Hoje Macau China / Ásia MancheteManifestantes junto ao consulado britânico pedem que Reino Unido salve Hong Kong [dropcap]C[/dropcap]entenas de manifestantes estão reunidos no exterior do consulado britânico em Hong Kong, procurando apoio internacional na campanha que dura há mais de três meses por reformas democráticas no território. Os manifestantes agitam bandeiras britânicas e cantam “Deus salve a rainha”, entoando ainda palavras de ordem como “Reino Unido salva Hong Kong”. Os manifestantes apelam ao ex-governante colonial de Hong Kong que exerça pressão para que a autonomia da cidade seja mantida com base nos acordos feitos entre o Reino Unido e a China em 1997. Esta acção de protesto surge depois de manifestações semelhantes no início de Setembro nas instalações britânicas e no fim de semana passado no consulado dos EUA. Os protestos foram desencadeados em Junho por uma proposta de lei de extradição que muitos viam como um exemplo da crescente interferência da China e de uma erosão nas liberdades de Hong Kong. As manifestações prosseguem, apesar de Carrie Lam, Chefe do Executivo, ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial. Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China. A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China. A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington. A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais. Episódios da guerra Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano. Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente. No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos. Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial. No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos. “Avanços substanciais”, precisam-se O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Adiado aumento de taxas sobre importações chinesas [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou por 15 dias o aumento de taxas alfandegárias sobre quase metade das importações oriundas da China, num raro gesto de “boa vontade”, que antecede nova ronda negocial. Trump disse ter acedido ao pedido do vice-primeiro ministro chinês, Liu He, que lidera a delegação chinesa nas negociações com os EUA, em adiar por duas semanas o aumento das taxas, de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China. A subida estava originalmente marcada para o dia 1 de Outubro, mas o Presidente norte-americano disse que Pequim quis evitar que coincidisse com o 70º aniversário da República Popular da China. A decisão de Washington surgiu depois de a China ter anunciado, na quarta-feira, que alguns produtos químicos industriais e fármacos dos Estados Unidos passarão a estar isentos de taxas alfandegárias retaliatórias na guerra comercial com Washington. A reciprocidade deve assim aligeirar o ambiente nas vésperas de delegações de ambos os países voltarem a reunir, em Washington, para discutir um acordo que ponha final às disputas comerciais. Episódios da guerra Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de ambos os países, numa guerra comercial que começou há mais de um ano. Um primeiro período de tréguas colapsou em Maio, após Trump acusar o lado chinês de recuar em promessas feitas anteriormente. No mês seguinte, Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, negociaram nova trégua, que durou menos de duas semanas, com o líder norte-americano a anunciar mais taxas alfandegárias, depois de Pequim não ter acedido em retomar a compra de produtos agrícolas norte-americanos. Desta vez, a lista de produtos norte-americanos que serão isentos de taxas retaliatórias por Pequim, a partir de 17 de Outubro, e durante um ano, inclui 16 categorias: pesticidas, lubrificantes, produtos farmacêuticos ou graxa industrial. No entanto, Pequim vai manter taxas alfandegárias de até 25 por cento sobre a soja e outros produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos. “Avanços substanciais”, precisam-se O Governo dos EUA quer “avanços substanciais” nas negociações comerciais com a China, já no início de Outubro, mas admite todos os cenários, disse ontem o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. Estados Unidos e China vão voltar à mesa das negociações, no final deste mês, para preparar um encontro em Washington entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e a delegação norte-americana, em que Mnuchin estará acompanhado do representante para o Comércio, Robert Lightizer. Mnuchin disse que o Presidente Donald Trump está disponível para todos os cenários, retirando ou aumentando as tarifas aduaneiras retaliatórias, dependendo do avanço das negociações que decorrerão em outubro, em Washington. “Podemos chegar a um acordo a qualquer momento, mas queremos um bom acordo”, explicou ontem Steven Mnuchin, numa entrevista à estação televisiva CNBC. Na entrevista televisiva, o secretário do Tesouro explicou ainda que a questão de Hong Kong, onde manifestações de protesto contra o Governo local se prolongam há várias semanas, não estará na “ementa” das reuniões comerciais entre os EUA e a China, para não perturbar a possibilidade dos necessários progressos negociais.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePolícia de Hong Kong proíbe manifestação convocada para domingo [dropcap]A[/dropcap] Polícia de Hong Kong proibiu hoje a manifestação convocada para domingo pela Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), que tem liderado os grandes protestos pró-democracia na antiga colónia britânica. A marcha havia sido convocada após o anúncio da líder do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, da retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, no mesmo dia do anúncio de Carrie Lam, a vice-coordenadora da FCDH, que reúne mais de uma dezena de partidos e organizações não governamentais, disse, em declarações à Lusa, que “os ‘slogans’ que têm sido entoados nas ruas são claros. ‘Cinco exigências: nem uma a menos’”, disse Bonnie Leung. “Esta [a lei da extradição] era a mais simples de responder, mas as outras quatro são igualmente importantes”, sublinhou, defendendo que “seria também simples aceitar a criação de uma comissão de inquérito independente para averiguar a actuação da polícia” que é acusada de usar força excessiva. Os manifestantes exigem que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong. Na carta de “objecção” da polícia, enviada aos organizadores da marcha, lê-se que durante as manifestações realizadas desde Junho “alguns manifestantes não apenas cometeram actos de violência, incêndio criminoso e bloqueios de estradas, mas também usaram bombas de gasolina e todos os tipos de armas para destruir bens públicos em larga escala”. Além disso, as autoridades policiais apontaram que os locais onde a manifestação iria acontecer são “muito próximos a prédios de alto risco”, entre os quais a estação de comboios de alta velocidade ou o quartel general da polícia. Ao declarar a manifestação ilegal, as pessoas que participem na mesma podem enfrentar sérias consequências legais. A FCDH já anunciou que interpôs um recurso contra a decisão da polícia e deve ser notificada antes de domingo sobre a decisão.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo. “Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters. Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou. Washington na agenda O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres. Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou. Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo. “Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters. Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou. Washington na agenda O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres. Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou. Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
João Luz China / ÁsiaEconomia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades [dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor. A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira. À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne. O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores. Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares. Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings. Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos. “O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”. Futuro sombrio Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude. Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte. Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país. Estancar a ferida De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis. Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína. Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia. Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio. Feriados à porta Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura. Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada. Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan. No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia. Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo. Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times. Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.
João Luz China / ÁsiaEconomia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades [dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor. A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira. À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne. O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores. Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares. Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings. Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos. “O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”. Futuro sombrio Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude. Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte. Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país. Estancar a ferida De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis. Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína. Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia. Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio. Feriados à porta Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura. Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada. Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan. No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia. Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo. Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times. Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.
