Mais de metade dos recém-nascidos são segundos filhos

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade dos bebés nascidos na China, entre Janeiro e Agosto deste ano, são segundos filhos, indicaram dados oficiais ontem divulgados, ilustrando o efeito do fim da política de “um casal, um filho”.

O vice-director da Comissão de Saúde e Planeamento Familiar da China, Wang Peian, afirmou que cerca de 52% dos 11,6 milhões de recém-nascidos, nos primeiros oito meses deste ano, têm irmão ou irmã.

A China, nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes, aboliu em 1 de Janeiro de 2016 o fim da política do filho único, passando todos os casais do país a poderem ter dois filhos.

A política do filho único estava em vigor desde 1980 e pelas contas do Governo chinês, sem esta política a China teria actualmente perto de 1.700 milhões de habitantes, dificultando a própria sustentabilidade do país.

No entanto, o rígido controlo de natalidade que vigorou durante décadas no país causou uma queda acentuada na população em idade activa.

Dados oficiais anteriores ao fim da política de filho único indicavam que em 2050, um terço da população chinesa teria 60 ou mais anos e haveria menos trabalhadores para sustentar cada reformado.

Wang Peian sublinhou que em 2016 nasceram 18,5 milhões de bebés na China, o número mais alto desde 2000, e 1,3 milhão a mais do que em 2015. Cerca de 45% dos recém-nascidos, no ano passado, são segundos filhos, disse.

O mesmo responsável afirmou que as autoridades chinesas estão a elaborar políticas fiscais, de habitação e emprego para motivarem os casais a terem uma segunda criança.

1 Nov 2017

Pequim e Lisboa assinam acordo sobre economia do mar

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal e China vão assinar esta semana um plano de acção, visando a colaboração na investigação e em projectos comerciais, no âmbito da economia do mar, avançou ontem à agência Lusa a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

“Este plano de acção prevê projectos de investigação concretos e o alargamento do entendimento e da parceria para uma verdadeira parceria azul”, disse a governante, à margem de uma missão empresarial à China.

O acordo surge na sequência de um memorando de entendimento assinado em Portugal, em Junho passado, entre Ana Paula Vitorino e o seu homólogo chinês, Wang Hong.

“Queremos alargar a nossa cooperação na área da investigação, ciência e inovação, mas também para parcerias empresarias”, afirmou a ministra portuguesa.

Pequim e Lisboa trabalharão em conjunto “numa reflexão mais aprofundada na área da governação dos oceanos a nível global”, disse.

A China investiu, nos últimos anos, em dezenas de portos de todo o mundo, desde a Austrália à Europa, convertendo os operadores portuários chineses em líderes mundiais.

Os investimentos fazem parte da nova dinâmica da diplomacia de Pequim, que desde a ascensão ao poder do Presidente Xi Jinping quebrou com a presença discreta na cena internacional, para se assumir como uma potência voltada para o exterior.

Na segunda-feira, 39 empresas portuguesas e 86 chinesas reuniram-se, na capital chinesa, à margem de um seminário dedicado à cooperação marítima entre Portugal e a China, no âmbito do projecto de infra-estruturas, ‘Uma Faixa, Uma Rota’, lançado por Xi Jinping.

O plano visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático, e inclui uma malha ferroviária de alta velocidade, portos e auto-estradas, abrangendo 65 países e cerca de 60% da população mundial.

Portos de abrigo

Ana Paula Vitorino revelou que foram feitos acordos entre empresas portuguesas e chinesas para a “formação de consórcios, para concorrerem a vários projectos de investimento que vão existir em Portugal na área portuária”.

A ministra portuguesa apontou a possibilidade de investimentos nos portos de Sines, Leixões e Lisboa e “parcerias nas áreas da biotecnologia azul, aquacultura e indústria naval”, referindo-se à “construção de plataformas para energias renováveis oceânicas ou aquacultura ‘offshore'”.

“Criaram-se ali embriões de iniciativas, que poderão dar origem a consórcios formados para este tipo de actividade”, detalhou.

Ontem, Ana Paula Vitorino reuniu-se em Pequim com o presidente do China Development Bank, a entidade bancária do Estado chinês encarregue de financiar projectos do país além-fronteiras.

A ministra portuguesa garantiu a “disponibilização” e “manifestação de interesse” do banco para financiar projectos em Portugal, no âmbito da economia do mar.

“Portugal é um ponto fundamental nas rotas norte sul do Atlântico, mas também um ponto de passagem obrigatório nas rotas este oeste”, disse sobre as mais-valias portuguesas na economia do mar.

“Estamos a falar de um país que tem tudo para ser um parceiro atractivo em matéria marítimo-portuária”, concluiu.

1 Nov 2017

Cancelados passaportes de ex-primeira-ministra tailandesa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia cancelou os passaportes da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra que fugiu do país no mês passado para escapar à pena de prisão que disse ter motivações políticas.

As embaixadas da Tailândia vão informar os governos estrangeiros que Yingluck Shinawatra já não é portadora de um passaporte tailandês, afirmou, na segunda-feira à noite, Busadee Santipitaks, porta-voz da diplomacia tailandesa.

Yingluck Shinawatra tem quatro passaportes, incluindo dois diplomáticos.

Yingluck Shinawatra, cujo governo foi deposto na sequência do golpe militar de 2014, foi condenada à revelia a cinco anos de prisão em Setembro por negligência num programa de subvenções que consistia na compra de arroz aos agricultores a preços acima dos praticados no mercado, que causou perdas milionárias durante o seu mandato (2011-2014).

A antiga chefe de Governo fugiu do país antes de conhecer o veredicto. Dias depois da leitura da sentença, o primeiro-ministro da Tailândia, o general Prayut Chan-ocha, afirmou que tinha fugido para o Dubai e que um novo mandado de captura havia sido emitido.

“Não sabemos onde ela se encontra. Algumas informações referem que está no Reino Unido”, afirmou à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Don Pramudwinai.

Teias da lei

A diplomacia tailandesa afirmou não ser raro um tailandês que tem de viajar frequentemente ser portador de múltiplos passaportes porque os pedidos de visto pode demorar semanas.

Yingluck venceu as eleições gerais de 2011, como líder de um dos partidos políticos fundados pelo irmão, Thaksin, tendo sido deposta poucos dias antes do golpe de Estado militar de Maio de 2014, na sequência de uma polémica decisão do Tribunal Constitucional.

As plataformas políticas ligadas a Thaksin, deposto em 2006, tinham vencido todas as eleições desde 2001 graças ao apoio do eleitorado rural do nordeste, apesar da oposição ligadas aos sectores monárquicos e militares do país.

Este mês foram convocadas eleições gerais para Novembro de 2018 com vista ao restabelecimento da democracia interrompida pelo golpe militar de 2014.

 Tóquio | Encontrados nove corpos desmembrados num apartamento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia japonesa encontrou nove corpos desmembrados e escondidos em congeladores num apartamento no sudoeste de Tóquio, num provável caso de assassínio em série que está a horrorizar o Japão.

