Hong Kong | Pequim pede a novo líder que resolva problemas sociais

O primeiro-ministro chinês pediu ontem ao novo Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, para resolver os “problemas sociais” da cidade e desenvolver a economia, numa cerimónia, em Pequim.

Li Keqiang salientou que o novo governo de Hong Kong deve “melhorar a subsistência das pessoas” e “unir os vários sectores da cidade para resolver os problemas sociais”, de acordo com a imprensa local. Na cerimónia, Li apresentou a carta que formaliza a nomeação de Lee, que vai tomar posse em 1 de Julho.

O primeiro-ministro chinês garantiu que o governo central ia defender o princípio “um país, dois sistemas” – que tem governado Hong Kong desde o regresso à soberania chinesa em 1997 e permite um grau de autonomia e liberdades que não existem no continente – de uma “forma abrangente e precisa”, noticiou o jornal da região semiautónoma chinesa South China Morning Post (SCMP).

“Também exerceremos plena e precisamente a jurisdição abrangente do governo central sobre Hong Kong, bem como o princípio de que Hong Kong é administrada por patriotas”, acrescentou.

Segundo Li, Pequim vai “apoiar plenamente” o novo Chefe do Executivo de Hong Kong e o governo, “de acordo com a lei”, e salientou que a cidade devia “estudar os pontos fortes e as áreas em que se pode destacar”, e “compreender também o que o país precisa da cidade”, uma vez que “se integra” no desenvolvimento da nação.

“O novo governo da cidade precisa de melhorar a sua eficiência e reforçar o estatuto de Hong Kong como centro internacional de finanças, comércio e transportes”, acrescentou o primeiro-ministro chinês.

Com todo o gosto

Em resposta, Lee, de 64 anos, disse aceitar a responsabilidade “com lealdade”, depois de ter sido eleito, em 8 de Maio, por 1.416 dos 1.461 membros da comissão eleitoral.

Antigo inspector da polícia, Lee ocupava a pasta da Segurança quando Hong Kong foi palco de manifestações anti-governamentais, em 2019.

Foi também fundamental na implementação da lei de segurança nacional, imposta em Junho de 2020 por Pequim para pôr fim aos protestos, cada vez mais violentos. Em Junho do ano passado, foi nomeado “número dois” no Executivo.

A eleição do Chefe do Executivo foi adiada por seis semanas devido à pandemia da covid-19, e foi a primeira a realizar-se desde que Pequim impôs alterações ao sistema eleitoral da cidade, em 2021.

31 Mai 2022

MNE | Relações China-EUA não são um jogo de soma zero

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, que se encontra num périplo pelos países do sul do Pacífico, respondeu a Antony Blinken, que descreveu a China como “o desafio de longo prazo mais sério à ordem internacional”. Wang Yi sublinhou que o mundo não é como os EUA o vêem e apelou a um diálogo mais justo e construtivo por parte dos norte-americanos

 

O conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse este sábado que as relações entre China e EUA não são um jogo de soma zero e que os norte-americanos devem abordar os laços bilaterais com base nos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício recíproco.

Em resposta a um recente discurso político do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que descreveu a China como “o desafio de longo prazo mais sério à ordem internacional”, Wang disse que há grandes equívocos nas visões dos EUA sobre o mundo, a China e as relações entre ambos, informa a agência estatal Xinhua.

O mundo não é o que os Estados Unidos descrevem e a tarefa mais urgente da comunidade internacional é proteger conjuntamente a vida e a saúde humana, promover a recuperação económica mundial e salvaguardar a paz e a tranquilidade mundiais, o que exige o estabelecimento de uma comunidade com um futuro comum e a implementação de propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU, assinalou Wang.

O responsável destacou que a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota,” a “Iniciativa de Desenvolvimento Global” e a “Iniciativa de Segurança Global”, propostas pela China, ganharam amplo reconhecimento e apoio da comunidade internacional. A obsessão dos EUA com o “centrismo ocidental”, “excepcionalismo” e a mentalidade da Guerra Fria, assim como sua pressão pela lógica da hegemonia e da política do bloco, vão contra a tendência da história e só levarão ao confronto e à divisão da comunidade mundial.

Na realidade, os Estados Unidos tornaram-se uma fonte de turbulência que prejudica a actual ordem mundial e um obstáculo que impede a democratização das relações internacionais, observou Wang.

Enfatizando que a China não é o que os EUA imaginam, Wang salientou que há uma lógica histórica clara para o desenvolvimento e revitalização do país que tem um forte poder endógeno.

A busca comum da modernização por 1,4 mil milhões de chineses representa um grande progresso para a humanidade, em vez de uma ameaça ou desafio para o mundo, ressaltou Wang, acrescentando que tal conquista é feita sob a forte liderança do Partido Comunista da China e é fruto da solidariedade, diligência e trabalho árduo do povo chinês que encontra o caminho do socialismo com características chinesas.

Competição justa

“O nosso objectivo é aberto, justo e honesto. É tornar a vida melhor para nosso povo e dar uma contribuição maior ao mundo, não substituir ou desafiar outros”, declarou Wang.

“Estamos a levar a reforma, a abertura e a cooperação de benefício mútuo a um nível mais alto. Vamo-nos tornar uma versão melhor de nós mesmos e tornar o mundo um lugar melhor”, disse, citado pela Xinhua.

“O que queremos dizer aos EUA é que as relações sino-americanos não são um jogo de soma zero projectado pelo lado norte-americano”, assinalou Wang.

Os líderes chineses apontaram que se a China e os Estados Unidos puderem lidar adequadamente com seu relacionamento, isso seria importante para o futuro do mundo, uma questão do século que precisa ser bem respondida pelos dois países, acrescentou.

Antes de responder à pergunta, o lado norte-americano deve primeiro estar ciente de que uma hegemonia unipolar não encontrará apoio, o confronto grupal não tem futuro, construir pequenos quintais com cercas altas significa auto-isolamento e atraso e dissociar e cortar suprimentos só prejudica os outros e a si mesmo, continuou.

Os países podem encenar uma competição justa entre si e é natural que a China e os Estados Unidos tenham algumas disputas, mas não devem ser destrutivas, observou Wang. O povo chinês tem confiança e está pronto para realizar uma competição justa para ver quem pode governar melhor seu próprio país e quem pode fazer mais contribuições para o mundo.

“Nunca cederemos à chantagem ou coerção e defenderemos firmemente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China”, disse o chanceler, sublinhando que o povo chinês tem a espinha dorsal e a determinação para fazê-lo e qualquer supressão e contenção só os tornará mais unidos.

O lado norte-americano deve concentrar os seus esforços na aplicação dos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício mútuo, de modo a encontrar o caminho para que os dois principais países, China e Estados Unidos, lidem adequadamente um com o outro na nova era, disse Wang. Wang esteve de visita às Fiji, a quarta paragem da sua viagem aos países insulares do Pacífico.

30 Mai 2022

Xangai | Escola reabrem em Junho para receber alguns alunos

As escolas do ensino básico e secundário de Xangai reabrirão em Junho para receber alguns alunos, disseram ontem as autoridades locais, num sinal de relaxamento do confinamento imposto à capital económica da China para conter a covid-19.

Perante o ressurgimento da covid-19, que atinge a China há alguns meses, grande parte dos 25 milhões de habitantes da cidade foi obrigada a ficar em casa desde o início de Abril.

Com a diminuição acentuada do número de casos positivos nas últimas semanas, várias restrições já foram levantadas. Entretanto, as pessoas geralmente só podem sair por algumas horas por dia.

Os alunos do segundo e terceiro ano do ensino secundário, que devem fazer o exigente exame para a entrada na universidade, poderão regressar às escolas em 6 de Junho, disse Yang Zhenfeng, director-adjunto do Departamento de Educação de Xangai

Os alunos do 9.º ano do ensino básico poderão voltar à escola a partir de 13 de Junho. Quanto aos demais alunos, terão que continuar a acompanhar as aulas por meios digitais em casa.

“Uma organização especializada oferecerá testes PCR para professores e alunos (…) no final das aulas, para que possam obter os seus resultados antes que as aulas recomecem no dia seguinte”, disse Yang.

Toca a vacinar

O Ministério da Saúde chinês anunciou ontem 338 novos casos positivos em Xangai nas últimas 24 horas – contra os mais de 25.000 no final do mês passado.

O longo confinamento e as restrições de viagem estão a afectar muito os habitantes e a economia local. No entanto, a autarquia já autorizou a reabertura de algumas fábricas e linhas de transporte público.