Hoje Macau China / ÁsiaChina confirma que deteve taiwanês por partilhar fotos de polícia paramilitar [dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje que deteve um homem de Taiwan por alegadamente ter “prejudicado a segurança nacional” ao partilhar fotos da polícia paramilitar chinesa junto à fronteira com Hong Kong no mês passado. Lee Meng-chu está sob investigação por suspeita de envolvimento em actividades criminosas “prejudiciais à segurança nacional”, revelou Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, sem avançar mais detalhes. Lee desapareceu em 20 de Agosto, depois de enviar fotos da polícia paramilitar ao prefeito de Fangliao, uma pequena comunidade de pescadores no sul de Taiwan. O prefeito, Archer Chen, disse que tentou contactar Lee nesse mesmo dia, mas que não conseguiu. Lee costumava viajar para a China e era consultor voluntário do município para ajudar a promover os seus negócios, disse Chen. A agência noticiosa de Taiwan informou que Lee também partilhou as fotos com o seu irmão. Veículos do exército e da polícia paramilitar da China estão reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, que há mais de três meses é palco de protestos pró-democracia.
Hoje Macau China / ÁsiaMinistro japonês defende despejo de água radioactiva de Fukushima no Pacífico [dropcap]O[/dropcap] ministro do Meio Ambiente do Japão, Yoshiaki Harada, defendeu ontem que a única solução para eliminar a água radioactiva da central nuclear de Fukushima é despejá-la, depois de tratada, nas águas do Oceano Pacífico. Desde o acidente da centra nuclear de Fukushima, em 2011, a empresa proprietária da instalação, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), acumulou mais de um milhão de toneladas de água altamente radioactiva, que foi usada para arrefecer os reactores danificados. “Penso que não há outra hipótese a não ser lançá-la ao mar”, disse Harada, quando questionado sobre o destino da água contaminada, durante uma conferência de imprensa de balanço sobre o seu mandato no ministério do Meio Ambiente. O gabinete do primeiro-ministro, Shinzo Abe reagiu de imediato a esta declaração de Harada, dizendo que o compromete apenas a ele, recordando que o ministro está de saída, no âmbito de uma remodelação governamental. Se o armazenamento da água radioactiva for mantido ao ritmo actual, a Tepco estima que ficará sem espaço para a preservar antes de 2022, o que levou a empresa e o Governo a procurar medidas para resolver o problema. A solução de despejar a água no Oceano Pacífico não é nova: já em 2016, uma comissão de especialistas mandatada pelo Ministério da Indústria japonês concluiu que essa opção era a “mais rápida e menos dispendiosa”, embora não se excluíssem outras possibilidades. Nessa altura, a comissão de especialistas calculou que demoraria sete anos e quatro meses o processo de libertação da água no oceano, após a sua diluição, com um custo estimado de cerca de 28 milhões de euros, enquanto as outras técnicas custariam 10 a 100 vezes mais e demorariam um período de oito a 13 anos. A Tepco já realizou várias descargas específicas de centenas de toneladas de água processada, desde 2015, mas em volume abaixo do que a lei japonesa determina como limite para descargas. Uma fonte ligada à comissão de especialistas referiu as dificuldades do processo de libertação da água no Oceano Pacífico, recordando que, para ser despejada, de acordo com os tratados ambientais internacionais, ela precisa de ser sujeita a um forte controlo de níveis de diluição. O Governo japonês tem estudado, desde 2016, várias soluções alternativas, mostrando-se preocupado com o impacto ambiental, mas também com os danos colaterais na imagem do Japão junto da comunidade internacional.
Hoje Macau China / ÁsiaFitch | Guerra comercial e ‘Brexit’ fazem recuar crescimento mundial [dropcap]A[/dropcap] Fitch acredita que o impacto da guerra comercial entre a China e os EUA e os riscos de um ‘brexit’ sem acordo levarão a uma revisão em baixa do crescimento a nível mundial, incluindo na zona euro. Em comunicado, a agência de ‘rating’ referiu que “levou a cabo revisões em baixa significativas ao crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] da China e da zona euro para os próximos 18 meses”. Assim, a organização prevê que a economia chinesa cresça 6,1 por cento este ano e 5,7 por cento em 2020, face às previsões da agência em Junho, que apontavam para 6,2 por cento e 6 por cento respectivamente. Na mesma nota, a Fitch revela que, no caso da zona euro, a estimativas são agora de um aumento de 1,1 por cento em 2019 e 2020, mas em Junho a Fitch apontava para 1,2 por cento este ano e 1,3 por cento em 2020. Os Estados Unidos não escapam a este cenário de desaceleração, com as previsões a apontarem para uma evolução do PIB de 2,3 por cento este ano e 1,7 por cento em 2020, em comparação com a estimativa anterior, de 2,4 por cento e 1,8 por cento respectivamente. A Fitch avisa ainda que a zona euro pode ainda crescer menos no caso de um ‘brexit’ sem acordo, “um risco que cresceu ainda mais no Verão”, segundo o comunicado. “Enquanto que a desaceleração mundial dos últimos 12 meses se deveu a várias causas – incluindo condições de crédito na China, o aperto na liquidez global do dólar em 2018 e mudanças significativas em alguns grandes mercados emergentes – a principal causa para a deterioração das perspetivas nos próximos 12 a 18 meses é a política comercial”, lê-se na nota da Fitch. Taxas de choque A agência recordou que os EUA intensificaram as tarifas sobre as exportações chinesas durante o Verão, de 25 por cento para 30 por cento em bens avaliados em 250 mil milhões de dólares e criaram uma nova taxa de 15 por cento nos restantes 300 mil milhões de dólares, sendo que estas mudanças entrarão em vigor entre Outubro e o final do ano. A Fitch acredita que o “choque” destas medidas irá reduzir o crescimento chinês em 2020 em 0,3 pontos percentuais, face ao estimado em Junho. O arrefecimento da economia chinesa, de acordo com a agência de ‘rating’ tem sido “um factor importante” no crescimento “desapontante” da zona euro. “A evolução da zona euro foi mais fraca do que o esperado no segundo trimestre de 2019 e dados mais recentes continuam a surpreender pela negativa, particularmente na Alemanha, onde a economia se contraiu” no mesmo período, segundo a Fitch. Um ‘Brexit’ sem acordo pode conduzir a uma “recessão significativa no Reino Unido” em 2020, sendo que um dos cenários aponta que, se o PIB britânico cair 1,4 por cento, a zona euro pode recuar 0,4 pontos percentuais”, destacou a Fitch. A agência salientou que ao EUA têm-se mostrado mais resistentes a estes problemas, mas o sector industrial arrefeceu “significativamente” e as empresas estão mais cautelosas nos investimentos, face às incertezas das políticas comerciais.
