Sands | Processo de Jacobs contra Adelson chega ao fim

Pode ascender até aos 782 milhões de patacas o pagamento que Sheldon Adelson fará a Steve Jacobs. O dinheiro fez os dois homens chegar a um acordo no processo que interpunha o ex-director-executivo da Sands China ao magnata do jogo e que envolvia acusações de corrupção, crime organizado e influência junto de Pequim

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hegou ao fim o caso que opunha Steve Jacobs a Sheldon Adelson num tribunal do Nevado com o antigo director-executivo da Sands China a chegar a acordo com o magnata. O caso, que teve acusações graves da parte de Jacobs, arrastava-se há anos.
A notícia foi ontem divulgada pela própria empresa, em comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong. Apesar de não serem conhecidos os detalhes do acordo, o Wall Street Journal avança que a Las Vegas Sands concordou pagar a Jacobs, que dirigia as operações da empresa em Macau, entre 75 a cem milhões de dólares americanos (cerca de 782 milhões de patacas).
“A 31 de Maio, as partes chegaram a um acordo razoável e confidencial, que levou o senhor Jacobs a desistir de todas as queixas no Estado do Nevada contra a Las Vegas Sands, a sua subsidiária Venetian Macau e Sheldon Adelson”, pode ler-se no comunicado da empresa.

Labirinto de acusações

O caso começou em 2010, quando Steve Jacobs alegou ter sido despedido sem justa causa do cargo que desempenhava por se ter “recusado” a obedecer a ordens de Adelson e por ter tentado “acabar com actividades ilícitas” nos casinos do território, como ligações a tríades e prostituição, o que levou a um processo por difamação contra o ex-director que acabou por não ser aceite em tribunal.
Jacobs dizia ainda que o magnata do jogo tentou que ele descobrisse aspectos negativos sobre governantes de Macau, de forma a que estes pudessem ser influenciados face a licenças de operação de casinos. O nome de Leonel Alves, advogado e deputado do território, chegou a aparecer envolvido no processo, depois de Jacobs ter dito que o seu despedimento se deveu também ao facto deste ter tentado impedir “pagamentos avultados” a Alves, que Jacobs acusava de ter sido pago para exercer influência junto das autoridades de Pequim para a obtenção de uma licença de jogo. Acusações negadas por Leonel Alves.
As alegações de Jacobs, onde se destaca também corrupção, fizeram com que a Securities and Exchange Commission, reguladora dos EUA, tivesse investigado a empresa, por violação no estrangeiro da lei anti-corrupção do país. Adelson também resolveu essa questão – cujas alegações passavam por “falta de controlo nas contas da empresa desde 2006” – recorrendo ao pagamento de mais de nove milhões de dólares.

2 Jun 2016

Aeroporto com aumento nas receitas e no número de passageiros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]CAM — Sociedade do Aeroporto arrecadou 1,22 mil milhões de patacas em receitas o ano passado, mais 16,6% face a 2014, e lucros líquidos de 153 milhões de patacas. Só o aeroporto conseguiu lucros brutos de 4,39 mil milhões, num balanço que a empresa traça de positivo.
“O objectivo estratégico foi a inovação orientada para o crescimento e expansão de mercado, sendo que o tráfego aéreo no aeroporto continuou a apresentar uma tendência de crescimento face ao ano anterior, superando a meta estabelecida”, pode ler-se no relatório anual da empresa, publicado ontem em Boletim Oficial.
Pelo aeroporto de Macau passaram mais de 5,83 milhões de passageiros no ano passado, mais 6,4% em relação ao ano anterior, e mais de 55 mil voos (mais 6%). A CAM fala de um “recorde histórico” no número de pessoas que se movimentaram no aeroporto, devido aos números representarem “dez vezes mais do que a população residente” no território.
Durante 2015, nove companhias aéreas iniciaram operações, colocando à disposição oito novos destinos. Agora, a RAEM conta com 30 companhias a operar 44 voos domésticos e internacionais.
Para 2016, o objectivo da CAM é atingir um maior volume de tráfego aéreo – aproximadamente seis milhões de passageiros. Para isso, a empresa diz que vai procurar formas de levar a cabo a prometida expansão do aeroporto para norte, “dando-se continuidade ao plano de aumento da capacidade”.
Desde 1995 que mais de 79 milhões de passageiros e 770 mil voos passaram pelo aeroporto. A aposta nas companhias de baixo custo é uma das medidas que a CAM vê como positiva para o desenvolvimento do aeroporto.

2 Jun 2016

Lotarias em monopólio por mais cinco anos

A SLOT – Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau (Macau Slot) viu o seu contrato renovado por mais cinco anos. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On e que dá a Lionel Leong o poder para assinar o contrato.
O acordo entre a RAEM e a Macau Slot iniciou-se nos anos 90 e continua agora até 5 de Junho de 2021, mantendo o monopólio da empresa por mais algum tempo, depois de no ano passado esta ter visto o contrato renovado apenas por um ano. A Macau Slot, ligada a Stanley Ho, explora as apostas desportivas, como de futebol e basquetebol, desde 1998. Há alguns anos que se tem vindo a especular a possibilidade dos casinos poderem operar este tipo de lotarias, sendo que recentemente Jorge Godinho, académico que lançou o livro Direito do Jogo na semana passada, sugeriu novamente a quebra deste monopólio. No ano passado, depois de uma prorrogação de três anos, a renovação do contrato por um ano voltou a trazer à baila a hipótese de que este monopólio estivesse a chegar ao fim, mas o Governo disse na altura não haver condições para que tal acontecesse.

2 Jun 2016

Maio de quebra nos casinos

Os casinos fecharam Maio com receitas de 18.389 milhões de patacas, uma queda de 9,6% face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos acumulados, os casinos registaram, nos primeiros cinco meses do ano, receitas de 91.906 milhões de patacas, menos 11,9%. Maio marca o 24.º mês consecutivo de quedas homólogas das receitas dos casinos, mas apresenta ainda o terceiro melhor desempenho mensal em termos da receita arrecadada do ano – a seguir a Janeiro e a Fevereiro (o melhor). Em termos percentuais, foi a terceira menor queda, depois das registadas em Janeiro (-21,4%) e em Março (-16,3%). Macau contava no final de Março com 6087 mesas de jogo e 14.297 slot-machines, distribuídas por um universo de 36 casinos.

2 Jun 2016

Mais de sete mil acidentes de trabalho em 2015 e 1500 este ano

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m total de 1672 pessoas sofreram acidentes de trabalho em Macau no primeiro trimestre do ano, sendo que quatro morreram e 1653 sofreram uma incapacidade temporária, segundo dados oficiais ontem revelados.
De acordo com Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), entre as vítimas de acidentes registadas entre Janeiro e Março, 196 puderam voltar ao trabalho no mesmo dia do acidente. Os serviços estão ainda a investigar 15 casos.
As quedas, choques com objectos, entalamentos e esforços excessivos estiveram na origem da maior parte (1326) dos acidentes. Mãos (532), tronco (285) e pés (269) foram as partes do corpo mais atingidas. A maioria das vítimas (848) é do sexo feminino e do escalão etário dos 25 aos 44 anos (857).
Um total de 1977 trabalhava em “serviços colectivos, sociais e pessoais”, enquanto 1546 pertenciam ao ramo do “alojamento, restaurantes e similares” e 1491 à construção.
A DSAL divulgou também os dados relativos a todo o ano de 2015: no total 7517 pessoas sofreu acidentes, 25 morreram e 23 ficaram o permanentemente incapacitadas. Segundo a DSAL, em 2015, 22,7% dos casos, os acidentes deveram-se a “entalamento num ou entre objectos”, em 20,6% a “queda de pessoas” e em 18,4% devido a “esforços excessivos ou movimentos falsos”. As partes do corpo mais atingidas foram as mãos (30,6%), os pés (19,7%) e o tronco (17%).
Em 2015, a DSAL aplicou multas a 34 pessoas, no valor total de 196 mil patacas por violações às normas de segurança e saúde ocupacional que causaram 36 vítimas. Ao mesmo tempo, 215 pessoas foram obrigadas a pagar 800 mil patacas de compensação a 648 trabalhadores.

