Pandemia | Agnes Lam revela que pelo menos 150 famílias estão separadas

As restrições à entrada de estrangeiros em Macau levaram à separação de mais de 150 famílias. A deputada Agnes Lam já enviou três cartas ao Executivo com a intenção de sublinhar o impacto da medida

Cerca de 150 famílias de Macau estão separadas devido à pandemia e às restrições fronteiriças. A informação foi avançada pela deputada Agnes Lam, ao Canal Macau, e tem por base os pedidos de auxílio que recebeu.
Desde 19 de Março que trabalhadores não-residentes e turistas sem nacionalidade chinesa estão impedidos de entrar na RAEM. No caso dos estrangeiros, a entrada pode ser garantida desde Dezembro, desde que estejam no Interior nos 14 dias anteriores, onde a entrada também está restringida, e em condições especiais, como a existência de familiares na RAEM. Todos os processos têm de ser processados caso a caso pelas autoridades competentes de Macau, e não há entradas garantidas automaticamente.
Anteriormente já tinham sido apresentados casos pontuais de famílias divididas, devido a um dos membros não ter nacionalidade chinesa, mas, ao Canal Macau, a deputada afirma que recebeu mais de 150 queixas.
“Desde as férias do Verão, entre Julho, Agosto até Setembro enviámos, não exactamente uma petição, mas uma carta ao Governo com toda a informação sobre estas famílias que pedem ajuda”, afirmou Agnes Lam. “Na altura, enviámos pedidos para mais de 80 famílias. A segunda vez que fizemos pedidos, foi no final de Setembro, início de Outubro. Nessa altura, eram pedidos de 50 famílias. E depois fizemo-lo novamente no mês passado, em Novembro. Eram 20 e tal famílias- Fizemo-lo três vezes. No total, mais de 150 famílias”, acrescentou.

Cidade fechada, cidade segura

Para a deputada, as medidas que estão em vigor desde Março, apesar de um relaxamento em Dezembro, são vistas pelo Executivo como fundamentais para transmitir uma imagem de segurança face a infecções por covid-19. “Parece que o Governo está muito preocupado com o nome de Macau como cidade segura. Têm medo, não querem mais casos. Eu acredito nisso”, interpretou face à rigidez das medidas. “Nem sequer querem casos importados. Não querem mais. Querem manter o número sempre nos zeros casos de infecções”, explicou.
Desde o início da pandemia, a RAEM registou 46 casos sem qualquer morte. O último caso identificado ocorreu a 25 de Junho. Agnes Lam acredita que apesar da situação, a medida de impedir a entrada de estrangeiros tem o apoio de parte da sociedade.
“Há sempre algum tipo de discussões quando levanto a questão. Quando faço uma publicação, vejo que a família agradece, mas também há sempre algumas pessoas que dizem: ‘Não voltem. Se querem encontrar-se porque não vão para o Reino Unido, ou para outro lugar, em vez de se juntarem em Macau?’ Há pessoas assim”, relatou a deputada.

14 Dez 2020

Construção Civil | Acidente mortal lança debate sobre impacto da crise para a segurança

Um desabamento numa obra elevou o número de vítimas mortais em acidentes de trabalho este ano para 10. No sector, reconhece-se que a evolução da segurança tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, mas existe a preocupação de que a crise económica possa afectar a segurança

Com o acidente da passada terça-feira, o número de vítimas de acidentes de trabalho subiu para 10 e ultrapassou a marca do ano anterior, quando nove pessoas perderam a vida no exercer da profissão. A ocorrência mais recente aconteceu numa obra de construção civil, um dos sectores mais propícios a acidentes com vítimas mortais, e lançou o debate sobre a possibilidade de haver redução nas despesas relacionadas com as medidas de segurança.

No caso, um trabalhador de 50 anos ficou soterrado quando escavava uma vala para a passagem de um tubo de esgoto, adjacente à Avenida dos Jogos da Ásia Oriental, na Taipa. A obra, onde aconteceu o desabamento e que vitimou o trabalhador não-residente, natural do Interior, tinha sido encomendada pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).

Apesar de ainda não haver um relatório público sobre as causas do acidente de terça-feira, Lei Ka Chi, presidente da Associação da Segurança na Construção de Macau, não afasta a possibilidade de ter havido um descuramento das medidas de segurança.

“Quando alguém do sector olha para as condições da obra nota que há erros óbvios. Por exemplo, numa construção com mais de 1,2 metros de profundidade é necessário instalar tábuas para suportar de forma temporária a terra. E é óbvio que isso não foi feito”, considerou Lei. “Como no dia 8 foi um feriado, não se afasta a possibilidade de os inspectores terem facilitado na supervisão e a construtora ter ignorado as medidas de segurança para cortar um custo”, acrescentou. “Temos de perceber que muitas vezes quando se saltam procedimentos de segurança, isso resulta apenas numa poupança de custos para as empresas”, frisou.

Pressão financeira

Na discussão das Linhas de Acção Governativa (LAG), Ho Iat Seng anunciou um investimento de 18,5 mil milhões de patacas na construção civil para promover a procura interna. No entanto, Lei Ka Chi fala de um sector para as empresas locais com margens de lucro bastante espremidas, devido a uma competição feroz e cada vez mais aos impactos para a economia decorrentes da pandemia da covid-19.

Este é um contexto que leva o presidente da Associação da Segurança na Construção de Macau a mostrar-se reticente face às perspectivas das questões de segurança no sector.

“A situação não nos permite estarmos optimistas para o futuro. Actualmente, os preços praticados na construção são irrazoáveis, demasiado baixos, e para sobreviverem as construtoras podem sentir-se motivadas a ignorar as medidas de segurança”, avisou Lei Ka Chi. “É fundamental que haja inspecção neste aspecto, porque estamos a falar de gastos essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores”, reforçou.

O empresário mencionou também o caso de uma obra pública, que não especificou, em que fez uma proposta de 16 milhões de patacas no concurso público. A proposta vencedora apresentou um orçamento de 9 milhões de patacas. “O nosso preço pareceu-nos o adequado quando consideramos todos os factores, inclusive a segurança. Mas, no final houve uma diferença de 50 por cento”, apontou.

Obrigações contratuais

Ao contrário de Lei Ka Chi, Tommy Lau Veng Seng, ex-deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e vice-presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, não acredita que as medidas de segurança sofram com a crise. Para sustentar este ponto de vista, Tommy Lau indica que os concursos públicos exigem que um certo montante seja gasto com as medidas de segurança.

“Eu não acredito que haja patrões que arrisquem a vida dos trabalhadores para pouparem dinheiro. Mas também sei que a Administração já adoptou medidas para garantir a segurança nas suas obras, por exemplo obriga que as propostas dos concursos públicos revelem o montante que vai ser gasto na segurança”, afirmou o construtor. “Quando os empreiteiros fazem as propostas já contam com o dinheiro que vão gastar nessa área, por isso acho que não têm uma motivação para cortar. Pelo menos, nos contratos públicos acho que este problema não se vai colocar”, acrescentou.

Opinião semelhante à de Tommy Lau é defendida por Harry Lai, um dos responsáveis pela empresa Lai Si, que reconhece que o ambiente de negócios está mais difícil. “O ambiente no sector está pior, porque o volume das obras foi reduzido e não se espera que no próximo do ano se regresse ao volume anterior à pandemia”, traçou como cenário. “A concorrência nos concursos públicos está mais intensa, principalmente no que diz respeito aos prazos das obras. Mas não acredito que as empresas, principalmente as maiores e mais conhecidas, vão arriscar a sua reputação ao nível da qualidade das obras ou da segurança”, considerou Harry Lai.

Uma história de evolução

Desde 1999 que nunca se morreu tanto no trabalho como nos anos de 2015 e 2016, com 19 e 21 mortes, respectivamente, que coincidem com o período em que estava em construção a segunda fase dos grandes hotéis no Cotai.

O aumento pode ser explicado com um maior número de obras, relacionado com o desenvolvimento económico, e também com a maior complexidade dos trabalhos realizados. No entanto, para os três empreiteiros ouvidos pelo HM, nunca a segurança no trabalho atravessou uma fase tão positiva em Macau, o que atribuem a políticas pró-activas da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

“A ideia que tenho é que se tivermos em conta o número de obras e acidentes mortais, a proporção era mais elevada no passado. Até porque a DSAL tem tomado medidas para que os próprios trabalhadores estejam mais atentos à necessidade de se protegerem”, afirmou Lei Ka Chi, presidente da Associação da Segurança na Construção de Macau.

Quando se fala do passado, na década de 90 e no início dos anos 2000, a atitude dos trabalhadores face aos equipamentos de protecção individual era vista como problemática. É o que recorda Tommy Lau: “Quando falamos desses anos era normal que os trabalhadores se recusassem a usar o capacete de protecção, as botas ou os arneses”, apontou. “Não havia tanta informação e as pessoas preferiam sentir-se mais confortáveis no trabalho a utilizar os equipamentos, mesmo que estes fossem oferecidos pelos patrões”, reflectiu.

Para a maior segurança, também contribuíram os empregadores, que o ex-deputado diz serem cada vez mais exigentes, assim como o Executivo. “Hoje em dia ninguém anda num estaleiro de obras sem o capacete, é obrigatório, e as empresas asseguram que isso é cumprido. Mesmo os trabalhadores têm de ter uma formação da DSAL sobre medidas de segurança e só quando obtêm o cartão podem ser contratados”, indicou.

Tommy Lau considera ainda que a DSAL faz cada vez mais e mais rigorosas inspecções aos estaleiros. Também Harry Lai elogia o Governo a nível das exigências de segurança nos estaleiros, mas indica que se pode fazer mais. “Os esforços da DSAL têm sido muitos e bons, mas pode ser feito mais para promoção e divulgação. Acho que se deve considerar criar um programa de prémios para os cumpridores”, sugeriu.

Momento de viragem

No sector da construção civil não há muitas dúvidas, a construção dos casinos pelas operadoras norte-americanas com empresas internacionais constituíram-se como um marco histórico. “Com a entrada da Sands, em 2003, houve realmente um aumento muito grande das exigências nos estaleiros. Houve um maior alerta para as questões do Governo e do sector e os resultados a que assistimos hoje em dia resultam dessa mentalidade”, opina Lei Ka Chi.