Hoje Macau China / ÁsiaFitch | Guerra comercial e ‘Brexit’ fazem recuar crescimento mundial [dropcap]A[/dropcap] Fitch acredita que o impacto da guerra comercial entre a China e os EUA e os riscos de um ‘brexit’ sem acordo levarão a uma revisão em baixa do crescimento a nível mundial, incluindo na zona euro. Em comunicado, a agência de ‘rating’ referiu que “levou a cabo revisões em baixa significativas ao crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] da China e da zona euro para os próximos 18 meses”. Assim, a organização prevê que a economia chinesa cresça 6,1 por cento este ano e 5,7 por cento em 2020, face às previsões da agência em Junho, que apontavam para 6,2 por cento e 6 por cento respectivamente. Na mesma nota, a Fitch revela que, no caso da zona euro, a estimativas são agora de um aumento de 1,1 por cento em 2019 e 2020, mas em Junho a Fitch apontava para 1,2 por cento este ano e 1,3 por cento em 2020. Os Estados Unidos não escapam a este cenário de desaceleração, com as previsões a apontarem para uma evolução do PIB de 2,3 por cento este ano e 1,7 por cento em 2020, em comparação com a estimativa anterior, de 2,4 por cento e 1,8 por cento respectivamente. A Fitch avisa ainda que a zona euro pode ainda crescer menos no caso de um ‘brexit’ sem acordo, “um risco que cresceu ainda mais no Verão”, segundo o comunicado. “Enquanto que a desaceleração mundial dos últimos 12 meses se deveu a várias causas – incluindo condições de crédito na China, o aperto na liquidez global do dólar em 2018 e mudanças significativas em alguns grandes mercados emergentes – a principal causa para a deterioração das perspetivas nos próximos 12 a 18 meses é a política comercial”, lê-se na nota da Fitch. Taxas de choque A agência recordou que os EUA intensificaram as tarifas sobre as exportações chinesas durante o Verão, de 25 por cento para 30 por cento em bens avaliados em 250 mil milhões de dólares e criaram uma nova taxa de 15 por cento nos restantes 300 mil milhões de dólares, sendo que estas mudanças entrarão em vigor entre Outubro e o final do ano. A Fitch acredita que o “choque” destas medidas irá reduzir o crescimento chinês em 2020 em 0,3 pontos percentuais, face ao estimado em Junho. O arrefecimento da economia chinesa, de acordo com a agência de ‘rating’ tem sido “um factor importante” no crescimento “desapontante” da zona euro. “A evolução da zona euro foi mais fraca do que o esperado no segundo trimestre de 2019 e dados mais recentes continuam a surpreender pela negativa, particularmente na Alemanha, onde a economia se contraiu” no mesmo período, segundo a Fitch. Um ‘Brexit’ sem acordo pode conduzir a uma “recessão significativa no Reino Unido” em 2020, sendo que um dos cenários aponta que, se o PIB britânico cair 1,4 por cento, a zona euro pode recuar 0,4 pontos percentuais”, destacou a Fitch. A agência salientou que ao EUA têm-se mostrado mais resistentes a estes problemas, mas o sector industrial arrefeceu “significativamente” e as empresas estão mais cautelosas nos investimentos, face às incertezas das políticas comerciais.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica reunião entre Joshua Wong e MNE alemão em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista de Hong Kong Joshua Wong reuniu-se na segunda-feira em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão para pedir apoio ao movimento pró-democracia, uma reunião criticada ontem por Pequim que denunciou “desrespeito” à sua soberania. “Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, sobre a situação dos protestos, a nossa causa de eleições livres e democracia em Hong Kong”, escreveu Joshua Wong na sua conta da rede social Twitter. O proeminente activista anunciou ainda que nos próximos dias terá “novas discussões com membros do Bundestag (Parlamento) alemão”. Em relação ao encontro que teve na segunda-feira com Joshua Wong, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão apontou, também no Twitter, que “o direito à liberdade de expressão é um princípio fundamental”. “Não pode estar sujeito a nenhuma restrição”, acrescentou. A China criticou o encontro denunciando “desrespeito” à sua soberania. “Alguns meios de comunicação e políticos alemães estão a tentar ser mais atractivos e a chamar a atenção para si mesmos, usando separatistas anti-China. (…) Fazer espectáculo político é (um método) extremamente errado”, respondeu uma das porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Hua Chunying. Quanto à acusação aos meios de comunicação, Hua Chunying estará a referir-se a uma entrevista que Joshua Wong deu ao jornal alemão Bild, na qual comparou Hong Kong com “Berlim Oriental durante a Guerra Fria” e apelou aos “alemães que lutaram pela liberdade”, nessa época. Carta a Merkel Já na semana passada, numa carta aberta publicada também no diário alemão Bild, vários líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, entre eles Joshua Wong, pediram à chanceler alemã, Angela Merkel, que recorde “os terrores” do regime comunista da Alemanha Oriental. “Você viveu em primeira mão os terrores de um governo ditatorial”, escreveu Wong, citado pela imprensa local. A carta tinha como objectivo que Merkel apoiasse o movimento pró-democracia do território durante a sua deslocação a Pequim, que aconteceu na semana passada. “Eu referi, durante o diálogo, que os direitos e liberdades acordados na Lei Básica [miniconstituição] de Hong Kong devem ser salvaguardados”, afirmou Merkel, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Nos últimos dias os manifestantes que lutam por eleições livres em Hong Kong têm apelado à comunidade internacional que apoie a luta pró-democracia no território. No domingo, centenas de milhares de manifestantes pró-democracia instalaram-se em frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica reunião entre Joshua Wong e MNE alemão em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista de Hong Kong Joshua Wong reuniu-se na segunda-feira em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão para pedir apoio ao movimento pró-democracia, uma reunião criticada ontem por Pequim que denunciou “desrespeito” à sua soberania. “Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, sobre a situação dos protestos, a nossa causa de eleições livres e democracia em Hong Kong”, escreveu Joshua Wong na sua conta da rede social Twitter. O proeminente activista anunciou ainda que nos próximos dias terá “novas discussões com membros do Bundestag (Parlamento) alemão”. Em relação ao encontro que teve na segunda-feira com Joshua Wong, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão apontou, também no Twitter, que “o direito à liberdade de expressão é um princípio fundamental”. “Não pode estar sujeito a nenhuma restrição”, acrescentou. A China criticou o encontro denunciando “desrespeito” à sua soberania. “Alguns meios de comunicação e políticos alemães estão a tentar ser mais atractivos e a chamar a atenção para si mesmos, usando separatistas