China confirma detenção de fotojornalista desaparecido há mais de um mês

[dropcap]A[/dropcap] mulher do fotojornalista chinês Lu Guang, desaparecido há mais de um mês na China, disse hoje à agência de notícias Associated Press (AP) que as autoridades chinesas confirmaram a sua detenção no país.

O premiado fotógrafo, que documenta delicadas questões sociais e ambientais no gigante asiático, foi preso na cidade de Kashgar, na região de Xinjiang, no oeste do país, disse à AP a mulher, Xu Xiaoli, que vive em Nova Iorque.

As autoridades entraram esta quarta-feira em contacto com alguns familiares, sem que tenha sido entregue qualquer aviso por escrito com as acusações, que permanecem dúbias, indicou Xu Xiaoli.

O fotojornalista desapareceu em 3 de Novembro, quando se encontrava na província de Xinjiang. Tinha um encontro marcado com um amigo na província de Sichuan, em 5 de Novembro, mas nunca chegou a aparecer.

Lu Guang venceu o prestigiado World Press Photo com uma reportagem sobre aldeões chineses, pobres, que contraíram HIV depois de terem vendido o próprio sangue. As suas fotografias abordam temas como a poluição e a destruição ambiental industrial – questões consideradas sensíveis pelo Governo e tradicionalmente evitadas pelos meios de comunicação social chineses.

Um aparelho de segurança sufocante tem sido imposto à região de Xinjiang nos últimos anos, numa altura em que o Governo combate aquilo a que chama de ameaças terroristas da população predominantemente muçulmana.

13 Dez 2018

Wall Street encerra em alta graças a alívio da tensão sino-norte-americana

[dropcap]A[/dropcap] bolsa nova-iorquina encerrou em alta na quarta-feira, com os investidores encorajados pelas notícias na frente do conflito comercial sino-norte-americano. Os resultados definitivos da sessão indicam que o selectivo Dow Jones Industrial Average avançou 0,64%, para os 24.527,27 pontos.

Por seu lado, o tecnológico Nasdaq progrediu 0,95%, para as 7.098,31 unidades, e o alargado S&P500 valorizou 0,54%, para as 2.651,07. “Os investidores fizeram um ‘uf’ de alívio, porque se obteve alguma clareza sobre as diferentes estratégias que se desenvolvem actualmente na Casa Branca”, indicou Adam Sarhan, da 50 Park Investment.

O secretário do Comércio, Wilbur Ross, congratulou-se pela decisão da China de reduzir as tarifas alfandegárias sobre a viaturas fabricadas nos Estados Unidos da América, confirmando, assim, uma informação divulgada pela imprensa. Em resultado, as ações da Ford subiram 1,17%, as da General Motors 2,85% e as da Fiat Chrysler 2,72%.

Um pouco antes, o Wall Street Journal tinha relatado que a China se preparava para abrir ainda mais o acesso da sua economia às empresas estrangeiras, o que provocou um movimento de euforia nos mercados.

Os investidores também reagiram à sentença de três anos de prisão pronunciada para Michael Cohen, antigo advogado do Presidente norte-americano, Donald Trump, pelo pagamento que fez a duas mulheres para que silenciassem alegadas relações com o multimilionário.

“Cohen vai para a prisão por três anos. O caso está fechado de momento. Isto dá oxigénio aos investidores”, estimou Sarhan. A maior parte dos juristas parece, de momento, excluir uma acusação a Trump, por causa deste assunto, enquanto estiver na Casa Branca.

Acontecimento marcante na quarta-feira em Wall Street foi o início do serviço de música em linha do grupo tecnológico chinês Tencent, o Tencent Music. O grupo, que representa a segunda maior introdução em bolsa de uma empresa chinesa, valorizou 7,69%.

A empresa beneficiou também do optimismo que envolve o confronto comercial entre a China e os EUA, que aproveitou às empresas chinesas cotadas em Nova Iorque, como a JD.com, que valorizou 4,69%, e a Baidu, que progrediu 1,64%.

13 Dez 2018

Empresário canadiano desaparece na China em altura de tensões com Otava

[dropcap]U[/dropcap]m funcionário do Governo do Canadá revelou hoje que o canadiano que desapareceu na China, e que se suspeita ter sido detido, é o empresário Michael Spavor, que visita frequentemente a Coreia do Norte.

O desaparecimento ocorre numa altura de crescente tensão entre Pequim e Otava, face à detenção da directora financeira da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, no Canada, a pedido dos Estados Unidos.

Spavor é o diretor do Paektu Cultural Exchange e um dos poucos ocidentais que já se encontrou com o líder norte-coreano Kim Jong-un. O empresário ajudou Pyongyang a organizar a visita ao país do antigo jogador norte-americano de basquetebol Dennis Rodman. A China deteve já um antigo diplomata canadiano, noutra aparente retaliação pela detenção de Meng.

Na quarta-feira, a ministra canadiana dos Negócios Estrangeiros, Chrystia Freeland, revelou suspeitar que outro cidadão do país foi colocado sob custódia pelas autoridades chinesas. Um funcionário do Governo canadiano revelou mais tarde à agência Associated Press, sob condição de anonimato, tratar-se de Michael Spavor.

A directora da Huawei foi detida por suspeita de ter mentido sobre uma filial da empresa, para poder aceder ao mercado iraniano, violando sanções norte-americanas. O tribunal de Vancouver decretou a liberdade condicional de Meng Wanzhou, apesar de o advogado representante do Governo canadiano se ter oposto.

As autoridades dos EUA suspeitam que o grupo chinês exportou produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.

Uma lei federal proíbe responsáveis governamentais e militares de utilizarem aparelhos fabricados pela Huawei e as suas alegadas ligações ao Partido Comunista chinês são frequentemente salientadas. Meng é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei.

13 Dez 2018

China condena à morte autor de ataque que causou 15 mortos em Setembro

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal da província central chinesa de Hunan condenou hoje à morte o autor de um ataque que, em Setembro passado, causou 15 mortos, noticiou hoje a agência oficial chinesa Xinhua.

Yang Zanyun conduziu deliberadamente o seu veículo contra uma multidão numa praça da cidade de Hengyang, do condado de Hengdong, em 12 de Setembro passado. Yang saiu do carro e continuou a atacar, com uma pá e uma faca, as pessoas que se encontravam na praça, onde se juntavam para dançar em grupo ou conviver. O ataque causou 15 mortos e 43 feridos.

Yang, de 54 anos, foi condenado à morte por colocar em perigo a segurança pública através de métodos perigosos, de acordo com o tribunal popular intermédio de Hengyang. O tribunal decidiu ainda privar o réu de quaisquer direitos políticos.

Na altura do ataque, o governo de Hengyang indicou que o suspeito tinha antecedentes criminais, incluindo tráfico de droga, roubo e agressões físicas e que, “agindo sozinho”, procurou “vingar-se da sociedade”.