As autoridades policiais estão a trabalhar para identificar os cadáveres, depois de o homem que mora no apartamento, Takahiro Shiraishi, de 27 anos, ter confessado que cortou e escondeu os corpos nos congeladores, de acordo com as informações fornecidas por um porta-voz da polícia.

Os corpos, em diferentes estágios de decomposição, foram encontrados na segunda-feira, no âmbito da investigação da polícia sobre o desaparecimento de uma mulher de 23 anos, referiu a mesma fonte.

Uma caixa de ferramentas e uma serra encontradas no apartamento de Shiraishi podem ter sido usadas para desmembrar os corpos, declarou o porta-voz da polícia.

Takahiro Shiraishi disse à polícia que desmembrou os corpos na sua casa de banho e, segundo a agência de notícias Kyodo, o homem deixou partes dos corpos em contentores do lixo.

Relatos avançados pela imprensa dizem que a mulher de 23 anos entrou em contacto com Shiraishi através do Twitter, à procura de um parceiro para cometer suicídio, já que tinha medo de morrer sozinha.

Os dois foram filmados por câmaras de segurança na estação de comboios próxima do apartamento do suspeito.

1 Nov 2017

Xi Jinping reúne com homólogo sul-coreano na próxima semana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da Coreia do Sul e da China vão reunir-se na próxima semana para tentar melhorar as relações bilaterais beliscadas pela instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano, foi ontem anunciado.

Moon Jae-in e Xi Jinping vão manter conversações à margem de um fórum regional anual que vai decorrer no Vietname, na próxima semana, afirmou Nam Gwan-pyo, responsável da presidência sul-coreana.

O encontro tem lugar no quadro dos esforços por parte de Seul e Pequim para melhorar as relações bilaterais, indicou o mesmo responsável, em declarações transmitidas pela televisão e citadas pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Em resposta à controversa instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), Pequim lançou uma retórica agressiva, argumentando que o THAAD representa uma ameaça à segurança nacional chinesa. Os negócios sul-coreanos presentes na China foram alvo de retaliações económicas.

Isto apesar de Seul e o seu principal aliado, Washington, garantirem que o sistema tem objectivos meramente defensivos e visa responder a ameaças por parte da Coreia do Norte.

O encontro com Xi Jinping vai ser o segundo desde que Moon assumiu a presidência da Coreia do Sul em Maio, depois do que teve lugar na Alemanha à margem da cimeira do G20.

1 Nov 2017

China | Nova comissão anti-corrupção criada em 2018

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim vai activar, em 2018, uma comissão anti-corrupção, paralela à do Partido Comunista da China (PCC) que puniu um milhão e meio de altos funcionários por más práticas nos últimos cinco anos, informou ontem o jornal Global Times.

A comissão nacional, que vai depender do governo em vez de estar adstrita ao PCC, vai alargar a todo o território chinês sistemas já aplicados de forma experimental em Pequim e nas províncias de Shanxi (norte) e Zhejiang (leste), de acordo com o jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do PCC.

O anúncio da nova ferramenta anti-fraude foi feito depois da primeira reunião, no domingo, da comissão de inspecção e disciplina do PCC sob a nova liderança de Zhao Leji, em substituição de Wang Qishan que, nos últimos cinco anos, foi um dos líderes mais influentes do regime.

Zhao Leji afirmou no primeiro acto público como chefe do órgão máximo anti-corrupção do partido que a campanha vai continuar durante o seu mandato, com vista à conquista de uma “vitória total” contra a fraude no seio da formação.

Zhao, de 60 anos, também se converteu na semana passada num dos sete membros do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China, encabeçada pelo Presidente do país e secretário-geral do PCC, Xi Jinping.

31 Out 2017

Ambiente | Poluição aumenta em Pequim

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] qualidade do ar na zona de Pequim-Tianji-Hebei piorou consideravelmente durante os primeiros nove meses do ano devido ao aumento dos poluentes, segundo dados do governo chinês divulgados pela agência Xinhua.

O chefe da monitorização ambiental, Liu Zhiquan, disse que as 13 cidades examinadas naquela área do norte da China registaram uma “boa” qualidade do ar em apenas 52,6% dos dias durante o período de Janeiro a Setembro, 8,7 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano anterior.

Assim, a densidade das partículas PM2,5 nessas áreas urbanas aumentou 10,3% em relação ao ano anterior e a densidade das PM10 sofreu um aumento de 10,7%.

Em Setembro, Pequim teve uma “boa” qualidade do ar em 53,3% dos dias, 13,4 pontos percentuais menos do que no mesmo mês de 2016, segundo o Ministério da Protecção Ambiental, que sublinhou que a densidade de PM10 aumentou nesse mês em 53,8%.

A nível nacional, nas 388 cidades monitorizadas houve uma “boa” ou “excelente” qualidade do ar em 19,4% dos dias correspondentes aos primeiros nove meses deste ano, um valor ligeiramente inferior ao do mesmo período de 2016.

A qualidade do ar geralmente piora no Inverno no norte da China, onde a queima de carvão usada no aquecimento agrava a situação.

31 Out 2017

China vai construir túnel mais longo do mundo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai construir o túnel mais longo do mundo, com um total de mil quilómetros, para levar água desde o Tibete para o deserto de Taklimakan, na região do Xinjiang, extremo noroeste do país.

De acordo com a edição de ontem do jornal de Hong Kong South China Morning Post, a obra vai transportar água a partir do rio Brahmaputra até Taklimakan, deserto com 270.000 quilómetros quadrados, equivalente a três vezes o território português.

A proposta foi apresentada em Março ao Governo chinês e as equipas de investigação sobre o projecto integraram mais de 100 cientistas chineses, indicou o jornal.

De acordo com Zhang Chaunqing, investigador da Academia de Ciências chinesa, citado pelo diário, Pequim vai adoptar o projecto de forma faseada.

Obras em curso

Em Agosto passado, a China começou a construir um outro túnel, que terá 600 quilómetros, e vai demorar oito anos a concluir, em Yunnan, província no extremo sudoeste do país, que faz fronteira com Laos, Birmânia e Vietname.

A construção desta infra-estrutura, para circulação de comboios de alta velocidade, vai servir de ensaio aos métodos de engenharia que serão utilizados no futuro túnel entre as regiões do Tibete e Xinjiang.

O planalto do Tibete impede que a chuva trazida pela monção desde o oceano Índico alcance Xinjiang, região rodeada a norte pelo deserto de Gobi e a sul pelo Taklimakan, inviabilizando assim a actividade humana em 90% do território.

A primeira vez que se estudou a possibilidade de transportar água desde o Tibete para Xinjiang foi durante a dinastia Qing, no século XIX, mas o projecto nunca avançou, devido aos custos elevados, impactos ambientais e potenciais protestos dos países vizinhos.

O planalto do Tibete é uma das regiões do mundo com mais actividade sísmica.

