Detidos pelo menos 14 activistas em Hong Kong por protestos em 2019

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve pelo menos 14 activistas do movimento pró-democrático acusados pela organização de protestos não autorizados em 2019, avançou a imprensa no sábado.

O partido político da Liga dos Social-Democratas confirmou na rede social Facebook que o seu presidente, Raphael Wong, o vice-presidente Leung Kwok-hung e o secretário-geral Avery Ng estão entre os detidos, segundo a EFE.
Também foram detidos ex-legisladores como Martin Lee Chu-ming e Lee Cheuk-yan, que antes pertenciam ao Partido Democrático, e Figo Chan Ho-wun, vice-coordenador da Frente Civil de Direitos Humanos, segundo o diário Hong Kong Free Press.

Foi ainda detido Jimmy Lai Chee-ying, fundador do jornal Apple Daily, conhecido pelo seu apoio ao movimento pró-democracia e pela sua oposição ao Governo pró-Pequim.

Todos os detidos estão acusados de organizarem os protestos proibidos realizados a 18 de Agosto, 1 de Outubro e 20 de Outubro do ano passado, avança o jornal.

Alguns deles já tinham sido detidos devido à manifestação proibida de 31 de Agosto, que marcou o décimo terceiro fim de semana consecutivo de protestos em Hong Kong e teve a participação de dezenas de milhares de pessoas apesar da chuva intensa desse dia.

Foi nesse dia que a polícia decidiu usar canhões de água tingida de azul pela primeira vez.
O protesto de 1 de Outubro, que decorreu enquanto Pequim comemorava o 70.º aniversário da fundação da República Popular China, acabou com uma pessoa baleada em estado crítico, dezenas de detidos e lançamento de gás lacrimogéneo.

Mais tarde, no dia 20 do mesmo mês, teve lugar outro protesto que pedia uma reforma do corpo policial e acabou igualmente com feridos graves, estradas bloqueadas e lançamento de cocktails molotov.

Intervalo pandémico

Nos últimos meses, as autoridades de Hong Kong intensificaram os seus esforços para pressionar os dissidentes e, desde que começaram os protestos, em Março do ano passado, detiveram ou multaram numerosos activistas e figuras proeminentes da luta pró-democracia.

Os protestos começaram como oposição a uma polémica proposta de lei de extradição que, segundo os activistas, podia permitir que Pequim acedesse a “fugitivos” refugiados na antiga colónia britânica, mas os motivos acabaram por alargar-se.

Os manifestantes apresentam cinco reivindicações: a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe de governo Carrie Lam e sufrágio universal nas eleições para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

As manifestações mobilizaram centenas de milhares de pessoas e registaram graves confrontos com a polícia.
Os protestos foram, entretanto, suspensos devido à pandemia de covid-19, mas os seguidores do movimento pró-democrático avisaram já que quando a crise de saúde terminar tencionam voltar às ruas para novas manifestações.

20 Abr 2020

HNA | Grupo “entre a vida e a morte” devido a alto endividamento

O conglomerado chinês, antigo accionista da TAP e com participações maioritárias nos grupos Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, está à beira da ruptura financeira, após ter falhado no cumprimento de diversos compromissos. O grupo debate-se ainda com várias disputas internas que fragilizam ainda mais a sua débil condição

 

[dropcap]O[/dropcap] HNA Group, antigo accionista da TAP, admitiu ontem estar “entre a vida e a morte”, à medida que se revelam conflitos internos no conglomerado chinês, financeiramente débil devido ao alto nível de endividamento.

Em comunicado, a empresa admitiu que a situação actual constitui um “grande teste” para todos os funcionários e que o grupo “está no ponto entre a vida e a morte”.

A mesma nota, publicada numa das contas do grupo nas redes sociais, inclui críticas ao departamento financeiro pela forma como geriu uma reunião com investidores que culminou com a suspensão das negociações da dívida da HNA.

Sem revelar nomes, o comunicado revela que a HNA fez “duras críticas” ao chefe de finanças e outros executivos envolvidos nas negociações.

O surto do novo coronavírus complicou a situação financeira do grupo, marcado por casos de incumprimento nos últimos dois anos, depois de ter sido forçado a “suspender as operações de aviação civil”, devido à queda no número de passageiros.

Os negócios da HNA incluem a Hainan Airlines, que foi atingida pelas restrições nas viagens aéreas.
Não é claro por que razão a reprimenda foi feita publicamente, mas a declaração do grupo, que até há três anos era o maior comprador de activos fora da China, sugere atritos entre o novo presidente executivo, Gu Gang, e o departamento financeiro.

Gu, executivo sénior do Governo chinês, ingressou na empresa, em Fevereiro passado, para gerir riscos graves de liquidez no grupo.

“O departamento financeiro não acatou os pedidos da empresa para manter uma comunicação serena com os seus investidores, agindo antes apressadamente e sem sinceridade”, lê-se na carta.

“Gu Gang sublinhou que os problemas da HNA se acumularam e que é realmente difícil resolvê-los da noite para o dia”, acrescenta.

Pagamentos adiados

Na terça-feira, a HNA pediu desculpas publicamente aos seus investidores, depois de ter anunciado que adiaria por um ano os pagamentos de juros de título de dívida emitido em 2013 e com vencimento em 15 de Abril.

No ano passado, a dívida da empresa ascendeu a quase 70 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados na apresentação dos seus resultados anuais.

Fundado em 1993, quando a propriedade privada estava ainda a começar no país asiático, como uma pequena companhia aérea regional, o grupo HNA alargou, entretanto, os seus investimentos aos sectores transporte, logística e retalho, incluindo posições maioritárias nos grupos Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.

O grupo vendeu vários dos seus activos, nos últimos dois anos, incluindo a participação que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, num negócio avaliado em 48,6 milhões de euros.

17 Abr 2020

Partido no poder garante maioria absoluta nas legislativas sul-coreanas

[dropcap]O[/dropcap] partido no poder conquistou uma maioria confortável nas eleições legislativas na Coreia do Sul, segundo os resultados parciais oficiais divulgados hoje, com os eleitores a apoiarem o Presidente na gestão da crise associada à covid-19.

Mesmo antes da contagem estar terminada, o Partido Democrata do chefe de Estado, Moon Jae-in, já conquistou 163 das 300 cadeiras na Assembleia Nacional, ou seja, a maioria absoluta. A estes números há que somar os 17 lugares obtidos por um pequeno partido aliado.

O principal partido da oposição, o Partido para um Futuro Unido (conservador), e um outro seu aliado, têm até agora assegurados apenas 97 assentos. A taxa de participação foi de 66,2%, a mais alta do país desde 1992.

Uma significativa reviravolta da situação para o Presidente sul-coreano. Há alguns meses, escândalos ligados ao abuso de poder e o crescimento económico lento pareciam ameaçar Moon Jae-in, igualmente criticado por uma eventual abordagem demasiado suave à Coreia do Norte, depois de Pyongyang retomar os testes de mísseis nucleares e balísticos.

No entanto, esta votação acabou por se transformar num referendo relativamente rápido e eficaz sobre a resposta de Moon à epidemia do novo coronavírus. O índice de popularidade de Moon, que caiu para 41% no final de janeiro, era de 57% na semana passada, de acordo com a empresa de sondagens Gallup.

16 Abr 2020

Covid-19 | Infectados podem contagiar outras pessoas vários dias antes dos primeiros sintomas, conclui estudo

[dropcap]A[/dropcap]s pessoas infectadas com o novo coronavírus podem contagiar outras vários dias antes de surgirem os primeiros sintomas da doença covid-19, indica um estudo publicado pela revista Nature Medicine, que defende um alargamento no rastreamento de contactos. O estudo foi desenvolvido por uma equipa da Universidade de Hong Kong.