A China tem registado vários incidentes deste género, normalmente protagonizados por pessoas com problemas psicológicos ou ressentimentos com vizinhos ou a sociedade em geral. Em Junho passado, uma pessoa morreu e dez ficaram feridas quando um homem conduziu uma empilhadora contra peões numa cidade do leste da China, e acabou por ser abatido pela polícia.

Em Abril, um homem armado com uma faca matou sete estudantes e feriu 19, quando os jovens regressavam a casa, no norte do país. A lei chinesa proíbe rigorosamente a venda e posse de armas de fogo, pelo que os ataques são geralmente feitos com facas, explosivos de fabrico artesanal ou por atropelamento.

12 Dez 2018

Uma das vítimas mortais no ataque em Estrasburgo é um turista tailandês de 45 anos

[dropcap]U[/dropcap]m turista tailandês é um dos três mortos no tiroteio que ocorreu na terça-feira em Estrasburgo, França, informou o jornal local The Nation, confirmando um relato feito anteriormente por uma testemunha à emissora inglesa BBC.

Anupong Suebsamarn, de 45 anos, morreu vítima de um disparo na cabeça quando caminhava com a sua esposa pelo Mercado de Natal da cidade francesa, segundo representantes de uma associação de tailandeses em França citados pelo jornal The Nation.

O casal chegou no dia anterior a Estrasburgo, onde hoje é esperada a chegada do embaixador da Tailândia em França, segundo indicou àquela organização a esposa do falecido, quando se encontrava no hospital.

O ataque no Mercado de Natal de Estrasburgo, na terça-feira à noite, provocou pelo menos três mortos e 12 feridos, seis dos quais em estado crítico, anunciou hoje de madrugada o ministro do Interior francês, Christophe Castaner. Anteriormente, a polícia francesa indicara quatro mortos, mas o balanço foi revisto sem explicação.

Segundo Christophe Castaner, um dispositivo de 350 elementos das forças policiais foi mobilizado para encontrar o autor do ataque. Já as autoridades locais informaram na sua conta da rede social Twitter que as manifestações foram proibidas até novo aviso em todo o território da comuna de Estrasburgo.

O homem tem 29 anos, nasceu em Estrasburgo e tem no seu cadastro condenações em França e na Alemanha. O Ministério Público francês abriu uma investigação por homicídio e tentativa de homicídio relacionada com uma organização terrorista, assim como por associação terrorista.

O Governo francês elevou o nível de alerta no país para “emergência por atentado”, com um reforço de controlo nas fronteiras, aumento de segurança nos mercados de Natal e mobilização de meios envolvidos no dispositivo anti-terrorismo.

A cidade de Estrasburgo, localizada no nordeste da França, junto à fronteira com a Alemanha, acolhe a sede do Parlamento Europeu.

Os euro deputados, confinados desde o início da noite de terça-feira no Parlamento Europeu, começaram a sair do edifício após as 02:00 de hoje.

Os funcionários e euro deputados foram escoltados pela polícia em autocarros e carrinhas para o centro da cidade.

O parlamento ficou confinado desde o começo da noite, após um tiroteio no centro de Estrasburgo, a poucos quilómetros da instituição europeia localizada no norte da cidade.

12 Dez 2018

Coreia do Sul considera improvável que Kim Jong-un viaje a Seul ainda este ano

[dropcap]O[/dropcap] Governo sul-coreano considerou hoje ser improvável que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, visite o país antes do final do ano, referindo-se às especulações sobre uma possível viagem a Seul ainda este mês.

“Consideramos que vai ser difícil que o líder Kim visite Seul este ano”, disse um porta-voz do gabinete presidencial à agência de notícias Yonhap. Ainda assim, o Governo reiterou estar “aberto à possibilidade [de uma visita de Kim] no início do próximo ano”.

Dezembro é um mês agitado no seio do regime norte-coreano, já que no próximo dia 17 celebra-se o aniversário da morte do antigo líder Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un. Em Setembro, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, convidou o líder norte-coreano a visitar Seul antes do final do ano, algo que Kim aceitou.

No entanto, a falta de progressos no diálogo entre Pyongyang e Washington parecem ser um entrave à realização de uma nova cimeira inter-coreana, que seria a quarta desde Abril. A realizar-se, seria a primeira viagem de um líder da Coreia do Norte a Seul.

Por sua vez, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esperar reunir-se com o líder da Coreia do Norte “em Janeiro ou Fevereiro” e garantiu estarem em discussão “três locais” para esta segunda cimeira.

Em Setembro, Trump disse que queria programar uma segunda cimeira com Kim, mas o impasse nas negociações adiou a reunião, que daria continuidade ao histórico encontro de Singapura, em Junho passado.

Em Singapura, os dois líderes concordaram em “trabalhar para a completa desnuclearização da península” coreana, mas até agora os progressos têm sido apenas simbólicos, devido à ausência de um roteiro para o desarmamento.

12 Dez 2018

Directora financeira da Huawei libertada sob fiança

[dropcap]U[/dropcap]m juiz canadiano ordenou, esta terça-feira, a libertação, sob fiança, da directora financeira do grupo chinês de telecomunicações Huawei, horas depois da confirmação da prisão de um ex-diplomata canadiano na China, onde as autoridades ameaçam o Canadá de represálias.

De acordo com a agência France-Presse, depois de três dias de audiências judiciais no tribunal de Vancouver, e em plena crise diplomática entre Pequim, Otava e Washington, o juiz canadiano aceitou o pedido de libertação de Meng Wanzhou, detida no Canadá no início de dezembro, a pedido dos Estados Unidos da América.

A empresária saiu algumas horas depois, sob fortes medidas de segurança. Esta mãe de quatro filhos, de 46 anos, terá de cumprir várias condições: pagar um depósito de 10 milhões de dólares, entregar os dois passaportes, residir numa das duas propriedades que possui em Vancouver e usar uma pulseira eletrónica no tornozelo.

A empresária será monitorizada 24 horas por dia, a suas expensas, e não poderá sair de casa entre as 23:00 e as 06:00.

“O risco de que não se apresente em tribunal [durante o processo de extradição] pode ser reduzido a um nível aceitável, impondo as condições de vigilância propostas pelos seus advogados”, disse o juiz, provocando aplausos dos apoiantes de Meng Wanzhou.

A primeira audiência de extradição ficou marcada para 6 de Fevereiro. Entretanto, os Estados Unidos da América deverão enviar à justiça canadiana a documentação completa relativa ao pedido de extradição.

O grupo Huawei já se congratulou com a libertação da sua directora financeira. Após a detenção de Meng Wanzhou, a China convocou no domingo o embaixador dos Estados Unidos em Pequim e pediu a Washington que abandone o pedido de extradição.