A China, ao contrário da maioria dos países do mundo, ainda aplica uma estratégia de tolerância zero em relação à covid-19, com o objectivo de limitar ao máximo o número de mortes, utilizando os confinamentos massivos quando aparecerem alguns casos.

As autoridades dizem ter poucas alternativas perante a variante Ómicron do novo coronavírus, muito contagiosa, e da taxa relativamente baixa de vacinação entre os idosos. Cerca de 80 por cento das pessoas com 60 anos ou mais receberam pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19.

As cidades estão a multiplicar os incentivos para aumentar a vacinação entre a população. Em Pequim, um distrito perto do Templo do Céu está a oferecer 1.000 yuans em vales para qualquer pessoa com 80 anos ou mais que decida receber a primeira dose.

27 Mai 2022

MNE chinês inicia périplo no Pacífico que inclui Timor-Leste e visa alargar influência

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês chegou hoje às Ilhas Salomão, no início de um périplo por oito países do Pacífico Sul, que inclui Timor-Leste, um iniciativa que originou preocupações sobre as ambições de Pequim.

Segundo a agência Associated Press, Wang Yi vai tentar obter o apoio de dez pequenas nações do Pacífico para um acordo abrangente, que cobre aspetos desde política de segurança a direitos de pesca, no que pode constituir uma mudança no jogo de influências na região.

Um esboço daquele acordo, obtido pela agência AP, revela que a China quer expandir a cooperação na área da justiça e no âmbito da segurança “tradicional e não tradicional”.

A China também quer desenvolver um plano conjunto para a pesca – que incluiria a lucrativa captura de atum do Pacífico –, aumentar a cooperação na administração do ciberespaço da região e criar delegações do Instituto Confúcio, organismo estatal que promove o ensino da língua chinesa.

A China também refere a possibilidade de estabelecer uma área de livre comércio com as nações do Pacífico. A Austrália respondeu através do envio da nova ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, para as Fiji.

“Temos que responder à tentativa da China de alargar a sua influência numa região do mundo onde a Austrália tem sido o parceiro de segurança preferido desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, citado pela imprensa australiana.

A Associação de Imprensa das Ilhas Salomão apelou aos seus membros para que boicotem uma conferência de imprensa na capital do país, Honiara, com Wang Yi e o homólogo das Salomão, Jeremiah Manele.

Isto porque apenas imprensa selecionada foi convidada e porque só a televisão estatal chinesa CCTV terá direito a questionar Wang.

A China assinou um pacto de segurança com as Ilhas Salomão, no mês passado, que suscitou receios de que Pequim possa enviar tropas para a nação insular ou até estabelecer ali uma base militar, a cerca de 2.000 quilómetros da Austrália.

As Ilhas Salomão e a China dizem que não há planos para uma base. Durante o périplo de 10 dias, Wang também planeia visitar Kiribati, Samoa, Fiji, Tonga, Vanuatu e Papua Nova Guiné.

26 Mai 2022

China | Li Keqiang alerta para situação económica mais grave desde início da pandemia

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reconheceu que as medidas de prevenção epidémica estão a afetar a economia chinesa de forma inédita desde o início da pandemia, apelando a que se tenha em conta o emprego.

Durante uma videoconferência organizada pelo Conselho de Estado, na noite de quarta-feira, Li admitiu que “as dificuldades em março e abril foram, em alguns aspetos, mais severas do que em 2020”, quando a pandemia de covid-19 começou, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

O primeiro-ministro citou como exemplo as quedas em indicadores como o emprego, produção industrial, consumo de energia e transporte de mercadorias. Li pediu a dezenas de milhares de funcionários do governo “esforços para manter a economia a operar a um nível adequado”.

Os comentários de Li Keqiang ressaltam as dificuldades que a China vai ter para atingir a sua meta de crescimento anual, de 5,5%, uma das mais baixas das últimas décadas, enquanto combate surtos provocados pela Ómicron, uma variante altamente contagiosa do novo coronavírus.

A última vez que a economia chinesa registou uma contração foi no primeiro trimestre de 2020, quando caiu 6,9%, em termos homólogos, pondo fim a uma era de mais de 30 anos de crescimento ininterrupto.

O comércio externo da China registou uma subida homologa de 0,1%, em abril passado, uma desaceleração significativa em relação ao crescimento de 5,8%, registado em março.

No primeiro trimestre do ano a economia chinesa cresceu 4,8%, mas as vendas a retalho contraíram 3,5%, em termos homólogos, e a taxa oficial de desemprego nas áreas urbanas atingiu a pior marca dos últimos 22 meses: 5,8%. O desemprego entre trabalhadores na faixa etária entre os 16 e 24 anos atingiu a taxa recorde de 18,2%.

“Vamos tentar garantir que a economia cresça no segundo trimestre”, disse Li, de acordo com uma transcrição do discurso a que o jornal Financial Times teve acesso. “Esta não é uma meta alta e está muito longe de meta de 5,5%. Mas temos que o conseguir”, apontou.

O prolongado confinamento de Xangai, a “capital” financeira da China, nos últimos dois meses, poderá agravar os dados económicos do país.

Li enfatizou a necessidade de implementar políticas, o mais rápido possível, para estabilizar a economia e apoiar o mercado e o emprego e garantir o sustento da população.

“O desenvolvimento é a chave para resolver todos os problemas na China”, lembrou.

O primeiro-ministro ordenou às entidades governamentais que apliquem as 33 medidas recentemente aprovadas pelo Conselho de Estado para estabilizar a economia até ao final de maio.

O Conselho de Estado vai enviar grupos de trabalho a 12 províncias, a partir de hoje, para acompanhar o trabalho das autoridades locais na aplicação das medidas.

“Os governos locais devem tratar as empresas de forma igual, continuar a melhorar os serviços logísticos e as cadeias industriais, para permitir a retoma da produção e garantir a rápida distribuição de benefícios sociais às pessoas necessitadas”, destacou Li.

26 Mai 2022

Direitos Humanos | China deve escolher o seu próprio percurso

Num encontro com a Alta-comissária da ONU, Michelle Bachelet, que está de visita ao país, Xi Jinping reafirmou a posição chinesa de um caminho particular na defesa de valores como a ordem e a justiça, recusando a ideia de copiar modelos de outros países, o que, segundo o líder da nação, teria consequências catastróficas

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu ontem o histórico da China na defesa dos Direitos Humanos, num encontro com a Alta-comissária da ONU Michelle Bachelet, argumentando que cada nação deve escolher o seu próprio percurso.

“Através do trabalho árduo e persistente de longo prazo, a China embarcou com sucesso num caminho de desenvolvimento dos Direitos Humanos, que está de acordo com a tendência dos tempos e adapta-se às suas próprias condições nacionais”, disse o governante chinês à Alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, que está a realizar uma visita ao país, segundo a televisão estatal chinesa CCTV.

“Desviar-nos da realidade e copiar modelos de outros países não é apenas inaceitável, como tem consequências catastróficas e, em última análise, traz sofrimento à população”, argumentou.

“Continuaremos a promover a protecção dos Direitos Humanos e do Estado de direito, e a manter a ordem e a justiça social. O povo chinês desfruta hoje de direitos cada vez mais democráticos e de garantias sem precedentes”, defendeu o Presidente chinês.

Bachelet está a realizar uma visita de seis dias à China, que inclui uma deslocação à província de Xinjiang.
De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, pelo menos um milhão de uigures e membros de outras minorias de origem muçulmana, estão ou foram encarcerados em campos de doutrinação naquela região, no extremo noroeste da China, e colocados sob vigilância apertada pelas autoridades.
Pequim classificou tais acusações como a “mentira do século”.

Abertura e respeito

Xi Jinping disse que a China está “disposta a manter o diálogo e a cooperação” no âmbito da defesa dos Direitos Humanos, mas desde que se baseiem no “respeito e igualdade mútuos” e tenham como objectivo “expandir o consenso, reduzir as diferenças e aprender e progredir mutuamente”.

“O que não é necessário de todo são ‘professores’, arrogantes como outros países, e muito menos politizar estas questões”, argumentou o chefe de Estado chinês, numa referência velada aos Estados Unidos e à União Europeia (UE), que sancionaram autoridades e entidades chinesas, no ano passado, devido às denúncias de abusos contra a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, na região de Xinjiang.

