Tencent | Lucros de 20,2 mil milhões de euros até Setembro

A tecnológica chinesa Tencent registou um lucro líquido de 166.582 milhões de yuan nos primeiros três trimestres do ano, uma subida de 17 por cento face ao mesmo período de 2024.

Num comunicado enviado ontem à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa indicou que a faturação total cresceu 14 por cento em termos homólogos, para 557.395 milhões de yuan. Entre Julho e Setembro, a empresa aumentou as receitas em 15 por cento e os lucros em 19 por cento, um “crescimento sólido” sustentado por tendências positivas nas áreas dos videojogos, serviços financeiros digitais e publicidade.

Embora outras gigantes tecnológicas chinesas, como a Alibaba, estejam a dominar os destaques na área da inteligência artificial (IA), a Tencent destacou os ganhos da sua “aposta estratégica” no sector, nomeadamente na segmentação de anúncios e retenção de utilizadores nos seus videojogos. A inteligência artificial está também a ser usada para melhorar a eficiência na programação e produção de jogos e vídeos.

A empresa salientou as capacidades do seu modelo Hunyuan, que considera “líder do sector” na geração de imagens e conteúdos em 3D, e anunciou novos investimentos no assistente de IA Yuanbao e na integração de funcionalidades avançadas na rede social WeChat.

Por partes

Entre os três grandes segmentos de negócio da Tencent, a publicidade registou o maior crescimento no terceiro trimestre (+21 por cento), impulsionada pela utilização de IA na alocação de anúncios. Ainda assim, continua a ser o sector com menor peso nas receitas, atrás dos serviços financeiros (+10 por cento) e dos serviços de valor acrescentado (+16 por cento) – que incluem videojogos e redes sociais e representam quase metade do total.

Os videojogos viram as receitas crescer 15 por cento no mercado chinês, com lançamentos como Delta Force, e 43 por cento a nível internacional, graças ao desempenho de títulos da Supercell, como Clash of Clans. As redes sociais aumentaram a faturação em 5 por cento, com destaque para as plataformas de ‘streaming’, música e minijogos.

A WeChat, equivalente chinês ao WhatsApp – bloqueado na China –, atingiu 1.414 milhões de utilizadores activos mensais no final de Setembro, mais 32 milhões do que há um ano. A Tencent é actualmente a empresa com maior capitalização bolsista da China e uma das 20 maiores do mundo, destacando-se como líder global em videojogos e desenvolvedora da popular rede social WeChat.

14 Nov 2025

Japão | Polícia abate ursos com espingardas após subida de ataques

Um regulamento que entrou ontem em vigor no Japão permite à polícia nipónica abater ursos-pardos com espingardas em caso de perigo iminente, numa altura em que uma onda de ataques contra humanos já causou treze mortos. Até agora, as regras só permitiam à polícia a utilização de armas de alto calibre em casos extremos, mas desde ontem, os agentes podem usar caçadeiras contra os ursos, naquilo a que as autoridades chamaram de “caçadas de emergência”.

Uma das províncias para onde as equipas de atiradores da polícia vão estar destacadas é Akita, no norte do arquipélago, onde estava prevista uma cerimónia simbólica ontem para assinalar o início das operações. Akita é uma das prefeituras onde se registou o maior número de ataques de ursos. Desde Abril, pelo menos 13 pessoas foram mortas em 220 ataques em todo o país, de acordo com dados do Ministério do Ambiente.

Foi para a mesma província que o Governo japonês enviou tropas das Forças de Autodefesa (exército), embora estas não estejam autorizadas a disparar e as tarefas se limitem a colocar armadilhas e a prestar apoio. Na quarta-feira, a primeira-ministra, Sanae Takaichi, classificou o aumento dos ataques de ursos como “uma ameaça séria” e prometeu reforçar o apoio financeiro aos governos locais que estão a combater o problema.

A preocupação com os ataques também levou a um alerta da embaixada dos Estados Unidos, que na quarta-feira avisou, numa circular, que os incidentes “aumentaram em algumas partes do Japão”, apelando aos cidadãos norte-americanos para evitarem áreas onde foram avistados ursos.

Os ursos estão a aventurar-se cada vez mais longe dos habitats tradicionais e nas zonas urbanas devido a vários factores, de acordo com autoridades e especialistas. Uma má colheita de bolotas, Invernos mais quentes que atrasam a hibernação ou o despovoamento das zonas rurais e o envelhecimento da população são algumas das causas que explicam o aumento dos ataques, de acordo com o Ministério do Ambiente.

14 Nov 2025

Visita Felipe VI à China | Rainha Letizia homenageia professores de espanhol

A obra “Cem Anos de Solidão” e a cantora Rosalía estão entre os principais motivos que levam milhares de jovens chineses a estudar espanhol, disse ontem a Universidade Beiwai, em Pequim, durante a visita da rainha de Espanha. Segundo dados da universidade, cerca de 60.000 alunos estudam espanhol em toda a China, incluindo 400 na Beiwai (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), o principal centro de ensino da língua espanhola no país.

A rainha Letizia participou num evento de homenagem à língua espanhola e aos professores que impulsionaram o seu ensino na China, incluindo docentes espanhóis que, em contextos diversos contribuíram para o desenvolvimento do ensino do castelhano em instituições como a Beiwai desde os anos 1950.

Acompanhada pelo reitor da universidade, Jia Wenjian, e pelo director da Faculdade de Estudos Hispânicos, Chang Fuliang, a rainha ouviu testemunhos de estudantes e professores sobre o crescente interesse pela língua e cultura hispânicas. “Saber espanhol está na moda na China”, disse Chang Fuliang, citado pela agência EFE, sublinhando que o interesse ganhou força sobretudo a partir da entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001.

Actualmente, mais de 13.500 estudantes chineses estão matriculados em cursos superiores de espanhol em Espanha.

À entrada do campus, uma faixa com a mensagem “Calorosa boas-vindas a Sua Majestade a Rainha de Espanha, Dona Letizia Ortiz Rocasolano” recepcionou a monarca, que foi aplaudida por centenas de estudantes empunhando bandeiras espanholas e chinesas e registando o momento com os telemóveis.

Durante a cerimónia, foi inaugurada uma placa comemorativa da embaixada de Espanha e da universidade, dedicada à memória dos professores espanhóis pioneiros que leccionaram espanhol na China a partir da década de 1950.

A primeira turma de licenciados em espanhol formou-se em 1973 e, actualmente, existem cerca de 3.000 professores da língua no país, a maioria chineses. Uma reforma curricular de 2018 permitiu a inclusão do espanhol, francês e alemão como línguas estrangeiras no ensino secundário chinês. Cerca de 200 escolas de ensino básico e secundário oferecem aulas de espanhol, cinco das quais com secções bilingues.

De acordo com dados recentes, 106 universidades chinesas possuem departamentos de espanhol, formando anualmente cerca de 5.000 licenciados. Outros 60.000 estudantes frequentam cursos em instituições de ensino não superior, escolas privadas ou cursos extracurriculares. Vários estudantes citados pela EFE disseram que o gosto por autores de língua espanhola ou pela música de artistas como Rosalía esteve na origem da sua escolha académica.

14 Nov 2025

Dia dos Solteiros’ | Subida de 14% nas vendas emedição mais longa de sempre

As vendas no ‘Dia do Solteiro’, o maior festival de comércio electrónico da China, aumentaram 14,2 por cento face ao ano passado, atingindo 1,7 biliões de yuan, segundo estimativas divulgadas ontem. A edição deste ano foi a mais longa de sempre, com 37 dias de duração, começando a 07 de Outubro, uma semana antes do habitual, o que ajuda a explicar parte do crescimento, salientou a consultora Syntun.

