Hong Kong | Governo português acompanha situação que ainda não afectou nacionais

[dropcap]O[/dropcap] Governo português indicou ontem estar a acompanhar “com especial atenção” a onda de protestos em Hong Kong, desde logo por temer que as tensões cheguem a Macau, e adiantou não haver, para já, cidadãos nacionais afectados.

“Estamos a acompanhar [a situação] com especial atenção, sem dúvida, até porque tudo o que queremos que não aconteça é que haja um ‘spill-over’ [alastrar desta situação] a Macau”, disse à agência Lusa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, falando no final da reunião informal dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE), em Helsínquia, no âmbito da presidência comunitária finlandesa.

A governante acrescentou que, “de momento, as coisas estão bem” neste aspecto, recordando que “o novo chefe do executivo de Macau acabou de ser designado”. Além disso, “não temos tido queixas ou observações por parte de cidadãos portugueses”, apontou.

“É um tema que temos de continuar a acompanhar e que esperemos que haja um diminuir de tensões e que isso se consiga pelo diálogo, que é o papel da UE”, sublinhou Ana Paula Zacarias.

Este tema foi abordado na reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União, que decorreu em Helsínquia, e na qual Portugal esteve representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus.

Segundo Ana Paula Zacarias, foi o próprio ministro britânico, Dominic Raab, a falar na situação, referindo que o Reino Unido está “muito empenhado em acompanhar a situação”.

Também ontem, a chefe da diplomacia europeia afirmou que a situação em Hong Kong “é extremamente preocupante” para a UE, e apelou às autoridades que respeitem a liberdade de expressão e as manifestações pacíficas.

“Os desenvolvimentos em Hong Kong, especialmente os das últimas horas, são extremamente preocupantes. Nós esperamos que as autoridades de Hong Kong respeitam a liberdade de expressão colectiva, assim como o direito de as pessoas se manifestarem pacificamente”, vincou a Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini.

Falando em conferência de imprensa à margem da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, a responsável notou que a União irá “continuar a acompanhar muito de perto” a situação.

“Não só ao nível da UE, como também em coordenação com os Estados-membros, sobretudo no que toca aos direitos dos cidadãos europeus e aos interesses da União em Hong Kong”, precisou Federica Mogherini.

A chefe da diplomacia europeia adiantou que, “nas últimas semanas, os Estados-membros mostraram uma grande união sobre este caso”. “E vamos, de forma privada ou publicamente, continuar a passar a mensagem e a trabalhar para que este caso tome um rumo correto”, concluiu. Os protestos em Hong Kong duram quase há mais de três meses.

31 Ago 2019

Activistas libertados prometem continuar luta pela democracia em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s activistas políticos Joshua Wong e Agnes Chow foram hoje libertados e prometeram continuar a luta pela democracia em Hong Kong, depois de serem detidos e acusados de incitamento à participação num protesto não autorizado em Junho.

“Vamos continuar a nossa luta, não importa como nos detenham e nos processem”, disse Wong aos jornalistas logo após a sua libertação. “Nós, pessoas de Hong Kong, não desistiremos e não teremos medo (…) Continuaremos a lutar pela democracia”, acrescentou Chow.

Para além das detenções de dois dirigentes do partido Demosisto, há que somar pelo menos outras quatro conduzidas pelas forças de segurança esta semana.

Andy Chan, líder de um movimento pró-independência, foi detido no aeroporto quinta-feira à noite. Três outras pessoas foram detidas no início desta semana por vandalizarem o edifício do parlamento de Hong Kong durante a invasão ao Conselho Legislativo a 1 de Julho.

Sobre a detenção de Andy Chan, a polícia informou que pende sobre o activista a suspeita de ter participado em motins, sendo ainda acusado de agressões a polícias. Já Wong e Agnes Chow, que saíram sob fiança, estão a ser investigados pelo seu papel num protesto não autorizado em 21 de Junho, no exterior de uma esquadra. Ambos são responsáveis, de acordo com as autoridades, por participarem no protesto e incitarem outras pessoas a manifestarem-se. Wong também é responsável por organizar o protesto.

Wong é secretário-geral de Demosisto e Chow uma das suas dirigentes proeminentes.
Isaac Cheng, vice-presidente do partido, disse que as detenções são uma tentativa de espalhar o medo e entre a população de Hong Kong.

Logo pela manhã, o Demosisto publicou nas redes sociais a informação de que Wong foi empurrado para um carro particular quando se dirigia para uma estação de metro por volta das 07:30 e foi levado para a sede da polícia. Mais tarde, o partido referiu que Chow também havia sido detida, em casa.

Em Junho, Wong tinha cumprido uma sentença de dois meses relacionada com as manifestações pró-democracia de 2014, um movimento de desobediência pública que ficou conhecido pela “Revolução dos Guarda-Chuvas” e na qual se exigia o sufrágio universal.

O dia de hoje ficou marcado também pelo cancelamento de uma manifestação e uma marcha previstas para sábado. O anúncio foi feito pelo próprio movimento que tem liderado desde Junho os maiores protestos em Hong Kong, após perder o recurso contra a decisão da polícia de proibir as iniciativas.

A organização lamentou que, com a proibição do protesto, as autoridades de Hong Kong estejam “a violar um direito básico da população”. Bonnie Leung sublinhou que, a partir deste momento, os habitantes de Hong Kong têm legitimidade para se interrogarem: “’Como vamos fazer para que ouçam o nosso descontentamento?’”. “E isso pode ser perigoso”, avisou.

Na quinta-feira, a polícia de Hong Kong proibiu a manifestação e a marcha pró-democracia, sublinhando que quem desobedecer pode enfrentar até cinco anos de prisão.

Wong, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018, voltou a envolver-se nos protestos pró-democracia “para fazer pressão sobre o Governo”, apostado “em mostrar ao mundo a determinação do povo de Hong Kong para lutar pela liberdade”, explicou, em entrevista à Lusa, a 20 de Agosto.

As detenções efectuadas pela polícia surgem, também, um dia após a entrada de tropas chinesas na cidade para renderem as que estão estacionadas na guarnição do Exército de Libertação do Povo. Uma operação de rotina, segundo Pequim, uma forma de intimidação, de acordo com deputados e activistas pró-democracia.

Os protestos, que duram quase há três meses em Hong Kong, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria o envio de suspeitos para a China.

30 Ago 2019

UE diz que situação em Hong Kong é extremamente preocupante

[dropcap]A[/dropcap] chefe da diplomacia europeia afirmou hoje que a situação em Hong Kong “é extremamente preocupante” para a União Europeia (UE), e apelou às autoridades que respeitem a liberdade de expressão e as manifestações pacíficas.

“Os desenvolvimentos em Hong Kong, especialmente os das últimas horas, são extremamente preocupantes. Nós esperamos que as autoridades de Hong Kong respeitam a liberdade de expressão colectiva, assim como o direito de as pessoas se manifestarem pacificamente”, vincou a Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini.

Falando em conferência de imprensa à margem da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Helsínquia, no âmbito da presidência comunitária finlandesa, a responsável notou que a União irá “continuar a acompanhar muito de perto” a situação.

“Não só ao nível da UE, como também em coordenação com os Estados-membros, sobretudo no que toca aos direitos dos cidadãos europeus e aos interesses da União em Hong Kong”, precisou Federica Mogherini.

A chefe da diplomacia europeia adiantou que, “nas últimas semanas, os Estados-membros mostraram uma grande união sobre este caso”.

“E vamos, de forma privada ou publicamente, continuar a passar a mensagem e a trabalhar para que este caso tome um rumo correcto”, concluiu.

Os protestos em Hong Kong, que duram quase há mais de três meses, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria o envio de suspeitos para a China. Contudo, a lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes.

Os manifestantes exigem agora a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe de governo Carrie Lam e sufrágio universal nas eleições para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

Hoje o movimento que tem liderado desde Junho os maiores protestos em Hong Kong cancelou a manifestação e a marcha previstas para sábado, após perder o recurso contra a decisão da polícia de proibir as iniciativas.

Antes, na quinta-feira, a polícia de Hong Kong proibiu a manifestação e a marcha pró-democracia, sublinhando que quem desobedecer pode enfrentar até cinco anos de prisão.

