China | Aldeias e cidades rendem-se às vantagens do comércio electrónico 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chinesa Yao Yao há muito que deixou de fazer a lista de compras, carregar sacos do supermercado ou ter dinheiro na carteira, beneficiando da difusão ímpar do comércio electrónico e carteiras digitais na China. “Quando saio de casa, nem levo carteira. Basta-me o telemóvel”, conta a chinesa natural de Pequim, que diz fazer “entre 70 a 80%” das suas compras na rede.

Não é um caso único: cada vez mais chineses recorrem unicamente às ferramentas digitais para chamar um táxi, pagar a conta no restaurante ou até as despesas na farmácia. No ano passado, o comércio ‘online’ na China cresceu 26,2%, em termos homólogos, para 752 mil milhões de dólares – um valor equivalente a quase quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) português. O país asiático é responsável por cerca de metade do conjunto mundial de vendas pela Internet.

Nas ruas de Pequim ou Xangai, o frenesim das motorizadas que fazem entregas rápidas ao domicílio é constante e, ao longo do dia, as encomendas amontoam-se à entrada dos bairros. O fenómeno alastrou-se já às aldeias do país, onde vivem quase metade dos 1.375 milhões de chineses, através de estações abertas pelo grupo Alibaba, que controla 90% do comércio electrónico na China.

Retalho a vê-los passar

Wang Huan’e dirige uma estação aberta pela plataforma Taobao na aldeia de Huangwan, a cerca de três horas de carro de Pequim, onde recebe as encomendas feitas pelos locais e ajuda os mais idosos a fazerem compras ‘online’.

“Antes desta estação abrir, os habitantes da aldeia tinham de se deslocar à cidade mais próxima para fazer compras”, recorda à Lusa. “Agora não, basta pegarem no telemóvel e podem comprar o que quiserem, seja de manhã, ao acordarem, ou de noite, antes de irem dormir”.

A proliferação do comércio electrónico beneficia também os empresários, que conseguem colocar os seus produtos em qualquer ponto da China, sem depender de retalhistas. “É um espaço e mercado totalmente livre”, explica à agência Lusa Li Guocun, cofundador de uma fábrica de produtos para crianças, cujas vendas são feitas exclusivamente através do Taobao.

A firma emprega vinte operários numa aldeia da província de Hebei e seis funcionários num escritório no norte de Pequim, onde é feita a gestão da loja ‘online’ e o apoio ao cliente. Li trata do design dos produtos e das fotos para o catálogo. A extensa rede logística da China encarrega-se do resto.

Consumidor perfilado

Para o empresário, a outra vantagem do comércio ‘online’ reside no ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar o produto à procura do mercado.

Através dos dados coletados pelo Taobao, “conseguimos ver o perfil do consumidor, a que segmento ele pertence, os seus gostos, hábitos de consumo ou área de residência”, afirma. “Temos uma visão transparente do mercado”.

Numa altura em que Pequim anuncia a extinção de quase dois milhões de posto de trabalho na indústria secundária, visando combater o excesso de capacidade de produção, o negócio da Internet pode gerar novas oportunidades.

“Toda a gente pode ter uma loja ‘online’, basta ter acesso à rede”, defende Li. “O investimento necessário é baixo, só é preciso ter vontade”.

Portugal está atento ao fenómeno.

Portugal na rede chinesa

Procurando pelo termo ‘Putaoya’ (Portugal, em chinês) no Taobao.com, os resultados mostram utensílios de cozinha, mobília, produtos de cortiça, vinho ou azeite português.

No mês passado, o secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, anunciou um acordo para a abertura de uma loja ‘online’ só para produtos portugueses.

“Há cinco ou dez anos era impensável para uma pequena ou média empresa de Portugal tentar abrir uma loja ou uma rede de lojas [na China], porque os custos fixos eram enormes e era uma aposta de enormíssimo risco”, afirmou.