Segundo o relatório da Syntun publicado na rede social WeChat, o crescimento foi impulsionado também pela explosão do chamado “comércio instantâneo” – um modelo promovido pela Alibaba que promete entregas em poucas horas não só de refeições, mas também de roupa e outros produtos.

As plataformas que lideraram as transações foram a Tmall (do grupo Alibaba), a JD.com e a Douyin, a versão chinesa do TikTok, refletindo a crescente popularidade do comércio electrónico mediado por vídeos.

Entre as categorias de produtos mais vendidos estiveram os eletrodomésticos (16,5 por cento do total), os telemóveis e dispositivos digitais (14,6 por cento) e o vestuário (14 por cento). A Syntun apontou ainda para um maior interesse dos consumidores por produtos saudáveis – inclusive em alimentos para animais – e pela aplicação de inteligência artificial em tarefas de marketing, logística e atendimento ao cliente.

Apesar do volume recorde, o evento tem perdido parte do seu brilho, não só porque já não se limita ao dia 11 de Novembro – originalmente a única data com grandes descontos – mas também devido à decisão de plataformas como a Alibaba de abandonar as tradicionais galas transmitidas em directo com a actualização em tempo real das vendas.

“Tenho saudades do tempo em que esperávamos pela meia-noite do dia 11 e competíamos para apanhar verdadeiras pechinchas”, escreveu uma utilizadora na rede social Weibo, acrescentando: “Agora os preços mudam constantemente e já nem entendo as promoções”.

14 Nov 2025

Visita | Felipe VI defende diálogo com China

No fim de uma visita à China com forte cariz comercial, o rei espanhol defendeu a importância de manter o diálogo com o gigante asiático sem deixar de abordar questões mais sensíveis como os direitos humanos

O rei Felipe VI encerrou ontem a visita de Estado à China reiterando a importância de manter um “diálogo frutuoso” com Pequim, sem abdicar da defesa dos direitos humanos e da democracia.

Num encontro com a comunidade espanhola em Pequim, no último dia da visita de três dias, o monarca sublinhou que “a Espanha continuará a defender os seus valores – democracia, Direito Internacional, direitos humanos e cooperação multilateral – com confiança em quem é como nação: moderna, solidária, criativa, aberta e comprometida com os grandes desafios do nosso tempo”.

Foi a primeira vez, durante a visita, que Felipe VI abordou publicamente o tema dos direitos humanos, uma das questões mais sensíveis nas relações com a China. Segundo o Governo espanhol, o assunto é regularmente tratado nos contactos diplomáticos bilaterais e no quadro do diálogo específico entre a União Europeia e a China sobre esta matéria.

“A China é hoje um actor-chave na cena internacional, com enormes desafios e transformações em curso”, afirmou o monarca, destacando que Madrid mantém com Pequim “um diálogo europeu e próprio”, assente no respeito e benefício mútuo. O rei manifestou satisfação com o resultado da visita, iniciada na terça-feira na cidade de Chengdu, e considerou que a deslocação simbolizou “a renovação de uma vontade partilhada de construir uma relação pragmática e ambiciosa”.

Felipe VI destacou ainda o papel dos mais de 5.200 espanhóis a viver na China como “ponte viva” entre os dois países. “A Espanha valoriza-vos e sente orgulho em vós”, disse, enaltecendo o contributo da comunidade para o reforço dos laços bilaterais nos domínios empresarial, científico, educativo, cultural e institucional.

“Representam uma Espanha que sabe adaptar-se sem perder a sua identidade, colaborar sem renunciar aos seus valores, estender a mão sem deixar de erguer a voz quando necessário”, sublinhou.

Falar de negócios

Antes do encontro com a comunidade, o monarca participou num pequeno-almoço com o Conselho Empresarial Espanha-China, promovido pela Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) e pelo Ministério da Economia espanhol, em colaboração com o Ministério do Comércio chinês e a associação CHINCA.

No evento, Felipe VI defendeu “previsibilidade” e segurança jurídica para as empresas espanholas, e apelou à criação de um ambiente de confiança. “A concorrência leal, o respeito pelos direitos de propriedade intelectual e industrial, e a reciprocidade no acesso aos mercados são condições essenciais para garantir uma competição justa”, afirmou.

Acrescentou ainda que os benefícios do comércio “devem alcançar toda a população”, defendendo a inserção das empresas nas cadeias locais de valor, a criação de empregos qualificados e uma efectiva transferência de conhecimento.

“Convergência de posições”

A China afirmou ontem que Pequim e Madrid partilham posições semelhantes em vários assuntos internacionais e reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e o papel das Nações Unidas. Durante uma conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jean, declarou que o Presidente da China, Xi Jinping, e o rei Felipe VI, de Espanha, coincidiram na defesa da resolução de conflitos “através do diálogo e da consulta” e no apoio à ONU como “núcleo do sistema internacional”, durante um encontro em Pequim.

“As duas partes sempre se pautaram pelo respeito mútuo e pela igualdade, promovendo conjuntamente o desenvolvimento contínuo da sua parceria estratégica integral, que trará mais benefícios aos povos de ambos os países e contribuirá para a paz e estabilidade mundiais”, afirmou Lin. O porta-voz destacou ainda a “forte dinâmica interna” das relações bilaterais, visível na intensificação dos laços políticos e quase quadruplicação do comércio bilateral ao longo das últimas duas décadas.

Na quarta-feira, Felipe VI reuniu-se com Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, numa cerimónia marcada por fortes componentes protocolares e a assinatura de dez acordos bilaterais nas áreas económica, científica e cultural. O monarca espanhol encontrou-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji.

14 Nov 2025

Académico defende integração de cadeias industriais China-África

O académico chinês Tang Xiaoyang defendeu ontem uma nova fase na cooperação entre China e África, centrada na integração de cadeias de valor industriais, aproveitando os polos empresariais chineses já estabelecidos no continente africano.
Professor e director do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Tsinghua, Tang argumentou num artigo publicado no Orange News, um portal de notícias em Hong Kong, que os fundamentos estruturais da relação comercial entre a China e África permanecem sólidos, apesar do abrandamento do comércio e das pressões geopolíticas.
Em vez de apostar apenas na escala, é tempo de aprofundar a qualidade e integração dos projectos existentes, defendeu.
“O momento é propício para transformar projectos dispersos em cadeias completas e integradas, com investimento coordenado nos segmentos industrial, logístico e financeiro”, escreveu Tang.
Desde o início do século, impulsionado pela Iniciativa Faixa e Rota e pelo Fórum de Cooperação China – África (FOCAC), o comércio bilateral cresceu a uma média anual de quase 14 por cento, passando de 39,6 mil milhões de dólares em 2005 para 295,4 mil milhões em 2024, segundo dados oficiais. A China é o maior parceiro comercial de África há 16 anos consecutivos.
África fornece sobretudo matérias-primas, como petróleo, minérios e cobre, enquanto a China exporta maquinaria, equipamentos de transporte e bens de consumo.
Para ultrapassar este modelo, Tang defendeu o reforço do investimento chinês em sectores industriais africanos, com base em três eixos: cadeias de valor completas na mineração, na agricultura e na indústria ligeira de bens de consumo. Cada eixo deve incluir não apenas produção, mas também etapas intermédias, como refinação, transformação e logística.
“Um dos grandes entraves ao desenvolvimento industrial de África são cadeias de fornecimento fragmentadas e pouco fiáveis”, afirmou. “Mesmo embalagens ou componentes básicos precisam de ser importados, elevando os custos de produção e comprometendo a competitividade”, descreveu.
Tang identificou dezenas de polos industriais chineses já operacionais em África – em sectores como têxteis, calçado, reciclagem de plásticos e aço, ou agroalimentar – que podem ancorar cadeias produtivas locais e regionais.

