admin China / ÁsiaHong Kong | Terminado bloqueio à Universidade Politécnica [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong anunciou sexta-feira o fim do bloqueio a um campus universitário, que cercou durante 12 dias para travar manifestações contra o Governo, onde diz ter encontrado milhares de bombas incendiárias e armas. Segundo as autoridades, foram encontradas quase 4.000 bombas incendiárias deixadas pelos manifestantes, que há cerca de duas semanas entraram em confronto com a polícia de intervenção nas ruas circundantes. A polícia cercou durante quase duas semanas a Universidade Politécnica, tendo recorrido a balas de borracha, granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água para conter os manifestantes, que responderam com bombas incendiárias de fabrico caseiro, tijolos e flechas. Na quinta-feira, depois de centenas de detenções e do abandono do campus por alguns estudantes, cerca de 100 polícias entraram, pela primeira vez, no campus para recolher provas e remover objectos perigosos. Em comunicado, a polícia indicou que, durante dois dias de buscas, apreendeu 3.989 bombas incendiárias, 1.339 outros objectos explosivos, 601 garrafas de líquidos corrosivos e 573 armas. As autoridades indicaram que detiveram ao longo dos dias de cerco 810 pessoas dentro do campus e identificaram 300 outras, menores, que podem vir a ser acusados posteriormente. Outras 567 pessoas foram detidas nas imediações da universidade. Um responsável da universidade considerou que serão necessários cinco a seis meses para reparar os danos no campus. Novas acções A Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de Novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em Junho. Sexta-feira, activistas pró-democracia apelaram a uma grande manifestação no domingo e a uma greve na segunda-feira com o objectivo de perturbar os transportes públicos. “Se o Governo comunista de Hong Kong ignorar a opinião pública, haverá cinco ou seis dias seguidos de uma eclosão generalizada… Temos que estabelecer um prazo”, pode ler-se no ‘site’ de fórum LIHKG. A “eclosão generalizada” é o nome dado pelos manifestantes ao seu novo ‘modus operandi’ adotado em Novembro, que consiste em realizar acções de pequena escala para testar forças policiais e paralisar o tráfego.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês [dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa. Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada. Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong. A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos. O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong. Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC. Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido. Sob tortura Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido. Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios. Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos. Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional. Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram. “A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”. Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas. Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.
admin China / ÁsiaHong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês [dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa. Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada. Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong. A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos. O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong. Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC. Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido. Sob tortura Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido. Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios. Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos. Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional. Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram. “A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”. Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas. Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina volta a convocar embaixador dos EUA para contestar lei sobre Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês convocou hoje novamente o embaixador norte-americano em Pequim para protestar contra a ratificação pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de uma lei sobre direitos humanos que permite a Washington sancionar autoridades chinesas. O vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Le Yucheng disse ao embaixador norte-americano, Terry Branstad, que a medida constitui uma “grave interferência nos assuntos internos da China e uma grave violação do direito internacional”, segundo um comunicado emitido pelo ministério. Le considerou a Lei dos Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong um ato “totalmente hegemónico”, e pediu aos EUA que não implementem a normativa, a fim de evitar maiores danos nas relações bilaterais. Já na terça-feira, o Governo chinês tinha convocado o embaixador dos Estados Unidos em Pequim para contestar a aprovação da mesma lei pelo Congresso norte-americano. Segundo um comunicado divulgado então pelo ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, o executivo exigia que os Estados Unidos “corrigissem imediatamente os seus erros” e “parassem de interferir nos assuntos de Hong Kong”, que a China considera “exclusivamente internos”. A China tem acusado repetidamente os EUA e outros países ocidentais de orquestrarem as manifestações pró-democracia que há seis meses assolam Hong Kong. Num comunicado emitido mais cedo, o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros advertiu Washington com retaliações, mas sem avançar detalhes, e garantiu que todas as pessoas em Hong Kong e na China continental se opõem àquela Lei. “Trata-se de uma grave interferência nos assuntos de Hong Kong, que são assuntos internos da China, e uma grave violação do direito internacional e das normas básicas que regem as relações internacionais”, lê-se na mesma nota. Não é claro se a decisão de Trump pode atrapalhar as negociações comerciais com Pequim. Os dois países negoceiam há meses um acordo que ponha fim a uma prolongada guerra comercial. Trump promulgou a lei depois de o Congresso dos Estados Unidos ter aprovado, na semana passada, por esmagadora maioria, a resolução de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, que foi também aprovada no Senado. A Câmara dos Representantes aprovou a resolução por 417 votos a favor e apenas um contra, provocando a ira de Pequim. “Eu assinei este projecto [de lei] por respeito ao Presidente [chinês] Xi [Jinping], à China e ao povo de Hong Kong”, disse Trump num comunicado. “O documento está a ser promulgado na esperança de que os líderes e representantes da China e de Hong Kong sejam capazes de resolver amigavelmente as suas diferenças, alcançando a paz e a prosperidade a longo prazo para todos”, apontou. O texto põe em causa o estatuto comercial de que beneficia atualmente a região administrativa especial chinesa e prevê sanções contra autoridades chinesas responsáveis por violações dos direitos humanos na antiga colónia britânica, como detenções arbitrárias e extrajudiciais, tortura ou confissões forçadas. Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território. Os protestos têm assumido contornos cada vez mais violentos, com atos de vandalismo e confrontos com as forças de segurança. A diplomacia chinesa acusou Washington de apoiar “abertamente criminosos violentos que destruíram instalações, incendiaram e agrediram civis inocentes, abalaram o Estado de direito e ameaçaram a ordem social”. “A natureza flagrante e maliciosa das intenções [norte-americanas] é totalmente clara. O seu objectivo é minar a estabilidade e a prosperidade de Hong Kong, sabotar a fórmula um país, dois sistemas’ e perturbar os esforços da nação chinesa em concretizar o seu grande rejuvenescimento”, acusou.