Pequim apoia Julian Assange e apela a julgamento justo

A China solidarizou-se ontem com o jornalista australiano Julian Assange, fundador do portal WikiLeaks, após o Supremo Tribunal de Londres ter decidido adiar a decisão final sobre o recurso do seu caso.

“O mundo inteiro está a prestar atenção a este caso e está solidário com a situação dos Direitos Humanos e com o destino de Assange”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jean. “A equidade e a justiça devem ser respeitadas”, observou.

De acordo com Lin, “o WikiLeaks expôs uma grande quantidade de informação secreta sobre as guerras dos EUA no Afeganistão e no Iraque e revelou também o facto de a CIA levar a cabo todo o tipo de ciberataques”. De acordo com a última decisão, o tribunal deu três semanas ao governo dos EUA para dar garantias satisfatórias de que Assange poderá invocar em sua defesa a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, relativa à protecção da liberdade de expressão.

Também serão necessárias garantias de que o australiano não será prejudicado no julgamento devido à sua nacionalidade, de que lhe serão concedidas as mesmas proteções da Primeira Emenda que a um cidadão norte-americano e de que não será condenado à pena de morte. Se essas garantias não forem dadas, será concedida a Assange uma licença para recorrer, mas se forem dadas, as partes terão a oportunidade de apresentar novas alegações na audiência de 20 de Maio, para que seja tomada uma decisão sobre o recurso.

Pena pesada

A extradição de Assange foi assinada em Junho de 2022 pela então Ministra do Interior britânica, Priti Patel. Os EUA pedem a extradição de Assange por 18 acusações de espionagem e intrusão informática, na sequência das revelações explosivas feitas no seu portal, que entre 2010 e 2011 expuseram alegados crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

De acordo com a defesa de Assange, estes crimes são puníveis com 175 anos de prisão nos EUA. Assange foi detido pela primeira vez em 2010, a pedido da Suécia, num processo que, entretanto, foi arquivado. Em 2012, refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, mas foi detido em 2019 pela polícia britânica depois de o país lhe ter retirado o estatuto de asilo, e está preso desde então.

28 Mar 2024

Aço | Austrália aceita decisão da OMC a favor de Pequim

O Governo da Austrália aceitou ontem uma decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) a favor da China, que tinha apresentado uma queixa contra taxas alfandegárias a produtos siderúrgicos chineses. Depois de anos de deliberações, um painel da OMC considerou que a Austrália “agiu de forma inconsistente” com vários artigos do acordo mundial contra o ‘dumping’, a venda de bens abaixo do custo.

O ministro do Comércio australiano, Don Farrel, afirmou que o país vai aceitar a decisão da OMC e “colaborar com a China e tomar medidas para implementar as conclusões”, de acordo com um comunicado. No entanto, Farrel insistiu que o “relatório não prejudica a integridade do sistema australiano de soluções comerciais”, garantindo que o país vai continuar a apoiar a OMC e o sistema multilateral de arbitragem.

O ministro defendeu que a decisão se prende somente com “alguns problemas técnicos” com a forma como a Comissão Antidumping australiana calculou taxas impostas a três tipos de produtos siderúrgicos vindos da China. De acordo com o jornal Australian Financial Review, a Austrália impôs taxas de 10,9 por cento para torres eólicas, 17,4 por cento para rodas ferroviárias e 53,9 por cento para pias de cozinha de aço inoxidável em 2014, 2015 e 2019, respectivamente.

Estas taxas levaram a China a apresentar uma queixa junto da OMC em 2021, já depois de Pequim ter imposto tarifas ou medidas restritivas a produtos australianos em 2020, incluindo vinho, carvão, cevada, madeira e carne. Pequim, que continua a ser o principal parceiro comercial da Austrália, já levantou algumas das restrições comerciais, embora continue a impor medidas a produtos como vinho, lagosta e carne bovina.

28 Mar 2024

Xi Jinping reúne-se com empresários dos EUA em Pequim

O Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se ontem com representantes de empresas norte-americanas em Pequim, num esforço para atrair investimento estrangeiro e tranquilizar as empresas norte-americanas quanto ao abrandamento económico. Embora os nomes dos participantes não tenham sido mencionados, foi confirmada a presença de representantes do meio académico e empresarial, no encontro que decorreu no Grande Palácio do Povo, informou a televisão estatal CCTV.

A reunião segue-se ao Fórum de Desenvolvimento da China, concluído na segunda-feira e no qual estiveram presentes importantes líderes empresariais, incluindo o director executivo da Apple, Tim Cook, cuja empresa viu as vendas do iPhone cair 33 por cento, em Fevereiro, no país asiático, de acordo com dados oficiais.

O encontro com o secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) não fazia parte da agenda do Fórum de Desenvolvimento da China e foi marcada separadamente.

De acordo com a imprensa local, a reunião é apresentada como uma oportunidade para abordar as percepções negativas sobre o actual clima empresarial na China, bem como para promover o investimento directo estrangeiro no país, que no ano passado registou um declínio. O encontro visa também aumentar a confiança das empresas estrangeiras interessadas em aumentar a participação na China.

Promessas de crescimento

O Governo chinês estipulou uma meta de crescimento económico de 5 por cento para este ano e prometeu um maior apoio às empresas de sectores estratégicos.

A China alertou também na terça-feira os Estados Unidos para a importância das relações bilaterais entre as duas nações, durante um encontro em Pequim entre o ministro dos Negócios Estrangeiros do país asiático, Wang Yi, e uma delegação norte-americana, liderada pelo presidente do Comité Nacional para as Relações EUA-China, Evan Greenberg.

A reunião com a delegação dos EUA teve lugar no contexto de uma aproximação entre as duas potências, depois de meses de hostilidades comerciais, tecnológicas e geopolíticas.

Xi e o Presidente dos EUA, Joe Biden, reuniram-se em Novembro passado, em São Francisco, para tentar estabilizar a tumultuosa relação bilateral. Os dois líderes chegaram a acordos para combater o tráfico de fentanil e reabrir os canais de comunicação militar.

28 Mar 2024

Banco Central chinês | Governador vê “sinais positivos” no mercado imobiliário

O responsável financeiro assinala alguns indicadores positivos que podem fazer antever um futuro mais tranquilo no sector imobiliário e na economia chinesa

 

O governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, afirmou ontem que o mercado imobiliário do país, mergulhado numa longa crise, mostrou “alguns sinais positivos” e tem “bases sólidas”.