Uma das medidas que está em vigor em vários países afetados pela pandemia de covid-19, como Portugal, é o rastreamento de contactos, ou seja, a procura de pessoas que estiveram em contacto com um doente a partir do momento em que testou positivo para o novo coronavírus, mas os investigadores defendem que esse universo deve ser alargado às pessoas que tiveram contacto nos dias anteriores à doença ser detectada.

“Devem ser levados em consideração critérios mais inclusivos no que toca ao rastreamento de contactos, para identificar possíveis focos de transmissão dentro dos dois ou três dias anteriores ao início dos sintomas”, realçam os autores do estudo, sublinhando que tal permitirá “controlar a epidemia com mais eficiência”.

Para chegar a esta conclusão, a equipa de investigadores, co-dirigida por Eric Lau, da Universidade de Hong Kong, comparou dados clínicos sobre a disseminação do vírus em pacientes internados num hospital em Guangzhou, sul da China. A pesquisa levou à recolha de amostras da garganta de 94 doentes, tendo sido medido o grau de contágio do vírus desde o primeiro dia de sintomas e por 32 dias. A descoberta é que os doentes, nenhum em estado grave ou crítico, apresentavam a maior carga viral assim que os sintomas apareciam, antes de diminuírem gradualmente.

O estudo usou também dados públicos de 77 transmissões “ponto a ponto” na China e em outros países para avaliar o tempo entre o início dos sintomas em cada paciente para chegar à conclusão de que o período de incubação é de um pouco mais que cinco dias. E também foi concluído que a infeção surgiu entre dois a três dias antes de aparecerem os primeiros sintomas, atingindo o pico da capacidade de transmissão 0,7 dias antes de os primeiros sinais da doença. Os investigadores concluíram ainda que 44% dos casos secundários nas cadeias de transmissão foram infetados durante o período pré-sintomático.

16 Abr 2020

Pyongyang comemora com discrição aniversário de Kim Il-sung

[dropcap]A[/dropcap]s comemorações do 108.º aniversário de Kim Il-sung, o fundador do regime norte-coreano em vigor, foram realizadas com discrição na Coreia do Norte, país que também está a lutar para se proteger da pandemia da covid-19. Ontem celebrou-se a data de nascimento do avô do actual líder norte-coreano, Kim Jong-un, um dos principais dias do calendário político norte-coreano, a ponto de ser chamado de “Dia do Sol”.

No entanto, Pyongyang decidiu fazer grandes restrições para se proteger da pandemia do novo coronavírus que se espalhou pelo mundo em poucos meses. Como todos os anos, os norte-coreanos dirigiram-se à colina de Mansu, na capital, onde foram construídas as estátuas de Kim Il-sung e do seu filho e sucessor Kim Jong-il, para colocar coroas de flores aos pés destes monumentos.

Mas o número de habitantes que prestaram homenagens foi bem menor do que nos anos anteriores, quando não era incomum ver grupos de centenas de trabalhadores ou soldados. Em tempos normais, centenas de cestas de flores já se acumulariam no meio da manhã em frente às estátuas, mas não foi isso que aconteceu.

Este ano, o Norte cancelou muitos eventos das celebrações do 15 de abril, incluindo a Maratona de Pyongyang, que normalmente é o evento mais lucrativo de sua agenda anual de turistas.

Os media oficiais não mencionaram o Festival Kimilsungia, uma exposição de orquídeas muito famosa na Coreia do Norte. O corpo embalsamado de Kim Il-sung está em exibição no Palácio do Sol Kumsusan, em Pyongyang. O regime fechou as suas fronteiras e colocou em quarentena milhares de norte-coreanos, mas também centenas de estrangeiros. O Governo norte-coreano alega não ter registado nenhum caso da covid-19.

16 Abr 2020

China preocupada com suspensão da contribuição dos EUA para a OMS

[dropcap]A[/dropcap] China expressou ontem uma “profunda preocupação” pela decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o financiamento à Organização Mundial da Saúde (OMS), que é alvo de críticas pela gestão da pandemia.

“Esta decisão enfraquecerá as capacidades da OMS e prejudicará a cooperação internacional contra a epidemia”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian, em conferência de imprensa. Zhao instou os Estados Unidos a “assumirem com seriedade as suas responsabilidades e obrigações e a apoiarem ações internacionais lideradas pela OMS contra a epidemia”.

Trump anunciou que vai suspender a contribuição do país à Organização Mundial da Saúde (OMS), justificando a decisão com a “má gestão” da pandemia de covid-19. “Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus”, disse.

O Presidente dos Estados Unidos considerou que “o mundo recebeu muitas informações falsas sobre a transmissão e mortalidade” da doença.

E lamentou, em particular, que as medidas que tomou no início do surto na China, em particular proibir a entrada de viajantes oriundos do país asiático, tenham recebido “forte resistência” da OMS, que “continuou a saudar os líderes chineses pela sua disposição em compartilhar informações”.

Segundo Donald Trump, os Estados Unidos contribuem com “entre 400 e 500 milhões de dólares por ano” para a organização, contra cerca de 40 milhões de dólares da China.

“Se a OMS tivesse feito o seu trabalho e enviado especialistas médicos à China para estudar objetivamente a situação no local, a epidemia poderia ter sido contida na fonte com pouquíssimas mortes”, apontou.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse na terça-feira que os Estados Unidos querem “mudar radicalmente” a forma como a organização funciona. “No passado, a OMS fez um bom trabalho. Infelizmente, desta vez, não fez o seu melhor, e devemos garantir uma mudança radical”, afirmou.

16 Abr 2020

Legislativas na Coreia do Sul realizaram-se em condições especiais

[dropcap]O[/dropcap]s sul-coreanos foram ontem às urnas nas eleições legislativas do país, em condições especiais devido à pandemia da covid-19, e demonstraram apoio à política do Presidente Moon Jae-in. Os eleitores foram todos submetidos a medição de temperatura à entrada dos locais de voto, houve cabines de voto especiais para eleitores febris e assembleias de voto reservadas em exclusivo a pessoas em quarentena.

O uso de uma máscara foi obrigatório para os eleitores que, nas filas próximas às assembleias de voto, também tinham de ficar a pelo menos um metro de distância uns dos outros.

A Coreia do Sul é um dos primeiros países confrontados com o novo coronavírus, que provoca a covid-19, a organizar eleições nacionais. Um sinal de optimismo em relação à gestão da crise de saúde, a participação neste sufrágio – pelo menos 63,8% votaram – nunca foi tão alta em eleições legislativas desde 2000.

Uma sondagem do canal público KBS dá à coligação formada entre o Partido Democrata (centro-esquerda), do Presidente Moon Jae-in, e uma formação aliada a liderança nas eleições, com 155 a 178 assentos no parlamento, que é composto por 300 cadeiras. Esta sondagem sugere que o Partido para um Futuro Unido (oposição conservadora) e os seus aliados totalizem entre 107 e 130 assentos.

A Coreia do Sul foi a segunda maior fonte de contaminação do mundo, depois da China, no final de fevereiro. Entretanto, conseguiu reverter a tendência graças a uma estratégia massiva de triagem e formas de detetar pessoas que tinham entrado em contacto com as pessoas doentes.

Ontem, pelo sétimo dia consecutivo, Seul anunciou na sua avaliação diária um número inferior a 40 novas infecções (27 casos em 24 horas).