Elementos nucleares
A digitalização e os sectores extrativos também são centrais nesta visão. A presença de empresas como Huawei, ZTE, Transsion ou StarTimes tem contribuído para transformar as telecomunicações em África. No sector da mineração, Tang salientou o contributo da tecnologia e gestão chinesas para modernizar a exploração de recursos e aumentar a eficiência.
O académico notou que as autoridades africanas têm vindo a reforçar as suas estratégias de industrialização. Planos como a Agenda 2063 da União Africana ou iniciativas nacionais na Etiópia, Ruanda e África do Sul apontam nesse sentido.
“A complementaridade estrutural entre África e a China é evidente: África carece de capacidades industriais, enquanto a China detém o sistema produtivo mais completo do mundo”, escreveu Tang.
Em 2024, a China representou 28 por cento do valor acrescentado industrial global e lidera a escala industrial mundial há 15 anos consecutivos.
O artigo defendeu que o modelo de infraestrutura e industrialização sino-africano deve equilibrar sustentabilidade comercial com benefícios públicos, como tem sido feito em grandes projectos ferroviários, portuários e energéticos em África. O objectivo é criar “um ciclo virtuoso em que infraestrutura e indústria se reforcem mutuamente”, lê-se no artigo.
A opinião de Tang Xiaoyang surge numa altura em que os Estados Unidos ultrapassaram a China como maior investidor directo estrangeiro em África em 2023, de acordo com dados da China Africa Research Initiative, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos.

13 Nov 2025

Filipinas | Pelo menos 27 mortos e 3,6 milhões de afectados por tufão

Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afectadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram ontem as autoridades locais.
De acordo com o último relatório do Conselho Nacional de Redução e Gestão de Riscos de Desastres das Filipinas (NDRRMC), o número de mortos subiu ontem de 18 para 27, enquanto as equipas de resgate procuram duas pessoas desaparecidas. Trinta e seis pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.
Do total de mortes, 19 foram registadas na Região Administrativa de Cordillera, a norte de Manila, a região mais devastada por chuvas torrenciais, deslizamentos de terra e inundações nas últimas 72 horas.
O NDRRMC actualizou também o número de pessoas afectadas, de 2,4 milhões para 3,6 milhões, das quais 171.786 famílias estão em centros de evacuação e mais de 100.000 pessoas foram deslocadas pelo mau tempo, estando a receber assistência nas ruas em 16 regiões do país.
As autoridades reportaram mais de sete mil casas completamente destruídas e outras 33.000 parcialmente danificadas, além de 37 pontes que colapsaram e 12 autoestradas nacionais inundadas.
O governo mobilizou mais de 10 mil pessoas para responder à emergência, incluindo agentes de segurança, equipas de resgate e profissionais de saúde.

O tufão Fung-wong, conhecido localmente como Uwan, atingiu as Filipinas no domingo, afectando principalmente as regiões norte e central do país, antes de se deslocar para o Mar do Sul da China na segunda-feira, enfraquecido e seguindo em direção a Taiwan, onde era esperado ontem à noite.
A agência meteorológica filipina, PAGASA, classificou ontem Fung-wong como uma tempestade tropical, com ventos 61 quilómetros por hora (km/h), depois de ter atingido a força de um supertufão nos últimos dias, com rajadas até 230 km/h.
A passagem de Fung-wong pelas Filipinas acontece enquanto o país ainda está a recuperar do tufão Kalmaegi, que atingiu o arquipélago na semana passada, fazendo 232 mortos e mais de 100 desaparecidos, segundo a Defesa Civil.

13 Nov 2025

Cooperação | Espanha e China reforçam comércio agroalimentar

Espanha e China assinaram ontem três novos protocolos para reforçar o comércio bilateral nos sectores da pesca, aquicultura e carne de porco, incluindo um mecanismo que permite restringir eventuais surtos de peste suína africana a regiões específicas.
Os acordos foram celebrados no âmbito da visita de Estado dos reis de Espanha à China, indicou o Ministério espanhol da Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA), em comunicado.
Para o ministro Luis Planas, os protocolos “consolidam a confiança sanitária mútua e ampliam as oportunidades de exportação para o sector agroalimentar espanhol”, lê-se na nota.
O destaque vai para o novo protocolo de regionalização da peste suína africana, que entrou ontem em vigor, e que estabelece a aceitação por parte da China do princípio de “compartimentação”, já aplicado por Espanha.
Na prática, caso se registem surtos da doença, as restrições à exportação serão limitadas à zona afectada, permitindo que o restante território espanhol continue a exportar carne de porco para o mercado chinês.
Planas classificou o acordo como “chave” para proteger o sector suinícola, um pilar estratégico das exportações espanholas, reforçando a “confiança internacional na produção espanhola”.
Segundo dados oficiais, as exportações espanholas de carne de porco para a China totalizaram 540 mil toneladas em 2024, num valor superior a 1.097 milhões de euros, confirmando a relevância do sector no comércio externo.
Os dois países assinaram ainda dois protocolos adicionais relativos a produtos da pesca e aquicultura.
O primeiro estabelece os requisitos sanitários e de quarentena para óleo, farinha de peixe e outras proteínas e gorduras de origem aquática destinadas à alimentação animal, facilitando o comércio destes subprodutos espanhóis.
O terceiro protocolo regula os requisitos de inspeção, quarentena e segurança alimentar para produtos da aquicultura destinados à exportação, exigindo que os estabelecimentos espanhóis cumpram os padrões sanitários exigidos por ambos os países.

Segundo o MAPA, o objectivo é reforçar a confiança nas exportações de aquicultura espanhola, reconhecida pela “alta qualidade e controlo sanitário”.
A Organização Interprofissional Agroalimentar do Porco Branco (Interporc) saudou o protocolo de regionalização, considerando-o um “avanço estratégico de máxima relevância” para o sector e sublinhando que o acordo garante a “estabilidade dos fluxos comerciais” com a China.
Num comunicado, a organização agradeceu o “intenso trabalho” do MAPA, dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia, bem como da embaixada de Espanha em Pequim e do rei Felipe VI, cujo papel foi descrito como “fundamental para o êxito” das negociações.

13 Nov 2025

Comércio | Exigidas licenças para exportação de químicos para os EUA, México e Canadá

Pequim intensifica o controlo sobre a exportação de componentes químicos que podem levar ao fabrico de drogas como o fentanil

 

A China anunciou ontem o endurecimento dos controlos de exportação de produtos químicos que podem ser utilizados no fabrico de drogas sintéticas, particularmente o fentanil, nomeadamente para os Estados Unidos, o México e o Canadá.

Segundo uma declaração conjunta do Ministério do Comércio e de outras agências chinesas, a medida entra em vigor imediatamente e incorpora também uma lista específica de 13 produtos químicos sujeitos a controlos especiais para estes três países.

As exportações para outros destinos não vão necessitar de autorização.

O Ministério chinês justificou o ajustamento como parte dos esforços para “melhorar a gestão da exportação de produtos químicos susceptíveis de desvio” para usos proibidos.

O Ministério do Comércio já aplicava controlos semelhantes ao Myanmar, Laos e Afeganistão, países que já constavam anteriormente da lista de destinos considerados de alto risco para o desvio de produtos químicos.