Tommy Lau concorda com esta visão: “As construções no Cotai trouxeram uma experiência e conhecimento a nível da segurança que não existia no sector local”, apontou. “Quando chegaram as empresas internacionais de construção o ambiente de segurança nos estaleiros era muito rigoroso para o que se fazia na época. Os gerentes eram muito pouco tolerantes para quem não queria utilizar capacetes e equipamentos de segurança e essa mentalidade foi ficando”, explicou. “Foi uma experiência de um ambiente de trabalho que não era comum, mas que ficou e levou muitos trabalhadores a perceberem e a aceitarem medidas que lhes podem salvar a vida”, acrescentou.

Por isso, quando olha para o passado, Tommy Lau tem a opinião que a construção civil é hoje uma actividade “muito menos perigosa do que no passado”. Contudo, não exclui que acidentes mortais vão continuar a acontecer, apesar dos esforços dos envolvidos e do desenvolvimento tecnológico: “A segurança passa por tentar prever todos os cenários possíveis e adoptar medidas para minimizar os riscos desses cenários para os trabalhadores. Só que há sempre a hipótese de não se conseguir prever tudo, e é essa hipótese que justifica muitos acidentes”, reconhece.

11 Dez 2020

Justiça | Sam Hou Fai reconduzido como presidente do Tribunal de Última Instância

No rescaldo de uma das principais polémicas do seu mandato à frente do TUI, Sam Hou Fai vai ser reencaminhado no cargo por mais três anos, até 2023. Já a juíza Teresa Leong, pediu para se reformar

O juiz Sam Hou Fai vai ser reconduzido no cargo de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) durante mais três anos. A notícia foi avançada ontem pela Rádio Macau.
Segundo a informação da emissora, o actual mandato de Sam Hou Fai termina a 20 de Dezembro, mas vai ser renovado até Dezembro de 2023. O magistrado é a única pessoa a ter ocupado o cargo desde a criação da RAEM, o que aconteceu em Dezembro de 1999.
A recondução de Sam Hou Fai surge após o magistrado ter estado envolvido numa das principais polémicas dos seus mandatados, que envolveram ainda o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, e o Conselho de Magistrados Judiciais, órgão presidido pelo próprio Sam Hou Fai.
Em causa, esteve o discurso proferido pelo juiz na abertura do ano judiciário, quando o magistrado elogiou as mudanças legislativas que permitem que certos processos possam ser decididos pelo TUI. No mesmo discurso, Sam Hou Fai apontou o exemplo de uma disputa entre o Governo da RAEM e a empresa Iao Tin no que diz respeito ao direito de propriedade de um terreno na Taipa.
No entanto, as palavras caíram mal ao presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, que criticou o magistrado por comentar um caso sobre o qual ainda tinha de tomar uma decisão. Por este motivo, o advogado pediu ao juiz a escusa do processo.
Apesar de não ter feito uma declaração de interesse, o escritório do actual presidente da AAM representa um dos intervenientes no processo, o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês), que a troco de um empréstimo à empresa Iao Tin recebeu como garantia o terreno que o Governo pretende recuperar.

Posição conjunta

Após as primeiras críticas, a resposta de Sam Hou Fai chegou através do Conselho de Magistrados Judiciais, que em comunicado acusou Neto Valente de desvirtuar “deliberadamente” e interpretar “inveridicamente” e “erradamente” o discurso. Porém, Neto Valente manteve que as declarações do juiz tinham contrariado a lei, no aspecto em que impede os magistrados de falar de casos específicos.
No discurso da polémica, o presidente do TUI defendeu ainda um afastamento do sistema jurídico de Macau da realidade de Portugal, por considerar que as duas regiões divergem “consideravelmente em ética moral, concepção de valores, usos e costumes, património cultural e muitos outros aspectos”. Sam Hou Fai considerou ainda que “as disparidades merecem […] atenção na elaboração e aplicação de lei, e devem ser encaradas com imensa cautela”.
Ainda de acordo com a Rádio Macau, a juíza Teresa Leong, que faz parte do Tribunal Judicial de Base desde 1999, fez entrar o pedido de reforma. Além de juíza, Teresa Leong é uma das docentes dos cursos de Formação para Ingresso nas Magistraturas Judicial e do Ministério Público.

10 Dez 2020

Cinema | Limbo de Ben Sharrock foi o grande vencedor do Festival Internacional de Macau

A quinta edição do festival de cinema de Macau distinguiu um filme britânico que aborda a questão dos refugiados na Escócia. Num evento totalmente realizado online, Suzanne Lindon, filha do consagrado actor e realizador Vincent Lindon, recebeu o prémio para melhor realizadora

O filme Limbo, do realizador Ben Sharrock, foi o grande vencedor do prémio para melhor filme do Festival Internacional de Macau. A lista com as películas agraciadas foi divulgada na noite de terça-feira, numa cerimónia que decorreu online e conduzida por Mike Goodridge, director artístico do evento.
Limbo aborda com algum humor a questão dos refugiados numa ilha da Escócia, e a espera para que os processos pendentes sejam aprovados. A temática não foi esquecida no discurso do realizador: “Dediquei muitos anos da minha vida a este filme e pessoalmente considero o tema extremamente importante. Mas, no final de contas, sei que quando se faz um filme com este assunto que o sucesso significa chegar a uma audiência grande e levar as pessoas a reagirem e fazer alguma coisa”, afirmou Ben Sharrock, numa mensagem de vídeo. “Espero que esta distinção seja um sinal de que estamos a atingir algum sucesso e que este prémio nos ajude a levar o filme a uma audiência maior”, expressou.
Ao vencer o prémio de melhor filme, Sharrock vai receber 60 mil dólares norte-americanos, o que correspondeu a cerca de 478 mil patacas. No entanto, o realizador prometeu doar uma parte dos ganhos: “Quero acrescentar que uma parte do prémio monetário vai ser doada a instituições de caridade que trabalham com refugiados na Escócia”, garantiu.
Segundo o presidente do júri, Ning Hao, o filme foi distinguido pela conjugação de um tema provocante com um estilo “muito moderno” do realizador. “O júri considerou de forma unânime que Limbo provoca o espectador a reflectir sobre o tema, devido à forma como explora com profundidade a sociedade e a relação entre cultura e humanidade”, foi explicado. “Estas são características conjugadas com a linguagem cinematográfica única do realizador, assim como um estilo artístico muito moderno, que se misturam magicamente e levam à audiência um prazer inesquecível que atinge todos sentidos”, acrescentou. “É um filme excepcional”, sentenciou.
Além do prémio para melhor filme, Limbo foi o grande vencedor da noite e confirmou o estatuto ao também ser agraciado com o prémio para melhor argumento.

Tal pai, tal filha

Quanto à melhor realização, a vencedora foi a francesa Suzanne Lindon, filha do conceituado realizador e actor francês Vincent Lindon. Em Spring Blossom, Suzanne abordou a história de um amor entre uma adolescente com 16 anos e um homem bem mais velho.
Na mensagem gravada e divulgada online, Lindon revelou que a história foi inspirada numa experiência pessoal. “Quero agradecer ao meu primeiro amor, porque foi desse amor que partiu a inspiração para este filme”, reconheceu a francesa. “Quando escrevi o filme tinha 15 anos e nunca imaginei que iria ter a oportunidade de o apresentar num festival como este nem receber um prémio. É uma mensagem de esperança para as pessoas como eu, jovens, porque mostra que se acreditarmos e trabalharmos para os nossos sonhos que podemos alcançá-los”, frisou.
Finalmente, a também actriz, elogiou a organização por não ter abdicado do evento “nos temos difíceis que todos vivemos”, numa referência à pandemia da covid-19.
A decisão do júri foi explicado por Erick Khoo, realizador, que definiu Spring Blossom como um “poema” e uma “pequena pedra preciosa”, sobre a experiência do primeiro amor.
O prémio de melhor actor distinguiu Lance Henrikson, protagonista do filme Falling, realizado por Viggo Mortesen, mais conhecido pelo papel como actor enquanto Aragon na trilogia do Senhor dos Anéis.
Em Falling, Lance Henrikson desempenha o papel de um pai conservador que se vê obrigado a vender a quinta onde mora, devido a uma situação de demência, e a mudar-se para casa do filho, que vive uma relação homossexual.
Na categoria de melhor actriz, a vencedora foi Magdalena Kolesnik, pelo papel desempenhado em Sweat, realizado por Magnus von Horn.
Na película, Kolesnik assume a personagem Sylwia Zajac, uma influenciadora na época digital, com milhares de seguidores, mas que mesmo assim se sente sozinha e procura uma relação com maior intimidade.
“Foi um papel que exigiu muita energia e esforço. Confesso que tive de me esforçar mesmo muito. […] Estou muito feliz por ter recebido este prémio e quero agradecer a Magnus von Horn por ter acreditado em mim”, disse a polaca sobre a distinção.
Já na categoria de “curtas”, o prémio foi para Under, realizado por Jiao Yue, que o júri, pela voz de Mathilde Henrot, sublinhou ter “muitas qualidades”.
Por sua vez, Jiao Yue reconheceu as limitações orçamentais do filme, que o próprio disse ter financiado, agradeceu à equipa envolvidas e prometeu começar a trabalhar na próxima obra.

Reconhecimento a Kore-eda

Finalmente, o prémio “Espírito do Cinema”, atribuído a quem se tenha distinguido pelo contributo para a sétima arte foi para Hirokazu Kore-eda. O japonês tem uma carreira longa com o trabalho mais premiado a ser “Shoplifters”, que inclusive arrecadou a Palma de Ouro em Cannes, sobre uma família pobre que vive de pequenos roubos.
O prémio foi justificado pelo director do festival, Mike Goodridge, por se ter considerado Hirokazu Kore-eda como “um visionário” e um dos realizadores “mais atrevidos e inovadores”.
Por sua vez, o japonês agradeceu o prémio e admitiu que depois de 25 anos sente que o trabalho está a ser recompensado. “Foi há 25 anos que me tornei realizador. Nos últimos tempos tenho recebido muitas distinções e sinto que todo o trabalho árduo está a ser recompensado”, admitiu. “No futuro espero poder continuar a criar e a produzir mais filmes”, acrescentou.
Devido à pandemia que assola o mundo, o Festival Internacional de Macau foi realizado de forma online, com os filmes a serem colocados numa plataforma digital a que as pessoas podiam aceder através do pagamento de um bilhete.
No entanto, em jeito de balanço, o director artístico do evento disse estar feliz com os resultados alcançados. “Foi uma desafio enorme para toda a equipa do festival fazer o evento online, mas estamos felizes com os resultados e com as opiniões que recebemos das pessoas de Macau e Hong Kong”, afirmou Mike Goodridge.
O Festival Internacional de Macau começou a ser organizado em 2016 e esta foi a quinta edição.

