Fronteiras | Soldados tailandeses e cambojanos em confronto

Soldados da Tailândia e do Camboja trocaram ontem disparos numa zona fronteiriça disputada, informaram os exércitos dos dois países.

De acordo com um comunicado da parte tailandesa, os soldados cambojanos entraram na área disputada e os tailandeses aproximaram-se para negociar. No entanto, devido a um mal-entendido, o lado cambojano abriu fogo e os soldados tailandeses retaliaram. O porta-voz do exército do Camboja, Mao Phalla, afirmou que as tropas do país estavam a efectuar uma patrulha de rotina ao longo da fronteira quando o outro lado abriu fogo.

O confronto durou cerca de dez minutos até que os comandantes locais comunicaram e ordenaram um cessar-fogo. O exército tailandês afirmou que as duas partes estavam a negociar e que o confronto não fez vítimas.

Já o representante de Phnom Penh notou não haver até ao momento informações sobre quaisquer vítimas. O ministro da Defesa tailandês, Phumtham Wechayachai, afirmou que a situação está resolvida e que as duas partes não tencionavam fazer os disparos. A Tailândia e o Camboja, países vizinhos, têm uma longa história de disputas territoriais. O incidente foi registado em vídeo e tornou-se viral nas redes sociais.

29 Mai 2025

ONU critica novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza

O chefe da agência da ONU para os refugiados (UNRWA), Philippe Lazzarini, defendeu ontem que o novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza, apoiado por Washington, é um “desperdício de recursos e uma distração das atrocidades”.

“Acredito que seja um desperdício de recursos e uma distração das atrocidades. Já temos um sistema de distribuição de ajuda adequado. A comunidade humanitária em Gaza, incluindo a UNRWA, está pronta. Temos a experiência e o conhecimento necessários para chegar às pessoas necessitadas”, disse Lazzarini.

O responsável acrescentou que o tempo para evitar a fome “está a esgotar-se” e que os funcionários humanitários “precisam de ter permissão para fazer o seu trabalho de salvar vidas agora.” A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, iniciou as suas operações na terça-feira, num centro de distribuição de ajuda no sul da Faixa de Gaza. Segundo relataram jornalistas da Agência France Presse, houve momentos de caos quando milhares de pessoas corriam deste novo centro para o centro em Rafah.

Caos instalado

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reconheceu na terça-feira que houve uma “perda temporária de controlo” num novo centro de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.

“Desenvolvemos um plano com os nossos amigos americanos para controlar os locais de distribuição onde uma empresa americana distribuiria alimentos às famílias palestinianas”, disse Netanyahu durante um discurso em Jerusalém, acrescentando que “houve uma perda temporária de controlo” quando os palestinianos acorreram a um centro aberto em Rafah [sul da Faixa de Gaza]”.

O incidente ocorreu no momento em que Israel, que em meados de Maio intensificou a ofensiva no faminto território palestiniano, devastado por 19 meses de guerra, está a aplicar um novo sistema de distribuição de ajuda, contestado pela comunidade humanitária.

As agências das Nações Unidas têm argumentado que o fluxo de ajuda ao território palestiniano é insuficiente e limitado por restrições como a travessia de áreas inseguras devido aos combates, risco de pilhagens e atrasos por causa da coordenação com os militares israelitas.

29 Mai 2025

Acidente | Seis pessoas desaparecidas após explosão em fábrica

Seis pessoas continuam desaparecidas na sequência de uma explosão numa fábrica de produtos químicos no leste da China, que resultou na morte de cinco pessoas e feriu outras 19. A explosão de terça-feira, ocorrida num parque industrial na cidade de Weifang, na província de Shandong, derrubou janelas de edifícios próximos e lançou uma espessa nuvem de fumo branco, de acordo com vídeos partilhados nas redes sociais.

Não ficou imediatamente claro o que causou a explosão, que ocorreu numa fábrica pertencente à Gaomi Youdao Chemical Co., uma produtora de pesticidas e produtos químicos para uso médico com mais de 500 empregados, de acordo com os registos da empresa. Os bombeiros locais enviaram mais de 230 efetivos para o local, segundo a televisão estatal CCTV.

Um estudante de uma escola situada a cerca de um quilómetro de distância da fábrica disse à imprensa local que ouviu uma explosão e viu fumo amarelo sujo a sair da fábrica. O jovem afirmou ainda que havia um cheiro estranho e que foram dadas máscaras de protecção respiratória a todos os estudantes.

Um funcionário do gabinete local do ambiente disse ao The Paper que uma equipa foi enviada para o local para controlar a potencial poluição, mas que ainda não apresentou qualquer relatório.

No ano passado, a fábrica de produtos químicos foi citada por “riscos de segurança” pelo menos duas vezes, mas em Setembro foi elogiada pelo Gabinete de Gestão de Emergências de Weifang por confiar nos membros do Partido Comunista para gerir eficazmente os riscos no local de trabalho. Especificamente, os membros do Partido na Gaomi Youdao identificaram mais de 800 riscos de segurança nos primeiros oito meses de 2024 e rectificaram-nos a todos, disse o gabinete.

A segurança no local de trabalho tem vindo a melhorar ao longo dos anos na China, mas continua a ser um problema persistente. O Ministério Nacional de Gestão de Emergências registou 21.800 incidentes e 19.600 mortes em 2024.

29 Mai 2025

Tarifas | China aponta para imensa procura do mercado dos EUA após trégua de 90 dias

A China destacou ontem o aumento do envio de contentores para os Estados Unidos, desde que os dois países acordaram uma trégua comercial de 90 dias, o que demonstra “imensa procura” e que os laços económicos “beneficiam ambos”.

“Isto mostra que a cooperação entre as duas maiores economias do mundo trouxe benefícios tangíveis para as empresas e os consumidores dos dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao acrescentou que, na sequência do acordo alcançado na Suíça para baixar as taxas alfandegárias durante três meses – os EUA de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento -, “as encomendas dos Estados Unidos aumentaram”, demonstrando “enorme procura”. “O proteccionismo não leva a lado nenhum”, disse Mão. Pequim “dá as boas-vindas aos EUA e a outros países para cooperarem e fazerem negócios” na China, apontou.

A suspensão das taxas termina a 10 de Agosto e alguns analistas estão otimistas quanto à possibilidade de um acordo comercial mais duradouro ajudar a reduzir o risco de perturbações na cadeia de abastecimento antes das férias do fim do ano.

