver, é incompreensível. Assim, não vejo que seja fácil chegar alto no futebol. No entanto, sou novo, tenho 23 anos, e penso que, com trabalho e paciência, posso chegar mais alto. Veja isto que lhe vou dizer. O Rui Nibra é, claramente, o melhor guarda-redes a actuar em Macau e não é preciso perceber muito de futebol para ver que ele tem valor para jogar em melhores campeonatos, quem sabe chegar à I Liga portuguesa. Macau é pequeno demais para ele.

Este ano, o futebol de Macau revelou bons guarda-redes. Destaque para o segundo bom ano de Rui Nibra mas também para as boas exibições de Batista, do Ka I, e as suas. Estes são os melhores de Macau na baliza?
Pergunta difícil e ingrata [risos]. É muito complicado para mim falar sobre o meu trabalho. Penso que não o devo fazer. Deixo isso para outros, como por exemplo, para vocês jornalistas que gostam de fazer esse tipo de apreciações. Contudo, sei que tenho valor e os outros dois nomes que falou são excelentes profissionais.  Vejo no Nibra e no Batista grandes guarda-redes, contudo o Rui é o melhor de todos.

Falta uma jornada para o fim do campeonato. A Casa de Portugal está em posição de descida mas o calendário apresenta-se muito interessante para vocês. Sentem-se motivados?
Temos tudo para ficar na Liga de Elite. Teoricamente, não dependemos apenas de nós, mas, se olharmos para o calendário, penso que dependemos exclusivamente de nós. Repare, o Benfica para ser campeão tem de vencer. Não há outra possibilidade, uma vez que o Ka I está apenas a um ponto. O Chuac Lun, ao perder com o Benfica – como esperamos -, fica à nossa mercê. O nosso jogo será último a ser realizado, no domingo. Vamos jogar contra o Lai Chi, equipa do nosso campeonato e a quem já vencemos na primeira volta. Eles estão descansados e penso que vão jogar tranquilamente. Nós só pensamos na vitória. E, como se costuma, dizer meio-a-zero chega. Estamos muito motivados e convictos de que vamos deixar a Casa de Portugal entre os maiores de Macau. Vai ser um jogo de matar ou morrer.

Quem é o seu ídolo?
Gosto de vários jogadores. Admiro o Iker Casillas, o Oliver Kahn e o Gianluigi Buffon. Contudo, e muito por culpa do meu pai que sempre me chamou esse nome, o guarda-redes mais importante da minha vida foi o Michel Preud’homme.

A eterna discussão dos últimos anos. Quem é melhor: Ronaldo ou Messi?
Penso que é o Cristiano Ronaldo. É o jogador mais completo. E, acima de tudo, temos de acreditar no que é nosso. Ronaldo é um trabalhador incansável. E está em alto nível em diversas situações, até mesmo nas suas acções da vida privada. É um jogador completo e, por isso, é o melhor do mundo.

O Rodrigo é açoriano. O Pauleta é a maior referência do futebol do arquipélago?
Com toda a certeza. O Pauleta é uma referência nacional e não regional. Aliás, até mesmo em França, é uma grande referência e um ídolo. Trata-se de uma pessoa muito humilde que chegou longe no futebol mundial. Até bem há pouco tempo, era o melhor marcador da Selecção de Portugal, já ultrapassado pelo Cristiano Ronaldo. É com muito orgulho que vejo um açoriano tornar-se num dos grandes nomes da história do futebol português.

22 Jun 2015

Luta regressa à Arena

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] espectáculo do boxe está de volta à Arena do Venetian, com o chinês “Ik” Yang Lian Hui a tentar pela primeira vez vencer um título mundial. Natural de Dalian, na China continental, Ik combate contra César “El Distinto” Cuenca, da Argentina, pelo cinto da International Boxing Federation (IBF) na categoria de juniores/peso médio.

Yang soma 19 combates e é treinado por Freddie Roach, treinador de Manny Pacquiao e Zou Shiming, e estreou-se no boxe em 2007, tendo vencido sete dos seus últimos oito combates por KO. Cuenca, que soma 46 vitórias, e estreou-se no boxe em 2002, sendo esta a primeira vez que luta fora da Argentina.

ENTC

“Yang construiu uma sólida base de fãs na China graças ao seu entusiasmante estilo de lutar”, explica a organização em comunicado. “Cuenca está a três lutas de igualar a marca mítica de Rocky Marciano e conseguiu inúmeros títulos nos seus 13 anos de carreira.”

O evento “Victory at The Venetian” acontece a 18 de Julho, pelas 17h30, e traz ao território atletas que já pisaram o ringue do Cotai anteriormente. É o caso de Nonito “Filipino Flash” Donaire, da Filipinas. Vencedor de cinco categorias a nível mundial, Donaire foi ainda considerado lutador do ano em 2012. Em Macau, luta contra Anthony Settoul, de França.

Na lista dos lutadores incluem-se ainda o norte-americano Mickey “The Spirit” Bey Jr., campeão mundial de pesos leves da IBF, que defende o título contra Denis “Genghis Khan” Shafikov, da Rússia. Rex “The Wonder Kid” Tso, de Hong Kong, e o “Macau Kid” Kuok Kun Ng combatem também, bem como José Ramirez, ainda que os oponentes destes três atletas não tenham sido anunciados.

Os bilhetes para o evento, organizado em parceria com a Top Rank, promotora mundial de boxe, custam entre as 180 e as 1680 patacas.

11 Jun 2015