Pequim já tinha convocado um dia antes o embaixador do Canadá. A justiça norte-americana pede a extradição da directora financeira, também vice-presidente da administração e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, por suspeita de ter violado sanções de Washington impostas ao Irão.

Também no domingo, o conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que Donald Trump desconhecia a detenção de Meng Wanzhou na altura em que jantava com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na semana passada.

A diretora financeira, de 46 anos, é suspeita pela justiça norte-americana de ter mentido a vários bancos sobre uma subsidiária da Huawei com o objetivo de obter acesso ao mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando as sanções dos Estados Unidos.

12 Dez 2018

China diz-se preparada para nova era nas energias limpas

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente do Conselho Económico e Social da China disse ontem que o país “entrou numa nova era de cooperação energética” e que, como potência mundial, está disposta a ter mais responsabilidades nesta matéria.

“Como maior produtor e consumidor, a China entrou numa nova era de cooperação energética”, disse Ji Lin, em Macau, na cerimónia de abertura do 7.º Fórum Internacional para as Energias Limpas (IFCE, na sigla em inglês), sublinhando que Pequim “está disposta a aceitar mais responsabilidades e deveres de acordo com as suas capacidades”.

O gigante asiático tem estado nos últimos anos a investir muito em energias renováveis, sendo já o primeiro mercado mundial nos “novos veículos de energia”, com 777 mil vendidos em 2017 e, de acordo com a Bloomberg, o país investiu cerca de 133 mil milhões de dólares em energias renováveis no ano passado.

Apesar disso, o país continua a ser o maior produtor de carvão do mundo. A poluição gerada por aquele combustível afecta regularmente as principais cidades do país.

“A promoção da coordenação energética numa escala internacional” ganha agora mais importância junto dos países que integram a iniciativa chinesa da Rota da Seda (mais conhecida como Uma Faixa, Uma Rota), mas também junto dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sublinhou Ji Lin.

Na mesma ocasião, o responsável chinês para os assuntos da ASEAN, Chen Dehai, afirmou que “a transformação energética e a implementação de um baixo índice de utilização de carbono tem de ser um foco de toda a comunidade internacional”, acrescentando que as energias limpas, tanto na China, como nos países da ASEAN tem tido um grande desenvolvimento nos últimos anos.

Tanto a cooperação energética como o investimento em energias renováveis são fulcrais para os países asiáticos, já que, de acordo com o responsável “o consumo energético vai aumentar 80% em 2040, comparando com 2030”.

“A construção por parte da China e da ASEAN de uma Rota da Seda verde é expectável que progrida com firmeza”, acrescentou. A cerimónia de inauguração contou ainda com o director executivo da Sociedade de Jogos de Macau e o director geral do IFCE, Ambrose So, que sublinhou o papel que Macau pode ter como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, mas também com a ASEAN, “como veículo de promoção para a energia limpa e cidades inteligentes”.

12 Dez 2018

China adere ao Pacto Global para a Migração da ONU

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje que adopta o pacto global para a migração promovido pela ONU, aprovado formalmente na segunda-feira em Marraquexe (Marrocos), afirmando que irá aplicar o documento “de modo voluntário e seguindo as leis nacionais”.

O anúncio foi feito pela diplomacia chinesa em Pequim e surge no mesmo dia em que está agendada a intervenção do país no debate geral da conferência intergovernamental para a adoção do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular (GCM, na sigla em inglês), que hoje termina em Marraquexe.

“O pacto vai fornecer uma plataforma de trabalho de cooperação global que ajudará a abordar o fenómeno da migração”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang.

O governo chinês referiu que participou nas negociações dos princípios inscritos no documento, que cada país se comprometeu a respeitar no desenvolvimento das respectivas políticas nacionais de imigração, salientando, porém, que a China vai aplicar o acordo “de modo voluntário e segundo as respetivas leis e condições domésticas”, uma vez que “não é um tratado e não é juridicamente vinculativo”.

“Pedimos que os direitos legítimos e os assuntos dos imigrantes sejam protegidos, e também que exista uma distinção entre refugiados e imigrantes, e entre imigrantes regulares e irregulares”, disse Lu Kang.

A China, acrescentou o porta-voz, “fará esforços” para desempenhar um papel positivo na imigração dentro dos quadros estabelecidos pela comunidade internacional.

Um dia depois de 164 dos 193 Estados-membros da ONU (cerca de 85%), incluindo Portugal, terem adoptado formalmente o pacto global para a migração, o primeiro documento deste género, os trabalhos da conferência intergovernamental prosseguem hoje em Marraquexe com as intervenções de representantes de cerca de 60 países e com painéis de discussão sobre “parcerias e iniciativas inovadoras” para desenvolver uma melhor gestão dos fluxos migratórios ou iniciativas sobre o papel da mulher migrante.

Fruto de 18 meses de consultas e negociações, o pacto global tem como base um conjunto de princípios, como a defesa dos direitos humanos, dos direitos das crianças migrantes ou o reconhecimento da soberania nacional.

O texto também enumera 23 objetivos e medidas concretas para ajudar os países a lidarem com as migrações, nomeadamente ao nível das fronteiras, da informação e da integração, e para promover “uma migração segura, regular e ordenada”.

Mesmo não tendo uma natureza vinculativa, o documento promovido e negociado sob os auspícios das Nações Unidas está a dividir opiniões e a suscitar críticas de forças nacionalistas e anti-migrações em vários países.

Mais de uma dezena de países rejeitaram ou adiaram a sua decisão final sobre o documento: Estados Unidos, Áustria, República Checa, Austrália, Bulgária, República Dominicana, Chile, Hungria, Itália, Letónia, Polónia, Eslováquia, Eslovénia, Suíça e Estónia.

A conferência que termina hoje em Marraquexe é uma etapa formal, uma vez que o pacto global ainda será objecto de uma última votação de ratificação na Assembleia-geral das Nações Unidas em Nova Iorque, agendada para 19 de Dezembro.

11 Dez 2018

China prevê apoiar construção de um novo hospital central em Maputo

[dropcap]O[/dropcap] Governo da China prevê apoiar Moçambique na construção de um novo hospital central em Maputo, em substituição do actual com mais de 100 anos, anunciou a unidade de saúde no seu último boletim informativo.

O investimento foi discutido durante uma visita do embaixador da China em Moçambique, Su Jian, àquela unidade de saúde, no mês de Novembro. “Estamos interessados em apoiar na construção de um novo hospital”, referiu na altura o diplomata, citado pelo boletim, consultado hoje pela Lusa.

Segundo o diplomata, a China já tem prestado apoio ao sector da saúde em Moçambique, através da construção e melhoria de infra-estruturas sanitárias no país. Há um ano, um novo bloco pediátrico, construído e equipado com apoio da China, entrou em funcionamento no Hospital Central da Beira, Moçambique.