Hoje, “com a possibilidade de utilizar as plataformas online, a existência de centros de distribuição e logística físicos em partes da China é, obviamente, um complemento extraordinariamente importante”, disse.

João Pimenta, Agência Lusa

26 Jun 2017

Alibaba e Tencent lideraram investimento na China Unicom

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s gigantes da tecnologia chineses Alibaba e Tencent Holdings estarão entre os novos investidores que vão colocar um total de cerca de 10 mil milhões de dólares na operadora de telefones móveis China Unicom, como parte dos esforços de Pequim para rejuvenescer as gigantes estatais com dinheiro privado.

Quatro fontes a par do assunto disseram à Reuters que a Alibaba e a Tencent investirão na unidade listada na bolsa de Xangai do grupo de telecomunicações, a China United Network, como parte do esforço para levantar capital.

Uma das fontes disse que Alibaba e Tencent vão liderar o grupo de investidores, enquanto o Baidu, o terceiro da constelação chinesa de gigantes tecnológicos, desistiu. A fonte não comentou o motivo dessa decisão.

A China Unicom, formalmente conhecida como China United Network Communications, quer realizar cerca de 70 milhões de yuans através da unidade de Xangai, disseram as fontes. Tal marcaria a maior captação de capital na Ásia desde a oferta inicial de acções da seguradora AIA Group em 2010, de acordo com dados da Thomson Reuters.

Cerca de 50 mil milhões de yuans seriam realizados com a venda de novas acções, enquanto a segunda maior operadora de telecomunicações da China também venderia uma participação na unidade listada em Xangai, disseram duas das fontes, que não podem ser identificadas porque as negociações não são públicas.

Outros investidores potenciais abordados pela China Unicom incluem outras principais empresas de internet do país e algumas instituições com apoio do governo, como a China Life Investment, disse uma das fontes.

A Alibaba, a Tencent e outros investidores potenciais ainda não conseguiram concluir os termos de uma compra, disseram as fontes, embora o negócio seja provavelmente fechado ainda no terceiro trimestre.

A China Unicom é uma das três principais estatais de telecomunicações da China, juntamente com a China Mobile e a China Telecom, mas a empresa é amplamente vista como tendo excesso de pessoal e ser ineficiente e lenta a desenvolver tecnologias-chave – levando Pequim a adicioná-la no ano passado ao primeiro lote de empresas públicas que passariam a ter capital misto.

26 Jun 2017

Amiga de ex-presidente sul-coreana detida 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal sul-coreano condenou a três anos de prisão a amiga da presidente destituída Park Geun-hye, que usou aquela relação para conseguir a admissão ilegal da filha numa universidade do país.

O tribunal afirmou que Choi Soon-sil “cometeu várias ilegalidades” para pressionar a universidade Ewha, uma das mais prestigiadas do país, a admitir a filha e a conceder facilidades académicas apesar das poucas qualificações de Chung Yoo-ra. Choi, amiga de longa data de Park e conhecida como a “Rasputina” sul-coreana, está também a ser julgada por ter criado uma rede de tráfico de influências para extorquir cerca de 70 milhões de dólares a grandes empresas.

Depois de meses de protestos maciços e de um processo de destituição, Park abandonou formalmente o cargo e detida no âmbito do mesmo escândalo de corrupção. Em Abris, foi acusada de abuso de poder, coação, suborno e divulgação de segredos oficiais.

A antiga directora da Ewha Choi Kyung-hee e Namkung Gon, antigo responsável pelas admissões da universidade, foram também condenados a curtas penas de prisão por terem dado tratamento preferencial a Chung.

Era hipismo

Em Maio, Chung foi extraditada da Dinamarca e está actualmente a ser investigada pelos procuradores sul-coreanos que consideram a filha de “Rasputina” uma figura-chave na rede de subornos entre Park e o gigante das telecomunicações Samsung. Seul acusou a jovem, de 20 anos, de corrupção e de ter recebido tratamento privilegiado na universidade e no bacharelato – título que lhe foi retirado por suspeita de falsificação de notas e dos registos de presença.

