Covid-19 | China detecta 40 novos casos nas últimas 24 horas, 27 em Pequim

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou 40 novos casos da covid-19, nas últimas 24 horas, incluindo 27 em Pequim, após um surto detetado no principal mercado abastecedor da capital.

O governo municipal decretou “estado de guerra” para interromper este novo surto, depois de nos últimos dias se terem somado 106 novos casos, levando ao encerramento de serviços não essenciais e à realização de dezenas de milhares de testes de despistagem.

Mais de 100 mil funcionários estão encarregados de supervisionar 7.120 comunidades próximas do mercado de Xifandi. Mais de 20 bairros foram colocados sob quarentena, para impedir a disseminação do patógeno entre os 20 milhões de habitantes de Pequim.

Todos os funcionários e aqueles que mantiveram contacto próximo com casos confirmados ou com o mercado de Xifandi devem permanecer em casa e fazer um teste num dos centros designados em Pequim. O mercado de Xifandi abrange uma área de 112 hectares, tem 1.500 funcionários e mais de quatro mil bancas.

Só no domingo, 76.499 pessoas foram testadas, entre as quais 59 deram positivo para o novo coronavírus, disse na segunda-feira o porta-voz da Comissão Municipal de Saúde de Pequim, Gao Xiaojun.

Além dos 27 casos detectados na capital, a China registou cinco infeções de transmissão local: quatro ocorreram na província de Hebei, adjacente a Pequim, e uma na província de Sichuan, no sudoeste do país.

O país registou ainda oito casos oriundos do exterior distribuídos pelas províncias de Guangdong e Liaoning, a região autónoma da Mongólia Interior, e a cidade de Xangai. A Comissão de Saúde da China não relatou novas mortes em todo o país. O número de casos activos fixou-se em 210, entre os quais cinco em estado grave.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.221 infectados e 4.634 mortos, devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 435 mil mortos e infectou mais de oito milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

16 Jun 2020

Pequim coloca mais 10 bairros em quarentena após detectar novos casos

[dropcap]D[/dropcap]ez novas áreas residenciais foram colocadas em quarentena, em Pequim, confirmou hoje o presidente da câmara, depois de a capital chinesa ter detectado 36 novos casos de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas.

As autoridades descobriram hoje novos casos de contaminação num mercado abastecedor no noroeste da cidade, no distrito de Haidian, depois de terem encerrado, na semana passada, o principal mercado de produtos frescos de Pequim, no distrito de Fengtai, sul da cidade. Onze áreas residenciais foram colocadas em quarentena naquela área.

Depois de praticamente conter a epidemia, desde Março, a China, onde a doença surgiu no final de 2019, registou um novo surto, no fim de semana, centrado no mercado abastecedor de Xinfadi.

O mercado foi, entretanto, encerrado. As autoridades iniciaram uma triagem maciça dos trabalhadores e visitantes do mercado, além de moradores nos bairros vizinhos, entre os quais mais de 10.000 já foram testados.

Nas últimas 24 horas, 49 novos casos foram contados em todo o país, incluindo 36 em Pequim. Com mais de 20 milhões de habitantes, a capital chinesa tinha sido, até então, pouco afetada pela epidemia, que teve origem no centro do país.

Desde sexta-feira, Pequim registou 75 novos casos de contaminação. Várias cidades do país aconselharam os seus moradores a evitarem visitas à capital.

Três novos casos foram também anunciados na segunda-feira na província vizinha de Hebei. Os outros 10 casos foram diagnosticados em diferentes partes do país em pessoas vindas do exterior.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.181 infectados e 4.634 mortos, devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Até ao momento, 78.361 pessoas tiveram alta.

15 Jun 2020

Jornalista filipina Maria Ressa declarada culpada de ciberdifamação

[dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, julgada por ciberdifamação num caso em que pode ser condenada a seis anos de prisão, foi hoje declarada culpada por um tribunal de Manila. Maria Ressa dirige desde 2012 o portal de informação Rappler, que denunciou vários abusos na polémica guerra contra as drogas do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Ao ouvir o veredicto, Maria Ressa declarou que ia continuar a lutar em defesa da liberdade de imprensa. Aos jornalistas, Ressa afirmou que a condenação é “um golpe, mas não é inesperado”. “Vamos continuar a resistir a todos os ataques contra a liberdade de imprensa”, sublinhou a jornalista, considerada a pessoa do ano pela revista Time em 2018.

Para Ressa, este é um caso de “justiça selectiva” que a procura castigar pelo jornalismo crítico do Rappler e para que sirva de exemplo para os restantes meios de comunicação social filipinos. Organizações de defesa da liberdade de imprensa consideraram que o objetivo do processo contra a jornalista pretende reduzir ao silêncio as críticas contra a política de Duterte.

A jornalista, com mais uma dezena de casos pendentes na Justiça, incorre juntamente com o repórter Reynaldo Santos, também condenado hoje, numa pena de entre seis meses e seis anos de prisão por este caso. Ressa não será presa porque pagou uma fiança e pode recorrer da sentença.

“A liberdade de imprensa é a base de todos os direitos que têm como filipinos”, lembrou Maria Ressa, que pediu aos cidadãos para que não desistam voluntariamente dos direitos e liberdades reconhecidas na Constituição.

“Nós fomos a advertência, o objectivo é amedrontar, mas não tenham medo”, insistiu a antiga correspondente para o Sudeste Asiático da cadeia de televisão CNN e antiga directora de informação da ABS-CBN, o maior órgão de comunicação social das Filipinas.

A jornalista foi detida em 13 de fevereiro do ano passado por este caso, e foi libertada depois de pagar fiança. Ressa foi acusada de ciberdifamação devido a um artigo publicado em Maio de 2012, no Rappler, em que o empresário Wilfredo Keng, o queixoso, é relacionado com tráfico de drogas.

O caso de ciberdifamação remonta a Fevereiro de 2019, quando o Departamento de Justiça filipino apresentou a acusação contra Ressa e o autor da reportagem Reynaldo Santos, bem como contra o portal enquanto corporação, ao aceitar a queixa interposta por Keng em outubro de 2017, cinco anos depois da publicação do artigo.

15 Jun 2020

Governo de Pequim afasta vários quadros devido a novo surto de coronavírus

[dropcap]O[/dropcap] governo municipal de Pequim despediu um chefe de distrito e dois quadros locais por não serem capazes de impedir o novo surto de covid-19, no principal mercado abastecedor da cidade, noticiou hoje a imprensa local. Segundo o jornal Beijing Daily, o vice-director do distrito de Fengtai, Zhou Yuqing, foi afastado por “não ter feito a sua parte no trabalho de prevenção e controlo da covid-19”.

O secretário do Partido Comunista da China (PCC) em Huaxiang, que pertence a Fengtai, Wang Hua, e o responsável pela gestão do mercado de Xinfadi, onde surgiu o novo surto, Zhang Yuelin, também foram afastados.

A agência noticiosa oficial Xinhua indicou que a capital chinesa realizou testes de ácido nucleico em 76.499 pessoas, no domingo, entre as quais 59 deram positivo para o novo coronavírus. A área de Huaxiang, no distrito de Fengtai, elevou o nível de alerta de saúde para “alto risco”, tornando-o o único local na China com este grau de emergência actualmente. Seis outras áreas da capital aumentaram o nível de alerta para médio.

O surto na capital ocorreu uma semana depois de Pequim ter reduzido o nível de emergência sanitária de dois para três.

O mercado de Xinfadi possui 1.500 funcionários e mais de quatro mil bancas. Todos os funcionários e aqueles que tiveram contacto próximo com o mercado devem realizar o teste num dos 98 centros designados em Pequim, que juntos podem realizar mais de 90 mil testes por dia.