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA ultrapassados em número de missões diplomáticas pela China [dropcap]A[/dropcap] China ultrapassou, pela primeira vez, os Estados Unidos como o país com mais missões diplomáticas, segundo um estudo ontem publicado que revela crescentes ambições globais de Pequim, numa altura em que Washington segue uma agenda isolacionista. Segundo o instituto australiano Lowy Institute, o rápido aumento de postos da diplomacia chinesa continuou em 2019, devido à abertura de representações em países que abdicaram de relações diplomáticas com Taiwan e passaram a reconhecer Pequim como o único Governo de toda a China. “Com 276 representações em todo o mundo, a China excedeu pela primeira vez os Estados Unidos”, revelou o Índice Global de Diplomacia bienal. Os números são um indicador das mudanças geopolíticas ocorridas nos últimos anos, à medida que o país adopta uma política externa mais assertiva e os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração. A diplomacia norte-americana “entrou num período de incerteza” devido às restrições de orçamento impostas por Trump e às dificuldades em manter os diplomatas de carreira, segundo o Instituto Lowy. Prémio de consolação Os Estados Unidos não abriram novos postos e foram forçados a fechar o consulado em São Petersburgo, após as expulsões de diplomatas, no seguimento do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido. Ainda assim, continuam a ser o país que hospeda mais embaixadas ou consulados: um total de 342 missões diplomáticas, contra 256 na China. O domínio de Pequim continuou a expandir-se com a abertura de novas missões no Burkina Faso, República Dominicana, El Salvador, Gâmbia e São Tomé e Príncipe, todos antigos aliados diplomáticos de Taipé. O relatório revelou ainda que, apesar do seu compromisso com o desenvolvimento de uma “Grã-Bretanha global”, após a saída da União Europeia, o Reino Unido caiu para o 11.º lugar, atrás da Itália, Espanha e Brasil.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Metas de redução de emissões de carbono atingidas antes do previsto [dropcap]P[/dropcap]equim anunciou ontem que cumpriu, antes do previsto, a sua meta de redução das emissões de carbono para 2020, à medida que o país reduz a dependência de energias fósseis e investe em energias renováveis. Segundo um relatório publicado ontem pelo ministério chinês da Ecologia e do Meio Ambiente, as emissões de CO2 da China por unidade do PIB [Produto Interno Bruto] caíram 4 por cento, no ano passado, em relação ao ano anterior, e 45,8 por cento, face a 2005. O vice-ministro Zhao Yingmin considerou que aquele resultado “foi conquistado com muito esforço, através do trabalho de promoção da economia verde e de baixa emissão de carbono”. Embora se tenha tornado mais eficiente, a China quase triplicou as suas emissões, entre 2000 e 2018, à medida que a economia do país cresceu a um ritmo acelerado. A China continua a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, mas tornou-se também o mercado líder em painéis solares, turbinas eólicas e veículos eléctricos, e o maior fabricante mundial de painéis solares. Segundo Zhao Yingmin, 14,3 por cento da energia consumida actualmente na China advém de fontes não fósseis. “Continuamos a enfrentar desafios no desenvolvimento da nossa economia, a melhorar o nível de vida da população, a reduzir a pobreza e a limpar o nosso meio ambiente”, apontou Zhao. O vice-ministro garantiu que a China continuará a respeitar os seus compromissos de redução das emissões de carbono, estipulados no Acordo de Paris para as alterações climáticas. Face ao recuo dos Estados Unidos no combate ao aquecimento global, que incluiu a retirada do Acordo de Paris, a China tem assumido a liderança nesta matéria, parte da sua ambição em ter maior preponderância em questões globais. O país asiático, que é o maior emissor de gases poluentes do mundo, prometeu atingir o pico nas emissões de dióxido de carbono até 2030 e imediatamente reduzir a intensidade total do carbono entre 60 por cento e 65 por cento, face ao nível de 2005.
admin China / ÁsiaChina | Metas de redução de emissões de carbono atingidas antes do previsto [dropcap]P[/dropcap]equim anunciou ontem que cumpriu, antes do previsto, a sua meta de redução das emissões de carbono para 2020, à medida que o país reduz a dependência de energias fósseis e investe em energias renováveis. Segundo um relatório publicado ontem pelo ministério chinês da Ecologia e do Meio Ambiente, as emissões de CO2 da China por unidade do PIB [Produto Interno Bruto] caíram 4 por cento, no ano passado, em relação ao ano anterior, e 45,8 por cento, face a 2005. O vice-ministro Zhao Yingmin considerou que aquele resultado “foi conquistado com muito esforço, através do trabalho de promoção da economia verde e de baixa emissão de carbono”. Embora se tenha tornado mais eficiente, a China quase triplicou as suas emissões, entre 2000 e 2018, à medida que a economia do país cresceu a um ritmo acelerado. A China continua a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, mas tornou-se também o mercado líder em painéis solares, turbinas eólicas e veículos eléctricos, e o maior fabricante mundial de painéis solares. Segundo Zhao Yingmin, 14,3 por cento da energia consumida actualmente na China advém de fontes não fósseis. “Continuamos a enfrentar desafios no desenvolvimento da nossa economia, a melhorar o nível de vida da população, a reduzir a pobreza e a limpar o nosso meio ambiente”, apontou Zhao. O vice-ministro garantiu que a China continuará a respeitar os seus compromissos de redução das emissões de carbono, estipulados no Acordo de Paris para as alterações climáticas. Face ao recuo dos Estados Unidos no combate ao aquecimento global, que incluiu a retirada do Acordo de Paris, a China tem assumido a liderança nesta matéria, parte da sua ambição em ter maior preponderância em questões globais. O país asiático, que é o maior emissor de gases poluentes do mundo, prometeu atingir o pico nas emissões de dióxido de carbono até 2030 e imediatamente reduzir a intensidade total do carbono entre 60 por cento e 65 por cento, face ao nível de 2005.
Hoje Macau China / ÁsiaIndústria na China | Lucros caem quase 10 por cento em Outubro [dropcap]O[/dropcap]s lucros da indústria na China caíram 9,9 por cento, em Outubro, em termos homólogos, reflectindo a queda nos preços de fábrica e desaceleração na produção e vendas, numa altura de disputas comerciais com os Estados Unidos. Segundo dados publicados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), os lucros ascenderam a 427.560 milhões de yuan, no mês passado. A queda em Outubro é superior à registada em Setembro, de 5,3 por cento, também em termos homólogos. Para este indicador, as estatísticas chinesas consideram apenas empresas industriais com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan. No conjunto dos dez primeiros meses do ano, os lucros fixaram-se em 5,02 biliões de yuan, 2,9 por cento a menos do que no mesmo período de 2018. Entre os 41 sectores analisados, 30 registaram um aumento dos lucros, incluindo no sector da produção e fornecimento de aquecimento ou fabrico de máquinas e equipamentos eléctricos. Os onze restantes registaram uma quebra nos lucros, incluindo a indústria do petróleo, carvão e outros combustíveis, ou a fundição e laminação de metais ferruginosos. A abrandar O estatístico GNE Zhu Hong destacou que as empresas com melhor desempenho entre Janeiro e Outubro foram as que se dedicam ao fabrico de alta tecnologia, “indústrias estratégicas emergentes” ou fabrico de equipamentos. As estatísticas chinesas revelaram ainda que o índice de endividamento das empresas industriais, em relação aos seus activos, se fixou, em Outubro, em 56,8 por cento, ou seja, uma redução de 0,5 por cento, em termos homólogos. A economia chinesa cresceu 6 por cento, no terceiro trimestre do ano, o ritmo mais lento em quase três décadas, e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, admitiu já que vai ser “muito difícil” que a economia da China continue a crescer 6 por cento ou mais, devido à sua dimensão e ao “aumento do proteccionismo e do unilateralismo”. Analistas prevêem que a economia chinesa registe um declínio acentuado, reflectindo as disputas comerciais com os Estados Unidos. A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de uma guerra comercial, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um. A liderança norte-americana teme perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.