29 Mai 2025

Empresas europeias reduzem investimentos face a abrandamento económico

As empresas europeias estão a cortar custos e a reduzir planos de investimento na China, à medida que a economia abranda e a concorrência feroz faz baixar os preços, segundo um inquérito anual divulgado ontem.

“Muitas empresas continuam a reavaliar o seu envolvimento com o mercado chinês, com um grande número a cortar custos, a reduzir os planos de expansão, a transferir investimentos para outras regiões e a tomar medidas para isolar as suas cadeias de abastecimento na China e no resto do mundo”, lê-se no relatório que acompanha os resultados do inquérito realizado pela Câmara de Comércio da União Europeia na China.

“Confrontados com uma série de desafios – incluindo a persistência de barreiras regulamentares e de acesso ao mercado, aumento das tensões geopolíticas, deflação dos preços, baixo consumo interno e redução das margens – o optimismo dos membros da Câmara em relação às perspectivas a curto e médio prazo situa-se agora num nível historicamente baixo”, acrescentou.

Os desafios enfrentados pelas empresas europeias reflectem problemas mais amplos da segunda maior economia do mundo, afectada por uma prolongada crise no sector imobiliário, que tem contido os gastos dos consumidores.

Outras guerras

Pequim enfrenta também medidas proteccionistas por parte dos Estados Unidos e da Europa, em resposta aos persistentes excedentes comerciais da China. “O cenário deteriorou-se em muitos indicadores-chave”, afirmou a Câmara de Comércio da União Europeia na China, na introdução do seu Inquérito de Confiança Empresarial 2025.

As mesmas forças que estão a impulsionar as exportações chinesas estão a penalizar os negócios no mercado interno. Empresas chinesas, frequentemente apoiadas por subsídios estatais, investiram de forma intensiva em sectores específicos, como o dos veículos eléctricos, levando a que a capacidade instalada das fábricas ultrapassasse largamente a procura.

Este excesso de capacidade deu origem a ferozes guerras de preços, que reduziram os lucros e levaram as empresas a escoar o excedente de produção para o exterior, suscitando acusações de ‘dumping’ — venda abaixo do custo de produção.

Na Europa, esta situação gerou receios de que as importações chinesas possam prejudicar as indústrias locais e os seus trabalhadores. No ano passado, a União Europeia aumentou as taxas alfandegárias sobre veículos eléctricos oriundos da China, alegando que o país subsidiou injustamente o sector.

“Penso que existe uma percepção clara de que os benefícios das relações bilaterais de comércio e investimento não estão a ser distribuídos de forma equitativa”, afirmou o presidente da Câmara da UE na China, Jens Eskelund, durante a apresentação do inquérito.

Prós e contras

Eskelund saudou os esforços da China para estimular o consumo, mas defendeu que o governo deve também tomar medidas para garantir que o crescimento da oferta não ultrapasse o da procura. Os resultados do inquérito indicam que a pressão descendente sobre os lucros aumentou no último ano e que a queda da confiança empresarial ainda não atingiu o seu ponto mais baixo, afirmou.

Cerca de 500 empresas associadas responderam ao inquérito entre meados de Janeiro e meados de Fevereiro. “É muito difícil para todos neste momento, num ambiente de margens em declínio”, acrescentou.

29 Mai 2025

Tarifas | China, ASEAN e Estados do Golfo prometem solidariedade económica

Além dos compromissos assumidos para combater a guerra económica lançada por Donald Trump, os países representados na cimeira tripartida na Malásia manifestaram ainda profunda preocupação com a situação em Gaza

 

A China, os países do Sudeste Asiático e seis Estados do Golfo comprometeram-se ontem a promover uma cooperação mais estreita, com forte ênfase na integração económica e na colaboração energética, num contexto da guerra comercial lançada por Washington.

Numa declaração conjunta, os dirigentes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da China reafirmaram o seu empenho num sistema comercial multilateral baseado em regras e na globalização económica, manifestando simultaneamente “sérias preocupações” com a situação em Gaza.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, considerou a cimeira tripartida, que se realizou em Kuala Lumpur, “uma iniciativa inovadora” em matéria de cooperação transregional, num contexto internacional “volátil” e de fraco crescimento global. O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, elogiou a declaração conjunta emitida no final da reunião, considerando-a “pormenorizada e elaborada” e uma forte mensagem de solidariedade e cooperação trilateral.

Com base numa cimeira da ASEAN com o CCG em 2023, a reunião foi vista como um esforço para diversificar os vínculos comerciais e contrariar as tarifas lançadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração de 4.200 palavras não mencionou directamente os Estados Unidos, nem tocou em questões sensíveis como as disputas territoriais no mar do Sul da China ou o aprofundamento da crise em Myanmar (antiga Birmânia).

A Malásia é o actual presidente rotativo da Asean, que inclui também o Brunei, o Camboja, a Indonésia, o Laos, Myanmar, as Filipinas, Singapura, a Tailândia e o Vietname. O CCG inclui as nações produtoras de petróleo do Barém, Kuwait, Arábia Saudita, Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos.

Papel fulcral

Na sua declaração conjunta, as partes reconheceram o “papel fundamental da China na promoção da paz, da estabilidade, da prosperidade e do desenvolvimento sustentável a nível regional e mundial”, bem como a centralidade da Asean nos assuntos regionais e o “papel fulcral” do CCG no Médio Oriente.

Salientando o respeito mútuo, o direito internacional, o multilateralismo e o seu empenho comum na estabilidade regional, na integração económica e no desenvolvimento sustentável, a declaração delineou um amplo quadro de cooperação trilateral, em estreita consonância com a iniciativa chinesa Faixa e Rota e o seu impulso para expandir os laços económicos mundiais.

As partes declararam ter reconhecido a necessidade de reforçar a confiança num sistema comercial multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu cerne, e reafirmaram a sua determinação em tornar a globalização económica mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para os seus povos e para as gerações futuras.

Condenação total

No que diz respeito ao Médio Oriente, os líderes da China, do CCG e da Asean manifestaram “sérias preocupações” e condenaram todos os ataques contra civis, apelando simultaneamente a um cessar-fogo duradouro em Gaza e à “distribuição mais eficaz e acessível da ajuda humanitária”.