1 Jun 2016

Infiltrações | DSAJ com planos para acelerar processos em tribunal

A DSAJ quer acabar com as longas esperas por uma decisão face aos problemas de infiltração de água em edifícios e já tem planos para simplificar os processos em tribunal em casos que não passem as 50 mil patacas em prejuízos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Administração e Justiça (DSAJ) planeia simplificar o processo sumário de forma a que o tribunal possa tratar casos de infiltrações cujos prejuízos ascendam até às 50 mil patacas de forma mais rápida. O anúncio foi feito por Chan Ka Ian, do Departamento de Produção Legislativa da DSAJ, que respondia assim a uma interpelação oral de Mak Soi Kun.
Citado pelo Jornal do Cidadão, o responsável da DSAJ voltou a referir que o Governo está a rever o Código de Processo Civil para simplificar os procedimentos que permitam a entrada de fiscais do Instituto de Habitação nas fracções de onde vem a água. A DSAJ tinha também falado em rever os processos sumários e o organismo diz agora que tem como objectivo que o tribunal possa julgar de forma mais célere os casos de infiltrações de água em edifícios, a fim de resolver estes problemas o mais rápido possível. As alterações contemplam, no entanto, casos em que os prejuízos ascendam apenas às 50 mil patacas.
Mak Soi Kun questionou o Governo sobre como é que pretende resolver as constantes infiltrações em edifícios, além dos estudos técnicos e da revisão de simplificação das formalidades que já tinha sido anunciada. Já mais que uma vez que o deputado apresentou esta problemática, tendo referido por exemplo que, desde 2009, foram registados 11.960 casos de infiltrações. Até ao ano passado, mais de 3500 ainda continuavam pendentes. Mak Soi Kun referia também que o caso iria piorar devido ao envelhecimento contínuo dos prédios e falava de um caso em particular de um residente que entrou pela via judicial para que lhe fosse pago o montante dos prejuízos causados pela infiltração de água e que ficou seis anos à espera de resolução, mesmo tendo sido descoberta a casa de onde vinha a água e o proprietário da fracção.
O deputado questionou quando será concluída a revisão, mas o representante da DSAJ indicou apenas que o grupo do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica está a acompanhar a situação e que espera ter algumas orientações sobre a revisão “este ano”, depois do Governo recolher as sugestões do sector.

1 Jun 2016

Pátio do Espinho | Valor de prédios em análise e Renovação Urbana pode receber caso

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) vai pedir sugestões ao Conselho do Património sobre a prestação de apoio a proprietários de edifícios que têm valor histórico no Pátio do Espinho, mas não se vai avançar para já com qualquer projecto de planeamento. É o que diz Guilherme Ung Vai Meng, director do Instituto, numa resposta à deputada Chan Hong, onde descarta decisões para o novo Conselho para a Renovação Urbana.
“Relativamente aos edifícios em mau estado de conservação, é o seu proprietário ou utilizador que deve ter a responsabilidade de manutenção dos mesmos. Para alguns edifícios com valor cultural, cuja propriedade é clara, o IC decidirá de acordo com a Lei de Salvaguarda do Património e depois de consultar o CPC, prestar ou não apoio aos mesmos.”
O caso do Pátio do Espinho arrasta-se há décadas. O local, perto das Ruínas de São Paulo e bem no meio do Centro Histórico de Macau, está repleto de barracas de tijolo ou vidro, com telhados velhos e, como admite o próprio IC, “em condições precárias e alguns em muito mau estado de conservação”. As contas do organismo indicam que 10% das casas está “totalmente arruinada e em terreno baldio”.
Em Fevereiro, Ung Vai Meng lembrava que foi iniciado há cerca de quatro anos um plano de preservação para o local “que não foi posto de parte”, mas que só terá novos desenvolvimentos quando se resolverem as questões de propriedade. Agora, o presidente do IC indica que o novo grupo que substitui o Conselho de Reordenamento dos Bairros Antigos é que poderá ficar encarregue da situação.
“Dado que se estabeleceu recentemente o Conselho para a Renovação Urbana, não se irá iniciar, neste momento, nenhum estudo ou discussão relativo a qualquer projecto de planeamento.”

Idos de Março

A deputada Chan Hong exigia ao Governo que avançasse com o plano de renovação do Pátio de Espinho, devido a preocupações com condições higiénicas. Conforme apurou o HM numa reportagem feita em Março, a decisão de renovar o espaço não passa só pelo IC – as tentativas já motivaram encontros entre Governo e proprietários, o primeiro há 19 anos. Agora, na resposta a Chan Hong, parece não haver mais avanços. “A propriedade dos mais de 200 edifícios é complexa”, diz Ung Vai Meng, e a DSSOPT tem implementado “medidas provisórias” para tornar o espaço mais agradável. O IC faz também pesquisas. “Registamos a distribuição dos edifícios e seu estado de conservação, recolhendo informações envolventes, como as paredes de taipa com um certo valor, espaços ao ar livre, o tecido [do Pátio], o antigo poço e informações sobre a cultura do Deus da Terra”, entre outros elementos.

1 Jun 2016

Mais um contrato de 470 milhões para o metro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo assinou mais um contrato com a MTR Corporation Limited, empresa de Hong Kong, no valor de mais de 400 milhões de patacas. O anúncio foi ontem feito em despacho assinado por Chui Sai On e publicado em Boletim Oficial. metro
No total, são 474,3 milhões de patacas que o Governo vai gastar com pagamentos à empresa para a “gestão e assistência técnica do projecto do metro ligeiro”. Pagamentos que serão feitos até 2018 e que começam este ano.
A empresa gere o metro de Hong Kong e foi já a escolhida pelo Executivo para a “revisão independente da concepção do sistema e do comboio do metro ligeiro”, num contrato que valeu 7,5 milhões, e para a assistência técnica para a primeira fase de “Programas de Emergência do Parque de Materiais e Oficinas” do metro, que custou aos cofres do Governo um total de 54 milhões de patacas. Mas a empresa de Hong Kong, de capitais maioritariamente públicos, está ligada ao metro desde 2002, quando o Governo encomendou à empresa de Hong Kong um estudo de viabilidade do metro.