As autoridades de Seul acreditam que o grupo Samsung assinou um contrato na ordem dos 22.000 milhões de wons (cerca de 170 milhões de patacas) com uma empresa com sede na Alemanha propriedade de Choi Soon-sil e que deu apoio financeiro para que a jovem Chung Yoo-ra, que pratica hipismo, treinasse no território alemão e comprasse cavalos.

A jovem, que justificou estar na Dinamarca por causa de actividades relacionadas com o hipismo, negou todas as acusações, mas admitiu que assinou em várias ocasiões documentos que lhe foram apresentados pela mãe.

26 Jun 2017

Chui Sai On | Xangai e Macau mais unidos

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]inanças, turismo, educação, ciência e tecnologia, desporto. São estas as principais áreas em que Macau e Xangai deverão reforçar a cooperação. A ideia saiu da reunião mantida ontem entre o Chefe do Executivo e o secretário do Comité Municipal do Partido Comunista Chinês (PCC), Han Zheng, e o presidente do município, Ying Yong.

De acordo com um comunicado do Governo, foi considerado na reunião que “a base de cooperação bilateral é firme”, pelo que se espera agora “fortalecer o intercâmbio em várias vertentes”.

Durante o encontro, Chui Sai On fez um balanço dos resultados alcançados com os mecanismos estabelecidos, tendo defendido que ambas as partes “criaram uma base vantajosa para colaborar, particularmente com a assinatura do ‘Memorando de Cooperação Financeira entre Xangai e Macau’, em 2012”. Este entendimento permitiu à RAEM participar no projecto da zona de comércio livre, sublinhou, tendo ainda recordado que Xangai e Macau desenvolveram uma série de acções de cooperação no âmbito do turismo, cultura, comércio e educação, entre outras áreas.

Por sua vez, Han Zheng explicou que, seguindo as instruções e programação do país, Xangai tem-se dedicado ao desempenho das funções de “vanguarda da reforma e abertura” e “precursor no desenvolvimento por inovação”, bem como ao aprofundamento da reforma da zona pioneira de comércio livre, no sentido de impulsionar o desenvolvimento contínuo da metrópole.

O secretário do Comité Municipal do PCC defendeu que “os contactos entre Xangai e Macau são muito estreitos”, com uma base de ligação “bem delineada”. E deixou uma promessa: Xangai continuará a apoiar o desenvolvimento de Macau.

Na deslocação à capital económica chinesa, Chui Sai On e a comitiva que o acompanha estiveram presentes nas comemorações do 75.º aniversário do Banco Tai Fung e cerimónia de inauguração da sucursal em Xangai. O regresso a Macau aconteceu ainda ontem.

23 Jun 2017

Lei de Terras | Sónia Chan precisa de tempo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, disse em declarações reproduzidas pelo canal chinês da Rádio Macau que recebeu há dias a proposta de revisão à lei de terras submetida pelos deputados Leonel Alves e Zheng Anting, mas que precisa de tempo para as analisar. O problema prende-se com o facto de o documento estar em português e necessitar de tradução, assim como o número elevado de artigos.

Esta semana, antes de partir para Xangai, Chui Sai On disse que o processo legislativo está a “seguir os trâmites normais”. O Chefe do Executivo acrescentou que “é necessário fazer uma análise profunda e a secretaria [da Administração e Justiça] irá entregar um relatório”.

Sónia Chan garantiu apenas que vai analisar o documento o mais rapidamente possível, não havendo para já uma data confirmada para a emissão de um relatório.

Se o Chefe do Executivo não tomar uma decisão em breve, será difícil discutir o diploma na actual legislatura, partindo do princípio que dá autorização para a iniciativa legislativa dos deputados. Se o tempo for insuficiente, o projecto de lei terá de ser de novo apresentado depois das eleições, sendo que um dos proponentes, Leonel Alves, já não será deputado, uma vez que anunciou publicamente esta semana que não se recandidata à Assembleia Legislativa.