Foi igualmente reiterado o apoio à implementação da “solução de dois Estados”, reconhecendo os esforços de mediação internacional desenvolvidos pela China, pelo Qatar e pela Arábia Saudita. Os participantes comprometeram-se ainda a procurar uma cooperação mais estreita para prevenir e combater a criminalidade transnacional, a cibercriminalidade, o terrorismo e o extremismo.

No seu discurso de abertura da cimeira trilateral, na terça-feira, Li Qiang instou as partes a “aproveitarem firmemente esta oportunidade histórica para enriquecer a cooperação trilateral”.

A China e a ASEAN são os principais parceiros comerciais entre si, enquanto o CCG fornece mais de um terço das importações de petróleo bruto da China. A ASEAN, o CCG e a China têm um PIB conjunto de quase 25 biliões de dólares e um mercado de mais de 2 mil milhões de pessoas.

28 Mai 2025

Gaza | Japão promete ajuda humanitária

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, prometeu ontem à Agência das Nações para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) que o Japão irá contribuir para a chegada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

“O Japão pretende trabalhar para garantir a manutenção de um ambiente sustentável no qual as actividades de assistência humanitária possam ser realizadas”, disse Ishiba ao director-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, durante uma reunião em Tóquio, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês.

Lazzarini fez uma visita de cortesia de cerca de 20 minutos ao Presidente japonês, que expressou o seu respeito pela organização internacional e as suas condolências aos funcionários que morreram durante o conflito com Israel na Faixa de Gaza.

O director-geral da UNRWA expressou a sua gratidão pela assistência prestada pelo Japão até à data e explicou a atual situação humanitária na Faixa de Gaza, assim como as condições que enfrenta a UNRWA e os seus esforços para melhorar a sua gestão, após o congelamento temporário da ajuda de certos países, incluindo o Japão, devido às alegadas ligações de alguns dos seus funcionários com o grupo islamita Hamas.

Ishiba e Lazzarini confirmaram que continuarão a colaborar para prestar apoio aos refugiados palestinianos que enfrentam “uma grave crise”, acrescentou o ministério.

27 Mai 2025

China / UE | Responsáveis pelo comércio voltam a reunir-se em Junho

Os responsáveis pelo comércio da China e da União Europeia (UE) vão voltar a reunir-se em Junho, avançou ontem a imprensa oficial chinesa, num período de reaproximação, face à guerra comercial lançada por Washington.

O jornal Global Times referiu que o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, vai reunir-se com o comissário europeu para o Comércio e Segurança Económica, o eslovaco Maros Sefcovic, no âmbito de uma cimeira ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Paris.

Após a visita de Sefcovic à China, no final de Março, os dois representantes comerciais “têm estado em estreita comunicação, mantendo discussões extensas e aprofundadas sobre questões relacionadas com a cooperação económica e comercial entre a China e a UE”, de acordo com o Global Times.

E, numa videochamada realizada no início de Abril, as duas partes concordaram em iniciar consultas sobre questões de acesso ao mercado e em iniciar imediatamente negociações sobre as tarifas impostas por Bruxelas aos carros eléctricos importados da China.

Um especialista citado pelo Global Times enquadrou o aumento dos contactos entre Pequim e Bruxelas num contexto de “crescente proteccionismo e unilateralismo de alguns países ocidentais”, numa clara referência aos Estados Unidos.

A Câmara de Comércio da UE na China revelou recentemente que o Governo chinês estendeu o “tapete vermelho” às empresas europeias que operam no país, embora estas continuem a queixar-se de desigualdades no acesso ao mercado e também do tratamento favorável que Pequim dá às suas empresas estatais.

A notícia do encontro surge depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter aceitado prolongar o prazo para negociar um acordo comercial com a UE até 09 de julho, para evitar tarifas de 50 por cento. Desde meados deste mês, os EUA e a China estão numa trégua de 90 dias em que reduziram em 115 por cento as taxas adicionais que tinham aplicado um ao outro durante a escalada tarifária das semanas anteriores.

27 Mai 2025

Ucrânia | China reitera que não forneceu armas à Rússia

A China reiterou ontem que nunca forneceu armas letais “a nenhuma das partes envolvidas” na guerra na Ucrânia, depois de Kiev ter afirmado novamente que Pequim fornece materiais e equipamentos militares à indústria de armamento russa.

“Nunca fornecemos armas letais a nenhuma das partes envolvidas no conflito e controlámos rigorosamente os artigos civis e militares de dupla utilização. A Ucrânia sabe-o muito bem”, disse ontem a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, numa conferência de imprensa.

A porta-voz acrescentou que a China se opõe a “acusações infundadas” e a “manipulações políticas”, em resposta ao chefe do Serviço de Informações Externas ucraniano, Oleh Ivashchenko, que disse à imprensa ucraniana na segunda-feira que “Kiev pode confirmar que Pequim fornece materiais e equipamentos importantes a 20 fábricas militares russas”.

No mês passado, a Ucrânia já tinha acusado a China de fornecer assistência militar directa à indústria de armamento russa. De acordo com Ivashchenko, o seu país dispõe de dados que confirmam que “a China fornece máquinas, produtos químicos especiais, pólvora e componentes específicos às indústrias de defesa russas”.

Apelos ao diálogo

Desde o início da guerra na Ucrânia, a China tem mantido uma posição ambígua em relação ao conflito, apelando ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos” os Estados, em referência à Rússia.

Pequim opôs-se a sanções “unilaterais” contra Moscovo e apelou a uma “solução política” para o conflito. O Ocidente acusou a China de apoiar a campanha militar russa, o que esta sempre negou, e de fornecer ao líder russo, Vladimir Putin, componentes essenciais para a produção de armas.

Os países europeus também têm apelado repetidamente ao líder chinês, Xi Jinping, para que use a sua influência sobre Putin para pôr termo ao conflito, embora alguns argumentem que a China tem dado prioridade ao reforço das suas relações com a Rússia, da qual tem importado petróleo e gás a baixo custo.

27 Mai 2025

Timor-Leste | Adesão plena a ASEAN em Outubro

A adesão plena de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) vai acontecer em Outubro durante a segunda cimeira de chefes de Estado da organização, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.