“Devemos evitar padrões duplos e parar de interferir nos assuntos internos dos outros países sob o pretexto dos Direitos Humanos”, apontou o líder chinês, frisando ainda: “Temos que promover a defesa dos Direitos Humanos de uma forma inclusiva, justa e razoável”.

Xi Jinping assegurou que a China vai continuar a “apoiar” os “esforços activos” das Nações Unidas nesta questão.
Bachelet é a primeira Alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos a visitar a China, desde 2005, após anos de negociações com Pequim sobre os termos da visita a Xinjiang.

A visita de seis dias vai focar-se nas alegações de abusos contra as minorias de origem muçulmana.
Pequim contesta as acusações sobre uma campanha repressiva, dizendo que os campos são centros de treino vocacional, destinados a afastar os uigures de movimentos terroristas e separatistas, numa região que foi, no passado, palco de confrontos entre os uigures e os han, o principal grupo étnico da China.

26 Mai 2022

Índia restringe exportação de açúcar para proteger reservas e baixar inflação

A Índia vai impor restrições à exportação de açúcar para proteger as próprias reservas e reduzir a inflação depois de terem sido interditadas as exportações de cereais, no quadro da crise global de produtos agrícolas. A Índia é o primeiro produtor mundial de açúcar e o segundo exportador, depois do Brasil.

Devido à crise agrícola mundial, agravada pela invasão russa da Ucrânia, a Índia decidiu restringir as exportações de açúcar a 10 milhões de toneladas a partir de junho, refere um comunicado do Ministério da Alimentação do governo de Nova Deli.

A decisão começa a vigorar a partir do dia 01 de junho e foi adotada “para que se mantenha a disponibilidade interna e a estabilidade dos preços” durante o período de cultivo anual da cana de açúcar.

Em meados de maio, invocando a inflação e a segurança alimentar, a Índia interditou as exportações de trigo.

Paralelamente, a Indonésia interrompeu de forma temporária as exportações de óleo de palma e a Malásia restringiu a venda de carne de frango.

25 Mai 2022

Imprensa | Biden quer esvaziar compromisso com princípio ‘Uma China’

Analistas citados pela imprensa oficial chinesa defenderam ontem que os comentários de Joe Biden, sobre o compromisso de os Estados Unidos intervirem militarmente caso a China invadisse Taiwan, são representativos da estratégia norte-americana de “esvaziar” o princípio “Uma China”.

Para os analistas citados pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista da China, as “observações de Biden constituem sinais perigosos” de que ele pretende abandonar o compromisso de Washington com aquele princípio.

A estratégia de Biden torna a relação entre China e EUA no “Titanic a embater contra um iceberg”, o que “vai resultar numa crise, ou pior”, argumentou Da Wei, director do Centro de Segurança e Estratégia Internacional da Universidade de Tsinghua, citado pelo jornal.

Da considerou as observações de Biden inconsistentes com a posição dos EUA sobre Taiwan e a China.
“Enviar tropas é interferência militar, oferecer armas e inteligência militar também pode ser interpretado como ‘intervenção militar’”, argumentou.

“A Administração de Biden está a jogar com a ilha não apenas para atender aos políticos pró – Taiwan nos EUA, mas também para servir a sua estratégia em relação à China”, disse.

No mesmo tom

Citado pelo Global Times, Sun Chenghao, investigador da Universidade de Tsinghua, apontou que Biden está a tentar usar a guerra na Ucrânia como uma desculpa para enfraquecer a reivindicação da China sobre Taiwan.

“No entanto, a Ucrânia e a ilha de Taiwan são casos completamente diferentes. Ao misturar deliberadamente as duas, os EUA estão a tentar enganar os países da Ásia-Pacífico e fazê-los pensar que a região corre o risco de um conflito semelhante”, disse Sun.

“Tais declarações servem para dar legitimidade à estratégia para a Ásia–Pacífico dos EUA”, argumentou.
Biden disse na segunda-feira, em Tóquio, que os EUA vão continuar a honrar o princípio de “Uma China”, que reconhece a posição de Pequim de que Taiwan faz parte da China, mas também acrescentou que os EUA responderiam militarmente se a China atacasse o território, que funciona como uma entidade política soberana.

“Simplesmente não seria apropriado (…) afectaria toda a região e seria outra acção semelhante ao que aconteceu na Ucrânia”, disse Joe Biden. “A América está comprometida com o princípio de ‘Uma China’, mas isso não significa que a China tenha jurisdição para usar a força contra Taiwan”, frisou.

O Governo chinês expressou também “forte insatisfação e oposição resoluta” às declarações de Biden.
“A China não está disponível para compromissos ou concessões em questões que envolvem os seus interesses centrais, como a soberania e integridade territorial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Sob o princípio “Uma só China”, os Estados Unidos reconhecem Pequim como o governo legítimo da China e cortaram relações diplomáticas com Taiwan.

No entanto, Washington mantém contactos não oficiais com o território, incluindo uma embaixada de facto em Taipé.

25 Mai 2022

Taiwan | China avisa Biden para não subestimar determinação de Pequim

A resposta de Joe Biden à pergunta de um jornalista sobre a posição dos Estados Unidos face a uma possível intervenção de Pequim na antiga Formosa não agradou às autoridades chinesas. O MNE chinês replicou de imediato e aconselhou os norte-americanos a não enviarem sinais errados aos independentistas de Taiwan

 

A China avisou ontem o Presidente dos Estados Unidos para não “subestimar” a “firme determinação” de Pequim em “proteger a sua soberania”, depois de Joe Biden ter prometido defender Taiwan em caso de uma invasão chinesa.

“Ninguém deve subestimar a firme determinação, a forte vontade e a poderosa capacidade do povo chinês de defender a soberania nacional e a integridade territorial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Pedimos aos Estados Unidos (…) que evitem enviar sinais errados às forças independentistas” de Taiwan, acrescentou.

Biden, que se encontra no Japão após uma passagem pela Coreia do Sul, naquela que é a sua primeira viagem à Ásia desde que tomou posse, admitiu ontem que os Estados Unidos poderiam intervir militarmente caso a China invadisse Taiwan.

Foram as declarações mais fortes e abertas de apoio a Taipé por um líder da Casa Branca em décadas.

O Presidente norte-americano disse que a obrigação de proteger a ilha tornou-se “ainda mais forte” após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Esse é um compromisso que assumimos”, disse o chefe de Estado norte-americano, numa conferência de imprensa, em Tóquio.

Um único país

Sob o princípio “Uma só China”, os Estados Unidos reconhecem Pequim como o governo legítimo da China e cortaram relações diplomáticas com Taiwan.

No entanto, Washington mantém contactos não oficiais com o território, incluindo uma embaixada de facto em Taipé. Os Estados Unidos também fornecem equipamento militar para a defesa da ilha.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.

24 Mai 2022

China avisa Biden para não subestimar determinação de Pequim em relação a Taiwan

A China avisou hoje o Presidente dos Estados Unidos para não “subestimar” a “firme determinação” de Pequim em “proteger a sua soberania”, depois de Joe Biden ter prometido defender Taiwan em caso de uma invasão chinesa.

“Ninguém deve subestimar a firme determinação, a forte vontade e a poderosa capacidade do povo chinês de defender a soberania nacional e a integridade territorial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Pedimos aos Estados Unidos (…) que evitem enviar sinais errados às forças independentistas” de Taiwan, acrescentou.

Biden, que se encontra no Japão após uma passagem pela Coreia do Sul, naquela que é a sua primeira viagem à Ásia desde que tomou posse, admitiu hoje que os Estados Unidos poderiam intervir militarmente caso a China invadisse Taiwan.

Foram as declarações mais fortes e abertas de apoio a Taipé por um líder da Casa Branca em décadas.

O Presidente norte-americano disse que a obrigação de proteger a ilha tornou-se “ainda mais forte” após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Esse é um compromisso que assumimos”, disse o chefe de Estado norte-americano, numa conferência de imprensa, em Tóquio.

Sob o princípio “Uma só China”, os Estados Unidos reconhecem Pequim como o governo legítimo da China e cortaram relações diplomáticas com Taiwan.

No entanto, Washington mantém contactos não oficiais com o território, incluindo uma embaixada de facto em Taipé. Os Estados Unidos também fornecem equipamento militar para a defesa da ilha.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.

Pequim considera Taiwan parte do seu território, apesar de a ilha operar como uma entidade política soberana, e ameaça utilizar a força, caso o território declare formalmente independência.