10 Dez 2020

Diplomacia | Rita Santos quer usar posição internacional para promover Macau

Os novos membros do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas foram recebidos por Edmund Ho, que considerou os cargos uma forma de ajudar o país

Rita Santos acredita que os cidadãos de Macau podem ser uma força no âmbito das relações internacionais. A mensagem da vice-presidente do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas foi deixada num encontro com Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo e um dos vice-presidentes da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Num encontro em que participarem os outros três membros de Macau nomeados para o organismo com ligações à ONU, Marco Ting, Herman Ng e Joyce Wong, Rita Santos comprometeu-se diante do ex-chefe do Executivo a fazer “o seu melhor para demonstrar que os cidadãos de Macau são capazes de dar o seu contributo no âmbito do trabalho internacional”.
Ao mesmo tempo, a responsável afirmou que no âmbito da diversificação económica haverá oportunidades para o desenvolvimento de mais empresas europeias na RAEM, em áreas como o sector financeiro, a medicina e ainda a alta tecnologia.
Mas as trocas, no entender de Rita Santos, não funcionam apenas num sentido e haverá oportunidades para as empresas da RAEM. Segundo a também conselheira das comunidades portuguesas, o Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas vai trabalhar com o objectivo de criar uma “série de plataformas de intercâmbio”, que irão permitir às empresas locais participar nos negócios entre a Europa e África.
Na vertente cultural, Rita Santos explicou a Edmund Ho que existe a esperança de que o Centro venha a organizar visitas de estudo para os residentes locais se deslocarem à Europa de modo a “expandirem a sua perspectiva internacionalmente”.

Promoção da RAEM

Por sua vez, o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, elogiou as nomeações de Rita Santos, Marco Ting, Herman Ng e Joyce Wong para o Centro e considerou tratar-se de “uma óptima oportunidade para a participação nos assuntos internacionais”.
Segundo Ho, esta é ainda uma oportunidade para “promover as características da população da RAEM” e “desenvolver um bom trabalho” no Departamento dos Assuntos Económicos e Culturais do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural entre a China e a França.
O vice-presidente do CCPPC elogiou ainda o papel do Centro que caracterizou como uma “organização internacional influente das Nações Unidas” e “uma ponte importante entre a França e a China”. Edmund Ho apontou ainda que a cooperação é cada vez mais importante “especialmente nos dias de hoje em que a situação internacional tem sido muito complicada”. Neste sentido, salientou que os quatro convidados recebidos podem “dar um bom contributo para o desenvolvimento do país”.

9 Dez 2020

TUI | Wong Sio Chak soma vitória nos tribunais

[dropcap]O[/dropcap] secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, está mais perto de aplicar a pena de suspensão a um agente dos Serviços Correccionais que deixou o posto de vigia, em Junho de 2010. Após processo disciplinar instaurado em 2011, Wong, que assumiu funções de secretário em 2014, decidiu suspender o agente por 90 dias, já em 2016. No entanto, o agente recorreu para o tribunal e a punição foi declarada ilegal, devido à alegada prescrição de um prazo.

No entanto, o secretário, segundo o comunicado dos tribunais, decidiu levar o caso da suspensão do agente para o Tribunal de Última Instância (TUI), onde acabou por ver parte dos seus intentos realizados. De acordo com o TUI, o ETAPM regula completamente os prazos de prescrições para os processos disciplinares, pelo que o TSI errou ao chegar a uma decisão com base não só no ETAPM, mas também no Código Penal. Por este motivo, o TUI enviou de novo o caso para o TSI que agora vai analisar todos os outros argumentos da defesa do agente, antes de decidir.

24 Nov 2020

Wan Kuok Koi e Charles Heung apoiam recompensa de 10 milhões por criminosos que atacaram amigo de Jack Ma

Tido como homem próximo de Jack Ma, Chin Fong Loi foi atacado à facada a 14 de Novembro, em Hong Kong. Agora oferece uma recompensa de 10 milhões de dólares para levar os agressores à justiça e conta com o apoio Wan Kuok Koi e Charles Heung, amigos e ex-parceiros de negócios em Macau

 

[dropcap]W[/dropcap]an Kuok Koi e Charles Heung estão a apoiar uma recompensa de 10 milhões de dólares de Hong Kong para encontrar os agressores do empresário Chin Fong Loi. A informação sobre o ataque e a recompensa foi avançada pelos media de Hong Kong e pelas redes sociais, sobretudo nas versões em chinês, e o objectivo é levar os criminosos à justiça.

O caso terá começado com um ataque à faca ao empresário Chin Fong Loi, natural de Ningbo, com ligações a Macau e ao empresário Jack Ma, de quem é tido como homem de confiança, principalmente no que diz respeito a participações no Grupo Alibaba e da empresa Ant. O ataque aconteceu na madrugada do dia 14 deste mês, quando o empresário estava a sair de um clube nocturno, o Dinasty Club, na zona de Wan Chai.

Apesar do lugar ser considerado de alta segurança, uma vez que é frequentado por altos membros do governo, nada impediu que Chin Fong Loi fosse agredido por três indivíduos com facas. A investida aconteceu quando Chin, também conhecido como “Com Muito Dinheiro”, em cantonense Chin Tô Tô, se preparava para entrar numa carrinha de sete lugares. Nesse momento, é possível ver pelas imagens de CCTV que circularam nas redes sociais do continente, três homens a aproximarem-se a desferirem golpes com facas.

Três segundos, muito sangue

As agressões duraram pouco mais de três segundos, mas foram suficientes para levarem Chin para o hospital, com ferimentos numa anca. Um dos assistentes do empresário também terá ficado ferido, neste caso com maior gravidade.

Os motivos por trás das agressões a Chin Tô Tô não são conhecidas publicamente, mas podem estar relacionados com a entrada na bolsa do Grupo Ant, que foi bloqueada pelo Governo Central e resultou em avultadas perdas para vários investidores. O empresário é amigo do fundador do grupo Alibaba, com quem foi visto várias vezes em público e que se crê ser um dos anteriores accionistas, ainda que de forma indirecta, através de outras empresas.

Também estas ligações fazem de Chin uma figura mediática entre o mundo dos negócios no continente, o que explica que nas horas seguintes ao ataque tenham sido colocadas a circular imagens de CCTV nas redes sociais.

Caça ao homem

Como reacção às agressões, Chin Tô Tô publicou um comentário nas redes sociais a prometendo pagar 10 milhões de dólares de Hong Kong por informações que levassem à identificação dos agressores, para serem levadas à polícia e à justiça. Entre as informações consideradas valiosas constavam a matrícula do carro, dados sobre a faca utilizada e os envolvidos.

O Apple Daily entrou em contacto com o representante legal de Chin para perceber se já tinham sido recebidas informações, mas o assunto foi remetido para o atacado. Por sua vez, Chin não respondeu aos contactos da publicação de Hong Kong.

No entanto, a recompensa contou com o apoio de duas personalidades de Macau, com ligações ao mundo da promoção do jogo e alegadamente da criminalidade organizada. Segundo a imprensa, Wan Kuok Koi, também conhecido como Pang Nga Koi, que significa Dente Partido, em cantonês, ofereceu-se para pagar parte da recompensa. Wan foi durante anos o homem forte da tríade 14 quilates em Macau.

A outra personalidade envolvida e que terá apoiado a recompensa é Charles Heung Wah Keung, ex-proprietário do Hotel Lan Kwai Fong, que vendeu, em 2017, a Chan Meng Kam, através da empresa China Star Entertainment.

Charles Heung é filho de Heung Chin, um dos homens tido como um dos fundadores da tríade Sun Yee On, em 1918. Além disso, o irmão mais velho de Charles, com o nome Heung Wah Yim, foi considerado pelos tribunais de Hong Kong, em 1988, como o principal cabecilha desta mesma tríade. A decisão seria posteriormente revogada devido a uma tecnicidade, que não colocou em causa o conteúdo da decisão.

Amizade de Macau

Segundo a imprensa, as posições de Wan Kuok Koi e Charles Heung a Chin Tô Tô são compreensíveis por duas razões: primeiro, porque procuram distanciar-se de uma eventual ligação aos ataques; em segundo lugar, os dois homens que actualmente são empresários estão ligados por laços de amizade a Chin, devido ao velhos tempos de Macau.

Natural de Ningbo, na província de Zhejiang, Chin Tô Tô terá nascido pobre e antes de ainda ser conhecido nos meios da promoção de jogo de Macau, terá tido como actividades profissionais a venda de gelados, melancias, e posteriormente, a entrada no sector da decoração e do imobiliário.

É por volta de 2006 que Chin Fong Loi surge em Macau como milionário e começa a dedicar-se à promoção do jogo, principalmente com a reserva de salas altamente exclusivas para servir clientes influentes e muito ricos do continente.

Terá sido devido a estas ligações, e apesar de Wan estar preso, que os dois terão desenvolvido uma relação de parceiros de negócios e de amizade. Quanto a Charles Heung, o cruzamento com Chin terá acontecido devido ao facto de ambos frequentarem meios próximos do multimilionário Jack Ma, de quem Chin foi companheiro de escola. Diz-se também que o seu súbito enriquecimento se deve a essa amizade, baseada em grande confiança.

Uma formiga sem bolsa

Apesar dos motivos do ataque não serem públicos, os meios de comunicação social que relataram o caso avançaram com várias hipóteses. Uma das explicações seria o facto de alguém pretender enviar um aviso a Jack Ma, após o empresário ter saído das boas graças de Pequim, devido às críticas que fez sobre regulação do sector financeiro no Interior.

Terá sido esta a razão que levou o Governo Central a bloquear a entrada na Bolsa de Hong Kong e Xangai da empresa de créditos Ant. O bloqueio aconteceu um dia antes da operação que se esperava que fosse a entrada na bolsa mais valiosa de sempre e que ia gerar 34 mil milhões de dólares norte-americanos ao grupo.

Contudo, a principal hipótese prende-se com motivações financeiras. Homemd e confiança de Jack Ma, Chin Tô Tô terá prometido ganhos a vários investidores, que se endividaram para comprar os títulos do Grupo Ant, numa operação comum e denominada “margin”, em inglês. Estas pessoas esperavam comprar acções e vendê-las depois com ganhos avultados. Antes da entrada em bolsa, previa-se que as acções da Ant poderiam disparar rapidamente, fazendo com que o grupo chegam a um valor total de 310 mil milhões de dólares americanos.