A cidade intensificou a inspecção nos mercados de produtos frescos, carne de porco congelada, carne bovina, cordeiro e aves e outros negócios, incluindo supermercados e restaurantes, para garantir que os produtos não estão contaminados.

No domingo, o vice-primeiro-ministro chinês, Sun Chunlan, pediu que sejam tomadas “medidas decisivas” para impedir a propagação deste novo surto, bem como “rigorosas investigações epidemiológicas” e um “rastreamento abrangente da fonte”, para identificar e controlar a origem do novo surto.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 431 mil mortos e infectou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

15 Jun 2020

Explosão em camião-cisterna na China provoca 19 mortos e mais de 170 feridos

[dropcap]A[/dropcap] explosão de um camião-cisterna numa estrada no leste da China provocou 19 mortos e mais de 170 feridos, disseram este domingo as autoridades. A potência da explosão do camião-cisterna, que transportava gás líquido, provocou ainda o colapso de edifícios e fábricas em redor do acidente, levantando nuvens de fumo negro, quando vários carros foram destruídos pelas chamas.

As autoridades locais disseram que 172 pessoas ficaram feridas na explosão, que aconteceu no sábado, perto da cidade de Wenling, na província de Zhejiang, no leste da China.

Um vídeo divulgado pelos meios de comunicação estatais mostra uma bola de fogo a subir até ao céu e várias pessoas a gritar, perante o cenário de destruição provocado pelo acidente.

Segundo a agência de notícias Nova China, uma segunda explosão ocorreu quando o camião-cisterna entrou dentro de uma oficina.

Os serviços de resgate continuaram as operações de busca segundo fontes das autoridades de segurança locais.

Os acidentes rodoviários são frequentes na China, onde as regras de trânsito são muitas vezes desrespeitadas, estando na origem de quase 90% dos acidentes que provocam mortes e feridos, segundo as estatísticas oficiais.

15 Jun 2020

Parlamento europeu debate lei da segurança nacional de HK na quinta-feira

[dropcap]O[/dropcap] Parlamento Europeu (PE) vai debater, esta quinta-feira, a lei da segurança nacional da China para Hong Kong e relativamente à necessidade de a UE defender o elevado grau de autonomia desta Região Administrativa Especial. Os eurodeputados receiam, então, que as novas medidas adoptadas pela China limitem as liberdades e a autonomia de que ainda goza Hong Kong ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”.

Na quarta-feira o PE vai debater o plano de recuperação europeu pós-pandemia, dias antes de os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) discutirem esta resposta económica à crise da covid-19.

Naquele que é o segundo debate sobre o assunto na assembleia europeia – por as respostas europeias para a crise terem sido ali apresentadas no final de maio –, os eurodeputados vão discutir a criação de um fundo de recuperação e o reforço do quadro financeiro plurianual, numa altura em que a economia europeia enfrenta uma severa recessão.

A discussão acontece no âmbito da sessão plenária que decorre entre esse dia e sexta-feira, a partir de Bruxelas, mas maioritariamente por videoconferência, dada a pandemia.

Em causa estão as propostas apresentadas no final de maio pela Comissão Europeia, para a criação de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para reparar os danos provocados pela pandemia da covid-19 e de um Quadro Financeiro Plurianual revisto para 2021-2027 no valor de 1,1 biliões de euros.

No que toca ao fundo, a proposta prevê que, do montante global a ser angariado pela própria Comissão nos mercados, 500 mil milhões sejam canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido, e os restantes 250 mil milhões na forma de empréstimos.

Estas propostas apresentadas pela Comissão Europeia serão debatidas na cimeira de da próxima sexta-feira, mas deverá ser necessária outra, talvez em julho, para alcançar um acordo sobre o plano de recuperação.

Na convocatória da cimeira da próxima semana é, desde logo, indicado que “o debate dos dirigentes da UE servirá para preparar minuciosamente uma cimeira a realizar numa data posterior e que, na medida do possível, será uma reunião presencial”.

Também na quarta-feira, o Parlamento Europeu debate o tema do racismo, no seguimento da morte do afro-americano George Floyd, no final de maio, por violência policial nos Estados Unidos, num caso que gerou uma onda de contestação e de solidariedade.

Na ocasião, os eurodeputados irão analisar os protestos anti-racistas nos Estados Unidos e na Europa, bem como as medidas que devem ser tomadas para combater a discriminação, nomeadamente racial.

15 Jun 2020

China regista 57 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, o número mais elevado desde Abril

[dropcap]A[/dropcap] China registou nas últimas 24 horas 57 novos casos da covid-19, o número diário mais elevado desde Abril, reforçando os receios de uma segunda vaga da epidemia no país. Graças a controlos rigorosos, ao uso de máscaras e a operações de contenção, a epidemia indicava estar sob controlo em solo chinês.

Contudo, foi detectado um novo surto no sul de Pequim, no mercado de Xinfadi, que vende carne, peixe e produtos hortícolas. Esta deteção levou à contenção de 11 zonas residenciais na área circundante. O Ministério da Saúde chinês afirmou que dos 57 novos casos, 36 eram infecções locais registadas na capital chinesa. Foram comunicados dois outros casos locais na província de Liaoning (nordeste da China).

Segundo a agência noticiosa France-Presse centenas de polícias e polícias paramilitares, muitos deles com máscaras e luvas de proteção, foram vistos perto do mercado de Xinfadi. Nove escolas e infantários próximos do local foram encerrados. Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Pequim adiou o regresso dos alunos às escolas primárias e suspendeu todos os eventos desportivos. As visitas à capital chinesa por grupos de outras províncias foram suspensas no sábado.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 427 mil mortos e infectou mais de 7,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 1.512 pessoas das 36.463 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

 

14 Jun 2020

Covid-19 | Caso em Pequim põe fim a 18 dias seguidos sem contágios locais na China

[dropcap]U[/dropcap]m novo caso de contágio local detetado em Pequim, nas últimas 24 horas, pôs fim a 18 dias seguidos sem registo de transmissões locais na China, informou hoje a Comissão de Saúde do país.

Trata-se de um chinês de 52 anos de idade que, segundo a imprensa local, não deixou a capital chinesa nos últimos 15 dias. O caso também pôs fim a uma série de 56 dias consecutivos sem contágios locais em Pequim.

O país asiático diagnosticou ainda seis novos casos em viajantes oriundos do exterior, conhecidos como casos “importados”. Estes foram detetados em Xangai, a “capital” financeira do país, e na província de Fujian, leste da China.

A China proíbe a entrada de estrangeiros, incluindo residentes, desde 28 de Março, pelo que a maioria dos casos “importados” são chineses que regressam ao país. As autoridades de saúde acrescentaram que quatro pacientes receberam alta nas últimas 24 horas. O número de casos activos fixou-se em 65.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.064 infectados e 4.634 mortos, devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Até ao momento, 78.365 pessoas tiveram alta.

As autoridades chinesas referiram que 750.674 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica, 3.124 das quais permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 417 mil mortos e infectou mais de 7,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jun 2020

Lei do hino chinês entra hoje em vigor em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] polémica lei do hino nacional chinês, que pune quem insultar a “Marcha dos Voluntários” com pena de prisão até três anos, entrou hoje em vigor em Hong Kong, após a sua aprovação em 4 de Junho.

De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, que cita fontes anónimas ouvidas pela rádio e televisão RTHK de Hong Kong, a polícia da antiga colónia britânica recebeu formação sobre como aplicar a lei, aprovada pelo Conselho Legislativo da cidade semi-autónoma.