23 Jun 2017

Detectada prescrição inadequada de medicamentos oncológicos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) detectaram casos suspeitos de prescrição inadequada de medicamentos contra o cancro por clínicas privadas, no valor de 80 milhões de patacas.

Num comunicado enviado pouco depois da meia-noite de ontem, os SSM explicam que, suspeitando do caso, que “pode ter efeitos adversos nos pacientes”, realizaram fiscalizações surpresa em sete estabelecimentos privados de cuidados de saúde, sendo que em quatro se mantiveram as suspeitas, dois estão ainda a ser investigados e num caso o centro médico foi ilibado.

Os fiscais verificaram que, em casos de prescrição de medicamentos destinados ao tratamento de carcinoma pulmonar, os processos clínicos dos pacientes estavam incompletos ou em falta e havia diferenças de quantidade entre a compra e a prescrição. Os produtos suspeitos foram selados, bem como os processos clínicos.

O valor total dos medicamentos contra o cancro que terão sido prescritos inadequadamente é de cerca de 80 milhões de patacas.

Os SSM explicam ainda que os medicamentos em questão “não foram registados oficialmente em Macau”, tendo sido solicitada por importadores uma licença especial para que pudessem ser utilizados por determinados pacientes, o que foi autorizado pelos SSM.

No entanto, “algumas entidades de saúde procediam à venda ilegal deste tipo de medicamentos a pacientes do interior da China para obtenção de lucro”, o que pode incorrer em fraude, contrabando e evasão fiscal.

Os SSM alertam que, se se concluir que a infracção constitui “crime contra a saúde pública, a multa será acrescida de suspensão de licença e, em caso de reincidência, do seu cancelamento”.

Além disso, se a prescrição não corresponder à “realidade do processo clínico, não será excluída a possibilidade de envio do caso ao Ministério Público para apuramento da responsabilidade penal”.

23 Jun 2017

Cinemateca Paixão | Segundo festival de documentários em Julho

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eis filmes de realizadores portugueses integram o segundo Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM ou MOIDF, na sigla em inglês), que arranca a 8 de Julho, na Cinemateca Paixão.

“Ama-san”, documentário que Cláudia Varejão rodou no Japão, acompanhando uma comunidade de mulheres que se dedica à prática milenar de pesca por mergulho em apneia é uma das produções portuguesas apresentadas no certame. Falado em japonês, com legendas em inglês e chinês, o filme premiado no DocLisboa 2016 resulta de um trabalho de pesquisa de Cláudia Varejão, no Japão, em torno de pescadoras que apanham moluscos e bivalves, mergulhando sem garrafas de oxigénio, respeitando técnicas tradicionais e rituais antigos.

Com um total de 27 filmes de várias partes do mundo, incluindo Taiwan e Hong Kong, o festival inclui uma Secção Portuguesa com cinco documentários.

“Rio Corgo” (2015), da polaca Maya Kosa e do português Sérgio da Costa, e que recebeu o prémio para melhor filme português no Festival DocLisboa, é o primeiro dos filmes em exibição nesta secção.

Outro dos destaques na secção dedicada aos criativos portugueses é a “A Caça Revoluções” (2014), o primeiro filme de Margarida Rêgo, uma animação experimental sobre fotografia, que tem como mote a Revolução de Abril de 1974, a partir de uma fotografia tirada na época.

Leonor Teles em Macau

“Balada de Um Batráquio” (2016), curta-metragem da realizadora Leonor Teles, vencedora do Urso de Ouro do Festival de Berlim e premiada no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong em 2016, também vai ser exibida em Macau.