31 Out 2017

Coreia do Norte | Pyongyang diz que vai lançar mais satélites

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte garantiu ontem que vai lançar mais satélites, apesar da pressão internacional, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento económico em virtude do “direito de explorar o Espaço” como nação soberana.

Pyongyang considerou que “promover o desenvolvimento económico através do desenvolvimento espacial” tem-se transformado “numa tendência internacional”, pelo que, à luz do plano quinquenal sobre a matéria, irá proceder ao lançamento de mais satélites, incluindo um geoestacionário, de acordo com um artigo publicado pelo jornal oficial Rodong Sinmun.

O regime norte-coreano acusou Washington de obstaculizar tanto o seu programa espacial como o de países em vias de desenvolvimento, por via da imposição de “condições irracionais para impedir que concretizem as suas ambições” espaciais.

“Manipular as resoluções de sanções da ONU e impedir o desenvolvimento espacial de um Estado soberano legítimo constituem um acto inaceitável e uma violação dos seus direitos ao desenvolvimento”, referiu o mesmo texto citado pela agência de notícias espanhola Efe.

O país asiático colocou em órbita dois satélites, o Kwangmyongsong-1 (Estrela Brilhante-1, nome que faz referência ao falecido Kim Jong-il, pai do actual líder) em Agosto de 1998. Em Fevereiro de 2016, lançou o Kwangmyongsong-4.

Enquanto Pyongyang reivindica o direito ao desenvolvimento espacial com fins pacíficos, a maioria da comunidade internacional vê neste tipo de lançamentos um teste encoberto e ilegal de mísseis de longo alcance, dado que a tecnologia dos seus foguetões é idêntica à dos mísseis balísticos intercontinentais

31 Out 2017

China | Cooperação marítima “essencial” na colaboração com Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director da Administração do Oceano do Estado chinês (SOA), Wang Hong, disse ontem que a cooperação marítima é “parte essencial” da colaboração entre Portugal e a China, apontando o novo perfil da diplomacia chinesa.

“O oceano é uma porta importante para a China abraçar todo o mundo”, lembrou Hong, durante um seminário em Pequim, que contou com a presença da ministra do Mar portuguesa, Ana Paula Vitorino.

Vitorino encontra-se numa visita de oito dias à China, com uma comitiva que inclui 39 empresas portuguesas.

Wang Hong afirmou que o “Governo chinês está disposto a definir um novo quadro de parceria azul com diferentes países”, visando uma globalização económica “mais aberta, exclusiva e benéfica para todos”.

Pequim investiu nos últimos anos em dezenas de portos por todo o mundo, desde a Austrália à Europa, convertendo os operadores portuários chineses em líderes mundiais.

Em 2015, quase dois terços dos 50 maiores portos de contentores do mundo tinham recebido investimento chinês, segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Financial Times.

Os investimentos fazem parte da nova dinâmica da diplomacia da China, que desde a ascensão ao poder do Presidente Xi Jinping quebrou com a presença discreta na cena internacional, para se assumir como uma grande potência, pronta a intervir nas questões globais.

Grande plano

O seminário de ontem foi dedicado à cooperação marítima entre Portugal e a China no âmbito de um gigante projecto de infra-estruturas lançado por Xi, que coloca a China no centro da futura ordem mundial.

Designado ‘Faixa e Rota’, o plano visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Inclui uma malha ferroviária de alta velocidade, portos e auto-estradas, e vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas – cerca de 60% da população mundial.

Portugal já afirmou por várias vezes a intenção de integrar a iniciativa, com a inclusão do porto de Sines.

Na sua intervenção, Ana Paula Vitorino lembrou que “Portugal se quer afirmar como um ‘hub’ logístico e global na área atlântica” e “duplicar o valor da economia azul”, para passar a figurar entre as cinco economias do mundo em que as actividades marítimas têm maior peso no conjunto da economia.

“Somos um pequeno país em área imersa e um grande país já hoje em toda a área sob soberania nacional”, disse.

31 Out 2017

PCC exalta Presidente Xi Jinping como pensador marxista

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Comunista Chinês (PCC) elogiou ontem Xi Jinping como um “pensador marxista”, parte da intensa propaganda em torno da imagem do Presidente da China difundida pelo regime no arranque do seu segundo mandato.

O partido acrescentou o nome de Xi à constituição da formação política esta semana, numa decisão que o porta-voz do PCC Wang Xiaohui justificou pela sua “enorme contribuição” para a ideologia da organização.

A propaganda oficial tem promovido a imagem pessoal de Xi com uma intensidade inédita desde Mao Zedong, o fundador da República Popular, levando alguns analistas a sugerir que Xi está a construir um culto de personalidade ao estilo de Mao.

Wang rejeitou essa possibilidade, afirmando que Xi é o núcleo de uma liderança colectiva, e não um homem-forte isolado.

Xi Jinping, 64 anos, tornou-se esta semana no terceiro líder a acrescentar o seu nome à constituição do PCC, depois de Mao e Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que transformaram a China.

A referência à Teoria de Deng Xiaoping foi acrescentada apenas após a sua morte. Antes de Xi, apenas Mao teve o seu nome inserido na constituição do partido ainda em vida.

“Usar os nomes de líderes do partido para teoria ou orientação ideológica é uma prática comum no movimento comunista internacional. Por exemplo, Marxismo, Leninismo, ou no nosso país o Pensamento de Mao Zedong ou a Teoria de Deng Xiaoping”, disse Wang Xiaohui, numa conferência difundida pela televisão.

Nome do saber

“O ‘socialismo com características chinesas numa nova era’ é a cristalização da sabedoria do partido e das massas”, acrescentou.

Wang lembrou que “[Xi] fez uma contribuição significativa para a criação desta teoria” e que, “por isso, o uso do seu nome é merecido”.

Termos associados aos antecessores de Xi – Jiang Zemin e Hu Jintao – foram acrescentados à constituição do partido, mas nenhum teve o seu nome mencionado.

Xi é o secretário-geral, Presidente e comandante-chefe das forças armadas chinesas, sendo o líder chinês que mais poderes acumulou desde Deng.

A sua campanha anticorrupção puniu 1,5 milhões de membros do partido, incluindo altas patentes do exército e um antigo membro do Comité Permanente do Politburo, afastando rivais políticos e possíveis sucessores.

O segundo mandato permitirá a Xi governar até 2022, mas a ausência de um sucessor óbvio entre a nova cúpula do regime leva observadores a apontarem que este tentará ficar no poder além dessa data, algo inédito na China nos últimos vinte anos.

27 Out 2017

Governo diz que Gui Minhai deixou o país após ser libertado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês assegurou ontem que o activista e livreiro sueco de origem chinesa Gui Minhai deixou o país, após ter sido libertado na semana passada, enquanto a família diz desconhecer o seu paradeiro.

“Gui Minhai deixou o país após ter sido libertado, depois de dois anos preso por causar acidentes de trânsito”, afirmou em conferência de imprensa um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.