Saúde, educação e agricultura são “as áreas prioritárias de cooperação internacional da China com o continente africano para os próximos anos”, realçou. A situação do atendimento na principal unidade de saúde da capital moçambicana “não é boa e gostaríamos de ter um hospital moderno aqui em Moçambique que também tivesse a componente da medicina chinesa”, referiu, na ocasião, Hussen Ice, director nacional de Assistência Médica do Ministério da Saúde.

As partes acordaram em “iniciar imediatamente a preparação das condições necessárias” para que “nos próximos tempos” sejam assinados memorandos de entendimento com vista a materialização do projecto, concluiu.

A China tem sido parceira de Moçambique na construção e financiamento de alguns dos principais empreendimentos públicos mais recentes no país, tais como a ponte sobre a baía de Maputo e respectiva rede de estradas ou o aeroporto internacional de Xai-Xai, em construção. Entidades de Moçambique e da China assinaram em Setembro, em Pequim, oito memorandos de entendimento, nas áreas das infra-estruturas, indústria, telecomunicações, agricultura e serviços financeiros, durante um fórum de negócios que decorreu em paralelo com o terceiro edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).

11 Dez 2018

Directora da Huawei detida no Canadá alega razões de saúde para ser libertada

[dropcap]A[/dropcap] directora financeira da gigante chinesa das telecomunicações, detida no Canadá a pedido dos Estados Unidos, apelou ontem a um tribunal de Vancouver para que fosse libertada sob fiança, alegando razões de saúde.

A audiência acabou por ser suspensa sem que nenhuma decisão fosse anunciada, num momento em que Pequim aumentou a pressão sobre Ottawa e Washington durante o fim de semana para obter a libertação de Meng Wanzhou. A audiência será retomada na terça-feira, disse o juiz.

A filha do fundador do Huawei Group, o segundo maior do mundo em equipamentos para telemóveis e telecomunicações, também afirmou a disponibilidade para se sujeitar a rigorosas medidas de vigilância durante o processo.

Um de seus advogados, David Martin, explicou que, se a sua cliente fosse libertada, esta arcaria com todos os custos da supervisão, a qual seria atribuída a duas empresas de segurança privadas, uma das quais liderada por ex-polícias e militares canadianos.

Meng Wanzhou passaria a residir numa das duas propriedades que possui em Vancouver, entregaria o passaporte e usaria uma pulseira electrónica, para além de estar disposta a pagar uma caução de 15 milhões de dólares canadianos.

Contudo, a representante do promotor público canadiano opôs-se novamente à sua libertação, afirmando acreditar que existe o risco de Meng Wanzhou fugir para a China para escapar a uma possível extradição para os Estados Unidos.

Após a detenção da directora financeira da Huawei, a China convocou no domingo o embaixador dos Estados Unidos em Pequim e pediu a Washington que abandone o pedido de extradição. Pequim já tinha convocado um dia antes o embaixador do Canadá.

A justiça norte-americana pede a extradição da directora financeira, também vice-presidente da administração e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, por suspeita de ter violado sanções de Washington impostas ao Irão.

Também no domingo, o conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que Donald Trump desconhecia a detenção de Meng Wanzhou na altura em que jantava com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na semana passada.

A directora financeira, de 46 anos, é suspeita pela justiça norte-americana de ter mentido a vários bancos sobre uma subsidiária da Huawei com o objectivo de obter acesso ao mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando as sanções dos Estados Unidos.

11 Dez 2018

População de Pequim caiu em 2017 pela primeira vez

[dropcap]O[/dropcap] número de habitantes em Pequim, com mais 20 milhões de pessoas, caiu pela primeira vez em 2017, apesar da flexibilização das políticas de controlo da natalidade, segundo um estudo governamental divulgado hoje pelo órgão oficial Diário do Povo.

O Relatório sobre Desenvolvimento da População em Pequim coloca o número de residentes na capital chinesa em 21,7 milhões, representando um decréscimo de 22 mil pessoas em comparação a 2016, o ano em que a possibilidade legal de ter dois filhos foi introduzida.

O número dos imigrantes residentes em Pequim (geralmente chineses das áreas rurais) sofreu uma redução de 132 mil entre 2016 e 2017, enquanto o dos habitantes registados na cidade caiu 37 mil no mesmo período.

Segundo o mesmo documento, a taxa de nascimento em Pequim em 2017 situou-se em 9,06 por mil, que se considera ser “extremamente baixa”. A taxa tem-se situado abaixo de dez por mil desde 1991.

O demógrafo Ele Yafu, citado pelo Diário do Povo, afirmou que o declínio da população de imigrantes em Pequim deve-se aos planos municipais que se propõem limitar a população da cidade em 23 milhões em 2020. Já a descida do número entre a população local, admitiu, deve-se à baixa taxa de natalidade, justificada “pelo alto custo da educação dos filhos”.

11 Dez 2018

EUA devolvem ‘troféus de guerra’ às Filipinas mais de um século após massacre

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos devolveram hoje às Filipinas três sinos de uma igreja levados como ‘troféus de guerra’ pelos norte-americano há quase 120 anos, uma iniciativa destinada a encerrar um capítulo sangrento na história dos dois países.

Há décadas que Manila tem vindo a pedir a devolução dos sinos de Balangiga, o que aconteceu mais de 100 anos depois de uma das piores batalhas do conflito travado entre os dois países (1899-1902).

A devolução também ocorre num momento frágil das relações diplomáticas entre o arquipélago e Washington, já que o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, não tem escondido o desejo de se aproximar de Pequim.

Os ‘troféus’ chegaram a Manila a bordo de um avião militar norte-americano, onde oficiais dos EUA e das Filipinas reuniram-se para uma cerimónia oficial. Os sinos foram levados da igreja Balangiga, na cidade homónima da ilha de Samar (centro-oeste do arquipélago), por militares americanos.

Em 28 de Setembro de 1901, rebeldes filipinos mataram 48 soldados norte-americanos num ataque surpresa, onde se diz que os sinos terão dado o sinal para o início da agressão.

Em retaliação, o general norte-americano Jacob Smith ordenou que a ilha de Samar fosse transformada num “deserto ruidoso” e que todos os rapazes ou homens filipinos, com mais de dez anos, fossem executados.

Milhares de filipinos foram mortos, Balangiga foi completamente arrasada e os sinos foram apreendidos como ‘troféus’ de guerra. Colónia espanhola desde o século XVI, as Filipinas passaram para a posse dos Estados Unidos em 1898 após a guerra hispano-americana. O país tornou-se independente em 1946.

11 Dez 2018

China e EUA discutem calendário de negociações para acabar com guerra comercial

[dropcap]N[/dropcap]egociadores chineses e norte-americanos discutiram por telefone um calendário de negociações para tentar acabar com a disputa comercial entre os dois países, informou hoje o Ministério do Comércio da China.