Hoje Macau China / ÁsiaAlibaba | Acções sobem 8% em na bolsa de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap]s acções do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba subiram ontem mais de 8 por cento, na estreia na Bolsa de Valores de Hong Kong, cidade que atravessa uma das suas piores crises políticas de sempre. A meio da tarde de ontem na China, as ações do Alibaba estavam a ser negociadas a 190,45 dólares de Hong Kong. O preço de oferta inicial fixou-se em 176 dólares de Hong Kong. O grupo, fundado pelo homem mais rico da China, Jack Ma, entrou para a História em 2014, quando realizou a maior oferta pública inicial de acções de sempre em Wall Street, mas escolheu agora Hong Kong para arrecadar fundos e impulsionar o seu desenvolvimento global. A oferta de 500 milhões de novas acções realizada ontem arrecadou mais de 11 mil milhões de dólares – a maior entrada na bolsa de Hong Kong desde 2010 e um impulso raro para a cidade após meses de crise política. O director executivo da Bolsa de Valores de Hong Kong, Charles Li, elogiou a empresa pela decisão em optar por Hong Kong. “Estou muito agradecido por o Alibaba, depois de cinco anos longe, finalmente ter voltado a casa. Também estou grato pela escolha ter sido feita apesar das dificuldades e desafios que Hong Kong enfrenta”, apontou, em comunicado. O código de acções da empresa é 9988, um homónimo em chinês para “prosperidade eterna”. Os líderes chineses procuram incentivar os gigantes tecnológicos a serem cotados mais perto de Pequim, após o Alibaba ou o gigante da internet Baidu terem escolhido Wall Street. A Bolsa de Hong Kong mudou as suas regras nos últimos anos para permitir que uma empresa seja cotada em dois lugares diferentes. No topo do mundo Fundado em 1999, o grupo Alibaba aproveitou ao máximo o ‘boom’ do comércio electrónico na China: as suas várias plataformas de comércio ‘online’ contam hoje com 785 milhões de utilizadores mensais no país asiático. Nos próximos cinco anos, o grupo pretende alcançar mil milhões de consumidores na China – o país mais populoso do mundo, com cerca 1.400 milhões de habitantes. Até 2036, a meta do grupo é chegar aos 2.000 milhões de consumidores em todo o mundo. Este mês, o grupo registou um novo valor recorde de vendas no maior festival de compras do mundo, o “Dia dos Solteiros”, celebrado na China a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro. No total, as plataformas do grupo facturaram 35 mil milhões de dólares no espaço de 24 horas, um aumento de 26 por cento, em relação ao ano passado. No conjunto, 200.000 marcas, incluindo cerveja ou vinhos portugueses, aderiram à iniciativa este ano, oferecendo descontos nos seus produtos. “À medida que o mundo se converte numa economia digital (…), a globalização é o futuro do grupo Alibaba”, disse o presidente executivo (CEO) do grupo, Daniel Zhang, na sua carta aos investidores.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaMedia | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial [dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições. “As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas. O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis. O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente. Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou. Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo. A culpa é do Governo A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”. O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”. O caso do Myanmar O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país. “Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório. A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”. “A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório. Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ. “Inimigos de Estado” No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ. A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista. Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”. A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório. Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”. Por fazer Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer. “Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento. Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”. “Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.
admin China / ÁsiaMedia | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial [dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições. “As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas. O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis. O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente. Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou. Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo. A culpa é do Governo A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”. O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”. O caso do Myanmar O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país. “Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório. A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”. “A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório. Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ. “Inimigos de Estado” No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ. A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista. Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”. A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório. Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”. Por fazer Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer. “Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento. Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”. “Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Apenas uma pessoa encontrada em revista à Universidade Politécnica [dropcap]O[/dropcap]s responsáveis da Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU) declararam hoje que revistaram todo o campus e encontraram apenas uma pessoa ainda entrincheirada, um possível sinal para o fim de dez dias seguidos de cerco ao local. “Procurámos sistematicamente todo o campus e encontrámos apenas um manifestante no prédio da associação de estudantes”, afirmou à imprensa o vice-presidente da universidade, Wai Ping-kong. A universidade, localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em junho. Centenas de manifestantes deixaram depois a PolyU. Uma grande maioria rendeu-se antes de ser detida pela polícia, enquanto outros conseguiram escapar por meio de cordas ou pelos esgotos. Dezenas de outras pessoas escolheram esconder-se no campus, que foi cercado pela polícia. De acordo com o vice-presidente da universidade, a única pessoa que ainda está no campus hoje é uma jovem, com mais de 18 anos, que não é estudante da PolyU. Recusando-se a dar mais detalhes, Wai Ping-kong disse que tentou convencê-la a sair. Sem saber quantos manifestantes ainda estavam entrincheirados, a universidade enviou hoje de manhã equipas para procurá-los. Uma vez revistadas, as portas dos quartos foram seladas. Questionado sobre uma possível intervenção policial para evacuar o campus, Wai disse que não recebeu nenhuma informação sobre o assunto. Por seu lado, a polícia não quis comentar o assunto. A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, já havia apelado hoje, durante a sua conferência de imprensa semanal, aos manifestantes radicais entrincheirados na PolyU que se rendessem pacificamente à polícia. Na semana passada, Carrie Lam prometeu que os manifestantes menores de idade que fossem detidos pela polícia não seriam processados, mas seriam iniciadas investigações contra os adultos. A mobilização começou em junho contra um projeto de lei autorizando a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental. O texto foi retirado em setembro, mas desde então as exigências aumentaram e os confrontos entre a polícia e os manifestantes tornaram-se cada vez mais violentos.