Gui Minhai, de 53 anos, é um dos cinco livreiros da “Mighty Current” – editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses -, que desapareceram no final de 2015.

Gui desapareceu quando passava férias na Tailândia, tendo aparecido mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se entregou às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.

O Governo sueco anunciou na terça-feira que as autoridades chinesas confirmaram a libertação do activista.

A sua filha, Angela Gui, não confirmou, no entanto, a libertação do pai, afirmando que não foi ainda contactada por ele.

“Nem eu, nem nenhum dos membros da minha família, ou algum dos seus amigos, fomos contactados” afirmou Angela Gui, em comunicado.

“Ainda não sabemos onde ele está. Estou profundamente preocupada com a sua saúde”, disse.

O consulado da Suécia em Xangai informou esta segunda-feira ter recebido uma “chamada estranha” de alguém que dizia ser livreiro e afirmou que iria pedir um passaporte sueco dentro de um ou dois meses, mas que antes queria passar tempo com a sua mãe, que estava doente.

Angela desmentiu, entretanto, essa possibilidade.

26 Out 2017

Encerradas 2.802 minas de carvão nos últimos cinco anos 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de 2.802 minas de carvão foram encerradas na China, nos últimos cinco anos, para combater a poluição e fomentar o crescimento sustentável, informou ontem a Associação Nacional de Carvão do país.

Entre 2012 e 2016, o número de produtores de carvão passou de 7.869 a 5.067 e o Governo chinês estima que até ao final deste ano sejam encerradas mais mil minas, distribuídas por doze regiões do país.

Nos primeiros sete meses do ano, a capacidade produtiva do país reduziu-se em 128 milhões de toneladas de carvão, o equivalente a 85% da meta anual fixada pelo Governo.

Na última conferência de empresários das economias do G20, celebrada em Hamburgo, na Alemanha, em Julho passado, Xi Jinping reconheceu que o modelo económico da China não é sustentável e anunciou várias reformas para o sector do carvão.

Quase dois terços da energia consumida na China assenta na queima do carvão. A China é o maior emissor mundial de gases poluentes.

O Presidente chinês apontou como meta reduzir em 500 milhões de toneladas a capacidade de produção do país, através do encerramento de minas, e outros 500 milhões de toneladas através de reestruturações.

Apesar dos esforços de Pequim para reduzir o consumo de carvão e melhorar a eficiência no uso de energias renováveis, as grandes produtoras de carvão reportaram lucros, na primeira metade do ano, de 147.480 milhões de yuan, segundo a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento.

26 Out 2017

Daniel Russel | Washington não vai sacrificar Taiwan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos “não vão sacrificar os interesses de Taiwan” em troca de melhores relações com a China, afirmou ontem, em Taipé, o ex-subsecretário de Estado adjunto para a Ásia Oriental e Pacífico.

Daniel Russel, que se encontra em visita à ilha, fez estas declarações após as recentes palavras do Presidente chinês, Xi Jinping, contra a independência da ilha, durante o XIX Congresso do Partido Comunista, e nas vésperas da deslocação à China do Presidente de Estados Unidos, Donald Trump.

Quanto ao papel da China em relação a Washington e Taipé, Russel disse que o país asiático adquiriu nos últimos anos uma força económica e activismo internacional sem precedentes.

No entanto, as fortes relações e interesses partilhados entre Taiwan e Estados Unidos “garantem que as melhorias nas relações entre os Estados Unidos e a China não serão feitas à custa de Taiwan”, disse Russel, que foi secretário de Estado adjunto até Março.

Apesar das alterações na administração norte-americana, o que não mudou “é o interesse permanente dos Estados Unidos no êxito contínuo, prosperidade e a autodeterminação do povo de Taiwan”, acrescentou o antigo responsável norte-americano para a diplomacia na Ásia.

Parceiro de força

Os Estados Unidos são o principal garante da segurança de Taiwan, com a qual está comprometido por um acordo de 1979, e é um dos seus principais parceiros económicos.

Em Taiwan, perante o crescente poder económico e militar da China e a intensificação da intimidação militar e o cerco diplomático à ilha, teme-se que Washington utilize Taipé como carta de negociação com Pequim.

Em especial, há receios de que Trump assine um novo comunicado conjunto com a China, tal como sugerem estrategas norte-americanos como Henry Kissinger, que manteve recentes contactos com o Presidente do seu país.

Na passada semana, o porta-voz diplomático de Taiwan Andrew Lee afirmou que Washington garantiu que não assinará um quarto comunicado conjunto com a China, depois dos subscritos em 1972, 1979 e 1982.

26 Out 2017

PCC | Presença feminina continua a ser irrelevante

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cúpula do Partido Comunista Chinês (PCC) continua a ter uma presença feminina irrelevante, mesmo após a sua renovação, com apenas uma mulher entre os 25 membros do Politburo. Sun Chunlan, dirigente do sindicato único do regime, é a única mulher que integra a nova formação do Politburo do PCC, escolhida durante o XIX Congresso do partido. A formação anterior contava com duas mulheres. Já o Comité Permanente do Politburo, composto pelos sete líderes máximos do regime, não inclui nenhuma mulher, prolongando uma tendência que perdura desde a fundação da China comunista, em 1949. No Comité Central do partido, apenas dez dos 205 membros são mulheres. Apesar de Xi ter defendido em várias ocasiões o seu compromisso com a igualdade de género, os altos cargos do regime continuam a ser exclusivamente ocupados por homens.

Rússia | Putin felicita Presidente pela reeleição

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente russo, Vladimir Putin, felicitou ontem o seu homólogo chinês, Xi Jinping, pela sua reeleição como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), anunciou o Kremlin num comunicado. Na mensagem, Putin afirma que “os resultados da votação confirmaram plenamente a autoridade política de Xi Jinping e o amplo apoio à sua política de desenvolvimento socioeconómico da China e de fortalecimento das suas posições internacionais”. O Presidente russo disse-se convicto de que as decisões do “verdadeiro acontecimento histórico” que foi o XIX Congresso do PCC vão contribuir para fortalecer as relações de “associação integral e de confiança” entre a Rússia e a China.

Imprensa | Criticado “veto” a meios de comunicação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Clube de Correspondentes Estrangeiros na China alertou ontem que vários órgãos de comunicação, como a BBC ou o Financial Times, foram excluídos da apresentação da nova cúpula do regime chinês, no encerramento do XIX Congresso do Partido Comunista. “Vários órgãos de imprensa estrangeiros foram excluídos de cobrir a conferência de imprensa do Comité Permanente do Politburo”, destacou em comunicado a organização. Entre os meios que não conseguiram aceder ao evento constam o canal de televisão BBC e os diários The Economist, Financial Times, The Guardian e The New York Times. Segundo a organização, aqueles meios “terão sido escolhidos para enviar um aviso” aos restantes. O Clube de Correspondentes Estrangeiros adverte que restringir o acesso à informação, como forma de punir jornalistas por estes cobrirem temas que o Governo não aprova, “é uma grave violação dos princípios de liberdade de imprensa”. Na apresentação do novo Comité Permanente do Politburo, o Presidente chinês, Xi Jinping deu as boas-vindas aos jornalistas para cobrirem o desenvolvimento chinês, de forma “objectiva” e “construtiva”.