Do luso-americano Gabriel Abrantes chega “Uma Breve História da Princesa X” (2016), a escultura na base do escândalo do Salão Internacional de Arte de Paris, em 1920, dedicado ao escultor Constantin Brancusi e à escritora Marie Bonaparte, um filme que no ano passado teve a sua antestreia na Tate Britain, em Londres, no Reino Unido.

“Cidade Pequena” (2016), a curta-metragem que valeu a Diogo Costa Amarante o Urso de Ouro no festival de Berlim deste ano, encerra os filmes da secção portuguesa.

Tempo e crescimento

O 2.º Festival Internacional de Documentário de Macau é uma colaboração entre a Cinemateca Paixão e a Comuna de Han-Ian.

Assente em dois conceitos – “Tempo” e “Crescimento” –, e no tema “Imagem do Tempo”, o festival abre com “Small Talk” (Taiwan), uma complexa história sobre a cineasta Hui-chen, que venceu o Prémio Teddy para Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema de Berlim 2017.

A cineasta japonesa Naomi Kawase vai ser a “realizadora em foco” da segunda edição do FIDM, com a exibição de seis dos seus documentários, incluindo “Embracing”, “Katatsumori” e “Chiri”, os quais retratam a mesma personagem ao longo da vida. Nascida em Nara, no Japão, Naomi Kawase tornou-se em 1997 a mais jovem realizadora de sempre a ganhar a Camera d’Or no 50.º Festival Internacional de Cinema de Cannes e vai estar em Macau para partilhar a sua experiência com o público (ver texto nesta página).

Outros destaques do certame são o filme de ficção “Suzaku”, também de Naomi Kawase, “Brothers”, descrito como uma versão documentário do filme “Boyhood”, e “Still Tomorrow”, filme de Jian Fan sobre uma mulher agricultora que se torna poeta, distinguido no Full Frame Documentary Film Festival (IDFA).

O segundo Festival Internacional de Documentário de Macau termina a 30 de Julho.

23 Jun 2017

Naomi Kawase: As possibilidades criativas da dor

Excertos de um texto de Jo Takahashi

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]usência e perda. Na filmografia da cineasta japonesa Naomi Kawase, é comum observar experiências de vida que envolvem a aprendizagem dos personagens com a dor inevitável de um acontecimento trágico, sem no entanto sucumbir ao ressentimento ou à culpa. Diferente da produção audiovisual da indústria que reproduz determinados padrões de género, o cinema de Kawase explora imagens sensoriais que redimensionam a relação entre corpos filmados e câmara, por meio de filmes dotados de motivação autobiográfica.

As suas primeiras curtas são filmes caseiros, onde ela mesma procura lidar com elementos claramente pessoais, como o abandono do pai e a iminência da morte da tia-avó. Por meio de um inventário de imagens registadas na sua própria casa ou nos arredores da bucólica cidade de Nara, tais filmes caseiros absorvem nuances sentimentais de curiosidade e esquadrinham uma intimidade.

Com uma Super 8, Kawase regista momentos de sua vida quotidiana que são dignos de ser guardados e, por meio desta colecção de instantes, monta seus filmes domésticos de forma descontínua, como forma de preservar aquilo que é mais caro nas imagens: sua dócil presença.

Tal sensibilidade é enfatizada em Caracol (1994), no momento em que Kawase toca o rosto de sua tia-avô, após tê-la observado da janela de sua casa. O acto de acariciar a imagem, de fazer do contacto o gesto primordial, sugere a aposta em uma “câmara-pele”, como explica o ensaísta Luis Miranda em El Cine en El Umbral.

Kawase explicita a necessidade de tocar alguém que se ama e, por meio de tal gesto, sustentar uma materialidade que fatalmente se perderia com a morte da tia-avó. A modulação da ausência também é presente em outros documentários caseiros da cineasta, como Em seus braços, em que ela mostra sua busca pelo pai biológico; ou Cartas de uma cerejeira amarela em flor, onde relata suas visitas a um amigo crítico de fotografia, que estava na beira da morte.