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong | Governo recusa exigências de manifestantes apesar de vitória eleitoral pró-democrata [dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong garantiu hoje que “vai reflectir seriamente” sobre os resultados que deram a vitória inequívoca aos candidatos pró-democracia nas eleições distritais, mas descartou a possibilidade de aceitar as exigências dos manifestantes. Carrie Lam falava aos jornalistas antes da reunião semanal do Conselho Executivo, um dia depois de se saber os resultados das eleições distritais que se realizaram no domingo e nas quais os pró-democratas obtiveram um resultado esmagador face ao campo pró-Pequim, conquistando quase 90% dos assentos (388 dos 452 assentos em jogo) do Conselho Distrital. Questionada sobre se tenciona ceder às exigências dos manifestantes e iniciar uma investigação sobre as acusações de brutalidade policial durante os protestos, Lam apenas se referiu a um plano para “estabelecer um comité de revisão” que analise as causas das manifestações e “identifique os problemas sociais, económicos e políticos subjacentes, para recomendar medidas ao Governo”. Sobre o resultado da eleição, Lam foi ainda menos incisiva do que na sua declaração na segunda-feira e disse que “as eleições refletiram claramente que muitos eleitores queriam expressar as suas opiniões ao Governo”. “As opiniões expressas são muito diversas. Há pessoas que querem expressar que não podem mais tolerar a violência nas ruas e, é claro, há pessoas que sentem que o Governo não administrou com competência o exercício legislativo”, admitiu. A chefe do Executivo voltou a pedir o fim da violência e pediu que a paz e a tranquilidade que se tem visto nos últimos dias na cidade continue, a mesma paz que permitiu a realização das eleições num “ambiente pacífico e justo”. “As vozes do povo de Hong Kong foram ouvidas. Os moradores de Hong Kong não querem que a sociedade continue nesta situação caótica”, acrescentou. A Comissão dos Assuntos Eleitorais informou que 71,2% dos 4,1 milhões de eleitores recenseados na região administrativa especial votaram, superando em muito a participação de 47% verificada nas mesmas eleições há quatro anos. A participação normalmente baixa nas eleições distritais, tradicionalmente dominadas por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado. Os pró-democratas venceram em 17 dos 18 distritos, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos lugares. Agora, os pró-Pequim perderam mais de 240 assentos. Pequim já veio a público reiterar o seu apoio à chefe do Executivo de Hong Kong, apesar da dura derrota, e o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, afirmou que Hong Kong “é parte da China”, independentemente do resultado das eleições locais de domingo. Estas são as únicas eleições livres em Hong Kong. Os membros do Conselho Legislativo, o parlamento local, são escolhidos em parte pelo voto popular e em parte por grupos de interesses que representam diferentes setores da sociedade, enquanto o chefe do executivo da região administrativa especial é escolhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros, dominado por Pequim.
admin China / Ásia MancheteHong Kong | Governo recusa exigências de manifestantes apesar de vitória eleitoral pró-democrata [dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong garantiu hoje que “vai reflectir seriamente” sobre os resultados que deram a vitória inequívoca aos candidatos pró-democracia nas eleições distritais, mas descartou a possibilidade de aceitar as exigências dos manifestantes. Carrie Lam falava aos jornalistas antes da reunião semanal do Conselho Executivo, um dia depois de se saber os resultados das eleições distritais que se realizaram no domingo e nas quais os pró-democratas obtiveram um resultado esmagador face ao campo pró-Pequim, conquistando quase 90% dos assentos (388 dos 452 assentos em jogo) do Conselho Distrital. Questionada sobre se tenciona ceder às exigências dos manifestantes e iniciar uma investigação sobre as acusações de brutalidade policial durante os protestos, Lam apenas se referiu a um plano para “estabelecer um comité de revisão” que analise as causas das manifestações e “identifique os problemas sociais, económicos e políticos subjacentes, para recomendar medidas ao Governo”. Sobre o resultado da eleição, Lam foi ainda menos incisiva do que na sua declaração na segunda-feira e disse que “as eleições refletiram claramente que muitos eleitores queriam expressar as suas opiniões ao Governo”. “As opiniões expressas são muito diversas. Há pessoas que querem expressar que não podem mais tolerar a violência nas ruas e, é claro, há pessoas que sentem que o Governo não administrou com competência o exercício legislativo”, admitiu. A chefe do Executivo voltou a pedir o fim da violência e pediu que a paz e a tranquilidade que se tem visto nos últimos dias na cidade continue, a mesma paz que permitiu a realização das eleições num “ambiente pacífico e justo”. “As vozes do povo de Hong Kong foram ouvidas. Os moradores de Hong Kong não querem que a sociedade continue nesta situação caótica”, acrescentou. A Comissão dos Assuntos Eleitorais informou que 71,2% dos 4,1 milhões de eleitores recenseados na região administrativa especial votaram, superando em muito a participação de 47% verificada nas mesmas eleições há quatro anos. A participação normalmente baixa nas eleições distritais, tradicionalmente dominadas por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado. Os pró-democratas venceram em 17 dos 18 distritos, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos lugares. Agora, os pró-Pequim perderam mais de 240 assentos. Pequim já veio a público reiterar o seu apoio à chefe do Executivo de Hong Kong, apesar da dura derrota, e o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, afirmou que Hong Kong “é parte da China”, independentemente do resultado das eleições locais de domingo. Estas são as únicas eleições livres em Hong Kong. Os membros do Conselho Legislativo, o parlamento local, são escolhidos em parte pelo voto popular e em parte por grupos de interesses que representam diferentes setores da sociedade, enquanto o chefe do executivo da região administrativa especial é escolhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros, dominado por Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaPapa confessa ao imperador Nahurito que os pais choraram por Hiroshima [dropcap]O[/dropcap] Papa Francisco contou ontem ao novo imperador do Japão Nahurito durante um encontro no palácio imperial que os seus pais choraram quando caiu a bomba nuclear em Hiroshima em 1945, segundo fontes oficiais. De acordo com fontes da Casa Real, o Papa contou que tinha 9 anos na altura e lembra-se de ter visto os pais a chorar quando ouviram notícias sobre as bombas atómicas. As mesmas fontes informaram que o imperador, que não esteve acompanhado pela imperatriz Masako, agradeceu ao Papa pela reunião que teve de manhã com as vítimas do sismo de Fukoshima, que causou um enorme tsunami. O Papa e o imperador discutiram também o meio ambiente e a importância da água, tendo Francisco explicado que a crise ambiental é muito difícil de resolver porque está ligada à economia e acrescentou que é por isso que se diz que a água causará o próximo conflito. O Papa deu a Naruhito um mosaico feito pela fábrica do Vaticano que reproduz uma vista do Arco de Tito, em Roma, pelo pintor Filippo Anivitti. O Papa e Naruhito tiveram uma reunião no Vaticano em 2016, quando este ainda não era imperador. Mensagem central Neste terceiro dia de sua visita ao Japão, Francisco também vai encontrar-se também com o primeiro-ministro Sinzho Abe. O Papa iniciou no sábado uma visita ao Japão, segunda etapa da sua deslocação à Ásia, para divulgar uma mensagem sobre o desarmamento nuclear. Francisco é o chefe da igreja católica que mais condenou o uso de armas nucleares e falou sobre o tema no domingo em Nagasaki e Hiroshima, cidades destruídas pelas bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos em 1945. As bombas atómicas lançadas em Hiroshima (6 de Agosto) e em Nagasaki (9 de Agosto) mataram mais de 220 mil pessoas, e provocaram a capitulação do Japão e o fim da segunda Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1945.