“O mercado imobiliário tem dado alguns sinais positivos e tem bases sólidas para um desenvolvimento saudável e estável a longo prazo. As flutuações no mercado imobiliário têm um impacto limitado no sistema financeiro [chinês]”, afirmou Pan, esta semana, num discurso perante representantes de instituições financeiras nacionais e internacionais, de acordo com o portal oficial do banco central da China.

Pan insistiu que a economia chinesa “mantém uma tendência de recuperação”, tornando-a capaz de atingir o objectivo oficial de crescimento para 2024, de “cerca de 5 por cento”, algo para o qual a instituição vai “continuar a gerar um ambiente monetário favorável”. “No futuro, continuaremos a dispor de uma ampla margem de manobra a nível político e de um vasto conjunto de instrumentos”, acrescentou.

Pan também abordou os receios sobre a dívida acumulada pelos governos locais e regionais do país, afirmando que os níveis de dívida do governo chinês “estão a um nível médio-baixo”, em comparação com a média internacional, e que “as medidas para resolver os riscos de dívida dos governos locais estão gradualmente a produzir efeitos”.

“A China construiu uma rede de segurança financeira eficaz”, garantiu o representante do banco central, sublinhando que o sistema financeiro da segunda maior economia do mundo “funciona de forma sólida”. “As instituições financeiras são geralmente sólidas e têm uma forte capacidade de resistência aos riscos”, vincou.

Os números não enganam

Apesar do optimismo de Pan sobre o mercado imobiliário, os dados apontam para uma crise cujo fim parece distante e para um mercado que não está a responder às medidas de apoio: as vendas comerciais medidas pela área útil caíram 24,3 por cento, em 2022, e mais 8,5 por cento, em 2023, enquanto os preços das casas novas caíram em Dezembro ao ritmo mais rápido em quase nove anos.

De acordo com dados da consultora especializada CRIC, as vendas dos 100 maiores promotores imobiliários do país caíram mais de 60 por cento em termos anuais em Fevereiro.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em Agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares.

Nos últimos meses, confrontado com a situação, o Governo anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores, cuja prioridade era concluir projectos vendidos antes de a construção estar concluída, uma questão que preocupa Pequim pelas implicações na estabilidade social, já que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

Os comentários de Pan surgem pouco depois de a agência de ‘rating’ Moody’s ter baixado a notação da dívida da China Vanke, o segundo maior promotor imobiliário do país e uma das poucas empresas estatais do sector que ainda tinha uma notação favorável, para o estatuto de “lixo”, na sequência de notícias de que está a sofrer problemas de liquidez.

28 Mar 2024

Corrupção | Antigo dirigente do atletismo condenado a 13 anos de prisão

O antigo presidente da Associação Chinesa de Atletismo Yu Hongchen foi ontem condenado a 13 anos de prisão por aceitar subornos.

O Tribunal Popular Intermédio de Huangshi, na província central de Hubei, proferiu a sentença depois de considerar que o antigo responsável pelo atletismo na China, cargo que ocupou entre 2022 e finais de 2023, aceitou pagamentos ilegais no valor de mais de 22,5 milhões de yuan.

O acórdão indicou que as infracções foram cometidas entre 2010 e 2023, quando Yu Hongchen ocupou vários cargos importantes no desporto chinês, desde director de atletismo a vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol (CFA) e presidente da Superliga Chinesa (CSL).

A decisão do tribunal também considerou provado que Yu se aproveitou dos cargos para prestar assistência em questões como transações comerciais, favorecimento de clubes de futebol, penalização de árbitros ou transferências de jogadores. O tribunal afirmou que as ações de Yu “prejudicaram gravemente a ordem da concorrência leal e o ecossistema desportivo” e causaram “grandes danos” ao desporto e à indústria do futebol.

De acordo com o acórdão, Yu Hongchen confessou a maior parte das infrações e parte do dinheiro desviado foi recuperado, o que levou a uma pena menor. O mesmo tribunal condenou o antigo presidente da CFA Chen Xuyuan a prisão perpétua por ter recebido subornos no valor de mais de 81 milhões de yuan durante 13 anos.

27 Mar 2024

China perde 155 bilionários em 2023, aponta relatório Hurun

Um total de 155 magnatas chineses desapareceram em 2023 da lista anual de pessoas com fortunas superiores a mil milhões de dólares divulgada no relatório Hurun. Embora o número de bilionários chineses tenha diminuído em relação ao ano anterior, a China continua a ser o país com mais bilionários do mundo. A nação asiática soma 814 bilionários, ultrapassando os Estados Unidos, com 800 bilionários.

A nível mundial, o relatório Hurun, com dados até 15 de janeiro de 2024, indicou que o número total de bilionários aumentou 167, para 3.279, e a riqueza total acumulada cresceu 9 por cento, para 108 biliões de yuan. Os Estados Unidos são o país que registou o maior aumento do número de bilionários, com 109 novos nomes na lista.

A Índia segue em segundo lugar, com um aumento de 84, enquanto o Reino Unido ultrapassou a Alemanha e ficou em quarto lugar, com 146 bilionários. Este crescimento foi largamente impulsionado pela ascensão da inteligência artificial (IA), que gerou mais de metade da nova riqueza em 2023.

No país asiático, Zhong Shanshan, de 70 anos, o fundador da empresa de água Nongfu que é conhecido como o “rei da água engarrafada”, continua a ser o homem mais rico do país, com 450 mil milhões de yuan. Colin Huang, fundador da empresa de comércio electrónico Pinduoduo, tornou-se o empresário tecnológico mais rico da China, com 385 mil milhões de yuan.

Huang subiu na classificação depois de um aumento do valor das suas acções cotadas nos Estados Unidos, ultrapassando Pony Ma, da Tencent, com 250 mil milhões de yuan e Zhang Yiming, da Bytedance, com 245 mil milhões de yuan, para ocupar o segundo lugar no país asiático.

“Pelo segundo ano consecutivo, Huang é o empresário mais rico da China”, declarou Rupert Hoogewerf, presidente e investigador principal da Hurun Report.

Poder artificial

Ao mesmo tempo, vários executivos do sector de tecnologia em rápida mudança da China tornaram-se alguns dos bilionários chineses de crescimento mais rápido, impulsionados pela ascensão da IA. Entre eles contam-se Cai Haoyu, fundador do estúdio de jogos miHoYo, sediado em Xangai, e Chen Tianshi, fundador da Cambricon Technologies, empresa de desenvolvimento de semicondutores para sistemas de IA sediada em Pequim.