Nos últimos anos, centenas de caças chineses entraram na Zona de Identificação da Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan, numa demonstração de força por parte de Pequim

23 Mai 2022

Covid-19 | Pequim prolonga regime de teletrabalho face ao aumento de casos

Pequim prolongou hoje o regime de teletrabalho e o ensino à distância, e ordenou nova ronda de testes em massa, após o número de casos de covid-19 ter voltado a aumentar na capital chinesa.

Vários bairros da cidade restringiram as entradas e saídas, embora as condições permaneçam muito menos severas do que em Xangai, onde milhões de cidadãos estão sob diferentes níveis de confinamento há dois meses.

Pequim relatou 99 casos, nas últimas 24 horas – um aumento em relação à média diária anterior de cerca de 50.

No conjunto, a China registou 802 novos casos, marcando um declínio face às semanas anteriores. Apesar disto, o Governo mantém medidas de quarentena, confinamento e testes, face à estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

Xangai informou que 480.000 pessoas ainda estão confinadas, enquanto 1,59 milhões foram autorizadas a movimentar-se dentro dos seus bairros e 21,2 milhões enfrentam restrições mais leves.

A reabertura dos transportes a partir de Xangai criou um êxodo de trabalhadores migrantes e estrangeiros, desesperados para escapar da cidade, após dois meses de bloqueio, marcados pela escassez de alimentos, medicamentos e outros bens básicos.

Entre os que permanecem na cidade, muitos podem apenas sair uma hora para fazer compras, e ficam encarregados de adquirir mantimentos e outros bens de primeira necessidade para todo o prédio.

23 Mai 2022

Tóquio diz que EUA apoiam adesão do Japão ao Conselho de Segurança da ONU

O primeiro-ministro do Japão disse hoje que o Presidente dos Estados Unidos apoia a vontade do Japão de se tornar membro permanente de “um novo” Conselho de Segurança da ONU. Fumio Kishida falava na conferência de imprensa conjunta, em Tóquio, no final do encontro bilateral entre os dois líderes.

O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 países, incluindo os membros permanentes, com poder de veto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Em 27 de abril, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução que visa reduzir o uso do veto no Conselho de Segurança, enquanto Brasil e Índia exigiram uma reforma do órgão.

O governante japonês acrescentou que Joe Biden apoiou também a organização da cimeira do G7, no próximo ano, em Hiroshima, no sudoeste do país.

Kishida disse ainda que o Japão e os EUA “vão vigiar as atividades recentes da marinha chinesa, bem como os movimentos relacionados com os exercícios conjuntos da China e da Rússia”.

“Opomo-nos firmemente às tentativas de mudar o ‘status quo’ pela força no mar da China Oriental e no mar da China Meridional”, disse.

Por outro, os dois líderes concordaram “em lidar conjuntamente com várias questões relacionadas com a China, incluindo direitos humanos”, acrescentou o primeiro-ministro japonês.

23 Mai 2022

Japão | Joe Biden reúne-se com líderes do grupo Quad

O Presidente dos Estados Unidos chegou ontem ao Japão para uma visita centrada no reforço da cooperação económica e de segurança com os parceiros do grupo Quad face à ascensão da China e à guerra na Ucrânia, noticia a EFE.

A agência de notícias espanhola realça que na visita de Joe Biden aquele país asiático, a primeira desde que tomou posse, o líder norte-americano vai fazer o lançamento formal do Quadro Económico Indo-Pacífico (IPEF), um novo projecto de cooperação regional destinado a promover o comércio e o investimento entre os EUA e os países da região, bem como a reforçar a resiliência das cadeias de abastecimento.

Segundo a EFE, o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse aos jornalistas, ainda a bordo do avião presidencial norte-americano, que o IPEF é um acordo “muito amplo”, no qual vários países da região demonstraram interesse.

Sullivan adiantou ainda que na reunião do grupo Quad, que junta EUA, Japão, Índia e a Austrália, que terá lugar amanhã em Tóquio, os líderes dos quatro países pretendem “enviar uma mensagem clara de dissuasão” contra “agressão militar ou alterações unilaterais ao status quo” no Indo-Pacífico.

O aumento das tensões no Estreito de Taiwan pode igualmente ser “uma das questões de segurança” abordadas nas discussões quadripartidas, embora não esteja inicialmente na agenda da cimeira.

Além da reunião entre os quatro países, Joe Biden irá ter encontros bilaterais com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o Presidente eleito da Austrália, Anthony Albanese, que deverá viajar para o Japão esta terça-feira, logo a seguir à sua tomada de posse, estando também agendada uma cimeira com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

23 Mai 2022

Economia | China tenta pôr termo a “crescimento fictício” por via da construção

Segundo o economista da Universidade de Pequim, Michael Pettis, a covid-19 veio acelerar o processo de desinvestimento do país em activos não produtivos. Pequim tenta afastar-se do modelo de crescimento assente no sector imobiliário

 

O abrandamento económico suscitado pela covid-19 vai obrigar a China a alocar capital de forma mais eficiente, pondo termo a décadas de “crescimento fictício”, alimentado pelo sector da construção, explica à Lusa o economista Michael Pettis.

O professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, vê no colapso de algumas das maiores construtoras do país um sinal de que a China se está a afastar do modelo de crescimento assente no investimento em activos não produtivos.

“Há muito crescimento fictício na China”, nota Pettis. “O excesso de investimento em todo o tipo de projectos de construção inflacciona o crescimento há vários anos”, descreve.

O termo “crescimento fictício” foi usado pela primeira vez pelo Presidente chinês, Xi Jinping, num ensaio publicado em 2021, que frisou a importância de o país alcançar um crescimento “genuíno”.

Em entrevista à agência Lusa, Michael Pettis, que vive no país asiático há duas décadas, considera que a campanha para desalavancar o sector imobiliário faz parte dos esforços de Pequim para pôr termo a esse modelo.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.

“A maioria das estimativas coloca a contribuição do sector imobiliário para o PIB [Produtos Interno Bruto] da China entre 25 por cento e 30 por cento. Isto é duas a três vezes superior ao de outros países. O investimento em imobiliário por si só representa cerca entre 13 por cento e 14 por cento do PIB”, observa Pettis.

O rácio entre o preço dos imóveis e o valor das rendas no país asiático está entre os mais altos do mundo, sugerindo um retorno negativo sobre o capital investido. Em Pequim ou Xangai, o valor médio dos imóveis ascende a cerca de 23 vezes o vencimento médio anual dos residentes.

Para o economista, a alocação de capital para investimentos não produtivos na China ascende a uma “escala sem precedentes” na História.

“Normalmente, quando os economistas querem falar sobre um caso proeminente de grande quantidade de investimento não produtivo, eles apontam para o Japão na década de 1980”, indica. “O meu palpite é que em 10 ou 20 anos vão estar a falar da China”, acrescenta.

Exemplo espanhol

Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa.

Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador. A estrutura assemelha-se a um esquema pirâmide, onde o activo não gera por si fluxo de capital, mas depende antes de um próximo investidor estar disposto a pagar mais pelo bem imóvel.

A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas.

Michael Pettis aponta para o exemplo de Espanha antes da crise financeira internacional de 2008.

“O período de rápido crescimento da economia espanhola foi impulsionado pelos fundamentos errados: a construção de imóveis nos quais ainda hoje ninguém mora, e uma enorme quantidade de infraestrutura, que foi além daquilo que o país necessitava”, descreve.

“Enquanto isto dura é óptimo”, nota. Mas, quando o aumento da dívida é incapaz de gerar retorno, o modelo torna-se insustentável, suscitando uma “desaceleração económica e potencial aumento do desemprego”.
Pettis prevê agora o fim de décadas de trepidante crescimento económico do país asiático.

“A China poderia ter continuado com o modelo actual por mais três ou quatro anos”, observa. “Mas, com o impacto económico da covid-19, estão a ficar sem tempo”.

23 Mai 2022

Timor-Leste/20 anos: Ana Gomes em Díli defende que país tem importância estratégica para Portugal

A diplomata Ana Gomes chegou hoje a Díli para as celebrações dos 20 anos da restauração da independência de Timor-Leste, país que defende ter uma importância estratégica para Portugal maior do que muitos portugueses percepcionam.

“Vou ficar até domingo, vim convidada pelo Presidente, Ramos-Horta, e é sempre para mim uma emoção vir a Timor e claro que no 20.º aniversário da independência ainda mais”, declarou Ana Gomes à agência Lusa, num hotel em Díli.