Com o ajuste ontem anunciado, os Estados Unidos, o México e o Canadá juntam-se a este grupo, embora com uma lista diferente de 13 compostos focados nos derivados da piperidina, base de inúmeros opioides sintéticos, como o fentanil.

Aliviar tensões

O anúncio surge depois da assinatura dos acordos este mês entre os Presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o encontro na cidade sul-coreana de Busan, que incluiu compromissos de cooperação no combate às drogas e o alívio das restrições e taxações comerciais após meses de tensões.

Nesse encontro, Pequim e Washington concordaram em intensificar a colaboração para combater o tráfico de fentanil, um opioide sintético responsável por dezenas de milhares de mortes anualmente nos Estados Unidos, que segundo Washington é fabricado pelos cartéis mexicanos a partir de produtos originários da China.

Trump anunciou, então, que iria reduzir as tarifas sobre as importações chinesas de 20 por cento para 10 por cento, como parte de uma trégua comercial de um ano, que inclui também reduções tarifárias e a suspensão de vários controlos de exportação por parte da China sobre materiais estratégicos, como as terras raras, que são muito cobiçadas pelos norte-americanos.

11 Nov 2025

Internet | Angolano é rosto africano da economia digital chinesa

Seis anos após começar a publicar vídeos “por brincadeira”, o angolano João Gabriel Kamosso soma hoje 30 milhões de seguidores em plataformas chinesas e vive do comércio electrónico em directo, na maior indústria digital do mundo.
Natural da cidade de Huambo e conhecido nas redes sociais chinesas como ‘Laoma’, Kamosso, de 29 anos, vive actualmente em Changsha, capital da província de Hunan, no centro da China, onde produz vídeos curtos e faz transmissões em directo para um público exclusivamente chinês.
“No começo foi ‘streaming’ de jogos, mas agora comecei a vender produtos, coisas de comer, sobretudo, em comércio electrónico”, disse à agência Lusa.
Na plataforma Kuaishou, soma 18 milhões de seguidores. Na Douyin, versão chinesa do TikTok, tem 12 milhões. “Os seguidores aumentaram muito desde 2019”, quando tinha três milhões, contou.
Nos últimos meses lançou também um canal no YouTube, direccionado ao público chinês, com vídeos falados apenas em mandarim e sem legendas. “Em alguns meses já consegui 30 mil seguidores”, afirmou.
Kamosso começou por publicar vídeos curtos com trocadilhos em mandarim e sátiras com duplas interpretações da língua. “Gosto de fazer vídeos que têm a ver com a língua chinesa e os seus significados. Eu amo a língua chinesa”, disse.
No mandarim, existem quatro tons e mais um quinto tom neutro. A mesma palavra pode ter vários significados, dependendo do tom utilizado. ‘Chi’, por exemplo, pode significar comer (chi), estar atrasado (chí), régua (chi) ou repreender (chì).
A criatividade linguística, aliada à imagem de um jovem africano fluente em chinês e com domínio das expressões culturais locais, tornou-o rapidamente viral. O sucesso mereceu destaque no jornal oficial em língua inglesa China Daily.
“Ele fala fluentemente chinês e tem um grande interesse pela cultura chinesa. Embora não seja chinês, tem um coração chinês”, descreveu o jornal.

Feliz da vida
Formado em informática pela Nantong Vocational University, no leste da China, o angolano aterrou no país asiático pela primeira vez em 2015, para estudar mandarim em Cantão, num programa negociado entre o governo do Huambo e uma empresa chinesa.
“A ideia era estudar chinês e tirar uma licenciatura, mas com a crise em Angola tivemos que regressar, devido às dificuldades em transferir dinheiro”, contou.
De regresso a Angola, foi trabalhar como intérprete em Luanda, para a Zhongtai Senda, empresa chinesa do setor da construção. “Foi aí que mais aprendi chinês, a trabalhar com chineses todos os dias”, contou.
Com o dinheiro amealhado como intérprete, rumou no sentido contrário dos cerca de 50.000 chineses que se estima viverem actualmente em Angola. “Eu gosto de viver na China. A vida aqui é mais fácil”, notou.
O percurso de João Gabriel Kamosso acompanha o crescimento explosivo da economia digital chinesa, em particular da indústria de vídeos curtos e de transmissão em directo, que se tornou um dos motores do comércio electrónico no país.
Segundo a Administração de Serviços de Transmissão Online da China (CNSA), existiam 15,08 milhões de criadores profissionais de vídeo no final de 2024, num mercado que vale já centenas de milhares de milhões de euros.
Mais de 70 por cento dos utilizadores afirmaram ter feito compras com base em vídeos curtos ou transmissões ao vivo, no ano passado. Para mais de 40 por cento dos internautas chineses, estas plataformas são já o principal canal de consumo, segundo o mesmo relatório.
O crescimento acelerado tem motivado maior escrutínio estatal. Em 2022, foram estabelecidas novas directrizes com 31 comportamentos proibidos e requisitos específicos para influenciadores que abordem temas sensíveis como medicina, finanças ou direito.
No ano passado, o jornal oficial Diário do Povo pediu um reforço da supervisão, denunciando casos de publicidade enganosa e preços manipulados.
Instalado em Changsha há três anos, Kamosso diz que prefere a vida nesta cidade do centro da China, mais animada e com melhor gastronomia do que Nantong, onde se formou.
Chegou a planear uma viagem a Angola este ano, mas cancelou devido às manifestações. “Já não vou a Angola há sete anos, mas estou sempre em contacto com a família”, disse.

10 Nov 2025

Filipinas | Retiradas mais de 900.000 pessoas

As autoridades das Filipinas retiraram quase um milhão de residentes das suas habitações no leste e norte do país, antes da chegada do supertufão Fung-wong.
A agência meteorológica local, PAGASA activou ontem o alerta máximo, de nível 5, no sudeste de Luzon e no norte das Filipinas, incluindo as províncias de Catanduanes e as áreas costeiras de Camarines Norte e Camarines Sur.
Entretanto, a região metropolitana da capital Manila e arredores estão sob alerta de nível 3.
O Fung-wong, conhecido nas Filipinas como Uwan, está a deslocar-se para noroeste e previa-se que atingisse a costa ontem, na província de Aurora, no centro de Luzon, de acordo com as previsões meteorológicas.
A tempestade tropical ganhou força e foi ontem classificada como um supertufão.
O Fung-wong, cujo diâmetro abrange quase todo as Filipinas, deslocava-se para oeste com ventos sustentados de 185 quilómetros por hora (km/h) e rajadas de até 230 km/h.
Um total de 916.863 pessoas tinham sido retiradas até ao início da tarde, disse o responsável adjunto do Gabinete de Defesa Civil, Rafaelito Alejandro, em conferência de imprensa.
As escolas e os edifícios públicos vão continuar hoje em grande parte do país, incluindo a capital, Manila, e quase 300 voos já foram cancelados.
Os meteorologistas preveêm que o supertufão traga chuvas torrenciais, fortes ondas de tempestade e ventos destrutivos.
“Além dos ventos fortes, podemos esperar chuvas intensas […] precipitações de 200 milímetros ou mais, capazes de causar inundações generalizadas, não apenas nas zonas de baixa altitude”, alertou o meteorologista filipino Benison Estareja durante uma conferência de imprensa.
Partes das ilhas Visayas, no leste das Filipinas, já sofriam com cortes de energia na manhã de domingo, enquanto as autoridades locais continuavam as operações de retirada.
Na província de Aurora, os socorristas fizeram no sábado uma operação porta a porta para instar os moradores a procurarem refúgio em locais elevados, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) um deles, Elson Egargue.