“Numa declaração histórica durante a 46.ª cimeira da ASEAN, realizada em Kuala Lumpur, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, anunciou oficialmente que Timor-Leste irá alcançar a plena adesão à ASEAN na próxima cimeira da ASEAN, agendada para Outubro de 2025, também em Kuala Lumpur”, lê-se num texto publicado na página no Facebook do Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.

“Este é um momento histórico, não apenas para Timor-Leste, mas para toda a família da ASEAN. A jornada de Timor-Leste rumo à adesão plena reflete a nossa visão coletiva de uma ASEAN unida, coesa e orientada para o futuro”, disse o primeiro-ministro da Malásia, citado no texto divulgado pelo Governo timorense.

A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas e tem como objectivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região. Brunei Darussalam, Camboja, Laos, Myanmar e Vietname também integram a organização regional.

26 Mai 2025

Zelensky insiste no reforço de sanções contra Rússia após ataque recorde com ‘drones’

O Presidente ucraniano insistiu ontem que só o aumento das sanções impedirá a Rússia de se sentir impune para continuar a intensificar os ataques contra a Ucrânia, após Moscovo ter disparado na passada madrugada um número recorde de ‘drones’. “Só uma sensação de impunidade total pode permitir à Rússia realizar estes ataques e a continuar a aumentar a sua escala”, disse Volodymyr Zelensky, nas redes sociais.

As declarações de Zelensky foram feitas depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter voltado a expressar a sua frustração com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, na sequência dos ataques massivos e letais lançados por Moscovo este fim de semana contra Kiev e outras cidades ucranianas.

Zelensky afirmou que o ataque russo ocorrido na última madrugada – que envolveu 355 ‘drones’ e nove mísseis de cruzeiro – “não tem lógica militar” e é simplesmente uma mensagem “política”. “Ao fazê-lo, Putin mostra o quanto despreza o mundo, o mundo que faz mais esforços para o diálogo do que na pressão”, prosseguiu o Presidente ucraniano.

“Só com força — a força dos Estados Unidos, da Europa e de todas as nações que valorizam a vida — é que estes ataques poderão ser travados e a paz real alcançada”, acrescentou Zelensky, defendendo “o congelamento das finanças russas e a interrupção das vendas de petróleo” russo face à recusa do Kremlin (presidência russa) “em considerar sequer um cessar-fogo”.

Manobras de resposta

Na semana passada, Putin prometeu a Trump, durante uma chamada telefónica, apresentar à Ucrânia as suas condições para um cessar-fogo de pelo menos 30 dias, conforme solicitado por Kiev, Washington e os principais aliados europeus. Até agora, o líder russo não apresentou essas condições.

O Kremlin, através do porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, sustentou que os bombardeamentos das últimas horas foram dirigidos contra alvos militares. Citado pela agência de notícias russa Interfax, Peskov referiu que as manobras foram uma resposta aos ataques lançados pela Ucrânia contra alvos civis.

“Os ucranianos estão a atacar a nossa infraestrutura social e a nossa infraestrutura civil”, mas a “retaliação” russa foi dirigida “contra instalações e alvos militares”, afirmou Peskov. A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022, numa nova etapa da guerra que teve início em 2014 com a anexação da península ucraniana da Crimeia.

26 Mai 2025

Automóveis | Fabricantes em queda na bolsa chinesa

Os construtores automóveis registaram ontem fortes perdas nas bolsas chinesas, depois de a maior vendedora mundial de automóveis eléctricos, a BYD, ter anunciado descontos até 34 por cento em 22 modelos, aumentando os receios de uma escalada da guerra de preços.

Na Bolsa de Valores de Hong Kong, foi a própria BYD, que tinha recentemente atingido máximos históricos, que liderou as quedas, caindo 8,08 por cento. A sua filial de componentes, a BYD Electronic, caiu 4,01 por cento.

Outras empresas importantes como a Geely (-7,98 por cento), a Dongfeng (-6,37 por cento), a Li Auto (-5,73 por cento) e a BAIC (-2,46 por cento) também registaram perdas, assim como a Xiaomi (-2,26 por cento), que não tem os veículos eléctricos como principal linha de negócio, mas está a apostar nestes produtos, tendo apresentado o seu segundo modelo na semana passada.

No continente, o maior construtor automóvel da China, a estatal SAIC (-2,01 por cento), e outras marcas de referência como a Changan (-2,73 por cento) e a Great Wall (-5,52 por cento), registaram quedas em simultâneo.

As descidas surgem depois de a BYD ter anunciado descontos em 22 modelos puramente eléctricos e híbridos plug-in até ao final de Junho: por exemplo, o mais barato da sua gama, o carro utilitário Seagull, verá o seu preço reduzido em 20 por cento para 55.800 yuan (6.793 euros). O maior corte será o do sedan híbrido Seal, cujo preço cairá 34 por cento, para cerca de 102.800 yuan (12.514 euros).

“Embora alguns destes descontos já estivessem a ser implementados em Abril, o anúncio oficial envia um sinal poderoso sobre o quão difícil é o mercado final”, explicam os analistas da Morgan Stanley, citados pela agência Bloomberg.

26 Mai 2025

Imobiliário | Wanda vende 48 centros comerciais por 50 mil milhões de yuan

O conglomerado Wanda recebeu luz verde das autoridades chinesas para vender 48 centros comerciais a um consórcio de investidores, numa operação que ascende a 50 mil milhões de yuan, avançou ontem a imprensa local.

O jornal oficial China Daily informou que a Administração Estatal para a Regulação do Mercado (SAMR) autorizou na semana passada a referida operação, que tem entre os compradores a gestora de activos privados PAG e o gigante tecnológico Tencent.

O negócio “destaca a consolidação contínua no mercado imobiliário comercial da China, com as principais empresas tecnológicas e financeiras cada vez mais atentas às oportunidades no sector”, indicou o jornal, no contexto da prolongada crise imobiliária do país e da fraca procura.

Estes 48 centros comerciais estão localizados em várias cidades do país, incluindo Pequim e Cantão (sudeste). Até ao momento, a SAMR não confirmou o valor da operação, mas o jornal Securities Times cita “fontes do mercado” que afirmam que o valor é de 50 mil milhões de yuan.

O fundador da Wanda, Wang Jianlin, chegou a deter 20 por cento do clube de futebol de Espanha Atlético de Madrid e o emblemático Edificio España, no centro de Madrid.