A lista da Hurun destaca que Elon Musk é a pessoa mais rica do mundo pela terceira vez em quatro anos, com uma fortuna de 231 mil milhões de dólares, um aumento de 74 mil milhões de dólares graças ao crescimento das acções da Tesla.

Pequim perdeu o primeiro lugar que ocupava no ano anterior como a cidade com a maior concentração de bilionários do planeta, passando para o quarto lugar, sendo ultrapassada na Ásia por Mumbai (3), bem como por Nova Iorque (1) e Londres (2).

A China fixou um objectivo de crescimento de cerca de 5% para 2024, o mesmo objectivo do ano passado, embora muitos analistas tenham questionado se Pequim conseguirá atingir este valor sem medidas de estímulo adicionais que não estão actualmente previstas.

27 Mar 2024

Taiwan | Ma Ying-jeou disposto a reunir-se com Xi Jinping

O antigo líder de Taiwan, Ma Ying-jeou, está disposto a reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a sua viagem à China continental, prevista para o início de Abril, disse ontem um dos seus assessores. Este seria o primeiro encontro entre os dois desde a histórica reunião de Singapura em 2015.

Segundo Hsiao Hsu-tsen, director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, o antigo líder taiwanês (2008-2016) não exclui a possibilidade de se encontrar com o seu “velho amigo” do continente, referindo-se à reunião de Singapura, que marcou a primeira ocasião em que os líderes da China e de Taiwan se encontraram desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949.

“Ma está fora do poder há oito anos e não ocupa nenhum cargo no partido [Kuomintang, actualmente na oposição] ou na função pública. É um cidadão comum. No entanto, como construímos juntos esta importante história em 2015, é claro que gostaríamos de ver o nosso velho amigo”, disse Hsiao.

Relativamente ao conteúdo deste eventual encontro, que dependerá da disponibilidade da parte chinesa para acolher a viagem, Hsiao disse que Ma, independentemente da pessoa com quem se encontrar, transmitirá os “desejos” da sociedade taiwanesa de abraçar a paz e evitar um conflito armado com a República Popular da China.

O antigo líder taiwanês, de 73 anos, acompanhará um grupo de estudantes à China entre os dias 1 e 11 de Abril, uma viagem que inclui paragens nas províncias de Guangdong (sul) e Shaanxi (noroeste), bem como na cidade de Pequim, o que tem alimentado rumores de um possível encontro com Xi.

Maior cooperação

Ma, que se tornou o primeiro ex-líder taiwanês a visitar a República Popular em Março do ano passado, apelou durante a sua anterior visita a mais intercâmbios entre estudantes chineses e taiwaneses porque “partilham a mesma cultura e identidade étnica”.

O responsável taiwanês, Chen Chien-jen, do Partido Democrático Progressista (DPP), afirmou ontem que o governo de Taiwan “respeita” a viagem de Ma à China, aconselhando-o a ser cauteloso nas suas interações com os funcionários chineses.

“Espero que ele tenha em conta e esteja à altura das expectativas do povo taiwanês em matéria de soberania, democracia, Estado de Direito e outros valores durante a sua visita”, disse Chen, acrescentando que o governo taiwanês prestará a assistência necessária ao antigo líder.

27 Mar 2024

Israel: Autoridade Palestiniana e Hamas saúdam resolução de cessar-fogo da ONU

A Autoridade Palestiniana e o movimento islamita Hamas saudaram hoje a aprovação, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução de cessar-fogo na Faixa de Gaza e pediram maior pressão sobre Israel para que a aplique “imediatamente”.

Numa reação citada no diário Filastin, um dos mais importantes diários árabes no Médio Oriente, o Hamas, congratulando-se com a resolução aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção (Estados Unidos), exigiu que Israel seja pressionado a respeitar a medida, que surge depois de mais de 32.300 pessoas terem sido mortas em ataques israelitas no enclave palestiniano.

“Congratulamo-nos com o apelo do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo imediato em Gaza. Sublinhamos a necessidade de um cessar-fogo permanente que conduza à retirada de todas as forças sionistas e ao regresso dos deslocados”, declarou o Hamas, segundo o diário Filastin. “Apelamos ao Conselho de Segurança para que pressione a ocupação [israelita] a aderir ao cessar-fogo e a pôr termo à guerra de genocídio e de limpeza étnica contra o nosso povo”, declarou o movimento islamita.

O Hamas manifestou igualmente disponibilidade para participar num processo “imediato” de troca de “prisioneiros”, sublinhando simultaneamente a necessidade de liberdade de circulação no enclave palestiniano para a distribuição adequada da ajuda humanitária.

Por fim, o Hamas agradeceu à Argélia, país impulsionador desta última resolução, pelos seus esforços, bem como aos outros países do Conselho de Segurança que têm trabalhado para “travar a agressão sionista e o genocídio”. Em Ramallah, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana também se congratulou com a aprovação da resolução e apelou à sua aplicação imediata e à adoção de medidas práticas e “consequências” para obrigar Israel a cumpri-la.

Num comunicado, o Governo palestiniano sublinhou o “consenso internacional” alcançado, mas apelou aos Estados membros do Conselho de Segurança para que “tomem medidas” e assumam as suas “responsabilidades legais e históricas” para “implementar imediatamente a decisão” e “parar a guerra de genocídio”.

O apelo a um cessar-fogo é “um passo na direção certa”, mas exige “uma paragem completa e sustentável da agressão” e a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária e o regresso das pessoas deslocadas, prosseguiram as autoridades palestinianas na mesma nota informativa.

A resolução aprovada “exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadão, respeitado por todas as partes, levando a um cessar-fogo duradouro e sustentável”. O Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos, começou em 10 de março e termina em 09 de abril, o que significa que a exigência de cessar-fogo abrange duas semanas.

A Autoridade Palestiniana apelou também ao Conselho de Segurança da ONU para que “assuma a responsabilidade de proteger os civis e o povo palestiniano” do “crime de genocídio que Israel tem vindo a cometer deliberadamente desde 07 de outubro”. O comunicado menciona especificamente os países que pressionaram a resolução e destaca o apoio dos membros permanentes (e com poder de veto) do Conselho de Segurança, como foi o caso da Rússia, França e China.

Este é o primeiro texto a obter consenso no Conselho de Segurança, após três vetos anteriores dos Estados Unidos (também membro permanente), que se abstiveram nesta ocasião, posição fortemente contestada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que decidiu cancelar a viagem a Washington de uma delegação de alto nível do seu executivo.