26 Out 2017

Xi Jinping revela composição da cúpula do regime

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, apresentou ontem aos jornalistas os novos membros da cúpula do poder chinês, que o acompanharão durante um segundo mandato, cuja agenda inclui erradicar a pobreza e aumentar a influência internacional do país.
Durante o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), Xi obteve um segundo mandato de cinco anos e viu o seu estatuto elevado para o nível de Mao Zedong e Deng Xiaoping, ao incluir o seu nome e teoria na constituição do partido.
Na prática, a inclusão do “pensamento de Xi Jinping” nas directrizes da organização torna qualquer oposição a este no equivalente a um ataque ao próprio PCC. Xi isola-se assim de disputas entre facções rivais do partido.
Perante centenas de jornalistas chineses e estrangeiros, no Grande Palácio do Povo, Xi Jinping prometeu continuar a reformar o PCC, para que este “continue a ser o motor de progresso e desenvolvimento” da China.
“A História torna bastante claro que o PCC é capaz não só de conduzir uma grande revolução, mas também impor uma grande reforma sobre si mesmo”, afirmou XI. “Como o maior partido político do mundo, o PCC deve agir de acordo com o seu estatuto”.
“Devemos eliminar qualquer vírus que corroa a estrutura do partido”, acrescentou Xi Jinping, cuja campanha anticorrupção puniu já 1,5 milhão de membros do partido, incluindo altas patentes do exército e um antigo membro do Comité Permanente do Politburo.

Objectivos definidos

O Partido Comunista Chinês (PCC) celebra cem anos desde a sua fundação em 2021. Xi Jinping estabeleceu como meta para esse ano a erradicação da pobreza na China
“Devemos ser uma sociedade que é desfrutada por todos nós, no caminho da prosperidade comum, ninguém deve ser deixado para trás”, afirmou o secretário-geral do PCC.
Para além de Xi, apenas o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, renovou o seu mandato de cinco anos como membro do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China, que é composto por sete membros.
Zhao Leji, que até à data foi chefe do Departamento de Organização do Partido, foi nomeado para dirigir a poderosa Comissão Central de Inspecção e Disciplina do PCC, o órgão máximo anticorrupção do partido.
Xi, filho de um antigo vice-primeiro-ministro, descreveu a sua teoria como central para a China assegurar “uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos”, até meados deste século.
No núcleo desta visão está o PCC, que mantém controlo absoluto sobre tudo, desde os padrões morais dos chineses à defesa da segurança do país.

Sem sucessão

A nova formação do Politburo inclui membros associados aos antecessores de Xi, Jiang Zemin e Hu Jintao, contrariando a análise de que o actual Presidente chinês iria preencher os cargos mais importantes do regime com homens da sua confiança.
Entre os cinco novos membros, apenas Zhao e Li Zhanshu são vistos como próximos do Presidente.
No entanto, observadores notam que nenhum dos novos membros da cúpula do regime surge em posição para ser sucessor de Xi na liderança do partido.
Para Joseph Fewsmith, um especialista em política chinesa da Universidade de Boston, a ausência de um sucessor óbvio revela as ambições de Xi para além dos dois mandatos.
“Sugere que Xi terá um terceiro mandato e que nomeará o seu próprio sucessor. Isso já não acontecia há 20 anos”, lembrou Fewsmith.

26 Out 2017

Filipinas | Rússia doa cinco mil espingardas no combate ao Estado Islâmico

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo da Rússia doou ontem 5.000 espingardas Kalashnikov e 20 veículos militares às Filipinas para a luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), numa cerimónia em Manila liderada pelo Presidente, Rodrigo Duterte.

O Presidente filipino presenciou a assinatura do contrato de entrega às forças armadas das Filipinas do lote de equipamento militar russo, que também inclui um milhão de cartuchos de munições e 5.000 capacetes de aço.

O ministro da Defesa filipino, Delfín Lorenzana, disse tratar-se de “uma doação sem custo” e que o Governo russo “quer ajudar” as Filipinas “a combater o terrorismo, porque também lutam contra o terrorismo no seu país e ajudam na luta global contra o terrorismo”.

A doação chegou um dia depois do acordo de cooperação técnica militar selado por Lorenzana e pelo homólogo russo, Sergey Shoygu, no âmbito de uma reunião de ministros de Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), realizada em Clark, a cerca de 100 quilómetros a norte de Manila.

Pelo acordo firmado na terça-feira ambos países cooperaram na “investigação, apoio à produção e possível intercâmbio de peritos e formação de tropas para programas conjuntos”, de acordo com o comunicado oficial.

Desde que chegou ao poder em Junho de 2016, o Presidente de Filipinas apostou em distanciar-se do tradicional aliado, os Estados Unidos, especialmente no âmbito militar, e aproximar-se à China e Rússia tanto na defesa como nas áreas diplomática e económica.

26 Out 2017

Congresso do Partido Comunista Chinês reforça posição de Xi Jinping

Com agências

A mais importante reunião política chinesa terminou ontem com a consagração de Xi Jinping como um dos líderes mais poderosos desde a fundação da República Popular da China. Até 2022, o secretário-geral com mais poder desde Mao Zedong terá de lidar com o envelhecimento populacional, o abrandamento da economia e a consolidação dos interesses chineses no panorama internacional.

Depois de um século de humilhação para o povo chinês, o país que hoje tem cerca de 18 por cento da população mundial encontra-se num patamar de destaque económico e militar como nunca teve no passado. Xi Jinping é o líder que personifica o grande salto para a prosperidade chinesa e, como tal, não foi surpresa que o seu cargo à frente da República Popular da China tenha sido revalidado por mais cinco anos.

Ontem foi introduzido na constituição chinesa o nome e a teoria do actual secretário-geral confirmando o seu estatuto como mais poderoso líder chinês das últimas décadas. O conceito de Xi – “socialismo com características chinesas para uma nova era” – foi acrescentado à constituição do Partido Comunista Chinês (PCC) no encerramento do Congresso do partido, que se realiza a cada cinco anos.

“O povo e a nação chinesa têm um grande e brilhante futuro pela frente”, afirmou Xi aos delegados do partido, no encerramento do Congresso. “Neste grande momento, sentimo-nos mais confiantes e orgulhosos. E simultaneamente, sentimos o grande peso da responsabilidade”, disse.

A inclusão do pensamento de Xi é vista como uma ruptura com o período de reformas económicas, introduzido por Deng Xiaoping, no final dos anos 1970, e prolongado pelos sucessores Jiang Zemin e Hu Jintao.