Em suspenso
As operações de socorro foram suspensas no sábado em Cebu, a província filipina mais atingida pelo Kalmaegi, devido à aproximação do Fung-wong, anunciaram as autoridades locais.
A passagem do Kalmaegi provocou pelo menos 224 mortos no arquipélago do Sudeste Asiático, onde 109 pessoas continuam desaparecidas, segundo dados oficiais.
Cebu regista cerca de 70 por cento das vítimas.
Segundo a base de dados especializada EM-DAT, Kalmaegi foi, até agora, o tufão mais mortal do ano, tendo causado também pelo menos cinco vítimas mortais no Vietname.
Todos os anos, cerca de 20 tempestades ou tufões atingem ou aproximam-se das Filipinas, sendo as regiões mais pobres geralmente as mais afectadas.
Segundo os cientistas, o aquecimento global provocado pela actividade humana torna os fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, mais letais e mais destrutivos.

10 Nov 2025

Palestina | Papa defende solução de dois Estados ao receber Abbas

O Papa Leão XIV reiterou ontem a defesa da solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, ao receber pela primeira vez em audiência, no Vaticano, o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas.

Este primeiro encontro de Abbas com Leão XIV desde a eleição do papa, em Maio, serviu também para assinalar o décimo aniversário da assinatura do Acordo Global entre o Vaticano e o Estado da Palestina, em 2015, ano em que a Igreja Católica reconheceu o Estado palestiniano. “Durante as cordiais conversações, reconheceu-se a necessidade urgente de prestar assistência à população civil em Gaza e de pôr fim ao conflito, buscando uma solução de dois Estados”, indicou o Vaticano em comunicado.

Na quarta-feira, pouco após da chegada a Roma, Abbas dirigiu-se à Basílica de Santa Maria Maior para um momento de recolhimento diante do túmulo do papa Francisco, que morreu em Abril. “Vim aqui porque não posso esquecer tudo o que fez pelo povo palestino”, declarou à imprensa.

O Presidente da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, visitou o Vaticano em diversas ocasiões durante o pontificado de Francisco, tendo, em 2014, plantado uma oliveira nos jardins do Vaticano ao lado do antigo chefe de Estado israelita Shimon Peres e do papa Francisco, como símbolo de paz.

Nos últimos meses do pontificado, o papa argentino endureceu as declarações contra a ofensiva israelita, provocando tensões diplomáticas com a embaixada de Israel.

Também o Papa Leão XIV já por diversas ocasiões expressou solidariedade com a “terra martirizada” de Gaza e denunciou a deslocação forçada dos palestinianos, mas destacou que o Vaticano não pode pronunciar-se sobre o alegado genocídio no enclave. Na sexta-feira, Abbas vai ser recebido ao início da tarde pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, no Palácio Chigi, a sede do Governo, em Roma.

7 Nov 2025

Filipinas | Sobe para 142 número de mortos após passagem de tufão

O número de mortos e desaparecidos provocados pela passagem do tufão Kalmaegi não pára de subir nas Filipinas. As rajadas de vento chegaram aos 180 km/h

Pelo menos 142 pessoas morreram e 127 estão desaparecidas na sequência da passagem do tufão Kalmaegi pelo centro das Filipinas, de acordo com dados oficiais compilados hoje pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O Departamento Nacional de Defesa Civil das Filipinas confirmou 114 mortes, além de 28 vítimas mortais registadas pelas autoridades da província de Cebu, no centro do país, referiu a AFP. O anterior balanço da protecção civil das Filipinas dava conta de 85 mortos e 75 desaparecidos.

Em Cebu, dezenas de pessoas ficaram presas nos telhados das habitações e pediram socorro enquanto a água subia rapidamente. O Governo provincial declarou o estado de calamidade para permitir a mobilização urgente de fundos de emergência. A província de Cebu, com 2,4 milhões de habitantes, ainda se recuperava de um sismo de magnitude 6,9 ocorrido em setembro, que causou 79 mortos.

A maioria das vítimas morreu afogada ou ao ser atingida por destroços, na sequência de inundações repentinas e aluimentos de terras causados pelo Kalmaegi, que também destruiu casas e arrastou veículos, disse na quarta-feira o responsável adjunto do Gabinete de Defesa Civil, Bernardo Rafaelito Alejandro.

Ventos mortíferos

Na passagem pelo centro das Filipinas, o Kalmaegi trouxe ventos de 130 quilómetros por hora (km/h) e rajadas de até 180 km/h. O exército indicou que seis militares morreram quando um helicóptero da Força Aérea se despenhou na província de Agusan del Sur, durante uma missão de ajuda humanitária.

Mais de 387 mil pessoas foram retiradas das zonas de risco e cerca de 3.500 passageiros ficaram retidos em quase uma centena de portos devido à proibição de navegação. As autoridades locais disseram que anos de exploração mineira e obras de drenagem deficientes agravaram o impacto das cheias.

Depois de atravessar o mar do Sul da China, a tempestade deverá atingir a costa do Vietname e causar chuva intensa no norte da Tailândia, indicaram os serviços meteorológicos da região. Todos os anos, cerca de 20 tempestades ou tufões atingem ou aproximam-se das Filipinas, sendo as regiões mais pobres do país geralmente as mais afetadas.

Estado de emergência

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., declarou ontem o estado de emergência no país, após o tufão Kalmaegi ter feito pelo menos 142 mortos e 127 desaparecidos, no pior desastre a atingir o país este ano. A declaração de “estado de calamidade nacional” foi feita por Marcos, durante uma reunião com as autoridades de resposta a catástrofes, para avaliar as consequências do tufão. A decisão permite ao Governo das Filipinas libertar fundos de emergência mais rapidamente e evitar o açambarcamento de alimentos e a especulação de preços.

7 Nov 2025

Shein | França suspende temporariamente plataforma

O Governo francês iniciou quarta-feira um processo para suspender temporariamente a Shien no país, até a plataforma chinesa provar que o seu conteúdo está em conformidade com a lei.

“Por instruções do primeiro-ministro, [Sébastien Lecornu] o Governo está a suspender temporariamente a Shein para que a plataforma possa demonstrar às autoridades que todo o seu conteúdo está em conformidade com as leis e regulamentos em vigor”, anunciou, em comunicado, o Ministério da Economia francês.

O Governo comprometeu-se a analisar a situação “no prazo de 48 horas”. A decisão do executivo surge no mesmo dia em que a Shein inaugurou a sua primeira loja física em Paris, num espaço com 1.200 metros quadrados (m2).

Em resposta, a Shein disse que pretende dialogar com as autoridades o mais rapidamente possível. “A segurança dos clientes e a integridade do nosso ‘marketplace’ são as nossas prioridades absolutas”, referiu, em comunicado. A Shein também anunciou quarta-feira a suspensão da venda, em França, de produtos de vendedores externos, após terem sido levantadas preocupações sobre a comercialização de bonecas sexuais com aparência infantil.

Segundo a imprensa francesa, um homem foi detido, perto de Marselha, após receber uma boneca sexual com aparência infantil, comprada na Shein. Na segunda-feira, o Ministério da Economia já tinha garantido que não vai hesitar em proibir as actividades da plataforma em França, caso se prove a ocorrência de actividades ilegais.

O Ministério Publico abriu, no início da semana, um inquérito contra a chinesa Shein por “divulgação de imagens ou representações pornográficas de menores”. Na mesma acusação, a AliExpress é visada pela divulgação de imagens violentas, pornográfica ou degradantes, acessíveis a menores. A chinesa Temu e a americana Wish também estão a ser acusadas.