O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, conversou com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, e com o representante de Comércio, Robert Lighthizer, sobre as formas de concretizar o “consenso” alcançado pelos líderes dos dois países, após o entendimento alcançado entre os presidentes chinês e norte-americano na cimeira do G20 de 30 de Novembro em Buenos Aires, na Argentina, pode ler-se no mesmo comunicado.

O breve comunicado de Pequim indica que foi discutido “o calendário das próximas consultas económicas e comerciais”, mas não precisa onde ou quando estas terão lugar.

No texto também não consta qualquer informação sobre se Liu He e os seus interlocutores abordaram o caso Huawei, que voltou a colocar tensão nas relações entre os dois países após a detenção da dirigente do gigante de telecomunicações chinês.

Os dois países estabeleceram uma trégua comercial que, na prática, adiou por 90 dias o aumento das taxas alfandegárias norte-americanas impostas sobre importações chinesas, depois de Donald Trump e Xi Jinping chegaram a acordo durante um jantar, no final da cimeira do G20, num momento em que os Estados Unidos registam recordes negativos no défice comercial e a China uma desaceleração da economia.

A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam crescer de 10% para 25% no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.

11 Dez 2018

Futebolista do Bahrein detido na Tailândia começa a ser ouvido para evitar extradição

[dropcap]O[/dropcap] futebolista do Bahrein Hakeem al-Araibi, reconhecido como refugiado na Austrália, vai começar a ser ouvido hoje num tribunal tailandês, quando arrisca um processo de extradição para o país de origem, informou a advogada de defesa.

Detido há duas semanas na capital tailandesa, na sequência de um mandado da Interpol, Hakeem al-Araibi “está com medo e preocupado em ser extraditado”, disse Natthasiri Bergman à agência de notícias Efe.

O futebolista diz ter sido preso e torturado no pequeno país do Golfo pérsico durante as revoltas da ‘Primavera Árabe’, em 2012. Embora a Interpol tenha retirado a notificação a 4 de Dezembro, Hakeem al-Araibi ficou desde então detido num centro de imigração em Banguecoque. O Governo australiano, organizações não-governamentais (como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch) e a FIFA já pediram a libertação imediata do jogador.

De acordo com a advogada, o Ministério Público tailandês vai apresentar ao tribunal, ainda hoje, o caso contra Hakeem que, por sua vez, deverá informar os juízes que rejeita regressar ao Bahrein. No entanto, o processo judicial pode levar “entre cinco e seis meses”, período em que o jogador vai permanecer sob custódia, acrescentou.

As autoridades australianas concederam o estatuto de refugiado em 2017 a Hakeem, que havia chegado àquele país em 2014, fugindo do Bahrein após ser condenado à revelia a dez anos de prisão por danos causados numa esquadra de polícia.

O futebolista, detido agora na Tailândia, refuta as acusações das autoridades, já que nos dias do ataque à esquadra encontrava-se fora do país num torneio de futebol, explicando-as como resultado de sua participação nas revoltas da ‘Primavera Árabe’ no Bahrein, em 2012.

A Tailândia não é signatária da Convenção das Nações Unidas sobre Refugiados de 1951 e tem sido criticada por enviar refugiados e requerentes de asilo para países onde podem enfrentar perseguição e tortura.

11 Dez 2018

Amnistia fala de menor espaço de actuação da sociedade civil em HK e China

O relatório deste ano da Amnistia Internacional relativo a direitos humanos fala de uma redução do espaço de actuação da sociedade civil na China e Hong Kong. Ainda assim há sinais de optimismo na Ásia, dada a expansão do movimento #metoo na China e o progresso nos direitos da comunidade LGBT

 

[dropcap]F[/dropcap]oi ontem divulgado o relatório da Amnistia Internacional (AI) de 2018 relativo ao panorama dos direitos humanos em todo o mundo. O documento foi tornado público no dia em que se celebrou o 70º aniversário da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A China surge, mais uma vez, mal na fotografia devido aos relatos de detenções em massa na região autónoma de Xinjiang, mas há também sinais de optimismo, tendo em conta a expansão do movimento #metoo nos últimos anos e uma maior atenção sobre os direitos da comunidade LGBT.

“A área dos direitos humanos na zona leste da Ásia, este ano, ficou marcada por tumultos, mais constrangimento de espaço de actuação para a sociedade civil, bem como renovadas repressões contra advogados e outros defensores dos direitos humanos e pessimismo no âmbito da pena de morte”, expressa o relatório.

Contudo, para a AI, “o activismo contra o assédio sexual e a luta pelo reconhecimento das relações entre pessoas do mesmo sexo revelaram sinais positivos, o que deu lugar a algum optimismo relativamente a 2019”.

A situação sociopolítica de Hong Kong é também referida no documento, onde se fala da menor capacidade de actuação da sociedade civil. “Hong Kong tem vindo a sentir cada vez mais os efeitos destes constrangimentos no espaço de actuação da sociedade civil, uma vez que o Governo continua a recorrer a sanções definidas de forma muito vaga para levar a cabo detenções políticas dos manifestantes do movimento dos guarda-chuvas de 2014”, lê-se.

O julgamento dos fundadores do movimento Occupy Central, que deu origem ao movimento dos guarda-chuvas, começou no passado dia 19 de Novembro e junta em tribunal os académicos Benny Tai, Chan Kin-man e Chu Yiu-ming, os deputados Tanya Chan e Shiu Ka-chun, o activista político Raphael Wong, os ex-líderes estudantis Tommy Cheung e Eason Chung e o ex-deputado Lee Wing-tat. Os nove activistas enfrentam várias acusações criminais, incluindo “incitação para cometer distúrbios públicos”. Já os três co-fundadores do movimento enfrentam uma acusação adicional de “conspiração para cometer distúrbios públicos”, punida com pena até sete anos de prisão.

Além deste processo, o relatório da AI fala ainda das “decisões recentes de recorrer à ‘segurança nacional’ para acções de retaliação de pessoas que discutem a questão da independência de Hong Kong”. Tais acções “estão a criar efeitos preocupantes na defesa dos direitos de liberdade de expressão, associação e reunião pacífica”.

Em Outubro, o jornalista Victor Mallet viu ser-lhe negada a renovação do visto de trabalho em Hong Kong, depois de ter promovido uma palestra com o líder de um partido pró-independência da região vizinha. Victor Mallet era vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong e correspondente do jornal Financial Times. Mallet também não conseguiu entrar no território como turista.

Sinais de esperança

A análise da AI também dá conta de constrangimentos em termos de actuação da sociedade civil na China, existindo, porém, alguma esperança com a expansão do movimento #metoo.

Nesse sentido, “têm existido laivos de optimismo”, tendo em conta “o forte apoio que o movimento #metoo contra o assédio sexual tem registado e o seu crescimento nas universidades e online”.