As mesmas fontes afirmaram que as directrizes internas “sugerem que a legislação só deve ser utilizada contra aqueles que deliberadamente insultam” o hino da República Popular da China. Aqueles que o fizerem, arriscam uma pena de prisão até três anos, com multas até 50.000 dólares de Hong Kong.

A lei que criminaliza ofensas ao hino chinês foi aprovada no dia 4 de Junho, data em que se assinalava o 31.º aniversário de Tiananmen.

Os opositores consideram-na como um sinal do reforço do controlo de Pequim sobre o território, que também aprovou, em 28 de maio, uma lei da segurança para Hong Kong.

O regime de Pequim foi durante vários anos confrontado com vaias e insultos ao hino nacional, sobretudo nos estádios de futebol, quando joga a seleção de Hong Kong.

Mais recentemente, durante os protestos anti-governamentais iniciados por uma proposta de lei que permitiria a extradição para a China, no ano passado, milhares de adeptos vaiaram o hino e viraram as costas, durante um jogo das eliminatórias do Campeonato do Mundo contra o Irão. A FIFA multou a Associação de Futebol de Hong Kong por causa do incidente.

12 Jun 2020

Covid-19 | China detecta onze casos nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou onze casos de covid-19, nas últimas 24 horas, anunciaram hoje as autoridades. A Comissão de Saúde da China indicou que os novos casos são oriundos do exterior e foram detectados em Xangai, a “capital” financeira da China, na cidade portuária de Tianjin, e nas províncias de Guangdong, adjacente a Macau, e de Fujian.

A China proíbe a entrada de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes, desde 28 de março, pelo que a maioria dos casos “importados” são chineses que regressam ao país. As autoridades de saúde acrescentaram que quatro pacientes receberam alta nas últimas 24 horas. O número de casos activos fixou-se em 64.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.057 infectados e 4.634 mortos, devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Até ao momento, 78.361 pessoas tiveram alta.

As autoridades chinesas referiram que 750.487 pessoas que tiveram contacto próximo com infetados estiveram sob vigilância médica, 3.179 das quais permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 413 mil mortos e infectou quase 7,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

11 Jun 2020

Zoom admite ter encerrado conta de activistas chineses que assinalaram Tiananmen

[dropcap]O[/dropcap] serviço de videochamada Zoom admitiu ter encerrado temporariamente a conta norte-americana de activistas que assinalaram o 31º aniversário do massacre da Praça de Tiananmen, suscitando dúvidas sobre a independência da empresa face a Pequim.

Activistas dos direitos humanos exilados nos Estados Unidos usaram o programa para organizar uma vigília virtual com mais de 250 pessoas, visando homenagear as vítimas da intervenção militar que, na noite de 03 para 4 de junho de 1989, pôs fim a sete semanas de protestos pró-democracia. O episódio é considerado tabu na China, não sendo reconhecido por Pequim.

Uma semana depois, a conta foi encerrada sem explicação, e só voltou a ser reactivada na quarta-feira, segundo Zhou Fengsuo, co-fundador da associação de activistas e uma das pessoas mais procuradas por Pequim depois de Tiananmen.

A empresa admitiu que encerrou a conta e que voltou a restabelecê-la mais tarde. “Como qualquer empresa global, devemos respeitar as leis em vigor nas jurisdições em que operamos”, disse um porta-voz da Zoom Video Communications. “Quando uma reunião é organizada em vários países, os participantes nesses países devem respeitar as respectivas leis locais”, acrescentou.

Os activistas manifestaram indignação, acusando a empresa de ter agido sob pressão do regime chinês. “Neste caso, a Zoom é cúmplice da tentativa de apagar a memória do massacre de Tiananmen, em colaboração com um governo autoritário”, afirmou a organização China Humanitária, em comunicado.

A organização disse que o Zoom é um serviço “essencial” para manter contacto entre as pessoas na China, apesar da censura. Pequim criou um sistema sofisticado de censura para proibir qualquer informação que deslegitime o Governo. O seu vasto mercado constitui regularmente um dilema para os gigantes tecnológicos norte-americanos, que se orgulham em permitir total liberdade de expressão nos Estados Unidos.

A Zoom Video Communications registou um crescimento astronómico desde o início do confinamento a nível global, com empresas, escolas, indivíduos e instituições a recorrerem aos serviços de videochamada para manterem as suas operações, durante a pandemia.

As receitas da Zoom para o primeiro trimestre fiscal mais do que duplicaram, em relação ao mesmo período do ano passado, para os 328 milhões de dólares, com os lucros a dispararem de 198 mil dólares há um ano para os atuais 27 milhões de dólares.

A subida da sua cotação já coloca a Zoom com um valor bolsista de 59 mil milhões de dólares, mais do que a soma do valor de mercado de cada uma das quatro maiores transportadoras aéreas dos EUA, que viram o seu negócio pulverizado pelo surto do novo coronavirus, que reduziu dramaticamente as viagens aéreas.

A empresa foi fundada há nove anos por vários sócios, entre os quais o actual presidente executivo, Eric Yuan.

11 Jun 2020

Covid-19 | Comissão Europeia diz ter “provas suficientes” de desinformação sobre surto

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Europeia afirma ter “provas suficientes” da existência de propaganda chinesa na Europa relativa ao surto de covid-19, um “novo fenómeno” que se junta à desinformação russa e à propagação de informação falsa por “actores europeus”.

“Temos provas suficientes para perceber como é que a propaganda chinesa funciona e como tem funcionado nesta crise da covid-19 e, devido a essas provas, penso que é altura de dizermos a verdade, de informar as pessoas”, declarou a vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta dos Valores e Transparência, Vera Jourová.

Falando com um grupo de jornalistas em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, a propósito da comunicação ontem adoptada pelo colégio de comissários sobre desinformação no contexto da pandemia da covid-19, a responsável acrescentou que estas evidências “foram recolhidas pelo Serviço Europeu de Acção Externa”.

“Tomámos conhecimento de uma série de acusações, como a que o novo coronavírus foi desenvolvido em laboratórios norte-americanos e sobre uma promoção exagerada do apoio da China à UE, com muita propaganda que indica que os Estados-membros e as instituições democráticas europeias não foram capazes de lidar com a crise”, precisou Vera Jourová.

De acordo com a vice-presidente do executivo comunitário, “há uma série de situações em massa deste género e este é um novo fenómeno, com comunicação mais assertiva no território europeu e dirigida aos cidadãos europeus” por parte de Pequim.

Outros “actores”

Além da China, também a Rússia foi identificada como “promotora ou fonte de desinformação”, naquela que é “a primeira vez” que a União Europeia (UE) assinala tão claramente estas origens de ‘fake news’.

“Claro que, no que toca à Rússia não é nenhuma novidade porque eles têm a desinformação incluída na doutrina militar, mas a China é pela primeira vez assinalada e fico satisfeita por o termos feito porque se existem provas, não nos devemos comedir de o apontar”, acrescentou Vera Jourová.

Para responder a estas questões, a responsável defendeu um reforço da “cooperação interna e também ao nível da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e do G7 [grupo de potências mundiais] porque a desinformação é uma ameaça híbrida e, por isso, uma questão de segurança”.

“Temos de limpar a nossa própria casa e temos de reforçar a nossa estratégia de comunicação e as ligações diplomáticas”, sublinhou Vera Jourová, numa alusão aos “diferentes actores” que, dentro da Europa, “actuam como inimigos exteriores”.

“Estou a falar de diferentes grupos extremistas, forças políticas com programas nacionalistas, diferentes grupos que também visam a incitação à disrupção e violência na UE”, especificou.