Na passada sexta-feira, a Rússia e a China utilizaram os seus vetos para rejeitar uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, considerando-a insuficiente para pôr termo às hostilidades na Faixa de Gaza.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

26 Mar 2024

Mais de 20.000 jardins-de-infância fechados na China

Mais de 20.000 jardins-de-infância fecharam na China nos últimos dois anos, ilustrando o impacto da queda na taxa de natalidade, apesar das medidas governamentais para aumentar a oferta de lugares e incentivar os nascimentos.

A China tinha 274.400 jardins-de-infância em 2023, face a 289.200, no ano anterior, e 294.800, em 2021, indicou ontem o portal de notícias económicas Yicai, com base em dados do Ministério da Educação chinês. O encerramento de jardins-de-infância está concentrado nas zonas rurais e nas regiões com baixa densidade populacional, enquanto os jardins-de-infância públicos urbanos foram menos afectados.

Os peritos citados pela imprensa local alertaram para um efeito de dominó no sistema educativo chinês devido à diminuição do número de crianças nos jardins-de-infância. Os analistas preveem uma diminuição do número de escolas primárias e secundárias necessárias no futuro.

No que respeita às escolas primárias, o número poderá descer para 92.800, em 2035, em comparação com 144.200, em 2020, enquanto a oferta de escolas secundárias também sofrerá uma redução de cerca de 3.800.

A redução do número de estudantes no país asiático vai também gerar um excedente de professores, especialmente no ensino primário, o que exigirá ajustamentos no planeamento educativo. Esta tendência contrasta com as medidas do governo central para aumentar a oferta de lugares nos jardins-de-infância.

Contra o declínio

O vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin, afirmou no início de Março que mais de 5 mil milhões de yuan tinham sido reservados para apoiar a abertura de jardins-de-infância a preços acessíveis, desde 2022. A China quer aumentar o número de lugares nos jardins-de-infância por cada 1.000 habitantes, que actualmente é de 3,36, para 4,5, até 2025.

As medidas para aumentar a taxa de natalidade incluem também o alargamento da licença de maternidade para, pelo menos, 158 dias em muitas regiões, o aumento do limiar das deduções fiscais para a guarda de crianças com menos de três anos para 2.000 yuan por mês e a possível inclusão de uma lei sobre serviços de guarda de crianças nos planos legislativos.

A China registou um declínio da sua população em 2022 e 2023, as primeiras contracções desde 1961, quando o número de habitantes diminuiu devido ao fracasso da política de industrialização do Grande Salto em Frente e à fome que se seguiu.

O país foi ultrapassado no ano passado pela Índia como a nação mais populosa do mundo. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da parentalidade”.

26 Mar 2024

Taiwan | Antigo líder Ma Ying-jeou desloca-se a Pequim em Abril

O antigo líder de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-2016) vai visitar novamente a China continental, no início de Abril, numa deslocação que vai incluir uma paragem em Pequim, foi ontem anunciado.

Numa declaração à imprensa, o director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, disse que o antigo líder do Partido Kuomintang (KMT), agora na oposição, vai acompanhar um grupo de estudantes numa deslocação à China entre 1 e 11 de Abril, na segunda viagem ao continente desde que deixou o cargo.

O itinerário de Ma inclui actividades em Pequim e nas províncias de Cantão e Shaanxi, disse Hsiao, esclarecendo que os possíveis encontros do antigo líder de Taiwan com figuras políticas na China vão depender da vontade dos anfitriões.

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China deu “boas-vindas” à visita de Ma. O porta-voz do Gabinete, Chen Binhua, manifestou “esperança de que os compatriotas de ambos os lados do estreito de Taiwan promovam o rico património cultural da China”, descrevendo a viagem como “uma oportunidade” para “reforçar a compreensão mútua e a ligação espiritual entre os jovens de ambos os lados do estreito” e “contribuir para o desenvolvimento pacífico das relações”.

Chen referiu que a delegação liderada por Ma vai participar no Dia do Finados, no qual os chineses prestam homenagem a entes queridos falecidos, numa cerimónia em honra do imperador Amarelo, considerado um dos pioneiros da civilização chinesa.

Ma, que se tornou o primeiro líder de Taiwan a visitar a República Popular da China em Março do ano passado, pediu um maior intercâmbio entre estudantes chineses e taiwaneses durante a anterior visita, por “partilharem a mesma cultura e identidade étnica”.

26 Mar 2024

Mar do Sul | Protestos de Pequim e Manila após novo incidente

China e Filipinas disseram ontem ter apresentado protestos em simultâneo junto dos dois Governos, depois de um novo incidente no mar do Sul da China, onde Pequim e Manila mantêm reivindicações territoriais.

As Filipinas disseram ter convocado um diplomata da embaixada chinesa em Manila, na sequência de “acções beligerantes” da guarda costeira chinesa e de um navio chinês perto de um recife no mar do Sul da China.

Manila expressou “forte protesto contra as acções agressivas levadas a cabo no sábado pela guarda costeira chinesa e pela milícia marítima” contra um navio de abastecimento filipino ao largo do atol Tomás Segundo, um recife disputado naquelas águas.

De acordo com as Filipinas, a guarda costeira chinesa bloqueou um navio de abastecimento e danificou-o com canhões de água, ferindo três soldados. A guarda costeira chinesa descreveu as manobras como “regulação, intercepção e expulsão legítimas” de um navio estrangeiro que “tentou entrar em águas chinesas pela força”.

Também a embaixada da China em Manila afirmou ter enviado também um “protesto solene” às Filipinas na sequência do incidente.

“No dia 23 de Março, as Filipinas violaram os próprios compromissos, ignoraram a firme oposição e os avisos prévios da China e insistiram em enviar um navio de abastecimento e dois navios da guarda costeira para entrar arbitrariamente nas águas perto do recife Ren’ai, nas ilhas Nansha da China”, afirmou a embaixada, em comunicado, utilizando o nome chinês para o atol.

26 Mar 2024

Israel | Pequim apoia nova proposta para cessar-fogo em Gaza

A nova proposta para um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão foi elaborada por oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança, Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador

 

A China anunciou ontem o seu apoio a um novo projecto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que apela ao cessar-fogo imediato em Gaza, alguns dias após ter vetado uma proposta dos Estados Unidos. “A China apoia este projecto de resolução e felicita a Argélia e os outros países árabes pelo seu trabalho árduo nesta matéria”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

“Esperamos que o Conselho de Segurança o aprove o mais rapidamente possível e envie um sinal forte para a cessação das hostilidades”, acrescentou. A votação, que estava prevista para sábado, foi adiada para ontem, numa tentativa de evitar novo fracasso.