No entanto, a acção do Governo Central fez com que estes investidores perdessem uma parte muito significativa do investimento. E, apesar da promessa de Jack Ma de compensar os investidores mais afectados, o ataque a Chin Tô Tô poderá ter sido uma forma para pressionar aquele que é um dos homens mais ricos da China.

23 Nov 2020

Fórmula 4 | Charles Leong venceu duelo de pilotos locais e levantou o troféu

O piloto de 19 anos foi o grande vencedor do Grande Prémio de Macau ao levar a melhor perante Andy Chang, numa edição marcada pelo “duelo de residentes” e pelas limitações causadas pela pandemia

 

[dropcap]A[/dropcap]os 19 anos, Charles Leong tornou-se o vencedor do Grande Prémio, que este ano teve como categoria principal a Fórmula 4. O jovem que se apaixonou por este desporto a assistir aos desenhos animados “Initial D” concretizou um sonho de criança, numa edição marcada pelas medidas de controlo da pandemia.

“Alcancei um dos meus sonhos de infância e, para ser sincero, não consigo contar o que estou a sentir. São demasiadas sensações ao mesmo tempo e ainda acho que estou a sonhar”, afirmou Charles, momentos depois de passar pela linha de meta. “Foi um bom fim-de-semana em que contei com apoio dos meus amigos. E apesar de ter algumas dificuldades no início, consegui encontrar um bom ritmo. Só no final é que voltei a ter dificuldades, porque o Andy estava a aproximar-se e eu tinha os pneus muito desgastados”, explicou.

Por sua vez, Andy Chang reconheceu ter ficado satisfeito com o lugar intermédio do pódio e admitiu que o resultado foi justo. “No início ainda tentei encurtar a distância, mas o Charles estava demasiado rápido. Senti que não ia conseguir apanhá-lo”, apontou o piloto, de 26 anos. “Na última volta ainda me aproximei bastante, mas até à última curva não tive qualquer hipótese para tentar uma manobra de ultrapassagem. Fiquei satisfeito com o segundo lugar”, acrescentou.

No terceiro lugar terminou Li Si Cheng, um piloto que com 26 anos fez a estreia em Macau e que rodou sempre entre os mais rápidos, no grupo de participantes do Interior. Com um pódio no bolso, e também um pouco como reflexo da falta de experiência nestas lides do pelotão de pilotos da Fórmula 4 da China, Li afirmou estar satisfeito por ter participado pela primeira vez numa corrida tão mediática.

“Gostei muito de poder participar no Grande Prémio de Macau e num evento tão mediático. Chegar aqui e ver tantas câmaras e jornalistas… Admito que até me deixa um pouco nervoso”, reconheceu, no final, um bem divertido Li. “Foi uma excelente primeira experiência”, concluiu.

Corrida morna

A corrida de qualificação de sábado tinha deixado boas indicações para o duelo entre Charles e Andy. Apesar dos vários incidentes, Andy mostrou-se a Charles na única oportunidade que teve, mais concretamente na curva do Lisboa. Além disso, o residente de 26 anos deixou ainda uma mensagem para o vencedor do primeiro duelo: a vitória não seria alcançada sem luta.

O aviso foi levado a sério e no domingo, Charles saiu da pole e impôs desde cedo um ritmo muito elevado. Nem a entrada do safety car, devido a um acidente com Liu Yang e Yu Song Tao, afectou o piloto de 19 anos.

Mal recomeçou a corrida, o jovem focou-se em abrir uma vantagem e começou a registar voltas mais rápidas.
Andy Chang não deixou o conterrâneo sem resposta, mas Leong reagia prontamente com tempos mais rápidos, mostrando a razão de ter sido campeão de Fórmula 4 da China em 2017. E esta foi a história da prova até à última volta, quando Andy se conseguiu finalmente aproximar do rival, mas sem ter tido uma verdadeira oportunidade de ultrapassagem.

Sem grande motivo de interesse na frente, foi a luta pela quinta posição que fez aquecer a pista. Num duelo com várias trocas de posições e tentativas de ultrapassagem, ao nível do que mais emocionante se vê no automobilismo, Hong Shi Jie levou a melhor face a Li Kang.

David Pun venceu Taça da Grande Baía

Num fim-de-semana que dominou por completo, David Pun (Mercedes AMG GT4) venceu a Taça GT da Grande Baía, numa corrida que ficou marcada por uma longa suspensão, por, alegadamente, a organização ter considerado que os pilotos não tinham feito de forma apropriada a partida lançada. No segundo lugar, terminou Chang Chien Shang (KTM X Bow) e o último lugar do pódio foi ocupado pelo local Lei Kit Meng (Ginetta G55).

Ye Hongli venceu Taça GT de Macau

Ye Hongli (Mercedes AMG-GT3) foi o vencedor da corrida de GT de Macau, ao aproveitar da melhor maneira a pole conquistada na corrida de qualificação. Inicialmente o favorito Darryl O’Young (Mercedes AMG-GT3) tinha vencido a corrida de qualificação, mas a organização penalizou o piloto de Hong Kong, por não ter mantido a distância de um carro na partida lançada. Mais tarde, o piloto queixou-se nas redes sociais. Polémicas à parte, David Chen (Audi R8 LMS) foi o segundo e Marchy Lee (Audi R8 LMS) terceiro. Quanto a O’Young ainda chegou a recuperar até terceiro na prova principal, mas o fim prematuro da corrida, devido a acidente, fez com só fosse contada a volta em que estava em quarto.

Organização: cerca de 50 mil pessoas presentes

Segundo Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, estiverem ao longo dos três dias de provas cerca de 50 mil espectadores. O responsável elogiou os resultados obtidos para o turismo local e sobre as dúvidas levantadas pelo Chefe do Executivo, em relação à edição do evento no próximo ano, Pun afirmou que vai ser enviado um dossier com a informação deste ano para ser tomada uma decisão.

22 Nov 2020

Corrida da Guia | Huff tirou Ma de prova, foi penalizado e entregou a vitória a Jason Zhang

Ma foi campeão do TCR China em Macau, mas deixou o Circuito da Guia frustrado, após ter sido atirado contra as barreiras por Rob Huff. A manobra teve tanto de polémica como de perigosa e custou a 10.ª vitória ao britânico

 

[dropcap]J[/dropcap]ason Zhang (Lynk & Co) foi o grande vencedor da Corrida da Guia, que ficou marcada pelo acidente na Curva do Mandarim Oriental entre os favoritos Rob Huff (MG Xpower) e Ma Qing Hua (Lynk & Co). O britânico ainda subiu ao pódio e celebrou a “décima”, mas a organização acabou por aceitar o protesto da equipa Lynk & Co, que resultou numa penalização de 30 segundos a Huff, uma queda para a 23.ª posição, e a atribuição da vitória a Zhang.

A decisão sobre a penalização de Huff só foi conhecida três horas após a corrida, mas antes já tinha sido o principal assunto da conferência de imprensa. O britânico recusou haver qualquer intenção no toque: “Ele reduziu bastante a velocidade. Eu também tentei reduzir, mas a 250 km/h é complicado, porque também é preciso manter a estabilidade do carro”, explicou Huff, que na altura desvalorizou uma eventual penalização. “Não queria atingi-lo”, acrescentou.

Ma Qing Hua contou uma versão diferente sobre o embate que considerou o mais assustador da carreira. “Não sei o que se passou com Huff, mas este não é o seu comportamento normal […] Eu tinha hipóteses de vencer, tantas quanto ele e considero que esta não é a melhor forma de ganhar. Temos de nos respeitar dentro de pista”, disse Ma. “Claro que nas corridas temos sempre espaço para sermos agressivos, porém não se corre este tipo de riscos com uma manobra destas em Macau, e particularmente na Curva Mandarim Oriental, que é feita a velocidades superiores a 230 km/h. Ele fez uma manobra com um risco que não é normal em Macau, nem em provas do mundial”, opinou.

O chinês apontou também não acreditar que o toque na traseira se tenha tratado de um erro: “Se fosse um piloto estreante, até poderia considerar essa hipótese plausível. Só que estamos a falar de um piloto muito experiente, que sabe bem as velocidades a que circulamos naquela zona”, justificou.

Ma admitiu ainda ter temido os resultados do acidente: “sabemos que estamos num meio perigoso, mas, pela primeira vez, durante um acidente dei por mim a pensar se ia magoar-me”, confessou.

Após a penalização, o vencedor, Jason Zhang, considerou a vitória foi “estranha”, mas um prémio merecido para a equipa pelo trabalho feito nos testes das semanas anteriores à prova. “É uma sensação estranha, mas depois do que se passou com o Ma, acho que é inteiramente merecida”, afirmou. O piloto confessou também que no início do ano não tinha planos para estar em Macau: “Na verdade nem era para estar na prova, mas a equipa ligou-me a perguntar-me se queria participar… E eu respondi: porque não?”, revelou.

Campeonato para Ma

Um dos grandes aliciantes da Corrida da Guia este ano era o facto de ser pontuável para o Campeonato TCR China. Ma Qing Hua era o favorito à vitória e tinha uma vantagem de oito pontos face a Rodolfo Ávila (MG). A questão ficou logo decidida com a corrida de qualificação, que atribuía pontos.

Enquanto Ma conseguiu um segundo lugar, atrás de Huff, Rodolfo Ávila viu-se envolvido em dois toques e foi forçado a abandonar, o que fez com que hipotecasse automaticamente o campeonato.

No segundo dia, o piloto ainda fez uma excelente corrida, de trás para a frente, e apesar de ter arrancado de 29.º chegou a 7.º. Contudo, a prova foi interrompida mais cedo devido aos vários acidentes, o que impediu um resultado melhor.

Apesar da excelente prestação no dia de ontem, e da felicidade com o regresso a “casa”, o piloto mostrou-se desiludido com o resultado. “Estar de volta a Macau é sempre bom. Consegui qualificar-me em quinto para a primeira corrida, quando tudo estava em jogo, mas depois do primeiro recomeço tentei ultrapassar um concorrente, e ele fechou-me a porta. Como resultado fiquei com a direcção partida”, lamentou. “Foi uma pena, porque pelo que vimos hoje (domingo), se não tivesse desistido no sábado tinha conseguido vencer o campeonato porque o Ma desistiu… Mesmo assim, ser vice-campeão não é mau”, atirou.