Mais transparência

Vera Jourová deu ainda como exemplo o desastre nuclear de Chernobyl, “em que as pessoas não estavam informadas sobre a situação e as suas consequências”, rejeitando casos destes na Europa em altura de pandemia.

Já admitindo que, por vezes, “é difícil detectar a origem” destes casos de desinformação a nível comunitário, a vice-presidente da Comissão Europeia defendeu maior transparência por parte das plataformas digitais e apoios à imprensa independente e aos investigadores.

“A pandemia de covid-19 evidenciou uma enorme onda de desinformação e mostrou-nos que a informação falsa pode criar sérias consequências, matar cidadãos e enfraquecer a confiança nas instituições e, consequentemente, as medidas tomadas”, adiantou Vera Jourová.

11 Jun 2020

Morre aos 95 anos pediatra japonês que descobriu a doença de kawasaki

[dropcap]O[/dropcap] pediatra japonês Tomisaku Kawasaki, que descobriu em crianças uma síndrome respiratória que foi baptizada com o seu nome, morreu num hospital de Tóquio, aos 95 anos, informou o centro de investigação Kawasaki. A doença de Kawasaki é uma inflamação generalizada das artérias que ocorre em crianças com menos de cinco anos e voltou às notícias há algumas semanas por suspeita de uma possível ligação com a covid-19.

Segundo o Centro de Pesquisa do Japão para a Doença de Kawasaki, o médico faleceu na passada sexta-feira à tarde. A doença tem uma incidência de 90 casos no Japão e 30 a 40 na Europa para cada 100.000 crianças, tornando-a numa das principais causas de doenças cardíacas adquiridas em menores nos países desenvolvidos.

Alguns dos sintomas são febre por mais de cinco dias, erupções cutâneas, olhos vermelhos, inflamação dos lábios, garganta e língua. O tratamento inicial consiste em aspirina e imunoglobulina em doses elevadas.

As causas desta doença ainda não foram determinadas e não há evidências claras de que esteja ligada a vírus ou bactérias, segundo a agência japonesa Kyodo.

Tomisaku Kawasaki entrou em contacto com a doença, então desconhecida, em 1961 e testemunhou vários casos semelhantes nos anos seguintes.

Em 1967, o pediatra escreveu um artigo na revista de observações clínicas sobre alergias “Arerugi” com as suas descobertas, o que levou a que a doença fosse baptizada com o seu nome.

O médico, que começou a trabalhar em 1950 no que mais tarde se tornaria o Centro Médico da Cruz Vermelha japonesa, reformou-se em 1990 desta instituição e tornou-se líder de outra organização que se transformou no Centro de Pesquisa do Japão para a doença de Kawasaki.

O trabalho do pediatra japonês foi homenageado pela Academia Japonesa, pela Sociedade Pediátrica do Japão e pelo Governo Metropolitano de Tóquio.

10 Jun 2020

MNE português diz que posição de Portugal sobre a China está em consonância com NATO e UE

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a posição de Portugal sobre a China é consonante com as da NATO e da União Europeia, que vê Pequim como “um parceiro”, “um competidor”, mas também “um rival sistémico”.

“A nossa posição é ao mesmo tempo a posição da NATO e a posição da UE, que são as organizações a que pertencemos”, disse Augusto Santos Silva, em resposta a uma questão do CDS na comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República.

Quanto à NATO, o ministro referiu que a declaração feita na segunda-feira pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, diz que “a ascensão da China representa uma mudança no panorama geopolítico a que a NATO deve estar atenta”.

Quanto à UE, acrescentou, “é sabido como” os 27 a caracterizam: “É um nosso parceiro nas agendas multilaterais, designadamente do clima, é um nosso parceiro negocial em áreas que são de interesse comum e em que há convergência, é um nosso competidor económico e é um nosso rival sistémico quanto aos modelos de governação”.

“Maior clareza não há”, considerou, admitindo que “o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal “não está todos os dias a dizer que a China é um rival sistémico” porque tem de ter em conta “os interesses de Portugal”.

“É aliás isso que explica que a transição na região cuja transição nós negociámos seja menos turbulenta do que noutras”, disse, referindo-se a Macau, por oposição Hong Kong.

10 Jun 2020

Governo de Hong Kong vai injectar 27,3 mil milhões de dólares de HK na Cathay Pacific

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong vai injectar 27,3 mil milhões de dólares de Hong Kong para salvar a principal companhia aérea, a Cathay Pacific, anunciou hoje a empresa. Em comunicado, a Cathay Pacific anunciou um plano de recapitalização da empresa em 39 mil milhões de dólares de Hong Kong, dos quais o Governo vai injectar 27,3 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Esta é a primeira vez que o Governo de Hong Kong injecta dinheiro numa empresa privada, na tentativa de manter a cidade como um centro de transporte aéreo na região. “O plano ajudará a manter a nossa competitividade e operações numa altura de desafios sem precedentes para o mercado global de viagens”, afirmou a empresa em comunicado divulgado no seu site.

“Este plano de três partes foi projectado para fornecer à Cathay Pacific os fundos necessários para enfrentar o declínio do setor, e uma plataforma financeira estável a partir da qual podemos realizar a análise das operações necessárias para transformar os negócios, para refletir a nova dinâmica do mercado”, refere-se no comunicado.

“Temos de tomar as decisões corretas para nos adaptarmos à nova realidade da aviação global e garantir o nosso futuro a longo prazo. Todos os aspetos do nosso modelo de negócios vão ter de ser revistos”, disse o presidente da empresa, Patrick Healy.

Nesse sentido, o responsável advertiu que “terão de ser tomadas decisões difíceis no último trimestre deste ano para conseguir uma Cathay Pacific adequada para competir com sucesso e prosperar neste novo ambiente”.

A Cathay Pacific, que emprega 33 mil pessoas, tem enfrentado dificuldades financeiras resultantes da pandemia por covid-19, cujas receitas já no ano passado tinham sido afetadas pelas manifestações pró-democracia, nas quais participaram alguns trabalhadores da empresa.

Embora a companhia aérea não tenha tomado medidas a esse respeito, a administração da Aviação Civil chinesa fez ‘lobby’ para demitir alguns trabalhadores que participaram nos protestos.

Desde fevereiro, a Cathay Pacific perdeu entre 2.500 e 3.000 milhões de dólares de Hong Kong por mês, segundo o presidente da empresa. O consórcio britânico Swire Group é o proprietário maioritário da Cathay Pacific, com 45% das ações, enquanto a estatal chinesa Air China possui 29,99% das acções.

9 Jun 2020

Hong Kong | Carrie Lam diz que um ano depois todos devem aprender a lição dos protestos

[dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong disse hoje que todos os lados devem aprender a lição dos protestos pró-democracia, que começaram exatamente há um ano, e que o território não pode voltar ao caos.

“Todos têm de aprender a sua lição, incluindo o Governo de Hong Kong”, afirmou Carrie Lam aos jornalistas, no dia em que faz um ano que cerca de um milhão de pessoas saiu à rua para protestar contra as emendas à lei da extradição no território. Lam não detalhou que lições deviam ter sido tiradas.

“Hong Kong não pode suportar esse tipo de caos, e o povo de Hong Kong quer um ambiente estável e pacífico para poder viver e trabalhar aqui feliz”, disse.

O movimento ressurgiu no ano passado, dia 09 de junho, quando centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra as emendas à lei da extradição que Carrie Lam queria fazer passar.