Questionada pela Lusa, a antiga embaixadora em Jacarta contou que já iniciou a escrita do seu livro sobre o processo de independência de Timor-Leste: “Estava a escrevê-lo quando começou a guerra na Ucrânia, e perturbou-me tanto que o adiei por uns meses. Mas ainda retomarei este ano a escrita, porque acho que tenho obrigação de escrever esse livro”.

Ana Gomes era para ter chegado há dois dias, mas houve uma ligação aérea que falhou: “Só cheguei esta manhã, mas cá estou para o dia da independência”.

Hoje, em Díli, assistiu à cerimónia do içar da bandeira nacional em comemoração da independência, no Palácio da Presidência, onde também esteve o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que representa o Estado português e a União Europeia nestas cerimónias oficiais, na sua primeira visita oficial a Timor-Leste.

“Não troquei impressões, mas já cumprimentei o senhor Presidente. A sensação que eu tenho é muito importante, claro, que o nosso Presidente aqui esteja, porque este é um tempo também especial para todos os portugueses que vibraram com Timor”, disse.

Ana Gomes acrescentou que “Timor é muito mais muito importante do que a maior das pessoas hoje em Portugal percepciona”, assinalando que “vai em breve ser membro da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]” e que “é a parte do território asiático que fala português”.

“Ao contrário de Macau, aqui fala-se português. Mais e melhor se podia falar se também houvesse mais investimento da nossa parte – e não estou a falar do trabalho extraordinário feito pelos professores de português, mas ao nível, por exemplo, dos órgãos de comunicação social”, considerou.

Segundo a ex-eurodeputada, “a televisão e outros media eletrónicos podiam ser aqui muito úteis no aprofundamento da qualidade do português que se fala aqui”.

“Eu sou das pessoas que acham que a decisão de escolher o português é estratégica para Timor, para o reforço da identidade timorense. Mas também devia ser entendida como estratégica por Portugal, porque esta é obviamente a nossa grande porta de interesses na Ásia para o tipo de relações que eu penso que são profícuas para Portugal”, sustentou.

Na Ásia, Portugal deve procurar relações que não sejam “de dependência de uma grande potência como é o caso da China”, mas antes “de valorização da capacidade do nosso relacionamento económico, comercial, mas também político com todos os povos da região”, advogou.

Ana Gomes, militante socialista, foi candidata às presidenciais de 2021 sem apoio do PS, nas quais Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República.

Como diplomata, serviu nas missões junto da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra e Nova Iorque e nas embaixadas em Tóquio e Londres. Entre 1999 e 2003 foi chefe de missão e embaixadora em Jacarta, tendo acompanhado o processo de independência de Timor-Leste, conseguida após uma luta de libertação contra a ocupação indonésia, e de restabelecimento das relações diplomáticas luso-indonésias.

20 Mai 2022

Ramos-Horta: Há “desafios exigentes” que continuam por sanar em Timor-Leste

Foto de António Dasiparu

 

Timor-Leste já percorreu um longo caminho de consolidação democrática, mas continua a enfrentar “desafios exigentes”, alguns dos quais continuam por sanar, particularmente no que toca a desigualdades sociais, afirmou hoje o Presidente timorense.

“Timor-Leste percorreu já um longo caminho para a consolidação de uma democracia jovem, vibrante e assente nos princípios de um estado de direito. Não podemos pensar que tudo está feito, o nosso país tem pela frente desafios exigentes próprios do nosso contexto histórico e cultural”, afirmou José Ramos-Horta num discurso no parlamento, numa sessão que evoca os 20 anos da restauração da independência e de vida da constituição.

“Desafios estes que já nos acompanham há algum tempo, isto apesar da constituição estabelecer os fundamentos e a base jurídica necessária para o Estado poder atuar no sentido de atenuar as desigualdades identificadas”, afirmou.

Ramos-Horta, que tomou posse ao final da noite de quinta-feira como Presidente da República, hora local, falava numa sessão solene do Parlamento Nacional de comemoração do 20.º aniversário da constituição timorense, na qual participaram, entre outros, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Num discurso em que destacou o que já foi conseguido e o que falta conseguir para uma verdadeira implementação dos princípios orientadores da constituição, que cumpre 20 anos de vida, Ramos-Horta disse que o país se deve orgulhar de ser uma democracia “livre e plural, multiétnica e multirreligiosa”.

Falta, porém, consolidar os princípios de proteção social próprios de um estado de direito, afirmou, sublinhando que o Estado “deve desenvolver e implementa políticas capazes de responder de forma eficaz às necessidades” atuais.

“Só assim terá a capacidade de servir plenamente os seus cidadãos, e assegurar os seus direitos fundamentais”, afirmou, considerando essencial uma alteração de pensamento “privilegiando” as regras e normas, mas, “acima de tudo, as pessoas”.

Num longo discurso, Ramos-Horta analisou os vários componentes da lei base, aprovada pelos 88 deputados da Assembleia Constituinte, que a 20 de maio de 2002 se transformou em Parlamento Nacional.

Um texto que enfatiza o respeito pelos direitos humanos e fundamentais, separação de poderes e respeito pela democracia pluralista, sendo essencial “na construção de um Estado de Direito Democrático, assente na dignidade da pessoa humana e na soberania do povo”.

20 Mai 2022

China reduz custos com hipotecas para reanimar setor imobiliário em crise

O banco central da China anunciou hoje um corte na taxa de juros para empréstimos a longo prazo, reduzindo assim os custos com hipotecas, num sinal de apoio ao setor imobiliário, que atravessa uma crise de liquidez.

De acordo com um comunicado do Banco Popular da China, a taxa de base para empréstimos de cinco anos, a referência para o crédito à habitação, foi reduzida de 4,6% para 4,45%, um corte de 15 pontos base – o maior desde que foi criada, em 2019.

Isto superou em três vezes a previsão dos analistas, que esperavam uma queda de cinco pontos base.

“Acreditamos que a decisão visa impulsionar a procura no setor imobiliário, que foi de mal a pior”, explicou Julian Evans-Pritchard, analista da consultora britânica Capital Economics, num relatório.

Evans-Pritchard apontou que a queda nos juros sobre novas hipotecas pode ser ainda maior, já que os reguladores no fim de semana reduziram os níveis mínimos de taxas para novos compradores em 20 pontos base, em relação à taxa de base.

O banco central da China baixou ainda os custos de financiamento dos bancos, para que as entidades possam oferecer condições mais atrativas.

Evans-Pritchard frisou, no entanto, que as medidas de bloqueio impostas pela estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 constituem o principal obstáculo, neste momento, para o setor imobiliário.

A taxa preferencial de empréstimos a um ano – a taxa de juros de facto – foi mantida inalterada, em 3,7%.

A Capital Economics apontou que a “moderação” do banco central em relação à taxa a um ano pode ser devido a preocupações com o efeito para a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, em relação ao dólar.

O aumento das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos motivou uma fuga de capitais da China, após os títulos do tesouro norte-americano terem mesmo ultrapassado a rentabilidade garantida pela dívida emitida pelo Governo chinês, pela primeira vez desde 2010.

O banco central chinês “ainda parece relutante” em permitir um grande aumento do crédito, apontou a Capital Economics.

A consultora disse não acreditar que as medidas de flexibilização monetária sejam suficientes para “impulsionar uma forte recuperação”, e descartou estímulos em “grande escala”.

A taxa de base é calculada a partir das contribuições de preços de uma série de bancos – incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais altos e maior exposição a crédito malparado – e visa reduzir os custos de empréstimos e apoiar a “economia real”.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.

20 Mai 2022

Hong Kong | Quatro milhões de animais exóticos importados entre 2015 e 2019

Quatro milhões de animais de estimação exóticos de 84 países foram importados para Hong Kong entre 2015 e 2019, agravando o risco de extinção de inúmeras espécies, denuncia um relatório da fundação ambientalista ADM Capital.

“Apesar de este comércio não ter sido bem documentado, o crescimento e a diversificação nos últimos anos apontam para uma indústria extensa e rentável”, lê-se no relatório “Wild, threatened, farmed: Hong Kong’s invisible pets” (“Selvagem, Ameaçado, Criado: Os animais invisíveis de Hong Kong”), divulgado na terça-feira pela Fundação ADM Capital, que promove a conservação ambiental na Ásia.

Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, o responsável pelo estudo, Sam Inglis, disse que o comércio destes animais, “rápido e de grande volume”, compreende “centenas de espécies”, muitas das quais estão ameaçadas de extinção.