Filipe de Souza o melhor de Macau

Com um quarto lugar à geral, após a penalização a Huff, Filipe de Souza (Audi R3 LMS) foi o melhor piloto de Macau na Corrida da Guia. No entanto, o piloto mostrou-se desiludido, por não ter sido capaz de repetir o pódio da prova de qualificação. “Tinha andamento para mais e o objectivo era o pódio. Por isso, não posso estar satisfeito com o resultado. Foi uma desilusão”, afirmou Souza. “Comecei muito mal, depois perdi a concentração e ainda bati numa das barreiras. Fico triste com a prestação”, completou. Apesar dos percalços, Souza levou para casa três taças, a de terceiro classificado na corrida de qualificação e de melhor piloto de Macau nas duas corridas.

22 Nov 2020

Grande Prémio | Rui Valente regressou ao pódio no Circuito da Guia 32 anos depois

[dropcap]F[/dropcap]oram precisos 32 anos, mas Rui Valente (Mini Cooper) quebrou o enguiço do Grande Prémio de Macau, na Corrida de Carros de Turismo de Macau. O macaense regressou ao pódio naquela que considera ser a corrida mais especial, com dois terceiros lugares na classe para carros 1600CC.

O momento mais feliz chegou no sábado, na corrida de qualificação, que começou em 3.º na classe. Aproveitando as várias lutas e percalços manteve a posição. A partir desse momento, com o enguiço quebrado, tudo ficou mais fácil: “Fiquei muito emocionado quando percebi que tinha terminado no pódio. Foram 32 anos à espera… Foi tanto tempo… É uma vida”, afirmou Valente, ao HM.

“Durante todos estes anos nunca senti que tivesse falhado o pódio por falta de andamento, mas houve sempre alguma coisa. Por um motivo ou outro, as coisas foram sempre falhando e sentia-me agourado. Felizmente a vontade de fazer venceu”, acrescentou.

A última vez de Rui Valente num pódio em Macau aconteceu em 1988, na altura com um Toyota AE86 Corolla, na corrida de iniciados. Este é um carro que se tornou muito popular nos dias de hoje, entre os mais novos, devido aos desenhos animados Initial D e serviu de inspiração a pilotos como Charles Leong.

Sem pressão, ontem, Rui Valente pode encarar a corrida principal, de forma mais relaxada. E o início esteve longe de ser fácil, quando o macaense se viu abalroado por outros dois participantes e ainda teve de lutar por uma posição com Célio Dias. “O pódio deu-me muita força para a corrida, por isso quando enfrentei maiores dificuldades, como quando fui abalroado no início e sofri danos muito ligeiros, não deixei de acreditar que era possível chegar a um bom resultado”, partilhou.

Por sua vez, imune a problemas, Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) foi o vencedor da classe 1600T, nas duas corridas. “É um circuito onde me sinto sempre bem, no início achava que não ia ter ritmo. Mas depois da primeira corrida habituei-me bem e o ritmo surgiu. Estava muito confiante”, afirmou o piloto macaense.

Destino fatal

A vitória à geral foi de Wong Wan Long (Mitsubishi EVO X). Contudo, o piloto mais rápido foi Kelvin Leong, assim como o mais azarado. Ao volante de um Mitsubishi EVO IX, Leong desistiu com problemas mecânicos, quando liderava, na corrida de qualificação. Mas, como um azar nunca vem só, Kelvin voltou a repetir a “proeza” de desistir na última volta também na corrida principal. A desfeita de ontem teve um impacto maior, porque Leong tinha arrancado de 19.º e feito uma recuperação notável.

Wong aproveitou assim os azares e somou um triunfo na Guia: “O meu início foi sem incidentes e estava tudo bem. Só que a partir do meio da corrida comecei a ter problemas com os pneus e deixei o Kelvin Leong ultrapassar-me”, disse Wong. “Eu achava que ia acompanhá-lo, só que depois percebi que ele estava mesmo muito rápido. Se não fosse o problema que o Kelvin Leong teve, acho que não teria tido andamento para mais do que o segundo lugar”, admitiu.

 

Célio Alves Dias com pneu rebentado

Na luta pelo pódio na Classe 1600CC, Rui Valente chegou a ter como adversário Célio Alves Dias (Mini Cooper). Contudo, o também macaense viu um pneu rebentar à quinta volta, logo na primeira curva do circuito, que o atirou contra a barreira, sem ferimentos. “Não esperava terminar a corrida desta forma, até porque o desgaste dos pneus era um problema que tínhamos identificado. Mas, nunca me senti verdadeiramente confiante no fim-de-semana”, desabafou Célio, no final.

22 Nov 2020

Caso Huawei | Canadá teme por segurança de testemunha que está em Macau

Reformado da polícia do Canadá, uma das principais testemunhas do caso que envolve a vice-presidente da Huawei, Meng Wanzhou, está a viver em Macau e recusa ser ouvido. As autoridades do país norte-americano temem pela segurança do ex-polícia

 

[dropcap]O[/dropcap] Departamento de Justiça do Canadá teme que a segurança de um ex-polícia a viver em Macau esteja em causa, após o homem ter recusado testemunhar no processo de Meng Wanzhou, filha do dono da gigante tecnológica Huawei. A informação sobre o caso da magnata, detida no Canadá desde Dezembro de 2018, foi avançada ontem pelo South China Morning Post.

O agente em causa chama-se Ben Chang, era responsável pelo departamento de “integridade fiscal” e depois de se reformar da Royal Canadian Mounted, em Janeiro do ano passado, veio trabalhar e viver para Macau. Era esse o seu paradeiro em 2019, quando foi contacto pela Royal Canadian Mounted. O homem é visto como uma testemunha com especial importância para o processo, porque no momento da detenção de Meng Wanzhou terá mantido conversações com as autoridades americanas.

Os Estados Unidos fizeram um pedido para que o Canadá extradite a empresária e o processo está a ser decidido no Supremo Tribunal da Colúmbia Britânica. A defesa de Meng pretendia ter acesso ao registo das conversas entre Ben Chang e Kerry Swift, uma vez que Swift é trabalhador do Departamento de Justiça Americano, de onde partiu o pedido de extradição.

O acesso ao documento foi garantido a 24 de Julho deste ano, mas inicialmente tinha sido recusado devido ao “interesse público”, especificado com a necessidade de garantir a segurança de Ben Chang, que se encontra actualmente em Macau.

Segundo o South China Morning Post, a defesa de Meng Wanzhou está preocupada com a recusa de Ben em testemunhar, porque considera que haverá “um número de consequências” imprevisíveis para o processo.

Central de contactos

Apesar de ter recusado testemunhar, Ben Chang prestou anteriormente um depoimento, que consta nos autos do processo, com várias informações sobre contactos mantidos nas horas anteriores e posteriores à detenção.

Chang terá afirmado ter a “crença” de que o FBI pediu dados para aceder aos equipamentos electrónicos de Meng. Porém, recusou ter sido ele o alvo dos pedidos do FBI ou de qualquer outra autoridade dos EUA e negou ter cometido qualquer ilegalidade.

Porém, segundo a defesa de Meng, Chang trocou emails com o coordenador do FBI para a extradição em Vancouver, Sherri Onks, assim como com um polícia da mesma força de investigação, John Sgroi. Por outro lado, Chang terá também dito que um “ministro chinês” entrou em contacto consigo sobre a detenção.

Um dos argumentos da defesa de Meng é a acção que levou ao acesso pelas autoridades americanas de informação confidencial, que terá violado a lei de protecção de dados.

O Supremo Tribunal da Colúmbia Britânica vai continuar a ouvir testemunhas no âmbito do processo de extradição, que se pode arrastar por vários anos, devido à possibilidade de haver vários recursos.

19 Nov 2020

Isenções | Deputados pedem explicações sobre poderes do director das Finanças

A 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa questiona vários aspectos da proposta de lei que vai permitir que empresas ligadas à inovação científica e tecnológica obtenham benefícios fiscais

 

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa querem saber se o Director dos Serviços de Finanças está obrigado a seguir as opiniões da Comissão de Avaliação das Actividades de Inovação Científica e Tecnológica, quando decide autorizar isenções fiscais. Este é um dos assuntos em discussão no âmbito no novo regime de benefícios fiscais para o exercício das actividades destinadas à inovação científica e tecnológica, que tem como objectivo promover a diversificação da economia.

O diploma está a ser discutido pela 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, mas a natureza da chamada Comissão de Avaliação não é clara para os deputados. “Sabemos que o director da Direcção de Serviços de Finanças autoriza os benefícios para as empresas, mas não é claro se tem de ouvir a opinião da comissão de avaliação”, afirmou o deputado Ho Ion Sang, que preside à comissão. “Também não entendemos a natureza dos pareceres, será que são vinculativos? Ou será que o director das Finanças pode escolher não seguir as opiniões da comissão? Vamos questionar o Executivo sobre este aspecto”, acrescentou.

Os membros e o mérito

Outro assunto que não é claro para os legisladores que analisam o diploma na especialidade é a nomeação dos membros da futura Comissão de Avaliação das Actividades de Inovação Científica e Tecnológica, assim como a renovação dos mandatos. Ho Ion Sang explicou que os deputados acham a proposta pouco clara nestes aspectos. “Diz-se que os mandatos têm duração de dois anos. E depois? Há renovação automática? Temos de ver esta questão esclarecida”, indicou.

A composição da comissão suscita mais dúvidas aos legisladores. Segundo o texto da lei, haverá “dois representantes de reconhecido mérito no sector industrial e comercial, dentro da área da ciência e tecnologia”. A mesma terminologia é utilizada para dois representantes do sector académico.

Contudo, os legisladores dizem que não percebem a utilização dos termos “representantes de reconhecido mérito”. “São termos muito vagos e amplos, não nos parecem muito claros”, considerou Ho Ion Sang.
Finalmente, os deputados admitiram ainda questionar o Executivo sobre os pagamentos aos membros da comissão através de senhas, para perceberem como funciona o procedimento.

19 Nov 2020

Turismo | Fim-de-semana celebrado com várias actividades

O “Carnaval Para Desfrutar Macau” traz para a rua nada mais do que doze eventos virados para as corridas, comida, música e ainda uma pista de neve. Também a mascote Mak Mak vai andar a fazer aparições pela Península e Ilhas

 

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Macau vai ser a grande atracção do fim-de-semana, mas as actividades não se ficam pelos automóveis. Numa mega operação de charme dos Serviços de Turismo para atrair turistas do Interior, o fim-de-semana vai receber nada menos do que doze actividades, entre corridas, festas, exposições e festivais de comida.