26 Mai 2025

Pequim alerta para espiões que se fazem passar por académicos, turistas ou amantes

Pequim afirmou ontem que os cidadãos chineses devem estar atentos a “rostos estrangeiros amigáveis” que possam ser espiões, incluindo falsos académicos, turistas e parceiros românticos que pretendem obter informações sobre o país.

Numa publicação na sua conta oficial nas redes sociais, o Ministério da Segurança do Estado da China escreveu que os espiões estrangeiros podem estar escondidos à vista de todos, utilizando várias identidades para levar a cabo actividades que ameaçam a segurança nacional do país.

O ministério destacou cinco identidades falsas habitualmente utilizadas por espiões estrangeiros: turistas que não fazem turismo, académicos que não realizam investigação real, empresários que não fazem negócios, e “amantes insinceros” que exploram relações para recolher informações.

Alguns agentes podem abordar estudantes chineses no estrangeiro e fingir ser “amigos estrangeiros que partilham os mesmos interesses”, para depois os tentarem recrutar através de relações amorosas, alertou o ministério.

“Não se deixem enganar por uma conversa doce e nunca lhes revelem informações sensíveis ou confidenciais”, alertou. O ministério também exortou o público a alertar as autoridades de segurança nacional sobre quaisquer pessoas ou actividades suspeitas.

Nos últimos anos, a China intensificou os trabalhos de contraespionagem, com o Ministério da Segurança do Estado a publicar uma série de mensagens nas redes sociais para sensibilizar o público para possíveis ameaças em contextos aparentemente normais.

Na publicação de domingo, o ministério alertou para académicos que “se aproximam de repente e de forma excessivamente calorosa” e para amigos estrangeiros e contactos online que são “excessivamente ansiosos e atentos” na procura de relações românticas.

Cuidados múltiplos

Os espiões estrangeiros podem infiltrar-se em universidades e institutos de investigação fazendo-se passar por académicos interessados em intercâmbios e colaboração, lê-se no comunicado. Eles podem também utilizar incentivos financeiros ou promessas de favores académicos ou pessoais para extrair informações sensíveis e tecnologias fundamentais da China, apontou.

É estritamente proibido levar material confidencial para eventos académicos no estrangeiro, acrescentou. Os cidadãos devem igualmente ter cuidado com turistas estrangeiros ocasionais e visitantes familiares que demonstrem interesse por paisagens naturais e pela geografia perto de zonas militares ou sensíveis, ou que vagueiem, fotografem ou tentem utilizar equipamento cartográfico de alta precisão nessas zonas.

As pessoas devem também estar atentas a quem tente induzir os residentes locais a efectuar levantamentos ilegais e reconhecimento no local por sua conta.

26 Mai 2025

Comércio | Presidente indonésio e PM chinês abordam expansão

Face aos ataques da administração norte-americana, os países do Sudeste Asiático vão desenvolvendo cada vez mais parcerias comerciais que favoreçam as economias da região

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se com o Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no domingo, para discutir formas de expandir o comércio, no contexto da guerra comercial lançada pelos Estados Unidos.

Li chegou à capital da Indonésia, Jacarta, no sábado à tarde, para uma visita de três dias à maior economia do Sudeste Asiático. Esta foi a primeira paragem da sua primeira visita ao estrangeiro este ano. A Indonésia e a China são membros do Grupo dos 20 (G20), que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes, e do grupo BRICS.

Li viajou com 60 empresários chineses para participar na Recepção Empresarial Indonésia–China, no sábado à noite. Nas suas declarações, sublinhou que a economia chinesa registou um crescimento rápido este ano, apesar dos crescentes desafios externos.

“A actual situação internacional é um impasse”, afirmou Li, no evento que contou também com a presença de Subianto. “O unilateralismo e o proteccionismo estão a aumentar, e o comportamento de intimidação está a crescer”, vincou.

Li referiu que este ano se assinala o 70.º aniversário da criação do Movimento dos Não Alinhados, iniciado por países asiáticos e africanos na cidade indonésia de Bandung, num momento em que o mundo se encontrava numa encruzilhada histórica.

O espírito de solidariedade, amizade e cooperação de Bandung desempenhou um papel fundamental na unidade e cooperação entre os países do Sul Global, afirmou. “Mais de sete décadas depois, o mundo está mais uma vez numa importante encruzilhada”, observou. Li apelou a todos os países para que procurem um terreno comum e resolvam as diferenças através do diálogo e da coexistência pacífica.

Em crescendo

Subianto expressou gratidão ao Governo chinês e às empresas chinesas que participaram na economia indonésia, “criaram postos de trabalho, transferiram tecnologia e geraram confiança entre todas as empresas”.

O líder convidou também os empresários chineses a investirem mais na Indonésia. O comércio bilateral ultrapassou os 147,8 mil milhões de dólares no ano passado, registando um crescimento de 6,1 por cento.

Li destacou que a China é, há nove anos consecutivos, o maior parceiro comercial da Indonésia. O programa de cooperação internacional “Faixa e Rota”, lançado por Pequim, tem registado um “progresso substancial” no país, incluindo a construção de fundições de níquel e da primeira ligação ferroviária de alta velocidade do Sudeste Asiático.

A Indonésia pretende desempenhar um papel mais relevante no fornecimento de níquel e outras matérias-primas aos fabricantes chineses de automóveis eléctricos, um sector em rápido crescimento.

Encontro de líderes

No domingo, Subianto recebeu Li numa cerimónia no Palácio Merdeka, em Jacarta, antes de ambos se encontrarem à porta fechada para uma reunião bilateral. “A actual situação internacional atravessa uma enorme perturbação, e o desenvolvimento pacífico enfrenta numerosos factores incertos e instáveis”, afirmou Li, no discurso de abertura.

Subianto sublinhou a estreita relação histórica entre a Indonésia e a China, afirmando que os dois países vivem um momento importante nas relações bilaterais. “Reitero o nosso empenho em reforçar a nossa parceria estratégica global com o povo e o Governo da China”, afirmou. “Acreditamos que isso trará benefícios não apenas para os dois países, mas também para toda a região asiática”, vincou.

26 Mai 2025

ASEAN | Malásia apela a maior união face a tarifas dos EUA

O sudeste asiático deve acelerar a integração económica, diversificar os mercados e manter-se unido face às perturbações no comércio global resultantes das tarifas dos Estados Unidos, disse ontem o chefe da diplomacia da Malásia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros malaio, Mohamad Hasan, falava durante a abertura da primeira cimeira anual de chefes de Estado e de Governo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur.