“O protesto em massa em 9 de Junho do ano passado foi gravado na memória colectiva dos ‘HongKongers’”, escreveu no Facebook a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), organização que representa mais de uma dezena de partidos e organizações não-governamentais e responsável pelos maiores protestos que aconteceram ao longo do ano passado. “Também marca o início da nossa união em defesa nossa amada cidade”, acrescentou.

Nesse dia, uma manifestação pacífica encheu a as ruas da antiga colónia britânica, com os cidadãos, vestidos de branco, a marcharem pela cidade.

Um cenário que três dias depois mudou radicalmente: cerca de 500.000 pessoas, segundo a organização, ocuparam a zona em frente ao Conselho Legislativo de Hong Kong exigindo uma vez mais a retirada da lei da extradição. Mas, desta vez, a polícia investiu contra os jovens manifestantes utilizando gás lacrimogéneo.

No domingo seguinte, a cor das roupas dos manifestantes mudou, de branco para preto, e as exigências aumentaram: cerca de dois milhões de pessoas, num território com cerca de 7,5 milhões de habitantes, adultos, crianças, jovens e idosos saíram à rua para travar as emendas à lei da extradição, contra a violência policial, verificada quatro dias antes, e para pedir a demissão de Carrie Lam.

Motivados pela proposta que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, os protestos evoluíram para uma campanha pró-democracia.

A proposta de lei acabou por cair, mas restam agora quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

O desafio para a luta pró-democrática parece, passado um ano, agora mais difícil.

Pequim quer impor a lei da segurança nacional a Hong Kong, cujo projecto de Lei foi aprovado durante o encerramento da sessão anual do legislativo chinês, no dia 28 de Maio. O projecto de lei recebeu 2.878 votos a favor, um contra e seis abstenções.

O documento agora apresentado surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia.

No ano passado, cerca de 9.000 pessoas foram detidas em Hong Kong por participarem nos protestos, das quais mais de 1.700 já foram acusadas.

Uma lei criticada pela maioria da comunidade internacional e que levou os Estados Unidos a deixarem de considerar Hong Kong um território semi-autónomo da China continental.

A lei de Pequim feita para Hong Kong proíbe “qualquer acto de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de actividades em Hong Kong por parte de organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong Kong”.

9 Jun 2020

Herdeiro da Samsung escapa à prisão preventiva

[dropcap]O[/dropcap] herdeiro e vice-presidente do gigante sul-coreano Samsung, Lee Jae-yong, escapou na terça-feira à prisão preventiva, pedida pelo Ministério Público na investigação da controversa fusão de duas das filiais do grupo, anunciou o juiz.

“Não havia razões suficientes para justificar a sua detenção”, disse o magistrado Won Jung-sook, numa declaração após uma audiência de nove horas, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP). “Os procuradores parecem já ter obtido uma quantidade considerável de provas no decurso da investigação”, afirmou, acrescentando que o julgamento irá determinar se Lee praticou actos ilegais.

O herdeiro do maior conglomerado da Coreia do Sul aguardou as deliberações num centro de detenção. Saiu por volta das 02:40 de segunda-feira à noite, recusando-se a fazer qualquer declaração.

A Procuradoria de Seul anunciou na quinta-feira que tinha solicitado um mandado de detenção para Lee Jae-yong por suspeita de manipulação de preços durante a controversa fusão de duas subsidiárias da Samsung, Cheil Industries e C&T, em 2015.

O vice-presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong, foi condenado em 2017 a cinco anos de prisão no âmbito do escândalo de corrupção que levou à demissão e prisão da ex-Presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye.

O empresário, de 51 anos, foi libertado um ano depois, mas está atualmente envolvido noutro processo judicial.

Lee Jae-yong é acusado de ter participado num caso de fraude em 2015, quando a Cheil Industries, uma subsidiária especializada em moda, alimentação e lazer, assumiu o controlo da Samsung C&T (BTP).

Essa fusão foi vista como um passo decisivo para garantir uma transição tranquila do grupo Samsung para a terceira geração. No entanto, foi criticado pelo facto de o valor da C&T ter sido deliberadamente subvalorizado durante a transação. O fundo nacional de pensão (NPS), um grande acionista da Samsung, havia dado luz verde a esta operação.

A Procuradoria também solicitou um mandado de prisão contra dois ex-executivos da Samsung pelo seu papel na fusão. O pedido de prisão chegou quase um mês depois das desculpas de Lee Jae-yong pelo plano que delineou para assumir o grupo empresarial.

O empresário prometeu então que “não haveria mais polémica” sobre a sua promoção e que seria o último na linha de sucessão familiar. A Samsung é de longe o maior grupo empresarial familiar sul-coreano e as suas atividades industriais representam uma parte significativa da 12.ª economia mundial. Os seus ganhos a nível mundial equivalem a um quinto do produto interno bruto (PIB) do país.

9 Jun 2020

Coreia do Norte anuncia corte de contactos com “inimigo” sul-coreano

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte anunciou que tenciona cortar hoje os seus canais de comunicação, nomeadamente militares, com o “inimigo” sul-coreano, anunciou a agência noticiosa estatal norte-coreana KCNA. O anúncio segue-se à ameaça de envio de panfletos anti-Pyongyang para o território do norte da península coreana por parte de militantes antirregime.

Pyongyang “vai cortar completamente a ligação entre as autoridades do Norte e do Sul”, bem como outros canais de comunicação, nomeadamente entre as forças armadas dos dois Estados ou entre os partidos políticos governantes em Seul e Pyongyang, detalhou a KCNA. O início da interrupção está programa para as 12:00 locais, acrescentou a agência.

A ameaça foi feita quando as relações entre os dois países estão no impasse, apesar de três cimeiras em 2018 entre o dirigente norte-coreano Kim Jong Un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in.

A Coreia do Norte ameaçou na semana passada fechar o gabinete de ligação com a Coreia do Sul e tomar medidas suplementares para fazer “sofrer” Seul.

A influente irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, também já ameaçou tornar caduco o acordo militar entre os dois Estados, se Seul não impedir os militantes de enviar os panfletos anti-Pyongyang.

A Coreia do Norte acabou com a maior parte dos seus contactos com o Sul depois do fracasso da cimeira de Kim com Donald Trump, em 2019, em Hanói, que deixou as negociações sobre o nuclear norte-coreano em ponto morto.

9 Jun 2020

China e Singapura abrem “corredor aéreo” entre os dois países

[dropcap]A[/dropcap] China e Singapura iniciaram hoje um “corredor aéreo” entre os dois países, com o objectivo de relançar a actividade económica, numa altura em que garantem que a situação da pandemia de covid-19 está controlada.

O acordo bilateral, assinado no final de Maio, prevê que os cidadãos de ambos os países possam retomar a partir de hoje as viagens oficiais e essenciais de negócios entre a cidade-estado e seis cidades chinesas, como Xangai e Guangdong, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Singapura.

Os viajantes de Singapura e China têm de requerer visto antecipadamente, embora estejam isentos, graças ao acordo, de uma quarentena obrigatória de 14 dias à chegada.

No entanto, devem fazer uma série de exames médicos e apresentar testes negativos da covid-19, 48 horas antes da viagem e após a chegada ao destino, devendo ainda permanecer isolados durante um ou dois dias até ser conhecido o resultado do último teste.

Além disso, em ambos os países, terão de descarregar uma aplicação para telemóvel de rastreio e geolocalização que permite seguir os seus movimentos. As autoridades também pediram aos viajantes que evitem transportes públicos e recorram antes a automóveis particulares ou táxis.

Singapura e China – onde foi detectado o novo coronavírus, no final de Dezembro, na cidade de Wuhan – são os países asiáticos com o maior número de infeções por covid-19 desde o início da pandemia, embora os dois países afirmem que a propagação do vírus está sob controlo.