Num sinal da crescente influência de Xi Jinping, o seu nome foi incluído também na constituição, elevando-o ao estatuto de Deng Xiaoping e de Mao Zedong, fundador da República Popular da China. “Em todos os aspectos, a era de Xi Jinping começou a sério”, afirmou o comentador político Zhang Lifan, em Pequim. “Apenas o nome de Mao foi consagrado na ideologia do partido ainda vivo. Estamos a tocar em algo novo aqui”.

Durante séculos, os imperadores chineses participaram de rituais que assinalavam se estes eram sucessores de uma linha dinástica ou fundadores de uma nova dinastia. O que Xi conseguiu esta semana é o equivalente moderno do segundo, destacou Zhang. “Ele quer fazer parte daquele panteão de líderes”, disse, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).

Escrito na pedra

A constituição do partido foi também emendada para incluir referências à liderança absoluta do PCC sobre as forças armadas e a promoção da Nova Rota da Seda, o gigante plano de infra-estruturas lançado por Xi, que visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

A decisão de incluir o pensamento de Xi nas directrizes do partido surge cinco após a sua ascensão ao poder, mais cedo do que os antecessores. No caso de Jiang e Hu, as suas teorias foram incluídas nos estatutos do PCC quando estes se estavam já a retirar.

Arnaldo Gonçalves entende que, com este congresso, Xi vê a liderança legitimada no seio do partido, destacando o seu carisma. O especialista em assuntos internacionais vê em Xi Jinping um político com uma “enorme capacidade de trabalho, que gosta de ter o controlo das rédeas de todos os dossiers”. Uma questão de estilo de governação que difere, por exemplo, de Hu Jintao, que durante o seu consolado tinha o primeiro-ministro à frente da comissão de coordenação da política económica.

Xi descreveu a sua teoria como central para a China assegurar “uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos”, até meados deste século. No núcleo desta visão está o PCC, que mantém controlo absoluto sobre tudo, desde os padrões morais dos chineses à defesa da segurança do país.

O secretário-geral apontou 2049, centenário da fundação da República Popular, para que a sociedade chinesa seja moderna e próspera.

Xi Jinping, na sessão de encerramento do congresso declarou o fim, “de uma vez por todas”, da luta do povo chinês contra a miséria da velha China que foi humilhada por agressores estrangeiros desde a guerra do ópio de 1840, saindo completamente de uma posição de fraqueza e pobreza.

Hoje em dia a China é a segunda maior economia mundial. Porém, continua na 79.ª posição em termos de Produto Interno Bruto por habitante, segundo o Fundo Monetário Internacional.

Novos rostos

Os 2.287 delegados que marcaram presença no Congresso, oriundos das 31 províncias chinesas, Governo, exército, empresas estatais e organizações populares, escolheram, num processo secreto, os cerca de 200 membros permanentes do Comité Central, assim como 150 rotativos, de entre 400 candidatos.

Os novos membros do Politburo e do Comité Permanente do Politburo, eleitos pelo Comité Central são conhecidos hoje.

A renovação da orgânica do partido teve um aspecto menos positivo para muitos analistas, entre os quais Arnaldo Gonçalves. “A direcção do partido não tem mulheres, talvez esse seja o ponto mais crítico e acho que já era tempo de a China dar um sinal de renovação nesse aspecto”, comenta.

Os novos membros da cúpula partidária formarão a primeira linha de defesa do pensamento de Xi Jinping. A nova era de socialismo chinês fará parte da cartilha aprendida pelos estudantes chineses, representando o terceiro capítulo da história política chinesa depois união promovida por Mao na sequência da devastação provocada pela guerra civil e o crescimento económico que foi a prioridade do consulado de Deng Xiaoping.

Xi Jinping vem aprofundar estes desígnios, ao mesmo tempo que procura estabelecer uma maior e musculada disciplina interna e um maior relevo no plano internacional.

O secretário-geral promete nos seus pensamentos para a nova era “a vida harmoniosa entre Homem e natureza”, o que parece inferir uma maior atenção à conservação ambiental. Algo que não é de estranhar face ao posicionamento da China no sector das energias renováveis.

Outro dos ênfases no pensamento de Xi refere-se à “absoluta autoridade do partido sobre as forças armadas”, uma posição que muitos analistas consideram poder indicar a reforma de um número considerável de oficiais militares seniores.

De Pequim a Macau

Outro dos destaque dos pensamentos de Xi prende-se com a questão da política “um país, dois sistemas” e a reunificação com a mãe China. Neste aspecto, Arnaldo Gonçalves prevê que se estreite o controlo por parte de Pequim às regiões administrativas especiais. “Devemos assistir à definição de prioridades concretas apontadas por Xi Jinping às regiões administrativas, como faz com as províncias”.

O analista entende que os Chefes de Executivo de Macau e Hong Kong vão ter um menor espaço de manobra do que tiveram até agora, tendo de prestar contas com maior frequência do que o habitua.

“Ele tem a visão de Macau e Hong Kong já integrados no conjunto de objectivos económicos e políticos da República Popular da China”, comenta Arnaldo Gonçalves, acrescentando que apesar de não ter anunciado “Xi Jinping tem uma visão muito abreviada do período de transição”.

O especialista em política internacional perspectiva o encurtamento deste prazo para a transição.

Face a esta realidade, as questões sobre o futuro das regiões administrativas especiais acumulam-se. Será que vão ser integradas como municipalidades da província de Guangdong? Como se vai processar a selecção dos líderes locais? Como serão realizadas as eleições?

Sejam quais forem as respostas, vão implicar alterações de fundo nas vidas políticas de Hong Kong e Macau.

25 Out 2017

Libertado livreiro sueco de origem chinesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades suecas anunciaram ontem que a China libertou Gui Minhai, um cidadão sueco de origem chinesa, que trabalhava numa editora de Hong Kong especializada em rumores sobre os líderes chineses.

“Fomos informados pelas autoridades chinesas de que ele foi libertado”, afirmou à agência France-Presse a porta-voz do ministério sueco dos Negócios Estrangeiros, Sofia Karlberg.

Gui Minhai desapareceu em Outubro de 2015, quando passava férias na Tailândia, tendo aparecido mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se entregou às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.

A sua filha, Angela Gui, não confirmou, no entanto, a libertação do pai, afirmando que não foi ainda contactada por ele.

“Nem eu, nem nenhum dos membros da minha família, ou algum dos seus amigos, fomos contactados” afirmou Angela Gui, em comunicado.

“Ainda não sabemos onde ele está. Estou profundamente preocupada com a sua saúde”, disse.

Gui Minhai, de 53 anos, é um dos cinco livreiros da “Mighty Current” – editora conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses -, e que desapareceram no final de 2015.

25 Out 2017

Hong Kong | Dois activistas presos em Agosto saem sob caução

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois activistas de Hong Kong foram ontem libertados sob caução depois de o tribunal ter deferido os recursos das respectivas sentenças por um protesto que iniciou a ocupação das ruas em 2014 em defesa do sufrágio universal.

O Tribunal de Última Instância pronunciou-se a favor de Joshua Wong e Nathan Law, de acordo com uma publicação na página do Facebook do seu partido político (Demosisto) e segundo a imprensa local.