16 Abr 2020

Covid-19 | China encerra um dos hospitais construídos em tempo recorde em Wuhan

[dropcap]O[/dropcap] hospital de Leishenshan, a segunda unidade hospitalar construída em tempo recorde em Wuhan por causa da pandemia da covid-19, foi ontem encerrado, em mais um sinal de aparente vitória daquela cidade chinesa contra o novo coronavírus.

A cidade de Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus na China e onde foram diagnosticados os primeiros casos de covid-19 em dezembro último, testemunhou entre janeiro e fevereiro a construção de dois hospitais em tempo recorde, em cerca de 10 dias cada.

As unidades foram então montadas para reforçar os serviços médicos locais que estavam sobrecarregados com a crise do novo coronavírus. Apesar do encerramento, Jiao Yahui, elemento da Comissão Nacional de Saúde, indicou hoje, em declarações citadas pela agência oficial Xinhua, que não está previsto neste momento o desmantelamento total do hospital, uma vez que poderá existir a necessidade de “ser reativado a qualquer momento”.

Segundo as agências internacionais, após a cerimónia de encerramento, várias equipas de desinfeção entraram na unidade hospitalar. Com 1.600 camas, este hospital começou a receber doentes em 08 de fevereiro. Desde essa altura, 2.011 pessoas infetadas com o novo coronavírus, das quais 45% em estado grave ou crítico, passaram por esta unidade hospitalar.

Os últimos doentes que ainda permaneciam no hospital de Leishenshan foram transferidos na terça-feira para outras unidades da cidade de Wuhan.

Jiao Yahui disse ainda que a interrupção dos serviços deste hospital significa que a capacidade das unidades médicas de Wuhan para lutar contra a covid-19 está “a voltar ao normal”, lembrando, no entanto, que é sempre difícil e que continua a ser difícil tratar doentes em estado grave.

O outro hospital construído em Wuhan em tempo recorde foi o hospital de Huoshenshan, cujas obras arrancaram em 23 de janeiro e foram transmitidas em direto pela imprensa oficial chinesa.

A construção destas unidades foi encarada como um grande sucesso da propaganda conduzida pelas autoridades chinesas, que, perante o aparente controlo do vírus naquele país, têm vindo a promover os seus métodos na luta contra a covid-19.

Ainda em relação a estes hospitais erguidos em poucos dias, foram avançadas informações de que os operários envolvidos na construção não tinham recebido os salários prometidos, informações que foram classificados como “rumores” pelas autoridades chinesas.

16 Abr 2020

China escapa à recessão e deverá crescer 1,2% em 2020, prevê FMI

[dropcap]A[/dropcap] China, que teve parte da sua actividade económica suspensa no primeiro trimestre do ano devido à pandemia da covid-19, deverá escapar à recessão em 2020, crescendo 1,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,1% em 2019, em 2020 o país deverá registar um crescimento de 1,2% e de 9,2% em 2021, de acordo com as Perspectivas Económicas Mundiais ontem divulgadas.

A China sentiu os efeitos da covid-19 no primeiro trimestre do ano, sobretudo na província de Hubei (centro), onde se originou o surto (na cidade de Wuhan), obrigando ao encerramento parcial da sua actividade económica. Segundo os números do FMI, a taxa de inflação não deverá sofrer grandes alterações, já que dos 2,9% registados em 2019 passa para 3,0% este ano e 2,6% em 2021.

A nível de desemprego, a taxa deverá subir dos 3,6% registados em 2019 para os 4,3% em 2020, descendo posteriormente para os 3,8% em 2021. O FMI prevê que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19, de acordo com as Perspectivas Económicas Mundiais hoje divulgadas.

A China registou 89 casos de infecção pelo novo coronavírus, nas últimas 24 horas, incluindo três de contágio local na província de Guangdong, adjacente a Macau, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Até às 00:00 de terça-feira, as autoridades chinesas não registaram novas mortes devido à covid-19, o terceiro dia desde o início da epidemia, em dezembro passado, sem vítimas mortais.

Todos os três casos de contágio local foram diagnosticados na província de Guangdong, adjacente a Macau, no sudeste do país. Os restantes 86 casos são importados do exterior. O número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 82.249, entre os quais 3.341 pessoas morreram e, até ao momento, 77.738 pessoas tiveram alta, segundo a Comissão de Saúde chinesa.

15 Abr 2020

5G | Teoria que liga tecnologia à pandemia cresce online

À margem do que a ciência decifra quanto à origem e características do novo coronavírus, no mundo virtual as conspirações à volta da tecnologia 5G proliferam quase ao ritmo da pandemia. Desde servir como arma das “elites” para exterminar grande parte da população, ou meio de fragilizar o sistema imunitário, as conspirações convencem cada vez mais pessoas, enquanto as redes sociais tentam parar a disseminação de conteúdos falsos

 

[dropcap]A[/dropcap] desinformação sobre a covid-19 está a ser quase tão difícil de conter como a própria pandemia. Uma das teorias de conspiração mais partilhadas, e que também tem sofrido inúmeras mutações, aponta a tecnologia 5G como a fonte, ou meio de propagação, da pandemia que percorre o mundo inteiro.

Sem qualquer base científica, ou sequer correlação, as primeiras afirmações que ligaram a tecnologia de rede wireless de nova geração e o novo tipo de coronavírus começaram a circular nas margens da internet entre os adeptos mais aguerridos do New Age e os seguidores do QAnon (uma rede de conspirações ligada à extrema-direita que protege Donald Trump e, entre muitas outras teorias, liga políticos da ala democrata a redes de tráfico sexual de crianças). A infância da teoria começou com a vaga asserção de que as elites globais, normalmente associadas a milionários judeus, estariam a usar o 5G para espalhar o novo coronavírus.

A disseminação seria o segundo passo, com a partilha de vídeos e o empurrão de algoritmos que ampliam teorias que nasceram nos cantos mais recônditos da Internet até aos média tradicionais.

Pelo caminho, a “viralidade” contou com o empurrão de celebridades como os actores Woddy Harrelson e John Cusack e a cantora M.I.A., que partilharam as tais teorias entre os milhões que os seguem nas redes sociais.
Depois das teorias que ligam a radiação provocada pelo 5G às doenças oncológicas, o surgimento do novo coronavírus uniu os dois bichos-papões. Uma das teses alega que as redes 5G provocam, do nada, infecção ou os sintomas da infecção. Uma teoria mais moderada refere que a tecnologia emite radiações que enfraquecem o sistema imunológico, tornando as pessoas mais susceptíveis à infecção.

Inúmeras investigações, que passaram o crivo do método científico, demonstraram que as ondas de radiofrequência emitidas por telemóveis não têm energia suficiente para danificar o ADN de uma pessoa ou provocar aquecimento de tecidos. Aliás, os níveis de energia emitidos por telemóveis são menores que os emitidos por fornos micro-ondas e televisões.

Outro factor descurado pelos teóricos de conspirações é a menor capacidade dos sinais de 5G, em comparação com o 4G, para penetrar objectos.

Tempestade perfeita

Esta não é a primeira vez que a Internet é inundada com teorias sem base científica sobre a covid-19. Das teses que argumentam que o novo tipo de coronavírus é uma arma biológica criada em laboratório, passando pela alegação de que é um esquema do antigo CEO da Microsoft, Bill Gates, para despovoar o planeta, a covid-19 tem sido usada para criar múltiplos bodes expiatórios que afastam a atenção do público para a forma como os governos lidam com a pandemia.