Hoje Macau China / ÁsiaAustrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento [dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”. O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne. O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte. “O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou. O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou. O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao. “Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network. No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente. Enredos e bizarrias Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”. “Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”. O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”. As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong. Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd. Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores. A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai. “Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista. O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.
admin China / ÁsiaAustrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento [dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”. O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne. O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte. “O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou. O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou. O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao. “Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network. No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente. Enredos e bizarrias Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”. “Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”. O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”. As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong. Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd. Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores. A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai. “Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista. O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.
Hoje Macau China / ÁsiaEleições distritais em Hong Kong | Pró-democratas garantem vitória esmagadora Os candidatos pró-democracia nas eleições de domingo para os concelhos distritais obtiveram um resultado esmagador face ao campo pró-Pequim, conquistando quase 90% dos assentos do Concelho Distrital, segundo a emissora RTHK [dropcap]O[/dropcap]s candidatos pró-democratas alcançaram 388 assentos dos 452 em jogo, numa eleição com uma participação recorde de 71,2% que demonstrou o forte apoio para as organizações que mobilizaram os protestos que levaram à rua milhões de pessoas em Hong Kong desde Junho. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos assentos nos conselhos distritais. Agora, os pró-Pequim perderam 236 assentos, em comparação com 2015. Os pró-democratas venceram 17 dos 18 conselhos distritais, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais. O coordenador da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), Jimmy Sham, que tem liderado o movimento pró-democracia em Hong Kong responsável pelas maiores manifestações, venceu o distrito de Lek Yuen, em Sha Tin. Após a sua vitória, Jimmy Sham afirmou aos jornalistas que as eleições locais foram um referendo que refletiu a vontade da opinião pública de que sejam realizadas reformas democráticas no território. Em Agosto passado, dois homens com o rosto coberto atacaram-no com um taco de beisebol e uma faca. Em outubro, foi brutalmente espancado por quatro pessoas que utilizaram martelos, tendo sido hospitalizado com ferimentos na cabeça e no braço. Pelo menos nove candidatos pró-democratas que foram vítimas de agressões durante os quase seis meses de protestos ganharam as eleições. No bloco pró-Pequim – que sofreu uma pesada derrota, com apenas 59 assentos, segundo a agência Efe – destaque para o candidato mais visado pelos manifestantes, Junius Ho, que não conseguiu a reeleição. Segundo o campo pró-democracia, Junius Ho, um advogado alinhado com Pequim, tem vínculos com máfias locais que atacaram indiscriminadamente pessoas nas estações de metro para semear o caos durante protestos. Junius Ho acabou por ser esfaqueado durante uma ação de campanha para as eleições locais. No lado pró-democrático, outra vitória simbólica foi a de Kelvin Lam, que substituiu Joshua Wong, figura proeminente do movimento pró-democracia em Hong Kong e que foi impedido de concorrer. O activista foi o único candidato excluído das eleições para o conselho distrital. “O facto de eu ser o único candidato desqualificado por Pequim prova que as eleições de Hong Kong são manipuladas pelo Partido Comunista Chinês. Mas mesmo que eles me censurem nas urnas ou me prendam, isso incentiva-me a continuar a lutar com mais determinação “, disse Wong no domingo, antes da votação. Foi a primeira vez que todos os assentos nas eleições do conselho distrital tiveram candidatos de pelo menos dois partidos opostos. Durante o último ciclo eleitoral, em 2015, 68 candidatos concorreram sem oposição. Um significado diferente A Comissão dos Assuntos Eleitorais informou que 71,2% dos 4,1 milhões de eleitores recenseados na região administrativa especial votaram, superando em muito a participação de 47% verificada nas mesmas eleições há quatro anos. A participação normalmente baixa nas eleições para os conselhos distritais, tradicionalmente controlados por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado. Estas eleições são as únicas totalmente democráticas em Hong Kong. Os membros do Conselho Legislativo, o parlamento local, são escolhidos em parte pelo voto popular e em parte por grupos de interesses que representam diferentes setores da sociedade, e o chefe do executivo da região administrativa especial é escolhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros, dominado por Pequim. Após ter recuperado a soberania do território das mãos britânicas em 1997, sob a fórmula “um país, dois sistemas”, o Governo chinês comprometeu-se a manter a autonomia de Hong Kong e a respeitar até 2047 uma série de liberdades de que os cidadãos da China continental não gozam. China reitera apoio a Carrie Lam As autoridades chinesas reiteraram entretanto o seu apoio à chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam. “A nossa posição é inequívoca: o Governo central apoia firmemente a chefe do Executivo, Carrie Lam, para liderar o governo e governar de acordo com a lei, acabar com a violência e restaurar a ordem”, apontou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa. Embora tenha enfatizado o apoio de Pequim a Lam, o porta-voz evitou avaliar directamente os resultados de umas eleições tidas como um indicador do amplo apoio aos protestos antigovernamentais que há seis meses atingem Hong Kong, apesar dos contornos cada vez mais violentos, com frequentes atos de vandalismo e confrontos com a polícia. “Acabar com a violência e restaurar a ordem são as principais tarefas de Hong Kong neste momento”, insistiu o porta-voz chinês, que enfatizou que “Hong Kong é parte da China e os assuntos de Hong Kong são puramente