Os dois activistas passam agora a estar obrigados a apresentarem-se à polícia uma vez por semana e a entregarem os documentos de viagem. Os recursos vão ser analisados a 7 de Novembro.

Um terceiro líder estudantil, Alex Chow, que também foi condenado e preso pelo mesmo caso não recorreu da sentença.

A estação pública Rádio e Televisão de Hong Kong (RTHK) noticiou que o juiz Geoffrey Ma, que preside ao Tribunal de Última Instância, requereu uma caução de 50.000 dólares de Hong Kong a cada um dos activistas.

Dezenas de apoiantes esperaram pelos dois jovens no exterior do tribunal, onde também estava instalado um grande aparato mediático.

Joshua Wong, de 21 anos, e Nathan Law, de 24 anos, foram condenados em Agosto a seis e a oito meses de prisão, respectivamente, uma sentença agravada após um recurso do Departamento de Justiça de Hong Kong da decisão judicial de há um ano.

Na mesma decisão de Agosto foi também condenado o antigo dirigente da federação de estudantes Alex Chow (27 anos) a sete meses de prisão.

O recurso interposto pelo Governo teve lugar depois de Wong e Law já terem cumprido o serviço comunitário a que tinham sido sentenciados no ano passado. Alex Chow tinha sido condenado a três semanas de prisão, mas com pena suspensa.

Revolução falhada

A prisão de Wong, Chow e Law pelos seus papéis no movimento ‘Occupy’, que ficou conhecido como ‘Umbrella Revolution’ [revolução dos guarda-chuvas] em Hong Kong desencadeou protestos na cidade e também a nível internacional.

Os activistas Wong e Law recorreram das respectivas sentenças menos de um mês depois de terem sido presos em Agosto.

Wong e Chow tinham sido previamente declarados culpados de assembleia ilegal e Law, também de incitar outros a participar em assembleia ilegal, por invadirem uma área no exterior da sede do governo, e Conselho Legislativo, conhecida como Praça Cívica, no âmbito de um protesto a 26 de Setembro de 2014.

Este protesto marcou o início da ocupação das ruas em Hong Kong em 2014, uma acção que se estendeu por 79 dias, para exigir o sufrágio universal na eleição para o chefe do Executivo.

As imagens da ‘revolução dos guarda-chuvas’ correram mundo, mas o movimento falhou.

Os democratas não conseguiram que Pequim abdicasse da pré-selecção dos candidatos e rejeitaram a proposta de reforma política, mantendo o método de voto como estava.

A eleição para o chefe do Executivo continuou este ano a ser realizada por um colégio eleitoral de apenas 1.200 membros.

Desde então não foram poucos os tumultos a que a cidade assistiu, desde o desaparecimento de cinco livreiros que publicavam livros críticos do regime chinês, passando pelo emergir de movimentos independentistas e pela interferência de Pequim para afastar do cargo dois deputados eleitos pela população.

Nathan Law, que se tornou o mais jovem deputado eleito em Setembro de 2016, foi um dos seis deputados desqualificados nos últimos meses pela forma como prestaram juramento no parlamento da cidade.

25 Out 2017

Investigação | Após décadas a copiar, a China aposta na inovação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China passou a proteger a propriedade intelectual à medida que aposta na inovação depois de, durante décadas, ter feito da usurpação de ‘know-how’ parte do seu modelo de desenvolvimento, afirma a investigadora brasileira Rosana Machado.

“A China não defende mais a infracção da propriedade intelectual, porque quer ser uma potência inovadora”, diz a autora do livro “Counterfeit Itineraries in the Global South: the human costs of piracy in China and Brazil”, publicado este Verão.

Rosana Machado foi professora de Desenvolvimento Internacional na Universidade de Oxford e investigadora do Centro de Estudos Chineses em Harvard, universidade na qual tirou um pós-doutoramento em propriedade intelectual.

Empresas europeias e norte-americanas há várias décadas que acusam empresas chinesas de pirataria e roubo de tecnologia. O país asiático é visto como um centro mundial de espionagem industrial mas quer agora transformar-se numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Durante o discurso inaugural do XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que ontem chegou hoje ao fim (ver grande plano), o secretário-geral da organização, Xi Jinping, definiu como meta tornar a China num “país de inovadores”, até 2035.

No seu mais recente livro, Rosana Machado estabelece uma comparação entre a forma como o Brasil e a China reagiram à pressão dos Estados Unidos para combater as infracções de propriedade intelectual.

“A China defendeu que [a usurpação de ‘know how’] era importante para os primeiros anos do seu desenvolvimento e o Brasil colocou a polícia para proibir a economia informal”, afirma.

“O Brasil gastou mais a proteger a propriedade intelectual do que perdeu com o contrabando e marginalizando os seus pobres, enquanto a China não”, acrescenta.

Para Rosana Machado, Pequim tomou a “decisão correta”.

“A propriedade intelectual é um sistema hegemónico de protecção muito questionável” e não é condição de produção de inovação, afirma.

“Existe no âmbito académico sobre propriedade intelectual a tese de que a abertura do conhecimento gera inovação”, explica.

No entanto, a investigadora diz que “hoje, a China está a adoptar um modelo parecido com o norte-americano”, ao reforçar a protecção da propriedade intelectual, à medida que se torna uma potência inovadora.

“A China hoje tenta colocar-se como uma potência da propriedade intelectual”, diz.

Rota asiática

Rosana Machado começou a estudar a China no final dos anos 1990, atraída pelo impacto na economia informal brasileira dos produtos baratos chineses que então começaram a chegar ao país.

Durante dez anos, seguiu a rota dessas mercadorias e, a partir de 2003, começou a visitar anualmente a China, onde conheceu as fábricas e trabalhadores por detrás do ‘boom’ que tornou o país asiático na maior potência comercial do planeta.

Nos últimos três anos deixou de ir à China e, quando aterrou em Pequim, em Setembro passado, admite ter ficado “chocada”.

“A cidade está muito mais limpa e organizada”, diz.

A modernização da China, no entanto, não implica maior liberdade política, com o PCC a não abdicar do controlo da economia e sociedade.

“O que nunca mudou na China ao longo da História é a maneira como a liderança política controla ideologicamente a cultura chinesa”, afirma, apontando “o uso do confucionismo para a manutenção da autoridade ao longo de 3500 anos”.

“As pessoas são modernas e extremamente ligadas ao partido”, afirma Rosana, que tem um outro livro, intitulado “China – Passado e Presente – Um Guia Para Compreender a Sociedade Chinesa”, publicado em 2013.

“A gente não consegue pensar a China no nosso ‘mindset’ ocidental”, conclui.

25 Out 2017

Filipinas | Exército toma edifício controlado por extremistas islâmicos

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilitares filipinos tomaram um edifício na cidade de Marawi que era controlado por grupos afiliados ao radical Estado Islâmico, e encontraram cerca de 40 cadáveres de homens armados no interior do prédio, foi ontem noticiado.