31 Mai 2016

Crime | Actividades ilícitas ligadas ao jogo sobem em flecha

Sequestro, usura e extorsão subiram nos primeiros três meses do ano, com um crescimento exponencial nos crimes relacionados com o Jogo. A criminalidade geral desceu e, apesar de garantir maior atenção aos casinos, o Secretário para a Segurança diz que não há consequências de maior na estabilidade dos que cá vivem

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]taxa de crime desceu 7,1% no primeiro trimestre de 2016, com 255 casos a serem registados pelas autoridades da Segurança. Os crimes contra o património foram os que originaram mais ocorrências de Janeiro a Março, mas os crimes ligados ao Jogo são os que mostram uma maior tendência de subida.
Dados do Gabinete do Secretário para a Segurança ontem apresentados mostram que houve 1914 casos de “crimes contra o património”, uma descida de 8,6% relativamente a 2015. Menos casos de furto (- 3,3%) e roubo (- 8,9%), mas mais crimes de extorsão e usura (106 casos), que subiram de “forma notável”, em 73,3% e 55,9%. Estes dois últimos tipos de crime estão ligados ao sector do Jogo, bem como o crime de sequestro, que viu um aumento de 32,8%, de 67 para 89 casos no primeiro trimestre deste ano. O sequestro inclui-se na tipologia de “crimes contra a pessoa”, tendo feito aumentar estes crimes em 2,8% face a 2015. No total, houve 626 casos.
Ao todo, foram instaurados 368 processos relacionados com crimes do jogo, uma subida de 11,2% face a 2015, e que contaram com mais de 400 pessoas envolvidas.
Para Wong Sio Chak, a subida nestes crimes “evidencia as relações entre a segurança e o ajustamento que se vem verificando recentemente no sector do jogo”, mas o Secretário diz que a situação ainda não trouxe “quaisquer consequências” para a segurança de Macau. Até porque, frisa, “não houve informações sobre qualquer anormalidade no comportamento de [seitas] devido ao ajustamento das receitas” e “a maioria dos ofendidos e dos suspeitos não é residente” do território. Mas não só.
“Além disso, os processos relativos a estes tipos de crimes foram abertos por iniciativa da própria polícia e a maioria dos casos aconteceu dentro dos casinos. Não há indícios que mostrem que estes crimes se estendam para além do ambiente interno dos casinos, o que significa que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade.”
Entre Janeiro e Março registaram-se “apenas quatro casos de associação criminosa”, mais um do que em 2015.

[quote_box_left]“Não há indícios que mostrem que estes crimes se estendam para além do ambiente interno dos casinos, o que significa que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade” -Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança[/quote_box_left]

Nada de grave

Um aumento foi também registado na criminalidade violenta, onde mais uma vez a Segurança inclui o sequestro, além do tráfico de droga. No primeiro trimestre deste ano foram registados 181 situações, uma subida de 24%. Contudo, Wong Sio Chak apresenta também outros dados.
“No âmbito dos crimes de violência grave, continuam a zero os casos de homicídio ou de rapto e [há] uma casuística muito baixa dos casos de ofensas corporais graves – só um caso, o que representa uma descida de 75% comparando com o mesmo período do ano anterior”, revelou o Secretário para a Segurança, para quem a ausência destes crimes representa uma “melhoria óbvia de situação de segurança comparando com o ano passado”.
Os dados mostram ainda aumento nos casos de tráfico e consumo de droga dentro dos 344 casos de “crimes não classificados”, onde se inclui “aliciamento”, “auxílio”, “acolhimento” e “emprego de imigrantes ilegais”. No total foram 93 casos, uma descida de 24,4%, relativamente a 2015, mas onde se denotam 48 casos de tráfico de droga e 25 casos de consumo – subidas de 71,4% e 38,9%.
Apesar de terem sido detectados 7431 pessoas em situação ilegal no território, Wong Sio Chak diz que “houve uma descida significativa do número de imigrantes ilegais e em excesso de permanência, fruto das estratégias de acções de combate e esforços envidados” pelas autoridades de Macau e regiões vizinhas.
Os números indicam que 328 pessoas do interior da China e 64 do Vietname entraram ilegalmente em Macau, enquanto mais de 5500 ficaram cá tempo a mais do permitido.

Promessas deixadas

Wong Sio Chak deixou ontem a promessa de que a PJ vai intensificar a prevenção e o controlo do ambiente nos casinos, sendo que vai também levar a cabo um trabalho de prevenção criminal nas proximidades dessas infra-estruturas. A abertura de mais espaços de jogo, prevista para este e próximo anos, também coloca as autoridades de sentinela.
“Continuaremos a proceder a ajustamentos na implementação de recursos policiais, a atender às tendências da nova criminalidade e a implementar sistemas de prevenção que proporcionem resposta imediata (…), a Divisão de Investigação de Crimes Relacionados com o Jogo vai reforçar a comunicação e a cooperação e, tendo em consideração os crimes mais frequentes, nomeadamente “usura” para o jogo e “cárcere privado”, a Equipa Especial de Fiscalização procede a acções de prevenção e combate. Além disso, a PJ e a PSP continuam a reforçar a monitorização das sociedades secretas e das associações criminosas, bem como a proceder acções de prevenção e combate eficientes”, indica Wong Sio Chak.

Mais de mil taxistas multados

Entre Janeiro e Março deste ano, mas de mil taxistas foram multados. Dados ontem apresentados mostram que a PSP e a Direcção dos Serviços para os Assunto de Tráfego (DSAT) multou 1277 motoristas de táxi, menos 26% face ao ano passado, quando houve 1724 autuações. Destes casos, 472 casos eram de recusa de tomada de passageiros (37%), 416 de cobrança excessiva (32,6%) e 93 casos de transporte ilegal, mais seis casos.

NÚMEROS

1615 pessoas presentes ao Ministério Público (mais 15,9%)
16 casos de delinquência juvenil (mais seis), tendo sido identificados 28 menores envolvidos
3333 inquéritos instaurados (menos 7,1%)
80% foi a descida nos casos de fogo posto
113 casos de falsificação de documento (menos 35)
424 pessoas apresentadas ao MP por crimes relacionados com o jogo (mais 17,5%)
202 casos de crime de desobediência, mais 6,3%

Extorsão por imagens de regresso

Dados da Segurança mostram que houve um retorno nos casos de crime de extorsão por via de ameaças de divulgação de imagens íntimas na internet. No primeiro trimestre registou-se um aumento de quatro para 18 casos comparativamente ao mesmo período do ano passado.

31 Mai 2016

Gabinete de Protocolo prolongado

O Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos vai continuar a funcionar até Agosto de 2017. A prorrogação do organismo foi ontem dada a conhecer através de Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. O Gabinete tem como objectivo assegurar a organização do protocolo do Executivo e a gestão dos assuntos consulares não inerentes à política externa, tendo a sua criação sido justificada com o aumento dos trabalhos relacionados com o exterior e a cooperação regional.

31 Mai 2016

Igreja de Santo Agostinho | IC assume recuperação de telhado

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ento e chuva. Foram estas as causas que levaram à queda de parte do telhado da Igreje de Santo Agostinho, no domingo à tarde. As intempéries sentidas nos últimos dias são a justificação do Instituto Cultural (IC) para o incidente, sendo que o organismo explica que acabaram ontem os trabalhos de limpeza da estrutura de madeira e telhas e a instalação de andaimes para protecção provisória.
O IC diz que accionou os procedimentos de emergência de imediato, tendo construído as instalações provisórias de modo a “garantir a segurança e a prevenir a entrada de água no interior do edifício”. O IC, que assume o pagamento dos danos, diz que vai avançar com um projecto de recuperação do telhado, bem como fazer uma inspecção global à Igreja, mantendo esta como está.
O Instituto não respondeu sobre se informou a UNESCO sobre o incidente, uma vez que a Igreja está listada como património mundial, mas num comunicado assegura que tem vindo a proceder à monitorização e inspecção regular do património. Contudo, vai reforçar essas medidas.
“O IC vai reforçar a comunicação estreita com os proprietários do património, aprofundar a consciência da salvaguarda do património, bem como aumentar as exigências relacionadas com a mesma. O Governo dá grande importância à protecção do património cultural de Macau e irá investir mais recursos na inspecção do mesmo.”