“Uma das líderes do movimento, Yue Xin, levou a cabo uma campanha estudantil de apoio às trabalhadoras fabris, no sentido de formarem o seu próprio sindicato. Quando o Governo tentou silenciar as acções destas activistas, os seus esforços encontraram uma forte resposta online”, acrescenta o relatório.

Outro sinal de “esperança” para a AI reside no reconhecimento das comunidades LGBT em algumas regiões da Ásia. Foi referido o caso de Hong Kong, ocorrido em Julho, quando o tribunal reconheceu que a recusa dos direitos dos parceiros em casais do mesmo sexo pode ser discriminatório, “apesar da ausência de igualdade ao nível do casamento”.

No caso do Japão, “mais municípios adoptaram instrumentos escritos que reconhecem as relações entre pessoas do mesmo sexo, e um crescente número de empresas japonesas estenderam os seus benefícios a casais do mesmo sexo”.

Ainda assim, “os progressos para a comunidade LGBT continuam a ser um desafio e há muito mais a fazer para acabar com a discriminação e o estigma”, apesar de existirem “sinais de maior aceitação social” em torno desta questão.

A AI recorda ainda o resultado do referendo em Taiwan, com a recusa da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A vontade popular foi contra uma decisão dos juízes do Supremo Tribunal em Maio de 2017 que decretou que a lei do casamento, tal como está escrita no Código Civil da região, viola a liberdade das pessoas e limita o seu direito à igualdade.

Xinjiang preocupa

Apesar desta análise, a AI não está satisfeita com a situação dos direitos humanos na região autónoma de Xinjiang.

“Nos últimos anos, as detenções em massa de uigures, cazaques e outras minorias étnicas muçulmanas na China, na região autónoma de Xinjiang, têm constituído os desenvolvimentos mais perturbadores. Mais de um milhão de pessoas foram enviadas [para campos de detenção] para serem submetidos a ‘reeducação’ política, durante a qual ficaram detidas sem julgamento, sem acesso a advogados ou ao direito de mudarem as suas detenções.”

Os uigures, que não dominam o mandarim nem seguem as regras do Partido Comunista Chinês, vê-se assim a braços com uma tentativa de aculturação nestes centros de detenção.

Tal “combina segurança intrusiva, detenções arbitrárias e doutrinação forçada, e tem vindo a ser aplicada a pessoas que têm viajado para o estrangeiro ou que têm contactos fora do país, bem como pessoas que mostrem sinais de ligação religiosa ou afiliação cultural que são suspeitas de não serem de ‘confiança’”.

A AI está também preocupada com a “repressão contra os defensores dos direitos humanos”, sobretudo advogados que trabalham nesta área, tal como Wang Quanzhang, Yu Wensheng e Gao Zhisheng.
“Tal gera sérias preocupações sobre o bem-estar do advogado Jiang Tianyong, que está preso, e do activista Dong Guangping, bem como os defensores de direitos humanos Huang Qi e Zhen Jianghua, que estão a enfrentar longos períodos de detenção. Todos estão em risco de serem submetidos a tortura.”

Pena de morte

Outra das questões levantadas pelo relatório da AI prende-se com “os poucos sinais de progresso” no que diz respeito ao fim da pena de morte na China e em outros países asiáticos. Além disso, o país continua “a esconder a verdadeira extensão do uso da pena de morte atrás do chamado ‘segredo de Estado’”.

“Na Mongólia, o presidente tentou propor legislação que repunha a pena de morte, quando o parlamento do país a aboliu o ano passado. Em Julho, foi aplicada no Japão uma pena sem precedentes, tendo sido condenados à morte 13 pessoas pelo seu envolvimento no ataque com gás sarin no metro de Tóquio, em 1995. Houve receios de que alguns dos executados terão apresentado recurso, o que pode ter violado o seu direito a um julgamento justo.”

Outro dos casos abordados neste capítulo foi Taiwan, em particular a primeira execução durante o mandato da presidente Tsai Ing-wen, depois desta “ter deixado claro quando assumiu o poder que o seu Governo iria tentar abolir a pena de morte”. A promessa parece ter sido relegada para segundo plano depois da execução de Lee Hung-chi, de 39 anos, levando aos protestos de diversas entidades de defesa dos direitos humanos. Ainda assim, sondagens mostram que uma larga maioria é a favor da pena de morte em Taiwan.

Coreias | Direitos humanos fora da agenda oficial

O relatório da AI chama a atenção para as recentes conversações de paz entre a Coreia do Norte e do Sul, alertando, contudo, para o facto da questão dos direitos humanos estar afastada da agenda oficial. Tal tem sido “verdadeiramente preocupante, apesar dos esforços para a redução de tensões e o possível surgimento de oportunidades positivas”. Aos olhos da AI, os norte-coreanos podem ver a sua situação melhorada ao nível dos direitos individuais. “A diminuição do conflito entre os dois lados pode facilitar a ocorrência de contactos mais regulares entre as famílias que foram separadas e permitir uma facilitação no que diz respeito às restrições severas de acesso à informação e comunicações levadas a cabo na Coreia do Norte.”

11 Dez 2018

Bolsas europeias em baixa preocupadas com escalada da guerra comercial

[dropcap]A[/dropcap]s principais bolsas europeias estavam hoje em baixa, perante o medo de uma nova recessão, o possível aumento das tensões comerciais entre Pequim e Washington e o ‘Brexit’. Cerca das 09h15 em Lisboa, o EuroStoxx 600 estava a cair 0,93% para 342,23 pontos.

As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt desciam 0,33%, 0,67% e 1%, respectivamente, enquanto as de Madrid e Milão recuavam 0,68% e 1,04%. Depois de ter aberto em baixa, a bolsa de Lisboa mantinha a tendência e, cerca das 09h15, o principal índice, o PSI20, recuava 0,85% para 4.795,46 pontos.

Os analistas referem que as bolsas europeias também estão a ser influenciadas pela sessão de Wall Street, que terminou a cair mais de 2%, devido à divulgação de um dado do emprego que ficou abaixo das expectativas e sobretudo devido ao medo do recrudescimento de novas tensões entre a China e os Estados Unidos.

Depois da detenção da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos, por fraude para violar as sanções impostas por Washington ao Irão, a China convocou o embaixador dos Estados Unidos.

Por outro lado, pela parte dos Estados Unidos, o chefe negociador comercial, Robert Lighthizer, assegurou que não planeia ampliar a trégua de 90 dias na guerra comercial com a China se não houver acordo antes de 1 de Março de 2019.

Na Europa também se mantêm as dúvidas sobre se na terça-feira o Reino Unido irá apoiar o acordo do ‘Brexit’ alcançado com a União Europeia (UE), enquanto os investidores estão muito pendentes das tensões em França devido aos protestos dos ‘coletes amarelos’.