A informação foi dada à agência noticiosa Associated Press (AP) por dois militares, que pediram o anonimato por não estarem autorizados a divulgar os últimos desenvolvimento em Marawi, onde as forças do governo começaram uma retirada gradual, à medida que os confrontos diminuíram consideravelmente nos últimos dias.

No domingo, fontes militares disseram que o exército filipino estava a lutar contra uma dezena de extremistas islâmicos em Marawi, naquela que podia ser a última operação contra o Estado Islâmico (EI) na cidade, um conflito que começou há cinco meses.

O porta-voz das Forças Armadas, Restituto Padilla, disse que pelo menos dois estrangeiros poderiam fazer parte do último grupo rebelde que está entrincheirado em cinco edifícios daquela cidade do sul do país.

O porta-voz acrescentou que os extremistas mantêm pelo menos uma dezena de reféns, mas acrescentou que estão “encurralados” e sem influência sobre o resto da cidade.

O conflito em Marawi matou mais de mil pessoas, incluindo 897 rebeldes, 164 soldados e 47 civis, e 395 mil deslocados foram alojados em acampamentos e terrenos desportivos nas aldeias próximas, de acordo com fontes oficiais.

24 Out 2017

Japão | Shinzo Abe promete medidas concretas para enfrentar Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, prometeu ontem medidas para contrariar as ameaças da Coreia do Norte sublinhando que tem o apoio dos japoneses na sequência da vitória dos conservadores nas eleições gerais.

“Com o apoio popular que recebemos estamos em condições para activar contra-medidas efectivas para enfrentar a ameaça norte-coreana”, disse Shinzo Abe numa conferência de imprensa em Tóquio sobre o resultado das eleições legislativas no Japão.

O líder dos conservadores japoneses adiantou que a questão da Coreia do Norte vai ser um dos assuntos principais em análise durante a visita que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai realizar ao Japão a partir do dia 5 de Novembro.

“Falei hoje [ontem]com Trump e concordamos que durante a visita vamos dedicar ‘tempo significativo’ para analisarmos a forma de enfrentar este desafio”, disse o primeiro-ministro na mesma conferência de imprensa que se realizou na sede do Partido Liberal Democrata, na capital japonesa.

Shinzo Abe disse também que vai partilhar com “outros líderes” a mesma preocupação para “incrementar a pressão sobre a Coreia do Norte” tendo-se referido particularmente à República Popular da China e à Rússia.

“O meu objectivo é garantir que o povo japonês tenha segurança” disse recordando que as eleições tinham sido convocadas para garantir o apoio do “povo japonês” na adopção de medidas contra o regime de Pyongyang além da aplicação das reformas económicas.

Larga maioria

De acordo com os últimos dados noticiados pela NHK, o Partido Liberal Democrata conseguiu 284 deputados e o Komeito, aliado político, elegeu 29, conseguindo conjuntamente um número superior aos dois terços exigidos para a Câmara Baixa do Parlamento composta por 465 membros.

A maioria abre caminho a Shinzo Abe para avançar com o processo de reforma da Constituição, sobretudo na área da Defesa.

“Conseguimos uma forte maioria”, disse o primeiro-ministro frisando que “se trata da primeira vez em 50 anos que um partido recebeu um apoio tão ‘constante’ por parte do povo japonês”.

24 Out 2017

China | Comércio com Pyongyang justificado com “necessidades humanitárias”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China defendeu o seu comércio com a Coreia do Norte, justificando com a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que aponta que as sanções impostas a Pyongyang não devem afectar “necessidades humanitárias”.

Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, afirmou ontem que a China “implementa com rigor” as sanções, tendo banido as importações de carvão, ferro, marisco e têxteis norte-coreanos.

A China é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial da Coreia do Norte. Cerca de 90% do comércio externo de Pyongyang é feito com o país vizinho.

Dados das alfandegas chinesas revelam que as exportações da China para a Coreia do Norte aumentaram 31,4%, em Agosto, face ao mesmo mês de 2016, enquanto as importações recuaram 9,5%.

“O Conselho de Segurança sublinhou que as resoluções não devem infligir um impacto negativo no bem-estar e necessidades humanitárias da Coreia do Norte”, justificou Geng.

A China, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto, aprovou várias sanções contra Pyongyang, mas rejeita isolar totalmente o país, por temer uma queda do regime de Kim Jong-un.

O colapso do regime norte-coreano resultaria numa crise de refugiados no nordeste da China e na reunificação da península coreana pela Coreia do Sul, país aliado dos Estados Unidos, que disputa com Pequim a influência na região da Ásia Pacífico.

Em Setembro passado, a Coreia do Norte realizou o sexto e mais poderoso teste nuclear até à data, no que revelou ter sido a detonação de uma arma termonuclear para ser colocada num míssil balístico intercontinental.

24 Out 2017

Ensino | Currículos escolares vão incluir teorias do Presidente Xi Jinping

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s estudantes chineses vão passar a estudar a teoria política do Presidente da China, Xi Jinping, após a inclusão desta na constituição do Partido Comunista (PCC), na próxima semana, segundo o jornal South China Morning Post (SCMP).

O diário de Hong Kong cita o ministro da Educação chinês, Chen Baosheng, que afirma que a nova ideologia, expressa no discurso inaugural do XIX Congresso do PCC, será incorporada nos currículos escolares.

“[O pensamento de Xi] vai ser introduzido nos manuais escolares, aulas e cérebro [dos estudantes]”, afirmou o ministro.

“Vamos elaborar métodos de ensino específicos que combinem textos de diferentes graus e tópicos”, acrescentou.

No discurso inaugural do mais importante evento da agenda política chinesa, proferido perante centenas de delegados do PCC, Xi anunciou o início de uma “nova era”, em que a China “erguer-se-á entre todas as nações do mundo”.

O secretário-geral do PCC prometeu uma China moderna e próspera, em que o partido não abdicará do controlo sobre economia e sociedade.

“Governo, exército, sociedade e escolas – norte, sul, este e oeste – o Partido é líder de tudo”, afirmou.

O título formal da ideologia de Xi será conhecido no encerramento do Congresso, na próxima terça-feira, quando a constituição do Partido for alterada.

Para a História

Chen afirmou que o ministério irá começar a introduzir o pensamento de Xi, o mais forte líder chinês das últimas décadas, nos manuais escolares, e a treinar professores, como parte da “tarefa histórica” do ensino.

Tradicionalmente, o partido exerce apertado controlo sobre os currículos escolares, com os livros a enaltecer os feitos do Partido Comunista e a omitir eventos como a sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen, em 1989.

Desde a ascensão ao poder de Xi, em 2012, as autoridades reforçaram também o controlo sobre o meio académico, advertindo contra a difusão de “conceitos ocidentais” nas salas de aulas.

Em Junho, várias universidades chinesas foram publicamente reprendidas pelos inspectores de disciplina do Partido, pelos seus “insuficientes esforços na frente ideológica”.

24 Out 2017