31 Mai 2016

Saúde | Alerta para aumento de resistência a antibióticos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]“resistência aos antibióticos em Macau está a aumentar, provocando também uma ameaça crescente à saúde pública” do território. O alerta é dado pelos Serviços de Saúde (SS), depois de ter sido detectado nos Estados Unidos o primeiro caso de uma “super bactéria” resistente aos antibióticos de “último recurso”.
A imunidade dos humanos aos antibióticos já estava a ser falada há algum tempo, mas um testemunho desta possibilidade surge agora, com a descoberta num humano do MCR-1, um gene responsável pela resistência à colistina – um antibiótico também conhecido como Polimixina E geralmente usada como o “último recurso” no caso de ineficácia de medicamentos.
“Devido ao preço e à grande toxicidade deste antibiótico o seu uso só é considerado quando os outros antibióticos são ineficazes”, explicam os SS, que indicam ainda que o gene MCR-1 é diferente das bactérias resistentes a colistina detectadas anteriormente”.
Em Macau não há ainda qualquer caso de descoberta deste gene MCR-1, que foi detectado pela primeira vez em suínos no sul do continente em 2015, tendo sido baptizada por cientistas chineses. Foi depois posteriormente detectado noutros locais da Ásia e da Europa e agora pela primeira vez nos Estados Unidos da América.

Macau monitorizado

Macau já encontrou nos seus hospitais diversas bactérias, nomeadamente a Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumoniae, em 2014. A taxa de resistência a Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae “subiu” até 30% e 40%, a taxa de resistência à meticilina Staphylococcus aureus (MRSA) subiu para 40% e a resistência à penicilina foi de 90%. Os dados mostram, para o Governo, o aumento da resistência aos antibióticos.
Com vista a acompanhar a situação desta evolução, os SS criaram em 2005 o sistema de monitorização de resistência aos antibióticos que procede à recolha de dados nos dois hospitais de Macau. Os SS garantem ter tudo controlado.
“Nos hospitais também foi criado o Conselho de Controlo de Infecção destinado a monitorização e controlo de disseminação de resistência aos antibióticos. Assim, caso seja detectado uma resistência anormal aos antibióticos, os Serviços de Saúde enviarão amostras para análise laboratorial fora do território. Caso seja detectado o aparecimento de uma ‘super bactéria’ ou uma bactéria multi-resistente, os SS aplicarão medidas rigorosas de prevenção de infecção.”
O gene de resistência à MCR-1 está presente no plasma bacteriano, o que pode proporcionar a propagação a outras bactérias resistentes às drogas, causando multi-resistências aos medicamentos. Os SS alertam ainda a comunidade médica que a prescrição de antibiótico só deve ser efectuada quando for realmente necessário.

31 Mai 2016

Cotai com promoções para residentes

A Cotai Water Jet conta com dois pacotes promocionais, o “compre um e leve um de graça” e a “promoção de aniversário”. O primeiro, em vigor de 1 de Junho a 15 de Julho, na compra de uma viagem os residentes de Macau têm de oferta o regresso, desde que a partida seja da RAEM. Para usufruir da oferta, os portadores de BIR deverão dar a conhecer a data e hora de regresso aquando da compra do bilhete, sendo que é válida para a mesma pessoa uma vez por dia. A promoção abrange também a rota para o aeroporto. Já a iniciativa de aniversário vai até 31 de Dezembro, sendo que a viagem de ida e volta para Hong fica a metade do preço, tendo o valor de 238 patacas em classe económica ou de 438 em primeira classe durante o mês de nascimento do aniversariante.

31 Mai 2016

Plano em novos aterros custa mais de dez milhões

O Governo vai pagar 16,6 milhões de patacas por serviços no âmbito do “Plano do Desenvolvimento Articulado da Zona Leste de Macau”, como pode confirmar-se num despacho ontem publicado em Boletim Oficial. O anúncio, assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, indica que a Ove Arup & Partners Hong Kong Limited é a empresa que vai estar encarregue da prestação dos serviços que têm como objectivo organizar a Zona A dos Novos Aterros.

31 Mai 2016

Sete mil desempregados

As taxas de desemprego e subemprego mantiveram-se nos mesmo níveis que no período passado, entre Fevereiro e Abril, ou seja, em 1,9% e 0,5%, respectivamente. Os dados são da Direcção para os Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) e indicam que a população activa ultrapassa os 397 mil habitantes, sendo que o número de empregados tanto das lotarias, como dos jogos de aposta e actividade de promoção de jogos e actividades imobiliárias e serviços prestados às empresas aumentou. Já o dos hotéis e similares decresceu. A população desempregada fixa-se nos 7700 indivíduos. O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 5% do total da população desempregada, tendo baixado 1,3. Em comparação com o período de Fevereiro a Abril de 2015, a taxa de actividade caiu 1,8%, enquanto que tanto a taxa de desemprego como a taxa de subemprego subiram 0,2 pontos percentuais.

30 Mai 2016

UM | Chui Sai On pede empenho na formação de recursos humanos

A UM está no caminho certo para atingir a “excelência internacional”. É o que diz Chui Sai On, que teceu elogios à instituição que vê, actualmente, como a formadora dos futuros recursos humanos do território

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On pediu à Universidade de Macau (UM) que continue a desenvolver o ensino, de forma a aumentar ainda mais a sua “influência internacional”. Num discurso no dia em que mais de mil alunos se graduaram, o Chefe do Executivo elogiou a instituição pública, deixando também alguns pedidos, nomeadamente no que à formação de recursos humanos diz respeito.
“A UM conheceu uma constante melhoria da qualidade do ensino e o aumento da sua influência internacional, o que ajudou a promover a imagem internacional de Macau. Porém, nem todas as coisas vão tão bem como se deseja. É natural que a UM enfrente vários problemas na sua evolução. Para ultrapassar as eventuais dificuldades e desafios, é importante que se mantenha firme na prossecução da sua meta de excelência académica e institucional”, frisou o também Chanceler da instituição.
Chui Sai On diz-se “satisfeito” com o desenvolvimento da universidade, que considera ser “um importante centro de formação de recursos humanos de alto nível do território”. Ainda que diga acreditar que a UM, “que se encontra numa fase crucial de desenvolvimento acelerado”, o líder do Executivo frisa que a instituição vai ter de responder a problemas e desafios decorrentes do processo de construção de uma “universidade de referência mundial”. E deixa, por isso, sugestões.
“Para elevar a competitividade e promover o desenvolvimento diversificado, Macau tem de apostar na educação. Face a esta realidade, é necessário definir o respectivo mecanismo de longo prazo, aperfeiçoar o sistema do ensino superior e implementar as medidas de promover a prosperidade de Macau através da educação e de “construir Macau através da formação de profissionais. Neste aspecto, o Governo espera que a UM se empenhe ainda mais na exploração de modelos educacionais mais eficazes para dar uma melhor resposta às estratégias referidas”, afirmou no seu discurso.
Chui Sai On frisa que foi “prestada a maior atenção ao desenvolvimento académico”, não só ao nível das matérias, como da própria infra-estrutura e recursos humanos. O líder do Governo fez questão de salientar que a UM se tem “esforçado” para melhorar o sistema educacional e “aperfeiçoar os procedimentos administrativos”, sem fazer referência a quais. O Chefe do Executivo diz, contudo, que o dia da graduação representa algo para o futuro de Macau.
“[A melhoria dos sistemas] beneficiou a formação de quadros qualificados para o território, promoveu o desenvolvimento da UM quanto ao ensino, à investigação e à gestão e melhorou a sua reputação e prestígio académico. A cerimónia de graduação celebra a formação de quadros profissionais qualificados.”