A cidade-estado está em conversações com outros países, incluindo a Coreia do Sul, Nova Zelândia e Malásia, para tentar chegar a um acordo que permita abrir outros “corredores aéreos”, informou na semana passada o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Singapura.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 400 mil mortos e infetou mais de 6,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando sectores inteiros da economia mundial, num “Grande Confinamento” que alguns países começaram a abrir.

9 Jun 2020

NATO rejeita ver China como inimigo mas quer aliança reforçada perante ascensão de Pequim

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, rejeitou ver a China como inimigo, mas pediu um reforço da Aliança Atlântica perante “a ascensão de Pequim”, que está a mudar o “equilíbrio global do poder”.

“Não, a NATO não vê a China como o novo inimigo ou adversário, mas vemos que a ascensão da China está a alterar fundamentalmente o equilíbrio global do poder”, declarou o líder da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla inglesa), falando numa conferência ‘online’ sobre o futuro e a sua visão para a aliança em 2030.

Falando a partir de Bruxelas no evento digital organizado pelo Atlantic Council e pelo German Marshall Fund, Jens Stoltenberg vincou que os 30 aliados da NATO devem “permanecer fortes militarmente, mas mais unidos politicamente e ter uma abordagem global mais ampla”.

Desde logo porque “está a aquecer a corrida à supremacia económica e tecnológica”, ao mesmo tempo que se “multiplicam as ameaças às sociedades abertas e às liberdades individuais”, destacou o responsável norueguês, numa alusão à aposta feita pela China para se tornar na maior potência mundial em termos económicos e militares.

“A China está a aproximar-se de nós a partir do Ártico ou do ciberespaço”, acrescentou, considerando que isso coloca pressão sobre “os valores e modos de vida” da aliança e que, por essa razão, a NATO deve ter uma “presença global”.

Falando sobre a sua visão para a organização nos próximos 10 anos, Jens Stoltenberg sustentou que a NATO tem trabalhar “ainda mais estreitamente com os países que partilham da mesma visão”, como “a Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul”.

Tal cooperação permitira “estabelecer normas e padrões, no espaço e no ciberespaço, sobre as novas tecnologias e o controlo global do armamento e, em última análise, [serviria] para defender um mundo construído sobre liberdade e democracia, e não sobre intimidação e coerção”, adiantou.

Na ocasião, Jens Stoltenberg foi ainda questionado sobre uma eventual retirada, por parte dos Estados Unidos, de parte do contingente destacado na Alemanha.

Escusando-se a comentar as notícias avançadas pela imprensa, o responsável notou antes que, “nos últimos anos, houve um aumento” da presença militar norte-americana em “vários locais” da Europa e “não apenas na Alemanha”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, tem vindo a repreender sistematicamente os aliados da NATO na Europa e no Canadá por aquilo que considera serem despesas insuficientes em matéria de defesa, o que levou a tensões dentro da organização.

Nos últimos anos, Donald Trump também retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris e do acordo nuclear iraniano e, mais recentemente, ameaçou cortar o financiamento à Organização Mundial de Saúde, acusando-a de ser controlada pela China e de ter enganado o mundo sobre a pandemia de covid-19.

9 Jun 2020

Covid-19 | Governo chinês nega ter escondido informação sobre pandemia

Pequim garante ter respondido prontamente à crise de saúde pública gerada pela covid-19, de acordo com um extenso relatório, divulgado no domingo pelo Conselho de Estado. O documento sublinha que a resposta aos primeiros sinais de pandemia foi rápida e decisiva, apesar das críticas que apontam falta de transparência no alerta internacional e das próprias admissões das autoridades de Hubei

 

[dropcap]“L[/dropcap]utar contra a covid-19 – China em Acção”, é o nome do documento, divulgado no domingo pelo departamento de comunicação do Conselho de Estado da República Popular da China, que sublinha o exemplar trabalho que o país fez no combate à pandemia e na cooperação internacional para o efeito.

Além do tom congratulatório, são negadas as acusações de informação suprimida sobre a propagação do novo tipo de coronavírus e afirmado que a China ofereceu ao mundo um valoroso exemplo no combate à covid-19.

A divulgação do relatório foi acompanhada por uma conferência de imprensa em Pequim onde Xu Lin, que dirige o departamento de comunicação do Conselho de Estado, afirmou que tanto o Governo Central, como a imprensa estatal, providenciaram informação extensiva atempadamente, assim que houve registo dos primeiros casos na província de Hubei.

O oficial do Governo ainda aproveitou para se queixar das campanhas de mentiras e calúnias cometidas por forças estrangeiras. Apesar de não chegar a dizer o nome “Donald Trump”, as alusões feitas por Xu pareceram responder à Casa Branca.

Na mesma ocasião, o ministro que tem a tutela da Comissão Nacional de Saúde, Ma Xiaowei, reforçou a ideia de que a China não “atrasou, de forma alguma”, a divulgação de informação sobre a doença.

O relatório apresentado pelo Governo chinês tem uma narrativa polida politicamente da pandemia, ignorando alguns dos erros iniciais que foram, inclusive admitidos pelas autoridades locais de Wuhan, o epicentro da pandemia. Ao longo de 66 páginas, é descrita a forma como as entidades locais e provinciais implementaram com confiança as instruções do Governo Central, sem mencionar que alguns dos responsáveis por estas entidades locais foram despedidos depois da propagação do coronavírus ao resto do país.

Em directo na CCTV

Um dos exemplos de informação não abordada pelo documento são as declarações à CCTV de Zhou Xianwang, dirigente máximo da autarquia de Wuhan, onde este refere que os alertas emitidos pela cidade não foram suficientes para combater a propagação do vírus. A entrevista foi atípica, não só por não ser muito normal um político ser confrontado por um órgão de comunicação oficial de forma tão agressiva, como também por ter gerado uma onda de protestos públicos contra o autarca.

Foram também levantadas questões sobre se a cidade respondeu “demasiado lentamente” para limitar a propagação da covid-19 e se a informação de que o pessoal médico também estava a ficar infectado foi partilhada em tempo útil. Outro momento de aperto para Zhou Xiangwang durante a entrevista, prendeu-se com a polémica autorização de uma festa de Ano Novo Chinês que juntou cerca de 40 mil pessoas, no auge da propagação da pandemia, e com o atraso no cancelamento de todas as festividades do Novo Ano Lunar.

“Como fomos tendo uma compreensão progressiva da situação, só agora podemos concluir que foi uma situação perigosa”, comentou o autarca em relação à forma como as autoridades de Wuhan lidaram com as festividades do Ano Novo. “Se soubéssemos ao início que o vírus se espalhava assim, e com esta gravidade, teria sido melhor usar métodos de prevenção e controlo efectivo da doença. Mas o problema é que, por vezes, não podemos prever a gravidade destas coisas”, acrescentou.

Dito por não dito

No final de Janeiro, Xi Jinping fazia um apelo ao país e às autoridades de Hubei para darem prioridade máxima à contenção do novo tipo de coronavírus. Aliás, responsáveis do Governo Central multiplicaram-se em exigências à abertura, transparência e à precisão da informação divulgada sobre a pandemia. Foram, inclusive, lançados apelos para que não se repetissem os mesmos erros cometidos no início da SARS, quando a epidemia foi mantida em segredo durante cerca de três meses, e ameaças de punições exemplares a responsáveis que não tivessem como prioridade a saúde pública.