Ainda no reino das teses, uma das mais bizarras indica que o novo coronavírus teve origem num culto composto por celebridades que usou um lote estragado de sangue de criança para tratamentos de rejuvenescimento.
Não é a primeira vez que a actualização de infra-estruturas wireless inspiram ligações a problemas de saúde, o mesmo aconteceu quando começaram a ser montadas as primeiras antenas de 4G.

Ainda antes do início da pandemia, já a tecnologia 5G era apontada, sem suporte científico, como causa de uma série de maleitas, mas o surgimento da covid-19 deu uma nova vida às conspirações e mesmo a actos de vandalismo, com particular incidência no Reino Unido.

De acordo com a BBC, antenas de redes móveis 5G têm sido incendiadas no Reino Unido, depois da ignição inicial da partilha de teorias de conspiração na Internet que ligam as infra-estruturas à propagação da pandemia. No início do mês, pelo menos três antenas arderam completamente, sendo necessária intervenção dos bombeiros e da polícia.

Em declarações ao portal noticioso The Verge, um porta-voz da Vodafone UK confirmou que num espaço de 24 horas quatro antenas haviam sido incendiadas, o que levou à abertura de investigações policiais. Pelo menos uma antena, que não serve a rede 5G foi igualmente danificada em Birmingham.

“Os nossos engenheiros estão a apurar as causas do fogo numa das nossas torres em Birmingham. A confirmar-se o fogo-posto, que parece plausível, vamos colaborar com a polícia de West Midlands para encontrar o responsável pelo crime”, referiu ao portal de notícias um porta-voz da EE, outra operadora de redes móveis.

“Esta infra-estrutura servia milhares de pessoas na área de Birmingham, providenciando conexão 2G, 3G e 4G, ao longo de muitos anos. Vamos tentar restaurar o serviço o mais rapidamente possível, mas os estragos causados pelo fogo são significativos”, completou.

Liberdade vs Verdade

A Comissão Internacional de Protecção contra Radiação Não Ionizante, instituição de peritos científicos que analisam a forma como a exposição a campos electromagnéticos usados em telemóveis, e outros objectos, afecta a saúde, afastou qualquer tipo de ligação entre o 5G e o coronavírus.

“A teoria que afirma que o 5G tem impacto no sistema imunitário e que, por isso, faz as pessoas adoecerem, não tem qualquer base”, afirmou Eric van Rongen, presidente da instituição, à CNN. O cientista que refere que se existisse impacto deste tipo de radiação em doenças infeciosas “já teria sido detectado há décadas”.
Enquanto não existe uma vacina para a covid-19, a cura da disseminação de informação falsa também é difícil de remediar.

Ainda assim, plataformas de Internet e redes sociais começaram a dar os primeiros passos para limitar a propagação de desinformação sobre o novo tipo de coronavírus, apesar de tardiamente.
Na semana passada, o YouTube baniu vídeos que ligam as redes 5G à covid-19, depois de inicialmente terem lavado as mãos da responsabilidade com a justificação de que o conteúdo não violava as políticas de publicação. Alguns destes vídeos tinham acumuladas centenas de milhares de visualizações.

Também o Twitter reagiu, prometendo melhorar o algoritmo para identificar e banir a distribuição de informação falsa. “Vamos continuar a agir contra contas que violem as nossas regras, incluindo publicações de conteúdo que contenha alegações que carecem de verificação científica e que incitem a desarmonia social, pânico generalizado, ou caos de larga escala”, referiu um porta-voz da empresa à CNN.

Actualmente, uma busca no Facebook que contenha as entradas 5G e coronavírus apresenta, na maioria, fontes e informação credíveis, apesar de ainda se poder encontrar algumas teorias de conspiração. A empresa de Mark Zuckerberg prometeu agir agressivamente para combater a disseminação de informações falsas, em particular as que possam inspirar actos de vandalismo, como os de incendiar antenas.

15 Abr 2020

Covid-19 | McDonald’s pediu desculpa após proibir africanos em restaurantes na China

[dropcap]A[/dropcap] McDonald’s pediu desculpa por ter proibido negros de entrarem num dos seus restaurantes no sul da China, onde os africanos se queixam de ter sido alvo de discriminação desde o início da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Após a confirmação de vários casos positivos de infetados pelo novo coronavírus entre a comunidade nigeriana na metrópole de Guangzhou, os africanos dizem ter sido sujeitos a despejos, proibições de entrada em empresas, quarentena e testes abusivos.

A União Africana manifestou, no sábado, a sua “extrema preocupação” com estas situações. Neste contexto, circulou um vídeo nas redes sociais a mostrar um aviso à porta de um restaurante a explicar em inglês, que “os negros não podem entrar” num McDonald’s daquela cidade.

A cadeia americana de restauração pediu rapidamente desculpa, e um dos seus porta-vozes, citado pela agência France-Presse, disse hoje que o estabelecimento tinha sido temporariamente encerrado no domingo para uma sessão de formação do pessoal.

Ao mesmo tempo, cerca de 20 embaixadores africanos foram recebidos na segunda-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Pequim, por um secretário de Estado, Chen Xiaodong.

No encontro, Chen prometeu aos diplomatas que iria “levantar as medidas sanitárias relativas aos africanos, exceto em relação aos doentes confirmados” como infetados pela covid-19, de acordo com um relatório da diplomacia chinesa. Além disso, apelou aos embaixadores para “explicarem a verdade, objetivamente” e “racionalmente” aos seus países.

Mas a Nigéria já afirmou que a discriminação contra os seus cidadãos, após a descoberta de vários casos positivos de covid-19 na comunidade nigeriana na China, é “inaceitável” e apelou a uma “ação imediata” por parte de Pequim para pôr fim à situação.

“Houve vídeos a circular nas redes sociais com cenas e incidentes muito perturbadores, envolvendo nigerianos, na cidade de Guangzhou, na China, segundo os quais os nigerianos eram discriminados (…) e estigmatizados como portadores da covid-19”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Geoffrey Onyeama, após uma audiência com o embaixador chinês em Abuja.

O ministro explicou que tinha convidado o embaixador chinês para o informar de que “a situação é extremamente angustiante e inaceitável para o Governo e o povo nigerianos” e que, por isso, exigem “uma acção imediata”. Sob forte pressão diplomática, a China rejeitou no domingo todo o “racismo” e prometeu “melhorar” o tratamento dos africanos em Guangzhou.

A União Africana tinha manifestado a sua “extrema preocupação” na véspera e apelado a Pequim para que tomasse “medidas corretivas imediatas”. Os Estados Unidos da América (EUA) também tinham denunciado a “xenofobia das autoridades chinesas”.

Estes incidentes ocorreram após cinco nigerianos de Cantão, que deram positivo no teste à covid-19, terem fugido da quarentena. O caso suscitou um protesto e provocou uma avalanche de comentários xenófobos na Internet.

Segundo fontes diplomáticas, cerca de 20 países africanos prepararam uma carta para enviar a Pequim, considerando que os testes de rastreio e as medidas de quarentena impostas especificamente aos seus nacionais equivalem a “racismo”. A “nota verbal” denuncia “uma clara violação dos direitos humanos” por parte da China.

O porta-voz do diplomata chinês, Zhao Lijian, acusou os EUA de procurarem semear a discórdia com África, em reação às acusações de “xenofobia” feitas por Washington.

Segundo a China News Agency, 4.553 africanos, ou toda a população africana de Cantão, foram rastreados para detecção do novo coronavírus desde 4 de Abril, dos quais 111 tiveram resultado positivo. Vários africanos disseram à France-Presse que foram expulsos das suas casas e que lhes foi recusada a entrada em hotéis.

“Tive de dormir debaixo de uma ponte durante quatro dias sem nada para comer. Nem sequer posso comprar comida porque nenhuma loja ou restaurante me aceita”, disse um estudante ugandês.