Para mostrar a história e o impacto do Grande Prémio para a cidade vão decorrer cinco eventos em diferentes bairros locais. Um deles é organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e tem como nome “Carros de Corrida Circulam Por Toda a Cidade”. A actividade está dividida pelo Campo da FAOM, nas Portas do Cerco, e os diversos centros comunitários da associação, decorre desde hoje até segunda-feira, e permite aos visitantes perceberem melhor a importância das corridas para a RAEM.

O hall de chegadas do Terminal Marítimo da Taipa é outro local que permite aos interessados entrarem em contacto com parte da história do Grande Prémio de Macau, até domingo. Com o nome “Exposição de Retrospectiva Histórica dos 67 anos do Grande Prémio de Macau”, o evento é organizado pelo Grupo CSI.

Para os que preferem a proximidade com a comunidade, e a pensar nas famílias, a alternativa passa por ir ao Bairro do Iao Hon, nomeadamente ao jardim ao pé do mercado, durante o fim-de-semana. Com o nome “Super Motor e Rotação para a Zona Norte 2020”, vão ser instaladas várias tendas com jogos, workshops e zonas de fotografias sobre o Grande Prémio. A entrada é gratuita e o evento é organizado pela Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau.

Não é só na Zona Norte da Cidade que se vai sentir o ambiente do Circuito da Guia, o mesmo vai acontecer Arraial na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida 2020, que decorre na Freguesia de São Lázaro até 6 de Dezembro e é organizado pela Associação Promotora para as Indústrias Criativas na Freguesia de São Lázaro. Além de “mini-corridas” e da exibição de materiais sobre automóveis, os interessados podem assistir a filmes, partilha de histórias, assim como concertos.

Finalmente, também a Doca dos Pescadores vai receber uma exibição sobre o Grande Prémio, na Praça dos Romanos, que está a cargo da Associação Comercial Federal da Indústria de Convenções e Exposições de Macau.

Comes, bebes e… neve

Para realmente “desfrutar Macau” é essencial comer uma boa refeição e a ida ao Festival de Gastronomia é obrigatória. A celebrar o vigésimo aniversário, o evento já se encontra a decorrer, mesmo que com menos barracas do que em anos anteriores, devido à pandemia. Os interessados podem experimentar a comida de 120 restaurantes ou snack-bars.

O festival é realizado na Praça do Lago de Sai Van e está a ser organizado pela União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas, até 29 de Novembro. Além da comida, há ainda um espaço para jogos e concertos ao vivo, com artistas locais.

Ao lado do festival de gastronomia, os visitantes vão ainda poder visitar o a 3.ª Edição do Carnaval de Inverno em Macau, que tem como tema a “construção de uma cidade saudável e demonstração da vitalidade do turismo”.

O carnaval de Inverno decorre até 27 de Dezembro e o grande atractivo é um parque com neve sintética que vai permitir esquiar e realizar outras actividades de Inverno. Além disso vai haver barracas com jogos e ainda mais concertos ao vivo. O evento está a cargo da Associação Internacional de Macau de Festas de Carnaval e vai decorrer na Praça da Torre de Macau.

O Mak Mak vai às Ilhas

A animação do fim-de-semana não se esgota na Península, também na Taipa e em Coloane vai haver festa. No caso da Taipa, começa hoje a “Festa na Taipa”, um evento na Praça dos Bombeiros que dura até domingo e que tem música ao vivo, jogos de perguntas com prémios e ainda tendas com jogos para os participantes.

O mesmo modelo vai ser seguido em Coloane, neste caso a partir de amanhã. No Largo Eduardo Marques os interessados vão poder encontrar música, e jogos em barracas com prémios. Estes eventos com um cariz mais comunitário estão a ser organizados pela Federação Industrial e Comercial das Ilhas de Macau.

O mesmo modelo de festa vai ser adoptado ainda na Rotunda Carlos da Maia, também conhecida como a Rotunda dos Três Candeeiros. Neste caso, o evento arranca na sexta-feira e fica a cargo da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos.

Além destes festivais, a mascote de Macau, o Mak Mak, vai fazer aparições surpresa nos diferentes bairros para tirar fotografias com residentes e turistas. As aparições acontecem entre as 11h e as 21h30 de sábado e domingo e vão acontecer nos seguintes locais: Jardim do Mercado Iao Hon, Rotunda Carlos da Maia, Rua de Tomás da Rosa, Doca dos Pescadores, Praça do Lago de Sai Van, Rua da Torre de Macau, Largo dos Bombeiros na Taipa e ainda Largo Eduardo Marques, em Coloane.

AGENDA

Grande Prémio de Macau – 67.ª Edição

Local: Circuito da Guia
Data: 20 a 22 de Novembro
Estimativa de participantes: 14 mil pessoas

Arraial na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida 2020
Local: Freguesia de São Lázaro
Data: 7 de Novembro a 6 de Dezembro
Estimativa de participantes: 4,5 mil pessoas

Carnaval de Inverno em Macau – 3.ª Edição
Local: Rua da Torre de Macau
Data: 12 de Novembro a 27 de Dezembro
Estimativa de participantes: 140 mil pessoas

Festival de Gastronomia – 20.ª Edição
Local: Praça do Lago de Sai Van
Data: 13 a 29 de Novembro
Estimativa de participantes: 500 mil a 600 mil pessoas

Festa de Taipa
Local: Largo dos Bombeiros
Data: 19 a 21 de Novembro
Estimativa de participantes: 6 mil pessoas

Festa de Coloane
Local: Largo Eduardo Marques
Data: 20 a 22 de Novembro
Estimativa de participantes: 5 mil pessoas

Festa nos Distritos Centro e Sul
Local: Rotunda de Carlos da Maia
Data: 20 a 22 de Novembro
Estimativa de participantes: 6 mil pessoas

Paixão para a Pista 2020
Local: Doca dos Pescadores, Praça dos Romanos
Data: 20 a 22 de Novembro
Estimativa de participantes: 40 mil pessoas

Super Motor e Rotação para a Zona Norte 2020
Local: Jardim do Mercado do Iao Hon
Data: 21 a 22 de Novembro

Exposição de retrospectiva história dos 67 anos do Grande Prémio
Local: Hall de Chegada do Terminal Marítimo da Taipa
Data 19 de Outubro a 22 de Novembro
Carros de Corrida Circula Por Toda a Cidade
Local: Campos dos Operários e Centros Comunitários
Data: Novembro

Flash Mob “Mak Mak”
Local: 20 a 22 de Novembro
Data: Vários locais na Península, Taipa e Macau

18 Nov 2020

AL | Comissão recusou incluir perguntas de deputados para “acelerar” trabalhos

Vong Hin Fai negou que a comissão a que preside tenha medo de perguntas “sensíveis” de alguns deputados, e diz que todos podem falar quando estiverem frente-a-frente com o Governo. Por agora, o objectivo é sempre acelerar os trabalhos

 

[dropcap]A[/dropcap] 3.ª Comissão Permanente terminou a primeira análise do novo Estatuto dos Agentes das Forças e Serviços de Segurança no meio de polémica. Após a reunião de ontem, a comissão presidida por Vong Hin Fai vai enviar um rol de perguntas ao Governo, que depois serão respondidas por escrito. Esta é também uma forma de preparar as futuras reuniões entre as partes.

No entanto, a reunião terminou com polémica porque nem todas as perguntas dos deputados foram aceites. O caso levou mesmo a uma deliberação interna, em que a maioria impediu que outros membros pudessem contribuir com perguntas no documento que será enviado ao Executivo. A razão foi “acelerar os procedimentos”.

A situação foi confirmada pelo presidente da comissão, que recusou qualquer tipo de limitação do trabalho dos colegas. “Não há limitações nas perguntas que os deputados podem fazer [ao Executivo]. Mas, para acelerarmos os trabalhos, e ter uma reunião quanto antes com o Governo, deliberámos enviar em primeiro lugar uma lista sobre as políticas”, começou por responder o deputado que preside à comissão. “É uma lista para os representantes do Governo estarem preparados para a reunião, e depois nessa reunião cada membro pode fazer as questões técnicas que entender, quando estivermos com o Governo”, acrescentou.

Por outro lado, o presidente da comissão recusar ter havido censura: “Nós deliberamos apresentar uma lista com questões, um memorando sobre as políticas. Não é por serem questões sensíveis ou técnicas, mas achamos que tínhamos de fazer uma selecção para acelerar os trabalhos”, sublinhou.

Vong Hin Fai apontou ainda que a comissão está a trabalhar contra o tempo, porque nas próximas três semanas vão decorrer os debates sobre as Linhas de Acção Governamental, que tiram tempo aos deputados.

Comissão quente

O novo Estatuto dos Agentes das Forças e Serviços de Segurança proposto pela tutela do secretário para a Segurança tem estado longe de gerar consensos, mesmo na comissão.

Esta não é a primeira vez que o debate aqueceu e o mesmo aconteceu na sexta-feira da semana passada. Na altura, após uma reunião em que se analisou a responsabilização dos agentes por acções praticadas fora do expediente de serviço e ainda a proibição de queixas anónimas contra superiores hierárquicos, Vong Hin Fai admitiu que as propostas estavam longe de ser consensuais, mas recusou explicar em detalhe as preocupações dos colegas.

Contudo, traçou um cenário em que a maioria pode estar mesmo contra as sugestões de Wong Sio Chak: “Se a maioria dos membros não concorda com a proposta de lei, isso será reflectido no parecer. Agora, o porquê de eles não concordarem, não posso responder. Como presidente, apenas posso aqui dizer quais foram as preocupações dos membros da comissão”, afirmou.

18 Nov 2020

Al Jazeera revela que empresário Jho Low vive em Macau

A emissora do Qatar Al Jazeera apresentou um documentário sobre o escândalo 1MBD e a fuga de Jho Low onde afirma que o empresário malaio se encontra a viver em Macau, ao contrário do que foi dito pelas autoridades da RAEM

 

[dropcap]A[/dropcap] viver em Macau desde Fevereiro de 2018, numa casa que é propriedade de um “alto quadro” do Partido Comunista Chinês. É este o paradeiro do fugitivo Jho Low, procurado pelas autoridades da Malásia, segundo um documentário emitido ontem pela estação televisiva Al Jazeera.