Verde esperança

Cerca de 1400 alunos, de acordo com dados da UM, graduaram-se na passada sexta-feira, sendo que 46 deles concluíram também programas do Colégio de Honra. Wei Zhao, reitor da instituição, fez questão de relembrar o lema da UM –“Humanidade, Integridade, Sabedoria e Sinceridade” -, incentivando os alunos a seguir por esse caminho.
Mas as palavras de Chui Sai On foram as mais marcantes, já que o líder do Governo deixou a mensagem de que a UM está preparada para avançar “rumo a universidade de excelência internacional”. Esperança é também o que Chui Sai On deposita na instituição, tendo utilizado até as infra-estruturas novas na Ilha da Montanha para mostrar o que sente. “Estamos contentes por ver a bela paisagem do novo campus da UM, com várias zonas verdes. A beleza da paisagem do campus é um sinal de esperança e de um futuro melhor para a Universidade.”

30 Mai 2016

Criatividade em palestra na Cinemateca Paixão

O cinema continua em “conversa”, desta feita com a palestra “Cinematografia: criatividade atrás do visor” levada a cabo por O Sing-Pui, a ter lugar na Cinemateca Paixão. O evento agendado para 18 de Junho pelas 15h00 recebe o reconhecido director de fotografia da vizinha Hong Kong para falar sobre o posicionamento e as capacidades envolvidas na direcção de fotografia, ilustrando a relação entre o fotógrafo e o filme, adianta a organização. O Sing-Pui é recomendado pelo realizador Tsui Hark e da sua carreira contam já “The Story behind the Concert” de 1986, o seu primeiro trabalho enquanto realizador, bem como a direcção de fotografia em filmes como “Made in Hong Kong”, “You Shoot, I Shoot, Heros in Love” e “The Pye-dog”. Em 2008, foi nomeado para o Melhor Prémio de Cinematografia, na 28ª edição dos Hong Kong Film Awards, pelo seu trabalho em “Ip Man”. As inscrições para a palestra estão abertas e contam com entrada livre, mas os lugares são limitados.

30 Mai 2016

DSPA nunca realizou relatórios de impacto ambiental

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental nunca realizou um relatório de impacto ambiental de um projecto de construção. Desde 2009 que apenas deu parecer técnico a 70 projectos, ainda que uma das suas funções dispostas na lei seja também a de fazer estes relatórios

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]aprovação do projecto de uma torre habitacional com mais de cem metros de altura na zona do Ramal dos Mouros levantou a questão: porque é que os responsáveis da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) não estavam presentes na reunião para dar explicações sobre o relatório de impacto ambiental? Porque é que esse relatório veio de mãos privadas?
O HM quis saber quantos relatórios de impacto ambiental foram produzidos pelas mãos da DSPA e a verdade é que, desde 2009, data da criação do organismo, não foi nenhum.
Apesar do Regulamento Administrativo que versa sobre “a organização e funcionamento” do organismo ter como uma das funções a “elaboração ou avaliação de estudos de impacto ambiental”, a DSPA apenas diz que só recebe os relatórios já feitos e dá o seu parecer, avaliando se estão de acordo com leis e normas vigentes – tal como aconteceu com o projecto do Ramal dos Mouros e do Alto de Coloane, onde foi a própria empresa de construção a adjudicar a avaliação a uma empresa externa.
Na lei, é possível ver que existe até um departamento dentro da DSPA que se dedica especialmente à “elaboração de relatórios de avaliação do impacto ambiental, sempre que tal se mostre necessário”, denominado como a Divisão de Avaliação e Monitorização Ambiental.

Avaliar o que está feito

Numa resposta por e-mail, o organismo confirmou que recebeu desde a sua criação um total de 70 “projectos de avaliação de impacto ambiental”, sendo que 70% foi elaborado pela Direcção dos Serviços de Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), por dizer respeito a projectos públicos de construção. O restante, a obras privadas.
“Os trabalhos de avaliação ambiental fazem parte de projectos de desenvolvimento, então quem faz os relatórios são as entidades responsáveis pelas obras”, explicou a DSPA, garantindo que não foram feitos quaisquer contratos com empresas privadas nesse sentido. “As despesas [relacionadas com os relatórios] também são pagas pelas entidades.”
A DSPA diz que pode responder aos pedidos das entidades e dar opiniões técnicas quando for feito o relatório de impacto ambiental, “com o objectivo de assegurar que o relatório corresponde às leis em vigor”, como acrescentou na resposta ao HM.
Jorge Neto Valente, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) e presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), foi o único a chamar a atenção para a ausência de membros da DSPA na reunião que aprovou a torre na zona do Ramal dos Mouros.
“Há alguma justificação especial para o facto de hoje a DSPA não estar cá representada? Tem sempre opinião sobre prédios de três e quatro andares e num projecto desta natureza não podemos contar com o seu apoio científico”, apontou na altura. Posteriormente o Governo confirmou que o presidente da DSPA, Raymond Tam, não pôde estar presente por ter participado numa visita oficial a Pequim com o Governo Central, numa comitiva com mais membros da DSPA.
A Associação Islâmica de Macau, concessionária do terreno em causa e autora do projecto, nunca confirmou ao HM o nome da empresa que realizou o relatório de impacto ambiental. Também o relatório do projecto de luxo no Alto de Coloane nunca foi revelado pela empresa de construção, que garantiu que tinha sido aprovado pela DSPA.

Regime não é para já

A criação de um regime de avaliação do impacto ambiental, que iria obrigar as empresas a realizar testes de acordo com critérios da DSPA, tinha sido prometido há muito pelo organismo, sendo que uma consulta pública já deveria ter sido lançada o ano passado. Este foi um dos trabalhos principais das Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2015. Ao HM, a DSPA disse que tem promovido os trabalhos da criação do regime desde a criação do organismo, em 2009, mas como o regime “envolve âmbitos muito abrangentes, é preciso tempo para a criação”. A DSPA frisou que antes da criação do diploma já foi criada a Lista Classificativa de Projectos de Construção que Precisam de se Sujeitar à Avaliação de Impacto Ambiental (experimental), há mais de dois anos. O organismo vai fazer primeiro a revisão da lista e a consulta pública “vai ser lançada mais rápido possível”.

27 Mai 2016

Venezuela | Fome e insegurança num país que já não é o que era

Os dias passam devagar para quem está na Venezuela: a maior crise que o país já enfrentou tem levado vidas, trazido fome e parece estar longe de chegar ao fim. Venezuelanos dão o testemunho do que se passa e falam de uma história de “terror”

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]á não se vive. Sobrevive-se. A Venezuela está, neste momento, a passar por uma crise sem precedentes, que deixa milhões à fome, sem acesso a bens essenciais e a medicamentos. Bebés recém-nascidos morrem diariamente e o Governo mantém-se impávido. É por isso que, para Maritza Margarido, lá “não se vive. Sobrevive-se.”

“É um país em guerra. A Venezuela atravessa agora o pior momento da história. Não há comida e quando há, não há como pagar a preços tão elevados”, começa por explicar ao HM.

Não há produtos de primeira necessidade em nenhum supermercado e, quando chegam alguns, as pessoas têm que “ir para a fila”. Fila essa que se estende por quilómetros, como provam imagens que Maritza envia ao HM e que tira da varanda de sua casa. E como os média, os poucos que falam do assunto devido à falta de abertura/conhecimento da situação, relatam.

Filas para comprar comida estendem-se por quilómetros
Filas para comprar comida estendem-se por quilómetros
Cada pessoa tem um dia específico para ir às compras. O de Maritza é a sexta-feira e começa às duas ou três da manhã. Nem pensar faltar à chamada.

“As pessoas só podem adquirir esses produtos no dia que lhes foi designado e segundo o número de bilhete de identidade. A mim calhou-me a sexta-feira. Para fazer as compras é através de impressão digital e, mal a coloquemos, ficamos bloqueados não podendo fazer as compras em mais lado nenhum, nem voltar a comprar nada até que volte a ser a nossa vez. Isto é controlado pela identificação digital”, conta a portuguesa nascida na Venezuela, ao HM.