anti-China. (…) Fazer espectáculo político é (um método) extremamente errado”, respondeu uma das porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Hua Chunying. Quanto à acusação aos meios de comunicação, Hua Chunying estará a referir-se a uma entrevista que Joshua Wong deu ao jornal alemão Bild, na qual comparou Hong Kong com “Berlim Oriental durante a Guerra Fria” e apelou aos “alemães que lutaram pela liberdade”, nessa época. Carta a Merkel Já na semana passada, numa carta aberta publicada também no diário alemão Bild, vários líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, entre eles Joshua Wong, pediram à chanceler alemã, Angela Merkel, que recorde “os terrores” do regime comunista da Alemanha Oriental. “Você viveu em primeira mão os terrores de um governo ditatorial”, escreveu Wong, citado pela imprensa local. A carta tinha como objectivo que Merkel apoiasse o movimento pró-democracia do território durante a sua deslocação a Pequim, que aconteceu na semana passada. “Eu referi, durante o diálogo, que os direitos e liberdades acordados na Lei Básica [miniconstituição] de Hong Kong devem ser salvaguardados”, afirmou Merkel, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Nos últimos dias os manifestantes que lutam por eleições livres em Hong Kong têm apelado à comunidade internacional que apoie a luta pró-democracia no território. No domingo, centenas de milhares de manifestantes pró-democracia instalaram-se em frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Hoje Macau China / ÁsiaTufão no Japão deixa milhares de passageiros retidos no aeroporto [dropcap]C[/dropcap]erca de 17 mil passageiros ficaram esta segunda-feira retidos no aeroporto internacional de Narita, que serve a área metropolitana de Tóquio, devido a um tufão que provocou sérios constrangimentos no sistema de transporte público. Um total de 16.900 passageiros chegaram na segunda-feira a Narita, onde permaneceram várias horas devido à suspensão das ligações de comboio e de autocarro para a capital japonesa, a mais de 60 quilómetros do aeroporto. Os serviços foram entretanto retomados esta madrugada, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, que ainda assim dá conta de alguns atrasos. A passagem do tufão Faxai causou três mortos e dezenas de feridos no Japão e deixou cerca de 930 mil casas sem electricidade, segundo a mesma agência. O tufão atingiu sobretudo a área metropolitana de Tóquio.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCarrie Lam diz que interferência dos EUA nos assuntos de Hong Kong é “extremamente inapropriada” [dropcap]A[/dropcap] líder do Governo de Hong Kong disse hoje que a interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos da cidade é “extremamente inapropriada” e que qualquer ingerência ameaça os interesses económicos que ambos partilham. “É extremamente inapropriado um país interferir nos assuntos de Hong Kong”, afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong, antes da reunião semanal com o seu conselho executivo. “Espero que ninguém em Hong Kong se mobilize para pedir aos Estados Unidos que adoptem essa lei”, acrescentou, referindo-se às centenas de milhares de manifestantes pró-democracia que se instalaram, no domingo, à frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Mais de 1.000 empresas norte-americanas estão em Hong Kong e desfrutam de benefícios do “relacionamento bilateral positivo”, afirmou Carrie Lam. “Quaisquer acordos que temos, ou quaisquer disposições específicas aplicadas a Hong Kong, dos norte-americanos, não são exclusivamente para o benefício de Hong Kong”, reiterou. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos. Esta lei foi proposta pela primeira vez em 2015 e retomada em 13 de Junho pelo senador republicano Marco Rubio e o congressista democrata Jim McGovern, para reafirmar que os Estados Unidos continuam “comprometidos com a democracia, com os direitos humanos (…) no momento em que estas liberdades e autonomia em Hong Kong estão a ser corridas”. Na segunda-feira, milhares de estudantes formaram um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, após mais um fim de semana marcado por violentos confrontos. O protesto silencioso dos estudantes foi promovido após o Governo de Hong Kong condenar o “comportamento ilegal de manifestantes radicais” e alertar os governos estrangeiros a “não interferirem de forma alguma nos assuntos internos” da região administrativa especial chinesa. Milhares de manifestantes promoveram uma marcha pacífica no domingo até ao Consulado dos EUA para pedirem o apoio de Washington, mas a violência, à semelhança do que aconteceu ao longo de todo o verão, acabou por eclodir mais tarde. Alguns jovens vandalizaram estações de metro, foram responsáveis por vários focos de incêndio no centro da cidade e bloquearam o tráfego, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo e a realizar cargas policiais para dispersar os manifestantes. O Governo de Hong Kong anunciou na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte disponível para regressar a negociações sobre desnuclearização [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte está disponível para retomar no final de Setembro as negociações com os Estados Unidos sobre desnuclearização, mas ameaça abandonar a via diplomática se não houver pontos de acordo, disse ontem uma fonte governamental. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pence, tinha dito no domingo que esperava voltar à mesa das negociações com a Coreia do Norte, para conseguir o compromisso de abandono dos planos nucleares de Pyongyang. “Penso que o Presidente [Donald] Trump ficaria muito desapontado se o Presidente Kim não voltar à mesa das negociações ou se voltar a realizar testes que são inconsistentes com os acordos feitos quando estiveram ambos reunidos”, afirmou Mike Pence, no domingo. Ontem, o primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Choe Son Hui, disse que abandonará a mesa das negociações, se os Estados Unidos não trouxerem propostas concretas que satisfaçam os interesses do seu Governo. As negociações entre os EUA e a Coreia do Norte sobre o desarmamento nuclear norte-coreano chegou a um impasse, em Fevereiro, quando o Presidente Donald Trump rejeitou o pedido do líder norte-coreano, Kim Jong-un, para um alívio das sanções. Em Junho, os dois líderes reuniram, na fronteira entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, tendo decidido retomar as negociações. Agora, Choe considera que já passou tempo suficiente para que os EUA tenham preparado uma proposta concreta que responda aos anseios dos norte-coreanos, prometendo retomar a via diplomática desejada por Washington. Nas últimas semanas, a Coreia do Norte realizou vários ensaios com mísseis de curto alcance, em sinal de protesto contra os exercícios militares conjuntas dos EUA e da Coreia do Sul, tendo o mais recente desses testes decorrido há duas semanas, quando Trump se encontrava presente na cimeira do G7, na cidade francesa de Biarritz.