Na sexta-feira, a Rússia e a China vetaram um projecto de resolução dos Estados Unidos que sublinhava a “necessidade” de um “cessar-fogo imediato” em Gaza, no âmbito das negociações para a libertação dos reféns capturados durante o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, a 7 de Outubro, em que morreram cerca de 1.200 pessoas e foram raptadas mais de duas centenas.

Alguns observadores viram nisto uma mudança substancial na posição de Washington, que está sob pressão para limitar o seu apoio a Israel. Até então, os Estados Unidos tinham-se oposto sistematicamente ao termo “cessar-fogo” nas resoluções da ONU, tendo bloqueado três textos desse tipo.

Mas a proposta norte-americana não apelava explicitamente a um cessar-fogo imediato, utilizando uma redação considerada ambígua pelos países árabes, pela China e pela Rússia, que denunciaram o “espetáculo hipócrita” dos Estados Unidos enquanto Gaza é “virtualmente varrida do mapa”.

“Se os Estados Unidos estão a falar a sério sobre um cessar-fogo, então votem a favor do outro projecto”, disse o embaixador chinês na ONU, Jun Zhang.

Munição política

Oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança (Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador) elaboraram um novo projecto de resolução, cuja votação era desconhecida à hora do fecho desta edição.

A última versão, apoiada pelo grupo árabe, “exige um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão (…), que conduza a um cessar-fogo duradouro”, enquanto a ofensiva israelita em Gaza já causou mais de 32.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

No projecto de texto apela-se também à libertação incondicional dos reféns e à eliminação de “todos os obstáculos” à ajuda humanitária. “Este projecto de texto adopta uma posição clara, exigindo um cessar-fogo e a extensão da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o que corresponde à orientação correcta das acções do Conselho de Segurança”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa.

“Actualmente, o conflito em Gaza está a arrastar-se e a provocar uma crise humanitária, pelo que a comunidade internacional espera que o Conselho de Segurança cumpra os seus deveres na prática e de forma abrangente”, acrescentou.

26 Mar 2024

Hong Kong | Nova lei de segurança nacional em vigor

A nova lei de segurança nacional de Hong Kong, que prevê penas de prisão perpétua por traição ou insurreição, entrou em vigor no sábado.

A nova legislação, que complementa a lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020 após as grandes manifestações do ano anterior, foi aprovada pelo parlamento da região autónoma chinesa na terça-feira, por unanimidade.

São acrescentadas várias categorias de infracções em relação ao texto de 2020: a traição, a insurreição, a espionagem e o roubo de segredos de Estado, a sabotagem que põe em perigo a segurança nacional e a “interferência externa”.

25 Mar 2024

Ministro britânico lança dúvidas sobre versão russa do atentado

O ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, lançou ontem dúvidas sobre a versão de Vladimir Putin após o ataque a uma sala de espectáculos nos arredores de Moscovo, afirmando ter “muito pouca confiança” no que diz o governo russo.

Num discurso televisivo, no sábado, Vladimir Putin prometeu “punir” os responsáveis pelo ataque na sexta-feira à noite, que resultou na morte de pelo menos 133 pessoas, referindo que os responsáveis tinham sido detidos a caminho da Ucrânia, não fazendo referência à revindicação do ataque pelo Estado Islâmico (EI).

“Qualquer perda de vidas civis é completamente horrível, mesmo que aconteça em países cuja governação desaprovamos fortemente, e só podemos esperar que os actores sejam apanhados”, disse Jeremy Hunt na Sky News. Mas questionado sobre as explicações avançadas por Moscovo, o ministro britânico disse ter “muito pouca confiança no que diz o governo russo”.

“Sabemos que está a criar uma cortina de fumo de propaganda para defender uma invasão totalmente diabólica da Ucrânia”, acrescentou, citado pela AFP. “Tomo o que o governo diz com muita precaução […] depois do que vimos da parte deles nestes últimos anos”, disse ainda o ministro britânico.

Luto nacional

A Rússia cumpriu ontem um dia de luto nacional na sequência do ataque ocorrido na sexta-feira à noite e que é já o mais mortífero em solo europeu reivindicado pelo EI.

De acordo com os investigadores, os atacantes entraram de rompante na sala de espectáculos Crocus City Hall antes de abrirem fogo, com armas automáticas, sobre a multidão e atearem um incêndio.

Líderes mundiais, entre os quais, Xi Jinping, enviaram mensagens de condolências a Vladimir Putin. De acordo com a imprensa chinesa, na carta, Xi disse estar “chocado” com o ocorrido e expressou as suas “profundas condolências” às vítimas e suas famílias, bem como a sua “sincera solidariedade” com os feridos. O líder chinês sublinhou que o seu país se opõe a qualquer forma de terrorismo, condena firmemente os ataques terroristas e apoia os esforços do Governo russo para manter a segurança e a estabilidade nacionais. O ataque em Moscovo, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico, tornou-se um dos cinco temas mais comentados da rede social Weibo.

25 Mar 2024

Filipinas | Pequim adverte Manila para pôr fim a “infracções e provocações”

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China advertiu as Filipinas de que deverão por fim de imediato “às infrações e provocações e abster-se de minar a paz e a estabilidade”, no mar da China meridional. O aviso surge após o último incidente, no sábado, em que uma patrulha da Guarda Costeira da China disparou canhões de água contra um barco filipino.

“Apesar da forte oposição da China, as Filipinas enviaram um barco de abastecimento e dois barcos da Guarda Costeira a 23 de Março, sem permissão do Governo chinês, para invadirem as águas adjacentes de Ren’ai Jiao do Nansha Qundao da China, numa tentativa de enviar materiais de construção ao navio militar encalhado ilegalmente em Ren’ai Jiao, para reparação e reforço”, declarou o porta-voz, citado pela agência Xinhua.

A mesma fonte defendeu que a Guarda Costeira da China tomou “as medidas necessárias no mar para salvaguardar direitos, bloqueou firmemente os barcos filipinos e frustrou a tentativa das Filipinas” e acrescentou que Nansha Qundao e as águas adjacentes, incluindo Ren’ai Jiao, “sempre foram território da China”.

“Isto está estabelecido no largo curso da história e cumpre com o direito internacional”, advogou.

“Se as Filipinas insistirem em seguir o seu próprio caminho, a China continuará a adoptar medidas decididas para salvaguardar a soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos. As Filipinas devem estar preparadas para suportarem todas as consequências”, insistiu.