assuntos internos da China”. “O Governo chinês está determinado a proteger a nossa soberania e interesses de desenvolvimento nacional e defender os princípios da fórmula ‘um país, dois sistemas’. Da mesma forma, estamos determinados a opor-nos à interferência estrangeira nestes assuntos “, afirmou. Geng também enfatizou o apoio do regime à justiça de Hong Kong para que “castigue radicais e criminosos violentos”. Democratas usarão concelhos como plataforma política Líderes do bloco pró-democracia de Hong Kong alertaram na segunda-feira que usariam a vitória esmagadora nas eleições locais para pressionar o governo a aderir às exigências do movimento de protesto que assola a cidade há quase seis meses. Mas também prometeram olhar para o futuro e trabalhar em questões de meios de subsistência, para evitar uma repetição das perdas sofridas em 2007, quando perderam todos os concelhos depois de os terem ganho nas eleições de 2003. O Partido Democrata mais do que dobrou o seu número de cadeiras de 43 para 91, substituindo a Aliança Democrática para a Melhoria e o Progresso de Hong Kong (DAB) como o maior partido da cidade a nível local. O bloco democrata instou a líder da cidade Carrie Lam a renunciar e a respeitar as cinco exigências dos manifestantes antigovernamentais. Estas incluem um inquérito independente sobre alegações de brutalidade policial e amnistia para manifestantes presos. “Os resultados vão além do esforço pessoal dos candidatos, fazendo parte do movimento de todos os manifestantes; todas as pessoas feridas e presas. Temos que ter em mente que essa é a base do apoio “, disse o presidente do partido, Wu Chi-wai. “Temos que usar todos os nossos esforços para que as cinco exigências sejam atendidas no futuro próximo.” Wu acrescentou que “qualquer governo responsável deve responder às chamadas do público, incluindo uma remodelação na administração, e Carrie Lam deve renunciar”. Wu disse ainda que o governo, ignorando as cinco exigências, pode levar os cidadãos a perder a fé em meios pacíficos de expressão política, levando a mais confrontos. O bloco agora domina 17 dos 18 distritos, tendo dado destituindo vereadores e legisladores veteranos. Outro partido pró-democracia, o Partido Cívico, agora o segundo grupo mais representado nos concelhos distritais, tendo conquistado 32 cadeiras, também alertou que os resultados abriram caminho para a última oportunidade para os governos local e central resolverem o impasse. “A voz das urnas é alta e clara: queremos que Carrie Lam retire a polícia da PolyU … queremos que o actual governo considere a renúncia, de cima para baixo para todos os secretários politicamente responsáveis e membros do Conselho Executivo”. disse o presidente do partido e ex-legislador Alan Leong Ka-kit. Questionado sobre se o partido entraria em negociações com Pequim sobre a reforma eleitoral, Leong disse que “entraria em diálogo com alguém para manter Hong Kong… para sustentar nossos valores fundamentais, como direitos humanos, liberdade, estado de direito e o nosso modo de vida”. Logo após a vitória, os pan-democratas já estão de olhos no futuro. Wu e outro político veterano Lee Wing-tat disseram que precisavam evitar um revés semelhante ao das eleições para os concelho distritais de 2007, que reverteram os ganhos de quatro anos antes. O sucesso de 2003 foi, como o deste ano, impulsionado em parte por protestos devido a uma mudança legal do governo. Nesse caso, era a legislação de segurança nacional, enquanto a atual crise de protesto foi desencadeada por um projeto de lei, agora suspenso, que permitiria transferências de fugitivos para a China continental. Wu, um vereador de 20 anos, disse que seu grupo estava atento para não dar os eleitores como garantidos, e usaria os conselhos distritais como plataformas para melhorar as condições de subsistência. Mas o bloco também usará os órgãos para fins políticos e pressionará o governo, da mesma forma que o seu bloco rival fazia anteriormente, disse ele. “Se todos os 18 conselhos distritais no futuro aprovarem uma resolução para pedir o inquérito [sobre alegada brutalidade policial], o governo atribuirá a mesma gravidade a isso? Nesse caso, os concelhos distritais poderiam realmente actuar como uma ponte entre as pessoas e o estabelecimento ”, disse Wu. A mulher que derrotou Long Hair Starry Lee Wai-king, a única vencedora do campo conservador, derrotando o famoso Leung Kwok-hung, conhecido por Long Hair, é a presidente do maior partido pró-establishment de Hong Kong, a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB). Nascida em 1974 em Hong Kong numa família da classe trabalhadora, Lee obteve seu Bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e o Mestrado em Administração de Empresas pela Universidade de Manchester . Tornou contabilista profissional, trabalhando para a KPMG em Hong Kong e actualmente é directora da CCIF CPA Ltd. Lee participou pela primeira vez nas eleições do Concelho Distrital em 1999 para o Concelho Distrital da Cidade de Kowloon, o bairro onde morava. Foi eleita com 26 anos, a vereadora mais jovem da época. Ingressou no DAB quando foi abordada pelo ex-presidente do partido Tsang Yok-sing por volta de 2004. Em Abril de 2015, foi eleita como a primeira mulher a presidir o DAB, sucedendo a Tam Yiu-chung. Em 2018, foi convidada para participar do 13º Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC). Durante a campanha, Lee e alguns candidatos chutaram bolas de futebol pretas num banimento simbólico dos manifestantes vestidos de preto. “As forças negras dizem que querem lutar pela liberdade, mas agora as pessoas não conseguem nem expressar suas opiniões livremente. Até nos despojaram do nosso direito de ir à escola e trabalhar ”, disse Starry Lee. Ontem, pôs o seu lugar à disposição mas os líderes do DAB não aceitaram, pelo que continua no seu cargo. Bolsa pula e avança O índice de referência da Bolsa de Valores de Hong Kong, o Hang Seng, reagiu ontem de forma optimista à esmagadora vitória pró-democrata nas eleições de domingo para os conselhos distritais. Às 11:20 (03:20) a bolsa tinha subido 1,75%. Desde que os confrontos começaram em meados de junho, a bolsa tem sofrido quedas significativas nos últimos meses devido aos contínuos protestos em Hong Kong e a outros factores como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ou a desaceleração da economia chinesa. Segundo analistas citados pela imprensa local, o resultado eleitoral e a paz vivida neste final de semana são os principais factores que impulsionaram a subida da bolsa de Hong Kong, onde os investidores esperam que a tensão seja reduzida na cidade, pelo menos a curto prazo. Resultados Total do bloco pró-democracia 1,673,991 votos 57.34% 388 vereadores (+262) Total do bloco conservador 1,220,999 votos 41.82% 62 vereadores (-236) Independentes 24,632 votos 0.44% 2 (-5) Votantes registados 4,132,977 Total de votos (71.23%) 2,943,842 Total de votos válidos 2,919,622 Votos inválidos 24,220