A escolha de ir cedo para a fila é justificada pelo facto de os primeiros a entrar poderem ser os mais “sortudos” – se o supermercado abrir às 8h00, na hora seguinte pode já não haver bens para comprar. Quem faltar no dia que lhe foi indicado, por exemplo por estar a trabalhar, não tem outra solução que não a de esperar até à semana seguinte. E quem consegue comprar os poucos produtos que ainda vão existindo corre o risco de ser assaltado à saída do supermercado, num país onde a lei também parece já não existir.

[quote_box_right]“Já não há estado civil, está destruído. A Venezuela já não é o país maravilhoso que foi dos anos 50 aos 90” – Eliana Calderón, venezuelana a morar em Macau[/quote_box_right]

À mingua

Um dos grandes lemas de Nicolás Maduro, presidente do país, para ‘enfrentar’ a crise é que “Deus providenciará”. Mas Deus não está a providenciar. A Venezuela tem a maior reserva de petróleo das Américas, sendo que este produto equivale a 95% das exportações do país. As receitas do ouro negro, como relembra a BBC, foram até utilizadas para financiar alguns programas sociais, possibilitando a construção de um milhão de casas para os mais pobres.

Mas os preços dos barris de petróleo desceram mais de metade de um ano para o outro – 88 dólares por barril foram, agora, substituídos por 35 dólares. Consequentemente, o dinheiro já não chega aos cofres do governo que, por si, também não sabe como gerir receitas. E nunca soube.

A crise actual no país é difícil de explicar. À pergunta como é que a Venezuela chegou à situação em que está, as respostas que nos são dadas são semelhantes: má gestão financeira há décadas.

“O governo justifica-se com a questão do petróleo, mas acho que foi é má gestão dos governos, tanto do Chavez, como do Maduro. É o resultado da corrupção”, diz-nos Marisol Arroz da Silva, portuguesa nascida na Venezuela e radicada em Macau.

Comida para uma semana para uma família de cinco
Comida para uma semana para uma família de cinco
O mesmo diz Eliana Calderón, venezuelana a morar em Macau, que concorda com Maritza quando esta fala em “sobrevivência” no país. Eliana vê um país a deteriorar-se ao longo dos anos, onde já quase não há humanidade, segurança pessoal ou tranquilidade.

“Já não há estado civil, está destruído. A Venezuela já não é o país maravilhoso que foi dos anos 50 aos 90”, refere ao HM, relembrando que há pessoas a sobreviver “umas às custas das outras” e tudo muito graças ao chavismo e madurismo que imperam no país (ver texto secundário).

Hugo Chavez, que governou a Venezuela de 1999 até 2013, criou medidas de controlo dos preços para os bens necessários em 2003, com o intuito de que os mais pobres pudessem também ter acesso a açúcar, café, leite, arroz, óleo de milho e farinha. Mas essa decisão foi vista como forma de chamar seguidores, além de ter tido repercussões ingratas: produtores queixaram-se de que essas novas regras os faziam perder dinheiro: alguns recusaram-se a providenciar produtos para os supermercados públicos, outros pararam mesmo a produção. Resultado? A importação passou a ser ainda mais necessária à Venezuela.

Hoje, a inflação chega agora quase aos 200%. O bolívar venezuelano desceu 93% e as pessoas estão a comprar produtos com uma moeda que nada vale – 300 bolívares equivalem a 70 cêntimos de dólar americano.

Como nos conta Maritza, “o salário mínimo é irrisório e insuficiente para o que quer que seja”. Ainda que tenha aumentado recentemente, o preço dos produtos continuam a subir, “sendo a situação igual ou pior do que antes”.
Algumas famílias passam fome, porque agora “comer é um luxo”, como dá conta uma família de cinco pessoas ao New York Times. No seu frigorífico têm cinco bananas, meio pacote de farinha, meia garrafa de óleo de milho, uma manga e meio frango.

“O povo tem criado um mercado informal nos bairros onde vive a que chamamos de ‘bachaqueros’, onde, depois de adquirirem os produtos no mercado normal aos preços regulamentados, as pessoas os vendem na rua até cem vezes acima do valor real”, continua a descrever Maritza. “Estou a referir-me a produtos como carne, leite, açúcar, farinha, papel higiénico ou produtos de higiene pessoal, entre outros.”

A população também utiliza a troca directa, com as redes sociais a serem invadidas com “pessoas pedindo medicamentos e produtos essenciais”. Notícias do New York Times, Daily Mail e The Guardian dão conta de testemunhos que indicam que “cães abandonados têm desaparecido das ruas” e que as pessoas estão a caçar pombos para comer.

O governo diz que muitos dos bens estão a ser levados para a Colômbia, o que levou a que Maduro ordenasse o encerramento parcial da fronteira com o país, em Agosto de 2015. Os bens podem não sair. Mas, assim, também não entram. E as pessoas nem sabem o que se passa.

“Os meios de comunicação não dizem nada, tudo o que se passa no país sabemos pelas redes sociais. A televisão proibiu que se mostre o que se passa e o mundo inteiro sabe melhor do que nós. Sem contar que levam os nossos filhos, que se manifestam pacificamente, presos e maltratam-nos”, diz-nos Maritza.

Saúde malparada

“A morte de bebés é o pão nosso de cada dia.” É assim que Osleidy Canejo, médico no Hospital de Caracas, descreve a situação vivida nos estabelecimentos de saúde do país.

Hugo Chavez, antecessor de Maduro, dizia muitas vezes no seu discurso que “não há água, nem luz, mas há pátria”. Mas a pátria está a precisar de electricidade. Ao New York Times, médicos explicam que as mortes de recém-nascidos acontecem logo pela manhã – só num dia há testemunhos de sete bebés que morreram por falta de electricidade que alimente os ventiladores.

“Alguns são mantidos vivos à mão, com médicos a bombearam ar durante horas para os manter a respirar”, refere o jornal.

344F903E00000578-0-image-a-20_1463533320283Maritza diz-nos que não há medicamentos, pílulas anti-concepcionais, anti-alérgicos. Não há medicamentos para os doentes de SIDA, cancro ou para aqueles em diálise.

“As pessoas ricas vão buscar a sua medicação à Colômbia. Quando entramos aqui numa farmácia as prateleiras estão vazias, para não mencionar que não existem medicamentos para crianças.”

Fotogalerias dão conta de métodos de desenrasque – dois homens que foram alvo de cirurgias nas pernas têm os membros elevados com recurso a duas garrafas de água cheias que contrabalançam o peso – e de agonia. “Homem sem metade do crânio há mais de um ano ainda espera tratamento pós-cirurgia”, pode ler-se na legenda.

O Canada Times fala de um depoimento de um médico que confessa que os instrumentos utilizados em operações cirúrgicas são “esterilizados” e “reutilizados até não darem mais”, porque deitá-los fora está fora de questão. Mas, para Maduro, a dúvida é só uma: “que algures no mundo, além de Cuba, o sistema de saúde seja melhor que na Venezuela”.

Bombas prestes a explodir

Em declarações aos média, os venezuelanos identificam-se como “bombas prestes a explodir”. Maritza Margarido fala de um país sem lei, onde “se pode matar e nada acontece”.

Um estado fome, onde o que se passa “não é terrorismo”, mas quase, como refere Eliana Calderón. Raptos e mortes nas ruas são uma realidade, como nos relata relembrando uma visita que tentou fazer à sua cidade, Mérida, há um ano e meio. Uma cidade tranquila, mas, agora, isolada.