Hoje Macau China / ÁsiaONG acusa subcontratada da Apple de violar direitos do trabalhadores na China [dropcap]U[/dropcap]ma organização de defesa dos direitos dos trabalhadores acusou hoje a empresa taiwanesa do sector tecnológico Foxconn, importante montadora dos ‘smartphones’ da norte-americana Apple, de violar vários direitos nas suas fábricas na China. Num relatório intitulado “iPhone 11 Ilegalmente Produzido na China”, a China Labor Watch (CLW) revela que mais de metade dos operários da fábrica da Foxconn em Zhengzhou, no centro da China, tem contratos temporários, violando uma lei chinesa que limita a proporção de precários a 10% do total da força de trabalho de uma unidade. Trabalhadores temporários são muitas vezes usados pelas fábricas para aumentar a produção durante picos sazonais de procura. Estes trabalhadores não têm direito a segurança social, mas são antes oferecidos bónus, que a China Labor Watch acusa a Foxconn de não cumprir. Com uma área total de 1,4 milhões de metros quadrados, a unidade em Zhengshou da Foxconn é a maior fabricante mundial de dispositivos da Apple, sendo conhecida como “Cidade iPhone”. “A Apple e a Foxconn sabem que estão a infringir a lei, mas contratar trabalhadores temporários é lucrativo e, portanto, não se importam”, afirmou Li Qiang, director da China Labor Watch, que tem sede nos Estados Unidos. A organização, que diz ter pessoas infiltradas naquela fábrica, acredita que muitos funcionários não receberam os bónus a que tinham direito. A Foxconn, que emprega mais de um milhão de pessoas na China, é o maior empregador privado do país, onde a mão de obra barata contribuiu para o rápido crescimento da empresa. Em comunicado, a empresa taiwanesa reconheceu na segunda-feira “alguns problemas de conformidade na força de trabalho”, mas garante estar tudo “resolvido”. Também a Apple admitiu ter “descoberto que a percentagem de trabalhadores precários excede” os padrões da empresa, e que está a trabalhar em “estreita colaboração” com a Foxconn para “resolver o problema”. No entanto, a Apple rejeitou outras acusações: “A maioria das alegações é falsa. Confirmamos que todos os trabalhadores estão a ser remunerados adequadamente, incluindo salários e bónus por horas extras. Todo o trabalho de horas extras foi voluntário e não há evidências de trabalho forçado”. As acusações ocorrem nas vésperas de a gigante norte-americana lançar três novos iPhones. A empresa tem sido repetidamente criticada pelas suas práticas de trabalho na sua vasta cadeia de produção na China. No final do ano passado, a Apple lançou uma investigação depois de um outro grupo de direitos dos trabalhadores ter denunciado o uso ilegal de estudantes na montagem dos Relógios Apple, na cidade chinesa de Chongqing.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAlunos de Hong Kong formam cordão humano solidário com movimento pró-democracia [dropcap]M[/dropcap]ilhares de estudantes formaram hoje um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, após mais um fim de semana marcado por violentos confrontos. O protesto silencioso dos estudantes é promovido após o Governo de Hong Kong condenar o “comportamento ilegal de manifestantes radicais” e alertar os governos estrangeiros a “não interferirem de forma alguma nos assuntos internos” da região administrativa especial chinesa. Milhares de manifestantes promoveram uma marcha pacífica no domingo até ao Consulado dos EUA para pedirem o apoio de Washington, mas a violência, à semelhança do que aconteceu ao longo de todo o verão, acabou por eclodir mais tarde. Alguns jovens vandalizaram estações de metro, foram responsáveis por vários focos de incêndio no centro da cidade e bloquearam o tráfego, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo e a realizar cargas policiais para dispersar os manifestantes. O Governo de Hong Kong anunciou na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo. Venezuela condena protestos O Governo venezuelano condenou no domingo os protestos pró-democracia em Hong Kong, dizendo que foram promovidos por interesses estrangeiros, e solidarizou-se com a China e as suas instituições nos esforços para se garantir a tranquilidade pública. “A República Bolivariana da Venezuela expressa o seu mais enérgico repúdio aos factos de violência que durante as últimas semanas se têm gerado na Região Administrativa Especial de Hong Kong, acontecimentos abertamente promovidos por interesses estrangeiros, com o objectivo de lesar a ordem interna, a segurança pública e a integridade territorial da República Popular da China”, explica-se no comunicado. No documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores venezuelano explica-se que a Venezuela registou “eventos análogos induzidos a partir do estrangeiro no seu próprio território, durante os anos 2014 e 2017”, quando se verificaram grandes manifestações de contestação ao regime. “A Venezuela alerta a comunidade internacional sobre a repetição em Hong Kong de um padrão semelhante, que se executa através da promoção de manifestações violentas e actos de vandalismo que atentam contra a vida, a estabilidade e os bens públicos e privados, pretendendo alterar a paz e as leis da República Popular da China”, afirma-se. No documento pode ainda ler-se que o Governo venezuelano “se solidariza com o povo chinês e as suas instituições, e apoia os esforços que as autoridades nacionais e locais realizam para manter a tranquilidade pública e a paz, com a certeza de que uma vez mais triunfará a unidade, o patriotismo e a dignidade da grande nação chinesa, contras as ambições imperialistas de ontem e de hoje”.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Trocas com EUA diminuem com escalada da guerra de tarifas Enquanto não chega a próxima ronda de negociações, marcada para Outubro, entre os dois gigantes mundiais, os números das trocas comerciais continuam a cair drasticamente [dropcap]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os EUA estão a cair de forma acentuada, reflectindo as crescentes disputas entre os dois países e a incerteza sobre o desfecho da guerra de tarifas, apesar do acordo para retomar as negociações. As importações de produtos norte-americanos pela China caíram 22 por cento em Agosto, face ao mesmo mês de 2018, para os 10,3 mil milhões de dólares, na sequência do aumento de tarifas imposto pela China e de vários cancelamentos de encomendas, indicam dados alfandegários citados pela AP. As exportações para os Estados Unidos – o maior mercado de destino dos produtos chineses – registaram, por seu lado, uma quebra de 16 por cento para 44,4 mil milhões de dólares, reflectindo a pressão das tarifas impostas por Donald Trump em resposta à política de Pequim para o sector tecnológico. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa. A imposição de tarifas alfandegárias por ambos os países custou já milhares de milhões de euros em importações e causaram fortes perturbações nas trocas comerciais de vários produtos, desde soja a equipamentos médicos. O outro mundo Além dos efeitos da escalada da guerra comercial com os Estados Unidos da América, as empresas chinesas têm também de lidar com os efeitos do abrandamento da economia mundial, atrapalhando a linha de orientação da China em busca de mercados alternativos ao norte-americano. As exportações totais da China caíram 3 por cento para os 214,8 mil milhões de dólares, enquanto as importações subiram 1,7 por cento para 180 mil milhões de dólares. Na quinta-feira, o Governo chinês anunciou em comunicado que as delegações da China e Estados Unidos que negoceiam um acordo comercial vão voltar a reunir em Outubro, em Washington, informou ontem o Governo chinês, numa altura de crescentes disputas entre os dois países. “Os dois lados concordaram em realizar a décima terceira ronda de negociações económicas e comerciais de alto nível em Washington, no início de Outubro, antes da qual estarão em constante contacto”, revela o comunicado. A mesma nota confirma que as delegações vão reunir, em meados de Setembro, como anteriormente anunciado, “para preparar um progresso significativo durante as negociações de alto nível”. “Ambas as partes concordaram que deveriam trabalhar juntas e tomar medidas práticas para criar condições favoráveis às negociações”, aponta. A nova ronda de negociações ficou marcada após uma conversa via telefone, segundo a mesma fonte. O telefonema realizou-se no início deste mês, no mesmo dia em que entraram em vigor, nos Estados Unidos, novas taxas alfandegárias, de 15 por cento, sobre cerca de 300 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou também que vai elevar as taxas de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, a partir de Outubro. Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um, numa guerra comercial que despoletou há mais de um ano. As disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaçam também a economia mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu este mês as suas projecções de expansão global para 3,2 por cento, em 2019, um décimo a menos do que as previsões feitas em Abril.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio | Trocas com EUA diminuem com escalada da guerra de tarifas Enquanto não chega a próxima ronda de negociações, marcada para Outubro, entre os dois gigantes mundiais, os números das trocas comerciais continuam a cair drasticamente [dropcap]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os EUA estão a cair de forma acentuada, reflectindo as crescentes disputas entre os dois países e a incerteza sobre o desfecho da guerra de tarifas, apesar do acordo para retomar as negociações. As importações de produtos norte-americanos pela China caíram 22 por cento em Agosto, face ao mesmo mês de 2018, para os 10,3 mil milhões de dólares, na sequência do aumento de tarifas imposto pela China e de vários cancelamentos de encomendas, indicam dados alfandegários citados pela AP. As exportações para os Estados Unidos – o maior mercado de destino dos produtos chineses – registaram, por seu lado, uma quebra de 16 por cento para 44,4 mil milhões de dólares, reflectindo a pressão das tarifas impostas por Donald Trump em resposta à política de Pequim para o sector tecnológico. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa. A imposição de tarifas alfandegárias por ambos os países custou já milhares de milhões de euros em importações e causaram fortes perturbações nas trocas comerciais de vários produtos, desde soja a equipamentos médicos. O outro mundo Além dos efeitos da escalada da guerra comercial com os Estados Unidos da América, as empresas chinesas têm também de lidar com os efeitos do abrandamento da economia mundial, atrapalhando a linha de orientação da China em busca de mercados alternativos ao norte-americano. As exportações totais da China caíram 3 por cento para os 214,8 mil milhões de dólares, enquanto as importações subiram 1,7 por cento para 180 mil milhões de dólares. Na quinta-feira, o Governo chinês anunciou em comunicado que as delegações da China e Estados Unidos que negoceiam um acordo comercial vão voltar a reunir em Outubro, em Washington, informou ontem o Governo chinês, numa altura de crescentes disputas entre os dois países. “Os dois lados concordaram em realizar a décima terceira ronda de negociações económicas e comerciais de alto nível em Washington, no início de Outubro, antes da qual estarão em constante contacto”, revela o comunicado. A mesma nota confirma que as delegações vão reunir, em meados de Setembro, como anteriormente anunciado, “para preparar um progresso significativo durante as negociações de alto nível”. “Ambas as partes concordaram que deveriam trabalhar juntas e tomar medidas práticas para criar condições favoráveis às negociações”, aponta. A nova ronda de negociações ficou marcada após uma conversa via telefone, segundo a mesma fonte. O telefonema realizou-se no início deste mês, no mesmo dia em que entraram em vigor, nos Estados Unidos, novas taxas alfandegárias, de 15 por cento, sobre cerca de 300 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou também que vai elevar as taxas de 25 por cento para 30 por cento, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, a partir de Outubro. Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um, numa guerra comercial que despoletou há mais de um ano. As disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo ameaçam também a economia mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu este mês as suas projecções de expansão global para 3,2 por cento, em 2019, um décimo a menos do que as previsões feitas em Abril.
João Luz China / Ásia MancheteONU | Pansy Ho vai a Genebra defender o Governo de Carrie Lam Pansy Ho vai amanhã defender Pequim e o Governo de Hong Kong na reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra. A par de Annie Wu, filha do fundador do grupo Maxim, a empresária é uma das personalidades que, ao serviço de Pequim, procura mudar a perspectiva internacional quanto aos protestos na região vizinha Com agencias [dropcap]U[/dropcap]m pequeno grupo de manifestantes radicais não representa os cerca de 7,5 milhões de hongkongers. Esta é a principal mensagem que Pansy Ho, magnata do grupo SJM, leva amanhã, 10 de Setembro, a Genebra para a reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Hoje começa a 42.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) na cidade suíça que irá prolongar-se até ao dia 27 de Setembro. Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos quentes da sessão é o caos político em que Hong Kong está mergulhada nos últimos meses. Dois trunfos femininos do Governo de Carrie Lam, e de Pequim, discursam em Genebra. A visão do sistema será defendida perante o Conselho dos Direitos Humanos por duas poderosas herdeiras. Pansy Ho, filha de Stanley Ho e Annie Wu, filha do fundador do grupo de catering Maxim, James Tak Wu. Recorde-se que a empresário do universo da SJM é, desde 2018, embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU. As empresárias vão discursar amanhã em nome da Federação das Mulheres de Hong Kong, uma organização pró-governo. Entretanto, o portal do Conselho dos Direitos Humanos da ONU divulgou a cópia do discurso que as empresárias vão fazer. “A perspectiva de um pequeno grupo radical de manifestantes não representa a visão dos 7,5 milhões de cidadãos de Hong Kong. Os sistemáticos e calculados actos desde grupo nunca foram aprovados pelos hongkongers”, lê-se no discurso, citado pelo South China Morning Post. Depois da cedência do Governo de Carrie Lam, que desistiu definitivamente da polémica proposta de lei da extradição, uma das reivindicações dos protestantes, Pansy Ho apresenta o contexto oficial à ONU. A empresária descreve a lei como “bem-intencionada”, mas foi tirada do contexto pelos manifestantes radicais que a usaram como “propaganda para minar a autoridade do Executivo de Hong Kong na protecção dos direitos de uma residente” que foi assassinada. A