25 Mar 2024

Economia | PM chinês promete maior abertura a líderes empresariais

Li Qiang manifestou o desejo de uma cooperação global com menos barreiras na abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, que reúne em Pequim 400 líderes de grandes empresas e organizações internacionais

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, garantiu ontem que implementará medidas para eliminar as barreiras que as empresas estrangeiras enfrentam, sustentando que “uma China mais aberta trará ao mundo mais oportunidades de cooperação para benefício mútuo”.

Num discurso na sessão de abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, que reunirá durante dois dias em Pequim 400 líderes de grandes empresas e organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, bem como académicos, funcionários e especialistas, Li destacou o potencial para atrair investimento estrangeiro.

O líder chinês destacou sectores como o desenvolvimento urbano, a “economia verde” e a modernização industrial e insistiu que o Governo de Pequim criará maiores oportunidades para o capital estrangeiro através de políticas macroeconómicas.

O executivo presidido por Xi Jinping já afirmou que está a estudar “cuidadosamente” alguns dos problemas de que as empresas estrangeiras que operam na China têm repetidamente reclamado, como as barreiras de acesso ao mercado ou o fluxo transfronteiriço de informação e dados.

Ontem, Li garantiu que Pequim melhorará a eficiência dos serviços governamentais e procurará proteger os direitos e interesses de todos os tipos de empresas.

“A economia chinesa está hoje mais integrada do que nunca com a economia mundial”, disse o primeiro-ministro, que enfatizou a “calorosa recepção” do seu país às “empresas de todo o mundo que investem na China e abraçam as grandes oportunidades”.

O Fórum de Desenvolvimento da China é um dos poucos cenários em que dirigentes de empresas estrangeiras podem ter contacto directo com as lideranças do país asiático e realiza-se este ano num contexto de desaceleração da segunda maior economia do mundo, que ainda não recuperou na taxa esperada das consequências de permanecer totalmente fechada por três anos devido à pandemia.

Ao alcance

A China estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 5 por cento para 2024, o mesmo objectivo do ano passado, embora muitos analistas tenham questionado se Pequim atingirá este valor sem implementar medidas de estímulo adicionais que não estão actualmente planeadas.

Li considerou ontem que a economia chinesa começou com boas perspectivas este ano, citando aspectos como os lucros industriais, o consumo de energia e os dados mais recentes sobre transporte de mercadorias e viagens. O dirigente reconheceu, ainda, a necessidade de impulsionar o emprego, melhorar os salários e prevenir riscos.

Segundo o primeiro-ministro, a economia do seu país tem “grande resiliência, potencial e vitalidade, e os alicerces que permitiram o seu crescimento sustentado a longo prazo não mudaram”. “Queremos proporcionar maior certeza e energia positiva para a recuperação e estabilidade económica global”, acrescentou.

Entre os líderes empresariais presentes no fórum este ano estão o CEO da Apple, Tim Cook, e os dos fabricantes de chips norte-americanos Qualcomm e Micron.

No âmbito deste evento, o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, reuniu-se com Cook e representantes de diversas empresas tecnológicas, financeiras e farmacêuticas. Somaram-se reuniões com os presidentes ou diretores-gerais da Visa, Broadcom, Mercedes Benz e Hewlett Packard.

25 Mar 2024

Indonésia | Xi Jinping felicita vencedor das presidenciais

O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou ontem o antigo general Prabowo Subianto, que foi declarado vencedor das eleições presidenciais indonésias realizadas a 14 de Fevereiro. Xi destacou a “amizade tradicional” entre China e Indonésia, sublinhando o “rápido desenvolvimento dos laços bilaterais”, a “crescente confiança política” e o “aprofundamento da cooperação” entre os dois países.

O líder chinês expressou a “grande importância” que atribui às relações com a nação insular e o seu desejo de trabalhar em conjunto com o Presidente eleito para “alcançar um maior sucesso” e “dar um impulso à prosperidade e estabilidade regional e global”. Após mais de um mês de contagem dos votos, a Comissão Eleitoral da Indonésia declarou na quarta-feira que o controverso antigo general, acusado de violações dos Direitos Humanos durante o regime militar, obteve 58 por cento dos votos.

Desde as eleições, registaram-se vários protestos denunciando alegadas fraudes eleitorais e outros candidatos anunciaram a sua intenção de contestar legalmente os resultados, alegando que Prabowo recebeu apoio não oficial do Presidente cessante, Joko Widodo.

22 Mar 2024

Taiwan | China reitera “reunificação pacífica” e ‘linha vermelha’ da independência

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou ontem que Pequim quer a “reunificação pacífica” de Taiwan “com total boa-fé” e que a ‘linha vermelha’ é a oposição firme a qualquer tentativa da ilha de obter independência.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que a “região Ásia – Pacífico deve ser uma zona de desenvolvimento pacífico” e “não um palco de confrontos geopolíticos”, lembrando que Taiwan “faz parte da China” e é um “assunto interno” do país asiático.

Lin reagiu assim às declarações do chefe do Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o almirante John Aquilino, que declarou na quarta-feira acreditar que o Exército chinês estará pronto para invadir Taiwan em 2027 e que as Forças Armadas chinesas simulam há anos operações contra a ilha, incluindo bloqueios marítimos e aéreos.

O porta-voz da diplomacia chinesa advertiu que a “determinação, vontade e capacidade do povo chinês” para “defender a sua soberania nacional e integridade territorial” não devem “ser subestimadas”.

22 Mar 2024

Xangai | Ministro angolano acompanha construção de navio para Agogo

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, deslocou-se ontem aos estaleiros navais de Xangai para acompanhar os trabalhos de construção de um navio flutuante que vai ser utilizado no campo petrolífero Agogo.

Trata-se de um navio para produção, armazenamento e descarga (FPSO, na sigla em inglês) que vai ser utilizado no bloco 15/06 do campo Agogo. A embarcação permitirá o processamento e armazenamento do crude até que possa ser transferido para um navio-tanque para transporte e refinação adicional.

No estaleiro naval situado na ilha de Chongming, a cerca de 100 quilómetros do centro de Xangai, a “capital” económica da China, Diamantino Azevedo frisou a importância do projecto para alavancar a produção petrolífera em Angola, “contribuindo assim, em grande parte, para contrariar o declínio natural da produção” do país.