“Chego ao aeroporto e temo poder ser assaltada. Podemos ser marcados por causa do carro onde vamos, podemos ter armas apontadas. Isto não é vida e não é fácil de aceitar para um sítio que era tranquilo.”

Um carro incendiado na rua onde vive Maritza
Um carro incendiado na rua onde vive Maritza
Também Maritza nos diz que “os bandidos são mais poderosos do que as armas da polícia”. Matam por um relógio ou um telefone. Sequestram pessoas e roubam carros para poder pedir resgates e, quando não os conseguem, matam ou atiram à rua os primeiros e incendeiam os segundos. Como Maritza Margarido “infelizmente” sabe bem.

“O meu filho foi sequestrado com a noiva e sua família em Setembro de 2015, num sequestro que aqui se chama de “sequestro relâmpago”. Andaram durante cinco horas num carro com a cabeça enfiada no meio das pernas, foram ameaçados e espancados. Ainda me ligaram a pedir resgate mas depois acabaram por ter a sorte de ser libertados num bairro perigoso de Caracas. Vivemos isto e este receio todos os dias. Tiveram sorte em não ser mortos, o que acontece muito”, diz-nos. Um “terror”, como classifica Eliana Calderón.

[quote_box_left]Coca-cola? Zero. A bebida mais famosa do mundo parou de ser produzida no país, porque não há açúcar[/quote_box_left]

Um governo inactivo e os seguidores que ainda acreditam

Para Eliana Calderón não há dúvidas que a mudança na Venezuela só poderá acontecer com “um novo governo” e “com ajuda militar”. A venezuelana radicada em Macau diz que esta é a única solução que vê, mas notícias sobre o que se passa no país mostram que os militares parecem também ser a solução de Nicolás Maduro. É que o presidente da Venezuela acredita que o país pode vir a ser invadido por forças exteriores, ainda que não haja evidências – ou ameaças – de que tal virá a acontecer.

“Naquilo que foram descritos como os maiores exercícios militares alguma vez vistos em solo venezuelano, no fim-de-semana passado, o presidente declarou orgulhosamente que mais de 500 mil tropas das forças armadas e milícias civis leais ao Governo participaram na ‘Operação Independência 2016’”, indica uma notícia desta semana da BBC.
“Nunca estivemos mais preparados do que isto”, disse Maduro, acompanhado pelo General Vladimir Padrino Lopez, Ministro da Defesa, que disse haver “aviões espiões dos EUA” a violar o espaço aéreo venezuelano por duas vezes este mês.

Desde o colapso económico do país que Maduro pouco fala da crise. O responsável dedicou muito do seu tempo a elogiar os pontos fortes da Venezuela – por exemplo por esta “ser” a maior potência ao nível do petróleo, ainda que o preço do barril tenha descido a pique – e a acusar outros países de se meterem na sua política.

Comida por votos

Segundo a agência Associated Press, é verdade que há países a meterem-se na política da Venezuela. São eles o Brasil e a Argentina, ainda que estes se digam apenas preparados para servir de “mediadores para uma possível reconciliação”.

A imprensa internacional, e alguns venezuelanos, criticam a inacção do governo de Maduro face à crise que se vive, tido como sendo o único “a não perceber a urgência” de fazer algo.

A declaração de “estado de emergência” saiu da boca de Maduro, mas apenas face ao golpe que este se diz vítima: a oposição recolheu cerca de dois milhões de assinaturas, num país de 30 milhões, para que se faça um referendo para retirar o presidente do poder antes do final do seu mandato em 2019.

Mas a problemática pode ir mais longe, como explica ao HM Eliana Calderón. “Nós venezuelanos é que temos destruído o nosso país, eu incluída que saí de lá, fugi”, começa por dizer, admitindo que se sente culpada mas que pensou primeiro na segurança do filho e na sua própria. “Mas o grande problema é que os venezuelanos sofreram lavagem cerebral, primeiro com o chavismo, depois com o madurismo. Uma lavagem cerebral muito grande”, diz-nos. “É verídico, é incrível como as pessoas são fracas, há cultos de seguidores [dos líderes].”

Nem a morte de Chavez há três anos fez terminar essa “lavagem”. O motivo? “Quando se dá comida grátis em vez de se trabalhar, sem ser preciso lutar, os seguidores querem mais, ficam à espera”, indica Calderón. A votação em Maduro é tida como um desses casos, onde comida foi distribuída em troca de votos, ainda que tenha havido manifestações contra o seu governo.

Beco com saída?

Com nacionalidade portuguesa, Maritza Margarido tem a “sorte” de ter um “plano B que a maioria não tem”, que é mudar-se para Portugal. Ainda assim, mantém-se no país. Tanto Maritza, como Marisol Arroz da Silva, nascida na Venezuela mas a morar em Macau, respondem à pergunta que parece ser óbvia – porque é que quem lá vive não foge – da mesma forma.

“Muitos já foram. Eu tenho uma filha de 28 anos que vive no Panamá há um ano, eu ainda estou aqui porque tenho o meu filho de 24 anos. No meu caso já conversei com ele e estamos organizar tudo para sair, mas não é possível explicar o quão difícil é deixar para trás uma vida [inteira], a sua história, a sua casa, as suas memórias, os seus hábitos”, confessa Maritza ao HM. “É uma situação complicada, a riqueza de uma vida e a família está lá”, indica-nos Marisol.

(com Sofia Mota)

26 Mai 2016

Nova zona de lazer abre em Junho com graffiti local

O grupo artístico GANTZ 5 vai ser responsável pela criação de trabalhos de graffiti na zona “Anim’Arte Nam Van”, que será desenvolvida na nova zona de lazer dos lagos Nam Van. Segundo um comunicado, o objectivo é “inspirar a atmosfera cultural e criativa e embelezar as instalações da zona do lago Nam Van”, sendo que o Instituto Cultural (IC) promete “convidar grupos artísticos locais para desenvolverem arte na promenade da mesma zona”. O GANTZ5 existe desde 2004.
A obra de graffiti, que terá como tema “Descoberta”, será realizada entre este mês e o próximo. “Com o desenvolvimento desta área, o IC visa injectar criatividade e uma nova vitalidade na promenade do lago Nam Van, através da colaboração com grupos artísticos”, pode ler-se no comunicado.
A ideia é criar num espaço que tem estado subaproveitado “uma ampla praça com um ambiente animado e distinto, e proporcionar, tanto a residentes como a turistas, experiências e serviços turísticos mais diversificados, bem como explorar mais elementos de cultura, turismo e lazer de Macau”.
O novo espaço abre em Junho.

26 Mai 2016

Menos negócios a retalho

O volume de negócios do comércio a retalho caiu 11,2% no primeiro trimestre face ao período homólogo do ano passado, atingindo 14,73 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o valor representa ainda uma queda comparativamente ao último trimestre do ano passado. Os decréscimos mais significativos, em termos anuais homólogos, no volume de negócios foram registados nos automóveis (-48,4%); motociclos, peças relacionadas e acessórios (-44,3%); artigos de comunicação (-22,7%); calçado (-19,0%) e relógios e joalharia (-18,3%). Apesar disso, os relógios e joalharia representaram 20,8% do total do volume de negócios, indica a DSEC. O volume de vendas do comércio a retalho diminuiu 8,7% em termos anuais, com diminuições mais acentuadas também no volume de vendas de automóveis (-50,6%) e de motociclos, peças relacionadas e acessórios (-46,5%).
 