Durante os protestos, centenas de pessoas têm sido detidas, incluindo alguns dos activistas políticos, como Joshua Wong e Agnes Chow, dois dirigentes do partido Demosisto que foram detidos quinta-feira e hoje libertados.

30 Ago 2019

Atacado coordenador do movimento que lidera protestos pró-democracia em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] movimento que tem liderado desde Junho os maiores protestos pró-democracia em Hong Kong disse ontem que um dos seus coordenadores foi atacado por dois homens com o rosto coberto, armados com tacos de basebol.

A Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH) explicou que Jimmy Sham foi atacado num restaurante na zona de Kowloon, mas foi um outro colaborador do movimento que acabou por ser ferido quando tentou evitar a agressão, sendo obrigado a receber tratamento hospitalar.

O incidente aconteceu depois de, durante a manhã, a polícia ter sido obrigada a intervir, sem realizar quaisquer detenções, para afastar um grupo de elementos pró-governamentais que cercara Sham, segundo a imprensa local.

A polícia de Hong Kong proibiu a manifestação e a marcha pró-democracia que estavam agendadas para sábado.

Em conferência de imprensa, esta tarde (manhã em Lisboa), a polícia justificou a medida por recear que o protesto pudesse resultar numa “destruição em larga escala”, alegando que a organização seria incapaz de controlar muitos dos manifestantes.

A marcha deveria terminar simbolicamente junto do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, para assinalar o 5.º aniversário do anúncio de Pequim de uma reforma política conservadora que estipulava uma triagem para as eleições do chefe do Executivo por sufrágio universal.

A proposta foi rejeitada pelo parlamento de Hong Kong e a recusa de Pequim em aceitar as reivindicações de sufrágio universal levou ao movimento de desobediência civil que ficou conhecido como a “revolução dos Guarda-Chuvas”, quando activistas pró-democracia ocuparam a zona central da cidade e bloquearam as principais estradas do território durante 79 dias.

O último protesto organizado pela FCDH terá juntado, segundo o movimento, mais de 1,7 milhões de pessoas nas ruas, numa marcha pacífica que também fora proibida pelas autoridades, que estimaram em pouco mais de 100 mil o número de participantes na iniciativa de 18 de Agosto.

Tal como já acontecera anteriormente, após este protesto voltaram a registar-se episódios de violência entre manifestantes e as forças de segurança, com confrontos nos subúrbios de Tsuen Wan, nos quais a polícia de Hong Kong recorreu ao uso de canhões de água e efectuou um disparo com arma de fogo para o ar.

A chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que regista o índice de popularidade mais baixo de sempre, anunciou na passada semana a criação de uma plataforma de diálogo com a sociedade, mas avisou que se os protestos violentos continuarem vai usar todos os meios legais para os enfrentar.

O movimento pró-democracia tem ajustado as reivindicações ao longo destes quase três meses. O FCDH exige a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo.

30 Ago 2019

Polícia de Hong Kong proíbe protesto e sublinha risco de cinco anos de prisão

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong proibiu a manifestação e a marcha pró-democracia agendadas para sábado pelo movimento que tem liderado os protestos na ex-colónia britânica, sublinhando que quem desobedecer pode enfrentar até cinco anos de prisão.

A decisão das autoridades foi justificada à Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) por razões de segurança, dada a natureza violenta que tem caracterizado desde o início de Junho muitas das manifestações em Hong Kong, segundo um documento à qual a agência Lusa teve acesso.

No mesmo documento, a polícia sublinhou que aqueles que desobedecerem à proibição podem incorrer em crimes com uma moldura penal que pode chegar aos cinco anos de prisão.

A marcha deveria terminar simbolicamente junto do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, para assinalar o 5.º aniversário do anúncio de Pequim de uma reforma política conservadora que estipulava uma triagem para as eleições do Chefe do Executivo por sufrágio universal.

A proposta foi rejeitada pelo parlamento de Hong Kong e a ‘nega’ de Pequim às reivindicações de sufrágio universal levou ao movimento de desobediência civil que ficou conhecido como a “revolução dos Guarda-Chuvas”, quando activistas pró-democracia ocuparam a zona central da cidade e bloquearam as principais estradas do território durante 79 dias.

O último protesto organizado pela FCDH terá juntado, segundo o movimento, mais de 1,7 milhões de pessoas nas ruas, numa marcha pacífica que também fora proibida pelas autoridades.

Tal como já acontecera anteriormente, após este protesto voltaram a registar-se episódios de violência entre manifestantes e as forças de segurança, com confrontos nos subúrbios de Tsuen Wan, nos quais a polícia de Hong Kong recorreu ao uso de canhões de água e efectuou um disparo com arma de fogo para o ar.

“Cercados, sob ataque e enfrentando perigo de vida, seis polícias retiraram as suas pistolas (…) A fim de proteger a própria segurança e de outros polícias, um agente disparou um tiro de advertência para o ar”, lê-se num comunicado da polícia.

De acordo com o mesmo comunicado, pelo menos quinze agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos de domingo e dezenas de manifestantes, incluindo um menor de 12 anos, foram detidos por reunião ilegal, posse de armas e agressão.

Em oposição

A chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que regista o índice de popularidade mais baixo de sempre, anunciou na passada semana a criação de uma plataforma de diálogo com a sociedade, mas avisou que se os protestos violentos continuarem vai usar todos os meios legais para os enfrentar.

“Há cinco anos, o Congresso Nacional do Povo bloqueou o nosso caminho para eleições livres. A sua tentativa de nos privar do sufrágio universal (…) desencadeou o movimento Occupy [Central]”, apontou a FCDH quando convocou o protesto.

Agora, lamentou a decisão da polícia em proibir a manifestação e a marcha de sábado, sublinhando que tem feito todos os esforços para que os protestos sejam pacíficos.

O movimento pró-democracia tem ajustado as reivindicações ao longo destes quase três meses. O movimento exige a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da Chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo.

30 Ago 2019

Guerra comercial | Pequim e Washington em contacto para retomar negociações

[dropcap]A[/dropcap] China e os Estados Unidos “mantiveram uma comunicação efectiva” sobre a possibilidade de retomarem, em Setembro, negociações para um acordo que ponha fim à guerra comercial, informou ontem o ministério chinês do Comércio.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério, Gao Feng, disse que “os dois lados estão a debater” a possibilidade de reunir no próximo mês, conforme planeado após a última ronda de negociações.

“Neste momento, o mais importante é criar as condições necessárias para que ambas as partes continuem as negociações”, disse o porta-voz.

“A China acredita que se a delegação chinesa for aos Estados Unidos, os dois lados devem trabalhar juntos e criar condições para promover o progresso nas consultas”, afirmou.

Estas declarações foram feitas depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter afirmando, na segunda-feira, que uma nova ronda de negociações poderia começar “muito em breve”, e não descartou atrasar ou cancelar a entrada de novas taxas alfandegárias sobre produtos chineses, prevista para os próximos meses.

Gao reiterou que a China “se opõe fortemente a uma escalada da guerra comercial e está disposta a resolver o problema através de consultas e cooperação com uma atitude calma”.
O porta-voz exigiu que as últimas taxas, anunciadas na sexta-feira passada por Washington, sejam suspensas.

Números em causa

O governo dos EUA indicou então que aumentaria as taxas de 25 para 30 por cento para importações oriundas da China no valor total de 250.000 milhões de dólares, a partir de Outubro, e de 10 a 15 por cento, para produtos no valor de 300.000 milhões de dólares, a partir de Setembro.

O anúncio surgiu após Pequim aumentar as taxas sobre um total de 75 mil milhões de dólares de bens importados dos EUA, de 5 por cento para 10 por cento.

A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de disputas comerciais, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Os EUA temem perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

30 Ago 2019

Nuclear | Rejeitado acordo com EUA para eliminar mísseis

[dropcap]P[/dropcap]equim rejeitou ontem a proposta norte-americana de negociar um tratado trilateral para a eliminação de mísseis nucleares de médio e curto alcance, que incluiria ainda a Rússia, considerando que não é “justo ou razoável”.