A procura do tracajá, uma tartaruga com manchas amarelas na cabeça que habita sobretudo países da América do Sul, da tartaruga de esporas africana, réptil residente em ambientes quentes, ou da tartaruga-panqueca, espécie nativa da Tanzânia e do Quénia, “acentuam as pressões insuportáveis nas populações selvagens”, notou Inglis.

Segundo o comunicado, os autores chamam também a atenção para o difícil rastreamento dos animais que chegam à região administrativa especial chinesa.

A “reexportação parece ser mínima, com menos de meio milhão a partirem oficialmente da cidade”, o que sugere que “um grande número poderá permanecer nas casas ou lojas de animais” de Hong Kong, “possivelmente muitos terão morrido” e “alternativamente, grandes números” poderão ter sido “contrabandeados para fora da cidade”, lê-se.

Expiação de pecados

Ainda de acordo com o estudo, algumas espécies terão sido vendidas para efeitos de “libertação misericordiosa”, uma prática budista não regulamentada em Hong Kong, praticada na região desde os anos 1940.

“Ao libertar animais cativos na natureza, os praticantes budistas e taoistas acreditam que podem trazer fortuna, longevidade, felicidade, saúde, absolvição de pecados e outros benefícios”, refere-se no documento.

Entre as recomendações dos autores, é proposta a revisão das actuais leis que regulamentam o comércio de animais de estimação exóticos em Hong Kong, que se encontram “desactualizadas, [são] frequentemente vagas, e, em alguns casos inadequadas”.

Os autores apelam também para que seja garantido um “controlo fronteiriço mais rigoroso” e implementados “mecanismos de rastreamento”, como a utilização de microchips.

20 Mai 2022

Diplomatas avisam os EUA e o Japão sobre questão de Taiwan antes da cimeira da QUAD

Os EUA e os seus aliados, nomeadamente o agressor Japão, tudo fazem para demonizar a China e comparar a questão de Taiwan à Ucrânia. Mas, os diplomatas chineses, já os informaram que seguem por um caminho cheio de erros e armadilhas para a paz mundial

 

Diplomatas chineses sublinharam ontem, quarta-feira, a posição da China e enviaram avisos firmes sobre os movimentos dos EUA e do Japão contra a China, na sequência de relatos de que o Japão e os EUA estavam determinados a afirmar o reforço da cooperação sobre a questão de Taiwan e a compará-la com a crise da Ucrânia numa declaração conjunta de uma próxima cimeira bilateral.

O diplomata Yang Jiechi observou que os recentes actos dos EUA sobre a questão de Taiwan são contrários às suas palavras. Se os EUA continuarem a jogar a “carta de Taiwan” e continuarem no caminho errado, a China tomará medidas firmes para salvaguardar a sua soberania e interesses de segurança, e “faremos o que dizemos”, disse Yang, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista da China (CPC) e director do Gabinete da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Comité Central do CPC advertiu, numa chamada telefónica com o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan, na quarta-feira.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi avisou o Japão numa conversa virtual com o Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês Yoshimasa Hayashi na quarta-feira para não tirar as castanhas do fogo para os outros e seguir o caminho errado.

Tóquio e Washington estiveram recentemente activos num gesto de apoio na defesa da participação das autoridades de Taiwan na Assembleia Mundial da Saúde (AMS), que terá início a 22 de Maio. Os peritos chineses disseram que os movimentos que aceleram a internacionalização da questão de Taiwan, incluindo a ligação da questão de Taiwan com a crise da Ucrânia, expõem a trama sinistra da dupla: trazer perturbação para a Ásia-Pacífico, e ligá-la à turbulência na Europa para formar uma crise maior e procurar tirar partido dela.

Citando fontes do governo japonês, a Kyodo News noticiou na terça-feira que o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e o Presidente dos EUA Joe Biden irão destacar “a paz e a estabilidade para Taiwan”, e “partilhar as preocupações de que a crise da Ucrânia possa ocorrer na Ásia Oriental” numa reunião em Tóquio, a 23 de Maio.

Espera-se que estas “preocupações” se reflictam numa declaração conjunta no que seria a primeira cimeira bilateral de Kishida em pessoa com Biden, disse Kyodo News. O Japão deverá acolher a cimeira de líderes QUAD de 2022, a 24 de Maio.

Os meios de comunicação japoneses disseram que o reforço da aliança Japão-EUA se baseia no conhecimento da dupla de que a China seria o maior desafio de segurança a longo prazo. Quanto ao “ponto de vista que o Japão e os EUA dão as mãos para enfrentar a China” divulgado mesmo antes de o líder dos EUA embarcar na sua viagem ao Japão, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Yi descreveu-o como “desenfreado”, “criando uma atmosfera de sujidade”, e tornando as pessoas “vigilantes”.

“O Japão e os EUA são aliados, enquanto que a China e o Japão celebraram um tratado de paz e amizade. A cooperação bilateral entre o Japão e os EUA não deve provocar um confronto em bloco, quanto mais prejudicar a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China”, disse Wang numa conversa virtual com o Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês Yoshimasa Hayashi na quarta-feira. “A China espera que o Japão aprenda com as lições históricas, tenha em mente a paz e estabilidade regionais e aja com prudência”, observou Wang. Os meios de comunicação japoneses também mencionaram que se espera que Kishida anuncie a participação do Japão no Quadro Económico Indo-Pacífico liderado pelos EUA, o que ainda é vago em substância.

Da Zhigang, director do Instituto de Estudos do Nordeste Asiático da Academia Provincial de Ciências Sociais de Heilongjiang, disse na quarta-feira que a divulgação antecipada pelo governo japonês através dos meios de comunicação social é a opinião pública e a guerra de informação contra a China para tomar a iniciativa de internacionalizar a questão de Taiwan. A China nada fez, mas foi previamente definida pelos EUA e pelo Japão como “tendo intenções agressivas”, explicou o perito.

A teoria da ameaça da China serve de dissuasão e intimidação a outros países e organizações amigas da China, tais como a ASEAN, disse Da. “O subtexto é que se a ilha de Taiwan for tratada como a Ucrânia, qualquer pessoa que se atreva a apoiar o continente chinês enfrentará sanções”.

O mais alto oficial das Forças de Auto-Defesa do Japão participará pela primeira vez numa reunião de Chefes de Defesa Militares da OTAN na quinta-feira, informou Nikkei, citando a autoridade de defesa japonesa. Em Abril, o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken anunciou que o Japão participará numa reunião cimeira da OTAN em Madrid, no final de Junho. A cimeira QUAD e a reunião Biden-Kishida promoveriam a orientação da OTAN para a Ásia-Pacífico, disse um perito em assuntos internacionais baseado em Pequim, sob condição de anonimato.

“Ao sublinhar a questão de Taiwan e compará-la com a crise da Ucrânia, o Japão e os EUA pretendem incitar os países europeus a mudar para a região da Ásia-Pacífico e utilizar a questão de Taiwan como uma questão para criar aversão na Europa contra a China”, disse o perito. “Este é um esquema insidioso e malicioso”. “O que o Japão e os EUA estão a fazer é muito destrutivo e conduzirá a mais caos regional, instabilidade e conflitos”, disse o perito. “Isto não será bem recebido pela maioria dos países da região da Ásia-Pacífico”.

Sonhar sonhos diferentes

Um dia antes da divulgação antecipada do Japão sobre a cimeira, Chen Ming-tong, o chefe da autoridade de segurança na ilha de Taiwan, disse que a reunificação da China não só inclui Taiwan, mas também as Ilhas Diaoyu disputadas entre a China e o Japão. “O Japão é uma parte interessada, não um espectador, em questões de segurança regional”.

Os observadores disseram que não é difícil ver a coordenação entre “aliados” das sucessivas reivindicações das autoridades do Japão e de Taiwan, mas há divergências no objectivo que tentam alcançar.

Da mesma forma, ao ligar Taiwan à Ucrânia, o Japão está a anunciar a ucranização das Ilhas Diaoyu: em caso de guerra com a China, o Japão está confiante que pode obter assistência dos EUA e provavelmente da OTAN, disse Da.

Quanto à relação EUA-Japão, Da disse que Washington quer demonstrar liderança ao reatar os laços com o Japão como uma relação que se estende para além da região Ásia-Pacífico. O Japão também quer usar a relação especial para reforçar a sua defesa nacional e impulsionar a influência global.