7 Nov 2025

China-Brasil | Ding Xuexiang pede aprofundamento das relações

O vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, em visita ao Brasil, disse na quarta-feira que a China sempre viu e desenvolveu suas relações com o Brasil a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo e está pronta para trabalhar com o país para avançar solidamente na construção de uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado. Ding, prestou estas declarações durante conversas com o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República Federativa do Brasil, Rui Costa, indica a Xinhua.

Ding afirmou que, sob a orientação estratégica dos dois chefes de Estado, a construção de uma comunidade sino-brasileira com um futuro compartilhado e o alinhamento das estratégias de desenvolvimento dos dois países têm progredido sem obstáculos, e que a cooperação em vários campos alcançou resultados frutíferos e as relações bilaterais entraram no melhor período da história. O vice-primeiro-ministro pediu que os dois lados se tornem parceiros confiáveis nos seus respectivos caminhos para a modernização, reforcem o alinhamento de estratégias de desenvolvimento, promovam a cooperação em áreas-chave de forma eficiente e pragmática, e apoiem melhor o desenvolvimento comum e a revitalização de ambos os países.

Por sua vez, Costa disse que os povos dos dois países desfrutam de laços estreitos, e o povo brasileiro acredita cada vez mais que a cooperação com a China promoveu o desenvolvimento económico do Brasil e a melhoria da vida das pessoas, além de melhorar o bem-estar do povo brasileiro.

7 Nov 2025

Hong Kong | Detidas 80 pessoas em caso de fraude com criptomoedas

Alguns dos principais autores suspeitos da mega-fraude, que atinge valores de 1,6 mil milhões de dólares de Hong Kong, encontram-se no estrangeiro

A polícia de Hong Kong anunciou a detenção de 80 suspeitos ligados a um dos maiores casos de fraude financeira, relacionado com a plataforma de câmbio de criptomoedas JPEX. A polícia está a investigar desde Setembro de 2023 a JPEX, que o regulador de valores mobiliários da região chinesa acusou de actividades suspeitas e de promover produtos sem licença.

Desde então, 80 pessoas foram detidas, 16 das quais já foram acusadas de crimes como “conspiração para cometer fraude”, indicou na quarta-feira a polícia, acrescentando que as outras continuam a ser alvo de investigação.

Este é o maior caso de fraude em Hong Kong em termos de número de vítimas e montante das perdas sofridas nos últimos anos, notaram as autoridades policiais, em conferência de imprensa.

A polícia referiu a primeira utilização das regras introduzidas por Hong Kong em 2023 para processar crimes relacionados com o incentivo fraudulento ao investimento em activos virtuais. Mais de 2.700 denúncias relacionadas com o caso foram recebidas pela polícia, envolvendo um valor total de 1,6 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Cérebros em fuga

A polícia classificou o caso como “muito complexo” e identificou pelo menos 14 pessoas-chave. Uma dessas pessoas e ainda dois cérebros encontravam-se no estrangeiro, precisou a polícia, acrescentando que foram emitidos mandados de captura pela Interpol.

A polícia congelou activos no valor de mais de 200 milhões de dólares de Hong Kong (pertencentes aos suspeitos. Questionado pela agência de notícias France-Presse, o superintendente-chefe da luta contra o crime, Ernest Wong, afirmou que as autoridades policiais “continuarão a investigação” e “não podem excluir a possibilidade de acusar ou deter mais pessoas no futuro”.

A JPEX utilizou campanhas publicitárias a promover altos rendimentos e baixos riscos, além de ter promovido influenciadores ‘online’ para incentivar os investidores a depositar fundos, de acordo com a polícia. O grupo transferia os activos e branqueava-os através de carteiras de criptomoedas. Entre as pessoas detidas, encontram-se influenciadores das redes sociais que ajudaram na promoção e titulares de contas bancárias fictícias.

7 Nov 2025

Starbucks | 60% da operação na China passa para a Boyu Capital

A multinacional norte-americana de cafeterias Starbucks vai formar uma sociedade conjunta com a chinesa Boyu Capital para operar as suas lojas na China, numa operação avaliada em cerca de 4.000 milhões de dólares. A nova entidade será controlada em 60 por cento pela Boyu, enquanto a multinacional norte-americana manterá 40 por cento e continuará a conceder as licenças da marca e da propriedade intelectual da Starbucks.

A empresa dos EUA espera concluir a operação no segundo trimestre do ano fiscal de 2026, após obter as aprovações regulatórias necessárias, e destaca que a parceria reforça o compromisso com o crescimento de longo prazo na China, um dos seus maiores e mais dinâmicos mercados.

Segundo a Starbucks, o valor total do negócio no país asiático superará os 13 mil milhões de dólares, ao incluir os rendimentos da venda da participação maioritária, o valor da fatia remanescente e o valor actual dos pagamentos futuros por licenças ao longo da próxima década ou mais.

A sede da nova empresa continuará em Xangai, que permanecerá como centro de operações das 8.000 lojas Starbucks actualmente em funcionamento na China. As duas empresas projectam atingir as 20.000 unidades no mercado chinês.

“O profundo conhecimento e experiência da Boyu no mercado local vão ajudar-nos a acelerar o crescimento na China, especialmente à medida que expandimos para cidades mais pequenas e novas regiões”, afirmou Brian Niccol, presidente e director executivo da Starbucks. “Procuramos combinar a liderança global da Starbucks no sector do café com a experiência da Boyu para acelerar o crescimento”, declarou Alex Wong, sócio da Boyu Capital.

6 Nov 2025

EUA admitem usar tropas na Coreia do Sul em caso de conflito com China

O secretário da Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, admitiu ontem a utilização das tropas norte-americanas estacionadas na Coreia do Sul (USFK) em caso de conflitos armados com a China.

“A flexibilidade [das USFK] para responder a contingências regionais é algo que devemos definitivamente considerar”, afirmou Hegseth. As suas palavras surgem num momento em que a Administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, procura reforçar a cooperação com os seus aliados na região do Indo-Pacífico para conter a influência e o avanço da China.

À medida que aumenta a tensão na zona, a eventualidade do uso destas forças poderia ser desencadeada por motivos relacionados com a questão de Taiwan, que a China não exclui vir a invadir, ou por disputas no mar da China Meridional. O secretário norte-americano sublinhou, contudo, que o principal objectivo das USFK continua a ser enfrentar qualquer ameaça da Coreia do Norte.

O secretário da Guerra dos EUA prestou estas declarações numa conferência de imprensa em Seul, dada em conjunto com o ministro da Defesa sul-coreano, Ahn Gyu-back, após a 57.ª Reunião Consultiva de Segurança (SCM), o principal fórum anual de defesa entre os dois países.

Pete Hegseth elogiou ainda a decisão do Governo sul-coreano de aumentar a despesa em defesa e de investir no desenvolvimento de capacidades militares, como mísseis, antevendo também uma melhoria nas tecnologias militares do país. “Como sabemos, enfrentamos um clima de segurança perigoso, embora a nossa aliança seja mais forte do que nunca”, afirmou o secretário norte-americano.

Promoções nucleares

Donald Trump tinha dito nas redes sociais na passada quinta-feira que os Estados Unidos iriam partilhar tecnologia altamente restrita para permitir que a Coreia do Sul construísse um submarino de propulsão nuclear, após ter-se reunido com o Presidente sul-coreano, Lee Jae-myung.