A emissora pública do Qatar diz que a informação foi avançada por fontes na Malásia e em Macau, que não são identificadas. O mesmo acontece com o membro do partido, cuja casa estará a acolher o fugitivo. Como tal, não é possível saber se o proprietário é de Macau ou do Interior da China.

Jho Low é procurado pela justiça da Malásia, depois de em 2015 ter rebentado o escândalo que envolve a empresa com capitais públicos 1MBD. Esta companhia foi criada pelo então primeiro-ministro Najib Razak, para investir reservas do país, mas acabou por resultar em perdas de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos. Najib e Low são acusados de se terem apropriado de dinheiros públicos.

No documentário da Al Jazeera, são publicadas conversas telefónicas entre Jho Low e o Ministério da Justiça da Malásia, nas quais o empresário tenta chegar a um acordo para evitar ser preso. Também nas escutas, Low admite estar na China, por mais do que uma vez, e propõe como lugares de encontro para negociações com o Ministério da Justiça Macau ou Hong Kong.

De acordo com a emissora, Low chegou mesmo a marcar um encontro em Macau, mas depois fugiu, no dia anterior ao encontro, para os Emirados Árabes Unidos.

Tensões à solta

Anteriormente, o inspector-geral da polícia da Malásia, Tan Sri Abdul Hamid Bador, já havia acusado as autoridades da RAEM de estarem a proteger um fugitivo. A acusação foi inclusive feita mais do que uma vez.

No entanto, a secretaria para a Segurança de Macau negou esse cenário, em Julho do ano passado. “A Polícia da Malásia, contrariando as regras e as práticas no âmbito de cooperação policial internacional, divulgou unilateralmente que o Lao XX [Jho Low] se encontra em Macau, informação que não corresponde à verdade”, defendeu o gabinete do secretário Wong Sio Chak, num comunicado, emitido em Julho do ano passado.

Na altura, Wong negou ainda que a Malásia tivesse pedido qualquer assistência com o caso, apesar de afirmar o contrário publicamente. “Desde o ano 2018 até ao presente, a Polícia da Malásia não efectuou qualquer comunicação para as Autoridades de Macau, nem formulou qualquer pedido”, foi frisado, no mesmo comunicado.

O secretário elogiou ainda a postura local: “É de salientar que a Polícia de Macau cumpre sempre a lei e os procedimentos, tomando uma atitude pragmática e franca e de acordo com os princípios de igualdade, reciprocidade e de respeito mútuo no que toca ao desenvolvimento de uma cooperação policial efectiva com todos os países e regiões”, foi dito.

17 Nov 2020

LAG 2021 | Rede 5G pode custar 3 mil milhões

[dropcap]A[/dropcap] instalação da rede 5G em Macau pode custar 3 mil milhões de patacas, segundo Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo foi questionado sobre o andamento dos trabalhos e explicou que os postos de transmissão da tecnologia 5G têm um cobertura muito inferior ao postos das gerações anteriores, o que faz com seja necessário instalar em maior número, com custos maiores.

Face a este cenário, Ho colocou mesmo em cima da mesa a possibilidade criar uma empresa com capitais públicos para desenvolver os trabalhos. No entanto, antes será necessário actualizar a legislação.

17 Nov 2020

LAG 2021 | Deputado Vitor Cheung Lap Kwan ficou em silêncio

[dropcap]N[/dropcap]a sessão de ontem, intervieram 32 os deputados com perguntas ao Chefe do Executivo. Se for excluído o presidente da Assembleia Legislativa, que normalmente não dirige questões ao Governo, todos os deputados questionaram Ho Iat Seng sobre as Linhas de Acção Governativa e as políticas para o próximo ano, à excepção de Vitor Cheung Lap Kwan. O empresário e deputado mais velho, com 82 anos de idade, tem faltado consistentemente às sessões plenárias do hemiciclo.

17 Nov 2020

LAG 2021 | Ho Iat Seng diz que propinas no ensino superior podem subir para não residentes

[dropcap]H[/dropcap]o Iat Seng deixou ontem no ar a possibilidade de as universidades públicas de Macau aumentarem o preço das propinas, pelo menos para os não-residentes. “Neste momento, 75 por cento das despesas com as universidades públicas são sustentadas pelo erário público, por isso é importante encontrar um ponto de equilíbrio”, afirmou Ho.

“Mas não podemos afectar os alunos locais, será mais para pensar nos alunos que vêm do exterior. Temos de ver que as universidades de Macau têm aulas com professores famosos do exterior e têm propinas mais baratas que jardins-de-infância no Interior da China”, considerou.

17 Nov 2020

LAG 2021 | Ho Iat Seng ainda decide realização do Grande Prémio de Macau no próximo ano

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo admitiu ontem que ainda está a decidir se vai haver Grande Prémio de Macau no próximo ano, devido ao contexto da pandemia. Na sessão de perguntas e respostas com os deputados, Ho Iat Seng admitiu que tem uma dor de cabeça para resolver, uma vez que não consegue antever o futuro e não sabe se haverá condições para se garantir a participação dos pilotos estrangeiros.

“Em relação ao Grande Prémio assinámos os contratos no ano passado e queríamos mesmo avançar. É um evento que nos permite fazer publicidade a Macau. Mas, está na altura de tomar uma decisão sobre a realização da edição do próximo ano e tenho pensado e repensado sobre o tema”, confessou o Chefe do Executivo. “Não podemos tratar dos contratos em cima da hora e tudo tem de ser feito com antecedência. Se fosse a questão de os pilotos dizerem que correm num dia e no outro irem logo para a pista… Mas, não é desta maneira […] também não sabemos como vai estar a situação da pandemia no próximo ano […] Não sabemos se no próximo ano a cidade vai continuar morta”, acrescentou.

Face a este dilema, Ho Iat Seng admitiu que tem tido várias “dores de cabeça” que também se prendem com um plano mais ambicioso, de criar todos os meses um evento de grande dimensão desportivo ou de cariz cultural. Estes eventos, como a Maratona de Macau ou o Torneio Mundial de Ping Pong, vão ser apoiados pelas concessionárias do jogo, dois eventos por cada operadora, mas estão em causa devido ao impacto da pandemia.

“As concessionárias aceitaram financiar os eventos. Este ano já houve actividades que foram suspensas e outras que vamos realizar como a competição de ping pong e a maratona. Mas, temos de pensar nos eventos do próximo ano. A secretária [para os Assuntos Sociais e Cultura] já apresentou a lista com 12 eventos, só que temos de considerar os efeitos da pandemia. Por exemplo, na Europa e nos EUA regressaram os confinamentos e sabemos que os eventos não se organizam num mês, mas em vários”, explicou sobre a dificuldade de tomar uma decisão. “Vai ser uma decisão minha e eu vou ser responsável pelas consequências”, sublinhou.

O Grande Prémio de Macau está integrado na edição do próximo ano da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), e de acordo a informação no portal da competição chancelada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), vai realizar-se no fim-de-semana de 19 a 21 de Novembro.

17 Nov 2020

Associações | Acção social do Governo “presa” por 35 horas de trabalho

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo defendeu a entrega de grandes subsídios a associações locais e apontou que estas assumem muitas vezes uma função social, que não pode ser assumida pelo Governo devido à limitação das 35 horas de trabalho semanais.

Após ter sido questionado por Sulu Sou sobre o facto de haver grandes associações a receberem milhares de milhões patacas em subsídios, sem obrigação de prestarem contas, Ho Iat Seng negou que são “várias”.

“Não podemos dizer que o Governo está a dar subsídios só às grandes associações, nem que há várias a receber milhares de milhões de patacas em subsídios”, começou por contestar o Chefe do Executivo. “São associações que prestam várias horas de serviço à população, enquanto os serviços públicos só trabalham 35 horas por semana. São associações que prestam um serviço público”, realçou.

Ho Iat Seng negou ainda ter poder para obrigar as associações a apresentar contas. Porém, neste capítulo, o Chefe do Executivo acabou desmentido, já no final do Plenário, pelo deputado, que citou a lei que regula o direito de associação: “As associações que beneficiem de subsídios ou de quaisquer outros contributos de natureza financeira de entidades públicas, em montante superior ao valor fixado pelo Governador, publicam anualmente as suas contas no mês seguinte àquele em que elas forem aprovadas”, consta no artigo citado por Sulu Sou.

17 Nov 2020

Administração | Funcionários fogem de cargos de chefia

[dropcap]H[/dropcap]á vários funcionários públicos que evitam cargos de chefia por terem medo de serem criticados ou interpelados pelo deputados. O cenário da Administração Pública foi traçado pelo Chefe do Executivo, ontem, depois de ter sido questionado sobre um regime de responsabilização pela deputada Agnes Lam. “Temos dificuldades em encontrar directores para os serviços. Muitas vezes não temos pessoas que estejam disponíveis para virem à Assembleia Legislativa serem criticadas ou interpeladas, por isso vemos que muitas vezes as pessoas não têm essa disponibilidade ou perfil”, admitiu o líder do Governo. “Quando os deputados fazem críticas aos funcionários públicos há várias interpretações que são feitas… Mas é importante que não resultem em situações em que os directores ficam de mãos atadas e sem condições para no futuro tomarem as decisões necessárias”, acrescentou.

Ho Iat Seng mencionou depois o caso entre os Serviços de Saúde e o Instituto de Desporto que levou a que na sexta-feira fossem exigidos testes de ácido nucleico a todos os praticantes de desporto inseridos nas associações locais. No entanto, horas depois, e no mesmo dia, acabou por haver um recuo: “Houve pessoas que disseram que este caso foi uma descoordenação interna e isso tem implicações. Mas, mesmo nestas situações, o responsável sou sempre eu e tenho de assumir as responsabilidades”, atirou.

Ho Iat Seng defendeu ainda que a criação de um sistema de recompensa e sanções para os funcionários públicos deve ter sempre em conta o desempenho geral, em vez de focar situações particulares, como erros pontuais.

17 Nov 2020

LAG 2021 | Ho Iat Seng afirma que crise económica só é ultrapassada com vacina

O líder do Governo esteve ontem na Assembleia Legislativa e explicou que os apoios sociais são incapazes de resolverem o problema do desemprego no território. Pra Ho Iat Seng, a vacina é a solução para todos os problemas

 

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo considera que os apoios sociais têm um impacto limitado na mitigação dos efeitos da crise gerada pela pandemia e acredita que a recuperação só vai acontecer com a inoculação. As declarações foram prestadas ontem por Ho Iat Seng, na sessão de perguntas e respostas com os deputados, no âmbito das Linhas de Acção Governativa.