Nos filmes de ficção, a potência de vida das personagens é tanta que a perda nunca é compreendida como algo negativo. Dentro dos seus limites, os personagens dos longas de Kawase esforçam-se por provocar bons encontros que aumentem ao máximo sua acção no mundo. A tristeza transforma-se em alegria; a obscuridade em luz. É o caso de Shara, que narra como uma família lida com o desaparecimento de um ente querido; ou A Floresta dos Lamentos, em que um viúvo fortalece a amizade com uma moça que acaba de perder o filho.

Cada filme passa a ser a expressão intensa dos esforços dos seus personagens em organizar, cada um a seu modo, encontros alegres, apesar da dor da perda. Aqui o sofrimento não depõe contra a vida. As trajectórias dos personagens são marcadas pela contingência, pela diversidade de regularidades e acasos. E assim é a vida: cheia de erros e acertos, descobertas e fracassos.

No cinema contemporâneo, Kawase começou a ter reconhecimento quando recebeu o prêmio Camera D’Or no Festival de Cannes, em 1997, tornando-se a mais jovem directora a ser premiada no evento, com a sua primeira longa-metragem Suzaku.

23 Jun 2017

China promete cooperação com ASEAN no Mar do Sul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China prometeu nesta quarta-feira efectuar diligências conjuntas com os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) para garantir o sucesso da reunião dos chanceleres China-ASEAN em Agosto e promover a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, fez a declaração em resposta a uma pergunta sobre os comentários recentes da secretária assistente das Relações Exteriores das Filipinas para os assuntos da ASEAN, Maria Hellen De La Vega.

A diplomata filipina disse que o estabelecimento da linha vermelha de diplomatas seniores entre a China e os países da ASEAN e a aplicação do Código para os Encontros Não Planeados no Mar (CUES, em inglês) no Mar do Sul da China, ajudarão a melhorar as relações China-ASEAN.

Geng elogiou os comentários da diplomata filipina, acrescentando que a situação actual no Mar do Sul da China é estável e mantém um ímpeto de desenvolvimento saudável. As partes relacionadas têm impulsionado as consultas sobre o Código de Conduta (COC, em inglês) no Mar do Sul da China, além da cooperação marítima, disse Geng.

O diplomata chinês acrescentou que as partes chegaram a um acordo sobre a estrutura do COC. No ano passado, concordaram em estabelecer uma linha vermelha de diplomatas seniores para lidar com emergências marítimas e aplicar o CUES no Mar do Sul da China. A linha vermelha está na fase de experiência durante a primeira metade deste ano, segundo Geng. “Todas essas medidas têm desempenhado papéis importantes para fortalecer a confiança entre as partes e evitar assuntos inesperados”, acrescentou.

23 Jun 2017

Encontro bilateral de segurança EUA-China | Unidos mas não convencidos

Os Estados Unidos asseguraram nesta quarta-feira, após um encontro de alto nível sobre segurança e defesa com a China, que o gigante asiático partilha sua posição perante as provocações da Coreia do Norte e enfatiza a necessidade de pôr fim ao programa nuclear da dinastia Kim.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro – primeiro estabelecido sob um novo marco de contactos de alto nível pelo presidente americano, Donald Trump, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Abril – contou com a presença do conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, e o general Fang Fenghui, chefe do Estado Maior do exército chinês, do secretário de Estado, Rex Tillerson, e o secretário de Defesa, Jim Mattis.

Por seu lado, a parte chinesa indicou que os dois países devem tratar de forma objectiva as questões estratégicas bilaterais. O conselheiro de Estado explicou que a intenção da China é clara: defender a própria soberania, segurança, interesses de desenvolvimento e trabalhar para concretiza o sonho chinês de grande revitalização da nação chinesa.

Além disso, foi esclarecido que, “persistindo no caminho do desenvolvimento pacífico, a China deseja estabelecer um novo modelo de relações internacionais. O país privilegia a cooperação com ganhos mútuos e deseja construir uma comunidade de destino comum da humanidade”.