Hegseth pronunciou-se ontem sobre o assunto, expressando também o seu apoio quanto a esta iniciativa de construção de equipamento naval que recorreria a energia nuclear para se mover. O Ministério da Defesa indicou hoje, numa reunião do Conselho de Ministros, que Seul poderá lançar o submarino na segunda metade da década de 2030, com tecnologia própria, segundo noticiou a agência local Yonhap.

O ministro da Defesa sul-coreano, Ahn Gyu-back, por sua vez, reafirmou que Seul manterá o seu compromisso com a desnuclearização da península e rejeitou qualquer plano para desenvolver armas nucleares próprias, em conformidade com o Tratado de Não Proliferação, um acordo internacional criado para impedir a disseminação de armas nucleares, promover o desarmamento e incentivar o uso pacífico da energia nuclear.

6 Nov 2025

Importações | Pequim suspende tarifa adicional de 24% aos EUA

A suspensão de medidas comerciais mais agressivas por um ano surge na sequência do encontro entre Trump e Xi na semana passada em Busan. As taxas adicionais sobre a soja deixam também de fazer parte do pacote de tarifas

A China anunciou ontem a suspensão por um ano de uma “tarifa adicional” de 24 por cento sobre produtos dos Estados Unidos, uma medida que Pequim enquadra na trégua comercial bilateral alcançada na semana passada.

De acordo com um comunicado da Comissão Tarifária do Conselho de Estado, o executivo chinês, a decisão, que entrará em vigor em 10 de Novembro às 13:01, visa “implementar os resultados e consensos alcançados nas consultas económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos”.

“Os direitos aduaneiros de 24 por cento sobre os produtos norte-americanos continuam suspensos, e os direitos aduaneiros de 10 por cento sobre mercadorias norte-americanas continuam em vigor”, indica um comunicado publicado no portal electrónico do Ministério das Finanças chinês, que não especifica quais as mercadorias em causa.

A China também “deixará de aplicar direitos aduaneiros adicionais” à importação de soja e outros produtos agrícolas norte-americanos, a partir de 10 de Novembro, segundo outro comunicado publicado pelo ministério. Algumas dessas taxas alfandegárias chegavam a 15 por cento. A suspensão prolonga por 12 meses a moratória sobre as chamadas “tarifas recíprocas” que Pequim tinha anunciado em Março, como resposta às taxas alfandegárias impostas por Washington.

Tréguas em vigor

O anúncio confirma a aplicação dos compromissos assumidos após o encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, realizado em Busan (Coreia do Sul) na quinta-feira passada.

Nessa reunião, os dois líderes concordaram com uma trégua comercial de um ano, que prevê a redução de tarifas, a retoma do comércio agrícola, a suspensão dos controlos de Pequim sobre a exportação de terras raras e o congelamento temporário das taxas portuárias impostas reciprocamente, entre outras medidas.

A medida coincide com a decisão dos Estados Unidos de reduzir de 57 por cento para 47 por cento as tarifas médias sobre produtos chineses. As duas maiores economias do mundo mantêm há vários anos um conflito comercial, que incluiu restrições mútuas em sectores estratégicos como microchips, terras raras e serviços marítimos.

6 Nov 2025

Filipinas | Tufão Kalmaegi causa dois mortos e inundações

Com ventos que chegaram a atingir mais de 200 quilómetros por hora, o Kalmaegi continua a espalhar o caos no arquipélago asiático

Quase 400 mil pessoas foram retiradas das suas casas para escapar às inundações provocadas pelas fortes chuvas e ventos intensos do tufão Kalmaegi, que varreu ontem o arquipélago e matou pelo menos duas pessoas.

O vice-director do Departamento de Protecção Civil, Rafaelito Alejandro, disse a uma rádio local que 387 mil pessoas foram retiradas da rota do tufão e que um homem morreu atingido por uma árvore que caiu na província de Bohol (centro). Um idoso morreu também afogado na província de Leyte, no sul das Filipinas, informou Danilo Atienza, chefe da equipa de assistência às vítimas.

“O idoso ficou preso no piso superior e não conseguiu receber ajuda”, relatou Atienza, à rádio DZMM. O tufão atingiu a costa vindo do leste do arquipélago na noite de segunda-feira, atingindo as ilhas Dinagat, no arquipélago de Visayas (leste), com rajadas de vento que atingiram 205 quilómetros por hora, segundo o serviço meteorológico.

Rhon Ramos, oficial de informações da ilha de Cebu (centro), disse à agência de notícias France-Presse (AFP), por telefone, que alguns centros de evacuação também foram inundados. Carros flutuavam nas ruas inundadas da cidade de Cebu, com cerca de um milhão de habitantes, segundo imagens obtidas pela AFP.

Centenas de pessoas que viviam em tendas em acampamentos montados após o sismo de magnitude 6,9 que atingiu a ilha no final de setembro também foram “evacuadas à força para a sua própria segurança”, disse Ramos. A secretária-geral da Cruz Vermelha das Filipinas, Gwendolyn Pang, disse que muitos residentes ficaram presos em telhados pelas águas das cheias na cidade costeira de Liloan, na província de Cebu.

“Recebemos muitos telefonemas de pessoas a pedir resgate de telhados e casas, mas é impossível”, disse Pang à agência de notícias Associated Press. “Há muitos destroços, vemos carros a flutuar, por isso temos de esperar que a inundação baixe”, explicou.

Combinações malditas

O Instituto Filipino de Vulcanologia e Sismologia alertou que as fortes chuvas poderiam provocar fluxos de lama vulcânica no Monte Kanlaon, um dos 24 vulcões mais activos do país, que tem vindo a emitir plumas de cinzas e vapor nos últimos meses, na ilha de Negros (centro).

As autoridades filipinas tinham na segunda-feira ordenado a retirada de milhares de pessoas e o encerramento de escolas e repartições públicas face à aproximação do Kalmaegi, conhecido localmente como Tino, o 20.º tufão a atingir o país em 2025. A meteorologista Charmaine Varilla prevê que mais “três a cinco” tempestades tropicais atinjam as Filipinas até ao final do ano.

O fenómeno climático La Niña, que arrefece as temperaturas à superfície no Oceano Pacífico, é geralmente acompanhado por um maior número de tufões, disse Varilla à AFP. As Filipinas são atingidas por cerca de 20 tufões e tempestades tropicais por ano, sobretudo durante a época das chuvas, que vai geralmente de Junho até Novembro ou Dezembro.

5 Nov 2025

EUA / Nigéria | China rejeita “ameaças de sanções e uso de força militar”

A China rejeitou ontem as ameaças de sanções e intervenção militar dos Estados Unidos contra a Nigéria, após Donald Trump acusar o Governo nigeriano de permitir a matança de cristãos.

“Enquanto parceiro estratégico abrangente, a China apoia firmemente o Governo nigeriano nos seus esforços para conduzir o povo por um caminho de desenvolvimento compatível com as suas condições nacionais”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao afirmou que Pequim “se opõe à ingerência de qualquer país nos assuntos internos de outros, sob pretexto da religião ou dos direitos humanos”.

Num texto publicado na rede social Truth Social, Donald Trump escreveu: “Se o Governo nigeriano continuar a permitir a matança de cristãos, os Estados Unidos irão suspender de imediato toda a ajuda e assistência à Nigéria, podendo mesmo intervir nesse país agora desacreditado, com recurso a armas, para eliminar por completo os terroristas islâmicos que estão a cometer essas atrocidades horríveis”.