15 Abr 2020

Covid-19 | China inicia testes clínicos de duas vacinas em seres humanos

[dropcap]A[/dropcap] China iniciou testes clínicos em seres humanos de duas possíveis vacinas contra o novo coronavírus, informou hoje a imprensa local, numa altura em que o surto, que é originário do país, se alastrou pelo mundo. Trata-se de duas vacinas inactivadas, que consistem em microrganismos produzidos pela inactivação ou morte do vírus durante o processo de fabrico.

A primeira vacina a ser testada obteve a licença para realizar ensaios clínicos no domingo e foi desenvolvida pelo Instituto de Virologia Wuhan, a cidade no centro da China onde os primeiros casos da doença foram detectados, em conjunto com a filial na mesma cidade da empresa estatal Sinopharm.

A segunda vacina é o resultado do trabalho conjunto de várias empresas, num processo liderado pela Sinovac Research & Development, empresa subsidiária da Sinovac Biotech, que também trabalhou numa vacina contra a Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS), que surgiu na China, em 2003.

Segundo a publicação chinesa Caixin, o projecto da Sinopharm – que conta com o apoio financeiro do ministério chinês da Ciência e Tecnologia – vai testar a vacina em 1.396 voluntários, recrutados na província de Henan, no centro do país, nas fases iniciais, que deverão decorrer até 10 de Novembro de 2021. Em meados de Março, as autoridades chinesas aprovaram o início de ensaios clínicos para outra vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Academia Militar de Ciências.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Dos casos de infecção, cerca de 402 mil são considerados curados. O número total de infectados na China desde o início da pandemia é de 82.160, dos quais 3.341 morreram e, até ao momento, 77.663 pessoas tiveram alta.

Os Estados Unidos são o país que regista o maior número de mortes, contabilizando 22.935 até hoje, e aquele que tem mais infectados, com 568 mil casos confirmados.

14 Abr 2020

Coreia do Sul: Eleições em tempos de pandemia dão favoritismo ao partido no poder

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul realiza esta quarta-feira as eleições legislativas, numa altura em que enfrenta, como o resto do mundo, a pandemia da covid-19, em cujo combate Seul está a registar resultados exemplares.

Vencedor das presidenciais realizadas em maio de 2017, com 41,09% dos votos, o presidente Moon Jae-in, do Partido Democrático da Coreia (PDC), tem visto funcionar as medidas de combate ao novo coronavírus que atempadamente impôs, num país que tem mais de 50 milhões de habitantes, cerca de 35 milhões deles com capacidade eleitoral.

Até dia sexta-feira passada, a Coreia do Sul registou cerca de 11.000 casos e pouco mais de 220 mortos, tendo há cerca de uma semana entrado numa fase descendente de novas contaminações, números que, segundo analistas citados pelas diferentes agências noticiosas internacionais, contribuem para o favoritismo de Moon Jae-in na corrida, mesmo depois de prolongar as medidas restritivas até 19 deste mês.

As legislativas de quarta-feira, no mesmo dia em que a vizinha Coreia do Norte festeja o 108.º aniversário do fundador do regime, Kim Il Sung [a península coreana está dividida desde 1945], não deverão por isso pôr em risco a presidência de Moon Jae-in, sendo mais consideradas como um referendo à acção do chefe de Estado que, além da pandemia, se tem defrontado com o impasse nas negociações com a vizinha norte-coreana, sobretudo na questão nuclear.

O tema acabou, curiosamente, por ser pouco abordado durante a campanha eleitoral, em que foram cumpridas as regras de protecção e de distanciamento social que acabaram por minimizar o impacto da covid-19, tema primordial no período pré-eleitoral.

Na Coreia do Sul, que chegou a ser o segundo país mais afectado pelo vírus e conseguiu aplanar a curva de contágios em três semanas, o combate à covid-19 residiu na implementação de um programa de testes massivos aos suspeitos de contágio, ao acompanhamento exaustivo de rastos de infeção e na hospitalização generalizada.

A resposta ao novo coronavírus, lembram analistas citados pela AFP, levou também o Estado sul-coreano e injectar bastante dinheiro na economia para apoiar a recuperação económica, o que tem permitido mitigar as perdas financeiras e travar o desemprego.

Dependente em muito das exportações industriais, a Coreia do Sul, tem insistido Moon Jae-in, pode mesmo vir a lucrar com o pouco tempo de paragem nos ramos automóvel e das telecomunicações – Hyundai, Kia e Samsung -, tudo dependendo agora da capacidade de os países de destino conseguirem um decréscimo nos números da pandemia.

Além dos seis partidos tradicionais – ao PDC juntam-se o Partido da Liberdade da Coreia (PLC, com 24,03% na votação de 2017), Partido Popular (PP, 21,41%), Partido Bareun (PB, 6,76%) e Partido da Justiça (PJ, 6,17%) – a grande novidade da votação de quarta-feira é a entrada na corrida de um partido feminista.

Criado em março na sequência da Jornada Internacional das Mulheres, o Partido Feminista (PF) tem como bandeira o facto de a Coreia do Sul ser um dos países desenvolvidos mais mal classificados em termos de igualdade de género e critica abertamente a classe política por negligenciar a questão. Com um eleitorado maioritariamente feminino e jovem, o PF poderá atingir os 6% dos votos, segundo analistas.

Apesar dos avanços económicos e tecnológicos na Coreia do Sul, as diferenças salariais entre homens e mulheres são das mais elevadas do mundo desenvolvido, as mulheres só representam 3,6% dos conselhos de administração das empresas e 17% dos deputados no Parlamento cessante.

De qualquer forma, Linda Hasunuma, politóloga da Universidade Temple, nos Estados Unidos, citada pela AFP, destaca que a problemática feminina também foi um tema da campanha, “embora sem grandes resultados práticos”, considerando que o tema “não representa uma opinião maioritária”, apenas uma “preocupação de militantes radicais”.

14 Abr 2020

Coreia do Norte | Renovação de grande escala no órgão supremo do país

[dropcap]O[/dropcap] dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, renovou mais de um terço dos membros da Comissão dos Assuntos do Estado, órgão supremo do país, foi ontem noticiado. O neto do fundador da República Popular Democrática da Coreia tem vindo a consolidar o seu poder desde que sucedeu ao pai Kim Jong-il em 2011.

Kim Jong-un é presidente da Comissão dos Assuntos do Estado (CAE), na qual foram agora substituídos 13 membros. Esta remodelação foi aprovada no domingo pela Assembleia Popular Suprema, o parlamento norte-coreano, indicou a agência de notícias oficial do país KCNA.

A CAE foi criada em 2016 para substituir a poderosa Comissão de Defesa Nacional (CDN).
Fotografias publicadas pelo jornal norte-coreano Rodong Sinmun mostram centenas de membros da Assembleia Popular Suprema, sentados muito perto uns dos outros, sem máscara de protecção.

Um comunicado do Governo norte-coreano reiterou não existir no país “um único caso” da covid-19, apesar da doença, detectada em Dezembro na China, se ter alastrado a quase todos os países do mundo.
Pyongyang colocou milhares de norte-coreanos e centenas de estrangeiros, nomeadamente diplomatas, em confinamento e procedeu a importantes operações de desinfecção para evitar uma epidemia que seria, de acordo com peritos, catastrófica para o frágil sistema de saúde do país.

“A campanha do Estado contra a epidemia vai intensificar-se para impedir a propagação da covid-19”, de acordo com o mesmo comunicado. A KCNA não indicou se Kim Jong-un, ausente das fotografias publicadas, esteve presente na reunião.