“Os países da ASEAN estão entre os mais afectados pelas tarifas impostas pelos EUA. A guerra comercial entre os EUA e a China está a perturbar drasticamente os padrões de produção e comércio em todo o mundo”, disse Mohamad.

O diplomata admitiu mesmo que “é provável que ocorra uma desaceleração económica global”. “Devemos aproveitar este momento para aprofundar a integração económica regional, para que possamos proteger melhor a nossa região de choques externos,” acrescentou Mohamad.

Os países da ASEAN, muitos dos quais dependem das exportações para os EUA, estão a sofrer com tarifas que variam entre 10 por cento e 49 por cento. Seis dos dez países membros da associação estavam entre os mais afectados, com tarifas que variavam entre 32 por cento e 49 por cento.

A ASEAN tentou, sem sucesso, marcar uma reunião inicial com os EUA como um bloco. A unidade da ASEAN é crucial, uma vez que a região lida com os impactos das alterações climáticas e com a perturbação causada pelo uso da inteligência artificial e de outras tecnologias não regulamentadas para fins criminosos, disse Mohamad.

O diplomata acrescentou que a ASEAN, cuja presidência rotativa pertence à Malásia, será testada pela pressão externa, incluindo uma rivalidade entre superpotências. “As pressões externas estão a aumentar, e o âmbito dos desafios nunca foi tão grande”, disse Mohamad. “Portanto, é crucial que reforcemos os laços que nos unem, para que não se desfaçam sob pressões externas. Para a ASEAN, a unidade é agora mais importante do que nunca”, sublinhou.

26 Mai 2025

Gaza | Ataques israelitas fazem 52 mortos desde sábado

Pelo menos 52 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o início da manhã de sábado devido a ataques aéreros israelitas, avançou a agência de notícias palestiniana Wafa. No sábado à noite, um drone das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atacou uma empresa familiar no bairro de Al Hakr, em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, matando cinco palestinianos.

Durante a noite, a força aérea israelita lançou também ataques contra comunidades a leste de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde vários helicópteros das IDF também abriram fogo. No norte do enclave, foram relatados ataques aéreos e “tiros intensos” por parte das forças israelitas em vários locais, incluindo Beit Lahia e a nordeste de Jabalia. As autoridades locais e médicas já tinham avançado a morte de pelo menos mais oito pessoas na Cidade de Gaza e mais sete em Rafah, no sul da Faixa, onde cerca de 60 pessoas ficaram também feridas.

O pior pesadelo

Os ataques surgem depois do Ministério da Saúde do Governo do Hamas, na Faixa de Gaza, ter registado 79 mortos na sexta-feira, entre eles nove filhos de uma pediatra, que se encontrava a trabalhar no hospital quando os corpos chegaram.

Segundo o Hamas, a pediatra Alaa al Najjaros encontrava-se a trabalhar no Hospital Nasser em Khan Younis (sul de Gaza) quando os corpos de nove dos seus 10 filhos (Yahya, Rakan, Raslan, Jibran, Eve, Rivan, Luqman, Sadeen e Sidra) chegaram após terem sido mortos num ataque à sua casa.

O marido da pediatra, Hamdi Al Najjar, e o único filho sobrevivente, Adam, ambos gravemente feridos, estão a ser tratados na unidade de cuidados intensivos. As imagens divulgadas após o ataque pela Quds News Network mostram Hamdi na maca com queimaduras graves.

A mais velha das crianças falecidas tinha 12 anos, de acordo com o director-geral do Ministério da Saúde de Gaza, Munir al-Bursh. O vídeo do resgate dos corpos mostra os agentes da Defesa Civil de Gaza e do Crescente Vermelho Palestiniano a retirarem da casa os corpos carbonizados das crianças, um após outro.

“Ela deixou-os para cumprir o seu dever e a sua missão para com todas as crianças que não encontram outro lugar no Hospital Nasser, que está cheio de gritos inocentes e enfraquecido pela doença, pela fome e pelo cansaço”, escreveu o médico, Youssef Abu Al Rish, numa nota divulgada ontem pelos serviços de saúde.

Dados actualizados, ontem, pelo Ministério da Saúde elevam para mais de 53.900 o número de pessoas mortas em Gaza desde que Israel lançou uma ofensiva. A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

26 Mai 2025

Pyongyang | Detidos três dirigentes após acidente com navio de guerra

O lançamento de um novo navio de guerra ficou marcado por um acidente que afectou o casco da embarcação, permitindo a entrada de água, e que levou ao cancelamento da cerimónia

 

A Coreia do Norte deteve três dirigentes no âmbito de uma investigação a um acidente ocorrido, na quarta-feira, durante a cerimónia de lançamento de um novo navio de guerra. “As autoridades detiveram Kang Jong Chol, engenheiro-chefe do Estaleiro Chongjin, Han Kyong Hak, chefe da oficina de construção do casco, e Kim Yong Hak, vice-director de assuntos administrativos”, disse o grupo que está a analisar o incidente, citado no sábado pela KCNA.

A agência de notícias oficial norte-coreana disse que o líder, Kim Jong-un, que esteve presente na cerimónia de lançamento do contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, descreveu o acidente como um “acto criminoso”.

Na sexta-feira, a KCNA tinha dito que uma inspecção subaquática e interna detalhada do navio de guerra “confirmou que, ao contrário do que foi inicialmente anunciado, não houve qualquer brecha no fundo do navio”. No entanto, “o casco de estibordo foi riscado e um pouco de água do mar entrou na secção de popa pela saída de emergência”, acrescentou a agência, garantindo que os danos sofridos pelo navio de guerra “não foram graves”.

“Não foram identificados mais danos no navio de guerra” e “o plano de reabilitação está a avançar conforme programado”, informou no sábado a KCNA. De acordo com os serviços de informação dos EUA e da Coreia do Sul, a “tentativa de lançamento lateral” do navio falhou.

O contratorpedeiro está actualmente inclinado na água, disseram os militares sul-coreanos. Imagens de satélite do local mostraram o navio deitado de lado, com a maior parte do casco submerso e coberto por capas azuis.

Em busca de equilíbrio

Hong Kil-ho, o director do estaleiro onde ocorreu o acidente, foi convocado por uma comissão militar na quinta-feira, acrescentou a KCNA.