Mas o Japão está a actuar cada vez mais como um guia para a política Ásia-Pacífico dos EUA: a estratégia Indo-Pacífico foi inicialmente proposta pelo antigo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, e a ideia de introduzir a OTAN na Ásia-Pacífico foi também proposta pela primeira vez por Abe, disse Da. Em Janeiro de 2007, Abe visitou a sede da OTAN, a primeira visita de um chefe de governo japonês, e manifestou o interesse do Japão em aderir a uma parceria mais forte com a OTAN.

20 Mai 2022

Actividade económica da China afunda face a medidas de combate à covid-19

A actividade económica da China contraiu fortemente em abril, face às duras restrições impostas pelas autoridades do país para conter surtos de covid-19, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).

A produção industrial registou uma queda homóloga de 2,9%, surpreendendo os analistas, que esperavam um ligeiro avanço de 0,4% no quarto mês do ano. Face ao mês anterior, a produção industrial chinesa caiu 7,08%, destacou o GNE. O setor automóvel registou a maior contração (-43,5%).

Tommy Wu, analista da consultora Oxford Economics, assegurou que a contração da atividade económica na China, em abril, foi a mais severa, desde o primeiro trimestre de 2020, quando o país enfrentou o primeiro surto do coronavírus.

“O bloqueio prolongado de Xangai e o seu efeito cascata na China, combinados com atrasos logísticos, devido ao bloqueio de estradas em partes do país, afetaram severamente as cadeias de fornecimento domésticas”, explicou o especialista.

As vendas a retalho, o principal indicador do consumo doméstico, que já tinha contraído em março, caiu 11,1%, em termos homólogos, em abril, ultrapassando a previsões dos analistas, que apontavam uma queda de 6,6%.

O consumo tinha já contraído 3,5% em março. O valor acumulado para 2022 cai assim para -0,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A agência de estatísticas não divulgou a evolução homóloga dos activos fixos, em abril, mas antes uma comparação intermensal, que revelou uma contração de 0,82%. O sector imobiliário também sofreu, com uma queda de 2,7%, nos primeiros quatro meses do ano.

O desemprego nas áreas urbanas continuou a sofrer com a situação actual e subiu 0,3%, em abril, para 6,1%, uma taxa superior à que Pequim estipulou como limite para este ano (5,5%).

Os dados ilustram o crescente custo económico da estratégia de ‘zero casos’ da China, que procurou extinguir a doença por meio de bloqueios, testes em massa e isolamento de todos os infectados em centros de quarentena. A eliminação de infeções é uma prioridade para o Presidente, Xi Jinping, que procura obter um terceiro mandato este ano.

Nos últimos dois meses, dezenas de cidades e centenas de milhões de pessoas em toda a China foram colocadas sob bloqueios totais ou parciais, como parte de uma política que deve ter profundas ramificações para as cadeias de fornecimento globais.

O GNE assegurou que o “impacto de um ambiente internacional cada vez mais preocupante e complexo e de uma maior perturbação doméstica, devido à pandemia da covid-19, superou obviamente as expectativas”.

Apesar da “crescente pressão negativa” para a economia chinesa, a instituição garantiu que a “tendência geral de desenvolvimento de qualidade” mantém-se intacta e que as medidas adoptadas pelas autoridades vão fazer com que as contas nacionais “estabilizem” e “recuperem”.

Wu acredita que as interrupções económicas podem durar até junho, e que a retomada da actividade vai ser “muito gradual” no início, não prevendo uma recuperação realmente significativa até ao segundo semestre.

16 Mai 2022

Covid-19 | Coreia do Norte anuncia 21 novas mortes enquanto luta contra contágios

A Coreia do Norte anunciou no sábado 21 novas mortes e mais 174.440 pessoas com sintomas de febre, numa altura em que o país luta contra a propagação da covid-19.

As mortes e os novos casos, referentes a sexta-feira, elevam o número total de óbitos para 27 e de pessoas com sintomas para 524.440, desde o início de um surto de febre no país, no fim de abril.

Pyongyang disse que 243.630 pessoas já recuperaram e 280.810 permanecem em quarentena, não especificando quantos casos de febre e quantas mortes foram causadas por covid-19.

O país impôs um confinamento geral na quinta-feira, depois de confirmar as primeiras infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2, desde o início da pandemia.

Numa reunião realizada no sábado, o líder Kim Jong-un descreveu o surto como uma “enorme perturbação” histórica, e apelou à unidade entre o governo e a população, para estabilizar a situação o mais rapidamente possível.

Peritos têm dito que uma falha no controlo da propagação da doença pode trazer consequências devastadoras para a Coreia do Norte, considerando o frágil sistema de saúde e o facto de grande parte dos 26 milhões de norte-coreanos não estarem vacinados, escreveu a agência de notícias Associated Press (AP).

Pyongyang rejeitou ofertas de vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), da China e da Rússia.

Os ‘media’ oficiais apontaram, por sua vez, que amostras de vírus recolhidas no domingo de um número não especificado de pessoas com febre, na capital do país, confirmaram que estavam infetadas com a variante Ómicron. Apesar disso, até agora, a Coreia do Norte só confirmou uma morte relacionada com a covid-19.

O país relatou os primeiros casos de coronavírus na quinta-feira e, na sexta-feira, a agência oficial norte-coreana, KCNA, noticiou que Kim visitou a sede de prevenção de epidemias, onde “aprendeu sobre a disseminação do covid-19” no território, tendo indicado então que seis pessoas com uma “nova febre” tinham morrido no país.

A Coreia do Norte, que foi um dos primeiros países do mundo a fechar as fronteiras em janeiro de 2020, depois de o vírus ter surgido na vizinha China, há muito se orgulha da capacidade de manter o vírus sob controlo e, até agora, não havia relatado nenhum caso confirmado de covid-19 à OMS.

Um representante da OMS para a Coreia do Norte disse na sexta-feira que a organização ajudou Pyongyang a desenvolver um plano de vacinação no início deste ano. Na Coreia do Sul, o novo Governo do Presidente, Yoon Suk-yeol, ofereceu vacinas à Coreia do Norte, especificando, no entanto, não ainda discutido isso com Pyongyang.

15 Mai 2022

Ucrânia | Familiares de combatentes de Azovstal pedem ajuda a Xi Jinping

Familiares dos combatentes ucranianos cercados há semanas na fábrica de Azovstal, última bolsa de resistência às forças russas no porto estratégico de Marioupol, lançaram este sábado um apelo ao Presidente chinês, Xi Jinping, pedindo-lhe ajuda na evacuação.

“Há no mundo uma pessoa a quem Putin teria dificuldades em dizer não. Estamos confiantes de que a China, forte e nobre, pode tomar decisões difíceis por uma boa causa”, disse, numa conferência de imprensa em Kiev, Natalia Zarytska, mulher de um dos combatentes.

Zarytska apelou por isso a Xi Jinping para que dê provas “de uma grande sabedoria oriental e trabalhe para salvar os defensores de Marioupol”.

Numa sala com uma fotografia de Xi Jinping pendurada, a mulher citou mensagens enviadas pelo seu marido e afirmou que os russos estão a atrasar as coisas deliberadamente para prolongar “a tortura” dos combatentes.

Cerca de mil soldados ucranianos ainda nas galerias subterrâneas desta enorme siderurgia, 600 dos quais estão feridos, segundo um dos seus comandantes, são alvo de “tiros de todos os tipos de armas possíveis, desde o mar, do solo e do ar, incluindo armas proibidas”, acrescentou Zarytska.

“Não é guerra, é massacre”, afirmou.

Stavr Vychniak, pai de um soldado em Azovstal, reiterou, na mesma conferência de imprensa, que só há “um único homem no mundo” a quem podem recorrer: o líder chinês.

“Apelamos ao Presidente Xi para que tome as medidas necessárias para retirar [os combatentes], para se apresentar como mediador”, disse.

Parceiro diplomático próximo de Moscovo, Pequim está constrangido pela invasão russa da Ucrânia, mas até agora recusou-se a condená-la.

Há dias que os familiares de combatentes de Azovstal lançam pedidos de ajuda, nomeadamente à Turquia, aos Estados Unidos, ao Papa e agora à China.

O Presidente ucraniano, Volodymr Zelensky, confirmou na sexta-feira que estão em curso “negociações muito difíceis” para retirar os soldados gravemente feridos e o pessoal médico da fábrica.

A vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Verechtchouk disse na quinta-feira que Kiev negoceia com Moscovo a retirada de “38 combatentes gravemente feridos”.

“Avançamos passo a passo. (…) Não há neste momento conversações sobre a libertação de 500 a 600 pessoas”, acrescentou.