O republicano acrescentou que vai ordenar ao Departamento de Defesa que se prepare para uma “possível acção”, garantindo que essa eventual intervenção militar será “rápida, impiedosa (…), tal como os terroristas atacam os nossos queridos cristãos”, e apelou ao Governo da Nigéria para que “aja rapidamente”.

O executivo nigeriano, liderado pelo Presidente, Bola Ahmed Tinubu, rejeitou as acusações, considerando que “não reflectem a realidade no terreno”.

5 Nov 2025

Condenados à morte cinco membros de rede criminosa de burlas no Myanmar

Um tribunal da cidade chinesa de Shenzhen condenou ontem à pena de morte cinco membros de uma rede criminosa implicada em fraudes transnacionais com base no Myanmar (antiga Birmânia), segundo a imprensa oficial.

Outros dois arguidos receberam penas capitais com suspensão de dois anos, o que na prática poderá resultar em prisão perpétua, dependendo do comportamento durante o período de suspensão, anunciou o Tribunal Popular Intermédio de Shenzhen, através da sua conta oficial na rede social WeChat. O tribunal impôs ainda cinco penas de prisão perpétua e outras nove condenações a penas entre três e 20 anos de reclusão, bem como sanções adicionais, incluindo multas, confisco de bens e expulsão do país.

De acordo com a sentença, o grupo era liderado por membros do clã Bai e operava a partir da região de Kokang, no norte do Myanmar, onde estabeleceu e geria 41 complexos com recurso à sua influência local e uma força armada própria.

Estes complexos atraíam alegados ‘investidores’ ou ‘patrocinadores’, que sob protecção armada participavam em actividades como fraudes ‘online’, abertura de casinos, homicídios, agressões, raptos, extorsões, tráfico humano e prostituição forçada, além de facilitar travessias ilegais de fronteira.

O tribunal deu como provado que o grupo gerou movimentos financeiros ilegais superiores a 29 mil milhões de yuan e que as suas actividades resultaram na morte de seis cidadãos chineses, além de um suicídio e vários feridos. Os réus foram condenados por crimes de burla, homicídio intencional, agressão com dolo e outros 11 crimes. As penas foram determinadas com base na gravidade, natureza e impacto social dos atos cometidos.

Em curso

O caso insere-se na campanha lançada por Pequim contra redes de cibercrime com base no Myanmar, onde grupos armados de origem chinesa têm controlado, há anos, enclaves dedicados a burlas ‘online’, prostituição e jogo ilegal. Nos últimos meses, as autoridades chinesas anunciaram também o desmantelamento dos clãs Ming, Wei e Liu, apontados como outras das principais famílias criminosas da área de Kokang.

Após o golpe de Estado de Fevereiro de 2021, que mergulhou o Myanmar na instabilidade, registou-se uma proliferação de centros de cibercrime nas zonas fronteiriças com a China, aproveitada por vários grupos de crime organizado. Segundo um relatório das Nações Unidas, pelo menos 120 mil pessoas estão actualmente detidas em centros situados no país, onde são forçadas a cometer fraudes cibernéticas.

As vítimas, atraídas por falsas ofertas de emprego, são mantidas em complexos fechados semelhantes a prisões e obrigadas a operar burlas ‘online’ sob condições de “violência extrema”, denunciaram entidades internacionais.

5 Nov 2025

Pequim alerta para tentativas de espionagem dirigidas a estudantes universitários

A China alertou ontem para um aumento das tentativas de espionagem contra estudantes universitários, através de falsas ofertas de trabalho ou parcerias académicas feitas por agentes estrangeiros, visando aceder a informação sensível.

Num artigo publicado na conta oficial na plataforma chinesa WeChat – semelhante ao WhatsApp –, o Ministério da Segurança do Estado (MSS, na sigla em inglês), principal órgão de inteligência do país, descreve um “caso típico” em que um estudante de mestrado, identificado apenas pelo apelido Jin, foi recrutado através de um fórum universitário por alguém que se fazia passar por diplomata de uma embaixada estrangeira no país asiático.

O estudante começou por reunir dados económicos de acesso público e redigir relatórios, em troca de dinheiro. Mas, com o tempo, o contacto passou a pedir-lhe informações sobre “áreas sensíveis”, como política, energia ou assuntos internacionais, além de lhe apresentar um contrato de consultadoria com salário mensal.

“Quando começou a suspeitar da verdadeira identidade do seu empregador, Jin decidiu cortar o contacto”, refere o comunicado, acrescentando que o alegado diplomata foi posteriormente identificado como agente de inteligência estrangeiro. As autoridades confiscaram os lucros obtidos pelo estudante e emitiram-lhe um aviso formal, considerando que cessou a colaboração antes de causar danos à segurança nacional.

Disfarces múltiplos

O MSS sublinha que os serviços secretos estrangeiros “aumentaram os seus esforços de infiltração”, com ofertas personalizadas para jovens talentos, disfarçadas de bolsas de estudo, estágios ou trabalho a tempo parcial. “Os estudantes devem manter-se vigilantes e não se deixar enganar por supostos intercâmbios académicos ou empregos altamente remunerados”, adverte o texto.

O ministério lembra ainda que a Lei Contraespionagem da República Popular da China prevê sanções penais para quem participe em atividades de espionagem, mas contempla a indulgência ou isenção de pena para os que se entreguem voluntariamente ou colaborem com as autoridades.

Nos últimos meses, o MSS tem divulgado vários casos semelhantes, alertando para recrutamentos encobertos, divulgação de informação classificada e o uso de redes sociais e plataformas de emprego como ferramentas de espionagem estrangeira.

5 Nov 2025

Diplomacia | Relação com Moscovo é “escolha estratégica”, diz Xi Jinping

O líder chinês defendeu, num encontro em Pequim com o primeiro-ministro russo, a cooperação com Moscovo apesar do “ambiente turbulento” internacional

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem que salvaguardar, consolidar e desenvolver as relações com a Rússia constitui uma “escolha estratégica” para ambos os países, durante um encontro com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, em Pequim.

Xi destacou que a cooperação bilateral “tem avançado com determinação, apesar de um ambiente externo turbulento” e manifestou disponibilidade para alinhar o 15.º Plano Quinquenal da China com as estratégias de desenvolvimento económico e social da Rússia, de modo a “promover um crescimento de maior qualidade e nível”, segundo a televisão estatal chinesa CCTV.

O líder chinês, que também é secretário-geral do Partido Comunista, apelou a uma “coordenação estreita” e à implementação dos consensos alcançados com o Presidente russo, Vladimir Putin, para “expandir o bolo da cooperação” e contribuir para o desenvolvimento global e a paz mundial.

Xi apelou ainda ao reforço dos intercâmbios entre os povos e sectores sociais dos dois países e à consolidação das parcerias em áreas como energia, agricultura, conectividade e indústria aeroespacial, além da exploração de novas frentes de cooperação em inteligência artificial, economia digital e desenvolvimento verde.

Cooperação e consensos

Mishustin transmitiu os cumprimentos de Putin e expressou a vontade de Moscovo em aprofundar a cooperação económica, científica e tecnológica com Pequim, no seguimento dos consensos alcançados pelos dois chefes de Estado. O encontro decorreu um dia depois de Mishustin se ter reunido com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em Hangzhou (leste), onde afirmou que os laços entre Moscovo e Pequim “continuam a prosperar apesar das sanções ilegais do Ocidente”.

Mishustin participa esta semana no 30.º encontro ordinário entre os chefes de Governo dos dois países, centrado no reforço da cooperação energética, comercial e tecnológica, numa altura em que China e Rússia aprofundam a aliança face à pressão dos Estados Unidos e da União Europeia.

5 Nov 2025