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong | Carrie Lam diz que vai analisar com “humildade” resultados das eleições distritais [dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse hoje que vai ouvir com “humildade e seriedade” a sociedade depois da esmagadora vitória dos candidatos pró-democracia nas eleições de domingo sobre o campo pró-Pequim. “O Governo de Hong Kong vai ouvir as opiniões dos membros do público com humildade e seriedade”, apontou Carrie Lam em comunicado divulgado no ‘site’ do Governo, acrescentado que “respeita os resultados das eleições”. A líder de Hong Kong afirmou que podem existir “várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados” e que muitas delas são da opinião que “os resultados refletem a insatisfação das pessoas com a situação atual e com os problemas profundos da sociedade”. Na mesma nota, a líder do executivo de Hong Kong enfatizou ainda o facto de a eleição ter sido realizada de “maneira pacífica segura e ordenada”. “Após a agitação social nos últimos cinco meses, acredito firmemente que a grande maioria do público compartilharia o meu desejo de que a situação pacífica, segura e ordenada continue”, frisou. Os candidatos pró-democracia nas eleições de domingo para os conselhos distritais obtiveram um resultado esmagador face ao campo pró-Pequim, conquistando quase 90% dos assentos do Conselho Distrital. Os candidatos pró-democratas, até às 09:00 alcançaram 388 assentos dos 452 em jogo, numa eleição com uma participação recorde de 71,2% que demonstrou o forte apoio para as organizações que mobilizaram os protestos que levaram à rua milhões de pessoas em Hong Kong desde junho. A massiva deslocação às urnas, “um total de cerca de 2,94 milhões de eleitores registados (…) mostra que os eleitores esperavam expressar os seus pontos de vista através desta eleição”, destacou Carrie Lam. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos assentos nos conselhos distritais. Agora, os pró-Pequim perderam mais de 240 assentos, em comparação com 2015. Os pró-democratas passam a controlar os 18 conselhos distritais, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais. Foi a primeira vez que todos os assentos nas eleições do conselho distrital tiveram candidatos de pelo menos dois partidos opostos. Durante o último ciclo eleitoral, em 2015, 68 candidatos concorreram sem oposição. A Comissão dos Assuntos Eleitorais informou que 71,2% dos 4,1 milhões de eleitores recenseados na região administrativa especial votaram, superando em muito a participação de 47% verificada nas mesmas eleições há quatro anos. A participação normalmente baixa nas eleições para os conselhos distritais, tradicionalmente controlados por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado. Estas eleições são as únicas totalmente democráticas em Hong Kong. Os membros do Conselho Legislativo, o parlamento local, são escolhidos em parte pelo voto popular e em parte por grupos de interesses que representam diferentes setores da sociedade, e o chefe do executivo da região administrativa especial é escolhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros, dominado por Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA contra interferência da China nas próximas eleições de Taiwan [dropcap]O[/dropcap] principal representante dos Estados Unidos em Taiwan disse ontem que Washington está a trabalhar com Taipé para combater os esforços de Pequim para influenciar as próximas eleições na ilha. O actual director do Instituto Norte-Americano de Taiwan, que estabelece as relações diplomáticas entre os EUA e aquele território, Brent Christensen, disse que os EUA estão “conscientes de que a China está a tentar influenciar, através de vários meios, o processo democrático de Taiwan”. Christensen acredita que “actores mal intencionados estão a usar campanhas de desinformação para minar a confiança das pessoas nas instituições democráticas” da ilha, mas que Washington e Taipé “têm trabalhado juntos para combater esses esforços”, partilhando informações e experiências e mobilizando a sociedade civil. A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, eleita em 2016, é a primeira mulher a ocupar o cargo e procura um segundo mandato nas eleições de 11 de Janeiro para eleger o chefe de Estado e deputados. Alegadamente, a China favorece fortemente o principal oponente de Tsai, Han Kuo-yu, do Partido Nacionalista. Taiwan separou-se da China em 1949 mas a República Popular da China (RPC) reivindica a ilha como seu território, e ameaça anexar pela força militar, opondo-se ao contacto diplomático entre Taiwan e os EUA. Tentativas anteriores da RPC para influenciar a democracia de Taiwan proporcionaram resultados desiguais e podiam tornar-se um risco para Han Kuo-yu, que em março reuniu com as autoridades chinesas numa visita à China, Macau e Hong Kong, e teve dificuldades em desmentir acusações de conspiração com Pequim. Inicialmente, o principal oponente de Tsai liderava as sondagens de opinião pública, mas desde junho tem estado atrás da atual Presidente, frequentemente por vários pontos percentuais. Vários candidatos a deputados do Partido Nacionalista têm também fortes ligações com a China e falaram a favor da unificação com esse país. A interferência eleitoral seria uma continuação da campanha implacável de Pequim para minar o Governo do Partido Democrático Progressista de Tsai, que é a favor da independência de Taiwan, através do aumento da pressão diplomática, militar e económica. Apenas 15 países mantêm laços formais com Taiwan, após sete países trocarem o reconhecimento a favor da RPC nos últimos anos.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Familiares das vítimas denunciam impunidade em massacre [dropcap]F[/dropcap]amiliares das vítimas do massacre que fez 58 mortos, incluindo 32 jornalistas, na ilha filipina de Midanau, denunciaram ontem a impunidade e a lentidão da justiça, numa cerimónia para assinalar a passagem de 10 anos sobre a data. Familiares e amigos das vítimas acenderam velas e largaram balões ontem próximo da localidade de Ampatuan, na ilha de Mindanau, no Sul, onde decorreu o massacre em 23 de Novembro de 2009. As 58 vítimas viajavam numa caravana na região quando foram alvo de uma emboscada, tendo sido mortas e enterradas no local. Jornalistas, na sua maioria, os passageiros da caravana acompanhavam o candidato a Governador e opositor do então titular do cargo e líder de um poderoso clã local. Governador de Maguindau durante quase 10 anos, o chefe Andal Ampatuan queria que o seu filho, Andal Ampatuan Júnior, considerado o principal suspeito do crime, lhe sucedesse. “Há muito que sabemos quem são os culpados. Agora deve ser tomada a decisão certa”, disse Jergin Malabananan, de 15 anos, filho de uma das jornalistas assassinadas. Um helicóptero deixou cair uma ‘chuva’ de flores quando mil familiares e amigos, jornalistas e políticos se reuniram em torno de um monumento com os nomes das 58 vítimas. Cerca de 100 pessoas, incluindo muitos membros do clã Ampatuan, foram acusados do crime, mas o processo arrastou-se nos tribunais durante anos, com os advogados de defesa a apresentarem sucessivos recursos. O julgamento terminou em Julho e o Supremo Tribunal deu à juíza responsável pelo processo até 20 de Dezembro para examinar todas as provas e proferir a sentença. “Esperemos que meu irmão e as outras vítimas finalmente tenham justiça”, disse Freddie Ridao, um político local.