Em Nova Iorque, Wall Street terminou na sexta-feira em forte baixa, com o Dow Jones a descer 2,24% para 24.388,95 pontos, depois de ter subido em 3 de Outubro, para 26.828,39 pontos, actual máximo desde que foi criado em 1896.

Também na sexta-feira, o Nasdaq fechou a recuar 3,05% para 6.969,25 pontos, depois de ter subido até aos 8.109,69 pontos em 29 de agosto, actual máximo de sempre. A nível cambial, o euro abriu em alta no mercado de divisas de Frankfurt, a cotar-se a 1,1427 dólares, contra 1,1390 dólares na sexta-feira.

O barril de petróleo Brent para entrega em Fevereiro abriu hoje em alta, a cotar-se a 61,91 dólares no Intercontinental Exchange Futures (ICE) de Londres, mais 0,24% que na sessão anterior e depois de ter estado acima dos 85 dólares no início de Outubro.

10 Dez 2018

Embaixada de Portugal em Díli clarifica dúvidas sobre pedidos de nacionalidade

[dropcap]A[/dropcap] Embaixada de Portugal em Díli divulgou um folheto para clarificar alguns aspectos relacionados com o processo de obtenção de nacionalidade, procurando responder a dúvidas que têm provocado protestos regulares à frente da missão diplomática.

O folheto inclui respostas ao que a missão diplomática considera serem as onze perguntas mais frequentes relativamente aos pedidos de nacionalidade, centradas em particular na fase já depois da apresentação dos documentos.

Em média, a embaixada recebe entre 30 e 60 pedidos de nacionalidade por dia, com um volume significativo de processos que continuam sem uma decisão de Lisboa.

A demora na resolução nos casos – que se pode arrastar dois ou três anos – tem suscitado manifestações regulares em frente à embaixada, com timorenses a impedirem, em várias ocasiões, entradas e saídas naquele posto diplomático.

Apesar de posturas agressivas, incluindo pancadas aos vidros da embaixada, o bloqueio da estrada – com alguns jovens a sentarem-se no chão – e da pressão sobre funcionários do edifício, a polícia demora várias horas a aparecer.

Os protestos são convocados por mensagens partilhadas nas plataformas Facebook e WhatsApp, muitas com informação falsa que dava conta de que estariam concluídos processos para ser levantados.

Neste folheto a embaixada explica que cada processo é tratado individualmente, obriga uma comprovação dos documentos nas paróquias respetivas ou no Registo Civil e pode suscitar ainda esclarecimentos adicionais.

Isso implica que um pedido que tenha entrado em 2017 “seja decidido antes de outro que tenha sido feito em 2015” ou que dois pedidos entrados no mesmo dia, “e ainda que digam respeito a dois irmãos, possam ter datas de desfecho diferentes”.

A lista clarifica que a análise sobre os pedidos não é feita pela embaixada – que se limita a receber, legalizar e enviar os documentos para Portugal – para a Conservatória dos Registos Centrais em Lisboa, que tem competência exclusiva para conceder a nacionalidade.

A embaixada também aplica em Timor-Leste, desde 2015, um conjunto de procedimentos para tentar “controlar a fraude documental”, incluindo a obrigatoriedade de verificar as certidões de batismo junto das paróquias ou os assentos de nascimento no Registo Civil.

“Na prática trata-se de confirmar, no livro dos assentos, os dados que constam da certidão apresentada”, refere a nota, sublinhando que o procedimento é o mesmo quer os pedidos sejam feitos na embaixada, diretamente na Conservatória dos Registos Centrais em Lisboa ou através de procurador.

Um processo que estica ao máximo os recursos humanos da embaixada, que tem que visitar cada uma das mais de 50 paróquias do país – os registos da Igreja são, em muitos casos, os únicos que sobreviveram à destruição depois do referendo de 1999.

Há ainda casos em que pedidos chegam já depois de uma visita à paróquia – por outros processos – ou em que não foi possível encontrar o registo, por erro na identificação da certidão ou porque o registo original se tenha perdido ou sido destruído.

“Tudo será devidamente explicado à Conservatória dos Registos Centrais e continuaremos a tentar encontrar uma solução”, explica o documento. Em caso de divergências nos dados, a embaixada pode pedir clarificações ou documentos adicionais ao requerente.

A embaixada recorda que quem pretende saber dados sobre o seu processo deve contactar a missão diplomática, admitindo que “podem passar muitos meses” sem avanços no caso que continuará “em análise” até “uma decisão final”.

Cada um dos requerentes será notificado “individualmente por email ou telefone, de cada vez que há um avanço no processo”, pelo que “não vale a pena deslocar-se à embaixada se não tiver sido convocado”.

Por fim, o texto clarifica que as listas de nomes que começaram agora a ser afixadas na porta da embaixada respondem a protestos de alguns utentes.

Trata-se apenas de “listas de atendimento” agendadas para o dia com nome de utentes que tenham sido convocados para esclarecimento ou para iniciar o processo, sendo que “ninguém nas listas adquiriu ainda a nacionalidade portuguesa”.

A nacionalidade portuguesa é acessível a qualquer timorense nascido até 19 de Maio de 2002, véspera da data em que Timor-Leste restaurou a sua independência e deixou, formalmente, de ser um “território não autogovernado sob administração portuguesa”.

10 Dez 2018

Ministério Público japonês acusa ex-presidente da Nissan de ocultar rendimentos

[dropcap]O[/dropcap] Ministério Público japonês acusou oficialmente o antigo presidente da Nissan, Carlos Ghosn, de ocultar rendimentos da empresa durante um período de cinco anos, informou hoje a agência oficial Kyodo.

De acordo com a agência nipónica e o canal público NHK, o Ministério Público responsabiliza também a Nissan, uma vez que foi a empresa a apresentar os relatórios às autoridades.

Ghosn, detido em Tóquio há três semanas, foi entretanto demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi. Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly.

10 Dez 2018

Toyota recolhe 13 mil carros na China devido a defeitos no software dos faróis

[dropcap]A[/dropcap] fabricante japonesa Toyota vai recolher mais de 13 mil carros na China devido a defeitos no software da unidade de controle electrónico (ECU) para faróis, de acordo com o órgão regulador do mercado chinês.

Em causa estão os modelos Corolla GL-i fabricados entre 19 de Março e 16 de Outubro pela subsidiária da Toyota na China, Tianjin FAW Toyota Motor, detalhou a Administração Geral de Supervisão de Qualidade num comunicado citado pela agência de notícias estatal Xinhua, avança a EFE.

O módulo de software deste modelo mostrou algumas falhas nos faróis dos veículos que causavam distorção em determinadas situações, disseram as autoridades. A empresa comprometeu-se a corrigir os problemas identificados gratuitamente.

10 Dez 2018

China convoca embaixador norte-americano após detenção de directora da Huawei

[dropcap]A[/dropcap] China convocou ontem o embaixador dos Estados Unidos em Pequim para protestar contra a detenção da directora financeira da operadora de telecomunicações chinesa Huawei e pediu a Washington que abandone o pedido de extradição.