referência diz respeito ao homicídio de uma jovem pelo seu namorado quando o casal se encontrava de férias em Taipé. O suspeito fugiu para Hong Kong depois de alegadamente ter cometido o crime, facto que na ausência de uma lei de extradição impediu o julgamento tanto em Taiwan, como em Hong Kong. Causa e efeito O discurso de Ho também menciona, de acordo com o South China Morning Post, o impacto negativo que os protestos estão a ter na economia da RAEHK e na subsistência dos residentes, ao mesmo tempo que defende a actuação da polícia. “Gás lacrimogéneo e balas de borracha são armas usadas por autoridades policiais de todo o mundo, não são um exclusivo da polícia de Hong Kong”, refere Pansy Ho no discurso, acrescentando que “usados de acordo com as regras de procedimento, são uma forma eficiente de distanciar a polícia e os manifestantes e evitar proximidade física que pode resultar em ferimentos”. Importa referir que ambas as herdeiras de impérios empresariais nas duas regiões administrativas especiais têm ligações ao aparelho de Estado, enquanto membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Apesar de não ser claro que o discurso foi aprovado directamente pelo Partido Comunista Chinês, a sua mensagem alinha-se na perfeição com a retórica usada por Pequim. Palavras feias e más O embaixador chinês para as Nações Unidas, Chen Xu, disse na passada sexta-feira que a China está preparada para a “retórica indesejada e não solicitada” em relação à situação política de Hong Kong e aos centros de detenção da região de Xinjiang. O diplomata que representa Pequim em Genebra insistiu ainda que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU não é o local certo para se discutir a situação de Hong Kong, ou a actuação do Executivo de Carrie Lam que tem feito os possíveis para defender a lei e a ordem pública. Recorde-se que na última sessão do Conselho dos Direitos Humanos, no passado mês de Junho, a cantora de Hong Kong Denise Ho teceu duras críticas à abordagem do Governo chinês aos protestos. A artista foi várias vezes interrompida por membros da comitiva chinesa enquanto discursava, numa sessão que deu voz a vários representantes de organizações não governamentais. Chen Xu voltou a repetir as críticas de Pequim à carta assinada por representantes de 22 países ocidentais durante a última sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. A tomada de posição conjunta pedia à China o fim das detenções arbitrárias em massa e de outras violações aos direitos humanos de uigures e outros muçulmanos da região de Xinjiang. O embaixador especificou mesmo que a táctica diplomática não era uma “abordagem construtiva” e acrescentou que passados alguns dias foi assinada por cerca de 37 países uma carta a enaltecer as “conquistas admiráveis” do Governo chinês em matéria de direitos humanos. Entre os países signatários contam-se vários membros da Organização para a Cooperação Islâmica, como o Paquistão, Arábia Saudita, Egipto, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Inferno na Terra Outro dos assuntos mais problemáticos que será abordado nesta sessão do Conselho dos Direitos Humanos é o conflito armado no Iémen, uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos. O grupo de especialistas no Iémen, comissionado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2017, identificou, na medida do possível, aqueles “que provavelmente são responsáveis por crimes internacionais” e comunicou os seus nomes, que permanecem confidenciais, à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Muitas das violações cometidas “podem resultar em condenações por crimes de guerra se um tribunal independente e competente for estabelecido”, disseram os especialistas na apresentação do relatório. Apesar da falta de cooperação demonstrada pela coligação liderada pela Arábia Saudita e pelo Governo do Iémen, o painel de especialistas conseguiu realizar mais de 600 entrevistas com vítimas e testemunhas. Ataques e bombardeamentos aéreos que atingiram indiscriminadamente a população civil, o uso da fome como arma de guerra, tortura, violação, detenção arbitrária, desaparecimento forçado, recrutamento de crianças menores de 15 anos são alguns dos pontos abordados neste segundo relatório dos especialistas da ONU, que detalha crimes de guerra supostamente cometidos durante o conflito no Iémen. Os especialistas da ONU também instam a comunidade internacional a abster-se de fornecer armas que possam ser usadas no conflito, alertando que “a legalidade da transferência de armas pela França, Reino Unido e Estados Unidos Estados e outros estados permanecem discutíveis”. “Os Estados podem ser responsabilizados pela ajuda ou assistência prestada para a realização de violações do direito internacional se as condições de cumplicidade forem comprovadas”, insistem os especialistas, apontando que vários Estados fornecem apoio directa ou indirectamente às partes, como França, Irão, Reino Unido e Estados Unidos. O relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos na sessão que hoje começa.
João Luz China / Ásia MancheteONU | Pansy Ho vai a Genebra defender o Governo de Carrie Lam Pansy Ho vai amanhã defender Pequim e o Governo de Hong Kong na reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra. A par de Annie Wu, filha do fundador do grupo Maxim, a empresária é uma das personalidades que, ao serviço de Pequim, procura mudar a perspectiva internacional quanto aos protestos na região vizinha Com agencias [dropcap]U[/dropcap]m pequeno grupo de manifestantes radicais não representa os cerca de 7,5 milhões de hongkongers. Esta é a principal mensagem que Pansy Ho, magnata do grupo SJM, leva amanhã, 10 de Setembro, a Genebra para a reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Hoje começa a 42.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) na cidade suíça que irá prolongar-se até ao dia 27 de Setembro. Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos quentes da sessão é o caos político em que Hong Kong está mergulhada nos últimos meses. Dois trunfos femininos do Governo de Carrie Lam, e de Pequim, discursam em Genebra. A visão do sistema será defendida perante o Conselho dos Direitos Humanos por duas poderosas herdeiras. Pansy Ho, filha de Stanley Ho e Annie Wu, filha do fundador do grupo de catering Maxim, James Tak Wu. Recorde-se que a empresário do universo da SJM é, desde 2018, embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU. As empresárias vão discursar amanhã em nome da Federação das Mulheres de Hong Kong, uma organização pró-governo. Entretanto, o portal do Conselho dos Direitos Humanos da ONU divulgou a cópia do discurso que as empresárias vão fazer. “A perspectiva de um pequeno grupo radical de manifestantes não representa a visão dos 7,5 milhões de cidadãos de Hong Kong. Os sistemáticos e calculados actos desde grupo nunca foram aprovados pelos hongkongers”, lê-se no discurso, citado pelo South China Morning Post. Depois da cedência do Governo de Carrie Lam, que desistiu definitivamente da polémica proposta de lei da extradição, uma das reivindicações dos protestantes, Pansy Ho apresenta o contexto oficial à ONU. A empresária descreve a lei como “bem-intencionada”, mas foi tirada do contexto pelos manifestantes radicais que a usaram como “propaganda para minar a autoridade do Executivo de Hong Kong na protecção dos direitos de uma residente” que foi assassinada. A referência diz respeito ao homicídio de uma jovem pelo seu namorado