Nada disto transparece no novo relatório sobre a resposta das autoridades à covid-19. “Enfrentando uma doença desconhecida, inesperada e devastadora, a China lançou-se determinada numa batalha para prevenir e conter a propagação. Tomando a vida e a saúde das populações como a primeira prioridade, foram adoptadas medidas extensivas e rigorosas”, pode ler-se no documento.

O livro branco também não menciona a perseguição ao Dr. Li Wenliang, que tentou alertar colegas de profissão num grupo de WeChat para as dificuldades com que se deparava no Hospital Central de Wuhan.

Quatro dias depois de ter lançado o alerta para a nova doença que, no seu entender, se assemelhava à SARS, o médico foi chamado ao departamento de segurança pública onde lhe disseram que tinha de assinar uma carta a confessar a disseminação de “falsa informação” que tinha “perturbado seriamente a ordem social”.

Outras sete pessoas foram investigadas por alegadamente espalharem rumores. Li Wenliang viria a contrair covid-19 e a morrer da doença para a qual tentara alertar a comunidade médica.

Pequim viria mais tarde a ilibar o profissional de saúde de qualquer conduta imprópria, numa admissão de erro devido à reprimenda e pressão oficial exercida sobre Li, que chegou a ser ameaçado com prisão.

Contágio diplomático

O livro branco afasta também a tese de que as relações entre a China e o resto do mundo tenham sido prejudicadas pela pandemia da covid-19.

Na apresentação do documento, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu, considerou que, “pelo contrário, as relações da China com a maioria dos outros países melhoraram com a pandemia”.

“Poucos países foram contra a maré da História e lançaram insanamente uma campanha de difamação contra a China, tendo fabricado rumores e disseminado o vírus político, através de todos os meios possíveis”, disse Ma, em conferência de imprensa.

A pandemia surgiu também numa altura de renovadas tensões entre Pequim e Washington. Os Estados Unidos passaram, nos últimos anos, a definir a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas que resultou já numa guerra comercial e tecnológica. A Europa tem tentado um equilíbrio nas relações com Pequim, que considera simultaneamente um “rival” que “promove modelos alternativos de governação”, um “concorrente económico na corrida da liderança tecnológica”, mas também um “parceiro” em áreas como as alterações climáticas ou o multilateralismo, mas a pandemia parece ter complicado a relação, com vários líderes europeus a expressarem publicamente insatisfação para com Pequim.

Em causa está, por exemplo, a discrepância entre a taxa de letalidade do vírus, que se revelou ser mais do dobro em vários países europeus do que os números apresentados pela China sugeriram, ou a pressão diplomática exercida por Pequim, em Fevereiro passado, durante o pico da crise no país, contra o encerramento de fronteiras e ligações aéreas a viajantes oriundos do país, medidas que classificou então como “vírus político” e “estigmatização”.

O regime chinês, pouco receptivo a críticas externas e temendo danos sobre o seu controlo doméstico, tem respondido agressivamente, combinando campanhas de assistência médica com uma retórica nacionalista, enquanto exige demonstrações de gratidão e faz ameaças económicas.

Por dentro da OMS

Na semana passada, a agência Associated Press informou que funcionários da Organização Mundial da Saúde estavam frustrados por a China ter adiado a divulgação de informações sobre a doença em Janeiro, custando ao mundo um tempo valioso.

Uma investigação da agência, baseada em documentos internos e dezenas de entrevistas, revelou que, em Janeiro, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiava publicamente a China e a sua “resposta rápida” ao surto do novo coronavírus, os especialistas da agência das Nações Unidas para a saúde queixavam-se em privado da falta de informação partilhada por Pequim. Segundo a investigação, as autoridades chinesas atrasaram mais de uma semana a publicação do genoma do novo coronavírus, após vários laboratórios públicos o terem descodificado, privando a OMS de informação essencial para combater a pandemia.

No livro branco, o Governo chinês recusou estas alegações. “A China agiu sempre com abertura, transparência e responsabilidade, e informou a comunidade internacional sobre a evolução da epidemia em tempo útil”, apontou Ma. “A China rejeita categoricamente qualquer acusação desse tipo”, afirmou.

Segundo o vice-ministro, Pequim não tem planos de aliviar as restrições às viagens internacionais, apesar de ter já declarado vitória sobre o novo coronavírus. Há vários dias que o país não detecta casos de contágio local. “A China está a enfrentar crescente pressão devido às infecções importadas e não podemos relaxar”, afirmou Ma.

9 Jun 2020

Um ano de protestos em Hong Kong visto por dois jornalistas

[dropcap]U[/dropcap]m ano após o início dos maiores protestos pró-democracia em Hong Kong desde a transferência de administração para a China, a euforia dos manifestantes deu lugar à depressão, com a aprovação por Pequim de uma lei que pode ameaçar os activistas.

“É trágico, porque no ano passado houve momentos em que os manifestantes sentiram que tinham ganho algumas batalhas: havia um ambiente exaltante, eufórico, até lúdico, e agora não é de todo assim”, disse à Lusa a correspondente do jornal francês Le Monde em Hong Kong, Florence de Changy.

Nessa altura, os protestos contra o projecto de lei da extradição, que se prolongaram durante quase sete meses, cobriram Hong Kong de nuvens de gás lacrimogéneo, convertendo as ruas da moderna metrópole financeira em palco de cenas de batalha campal, com confrontos quase diários com a polícia e milhares de detenções.

A longa insurreição acabaria, no entanto, em vitória para o movimento pró-democracia, com a retirada formal da proposta legislativa que permitiria extraditar para a China suspeitos de crimes.

Um ano depois, a aprovação da lei da segurança nacional por Pequim em 28 de Maio, proibindo “qualquer acto de traição, separação, rebelião [e] subversão”, e de uma lei que criminaliza o ultraje ao hino nacional chinês, em 4 de Junho, arrefeceu os activistas, que temem ser perseguidos e julgados por dissidência.

“O ‘moral das tropas’ arrefeceu. Eles têm a impressão de não terem conseguido nada, o que é paradoxal, porque conseguiram que o projecto lei da extradição fosse retirado, ganharam essa batalha”, disse a correspondente do Le Monde.

Segundo uma sondagem realizada pela organização dos manifestantes entre 23 e 25 de Maio, à qual responderam 370.000 pessoas, citada no Le Monde, 93% dos residentes de Hong Kong acreditam que a lei da segurança nacional permitirá a criação de “uma força policial secreta” que “utilizará meios extremos e extrajudiciais para perseguir dissidentes, extraditá-los para a China e puni-los, sem qualquer controlo legal”.

Cerca de 90% pensam que será arriscado exprimir o seu ponto de vista mesmo na Internet. Apesar disso, 49% dos inquiridos afirmam que vão continuar a resistir. “Estão em choque e à espera de ver como vão reagir”, explicou Florence de Changy.

“Há pessoas que estão deprimidas e os organizadores dizem que há mais suicídios que podem estar ligados à crise”, apontou, frisando, no entanto, que “é difícil comparar o número de suicídios do ano anterior com os deste” ou apurar a causa da morte.

A jornalista, que vive no território desde 2007 e foi presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong até 2019, acompanha há anos os protestos pró-democracia que têm sacudido o território, e defendeu que a escalada da pressão chinesa sobre Hong Kong retirou terreno aos manifestantes.

“Em 2014, a ‘revolução dos guarda-chuvas’ reclamava um modelo de sufrágio universal diferente do proposto por Pequim. Nessa época, pediam mais democracia, era uma reivindicação de progresso”, recordou.

“O projecto de lei de extradição [em 2019] já foi uma luta contra uma regressão, uma perda em relação aos direitos adquiridos e às liberdades em Hong Kong. E agora, com a lei da segurança nacional, é o golpe final”.