Pequim já tinha convocado no sábado o embaixador do Canadá, na sequência da detenção de Meng Wanzhou naquele país, a pedido dos Estados Unidos, em 1 de Dezembro.

A justiça norte-americana pede a extradição da directora financeira, também vice-presidente da administração e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, por suspeita de ter violado sanções de Washington impostas ao Irão.

Pequim manifestou já a sua “oposição firme” face à detenção da executiva e “exorta os Estados Unidos a darem mais importância à posição solene e justa da China”, refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado, publicado após um telefonema do vice-ministro da diplomacia chinesa, Le Yucheng, ao embaixador norte-americano, Terry Branstad.

“Le Yuncheng sublinhou que os Estados Unidos violaram os direitos legítimos e os interesses dos cidadãos chineses, e a natureza desta violação é extremamente grave”, indicou o ministério.

A China exigiu também que os Estados Unidos “tomem medidas imediatas para rectificar as más práticas e levantar o mandato de prisão contra esta cidadã chinesa”, prossegue o comunicado, advertindo para uma possível “resposta adicional” da parte de Pequim.

Também ontem , o conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que Donald Trump desconhecia a detenção de Meng Wanzhou na altura em que jantava com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na semana passada.

Meng Wanzhou, 46 anos, foi detida em Vancouver, Canadá. A directora financeira é suspeita pela justiça norte-americana de ter mentido a vários bancos sobre uma subsidiária da Huawei com o objectivo de obter acesso ao mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando as sanções dos Estados Unidos.

O principal negociador dos Estados Unidos com a China disse ontem que a detenção da directora financeira da operadora de telecomunicações chinesa Huawei não deverá afectar muito as negociações comerciais, apesar dos fortes protestos de Pequim a exigir a sua libertação.

Além disso, Robert Lighthizer deu a entender que os Estados Unidos não pretendem prolongar a trégua de 90 dias da guerra comercial, decretada na semana passada entre Donald Trump e o Presidente chinês.

“Para mim, trata-se de uma data limite”, afirmou Robert Lighthizer, o representante norte-americano do Comércio dos Estados Unidos (USTR).

“Quando falo com o Presidente dos Estados Unidos, ele não fala além de Março. Ele fala sobre a obtenção de um acordo, se há acordo, nos próximos 90 dias”, insistiu.

10 Dez 2018

China lança nave espacial para aterrar no lado oculto da Lua

[dropcap]A[/dropcap]China lançou ontem uma nave espacial para aterrar no lado menos explorado da Lua e leva consigo, entre outras coisas, sementes de batata para plantar.

De acordo com a Administração Espacial Nacional da China, a missão Chang’e 4 realizará observação astronómica de rádio de baixa frequência, análise de relevo, detecção de composição mineral e da estrutura superficial da lua e medição de radiação de neutrões e de átomos neutros.

Com a sua missão Chang’e 4, a China espera ser o primeiro país a realizar uma aterragem com sucesso do lado oculto da Lua.

A bordo da nave espacial estão também ovos de bicho-da-seda com o objectivo de estudar a sua evolução, que será gravada para ser controlada a partir da Terra.

Pequim demonstra, desta forma, a sua crescente ambição espacial, para concorrer com a Rússia, a União Europeia e os Estados Unidos.

Se for bem-sucedida, a missão a bordo de um foguete Longa Marcha 3B impulsionará o programa espacial chinês para uma posição de liderança numa das áreas mais importantes da exploração lunar.

9 Dez 2018

Guerra comercial | Pequim vai implementar “imediatamente” medidas acordadas com EUA

[dropcap]A[/dropcap]China vai implementar “imediatamente” as medidas comerciais acordadas com os Estados Unidos na reunião entre os Presidentes Donald Trump e Xi Jinping, anunciou ontrm o Ministério do Comércio chinês.

“A China vai implementar imediatamente o consenso alcançado por ambos sobre produtos agrícolas, energia, automóveis e outros bens específicos”, disse o porta-voz do ministério, Gao Feng, aos jornalistas.

Os dois países estabeleceram uma trégua comercial, que vai adiar por 90 dias o aumento das taxas alfandegárias norte-americanas impostas sobre importações chinesas, depois de Donald Trump e Xi Jinping chegarem a acordo durante um jantar, no final da cimeira do G20, que decorreu entre sexta-feira e sábado, em Buenos Aires.

A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam aumentar de 10 por cento para 25 por cento no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.

A Casa Branca acrescentou que se os dois lados não chegassem a acordo no prazo de 90 dias, então o aumento das taxas alfandegárias seria aplicado.

7 Dez 2018

Pedida libertação imediata da directora financeira da Huawei

A filha do fundador da Huawei Technologies foi detida no sábado em Vancouver, a pedido das autoridades norte-americanas, por alegadamente ter violado as sanções impostas contra o Irão. A também vice-presidente da administração da empresa enfrenta uma possível extradição para os Estados Unidos. Representantes chineses protestam contra a detenção de Wanzhou Meng e exigem a sua libertação imediata

 

[dropcap]A[/dropcap]Embaixada da China no Canadá divulgou ontem um comunicado no qual pede a libertação imediata da directora financeira da empresa Huawei Technologies que foi detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos.

Wanzhou Meng, de 46 anos, é filha do fundador da Huawei. A mulher foi detida no sábado depois de Washington ter pedido a sua extradição por supostamente ter violado as sanções impostas pelas autoridades norte-americanas contra o Irão.

Os representantes chineses protestaram contra as autoridades norte-americanas e canadianas e exigiram que estas corrigissem o erro imediatamente e devolvessem a liberdade a Wanzhou Meng.

“Acompanharemos de perto o desenvolvimento desta questão e tomaremos medidas para proteger resolutamente os legítimos direitos e interesses dos cidadãos chineses”, pode ler-se no comunicado.

Na declaração também se refere que a China “se opõe com firmeza e protesta com energia” à detenção “que prejudicou gravemente os direitos humanos da vítima”.

As autoridades canadianas anunciaram na quarta-feira que detiveram a directora financeira da chinesa Huawei Technologies, que agora enfrenta uma possível extradição para os Estados Unidos.

O porta-voz do Departamento de Justiça, Ian McLeod, disse que Meng Wanzhou foi detida em Vancouver, na Columbia Britânica, no sábado. McLeod afirmou que havia uma interdição de divulgar informação, pelo que não podia avançar mais detalhes. A interdição foi solicitada por Meng, que tem uma audiência esta sexta-feira.

O The Wall Street Journal tinha informado no início deste ano que as autoridades dos EUA estavam a investigar se a Huawei tinha violado sanções dirigidas ao Irão. Meng é também vice-presidente da administração e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei.

7 Dez 2018