Washington decidiu este mês não renovar o Tratado de Armas Nucleares de Médio Alcance com a Rússia, que existia desde 1987, e convidou a China a integrar “uma nova era de controlo da corrida às armas”, com a negociação de um acordo entre as três nações.

“A participação da China em negociações trilaterais não é justa nem razoável. Os EUA são o país com o maior arsenal nuclear, devem aceitar a sua responsabilidade no controlo do armamento e criar condições para que outros países participem do desarmamento, em vez de se retirarem dos tratados”, afirmou o porta-voz do ministério chinês da Defesa, Ren Guoqiang.

Ren lembrou que “logo após os EUA se retirarem do tratado, começaram a testar mísseis, o que prova que as acções não correspondem às palavras.

Militares norte-americanos testaram, no domingo passado, um míssil de médio alcance na costa da Califórnia – um lançamento que seria ilegal caso o acordo com a Rússia ainda vigorasse.

“Pedimos aos EUA que abandonem a sua mentalidade da Guerra Fria, moderem o desenvolvimento de armamento e façam mais pela estabilidade no mundo”, acrescentou.

O porta-voz realçou que “a China segue uma política militar defensiva” e que o seu desenvolvimento de armas nucleares “é muito restrito”, mantendo-se num “nível mínimo”, para garantir as necessidades de defesa.

Prontos para agir

Assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov, então Presidentes dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, respectivamente, o tratado aboliu o recurso a um conjunto de mísseis de alcance, entre os 500 e os 5 mil quilómetros, e pôs fim à crise desencadeada na década de 1980, com a instalação dos SS-20 soviéticos, visando capitais ocidentais.

Após a retirada do tratado, o secretário de Defesa dos Estados Unidos disse que quer instalar mísseis convencionais de médio alcance na região Ásia-Pacífico, “dentro de alguns meses”.

O governo chinês disse então que “não vai ficar de braços cruzados” e que vai tomar contra-medidas, sem avançar mais detalhes.

Em Abril de 2017, o então chefe do Comando do Pacífico das forças armadas dos EUA, Harry Harris, afirmou ao Senado norte-americano que a China, que não faz parte de nenhum tratado de desarmamento, possui a “maior e mais diversificada força de mísseis do mundo, com um inventário de mais de 2.000 mísseis balísticos e de cruzeiro”.

30 Ago 2019

Comércio | UE alerta para impacto do sistema de crédito social

[dropcap]A[/dropcap] Câmara de Comércio da União Europeia na China apelou ontem às empresas europeias para que se preparem para o sistema de crédito social no país, alertando para interrupções “substanciais e amplas” dos seus negócios.

O mecanismo, que será lançado em 2020, implica uma “nova abordagem de conformidade regulamentar”, através do uso de análise de dados em grande escala (Big Data), visando a detecção imediata de não conformidade com as regras do mercado.

Cada empresa passa a estar sujeita a um sistema de “pontuação”, que afectará o regime fiscal, condições de crédito, acesso ao mercado ou participação em concursos públicos.

Os reguladores chineses, desde o fisco às alfândegas, estão a classificar cada vez mais empresas de acordo com aquele sistema, e a partilhar “listas negras” de firmas que violam regras.

Joerg Wuttke, o presidente da Câmara de Comércio, afirmou que “não é exagerado dizer que o Sistema de Crédito Social Corporativo vai ser o sistema mais abrangente criado por qualquer governo para impor um mercado autorregulado”.

“Também não é inconcebível que se trate de uma questão de vida ou morte para as empresas”, apontou.

Wuttke considerou como “profundamente preocupante” a “esmagadora ausência de preparação pela comunidade empresarial europeia”.

Documentos do governo revelam que uma variedade de reguladores chineses, desde da segurança no trabalho ao comércio electrónico ou cibersegurança, estão a compilar classificações de empresas segundo 300 regras específicas, informou a Câmara do Comércio, num relatório.

Prós e contras

Em muitos casos, as empresas estrangeiras podem até beneficiar do sistema, pois geralmente têm melhor conformidade em áreas como a protecção do ambiente, ressalvou a Câmara.

“Empresas europeias cujas operações são frequentemente suspensas, em dias altamente poluídos, a par de competidores que não cumprem com requisitos ambientais, deverão poder continuar a produção, enquanto os poluidores perderão pontos” exemplificou.

Em outros casos, uma empresa pode perder pontos devido às acções de um parceiro local. Um caso citado no relatório revela que uma empresa estrangeira foi informada de que a classificação do seu parceiro pelas autoridades alfandegárias afectaria a sua classificação.

O controverso mecanismo afectará também indivíduos, com os dados coletados a resultarem em recompensas ou punições, dependendo da pontuação, pelo que críticos consideram tratar-se de um sistema “orwelliano”.

O relatório considera que a discussão se tem focado nas implicações para os indivíduos, mas que houve “muito menos discussão” sobre o impacto para os negócios.

29 Ago 2019

Mulher que fugiu da Coreia do Norte morre de fome em Seul

Depois de uma fuga da Coreia do Norte digna de um filme, com um casamento arranjado pelo caminho, Han Sung-ok chega a Seul em 2009. Passada uma década na abastada capital sul-coreana, Han e o filho de 6 anos morreram à fome. As suas trágicas mortes levantam questões sobre a adaptação de quem foge a um dos regimes mais brutais do mundo

 

Laura Bicker, BBC News

[dropcap]H[/dropcap]an Sung-ok, de 42 anos, parecia determinada a escolher entre quase todas as alfaces disponíveis na barraca de legumes e verduras no subúrbio de Seul onde vivia. Examinou todas as alfaces, uma a uma, enquanto o seu filho de 6 anos brincava indiferente à confusão do mercado. A vendedora começava a dar sinais de aborrecimento. Han era muito exigente apesar de não comprar mais de um ou dois legumes, sempre pelo menor preço possível. Naquela ocasião, foi um pé de alface por 500 wons (pouco mais de 3 patacas). Pronunciando apenas algumas palavras, Han entregou o dinheiro e saiu com o filho. Algumas semanas depois, ambos foram encontrados mortos.

Depois de ter fugido da escassez de alimentos na terra natal, a Coreia do Norte, e sonhado com uma nova vida, acredita-se que Han e o filho morreram de fome numa das cidades mais ricas da Ásia.

Os corpos só foram descobertos ao fim de dois meses, quando um fiscal que ia tirar a leitura do contador de água notou mau cheiro vindo do apartamento onde moravam. Mãe e filho foram encontrados caídos no chão. A única comida encontrada no pequeno apartamento alugado era um saco de pimenta vermelha em flocos.

Uma das últimas pessoas que viu Han viva foi a vendedora do mercado de rua perto do seu apartamento, mais ou menos na mesma época em que a polícia diz que a desertora levantou da conta bancária os últimos 3.858 wons (menos de 26 patacas).

“Pensando bem, isso dá-me calafrios. No começo, odiei-a por ser exigente, mas agora que penso um pouco tenho muita pena dela. Se ao menos tivesse pedido ajuda, ter-lhe-ia dado um pouco de alface”, diz a vendedora.

A grande odisseia

A jornada de Han para a liberdade como desertora norte-coreana poderia ter-lhe dado alguma notoriedade, mas, numa cidade de 10 milhões de habitantes, tornou-se cada vez mais invisível. Muito poucas pessoas a conheciam. Aqueles que privavam com Han dizem que falava muito pouco e que andava quase disfarçada com um chapéu, evitando o contato visual. Quis o malfadado destino que a desertora só através da morte se tornasse visível em Seul. A sua fotografia foi colocada entre flores e presentes num santuário improvisado no centro da cidade.

“Quando soube da notícia, achei absurdo demais para acreditar. Simplesmente não faz sentido que, depois de passar por todas as dificuldades e desafios para vir para o sul, tenha morrido de fome. Isto parte-me o coração. Isto não pode acontecer na Coreia do Sul. Por que ninguém soube da sua situação até que morressem?”, diz um desertor, de luto, diante do santuário.
Escapar da Coreia do Norte parece quase impossível. Mais pessoas tentaram escalar o Monte Evereste este ano do que deixar o país empobrecido.