14 Abr 2020

Banco Asiático | Anunciada ajuda de 20 mil milhões de euros

[dropcap]O[/dropcap] Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) anunciou ontem um programa de cerca de 20 mil milhões de euros para os países membros emergentes, para ajudar a superar o impacto económico da pandemia covid-19.

O fundo triplica o valor do pacote financeiro anunciado há um mês, que o BAD decidiu aumentar devido ao agravamento dos danos económicos associados à pandemia. “A escala e o alcance da crise tornaram imperativa a crescente ajuda do BAD”, explicou o presidente japonês do banco, Masatsugu Asakawa, num comunicado divulgado em vídeo.

Ao abrigo deste programa, serão disponibilizados até cerca de 11 mil milhões de euros em empréstimos aos países em desenvolvimento que são membros do banco e que foram atingidos pela epidemia, além de cerca de dois mil milhões para distribuir pelo sector privado.

Os países em desenvolvimento membros do BAD incluem o Afeganistão, Birmânia, Índia e China.
No início deste mês, o BAD alertou que a pandemia poderia custar à economia global cerca de 4,1 biliões de euros, devastando todas as principais economias, incluindo as dos Estados Unidos e da Europa.

As bolsas de valores têm sido muito afectadas, com os investidores preocupados com o impacto da crise a longo prazo, embora governos e bancos centrais tenham intervindo, comprometendo-se a pagar biliões de dólares em apoios às economias.

14 Abr 2020

Covid-19 | China rejeita acusações de racismo e xenofobia no tratamento a cidadãos africanos

[dropcap]A[/dropcap] China rejeitou este domingo as acusações de racismo e xenofobia feitas pela União Africana e pelos Estados Unidos da América (EUA), por alegados maus-tratos a cidadãos africanos e afro-americanos em Cantão.

“As autoridades em Cantão atribuem uma grande importância às preocupações recentemente levantadas por alguns dos nossos parceiros africanos”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, citado pela agência France-Presse, acrescentando que as autoridades “estabelecerão um mecanismo de comunicação eficaz com os consulados” situados naquela província.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China sublinhou que as autoridades locais “opõem-se firmemente a qualquer racismo e qualquer declaração discriminatória”. As autoridades africanas confrontaram publicamente a China por causa das alegações de maus tratos aos cidadãos africanos, na sequência da pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). De acordo com a Associated Press (AP), houve relatos de africanos que dizem ter sido afastados e discriminados num centro comercial devido ao medo da doença covid-19.

A agência refere também um alerta de segurança da embaixada dos EUA na China, emitido hoje, que dá nota de que “a polícia ordenou que bares e restaurantes não atendessem clientes que pareçam ser de origem africana” e que as autoridades locais determinaram a realização de testes obrigatórios e ‘auto quarentena’ para “qualquer pessoa com contactos africanos”.

A embaixada denunciava ainda que algumas empresas e hotéis se recusam a fazer negócios com afro-americanos, em resposta ao aumento das infeções na cidade chinesa de Cantão, a norte de Macau e Hong Kong.

A polícia e o departamento de saúde pública de Cantão disseram na terça-feira aos jornalistas que as autoridades haviam respondido aos rumores, já desmentidos, de que “300.000 negros” naquela cidade do sul da China “estavam a desencadear uma segunda epidemia”, o que “causou pânico”.

Diplomatas africanos reuniram-se com responsáveis dos serviços diplomáticos da China para expressar “preocupação e condenação das experiências perturbadoras e humilhantes” às quais os seus “cidadãos foram submetidos”, revelou a embaixada da Serra Leoa em Pequim, através de um comunicado divulgado na sexta-feira.

Pelo menos 14 cidadãos de Serra Leoa foram colocados em quarentena obrigatória por 14 dias, segundo a mesma nota.

A situação motivou já críticas do presidente da Câmara dos Deputados da Nigéria, Femi Gbajabiamila, e a intervenção do chefe da diplomacia nigeriana, Geoffrey Onyeama, que disse ter convocado o embaixador chinês para expressar “extrema preocupação” e pedir uma resposta imediata de Pequim.

O Quénia também já se manifestou através de uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da embaixada daquele país em Pequim.

13 Abr 2020

Covid-19 | China regista 108 novos casos, número mais alto desde Março

[dropcap]A[/dropcap] China registou 108 novos casos de infecção pelo novo coronavírus, incluindo dez de contágio local, o número mais alto desde 28 de março, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Até às 00:00 de segunda-feira, morreram duas pessoas devido à covid-19, ambas na cidade de Wuhan, centro da epidemia, disse.

Os dez casos de contágio local ocorreram nas províncias de Guangdong, adjacente a Macau, no sul do país, e de Heilongjiang, na fronteira com a Rússia, e um novo centro de infeção na China devido ao fluxo de viajantes entre os dois países vizinhos.

A cidade de Suifenhe, que fica do lado chinês da fronteira, e se encontra sob quarentena desde quarta-feira passada, registou já cerca de 200 casos confirmados e mais de 100 casos assintomáticos, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A maioria dos casos foi diagnosticado em chineses a residir na Rússia e que voaram de Moscovo para Vladivostok (leste) e entraram na China através do posto fronteiriço em Suifenhe. As autoridades chinesas destacaram vários médicos e funcionários de saúde para um hospital de campanha montado na última semana em Suifenhe, para tentar conter o surto.

As autoridades chinesas baniram a entrada de estrangeiros no país, no final do mês passado, mas muitos chineses radicados no exterior estão a voltar ao país, à medida que a doença alastra pelo resto do mundo, pelo que a China passou a contar com centenas de casos importados.

Segundo a Comissão de Saúde chinesa, 88 pacientes receberam alta após terem superado a doença, nas últimas 24 horas, mas devido às 108 novas infeções registadas, o número total de infectados no país asiático aumentou para 1.156, no segundo dia consecutivo de inversão de tendência de descida. Entre os 1.156 casos de infecção “activos”, 121 estão em estado grave, indicaram.

O número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 82.160, dos quais 3.341 pessoas morreram e, até ao momento, 77.663 pessoas tiveram alta, acrescentaram. As autoridades chinesas referiram que 719.908 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 9.655 permanecem sob observação.

A pandemia da covid-19 já causou mais de 112 mil mortos e infectou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, os Estados Unidos são agora o país que regista o maior número de mortes (mais de 22 mil) e de infectados (mais de 555 mil).

O continente europeu, com mais de 932 mil infectados e 77 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 19.899 óbitos e mais de 156 mil casos confirmados. Em Espanha, as autoridades sanitárias apontam 16.972 mortos e mais de 166 mil casos de infecção.

Além de Estados Unidos, Itália e Espanha, os países mais afectados são França, com 14.393 mortos (cerca de 132 mil casos), Reino Unido, com 10.612 mortos (84 mil casos), Irão, com 4.474 mortos (71 mil casos), China, com 3.341 mortos (82 mil casos), e Alemanha, com 2.673 mortes (120 mil casos). Em África, há registo de 747 mortos e mais de 13 mil casos em 52 países.

13 Abr 2020

Covid-19 | Perito de Xangai adverte para perigo de segundo surto no outono

[dropcap]O[/dropcap] chefe do comité de peritos em covid-19 de Xangai, o médico Zhang Wenhong, advertiu para a “elevada possibilidade” de ocorrer uma segunda vaga de contágios a nível internacional, durante o outono. Em entrevista hoje publicada pelo diário digital privado Caixin, Zhang manifestou-se convicto de que é “pouco provável” que a pandemia de coronavírus termine no verão e prognosticou que durará “até ao ano que vem”.