quando o casal se encontrava de férias em Taipé. O suspeito fugiu para Hong Kong depois de alegadamente ter cometido o crime, facto que na ausência de uma lei de extradição impediu o julgamento tanto em Taiwan, como em Hong Kong. Causa e efeito O discurso de Ho também menciona, de acordo com o South China Morning Post, o impacto negativo que os protestos estão a ter na economia da RAEHK e na subsistência dos residentes, ao mesmo tempo que defende a actuação da polícia. “Gás lacrimogéneo e balas de borracha são armas usadas por autoridades policiais de todo o mundo, não são um exclusivo da polícia de Hong Kong”, refere Pansy Ho no discurso, acrescentando que “usados de acordo com as regras de procedimento, são uma forma eficiente de distanciar a polícia e os manifestantes e evitar proximidade física que pode resultar em ferimentos”. Importa referir que ambas as herdeiras de impérios empresariais nas duas regiões administrativas especiais têm ligações ao aparelho de Estado, enquanto membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Apesar de não ser claro que o discurso foi aprovado directamente pelo Partido Comunista Chinês, a sua mensagem alinha-se na perfeição com a retórica usada por Pequim. Palavras feias e más O embaixador chinês para as Nações Unidas, Chen Xu, disse na passada sexta-feira que a China está preparada para a “retórica indesejada e não solicitada” em relação à situação política de Hong Kong e aos centros de detenção da região de Xinjiang. O diplomata que representa Pequim em Genebra insistiu ainda que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU não é o local certo para se discutir a situação de Hong Kong, ou a actuação do Executivo de Carrie Lam que tem feito os possíveis para defender a lei e a ordem pública. Recorde-se que na última sessão do Conselho dos Direitos Humanos, no passado mês de Junho, a cantora de Hong Kong Denise Ho teceu duras críticas à abordagem do Governo chinês aos protestos. A artista foi várias vezes interrompida por membros da comitiva chinesa enquanto discursava, numa sessão que deu voz a vários representantes de organizações não governamentais. Chen Xu voltou a repetir as críticas de Pequim à carta assinada por representantes de 22 países ocidentais durante a última sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. A tomada de posição conjunta pedia à China o fim das detenções arbitrárias em massa e de outras violações aos direitos humanos de uigures e outros muçulmanos da região de Xinjiang. O embaixador especificou mesmo que a táctica diplomática não era uma “abordagem construtiva” e acrescentou que passados alguns dias foi assinada por cerca de 37 países uma carta a enaltecer as “conquistas admiráveis” do Governo chinês em matéria de direitos humanos. Entre os países signatários contam-se vários membros da Organização para a Cooperação Islâmica, como o Paquistão, Arábia Saudita, Egipto, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Inferno na Terra Outro dos assuntos mais problemáticos que será abordado nesta sessão do Conselho dos Direitos Humanos é o conflito armado no Iémen, uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos. O grupo de especialistas no Iémen, comissionado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2017, identificou, na medida do possível, aqueles “que provavelmente são responsáveis por crimes internacionais” e comunicou os seus nomes, que permanecem confidenciais, à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Muitas das violações cometidas “podem resultar em condenações por crimes de guerra se um tribunal independente e competente for estabelecido”, disseram os especialistas na apresentação do relatório. Apesar da falta de cooperação demonstrada pela coligação liderada pela Arábia Saudita e pelo Governo do Iémen, o painel de especialistas conseguiu realizar mais de 600 entrevistas com vítimas e testemunhas. Ataques e bombardeamentos aéreos que atingiram indiscriminadamente a população civil, o uso da fome como arma de guerra, tortura, violação, detenção arbitrária, desaparecimento forçado, recrutamento de crianças menores de 15 anos são alguns dos pontos abordados neste segundo relatório dos especialistas da ONU, que detalha crimes de guerra supostamente cometidos durante o conflito no Iémen. Os especialistas da ONU também instam a comunidade internacional a abster-se de fornecer armas que possam ser usadas no conflito, alertando que “a legalidade da transferência de armas pela França, Reino Unido e Estados Unidos Estados e outros estados permanecem discutíveis”. “Os Estados podem ser responsabilizados pela ajuda ou assistência prestada para a realização de violações do direito internacional se as condições de cumplicidade forem comprovadas”, insistem os especialistas, apontando que vários Estados fornecem apoio directa ou indirectamente às partes, como França, Irão, Reino Unido e Estados Unidos. O relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos na sessão que hoje começa.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | Putin sublinha interesses geopolíticos “coincidentes” com a China As duas nações revelam um total alinhamento em matérias de ordem militar, económica e de política internacional. Vladimir Putin reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua em Vladivostoque, à margem do Fórum Económico Oriental [dropcap]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que Moscovo e Pequim têm interesses geopolíticos “coincidentes”, sublinhando a importância da cooperação entre os dois Estados para o reforço da segurança internacional. “Não falamos apenas sobre a coincidência dos nossos interesses geopolíticos, que são importantes, mas realizamos também trabalho concreto, obtivemos bons resultados e avançamos”, disse Putin, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua. A reunião do chefe de Estado russo com o alto quadro do regime chinês ocorreu às margens do Fórum Económico Oriental, que se realiza na cidade portuária de Vladivostoque, no extremo leste da Rússia. “Estamos a trabalhar activamente para fortalecer as instituições internacionais e sistemas de segurança. Colaboramos no campo militar e concordamos activamente nas nossas posições na arena internacional”, acrescentou. Putin expressou ainda satisfação por os parceiros chineses serem os principais investidores nas regiões do Extremo Oriente da Rússia. Hu enfatizou que os dois países atribuem grande importância ao fornecimento de produtos agrícolas russos à China, uma colaboração que descreveu como “muito promissora”. Um acordo entre os dois Estados prevê o aumento do cultivo de soja na Rússia, para fornecer o mercado chinês, à medida que Pequim suspende a compra de produtos agrícolas aos Estados Unidos, face à guerra comercial que trava com Washington. Em 2018, a China importou mais de 800.000 toneladas de soja da Rússia, um acréscimo de 64,7 por cento, em relação ao ano anterior. No mesmo tom O vice-primeiro-ministro chinês acrescentou que existem outras áreas de cooperação económica com potencial de crescimento, como o comércio electrónico transnacional. “Sabemos que isto exige uma simplificação adicional dos procedimentos aduaneiros. Estamos convencidos de que alcançaremos esse objectivo”, acordado entre Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, disse. A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países. Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança. A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.