Mesmo ultrapassando os soldados que vigiam a fronteira, os desertores enfrentam uma jornada de milhares de quilómetros pela China. O seu objectivo é chegar a uma embaixada sul-coreana num terceiro país, geralmente Tailândia, Camboja ou Vietname. Atravessar a China é um risco. Se forem apanhados, são enviados de volta para a Coreia do Norte e podem enfrentar uma vida inteira de trabalhos forçados num dos campos de prisioneiros do mais isolado país do mundo.

Por outro lado, as desertoras que pagam a redes de tráfico humano para obter ajuda na jornada, muitas vezes acabavam aprisionadas e vendidas como noivas ou escravas sexuais.

No caso de Han, é difícil verificar como e quando saiu da Coreia do Norte. Dois desertores afirmam ter falado com ela e acreditam que foi vendida como noiva a um chinês, com quem teve um filho.

Metamorfose sulista

Han chegou a Seul sozinha, em 2009, e nunca foi muito dada a abrir-se sobre a sua vida privada com os colegas em Hanawon, um centro administrado pelo Ministério da Unificação de Seul onde desertores passam por processo de educação obrigatório de 12 semanas para se ajustarem à nova vida.

A turma de Han foi uma das maiores desde que o centro foi criado, com mais de 300 pessoas. Todos sabiam o quão difícil havia sido passar por território chinês. “Sei que ela foi para a China primeiro. Mesmo quando ria, havia algo sombrio. Perguntei-lhe se estava com algum problema, mas ela ignorou-me sempre”, disse um dos seus colegas no centro. “Então, disse-lhe: ‘Não sei o que é, mas podes ter uma vida boa se trabalhares. A Coreia do Sul é um país que recompensa quem trabalha. És jovem e bonita, não terás uma vida difícil. Faças o que fizeres, não te envergonhes e anda de cabeça erguida’.”

Han parecia estar a adaptar-se bem ao princípio. As autoridades ajudam desertores a encontrar apartamentos subsidiados, e, juntamente com seis colegas de classe, foi instalada no bairro de Gwanak-gu.

“Acho que foi a segunda pessoa depois de mim na nossa turma a conseguir emprego”, diz uma colega de classe. “No começo, trabalhou brevemente num café na Universidade de Seul. Ouvi dizer que causou boa impressão. O que lembramos melhor é que era inteligente e bonita, e pensámos que era capaz de cuidar de si própria. Não esperávamos que isto acontecesse.”

Vida em família

É difícil descobrir como, a partir do começo promissor, Han acabou em dificuldades que acabariam por ter um desfecho trágico. Dois desertores residentes no seu condomínio de apartamentos dizem acreditar que ela havia persuadido o marido chinês a mudar-se para a Coreia do Sul. Assim sendo, o casal foi viver para Tongyeong, onde o marido trabalhava num estaleiro. Han teve um segundo filho, que nasceu com dificuldades de aprendizagem.

Acredita-se que o marido tenha voltado para a China sem ela, com o filho mais velho, deixando Han sozinha, sem trabalho e responsável por uma criança com necessidades especiais. Os vizinhos dizem que ela sentia muita falta do outro filho.

Sem ter onde ficar, voltou para o sítio onde a sua vida na Coreia do Sul havia começado – os apartamentos subsidiados em Gwanak-gu – e pediu ajuda no centro comunitário em Outubro do ano passado, quando passou a receber 100 mil wons (que não chega a 670 patacas) por mês como auxílio para criar o filho. Han poderia ter reivindicado muito mais do que aquele montante. Uma mãe ou pai solteiro tem direito a seis a sete vezes esse valor. Mas isso exigiria um certificado de divórcio, e aparentemente ela não o tinha. Outra situação agravante foi a impossibilidade de continuar a receber ajuda como desertora, porque o período de protecção de cinco anos tinha expirado.

A equipa do centro comunitário disse que visitaram o seu apartamento para uma avaliação anual de bem-estar em Abril, mas Han não estava em casa. Os assistentes sociais não sabiam da condição do seu filho. Durante um período Han não pagou renda do apartamento subsidiado, assim como as restantes contas da casa. Noutros países, isto teria servido de alerta para os serviços sociais. Mas parece não ter acontecido na Coreia do Sul.

‘Morte por indiferença’

Reunidos no santuário em Gwanghwamun, em frente ao retrato de Han, desertores da Coreia do Norte continuam a debater o caso. “Isto é absurdo, como um norte-coreano foge da fome para morrer de fome no sul?!”, questiona um deles. “O que é que o governo sul-coreano fez? Isto é morte por abandono”, atira outro. “É morte por indiferença”, responde outro desertor. Questões sobre onde estava o Estado, as autoridades e serviços de apoio social também ficam sem resposta lógica.

No entanto, um ex-colega de classe acredita que não é assim que Han gostaria de ser lembrada. “Não quero apontar dedos aos culpados. Devemo-nos unir e prometer nunca deixar isso acontecer de novo. Realmente, parte-me o coração ver como há quem tire vantagem desta tragédia para proveito próprio.”

Falta de um ombro

Os cuidados de saúde mental dos refugiados norte-coreanos é uma área que poderia ser melhorada, de acordo com desertores e psiquiatras.

Os últimos relatos sobre Han, de um vizinho, apontam que andava distraída e ansiosa. Muito diferente da mulher que chegou ao centro de Hanawon há 10 anos.

A maioria dos desertores norte-coreanos foram vítimas de violações de direitos humanos e traumas que vão da fome extrema a agressão sexual, à violência de serem forçados a testemunhar execuções públicas e a viver com o medo de serem alvo de traficantes de pessoas na China. A taxa de trauma psicológico é maior entre aqueles que viajaram pela China, de acordo com um estudo da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coreia do Sul.

Jin-yong, do Centro Nacional de Saúde Mental, diz ser comum que desertores sofram de ansiedade, depressão e transtorno de stress pós-traumático. Mas, como existem muitos estigmas associados à saúde mental no norte, o desconhecimento impede o pedido de ajuda.

Normalmente, quem sofre de doença mental na Coreia do Norte é enviado para um hospital nas montanhas conhecido por Número 49. A maioria nunca regressa. Neste contexto, é compreensível que muitos norte-coreanos não saibam ser possível receber apoio psiquiátrico. “Precisamos de serviços mais amigáveis ​​para os desertores, que os ajudem a encontrar esses cuidados”, diz Jun. “Os desertores recorrem menos a serviços de saúde mental do que os sul-coreanos, por questões culturais e de preconceito.”

Sozinhos acompanhados

De acordo com uma investigação sobre comunidades de refugiados norte-coreanos na Coreia do Sul, cerca de 15 por cento admitem ter pensamentos suicidas. Isto é cerca de 10 por cento superior à média sul-coreana. A maioria diz que as dificuldades económicas são a principal razão.
Joseph Park, que também fugiu da Coreia do Norte há 15 anos, acredita que as mortes chocantes de Han e do filho não foram causadas por falta de políticas governamentais, mas podem ser parcialmente atribuídas a certos aspectos da cultura sul-coreana. “A Coreia do Sul é uma sociedade onde se pode viver sem se relacionar com os outros. Acho que essa é a grande diferença. Na Coreia do Norte, é necessário manter relações com os vizinhos”, teoriza o desertor. “Por exemplo, nas escolas norte-coreanas, se uma criança falta às aulas, o professor envia colegas a casa do aluno. Então, naturalmente, ninguém se consegue isolar.”

Apesar do exemplo de Han, milhares de norte-coreanos que conseguem viver bem no sul Mas isso exige adaptação. Sucessivos estudos revelam que muitos dos que fogem ao regime norte-coreano se sentem diferentes e discriminados no sul.

29 Ago 2019

Antigo diplomata chinês naturalizado australiano acusado de espionagem

[dropcap]U[/dropcap]m antigo diplomata chinês naturalizado australiano, que foi dado como desaparecido na China no início deste ano, foi formalmente acusado de “espionagem” pelas autoridades chinesas, informou ontem a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Marise Payne.