A versão do líder do Governo foi apresentada depois de ter sido questionado por Ella Lei, deputada dos Operários, sobre como iria combater a crise económica: “Mesmo com os apoios não conseguimos resolver o problema do crescimento da taxa de desemprego. Temos de esperar pela retoma económica e ter confiança.

Mas, a recuperação depende de encontrar uma vacina”, avisou Ho. “Se toda a população for vacinada, e se a vacina tiver os efeitos desejados, podemos ver uma saída para esta situação e recuperar”, acrescentou. Ho Iat Seng não apresentou soluções para o desemprego e sublinhou que a indústria do turismo está preparada para receber 40 milhões de pessoas, mas que o fluxo actual de turistas está longe de corresponder. “A procura actualmente é diferente. Temos a capacidade para 40 milhões de pessoas, mas faltam pessoas. É também por isso que defendo a diversificação da economia”, indicou.

Ainda em relação ao desemprego, Ho Iat Seng afirmou que é um problema mundial e que mesmo o Interior está a lidar com uma queda da procura interna, como teve oportunidade de verificar em Setembro numa deslocação a Hainão.

Quatro paredes

Outros dos temas em foco na sessão de ontem das LAG foi a habitação. Uma das poucas críticas que se ouviu na sessão partiu de Leong Sun Iok, deputados dos Operários, que apontou ao facto da venda de habitações económicas ser feitas aos poucos, em vez de haver um megaconcurso, um processo que comparou a “espremer a pasta de dentes”.

Em reposta, Ho Iat Seng recusou fazer promessas que não sejam para cumprir: “As promessas que deixar nesta casa vão ser honradas. Temos de respeitar os prazos para a construção […] caso contrário, surgirão várias acções judiciais. Poderia dizer que vou fazer os concursos de uma vez, mas não posso”, explicou.

No seguimento da construção de habitação económica, o Chefe do Executivo recusou ainda críticas face à importação de trabalhadores não-residentes (TNR) para as obras públicas. “É o problema do ovo e da galinha. Por um lado, os residentes não querem mais TNR em Macau. Por outro, querem acelerar os trabalhos de construção da habitação económica”, explicou.

Ainda na questão de habitação, Ho Iat Seng deu entre três a três anos e meio ao secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, para construir duas torres de habitação para idosos. O projecto é um programa piloto para pessoas com mais de 65 anos que não querem viver em prédios antigos e necessitam de apoios sociais.

17 Nov 2020

Ho Iat Seng pondera trocar cheque pecuniário por cartão de consumo

A decisão final é dos residentes, mas a distribuição das 10 mil patacas pode ser feita de forma diferente no próximo ano. Ho Iat Seng acusou ainda os residentes de não quererem trabalhar na construção civil, para justificar a necessidade de contratar não-residentes

 

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo está a ponderar transformar o cheque da comparticipação pecuniária em cartões de consumo para utilização no comércio local. A revelação foi feita ontem, na conferência de imprensa sobre as medidas previstas nas Linhas de Acção Governativa (LAG).

Até este ano, o Governo distribuía um cheque no valor de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil patacas para não permanentes, que era utilizado livremente.

Contudo, Ho Iat Seng considerou que os efeitos para o consumo local não foram alcançados e admite distribuir a verba numa nova fase do cartão de consumo.

“Quando olhamos para este ano, parece que o programa de comparticipação pecuniária não trouxe grande incentivo ao consumo interno. O cheque acaba por ser apenas uma transferência do erário público para as contas privadas, mas parece que não é uma grande ajuda porque as pessoas preferem poupar, em vez de injectarem o dinheiro no mercado”, começou por explicar Ho Iat Seng. “Mas com o cartão, as pessoas preferiram gastar o dinheiro em restaurantes ou outras lojas. Com o cartão de consumo conseguimos promover as pequenas e médias empresas. Se as PME sobreviverem também vão ajudar os cidadãos com empregos”, acrescentou.

A decisão ainda não está tomada e o Chefe do Executivo prometeu ouvir a sociedade. A tendência é transformar o cheque em cartão de consumo, mas se a maioria da população se opuser, então até Julho será anunciado que o cheque é para manter. “Se na altura de decidir, a perspectiva de emprego e a economia estiverem estáveis, então a distribuição será em numerário… Mas nós não queremos incomodar os cidadãos, se preferem numerário, então a distribuição vai ser em numerário”, frisou. “Mas não se preocupem que o dinheiro vai chegar aos cidadãos”, garantiu.

Apoios por decidir

Por decidir ficou ainda o lançamento da terceira fase da medida de apoio à economia local. A decisão só será tomada posteriormente e vai depender da recuperação económica. “Se tivermos uma vacina, recebermos muitos turistas e a economia recuperar, então não vamos ter terceira ronda de apoio à economia. Se a situação difícil se mantiver, não afastamos essa ronda. Ainda estamos a estudar”, reconheceu.

Afastada está a injecção extraordinário de uma verba de 7 mil patacas de comparticipação nas contas do regime de previdência dos cidadãos, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos. Esta alteração prende-se com a legislação em vigor que só permite este tipo de apoio, para ser gozado depois dos 65 anos.

“Segundo a lei, a injecção extraordinária só pode ser feita quando há excedente orçamental e sem base legal não podemos fazer essa injecção nas contas de previdência”, clarificou Ho, sobre a decisão.

Empregos indesejados

A situação do desemprego crescente em Macau foi também comentada por Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo reconhece o problema, mas negou que os trabalhadores não-residentes (TNR) estejam a “roubar” postos de trabalho aos locais. “O sector da construção civil tem um salário alto, mas o trabalho é árduo e os residentes não querem fazê-lo […] Os residentes preferem trabalhos no sector terciário, nos serviços, no escritório e em salas com ar-condicionado”, afirmou Ho. “Precisamos de TNR porque os locais não querem fazer estes trabalhos. Mas, se agora os residentes começarem a querer trabalhar na construção civil, então vamos reduzir o número de TNR”, prometeu.

Além do exemplo da construção civil, sector que Ho Iat Seng assegurou terá mais trabalho devido ao investimento de 18 mil milhões de patacas em obras públicas, outra profissão indesejada que destacou foi empregada doméstica. “Há vagas e por isso temos trabalhadores não-residentes como empregadas domésticas. Mas como o salário é baixo, os residentes também não querem estes trabalhos”, indicou.

Ho Iat Seng comentou também os layoffs e os cortes salariais. “Muitas pessoas estão num dilema, numa situação sem vencimento, mas que mesmo assim não querem mudar de emprego. Sabem que se a situação piorar vão ter dificuldades em regressar a esses trabalhos e por isso preferem manter os actuais contratos de trabalho”, considerou.

Futuro do jogo foi tabu

Foi uma das perguntas mais frequente, mas Ho Iat Seng manteve o tabu sobre o futuro da indústria do jogo. As actuais concessões expiram em 2022 e o Chefe do Executivo prometeu as explicações devidas no tempo oportuno. Contudo, realçou que a população vai ser ouvida: “Primeiro vamos lançar uma consulta pública sobre as alterações no quadro legal. Só depois vamos começar o processo legislativo, com a elaboração do articulado”, respondeu o líder do Governo.

Ho pede excursões

O Chefe do Executivo escreveu uma carta ao Governo Central a pedir a retoma das excursões do Interior. No entanto, Ho não espera alterações significativas brevemente porque a China não tem, nesta fase, planos para permitir excursões ao exterior. “É uma política de Estado e, neste momento, não vai sofrer alterações por isso não vai haver excursões ao exterior. Mas eles [Governo Central] estão atentos à nossa situação e se as políticas nacionais forem alteradas, vão apoiar imediatamente Macau”, indicou.

16 Nov 2020

TCR China | Rodolfo Ávila regressa ao Circuito da Guia após cinco anos de ausência

Na luta pelo campeonato do TCR China, Ávila vai medir forças com Ma Qing Hua, piloto que também conhece muito bem o traçado da Guia. No domingo, só um leva a taça a casa para casa, mas o piloto de Macau acredita num “bom resultado”

 

[dropcap]É[/dropcap] com olhos no título do campeonato TCR China que Rodolfo Ávila vai regressar a Macau, desta feita para participar na Corrida da Guia. Após cinco anos de ausência, Ávila (MG6 XPower TCR) tem de recuperar oito pontos ao piloto Ma Qing Hua para poder sagrar-se campeão.

Apesar deste cenário, o piloto de Macau prefere focar na expectativa de regressar ao Circuito da Guia: “Aguardo com expectativa o meu regresso àquela que é a minha ‘corrida caseira’ após cinco anos de ausência. Acho que temos uma boa hipótese de obter um bom resultado com o MG6 XPower TCR este ano”, afirmou Ávila, em comunicado.

No entanto, o piloto refreia as eventuais expectativas em relação a uma corrida muito empolgante, devido às provas que foram escolhidas para o programa, mas também pelas especificidades da Guia, circuito muito dado a acidentes e à entrada do Safety Car, devido à ausência de escapatórias para remover veículos acidentados.

“Provavelmente este não será o mais empolgante dos Grandes Prémios, em termos competitivos e da oferta de corridas, mas estou entusiasmado por ter a oportunidade de voltar a conduzir naquela loucura que é o traçado do Circuito da Guia”, acrescentou.

Em desvantagem

Por outro lado, Ávila aponta como desvantagem o facto do MG6 da XPower TCR fazer a estreia na Guia e num circuito citadino: “O MG6 XPower TCR tem estado bastante competitivo no campeonato TCR China, mas não podemos esquecer que esta é uma pista nova para o nosso carro e a primeira corrida que fará num circuito citadino”, indicou.

A estreia do carro em Macau é mesmo um aspecto que poderá colocar a equipa em desvantagem face à concorrência. “Ao contrário dos nossos adversários, teremos que conhecer pista e investir tempo a trabalhar nas afinações. Esta é uma pista muito especial e o trabalho de equipa será essencial para conseguirmos obter um bom resultado este fim-de-semana”, atirou Rodolfo Ávila.

A corrida está agendada para as 11h40 de domingo com um total de 12 voltas. No sábado, às 15h15, decorre a corrida de qualificação, que decide a grelha de partida para o dia seguinte.

À entrada da última ronda, Ma Qing Hua (Lynk & Co 03) lidera o campeonato com 139 pontos, segue-se Rodolfo Ávila (MG6 XPower TCR), com 131 pontos, e Rainey He (MG6 XPower TCR), com 89, este último é colega de equipa do piloto local.

16 Nov 2020