26 Mai 2016

TNR continuam em força

Macau contava, no final de Abril, com 181.363 trabalhadores contratados ao exterior, uma redução ligeira face a Março, mas um aumento em termos anuais homólogos, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), o universo de mão-de-obra importada sofreu em Abril uma contracção ligeira (menos 73 trabalhadores) em termos mensais.
Contudo, num intervalo de um ano, o mercado laboral ganhou 4586 trabalhadores não residentes, crescendo 2,5% face a Abril de 2015. O universo de mão-de-obra importada equivalia a 45,7% da população activa e a 46,6% da população empregada, estimadas no final do primeiro trimestre.
O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 116.707 (64,3% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (24.963) num pódio que se completa com o Vietname (14.630).
O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (47.362), seguido do da construção (43.854).

26 Mai 2016

Galgos | Já há plano para adopção de animais caso Canídromo encerre

A ANIMA assegura ter vários planos para que os mais de 600 galgos do Canídromo sejam adoptados caso o espaço encerre. Uma campanha de adopção internacional está em andamento e a Europa está de braços abertos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s mais de 600 galgos que dormem todas as noites no Canídromo já têm o futuro traçado caso o espaço encerre este Dezembro, quando terminar a prorrogação da concessão do contrato entre a Yat Yuen e o Governo. A garantia é dada por Albano Martins, presidente da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, ao HM e surge depois de acusações de que o encerramento iria trazer mais complicações do que actualmente.
“Temos vários planos”, começa por indicar o responsável ao HM. “Uma das hipóteses é gerirmos o espaço [do Canídromo] por um ano ou ampliarmos as instalações [da ANIMA] e movermos os animais para lá, até conseguirmos que sejam adoptados.”
Há ainda uma outra hipótese, assegura Albano Martins, que passa por “comprar um terreno em Portugal de cerca de 35 hectares, construir pré-fabricados, meter os galgos num avião e mandá-los todos para lá”.
A ANIMA leva actualmente a cabo uma campanha internacional de adopção de galgos, que pode fazer com que os animais encontrem novas famílias depois de uma vida de corridas, seja qual for a hipótese escolhida inicialmente para os proteger. No caso destes irem parar a Portugal, solução que parece ser a mais viável para a ANIMA, então os animais poderão ser adoptados por famílias europeias, nomeadamente em Inglaterra e Irlanda, onde diversos activistas que lutam pelos direitos dos galgos já se mostraram abertos a adoptar galgos.
“Há muita gente interessada, cerca de 200, pelo menos, podem ser adoptados”, garante Albano Martins.

Se deixarem

Anteriormente, era possível perceber no site da Yat Yuen quantos animais magoados tinha o Canídromo e quantos eram mortos por lesões. Agora, esses números não são facultados, como o HM apurou, desde que a pressão para o encerramento do espaço se tornou mais internacional.
Contudo, contas da ANIMA indicam que haverá, neste momento, quase 700 cães no local. Alguns deles, no entanto, podem nunca vir a ser adoptados.
“Temos de perceber que alguns são propriedade do Canídromo e outros são de [proprietários] privados, que podem não querer dar os galgos para adopção. Isto, se pensarmos que um cão pode ser vendido até 80 mil dólares de Hong Kong.”
Seja como for, para Albano Martins os planos que a ANIMA tem em mente “pretendem que se faça o melhor possível” por estes animais, até porque “se não se fechar o Canídromo, morre pelo menos um por dia”.

IACM pode avançar com fiscalizações

Questionado pelos jornalistas, ontem à margem de uma reunião sobre a Lei de Protecção dos Animais, José Tavares confirmou que, depois da aprovação do diploma, o IACM vai poder fiscalizar as instalações do Canídromo. “Depois desta lei ser aprovada temos acesso a todos os lugares, aos estaleiros, aos locais que antigamente nos eram negados, portanto esta lei vai-nos dar mais força para o controlo”, garantiu. A ausência de questões, por parte da AAPAM, sobre a situação dos galgos, foi justificada por Antonieta Manhão, uma das responsáveis, por não “estar em vigor” na lei qualquer situação sobre os galgos. “Se uma coisa não está em vigor para quê discutir?”, alegou, argumentando que esta proposta de lei “já está a ser discutida há 11 anos”. “Para quê lutar para uma coisa que não existe?”, frisou ainda. Questionada sobre a possibilidade de incluir um artigo dedicado aos galgos, a representante explica que existem “dois tipos de licença”, para domésticos e não domésticos. “Os galgos são para competir, então são duas licenças diferentes (…) queremos realmente lei para todos. Mas vamos ser [realistas] o Governo não vai [adicionar] um [artigo] tão específico”, rematou.

Ambrose So | Corridas merecem ser preservadas

Ambrose So, director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, detentora da Yat Yuen, olha para o Canídromo e corridas de galgos como um “dos pilares da indústria do Jogo”, ainda que as receitas de um ano da Yat Yuen sejam iguais a quatro horas nos casinos de Macau. Em declarações reproduzidas pelo Jornal Tribuna de Macau, o responsável diz que é preciso chegar a um consenso sobre a questão, até porque se “fala em diversificação e as corridas dão essa diversidade”. Além disso, diz ainda, a história das corridas de galgos deve ser “preservada”.

25 Mai 2016

Wushu | Selecção portuguesa leva ouro em campeonato europeu

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]selecção portuguesa de Wushu Kung Fu conseguiu nove medalhas no Campeonato Europeu da modalidade, que terminou a semana passada em Moscovo, na Rússia. Entre as conquistas, destacam-se uma medalha de ouro, três de prata e cinco de bronze.
Foi Tomás Marques quem levou para casa a medalha de ouro na categoria de Taolou (formas), com Nan Dao (espada do sul). Com apenas dez anos, o atleta português conseguiu ainda a prata em Nan Gun (bastão do sul) e o bronze Nanquan (punhos do sul).
Bernardo Vieira foi outro dos vencedores, com duas medalhas em prata (em espada e lança) e bronze em formas de punhos do norte. Também o terceiro lugar foi entregue a Nadine Castro (punhos do sul) e aos dois lutadores de Sanda (boxe chinês) Francisco Ferreira – na categoria de -60kg – e Pedro Santos, na categoria de -56kg.

Com esforço

Para o seleccionador nacional, José Machado, os objectivos da selecção foram superados e a aposta da Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas (FPAMC) em campeonatos tem sido consequência destes resultados.
“O trabalho que está a ser realizado pelas associações [de artes marciais chinesas em Portugal] e treinadores está a resultar, bem como a aposta da Federação em renovar a selecção nacional. Está a dar frutos e os resultados têm vindo a ser visíveis”, revela o também treinador ao HM. “Esta equipa foi de facto fantástica na superação, mesmo quando temos parcos recursos comparado com os nossos adversários. Estou orgulhoso e agora vamos preparar o torneio internacional de Ourense [Espanha] já em Julho.”
Para o presidente da FPAMC há mais de seis anos, o facto da selecção portuguesa se superar é “de facto gratificante”, sendo os resultados frutos de esforços de associações e da organização que lidera. Paulo Araújo, também mestre de Wushu Kung Fu, indica ao HM que a falta de apoios continua a ser problema. Mas o caminho, diz, é para a frente, até porque há objectivos a cumprir.
“Mais vale acender uma lamparina que lamentar a escuridão e por isso vamos continuar a fazer mais em prol da modalidade, até porque queremos o Wushu como modalidade olímpica.”
A inclusão desta arte marcial chinesa nos Jogos Olímpicos tem vindo a ser discutida pelo Comité responsável, tendo até havido demonstrações de Wushu em eventos passados. Contudo, ainda não foi tomada qualquer decisão, muito devido a “questões políticas e financeiras”, como refere Paulo Araújo. “É uma luta dura com outras modalidades”, remata.

24 Mai 2016