Yang Hengjun, antigo funcionário do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, de 53 anos, foi detido, em Janeiro passado, na cidade de Cantão, quando fazia escala a caminho da Austrália, e esteve até à data numa espécie de “prisão domiciliária”, sem que se soubesse o local ou motivo da detenção.

Segundo Payne, Yang foi na semana passada formalmente acusado de “espionagem”. “O estado de saúde de Yang preocupa-nos muito, assim como as condições sob as quais está detido”, disse a ministra australiana, em comunicado. “Se Yang foi detido apenas devido às suas convicções políticas, ele deve ser libertado”, apelou.

A ministra disse esperar que “os padrões fundamentais da justiça e equidade processual sejam respeitados”.

Mau ambiente

O caso surge numa altura de tensões entre Camberra e Pequim, que se deteriorou depois de o Governo australiano ter banido a gigante chinesa das telecomunicações Huawei de fornecer equipamento para a construção da rede de Internet 5G na Austrália, no ano passado.

A influência chinesa nos assuntos internos da Austrália e o aumento da presença militar da China no Oceano Pacífico têm vindo a aumentar a suspeição face a Pequim.

O quase total silêncio da China sobre este caso, apesar dos vários apelos da Austrália, e a recusa em permitir visitas consulares ao detido, serviu para aumentar a tensão.

Na segunda-feira, as autoridades australianas revelaram terem apurado que Huang Xiangmo, um empreendedor imobiliário chinês com ligações ao Partido Comunista da China, doou 100.000 dólares australianos (cerca de 61.000 euros) para a sede do Partido Trabalhista Australiano (Oposição), antes das eleições de 2015. Huang foi proibido de regressar à Austrália em Fevereiro passado.

A Austrália tem tentado evitar disputas com a China, que é o seu principal parceiro comercial, mas o comunicado de Payne foi particularmente forte. “Yang esteve detido em Pequim sob condições duras e sem acusação formal durante mais de sete meses”, escreveu.

“Durante este período, a China não explicou as razões da detenção e não permitiu visitas consulares ou de familiares”, acusou. O regime chinês tem um longo historial de prisão de dissidentes, alguns deles a residir no exterior, para depois acusá-los de crimes como subversão.

28 Ago 2019

Protestos de Hong Kong marcam festival de cinema de Taiwan

[dropcap]U[/dropcap]m documentário sobre o movimento pró-democracia em Hong Kong abre no dia 6 de Setembro a edição deste ano do Festival Internacional de Cinema e Direitos Humanos de Taiwan.

Numa altura em que Hong Kong enfrenta protestos regulares desde Junho, a terceira edição do festival arranca com “Umbrella Diaries: The First Umbrela”, do realizador James Leong, de Singapura, que acompanha a “Revolta dos Guarda-Chuvas” em 2014.

Segundo um comunicado do Ministério da Cultura de Taiwan divulgado na segunda-feira, o programa do festival inclui ainda “Last Exit to Kai Tak”, um outro documentário, do britânico Matthew Torne, que segue quatro activistas pró-democracia de Hong Kong.

“Hoje Hong Kong, Amanhã Taiwan” e “Movimentos Juvenis Contemporâneos” são aliás dois dos três temas do festival organizado pelo Museu Nacional dos Direitos Humanos de Taiwan, juntamente com “Destino: Igualdade de Género”.

A actual crise política é o maior desafio que Hong Kong já enfrentou, disse o director do Museu, Chen Jung-hong, durante a apresentação do festival, que vai decorrer entre 6 e 8 de Setembro na capital Taipé e entre 17 e 25 do mesmo mês na cidade de Kaohsiung.

Minas e armadilhas

O programa do festival inclui “Deslembro”, um filme da realizadora brasileira Flávia Castro sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985, assim como discussões após as sessões e workshops “para explorar os direitos humanos na perspectiva das vítimas políticas”.

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, recebeu no mês passado cativistas pró-democracia de Hong Kong e referiu que a ilha iria seguir “princípios humanitários” para lidar com eventuais pedidos de asilo dos activistas.

Em resposta na semana passada, Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, exigiu que o governo de Taiwan “pare de minar o Estado de Direito” e de interferir nos assuntos de Hong Kong.

28 Ago 2019

Hong Kong | Carrie Lam dialogou com jovens, mas recusou exigências

[dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong disse ontem que se encontrou com um grupo de jovens, depois de na semana passada ter dito estar a criar uma plataforma de diálogo com a sociedade, mas voltou a rejeitar as exigências dos manifestantes.

“Não é uma questão de não responder”, mas de “não aceitar essas exigências”, disse Carrie Lam em conferência de imprensa no Conselho Legislativo, antes da reunião semanal com o seu conselho executivo.

Na segunda-feira, a Chefe do Executivo e os secretários da Educação e Assuntos Internos estiveram reunidos com cerca de 20 pessoas, a maioria entre os 20 e 30 anos, sem ligações partidárias conhecidas, segundo o Jornal South China Morning Post.

Esta reunião, à porta fechada e sem aviso prévio, aconteceu dois meses depois de os sindicatos de estudantes universitários terem rejeitado a oferta de Lam para um diálogo.

De acordo com o mesmo jornal, que cita fontes que estiveram na reunião, alguns participantes disseram a Lam que não era necessário que satisfizesse todas as exigências de uma só vez: a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo (parlamento local).

De acordo com as mesmas fontes, citadas pelo jornal de Hong Kong, os participantes na reunião disseram a Lam que ela deveria começar por anunciar a retirada definitiva das emendas à lei da extradição e organizar um inquérito independente à violência policial.

A Chefe do Executivo terá respondido que seria difícil retirar completamente a lei, mas não chegou a explicar os motivos.

Esta reunião aconteceu um dia depois de violentos confrontos nos subúrbios de Tsuen Wan, em que a polícia de Hong Kong recorreu ao uso de canhões de água e de um disparo com arma de fogo para o ar.

“Cercados, sob ataque e enfrentando perigo de vida, seis polícias retiraram as suas pistolas (…) A fim de proteger a própria segurança e de outros polícias, um agente disparou um tiro de advertência para o céu”, lê-se num comunicado da polícia.

De acordo com o mesmo comunicado, pelo menos quinze agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos de domingo e dezenas de manifestantes, incluindo um menor de 12 anos, foram detidos por reunião ilegal, posse de armas e agressão.

Preparados para tudo

Os protestos maciços de rua, que traduzem a maior crise política em décadas na cidade, acontecem desde o início de Junho, e alguns deles terminaram em confrontos violentos entre a polícia e manifestantes.

Ainda na conferência de imprensa de ontem, Lam reiterou que quer estabelecer uma plataforma de diálogo com os manifestantes, mas avisou que se os protestos violentos continuarem vai usar todos os meios legais para os enfrentar.

“Devemos estar preparados para comunicar com diferentes pessoas da sociedade”, afirmou Carrie Lam em conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
“Temos de dizer não à violência, queremos pôr um fim a esta situação caótica em Hong Kong”, afirmou, acrescentando que não vai desistir da construção de uma plataforma de diálogo.

A líder do executivo da antiga colónia britânica reiterou, contudo, que começar um diálogo não significa desculpar a violência. “Se a violência continuar, a única coisa que devemos fazer é estancar a violência através de acções que imponham a lei”, sublinhou.

Em preparação
Para sábado está marcado uma nova manifestação, organizada pelo movimento liderado os grandes protestos em Hong Kong, para assinalar os cinco anos do veto de Pequim à possibilidade de sufrágio universal na ex-colónia britânica, apesar da possibilidade do território poder ser atingido por um tufão.
Em declarações ontem à Lusa, a porta-voz da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), Bonnie Leung, disse que a convocatória da manifestação se mantém, mas admitiu que o tufão pode ter impacto na capacidade de mobilização do protesto.
Numa nota, à qual Lusa teve acesso, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), convocou uma marcha com início em Chater Garden, no centro da cidade, e que termina em frente ao Gabinete de Ligação de Pequim em Hong Kong, que já foi alvo de anteriores protestos.

28 Ago 2019

Hong Kong | Pequim “extremamente descontente” com declaração do G7

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês disse hoje que está “extremamente descontente” com a declaração do G7 sobre Hong Kong a apelar a que se evite a violência no território, depois de três meses de protestos anti-governamentais.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang afirmou que a ex-colónia britânica é uma “assunto interno” da China e que nenhum “Estado, organização ou indivíduo tem o direito de ingerir”.