“Queremos que este projecto promova também a transferência de conhecimento para os angolanos, para que a seu tempo constituam a força motriz para alavancar cada vez mais o desenvolvimento da indústria do petróleo e gás em Angola”, apontou o ministro, segundo uma nota a que a agência Lusa teve acesso.

No evento estiveram presentes os presidentes dos conselhos de administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Angola e da Sonangol e representantes da estatal chinesa Sinopec.

Diamantino Azevedo enfatizou o significado da construção do navio FPSO no estaleiro em Chongming para o reforço da aposta de Angola e China no “alargamento da cooperação”. “Isto evidencia o compromisso mútuo dos nossos países, com o desenvolvimento económico e social dos nossos povos”, disse.

Práticas presidenciais

A deslocação do ministro angolano a Xangai decorre após uma visita oficial à China de três dias do Presidente angolano, João Lourenço.

Em Pequim, Lourenço frisou o esforço de Luanda para executar um conjunto de reformas que visam “melhorar o ambiente de negócios do país, ajustando-o às boas práticas internacionais” e convidou os investidores chineses a investirem na refinaria do Lobito, em fase de construção, e em blocos petrolíferos ‘offshore’ e ‘onshore’.

A China é o maior destino para o petróleo angolano. O Presidente angolano disse também querer atrair mais investimento privado e público da China, “desde que seja sem o petróleo a servir como colateral”, como foi prática nas últimas décadas.

22 Mar 2024

Instituto Camões revela estratégia para Sudeste Asiático

O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua está a desenvolver uma “aposta grande” no Sudeste Asiático, utilizando Macau como plataforma, para “dinamizar mais na Ásia a presença do português”, disse à Lusa a presidente do instituto.

“Há uma aposta grande que estamos a tentar desenvolver com o Sudeste Asiático, aproveitando a nossa presença em Macau através do IPOR [Instituto Português do Oriente], podemos também dinamizar mais na Ásia a presença do português”, afirmou à Lusa Ana Paula Fernandes, à margem da inauguração de uma cátedra em homenagem à escritora portuguesa Lídia Jorge na Universidade Federal brasileira de Goiás, a primeira cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma escritora, a nona no Brasil e a 63.ª no mundo.

“Temos recebido pedidos da Coreia do Sul, mas também do Japão, onde irei em Abril, também para anunciarmos uma nova cátedra”, anunciou a responsável máxima pelo instituto que promove a língua e a cultura portuguesa no exterior.

Cátedras a caminho

Na mesma ocasião, Ana Paula Fernandes sublinhou ter a ambição de protocolar mais cátedras, mas admitiu existir um “processo de transição com o próximo Governo relativamente às prioridades que vão ser estabelecidas”.

Mas o que estava planeado para 2024 “no contexto do Orçamento de Estado que foi aprovado era efectivamente o reforço das cátedras”, frisou.

“Obviamente que temos de fazer isto de uma forma sustentável”, disse, acrescentando que em Julho tem lugar o primeiro encontro anual que servirá, entre outras coisas, para avaliar o impacto e analisar resultados.

“Em função disso perceber onde é que estão os mercados e posicionarmo-nos nesses mercados”, reforçou, acrescentando ser necessário estar atento a novas dinâmicas, como os novos fluxos migratórios de portugueses. Mas também “permitir o acesso para a língua portuguesa para outros que não têm nada a ver com Portugal, nada a ver com a cultura portuguesa, mas que querem aprender português”, disse.

21 Mar 2024

China / Austrália | Relações cimentadas após anos de tensões

A viagem do ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a Camberra visou restaurar os laços de cooperação afectados por várias disputas nos últimos anos

 

Os chefes da diplomacia da Austrália e da China reforçaram ontem as relações bilaterais, apesar de anos de tensão e divergências sobre a região do Indo-Pacífico, comércio e direitos humanos.

“Através dos esforços de ambas as partes, a China e a Austrália quebraram o gelo e estão a navegar juntas novamente, e os intercâmbios e a cooperação em muitos domínios foram gradualmente restaurados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em comunicado.

Wang, o primeiro responsável da diplomacia chinesa a visitar o território australiano desde 2017, participou no sétimo Diálogo Estratégico Austrália-China, em Camberra, no âmbito das medidas de normalização das relações bilaterais, enquadradas num contexto de competição na região do Indo-Pacífico entre Pequim e Washington, parceiro do país oceânico.

“Cada vez que nos encontramos, a confiança mútua é reforçada e as relações China-Austrália avançam. A comunicação estratégica é positiva e um passo em frente para dissipar dúvidas e construir confiança”, considerou Wang.

No final do encontro, a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana disse que as conversações se centraram nos australianos detidos na China, nos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, no Tibete e em Hong Kong, na segurança marítima e regional, na invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente.

Penny Wong sublinhou a importância de respeitar o direito internacional no mar do Sul da China, uma zona rica em recursos e fundamental para o comércio internacional, palco de disputas territoriais entre Pequim e os países da região.

“Manifestei a nossa grande preocupação com a conduta insegura no mar, o nosso desejo de paz e estabilidade no estreito de Taiwan e na nossa região”, disse Wong, numa conferência de imprensa, no final do encontro com Wang.

O responsável chinês sublinhou que a Austrália e a China “não têm disputas ou conflitos históricos” e os “interesses comuns ultrapassam de longe as diferenças”, instando ambas as partes a respeitarem a “soberania nacional e a integridade territorial” uma da outra.

Neste contexto, Wong afirmou que Camberra procura “uma relação estável, produtiva e madura com a China”. Os dois países estão a preparar uma visita à Austrália do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em data a divulgar.

A responsável australiana destacou ainda os passos dados pela China, o principal parceiro comercial, no levantamento das tarifas sobre vários produtos australianos impostas por Pequim em 2020, na sequência de um pedido feito pelo anterior Governo do conservador Scott Morrison de uma investigação internacional sobre a origem da covid-19.

Ponto de viragem

Pequim tem vindo a levantar as restrições comerciais a uma série de produtos e as relações bilaterais têm progredido desde que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, no poder desde Maio de 2022, visitou a China em Novembro.

“A previsibilidade nos negócios e no comércio é do interesse de todos”, observou Wong, esperando a resolução de “questões pendentes”, como o levantamento das tarifas sobre o vinho e a lagosta australianos.

Mas uma das questões prementes para a Austrália que ficou sem resposta é a situação do escritor australiano nascido na China, Yang Hengjun, condenado à morte por um tribunal chinês, com pena suspensa, por espionagem, no mês passado. “Não abandonaremos a defesa de Yang Hengjun”, prometeu Wong. A deslocação de Wang começou no domingo na Nova Zelândia e termina na quinta-feira na Austrália.