Hoje Macau China / ÁsiaEx-agente da CIA condenado a 19 anos de prisão por espionagem [dropcap]U[/dropcap]m antigo agente da CIA foi condenado na sexta-feira a 19 anos de prisão por espionagem a favor da China. Jerry Chun Shing Lee, um antigo militar naturalizado norte-americano, entrou em 1994 na Agência Central de Informações (CIA, na sigla em Inglês), de onde saiu em 2007, para se instalar em Hong Kong. Segundo um comunicado do Departamento de Justiça, agentes dos serviços de informações chineses abordaram-no três anos depois, quando propuseram dar-lhe uma importante soma de dinheiro e “cuidar dele para o resto da vida em troca da sua colaboração”. Os agentes da polícia federal (FBI, na sigla em inglês) descobriram, em 2012, na bagagem de Lee cadernos com nomes, contactos e outras informações sobre agentes e informadores da CIA, bem como moradas de casas de apoio clandestinas. Mas Lee só foi preso seis anos depois, em Janeiro de 2018, sem que as autoridades tenham explicado por que tinha sido preciso tanto tempo antes que o agente fosse acusado. “O senhor Lee traiu o seu país por cupidez e colocou os seus antigos colegas em perigo. A sua pena de hoje está à altura da gravidade da traição e do seu crime”, declarou na sexta-feira Timothy Slater, um dirigente do FBI. Este caso pode estar associado à destruição repentina da rede da CIA na China entre 2010 e 2012. O New York Times tinha informado em 2017 que os chineses tinham matado neste período “pelo menos uma dezena” de informadores da CIA na China e detido pelo menos outros seis. A pagar Lee é o terceiro norte-americano condenado este ano por espionagem em benefício de Pequim. Um outro antigo membro da CIA, Kevin Mallory, e um antigo membro da espionagem militar norte-americana, Ron Rockwell Hansen, tinham apanhado respectivamente, em Maio e Setembro, sentenças de 20 e 10 anos de prisão. Estes julgamentos, comentou o secretário adjunto da Justiça, que acompanha os casos de segurança nacional, John Demers, “devem enviar uma mensagem forte” aos agentes dos serviços de informações norte-americanos, actuais ou passados: “Estejam conscientes de que estão a ser visados pelo Governo chinês e se vocês nos traírem, a justiça vai fazer-vos pagar o preço”.
Hoje Macau China / ÁsiaSidney | Pequim refuta informações de alegado espião [dropcap]A[/dropcap] China afirmou ontem que o alegado espião chinês que pediu asilo na Austrália após ter revelado supostos detalhes de operações de espionagem já foi condenado por fraude e é actualmente procurado pela polícia de Xangai. No sábado, a imprensa australiana noticiou que um desertor chinês, identificado como Wang “William” Liqiang, forneceu às autoridades de Camberra detalhes sobre como Pequim financia e conduz actividades de interferência política. Wang, que está em Sydney com a mulher e o filho e já solicitou asilo na Austrália, disse ter participado em acções como o sequestro do livreiro Lee Bo, um dos cinco editores sequestrados em Hong Kong que foi levado para a China sem qualquer ordem de extradição. Wang também disse que se infiltrou na universidade e nos meios de comunicação de Hong Kong para combater o movimento pró-democracia, participou numa operação para interferir nas eleições em Taiwan, incluindo as eleições presidenciais do próximo ano, e denunciou que a sua organização tem acordos com vários doadores políticos na Austrália. A embaixada chinesa refutou ontem as informações e publicou uma declaração da polícia de Xangai que refere que Wang foi condenado por fraude, em Outubro de 2016, na província de Fujian, a uma pena suspensa de um ano e meio de prisão. A mesma nota policial refere que Wang é agora procurado pela polícia na sequência de uma fraude cometida no início deste ano. De acordo com as autoridades de Xangai, Wang é suspeito de ter enganado uma pessoa em 4,6 milhões de renminbis, com um falso projecto de investimento que envolvia a importação de carros. A embaixada disse que Wang partiu para Hong Kong em 10 de Abril com um passaporte chinês falso e um falso bilhete de identidade e residência de Hong Kong. Wang alertou a imprensa australiana que arrisca ser detido e executado se regressar à China.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Eleições distritais duplicam participação dos eleitores face a 2015 [dropcap]Q[/dropcap]uase 37% dos eleitores já tinham votado nas eleições para o conselho distrital de Hong Kong às 13:30 de ontem, mais do dobro da votação registada à mesma hora nas eleições de 2015, situada em cerca de 18 por cento. Os dados divulgados pelo conselho eleitoral de Hong Kong indicavam que, a essa hora, 1,52 milhões dos 4,13 milhões de eleitores chamados às urnas já tinham exercido o seu direito de voto nas eleições para eleger 452 representantes nos 18 conselhos distritais da cidade, num escrutínio transformado em barómetro do apoio público aos protestos antigovernamentais que se arrastam há quase seis meses. Em 2015, tinham votado a esta hora 551.000 pessoas num universo de 3,12 milhões de eleitores. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim obteve quase dois terços dos assentos. As semanas que antecederam as eleições deste domingo foram marcadas por episódios violentos, que levantaram dúvidas sobre se o escrutínio iria ou não avançar, sobretudo após o cerco policial à Universidade Politécnica. Já com um prometido reforço policial, estas eleições serão as primeiras desde que os protestos em massa irromperam na antiga colónia britânica, que vive agora a maior crise social e política desde a transferência de soberania para a China. Os conselhos distritais são organismos fundamentalmente consultivos, com pouco poder, mas a eleição adquiriu um forte simbolismo e as filas estendiam-se por muitos metros à entrada das estações de voto no território semi-autonómo chinês. Um resultado forte da oposição será lido como a manutenção do apoio público ao movimento pró-democracia, ainda que os protestos se tenham tornado cada vez mais violentos. O poder em Hong Kong e no Governo chinês em Pequim têm esperanças de que o arrastamento dos protestos e as perturbações do dia-a-dia na cidade tenham voltado os eleitores contra o movimento pró-democracia e que isso mesmo fique expresso nas urnas. Votos garantidos Os últimos dias ficaram marcados por uma interrupção da violência, explicada pela vontade dos manifestantes garantirem que as eleições não seriam adiadas. “Precisamos de mostrar ao mundo que a nossa causa é legítima. Não acredito que Pequim não responda à voz do povo de Hong Kong”, disse este sábado à agência Associated Press Alex Wong, um estudante mascarado e vestido de preto durante uma marcha pacífica. Matthew Cheung, líder do governo de Hong Kong, afirmou que que o voto é “um exercício democrático real”, e que uma forte presença policial junto às estações de voto garantirá que a eleição decorrerá sem problemas. Nas redes sociais, mensagens de grupos apoiantes dos protestos aconselharam as pessoas a não se vestirem de preto ou usarem máscaras na cara para não serem identificados pela polícia. Cerca de quatro milhões de eleitores, mais de metade da população, são chamados a votar nos 452 membros dos conselhos distritais, num escrutínio que geralmente passa despercebido, mas que este ano ganhou renovada importância no contexto do movimento pró-democracia. Este ano, apesar do proeminente activista Joshua Wong ter sido impedido de concorrer, uma decisão que o próprio descreveu como “censura política”, não faltam candidatos do campo pró-democracia. Citado pelo jornal South China Morning Post, Ma Ngok, professor de política da Universidade Chinesa de Hong Kong, afirmou que os protestos politizaram o sentimento dos eleitores. Hong Kong está dividida entre aqueles que apoiam os manifestantes pró-democracia e os apoiantes da polícia que tendem a apoiar os políticos pró-Pequim. As manifestações tiveram início em Junho, na sequência de uma controversa proposta de alterações à lei de extradição – já retirada pelo Governo local – mas transformaram-se num movimento que exige a melhoria dos mecanismos democráticos e que se opõe à crescente interferência de Pequim.