“Expressamos extrema insatisfação e firme oposição à declaração emitida pelos líderes do G7”, disse Geng. A China apelou ainda aos membros do G7 que “parem de agir com más intenções, meter o nariz em assuntos alheios e preparar secretamente actividades ilegais”, acrescentou.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central.

A declaração emitida após a cimeira do G7 – grupo informal composto por sete países (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Japão, França, Reino Unido e Itália) que estão entre as maiores e mais industrializadas economias do mundo – “reafirma a existência e importância da Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1984” e pede que “seja evitada a violência”.

A polícia de Hong Kong defendeu na segunda-feira o uso de canhões de água e o disparo de um tiro de alerta face a manifestantes “extremamente violentos”. Os confrontos de domingo nos subúrbios de Hong Kong foram dos mais violentos desde o inícios dos protestos.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse após a cimeira do G7 que todos os líderes expressaram a sua “profunda preocupação”. “Todos os países do G7 apoiam uma Hong Kong estável e próspera e estamos comprometidos com o princípio ‘um país, dois sistemas'”, numa referência à autonomia da região em relação à China continental.

27 Ago 2019

Trump acredita que a China acabará por ceder na guerra comercial com os EUA

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu ontem a sua estratégia de avanços e recuos nas negociações comerciais com a China, dizendo que essa é a sua “forma de negociar”, acrescentando que a China acabará por ceder num acordo.

Na conferência de Imprensa no final da cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz, Trump desvalorizou os efeitos na economia mundial da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, dizendo que tem esperança em que se encontre uma solução, atempadamente.

Quando confrontado sobre os avanços e os recuos na negociação com Pequim, Trump defendeu a sua estratégia, dizendo que é a sua “forma de fazer negócios” e dizendo que acredita que se chegará a uma solução, porque a China precisa de um acordo.

“Desculpe, mas é assim, que eu negoceio”, explicou Trump, acrescentando que talvez outros presidentes norte-americanos antes dele devessem ter feito o mesmo.

“O que eu estou a fazer, já outros deviam ter feito, muito antes. Obama, Clinton, os dois Bush. Ninguém fez nada para travar os planos da China”, disse Trump, referindo-se ao desequilíbrio na balança comercial entre os dois países.

“Enquanto não houver maior equilíbrio, os EUA não vão ceder”, disse o Presidente dos EUA, para explicar que a escalada de taxas alfandegárias não levará a nenhum lado, enquanto a China não admitir que está numa situação favorável.

Trump disse que esta escalada provocará muitos danos na economia chinesa, não lhes deixando outra solução que não a de chegar a um acordo. “Eles querem um acordo. Porque eles precisam de um acordo”, referiu Donald Trump.

Na conferência de Imprensa conjunta de Trump e do Presidente Emmanuel Macron, minutos antes, o líder francês disse que a situação de crise comercial entre os EUA e a China está a provocar incerteza económica e pediu para que ambos os lados cheguem rapidamente a um acordo.

“Quanto mais rápido for alcançado um acordo, mais rapidamente a incerteza se dissipará”, explicou Emmanuel Macron, acrescentando que os países do G7 estão empenhados em participar nessa solução.

“Ficou acordado nesta cimeira que devem ser feitas reformas profundas na Organização Mundial do Comércio”, anunciou Macron, sobre as conclusões do encontro do G7, acrescentando que há um compromisso para combater o roubo de propriedade intelectual, uma das queixas dos EUA contra a China.

27 Ago 2019

Países do G7 pedem respeito pelo estatuto de autonomia de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s países do G7 pediram esta segunda-feira o respeito pelo estatuto de autonomia de Hong Kong, para evitar mais violência, após dois meses de manifestações por reformas diplomáticas na antiga colónia britânica.

Num comunicado emitido no final da cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz, os países do G7 reafirmam “a existência e importância da Declaração Sino-Britânica, de 1984, sobre Hong Kong e apelam a que se evite a violência”.

Na conferência de Imprensa no final da cimeira do G7, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião do encontro, disse que houve consenso entre os países para o apelo à estabilidade social em Hong Kong, no respeito dos acordos estabelecidos entre o Reino Unido e a China.

“A mensagem que se quis transmitir é que é fundamental travar a violência que se tem verificado nas ruas de Hong Kong, apelando ao Governo chinês para encontrar soluções”, explicou Emmanuel Macron.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Iniciada em Junho, a partir da recusa do polémico projecto de lei, a mobilização tem alargado as suas reivindicações, para exigir um sufrágio universal, com receio da crescente interferência de Pequim.

27 Ago 2019

Hong Kong | Polícia justifica disparo para o ar e canhões de água

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong justificou ontem o uso de canhões de água e um disparo para o ar, no domingo, em mais um dia de protestos violentos na região administrativa especial chinesa, que terminou com dezenas de detenções.

Os confrontos de domingo nos subúrbios de Tsuen Wan estão entre os mais violentos desde Junho, quando se iniciaram as manifestações pró-democracia contra o Governo da antiga colónia britânica.

“Cercados, sob ataque e enfrentando perigo de vida, seis polícias retiraram as suas pistolas (…) A fim de proteger a própria segurança e de outros polícias, um agente disparou um tiro de advertência para o céu”, lê-se num comunicado da polícia.

A polícia também confirmou o uso, pela primeira vez, de dois veículos equipados com canhões de água para dispersar os manifestantes.

De acordo com o mesmo comunicado, pelo menos quinze agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos de domingo e dezenas de manifestantes, incluindo um menor de 12 anos, foram detidos por reunião ilegal, posse de armas e agressão.

“A polícia apela ao público que se dissocie dos manifestantes violentos”, acrescentou a polícia, prometendo “medidas implacáveis” para levar estes manifestantes à justiça.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

27 Ago 2019

G7 | EUA retomarão “muito em breve” negociações com a China

[dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ontem que os Estados Unidos retomarão “muito em breve” as negociações comerciais com a China, depois de uma nova escalada de tensão nos últimos dias entre os dois gigantes económicos.

Trump disse que o seu Governo recebeu uma comunicação das autoridades chinesas indicando o desejo de voltar à mesa das negociações para discutir um acordo comercial.

“A China ligou ontem à noite (…). Disse: ‘vamos voltar para a mesa de negociação’, logo, voltaremos (…). Vamos começar a negociar novamente muito em breve”, disse Trump à margem da cimeira do G7, em Biarritz, no sudoeste da França.

“Acho que vamos ter um acordo, porque agora estamos a lidar nos termos adequados. Eles entendem e nós entendemos”, disse Trump, acrescentando: “Esta é a primeira vez que eu os vejo a querer realmente fazer um acordo. E eu acho que é um passo muito positivo”.

Trump e o Presidente chinês concordaram em Junho retomar as negociações. Contudo, as negociações terminaram em Julho em Xangai sem indicação de progressos. Os negociadores conversaram por telefone este mês e devem encontrar-se novamente em Washington no próximo mês.

A cimeira do G7, que junta os dirigentes da França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, terminou ontem.

27 Ago 2019

Yuan | Moeda cai para nível mais baixo desde 2008 em relação ao dólar

[dropcap]A[/dropcap] moeda chinesa desvalorizou-se ontem para o nível mais baixo face ao dólar norte-americano desde 2008, numa altura em que a guerra comercial com os Estados Unidos se agrava, afectando também as praças financeiras chinesas.

A meio do dia de ontem na China, um dólar norte-americano valia 7,15 yuan no mercado interno – o valor mais baixo da moeda chinesa em 11 anos. Nos mercados internacionais, que inclui Hong Kong, o valor do yuan face ao dólar fixou-se nos 7.1355.

O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o seu valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2 por cento por dia.

No início do mês, as praças financeiras em todo o mundo registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em onze anos, em relação ao dólar, no que foi interpretado como uma retaliação pelo anúncio de novas taxas alfandegárias sobre importações oriundas da China pelos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, o Banco do Povo Chinês (banco central) tem tentado estabilizar o valor do yuan, mas as disputas comerciais entre Pequim e Washington voltaram a agravar-se nos últimos dias.