Mulheres, crianças e idosos que se tinham refugiado em Azovstal foram retirados no final de abril graças a uma operação coordenada pelas Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

15 Mai 2022

Xangai anuncia reabertura gradual do comércio

Xangai vai reabrir gradualmente o comércio a partir de segunda-feira, após semanas de um rigoroso confinamento da capital económica chinesa devido a um surto de covid-19, anunciaram as autoridades.

Centros comerciais e supermercados vão retomar a atividade e permitir aos clientes fazerem compras de forma ordenada, revelou hoje, em conferência de imprensa, o vice-presidente da Câmara de Xangai Chen Tong, citado pelo CGTN, canal em língua inglesa da estação estatal CCTV.

Por outro lado, cabeleireiros e mercados de vegetais vão abrir com uma capacidade limitada, informou o responsável.

A reabertura surge numa altura em que o número de casos de infeções de covid-19 em Xangai tem vindo a diminuir, com 1.369 novos casos positivos anunciados hoje, contra mais de 25 mil no final do mês passado.

Um surto de covid-19 em Xangai, no leste da China, levou as autoridades chinesas a impor, no final de março, um confinamento da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes.

Os moradores ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena.

O Governo chinês continua a implementar uma estratégia de ‘tolerância zero’ à doença, que inclui o isolamento dos casos positivos e o bloqueio de cidades.

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu, no início de maio, que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai “vão resistir ao teste do tempo” e prometeu combater qualquer tentativa de “distorcer, questionar e desafiar” a política de ‘zero covid’.

15 Mai 2022

Timor-Leste/20 anos: Os ‘veteranos’ portugueses há duas décadas no país

Reportagem de António Sampaio com imagens de António Cotrim, da Agência Lusa

Praticamente desde o referendo em que os timorenses escolheram a independência, em 1999, que uma pequena comunidade portuguesa, de dimensão variável ao longo dos tempos, se instalou permanentemente em Timor-Leste.

Inicialmente dominada por elementos ligados a várias facetas da cooperação portuguesa, a comunidade diversificou-se, apesar da constante presença de professores e assessores em várias áreas – da justiça à defesa.

Álvaro Antunes é um dos que vive há mais tempo em Timor-Leste, mesmo sem contar o período entre 1972 e 1975, em que esteve aqui destacado na polícia militar e se acabou por casar com a ex-deputada do PSD, Natália Carrascalão, hoje embaixadora timorense.

Regressou ao país a 27 de setembro de 1999, como um dos dois coordenadores da grande missão de cooperação inicial portuguesa e, desde aí, nunca mais saiu.

“Pediram-me para vir cá uma semana e a semana ainda não acabou”, recorda, relembrado o cheiro a queimado que encontrou quando aterrou em Díli uma semana depois da chegada da força internacional Interfet, enviada depois da violência pós-referendo.

A comunidade cresceu a chegada de emigrantes portugueses, hoje com pequenas empresas ou negócios em Timor-Leste, com jovens, em início de profissão ou ao abrigo de projetos a viajarem para o país e, depois a decidir ficar por cá.

De uma presença mais individual passou igualmente a evidenciar-se uma maior presença de famílias, algumas fruto de casamentos entre portugueses e timorenses.

Hoje, vários dos ‘veteranos’ portugueses fazem balanço dos primeiros 20 anos da vida do país em que decidiram viver e onde querem permanecer, sublinhando a relação especial que os timorenses ainda mantêm com Portugal, reconhecendo o muito que já foi feito, mas apontado o dedo a problemas que persistem em vários setores.

“Para alguém que tenha vindo em 1999 ou 2000 e se foi embora, se voltar agora vai ficar de boca aberta, não vai reconhecer isto, vai dizer que está uma maravilha”, explica Álvaro Antunes.

“Para quem vive cá, isto foi um bocadinho enfeitado, mas podia ter-se feito tanto mais. Em 20 anos pode fazer-se muita coisa, mesmo quando se tem pouco dinheiro. Não sei se é alguma inexperiência, falta de vivência de alguns líderes, da cúpula administrativa, a insularidade, que não ajuda muito”, sublinha.

Reconhece que para os mais velhos, do período da luta no mato contra a ocupação indonésia, pode ser difícil ter ideias do século 21 e nota que os mais jovens, até com formação no estrangeiro, “não são bem aproveitados”.

Falta de confiança na formação nas universidades locais, o peso da tradição em que só o liurai, o chefe tradicional, é que tinha as ideias que todos seguiam, são igualmente apontados como aspetos que condicionam o desenvolvimento.

Hoje empresário, no setor da hotelaria, nota as dificuldades de se fazer negócio, num mercado onde, em muitos casos, “há preços estapafúrdios” e falta de medidas adequadas do Governo para proteger ou apoiar empresas.

Falhanços no setor primário sem apoio a empresas que possam dar dimensão à agricultura, predominantemente de subsistência e uma ausência total de indústria a penalizarem a economia nacional.

“O comércio não precisa de tanta ajuda Tínhamos um comercio péssimo com preços altíssimos, dominado por alguns comerciantes indonésios e chineses timorense. A salvação do comercio para a população em geral foi a vinda dos comerciantes chineses. Passou a haver 10 ou 20 vezes mais lojas, 100 vezes maior variedade de produtos e a um preço que quem ganha centro e poucos dólares podem comprar”, afirmou.

Filipe Silva é outros dos mais antigos portugueses no país. Chegou a Timor-Leste em setembro de 2000 – conheceu a sua mulher, a Cândida, “nas filas das vacinas em Portugal” -, e vive “na mesma casa” há 15 anos, num bairro de Díli, com as duas filhas do casal.

Destaca as grandes mudanças em Díli, recordando a memória de quando chegou, com casas queimadas e destruídas e o contraste com a mais expandida capital – “houve uma explosão no número de pessoas a viver aqui” – e a maior oferta no retalho.

Uma das áreas onde destaca as carências é no setor educativo, com melhorias nas infraestruturas, mas carências de bons professores, com boa metodologia de ensino, agravada pelas carências na formação de docentes.

E, nesta área, sugere, por exemplo, a importância que poderia ter um projeto conjunto de cooperação da CPLP, virado em termos gerais para o setor educativo e apostando também na língua portuguesa.

Com a mais velha prestes a ir para universidade, Filipe Silva não pensa em sair de Timor-Leste: “já sou do meu bairro”, explica, “não penso na ideia de regressar”.

João Paulo Esperança, em Timor-Leste desde abril de 2001, casado com uma timorense e com quatro filhos (três nasceram aqui) e uma adotada, está para ficar, apesar de preocupações com o futuro.

“Esta é a minha casa. Sou um cidadão do mundo. Já sonhava vir para Timor-Leste antes da independência. Vim para cá, fiz família cá. A minha intenção é ficar por aqui até morrer”.

“Preocupa-me o futuro dos meus miúdos. O país vive com o dinheiro do petróleo que não sabemos quando vai terminar e não estou a ver que a economia se tenha desenvolvido para permitir que se possa viver bem em Timor-Leste sem o dinheiro do petróleo”, disse.

Fala de um contexto em que “há mais dinheiro, mas parece haver menos sonhos”, depois dos anos iniciais se pensar que as coisas em Timor-Leste poderiam ser feitas diferentes, aprendendo com erros noutras geografias.

“Hoje vejo mais desencanto, de pessoas que acham que alguns erros se deviam ter evitado, e que consideram que já passaram 20 anos algumas coisas poderiam estar a funcionar melhor, especialmente em áreas sociais, como a educação”, explicou.

As infraestruturas melhoraram, Díli cresceu imenso, mas na educação, por exemplo, o sistema “não esta a preparar os alunos para os desafios necessários”, com “miúdos que chegam ao pré-secundário e mal sabem ler e escrever”.

Melhorias na saúde, com mais médicos que nunca, mas que depois têm que trabalhar “hospitais sem material, equipamento, medicamentos, equipamento de diagnóstico”, com o hospital nacional em Díli, a continuar a ser “um desastre”.

A população jovem, distante da luta contra ocupação, e “cuja realidade do dia a dia tem a ver com outras dificuldades, nomeadamente arranjar emprego”, apesar das lideranças políticas vincarem, muitas vezes, “as questões da resistência”.

Considera haver falta de consciência crítica, em parte devido uma herança educativa herdada do período indonésio, e que educa jovens “que não conseguem articular os problemas que têm e pensar em soluções”.

15 Mai 2022