“[Os surtos na] Europa e nos Estados Unidos não foram controlados de maneira efectiva, por agora. No entanto, em África, na América do Sul, e na Índia, onde a economia está menos desenvolvida e os recursos médicos são insuficientes, os novos casos aumentaram de forma exponencial, o que acarreta uma grande incerteza para a luta global contra a epidemia”, disse.

O clínico, também director do departamento de doenças infecciosas do hospital universitário de Huashan, acrescentou: “Supondo que se pode conter [o surto actual] em três ou quatro meses, seria em finais do verão”.

Questionado sobre as defesas da China perante esse possível segundo surto no estrangeiro, Zhang advertiu: “Apesar de agora não haver mais casos de contágio local, não podemos relaxar”. “Se o sistema se descuidar, poderá haver casos não detectados”, acrescentou.

Neste sentido, o médico não só pediu às autoridades fronteiriças e sanitárias e às comunidades para se manterem alerta, mas também à comunidade empresarial: “Os negócios que voltem a funcionar devem assegurar-se de que os seus trabalhadores guardam a distância social”.

“A China está agora sob controlo e temos confiança. Porém, o surgimento de uma segunda vaga de contágios noutros países significará que nos veremos submetidos a uma grande pressão para prevenir e controlar os casos importados. A China tem de preparar-se para um segundo pico de contágios importados, com o objetivo de prevenir uma segunda vaga [a nível local]”, defendeu.

A dificuldade a curto prazo para a China, indicou o especialista, é reanimar a actividade económica, enquanto trata de evitar um ressurgimento do surto.

Zhang citou o exemplo das restrições às ligações aéreas com o estrangeiro: “Não podem durar para sempre. Quando os surtos na Europa e nos Estados Unidos estiverem sob controlo, a aviação global voltará a funcionar pouco a pouco”.

O líder do comité de Xangai acredita, no entanto, que as restrições chinesas não podem acabar totalmente com o risco de importação de contágios, devido à existência de casos assintomáticos ou de testes que dão falsos negativos.

“O sistema de controlo de doenças tem de fazer um acompanhamento de todas as pessoas que tenham mantido contacto com pacientes de covid-19, sem haver qualquer ponto cego”, exigiu. Por último, questionado sobre as diferentes taxas de letalidade do coronavírus em países distintos, Zhang explicou que depende das prioridades de cada governo na realização de testes e no tratamento dos pacientes.

“Se um país prioriza os pacientes graves nos testes e no tratamento, a sua taxa de mortalidade será elevada. Num país onde os testes são mais comuns e há muitos doentes ligeiros detetados e postos sob quarentena, a taxa será mais baixa”, indicou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 82.000 morreram. Dos casos de infecção, cerca de 260.000 são considerados curados.

O continente europeu, com mais de 750.000 infectados e mais de 58.000 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos. Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos, em 135.586 casos confirmados até terça-feira.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%). Dos infectados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.

8 Abr 2020

Órgão de disciplina do Partido Comunista Chinês investiga milionário que criticou Xi Jinping

[dropcap]O[/dropcap] órgão máximo de inspecção e disciplina do Partido Comunista Chinês abriu hoje uma investigação sobre um milionário que criticou diretamente o Presidente da China pela forma como geriu a epidemia do novo coronavírus. A Comissão de Inspecção e Disciplina anunciou que a investigação a Ren Zhiqiang foi aberta por supostas “violações graves da lei e da disciplina” do PCC, partido único do poder na China.

“Ren Zhiqiang está a ser sujeito a uma revisão disciplinar e a uma investigação pela filial da Comissão no Distrito de Xicheng [em Pequim]”, informou o órgão num breve comunicado. Citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, amigos do milionário do sector imobiliário “dizem ter perdido o contacto com Ren, de 69 anos, em 12 de março passado, após a publicação ‘online’ de um artigo escrito por ele a criticar a gestão da epidemia pelo Governo chinês”.

No texto, Ren refere-se ao Presidente da China, Xi Jinping, durante um encontro com 170.000 membros do PCC, em 23 de fevereiro, como um “palhaço que vai nu”, mas “determinado a passar por um imperador”.

“Embora estivesse a segurar alguns trapos na tentativa de encobrir o facto de estar nu, ele não conseguiu encobrir a sua ambição de ser imperador e de destruir quem o quiser parar”, aponta.

Sob a direcção de Xi Jinping, o PCC voltou a penetrar na vida política, social e económica da China, enquanto o poder político se centrou na sua figura, abdicando do processo de consulta coletiva estipulado por Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo nos anos 1980.

Ren considerou, no seu artigo, que a crise de saúde pública constituiu uma “crise de governação” e criticou a falta de liberdade de imprensa e liberdade de expressão no país asiático.

O comunicado difundido pela Comissão de Inspecção e Disciplina não refere o artigo, mas detalha que Ren é membro do PCC e foi diretor da empresa estatal Huayuan Real Estate Group.

Em 2016, Ren enfrentou uma retaliação disciplinar por afirmar que a imprensa chinesa representa apenas os interesses do Partido Comunista e não a voz da população, que foi “abandonada”.

8 Abr 2020

Covid-19 | Japão declara estado de emergência para sete regiões, incluindo Tóquio

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou ontem o estado de emergência, por um mês, para Tóquio e seis outras regiões do arquipélago face a uma recente aceleração do número de casos de covid-19 no país.

O estado de emergência não permite às autoridades japonesas impor um confinamento rigoroso como noutros países, mas os governadores regionais em causa poderão instar a população a ficar em casa e pedir o encerramento temporário do comércio não essencial.

“Face a uma situação que pode afetar gravemente a vida de cada um e a economia, decidi declarar o estado de emergência”, anunciou Abe perante uma comissão parlamentar. “A medida será suspensa logo que tivermos a certeza de que já não é necessária”, adiantou.

Em causa estão a capital, Tóquio, e as três regiões dos seus subúrbios, a região de Osaka, que é a grande metrópole do oeste, e a sua vizinha Hyogo, assim como a de Fukuoka, na ilha de Kyushu (sudoeste). A decisão envolve cerca de 50 milhões de pessoas, o que representa cerca de 40% da população do país.

O primeiro-ministro, que tinha anunciado a medida na segunda-feira, recordou que a mesma não levará a um “confinamento como no estrangeiro” e que o objetivo é “controlar a propagação do vírus, mantendo os serviços socioeconómicos essenciais, como os transportes públicos”.

As autoridades contam essencialmente com a boa vontade dos cidadãos, que são na sua maioria favoráveis ao estado de emergência, segundo uma sondagem da cadeia privada TBS divulgada na segunda-feira.

“É necessário pedir a completa cooperação de todos”, insistiu Abe, adiantando que “segundo os especialistas, se se fizer todos os esforços para reduzir os contactos em 70% a 80%, o número de infeções reduzir-se-á após duas semanas”.

A pandemia de covid-19 continua limitada por enquanto no Japão, mas os casos têm aumentado bastante desde o final de março, fazendo recear uma saturação dos hospitais, o que levou o governo de Abe a intensificar a sua ação.

O último balanço do Ministério da Saúde japonês, divulgado na segunda-feira, indicava que o país totalizava mais de 3.900 casos do novo coronavírus e 80 mortos.

Representando o estado de emergência um golpe severo na economia do país, Abe anunciou também na segunda-feira um plano de ajuda recorde de 108 biliões de ienes, prevendo dotações para as famílias mais necessitadas e para as pequenas e médias empresas mais afectadas pela crise.