Na sexta-feira, Pequim anunciou que vai impor novas taxas alfandegárias, de 5 por cento e 10 por cento, sobre 75 mil milhões de dólares de importações oriundas dos EUA, a partir de Setembro.

Trump anunciou que vai elevar as taxas de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, e 15 por cento, sobre os restantes 350 mil milhões de dólares em produtos chineses.

As bolsas de Xangai e Shenzhen fecharam ontem a cair 1,17 por cento e 0,98 por cento, respectivamente. A bolsa de Hong Kong recuou 2,79 por cento.

Ao ataque

Os governos dos dois países disputam há mais de um ano uma guerra comercial, com ambos os lados a subirem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de bens importados um do outro.

No cerne das disputas está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

27 Ago 2019

Hong Kong | Polícia usa armas de fogo pela primeira vez em protesto

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong disparou este domingo pelo menos um tiro depois de manifestantes pró-democracia terem atacado agentes com paus e varas, e usou gás lacrimogéneo para dispersar um grupo em protesto numa rua central do território. Esta é a primeira vez, em três meses de protestos no território, que as autoridades usam armas de fogo contra os manifestantes.

“Pelo que entendi, um colega acabou de disparar a sua arma. O que me apercebi é que foi um agente fardado que disparou o tiro”, declarou um elemento da polícia de Hong Kong aos jornalistas, citado pela agência de notícias AFP, falando em violentos confrontos entre manifestantes e forças policiais.

Segundo um jornalista da estação de rádio e televisão pública RTHK, o único tiro foi disparado para o ar. De acordo com as agências noticiosas internacionais, a polícia também recorreu neste domingo, pela primeira vez, a canhões de água, apesar de não os terem utilizado directamente nos manifestantes.

O maior confronto teve lugar na zona de Tsuen Wan, a cerca de 10 quilómetros do centro da cidade. Enquanto uma multidão protestava num parque, um grupo invadiu uma rua principal, espalhou paus de bambu no chão e alinhou barreiras de tráfego e cones para tentar bloquear a passagem às autoridades.

Depois de fazer avisos, a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, mas os manifestantes responderam atirando tijolos e artefactos explosivos artesanais contra os agentes de segurança.

Após este episódio, os manifestantes acabaram por recuar. Dois canhões de água e veículos da polícia juntaram-se aos elementos da polícia de choque que avançaram pela rua, tendo encontrado pouca resistência.

Imagens televisivas mostram que um dos canhões de água foi usado uma vez, mas não pareceu ter alcançado os manifestantes que se retiravam. Alguns manifestantes afirmaram ter recorrido à violência porque o Governo não respondeu às iniciativas pacíficas.

“A escalada a que se assiste agora é apenas resultado da indiferença do nosso Governo perante as pessoas de Hong Kong”, disse Rory Wong, que se encontrava no confronto.

Centenas de manifestantes pró-democracia reuniram-se ontem num estádio, debaixo de chuva, e começaram a desfilar pelas ruas de Hong Kong, onde outros ajuntamentos se preparam, após os violentos confrontos na cidade no sábado, depois de 10 dias de calmaria.

26 Ago 2019

Pyongyang | Novos testes de mísseis em dia de reunião do G7

Os mísseis norte-coreanos continuam a cruzar o céu asiático. O último lançamento aconteceu este sábado, enquanto o G7 se reunia em Biarritz, e foi comandado por Kim Jong-Un que considerou estar perante uma grande arma

 

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte realizou sábado o sétimo ensaio, em menos de um mês, com mísseis de curto alcance no mar do Japão, quando se espera o reinício das negociações com Washington para a desnuclearização do país asiático.

O novo lançamento, que sucede ao de 16 de Agosto, acontece no dia em que a cimeira do G7 começou na cidade de Biarritz (França) e quatro dias após a conclusão de manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, contra as quais Pyongyang protestou insistentemente.

Num comunicado, o gabinete presidencial sul-coreano expressou “forte preocupação” com a continuidade dos lançamentos após os exercícios militares e pediu a intensificação dos esforços diplomáticos para reconduzir o país vizinho a negociações.

Seul acredita que a Coreia do Norte usou todos esses testes para ajustar uma nova variedade de projécteis balísticos de curto alcance, enquanto Pyongyang observou, em testes anteriores, que havia testado “um múltiplo lançador de foguetes de controlo remoto” definido como “um novo tipo de arma táctica”.

O regime liderado por Kim Jong-un acompanhou a sua sucessão de testes de armas com uma série de ameaças contra Seul e Washington, numa aparente tentativa de mostrar o poder militar e fortalecer a sua posição diante do esperado recomeço das negociações com os EUA sobre o desarmamento nuclear.

Diálogo azedo

Na sexta-feira, Pyongyang criticou a política de sanções dos EUA e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, numa declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, emitida pela agência estatal KCNA.

“Estamos prontos, tanto para o diálogo quanto para o confronto”, disse Ri, que também afirmou que a Coreia do Norte continuará a ser “a maior ameaça aos EUA” se as sanções forem mantidas, acusando Pompeo de colocar à frente do diálogo a sua “ambição política”, em consonância com ataques anteriores do regime contra o chefe da diplomacia norte-americana.

A divulgação destes comentários coincide com o fim da viagem a Seul do enviado especial de Washington para o diálogo com Pyongyang, Stephen Biegun, que pretendia discutir a retomada das negociações com o regime.

As negociações, em tom neutro desde a fracassada cimeira de Hanói, em Fevereiro, deveriam ser retomadas depois que os líderes de ambos os países se terem comprometido a reactivá-las, numa reunião improvisada no final de Junho.

Os recentes gestos beligerantes do regime da Coreia do Norte contrastam com a confiança mostrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em que ambas as partes retomarão os contactos em breve.

Trump minimizou os testes de mísseis norte-coreanos e, no início deste mês, afirmou ter recebido uma carta de Kim Jong-un, na qual o líder norte-coreano lhe apresentou “um pequeno pedido de desculpas” pelos ensaios e transmitiu vontade de dialogar.

Os líderes do G7 poderão abordar, entre outros assuntos, a situação na península coreana na reunião em Biarritz. Pyongyang tem o hábito de realizar testes de armas em datas próximas a eventos internacionais relevantes, neste caso uma cimeira com a presença de Trump e do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que expressou o seu desejo de discutir durante o encontro o estado do diálogo com o regime norte-coreano.

“Grande arma”

O dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un, liderou sábado o ensaio de mísseis de curto alcance e considerou estar em causa “uma grande arma”, noticiou ontem a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. De acordo com agência, Kim Jong-Un liderou o ensaio de “lançamento de múltiplos mísseis de larga escala”.

Após este teste, o mais recente ensaio de mísseis de curto alcance realizado em Agosto pela Coreia do Norte, Kim Jong-Un afirmou que o sistema “recém-desenvolvido” era “uma grande arma”, segundo a KCNA. O país deve continuar a fortalecer o desenvolvimento de armas para combater “as ameaças militares e a crescente pressão das forças hostis”, salientou o responsável.

26 Ago 2019

Cimeira G7 | Contradições sobre mensagem para Irão e guerra comercial a marcar manhã de hoje

[dropcap]A[/dropcap] França disse hoje que os líderes do G7 concordaram em encarregar o Presidente francês, Emmanuel Macron, de conversar com o Irão, para evitar uma escalada de violência na região, mas Donald Trump negou a informação.

A presidência francesa disse hoje que os líderes dos países mais industrializados do mundo (G7) concordaram em instruir o Presidente francês para enviar uma mensagem em nome das democracias avançadas ao Irão e manter conversações com as autoridades iranianas.

Não foram fornecidos detalhes sobre a mensagem, mas a presidência francesa disse que o objetivo é prevenir que o Irão obtenha armas nucleares e evitar novas tensões no Médio Oriente.
Questionado sobre se assinou a mensagem, o Presidente dos Estados Unidos afirmou aos jornalistas: “Eu não discuti isso”.