Os especialistas norte-coreanos estimam que serão necessários “dois ou três dias para restaurar o equilíbrio do navio de guerra que bombeia água do mar da secção inundada”, disse a agência. A reparação do casco do contratorpedeiro deverá demorar cerca de dez dias, acrescentou.

O nome do barco não foi especificado. Em Abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon. Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.

A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”.

Segundo alguns especialistas, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares tácticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão. O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte.

26 Mai 2025

Brasil | Empresa chinesa GAC inicia vendas de veículos eléctricos e híbridos

A fabricante automóvel chinesa GAC quer vender até oito mil veículos eléctricos e híbridos no Brasil este ano e mais 29 mil até 2026, além de estabelecer uma linha de produção que descreveu como abrangente.

A GAC, o sexto maior construtor automóvel da China, disse na sexta-feira, num evento em São Paulo, que vai começar já a vender quatro modelos em 83 concessionários, embora o objectivo seja atingir 120 pontos de venda até ao final do ano.

Os modelos variam de preço desde os 169 mil reais (26.300 euros), o mais barato, até aos 350 mil reais (54.500 euros), o mais caro.

O presidente da GAC, Feng Xingya, disse em comunicado que vão produzir automóveis “com as tecnologias mais modernas do mundo” e que o Brasil é, a partir de agora, um “mercado prioritário” para eles. Xingya acrescentou que a missão da empresa é tornar o sector mais competitivo e alinhá-lo com os princípios da mobilidade verde e da eficiência energética.

A empresa, que opera em aproximadamente 70 países e produz mais de dois milhões de automóveis anualmente, prometeu criar um centro de inovação e desenvolvimento no país sul-americano para apoiar as operações. Os executivos da empresa anunciaram na semana passada, durante uma reunião com o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que vão investir 1,3 mil milhões de dólares no país, sem especificar um prazo.

A rival chinesa BYD anunciou no final de 2024 que planeava começar a produzir veículos eléctricos no Brasil a partir de Março, com o objectivo de fabricar 150 mil unidades ao longo do ano, número que duplicaria até 2026. O Governo brasileiro tem procurado aumentar o investimento na produção de veículos menos poluentes através de um programa de incentivo fiscal.

26 Mai 2025

Hong Kong | Patriotas em festa de 1 a 5 de Junho

Grupos patriotas de Hong Kong vão realizar pelo terceiro ano consecutivo uma festa, apoiada pelo Governo do território, que coincide com mais um aniversário dos acontecimentos de 1989 em Pequim, em Tiananmen. O evento tem lugar de 01 a 05 de Junho no Parque Victoria, que durante mais de três décadas, até 2019, foi o local das vigílias anuais para assinalar Tiananmen.

Rock Chen, da Associação de Moradores Unidos de Zhejiang, disse ao jornal de Hong Kong South China Morning Post que o programa e o local são “os mesmos dos anos anteriores”, sublinhando que “não há intenção de ofuscar o aniversário” do 04 de Junho de 1989. Este ano, o carnaval vai incluir “experiências de inovação e tecnologia, uma competição desportiva, bem como delícias culinárias tradicionais e espectáculos culturais de várias províncias chinesas”.

26 Mai 2025

Comércio | Pequim e Berlim querem relações económicas estáveis

Xi Jinping e Friedrich Merz falaram ao telefone para acertar agulhas sobre as trocas comerciais entre as duas nações e reforçar as ligações económicas entre a China e a União Europeia

 

A China e a Alemanha defenderam sexta-feira o estabelecimento de laços “estáveis e previsíveis” entre Pequim e Berlim, envolvendo a União Europeia (UE), com o chanceler alemão a salientar a importância de uma “concorrência leal” nas relações económicas.

Segundo um porta-voz do Governo de Friedrich Merz, e na primeira conversa telefónica com Xi Jinping, o chanceler alemão insistiu na “concorrência leal”, mas também na “reciprocidade” entre as duas potências, numa altura em que o intenso comércio entre a China e a Alemanha está repleto de tensões geopolíticas e económicas.

Por seu lado, o Presidente chinês, Xi Jinping, criado pela agência noticiosa estatal Xinhua, apelou a Merz para que estabeleça laços “estáveis e previsíveis” entre Pequim e Berlim, bem como com a União Europeia.

“O estatuto correcto das relações entre a China e a Alemanha e entre a China e a União Europeia é o de parceiros”, afirmou Xi, acrescentando que “um ambiente político estável e previsível é um garante importante da cooperação bilateral”.

Xi Jinping apelou também à Alemanha para que abra caminho a mais investimentos bilaterais entre os dois países. “Espero que a Alemanha forneça mais apoio político e facilidades para a cooperação bilateral de investimento, bem como um ambiente de negócios justo, transparente e não discriminatório para as empresas chinesas”, disse Xi Jinping.

Merz, por seu lado, também exortou Pequim a apoiar os esforços de paz na Ucrânia, sublinhando a “vontade de trabalhar em parceria para enfrentar os desafios globais”.

“Os dois líderes discutiram a guerra de agressão russa contra a Ucrânia. O chanceler informou sobre os esforços conjuntos da Europa e dos Estados Unidos para alcançar um cessar-fogo rápido. Pediu que estes esforços fossem apoiados”, de acordo com um comunicado de imprensa do governo alemão.

Na quinta-feira, após uma conversa telefónica com Xi, o Presidente francês Emmanuel Macron, assegurou ao homólogo chinês que partilhava “o mesmo objectivo em relação à guerra conduzida pela Rússia”: “uma paz duradoura e sólida [que] começa com um cessar-fogo imediato e incondicional”.

Troca de matérias

Numa altura em que o intenso comércio entre a China e a Alemanha está repleto de tensões geopolíticas e económicas, Merz sublinhou a importância da “concorrência leal” e da “reciprocidade” entre as duas potências durante o seu encontro com Xi.

Muitos produtos chineses subsidiados estão a inundar a Europa, e o mercado alemão em particular, suscitando preocupações quanto ao impacto na indústria local. Estes produtos vão desde os carros eléctricos, apoiados por subsídios estatais, aos painéis solares chineses baratos, bem como o actual braço de ferro sobre o aço.

Por seu lado, Xi pediu à Alemanha que desse mais apoio ao investimento bilateral, segundo a imprensa estatal chinesa.