Numa breve conferência de imprensa, no encerramento do primeiro diálogo bilateral de Defesa e Segurança, o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, assegurou que, no que diz respeito à não-proliferação nuclear, “as nossas posições são as mesmas”. Por seu lado, o secretário de Estado, Rex Tillerson garantiu que ambos países fazem um alerta para “uma desnuclearização completa, verificável e irreversível na Península da Coreia”.

Pressão por pressão

No entanto, apesar do bom ambiente, os Estados Unidos instaram Pequim a aumentar a pressão sobre o regime norte-coreano: “Reiterámos à China que ela tem a responsabilidade diplomática de exercer uma maior pressão económica e diplomática sobre o regime (norte-coreano), se quer evitar uma nova escalada na região”, disse Rex Tillerson.

O secretário de Estado espera igualmente que a China “faça a sua parte” contra as “actividades criminosas” às quais Pyongyang recorre para financiar as suas actividades nucleares e balísticas, como o “branqueamento de capitais”, a “cibercriminalidade” ou a “extorsão de fundos”.

As duas partes ainda discutiram várias outras questões como Taiwan, Tibete, Mar do Sul da China. O secretário de Estado norte-americano afirmou que o seu governo persiste na política de uma só China, reconhece o Tibete como parte do território chinês e não apoia as actividades de separação do país asiático.

A Coreia do Norte, que realizou vários testes de mísseis desde que Trump assumiu o poder em Janeiro, centrou o primeiro diálogo de trabalho chinês com o governo de Trump.

Um jovem sem sorte

O encontro aconteceu um dia depois que o jovem americano Otto Warmbier morreu em Ohio, uma semana após voltar da Coreia do Norte, onde esteve detido acusado de roubar um cartaz de propaganda, em coma e com danos cerebrais. Mattis criticou a Coreia do Norte por seu “desprezo à lei e à ordem, à humanidade e à responsabilidade” básica que se esperam de um país.

O caso de Warmbier piorou ainda mais as relações entre EUA e Coreia do Norte, que o governo Trump esperava reconduzir para a reabertura de um diálogo com o regime de Kim Jong-un com a ajuda da China, o principal aliado norte-coreano. O próprio Trump afirmou no Twitter que valoriza os esforços da China para conter o regime da Coreia do Norte, mas que, em sua opinião, “não funcionaram”.

Apesar das sanções internacionais, a Coreia do Norte tem armas nucleares e desenvolve mísseis balísticos que poderão ameaçar o Japão, a Coreia do Sul e talvez um dia as cidades norte-americanas, escreve a agência de notícias France Presse.

23 Jun 2017

Festival Yulin | Consumidores de carne de cão defendem a sua festa

Embora mais discreta, a festa de Yulin abriu e os cães são devorados como sempre. Alguns locais não percebem onde está o problema. E sentem-se no direito de comer o que muito bem lhes apetece.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] festa da carne de cão mais popular da China começou nesta quarta-feira, com barracas cheias de cães refogados ou salteados, e uma população determinada a defender suas tradições diante da incipiente ameaça de proibição.

Este evento gastronómico ocorre anualmente na cidade de Yulin pelo solstício de Verão, em 21 de Junho. E, todo o ano, causa polémica no estrangeiro e no país.

A associação americana Humane Society International afirmou, no mês passado, que as autoridades chinesas proibiriam a venda de carne canina durante esta edição. Mas, nesta quarta-feira, os talhantes cortavam pedaços de carne de cão e salteava-os em woks tradicionais. Os vendedores exibiam as carcaças amareladas dos cães mortos e despedaçados, com os rabos esticados e os dentes de fora.

No restaurante de Yang, os clientes pedem macarrão de arroz para o café da manhã, mas ao meio-dia exigem carne de cão. “Durante a festa, as nossas vendas aumentam nove vezes. E não tenha dúvida de que sempre conseguimos ter o suficiente”, afirma Yang, com a esperança de vender seis por dia durante o festival.