8 Abr 2020

Covid-19 | China sem registo de mortes nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China disse hoje que não foram registadas quaisquer mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas e que no país existem pouco mais de duas centenas de casos graves de infecção. A Comissão Nacional de Saúde da China informou que nas últimas 24 horas foram registados 32 novos casos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, todos provenientes do exterior, os chamados casos importados.

Além disso, as autoridades de saúde chinesas indicaram que o número total de infectados no país asiático desceu para 1.242, quando no dia anterior era de 1.299 pessoas. Assim, o número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 81.740, dos quais 3.331 pessoas morreram e 77.167 pessoas receberam alta.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil. Dos casos de infecção, cerca de 250 mil são considerados curados.

7 Abr 2020

Estudo da WWF defende fim dos mercados ilegais de animais

[dropcap]U[/dropcap]m estudo ontem divulgado feito no sudeste asiático indica que 90% dos entrevistados apoiam o encerramento de mercados ilegais de animais selvagens, ligando-os à actual pandemia covid-19. O estudo foi divulgado pela organização ambientalista “World Wide Fund for Nature” (WWF), que em conjunto com a empresa GlobeScan inquiriram 5.000 pessoas em Hong-Kong, Japão, Mianmar, Tailândia e Vietname.

Dos resultados concluiu-se que 82% das pessoas estão muito preocupadas com a atual situação de pandemia, devido ao novo coronavírus que provoca a doença covid-19, e que já matou mais de 70.000 pessoas. E 93% apoia ações dos governos para eliminar mercados ilegais não regulados.

A covid-19 é uma doença zoonótica (transmitida de animais para seres humanos), tal como outras das maiores epidemias recentes, como a SARS (2002 – síndrome respiratória aguda grave), MERS (2012 – síndrome respiratória do Médio Oriente) e Ébola (também doença causada por vírus), todas com origem num vírus que passou de animais para pessoas. A covid-19 terá começado num mercado de animais na China, estando agora espalhada por todo o mundo.

“É hora de perceber a ligação entre o comércio de animais selvagens, a degradação ambiental e riscos para a saúde humana. Agir agora é crucial para a nossa sobrevivência”, diz Marco Lambertini, diretor da WWF Internacional, citado num comunicado hoje divulgado pela Associação Natureza Portugal (ANP), que em Portugal trabalha com a WWF, uma organização presente em mais de uma centena de países.

A covid-19 surgiu em dezembro passado na China, onde o Governo já proibiu o consumo de animais selvagens. Ângela Morgado, diretora da ANP, diz, também citada no documento, que o Vietname se prepara para proibir a caça, comércio, transporte e alimentação de animais selvagens, acrescentando: “Todos os países do mundo deverão juntar-se às vozes destas populações que estão a pedir aos governos asiáticos para encerrar mercados ilegais ou não regulados de animais selvagens de uma vez por todas, para salvar vidas e ajudar a evitar a repetição da perturbação social e económica que enfrentamos hoje em todo o mundo”.

Na informação divulgada hoje pela WWF salienta-se que o comércio insustentável de animais selvagens é a segunda maior ameaça direta à biodiversidade em todo o mundo, depois da destruição de habitats.

“As populações de espécies de vertebrados na Terra caíram em média 60% desde 1970, e um relatório de 2019 da Plataforma Intergovernamental de Ciência e Políticas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) concluiu que atualmente, em média, 25% das espécies globais estão ameaçadas de extinção”, alertam os responsáveis.

Lembrando que as actividades humanas alteraram significativamente três quartos da terra e dois terços dos oceanos, os responsáveis dizem que este processo, que aproxima o Homem à vida selvagem, facilita a propagação de novas estirpes de vírus e bactérias.

“O comércio ilegal e descontrolado de animais selvagens vivos cria oportunidades perigosas de contacto entre os seres humanos” e as doenças que os animais possam ter. “Não é por acaso que muitos surtos recentes tiveram origem em mercados que vendem uma mistura de mamíferos domésticos e selvagens, aves e répteis, criando as condições para o desenvolvimento de novas e antigas zoonoses”, alerta-se no comunicado.

Num relatório publicado em março pela WWF-Itália já se salientava a evidente ligação entre os impactos os ecossistemas provocados pelo Homem e a disseminação de doenças. Agora os ambientalistas da WWF dizem que este é o ano e a oportunidade para reequilibrar o relacionamento do Homem com a natureza.

No inquérito, 09% dos entrevistados disse que eles próprios ou alguém que conheciam tinham comprado animais selvagens nos últimos 12 meses, num mercado. Mas 84% disseram não ser provável, ou ser pouco provável, que compre animais selvagens no futuro.

7 Abr 2020

Rei da Tailândia volta ao país para celebrar aniversário da sua dinastia

[dropcap]O[/dropcap] rei Maha Vajiralongkorn da Tailândia voltou ontem ao país vindo da Alemanha, onde vive grande parte do tempo, para o aniversário do início da sua dinastia, a Chakri. Esta é a primeira visita do rei desde que foi imposto o estado de emergência no país para conter a epidemia do novo coronavírus a 26 de março.

O monarca chegou acompanhado da rainha Suthida e já esteve com o primeiro-ministro, Prayut Chan-ocha, e o chefe das Forças Armadas, Apirat Kongsompong, numa cerimónia na qual entregou doações de material de saúde para fazer frente ao vírus.

“Esta pandemia não é culpa de ninguém. O governo deve resolver o problema, entendendo as suas causas. É necessário estabelecer um sistema e comunicá-lo às pessoas para que o entendam bem”, disse Vajiralongkorn na cerimónia, cujas imagens foram transmitidas pela televisão.

Durante o dia, prestou homenagem ao seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que morreu em 2016, e a Rama I, fundador da dinastia Chakri, que começou em 1782 e da qual Vajiralongkorn é o décimo monarca.

A chegada do rei da Alemanha coincide com a decisão do governo de estender até 18 de abril a proibição de aterragem de qualquer avião comercial vindo do estrangeiro para evitar os contágios. Vajiralongkorn, 67 anos, foi coroado o ano passado.

Há duas semanas, milhares de internautas tailandeses protestaram contra o rei na rede social Twitter devido ao seu papel ausente durante a pandemia, um desafio sem precedentes à dura lei de lesa majestade da Tailândia, que castiga com até 15 anos de prisão as críticas ao monarca.

Ao contrário de outros reis, Vajiralongkorn não fez qualquer declaração pública sobre a crise do novo coronavírus, que na Tailândia infectou 2.200 pessoas e matou 26.

7 Abr 2020

Covid-19 | China diz ter menos de 1.300 infectados no país

[dropcap]A[/dropcap] China afirmou hoje que o número de infectados da covid-19 é de 1.299, a primeira vez desde Janeiro que baixa da barreira dos 1.300. A Comissão Nacional de Saúde da China disse que nas últimas 24 horas foram registados 39 novos casos na China continental. Destes, 38 são provenientes do exterior, os chamados casos importados. O único caso de contágio local diagnosticado foi registado na província de Guangdong, vizinha da cidade de Macau.

De acordo com a mesma fonte, o número de pacientes que superam a doença e recebem alta diariamente excede os novos infectados. Nas últimas 24 horas, 114 pacientes receberam alta, em comparação com as 39 novas infecções detectadas. A China relatou ainda uma única morte, no período em análise. Trata-se de um paciente em Wuhan, cidade onde o surto começou.

Assim, o número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 81.708, dos quais 3.331 pessoas morreram e, até ao momento, 77.078 pessoas tiveram alta após a superarem a doença.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 68 mil. Dos casos de infecção, mais de 283 mil são considerados curados.

6 Abr 2020