21 Mar 2024

China | Antigo responsável pelo futebol condenado a 17 anos de prisão

O antigo vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol, Wang Dengfeng, foi ontem condenado a 17 anos de prisão por desvio de fundos e suborno, num novo golpe da campanha anticorrupção contra as autoridades do futebol do país.

Segundo a imprensa local, Wang foi ainda multado em cinco milhões de yuan, depois de se ter aproveitado dos seus cargos na Associação Chinesa de Futebol e no Ministério da Educação – onde era director do Departamento de Educação Física, Saúde e Artes – para obter favores.

Segundo o tribunal, Wang utilizou o cargo no ministério para desviar mais de 44,9 milhões de yuan em fundos públicos, e a vice-presidência do organismo encarregue do futebol na China para ajudar associados a obter contratos para projectos e eventos.

Em troca, recebeu cerca de 9,66 milhões de yuan em património. Wang, contra quem a investigação foi iniciada em Agosto de 2022 e que foi detido em Fevereiro de 2023, confessou os crimes e devolveu os fundos e os bens que tinha desviado, pelo que recebeu uma pena mais branda, segundo o jornal oficial China Daily.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas detiveram ou lançaram investigações contra o presidente da Superliga de futebol, o director-adjunto da Administração Geral do Desporto e até Li Tie, antigo treinador da selecção nacional e antiga estrela do país que chegou a jogar no clube inglês Everton. Li foi acusado de crimes de corrupção, incluindo suborno.

Em Outubro passado, a Associação Chinesa de Futebol escolheu como novo presidente Song Kai, que, perante os casos de corrupção que salpicaram a instituição – incluindo o seu presidente entre 2019 e 2023, Chen Xuyuan, que enfrenta um julgamento por aceitar mais de 11 milhões de dólares em subornos, entre outras acusações – prometeu torná-la “mais aberta e transparente”.

20 Mar 2024

Sul-coreanos com doenças graves denunciam consequências da greve dos médicos

Várias associações de pacientes com doenças graves denunciaram ontem as dificuldades pelas quais as pessoas estão a passar com a greve que milhares de médicos sul-coreanos mantêm há cerca de um mês. “As principais vítimas [da greve] são pessoas com doenças raras e incuráveis”, disse o presidente da Fundação Lou Gehrig da Coreia do Sul, Kim Tae-hyun, numa conferência de imprensa realizada no Clube de Correspondentes Estrangeiros, em Seul.

Kim, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), falou através de um membro da fundação que dirige e lembrou que “é muito triste que um paciente com ELA que tem cerca de três anos de vida tenha de implorar para ser salvo”.

Exortando os médicos a não esquecerem o Juramento de Hipócrates, Kim considerou que estes devem ser “um raio de esperança para os pacientes com doenças raras e incuráveis” e “não se esquecer do seu dever”.

Mais de 90 por cento dos 13 mil médicos estagiários do país aderiram à greve desde 20 de Fevereiro em protesto contra o plano do executivo conservador Yoon Suk-yeol de aumentar as vagas nas escolas médicas em 2.000 por ano.

Uma vez que os médicos residentes representam cerca de 40 por cento do pessoal dos grandes hospitais de Seul, os maiores do país, estes centros médicos estão a ser obrigados a suspender cerca de metade das cirurgias programadas, muitas delas para pacientes com cancro, como recordaram várias associações. A greve também está a afectar pacientes pendentes ou em tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Portas abertas

Um representante da Associação Coreana de Pacientes com Cancro do Esófago Kim Jin-sun afirmou ontem que “esta situação é da responsabilidade do governo e deve ser abordada com urgência”. “É irónico é que haja uma recusa de praticar a medicina em protesto contra o aumento do número de estudantes nas escolas médicas”, disse.

O Governo defende que é necessário aumentar em 2.000 as vagas anuais nas escolas médicas para colmatar a escassez de médicos, especialmente nas zonas rurais e em áreas como a pediatria, a obstetrícia ou a cirurgia cardiotorácica. Mas os médicos denunciam que a decisão foi unilateral e consideram que o aumento deveria ser de 350 vagas para não afectar a qualidade da formação e do serviço, bem como para reforçar a protecção jurídica dos trabalhadores da saúde.

“Os pacientes não devem, em circunstância alguma, ser usados como instrumento político por nenhum dos lados. Os doentes são a nossa família, os nossos vizinhos. O seu sofrimento e as suas necessidades são da responsabilidade de todos”, disse Baek Min-hwan, da Associação de Pacientes com Mieloma. Baek pediu ao Governo e aos médicos que “encontrem uma solução através do diálogo e do compromisso”.

20 Mar 2024

Evergrande | Empresa acusada de inflacionar receitas

O regulador de valores mobiliários chinês acusou ontem a Evergrande e o seu fundador de adulterarem as receitas do grupo na China em quase 80 mil milhões de dólares.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários (CSRC) planeia impor uma multa de 4,2 mil milhões de yuan à Evergrande, de acordo com um comunicado da empresa enviado à Bolsa de Valores de Shenzhen. O regulador chinês disse ainda que vai banir o fundador e presidente da empresa, Xu Jiayin do mercado de valores mobiliários, para sempre.

A CSRC está “a considerar uma proibição vitalícia do presidente da Evergrande, Xu Jiayin, do mercado de valores mobiliários”, informou a empresa. A decisão concluiu que Xu Jiayin “tomou decisões e organizou a execução de uma fraude financeira, utilizando meios particularmente odiosos e em circunstâncias particularmente graves”, acrescentou.

O patrão da Evergrande “vai receber igualmente uma advertência e uma coima no valor de 47 milhões de yuan”, além de ser proibido de exercer actividade comercial, acrescentou a filial. Com sede em Foshan, a Evergrande era a maior construtora da China, empregando cerca de 70.000 pessoas a tempo inteiro no final de 2022.

A empresa acumulou dívidas ao ponto de o seu passivo ultrapassar os 300 mil milhões de dólares e tornou-se emblemática da crise no mercado imobiliário chinês, que se arrasta há vários anos e está a abalar toda a economia do país. Incapaz de reembolsar os juros dos seus empréstimos, o Evergrande entrou em incumprimento em Dezembro de 2021. Em Agosto de 2023, o grupo declarou falência nos Estados Unidos, uma medida destinada a proteger os activos norte-americanos.

20 Mar 2024