No âmbito de uma reunião bilateral com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, Donald Trump disse que não impede nenhum líder de falar com o Irão, e acrescentou: “Se eles querem conversar podem conversar”. A França está a liderar os esforços europeus para tentar salvar o acordo nuclear iraniano, enfraquecido pela retirada dos Estados Unidos.

Os líderes dos sete países mais industrializados do mundo estão reunidos em Biarritz, França, onde hoje começaram as reuniões com uma sessão dedicada às tensões comerciais e a situação global de segurança, duas questões essenciais da cimeira, que começou na noite passada.

Numas breves declarações à imprensa esta manhã, depois de tomar o pequeno almoço com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que os demais membros do grupo do G7 não lhe pediram para que pare a guerra comercial com a China, reconhecendo depois que tem “dúvidas sobre tudo” o que faz.

“Ninguém me disse isso”, disse Trump, quando questionado sobre se os aliados do G7 o pressionaram para que ponha fim à tensão com a China, que está a diminuir o crescimento económico mundial.

Trump insistiu na ideia de que o que a China fez aos Estados Unidos “é indigno”, por ganhar “centenas de milhar de milhões de dólares por ano” através do que considera serem práticas comerciais ilícitas e roubo de propriedade intelectual.

Ainda assim reconheceu que tem algumas “dúvidas” sobre as suas decisões em relação à China, já que tem “dúvidas sobre tudo”, e apostou na continuação do diálogo com Pequim.

O Presidente francês, Emmanuel Mácron, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediram no sábado em Biarritz que haja uma trégua no conflito comercial entre os dos países, perante as consequências negativas para a economia global.

O próprio Johnson disse hoje, em frente de Trump, que “em geral” é a favor da paz comercial e referiu opor-se, em princípio, à imposição de novas tarifas.

Nas declarações aos jornalistas o Presidente dos Estados Unidos disse ser “possível” que a Rússia regresse ao G7 no próximo ano, depois de ter sido expulsa devido à invasão e anexação da Crimeia, em 2014.

O hipotético retorno da Rússia é um dos assuntos que dividem os membros da cimeira de Biarritz, com Trump a defende-lo e alguns líderes europeus a oporem-se.

Donald Trump também disse não ter ficado satisfeito com o facto de a Coreia do Norte ter feito mais um teste com mísseis, mas desvalorizou a importância do ocorrido.

“Não estou contente, mas mais uma vez ele (o líder norte-coreano) não viola o acordo” sobre esses testes, disse aos jornalistas.

25 Ago 2019

Polícia de Hong Kong anuncia detenção de 29 pessoas no violento protesto de sábado

[dropcap]U[/dropcap]m total de 29 pessoas foram detidas em Hong Kong depois de terem participado sábado numa manifestação pró-democracia marcada pela violência entre manifestantes e as forças de segurança, informou hoje a polícia em comunicado.

O protesto resultou na detenção de 19 homens e 10 mulheres, com idades entre 17 e 52 anos, por crimes como reunião ilegal e agressão a elementos da polícia. “Alguns manifestantes radicais desviaram-se do percurso original e obstruíram as estradas, danificaram as lâmpadas de rua e atacaram polícias. A polícia condena veementemente o comportamento dos manifestantes”, pode ler-se na mesma nota.

Um dos detidos é Ventus Lau, um dos organizadores da marcha que foi autorizada pela polícia, por reunião ilegal, disse seu advogado à agência de notícias Efe. Pelo menos dez pessoas receberam tratamento em hospitais públicos e duas estão “em estado grave”, segundo a autoridade de saúde da cidade.

Depois de 10 dias de relativa paz na ex-colónia britânica, a tensão voltou às ruas no sábado, quando milhares de pessoas se manifestaram em Kwun Tong, no leste de Kowloon.

De acordo com relatos da polícia, um grande grupo de manifestantes montou barreiras para paralisar o tráfego e “usou serras eléctricas para danificar uma série de postes de luz (…), o que representa uma séria ameaça à segurança das pessoas no local utilizadores das vias”.

Os manifestantes, acrescenta-se na mesma nota, também arremessaram objectos e bombas de gasolina aos polícias, causando danos a veículos das forças de segurança e lesões nas pernas de um jornalista.

A polícia realizou uma operação com “a força apropriada para anular os actos violentos dos manifestantes”, acrescenta-se. Os protestos maciços de rua, que traduzem a maior crise política em décadas na cidade, acontecem desde o início de Junho, e alguns deles terminaram em confrontos violentos entre a polícia e manifestantes.

Quando os protestos começaram, os cidadãos expressaram a sua rejeição a uma lei de extradição apresentada pelas autoridades locais que permitiria a entrega de suspeitos a jurisdições sem acordos prévios como a China continental, algo que os opositores ao texto consideram como o fim das garantias judiciais oferecidas pelo sistema de Hong Kong.

No entanto, as manifestações evoluíram nas últimas semanas para reivindicações mais amplas sobre os mecanismos democráticos da cidade e para a rejeição da crescente influência de Pequim nos assuntos locais. Novas marchas são esperadas hoje, especialmente na área de Tsuen Wan.

25 Ago 2019

Consulado do Canadá suspende viagens de funcionário para fora de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] consulado do Canadá em Hong Kong anunciou hoje a suspensão de viagens de funcionários para fora da cidade, incluindo para a China continental.

A decisão acontece depois do Governo chinês ter confirmado a detenção de um funcionário do consulado britânico em Shenzhen, zona económica especial chinesa adjacente a Hong Kong.
Em comunicado, o consulado do Canadá indicou que, “neste momento, a equipa contratada localmente não realizará viagens (…) oficiais fora de Hong Kong”.

O funcionário do consulado britânico em Hong Kong, que desapareceu na China continental no início de Agosto, foi detido por “solicitar prostitutas”, avançou a imprensa estatal chinesa, uma acusação rejeitada pela família do jovem, que considerou “serem fabricadas”.

A família disse que Cheng foi a Shenzhen, em 8 de Agosto, para uma reunião de negócios, mas e passou a estar incontactável quando atravessava a fronteira para Hong Kong. O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo de telecomunicações chinês Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver.

A detenção, efetuada no Canadá, foi feita a pedido dos Estados Unidos por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, numa violação da lei. Os dois cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.

23 Ago 2019

Novos protestos em Hong Kong com cordão humano e manifestação de contabilistas

[dropcap]O[/dropcap]s protestos anti-governamentais e pró-democracia voltaram hoje às ruas de Hong Kong com um cordão humano marcado para junto das estações das três principais linhas de metropolitano e uma manifestação promovida por contabilistas. A manifestação dos contabilistas começou às 12:30, com a previsão de ocorrência de um cordão humano para as 20:00.

As duas iniciativas antecedem um protesto convocado para 31 de Agosto para assinalar os cinco anos do veto de Pequim à possibilidade de sufrágio universal na ex-colónia britânica.

Por outro lado, acontecem após a manifestação pacífica de domingo – que juntou mais de 1,7 milhões de pessoas, segundo a organização, e 128 mil, de acordo com a polícia – e um tenso protesto esta semana numa das estações de metro que quase resultou em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

Os contabilistas vão marchar no centro da cidade, num desfile autorizado pela polícia, para exigir ao Governo de Hong Kong uma resposta às cinco reivindicações da Frente Cívica dos Direitos Humanos, o movimento que tem liderado os maiores protestos.

Em causa está a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo.

O cordão humano não tem uma liderança conhecida e tem sido promovida nas redes sociais, uma iniciativa para “continuar a dar eco aos apelos das pessoas de maneira pacífica, racional e não-violenta” e, “ao mesmo tempo, elevar a consciência internacional” para as reivindicações da população de Hong Kong.

Na quinta-feira, a empresa gestora do metro em Hong Hong anunciou que, daqui em diante, ao mínimo sinal de violência, vai suspender os serviços e fechar as estações sem qualquer aviso. “A polícia pode ter que entrar na estações para tomar as acções necessárias para garantir o cumprimento da lei”, indicou a MTR, num comunicado citado pelo jornal South China Morning Post.

Os protestos na região administrativa especial chinesa duram desde 9 de Junho e têm sido marcados por violentos confrontos entre manifestantes e polícia.

23 Ago 2019