“Vários golpes”

Para o presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, Chris Yeung, o movimento pró-democracia sofreu vários golpes nos últimos meses. “Milhares foram detidos e muitos já terão sido presentes a tribunal, [há] a interdição de reuniões públicas por causa da covid-19, o que facilita a tarefa da polícia de dispersar a multidão e deter manifestantes, e o endurecimento do Governo chinês minou o moral”.

“É claro que o descontentamento profundo ainda existe e pode irromper a qualquer momento, se as circunstâncias mudarem”, considerou no entanto Yeung, em declarações à Lusa.

Até lá, o medo dos ativistas de serem detidos e julgados ao abrigo da nova lei da segurança nacional pode ser um travão para voltarem às ruas, acredita o presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong.

“Muitas pessoas estão a considerar a hipótese de deixar Hong Kong, ou, se ficarem, não sabem se vão continuar a lutar ou manter a cabeça baixa, esquecendo as antigas reivindicações políticas e aceitando que não vão conseguir mudar o Governo central chinês ou contrariar o poder do Partido Comunista”.

O jornalista pensa que Hong Kong poderá viver uma nova vaga de emigração como a que o território conheceu no final dos anos 1980, antes do regresso à China, “quando o futuro de Hong Kong foi decidido”.

“A história repete-se. Vamos ver uma nova vaga, talvez em menor escala, mas vamos certamente ver um número considerável de pessoas a partir ou a enviar os seus filhos para o estrangeiro”, afirmou.

Para Florence de Changy, a maioria da população de Hong Kong continua, no entanto, “do lado da oposição”.

“Os manifestantes têm uma pequena esperança nas eleições legislativas de setembro, já que nas últimas eleições, em novembro, 17 dos 18 distritos passaram para a oposição, o que apanhou Pequim de surpresa”, explicou.

“Se conseguirem ganhar o controlo do Conselho Legislativo [em setembro], isso poderia gerar uma grande crise constitucional e seria uma vitória para o movimento pró-democrático”, acrescentou.

8 Jun 2020

Joshua Wong diz estar na mira da lei de segurança nacional

[dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong disse à Lusa que acredita ser “o principal alvo da nova lei” da segurança nacional que Pequim quer impor a Hong Kong, território que assinala terça-feira um ano desde o início das grandes manifestações.

A lei de segurança nacional, aprovada por Pequim para Hong Kong no dia 28 de Maio, proíbe “qualquer acto de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de actividades em Hong Kong por parte de organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong Kong”.

“A nova lei é a retaliação directa aos esforços internacionais de lobby de Hong Kong no último ano. Provavelmente serei o principal alvo da nova lei”, afirmou à Lusa o activista de 23 anos, co-fundador do partido pró-democrata Demosisto.

Uma das figuras mais mediáticas do movimento pró-democracia em Hong Kong, libertado em Junho de 2019, após ter sido preso na sequência das manifestações de 2014 em Hong Kong, conhecidas como a “Revolução dos guarda-chuvas”, sublinhou que as autoridades em Pequim o têm criticado por participar em audiências no estrangeiro e por “dizer a verdade sobre a opressão autocrática e brutalidade policial ao mundo”.

No ano passado, Joshua Wong e outros activistas, como a cantora Denise Ho, ou a ex-porta-voz do movimento que tem liderado os maciços protestos no território em 2019, Bonnie Leung, participaram em várias audiências um pouco por todo o mundo para apelar à comunidade internacional que intercedesse a favor da democracia em Hong Kong.

Denise Ho, por exemplo, também conhecida por ser activista LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) discursou no Conselho dos Direitos Humanos, em Julho de 2019.

O que há-de vir

Joshua Wong, de 23 anos, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018, acredita que a “alegação de ‘conluio estrangeiro’ levará, sem dúvida, a processos políticos arbitrários, uma vez que a lei será aplicada, não pelos tribunais locais, mas por um corpo policial secreto recém-criado” por Pequim.

“O chamado conluio estrangeiro é mais do que uma desculpa para afastar as forças pró-democracia”, denunciou.

Por fim, Joshua Wong lança o repto para o futuro: “Continuaremos a nossa causa pela democracia e pelos esforços internacionais de lobby, já que a verdade e a justiça não devem morrer em silêncio”.

8 Jun 2020

Aniversário | Praça de Tiananmen, em Pequim, esteve hoje praticamente vazia

[dropcap]E[/dropcap]m Pequim, a Praça Tiananmen estava hoje praticamente vazia, no dia que marca os 31 anos do movimento estudantil esmagado pelo exército chinês. Contudo, vários polícias e veículos blindados faziam sentinela na vasta superfície da praça, escreve a Lusa.

A China reforçou o controlo sobre dissidentes numa altura em que activistas em Hong Kong e em outros locais procuram lembrar o 31.º aniversário do movimento. Em Macau o aniversário foi celebrado com uma vigília online, uma vez que o Corpo de Polícia de Segurança Pública recusou os pedidos para a realização da habitual vigília no Leal Senado ou de mini-vigílias, com um número máximo de cinco pessoas, em outros locais do território. O argumento usado foi o combate à pandemia da covid-19.

Em Hong Kong as autoridades também citaram a necessidade de distanciamento social devido ao surto da covid-19, para cancelarem, pela primeira vez, a vigília anual à luz de velas no Parque Vitória, apesar de a região ter permitido já a abertura de escolas, praias, bares e salões de beleza.

O movimento da Praça Tiananmen foi esmagado na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos. O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200.

O acontecimento continua a ser tabu na China. “Todos sabemos que o Executivo de Hong Kong e o Governo chinês realmente não querem ver as luzes das velas no Parque Vitória”, afirmou Wu’er Kaixi, um ex-líder estudantil que era o número 2 na lista de procurados pelo Governo chinês, após a repressão.

“Os comunistas chineses querem que todos esqueçamos o que aconteceu há 31 anos, mas é o próprio Governo chinês que lembra ao mundo inteiro que é o mesmo governo que há 31 anos suprimiu manifestantes pacíficos e, faz agora o mesmo em Hong Kong”, afirmou, em Taiwan, onde reside agora, citado pela agência The Associated Press.

As várias vigílias, virtuais ou não, estão a ser planeadas em outros locais, inclusive em Taiwan, a ilha onde o antigo governo nacionalista chinês se refugiou, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas, em 1949.

Taipé voltou a pedir este ano ao Governo chinês que reconheça o episódio passado há 31 anos. Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, considerou o apelo um “completo disparate”.

“Quanto ao distúrbio político que ocorreu no final dos anos 80, o Governo chinês chegou a uma conclusão clara: as grandes conquistas que alcançámos (…) demonstraram plenamente que o caminho de desenvolvimento escolhido pela China está completamente correto, em conformidade com as condições nacionais da China e conquistou o apoio sincero do povo chinês”, acrescentou.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, marcou o aniversário do massacre de Tiananmen com críticas à China através da rede social Twitter, por ter proibido a vigília, antes de se reunir em privado com um grupo de dissidentes chineses no Departamento de Estado.

A pequena comunidade dissidente da China voltou também a ser alvo de apertada vigilância por parte das autoridades. Muitos foram colocados em prisão domiciliar e as suas comunicações com o mundo exterior foram cortadas, segundo diferentes organizações de defesa dos Direitos Humanos.

A China libertou os últimos presos por participarem diretamente nas manifestações de Tiananmen, mas outros que procuraram marcar a data foram novamente presos. Entre estes está Huang Qi, fundador do site 64 Tianwang, que está a cumprir uma sentença de 12 anos por revelação de segredos de Estado.

4 Jun 2020