26 Mai 2025

Timor-Leste | Admitida proibição permanente artes marciais

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, admitiu ontem a possibilidade de proibir de forma permanente a prática de artes marciais no país, por considerar que continuam a dividir os jovens timorenses.

“Esta tudo a correr bem, apesar de ainda haver problemas em alguns locais. Por isso, é que hoje (ontem) propus que, no Conselho de Ministros, analisemos o melhor caminho, que talvez seja mesmo acabar com isso, porque essa questão está a dividir os jovens”, disse Xanana Gusmão.

“Nós os dois somos primos irmãos [primos diretos], mas, só porque pertencemos a grupos de artes marciais diferentes, temos de nos afastar e já não nos damos bem”, lamentou o primeiro-ministro. O chefe do Governo timorense falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente José Ramos-Horta no Palácio da Presidência, em Díli, antes da reunião do Conselho de Ministros.

Xanana Gusmão mostrou também preocupação com o comportamento dos jovens, salientando que os relatórios de segurança indicam que continuam a ocorrer problemas, incluindo agressões físicas, e defendeu que, por isso, é preciso tomar uma decisão.

Na terça-feira, durante a cerimónia de içar da bandeira nacional, no âmbito das celebrações do 23.º aniversário da restauração da independência, confrontos entre jovens provocaram um morto no posto administrativo de Cailaco, no município de Bobonaro.

Segundo a Polícia Nacional de Timor-Leste, os jovens envolvidos nos confrontos pertenciam a dois grupos de artes marciais, que desde segunda-feira estavam em conflito, tendo também atacado a casa de um veterano.

No início de Abril, o Governo de Timor-Leste decidiu prolongar a suspensão do ensino, aprendizagem e prática de artes marciais até ao final de 2025 para continuar a consolidar a paz social e assegurar que no futuro a prática das artes marciais decorra exclusivamente no âmbito desportivo.

23 Mai 2025

Seul | Pyongyang disparou mísseis de cruzeiro para o mar

O exército da Coreia do Sul disse que a Coreia do Norte disparou ontem mísseis de cruzeiro não identificados para o mar, horas depois de Pyongyang ter admitido um “grave acidente” com um novo navio de guerra.

O Estado-Maior Conjunto sul-coreano afirmou ter detectado os mísseis perto da província de Hamgyong do Sul, no leste da Coreia do Norte, que foram disparados em direcção ao mar do Japão.

O lançamento aconteceu horas depois da imprensa oficial da Coreia do Norte ter avançado com um “grave acidente” que ocorreu durante a cerimónia de lançamento de um navio de guerra. Durante a cerimónia de lançamento de um contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, “ocorreu um acidente grave”, informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, estava presente na cerimónia, realizada na quarta-feira, no nordeste do país, e disse que foi um “acto criminoso causado por negligência absoluta” que “não podia ser tolerado”, referiu a KCNA.

Apontando para a “inexperiência do comando e negligência operacional” durante o lançamento, a agência disse que “algumas secções do fundo do navio de guerra foram esmagadas” e que o acidente “destruiu o equilíbrio do navio de guerra”.

Kim disse que os “erros irresponsáveis” dos culpados seriam “abordados na reunião plenária do Comité Central do Partido, a realizar no próximo mês”. O nome do barco não foi especificado. Em Abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon.

Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder. A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”.

23 Mai 2025

Filipinas | Presidente exige demissão do Governo

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., exigiu ontem a demissão de todos os membros do Governo, depois de ter obtido um resultado pior do que o esperado nas eleições intercalares de 12 de Maio.

Marcos Jr. “solicitou a demissão por cortesia de todos os secretários de gabinete”, disse o palácio presidencial em comunicado, uma medida que visa dar ao Presidente “a margem de manobra necessária para avaliar o desempenho de cada departamento e determinar quem continuará a servir”.

A ordem foi tomada depois de os candidatos apoiados por Marcos Jr. ao Senado, a câmara alta do parlamento das Filipinas, terem obtido menos lugares do que o esperado nas eleições intercalares realizadas a 12 de Maio.

“O povo falou e espera resultados, não manobras políticas ou desculpas. Nós ouvimo-los e vamos agir”, disse o Presidente. As eleições ficaram marcadas pela disputa entre os candidatos de Marcos Jr. e os apoiados pela vice-presidente e ex-aliada Sara Duterte.

A votação aconteceu meses depois de o pai, o ex-Presidente Rodrigo Duterte (2016-2022), ter sido extraditado para ser julgado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional devido à guerra contra as drogas. Apesar de estar detido em Haia, Rodrigo Duterte foi reeleito como presidente da câmara de Davao, em Mindanao, no sul das Filipinas, cargo que ocupou antes de concorrer a chefe de Estado.

A Presidência declarou ontem que os serviços governamentais “continuarão ininterruptos” durante a transição, durante a qual avaliará o desempenho dos actuais secretários antes de decidir se serão ou não substituídos.

Em queda

O filho do falecido ditador Ferdinand Marcos (1917-1989) tem três anos até ao final do mandato e, de acordo com o comunicado, a renovação ministerial representa “uma nova fase totalmente focada nas necessidades mais urgentes da população”.

Até ao momento, mais de uma dúzia dos 23 secretários do Executivo demitiram-se ou anunciaram a intenção de abandonar o cargo, juntamente com líderes de agências sob o controlo do Presidente, como a Autoridade de Desenvolvimento Metropolitano de Manila.

Entre eles estava o secretário das Finanças, Ralph G. Recto, que, em comunicado, elogiou a “decisão ousada” tomada “com o desejo de dar prioridade às pessoas e ao país”. O secretário da Energia, Raphael Lotilla, observou que a ordem de demissão é “uma excelente oportunidade para fazer um balanço e revigorar o Governo”.

A medida foi tomada depois de o Presidente ter reconhecido na segunda-feira que os maus resultados das eleições se deveram à decepção dos filipinos com o desempenho do Governo. A taxa de aprovação de Marcos Jr. caiu para 25 por cento, de acordo com uma sondagem realizada em Março, uma queda acentuada face à taxa de 42 por cento em Fevereiro.

Os entrevistados apontaram a falha do Governo em controlar a inflação, a corrupção desenfreada no país e a falta de medidas para combater a pobreza.

23 Mai 2025