Segundo associações de defesa dos animais, as autoridades chegaram a um acordo com os vendedores, autorizando duas carcaças por barraca. Mas alguns vendedores ultrapassam essa cota.

Polícia por ali

“A proibição não atinge todo o comércio de carne de cão. Mas a festa parece menos grandiosa do que no ano passado, com menos cães sacrificados nessa indústria cruel”, declarou à AFP Irene Feng, da ONG Animals Asia.

A cada ano, mais de 10.000 cães costumam ser abatidos para esta festa em condições atrozes, segundo os defensores dos animais: alguns, a marretadas, e outros, queimados vivos.

Muitos polícias estavam posicionados do lado de fora do principal mercado de cães da cidade. Segundo Liu Zhong, proprietário de uma loja de ervas medicinais, a polícia vigia “muito de perto” a actividade no mercado de Yulin. Alguns comerciantes vendem cães às escondidas, directamente nas suas casas ou em outros lugares, relata. “É só um pouco mais discreto” do que no ano passado, comentou Liu, que parou de comer carne de cão há dez anos e tem sete cães como animais de estimação.

Alguns donos de restaurantes modificaram os seus rótulos de “carne de cão” para “carne saborosa”. Um chegou a cobrir com papel amarelo a palavra “cão”. Outros vendedores intercalam pedaços, como fígado, com outros produtos como língua de vaca ou pata de porco.

Todos os anos, morrem na China de 10 a 20 milhões de cães para consumo, de acordo com a Humane Society International. Apesar de não ser ilegal, comer carne de cão é minoritário e suscita uma oposição crescente.

Para Li Yongwei, morador de Yulin, não há nada de estranho. “Qual é a diferença entre cão, frango, novilho e porco?”, pergunta. “Faz parte da cultura local. Não se pode impor uma escolha às pessoas. Assim como não se pode forçar alguém a ser cristão, budista, ou muçulmano”, considera Li.

“O que as pessoas comem é da conta de cada um”, completa.

23 Jun 2017

Aldeia chinesa enriquece com boom de “barrigas de aluguer”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] indústria de “barrigas de aluguer” é desde há uma década uma importante fonte de receitas para a aldeia chinesa de Qili, na província de Hubei, apesar de a gestação de substituição estar proibida no país.

Em Qili, um casal infértil pode alugar um ventre por preços que variam entre 150.000 e 250.000 yuan, um valor quinze vezes superior ao rendimento médio anual no interior de Hubei – 11.844 yuan-, segundo uma reportagem difundida pela estação de televisão Shandong TV. A indústria floresce na aldeia desde há uma década, apesar de ser ilegal na China.

Penas leves, altos lucros e um aumento da taxa de infertilidade no país – de três por cento, há 20 anos, para quase 15%, actualmente – têm levado ao ‘boom’ no uso de barrigas de aluguer, indica a reportagem.

No Baidu, o principal motor de busca chinês, uma pesquisa pelas palavras-chave “barriga de aluguer” permite encontrar centenas de agências. Muitas mulheres estão dispostas a correr riscos, alugando o ventre em idades já avançadas ou acedendo a engravidar logo após dar à luz. Num caso, uma família foi indemnizada em “dezenas de milhares de yuan”, depois de a sua filha ter morrido durante a gravidez.

A indústria gera também abusos contra as mulheres de Qili, que são enviadas para Wuhan, a capital de Hubei, ou para a província de Cantão ou Xangai, onde ficam trancadas em casas disponibilizadas pelos intermediários, até que o bebé nasça.

Em Fevereiro passado, o porta-voz da Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar da China, Mao Qunan, afirmou que a gestação de substituição é um “tema complexo”, que envolve questões legais, éticas e sociais, e que a comissão continuará a punir.

Apesar de a China ter já mais residentes em áreas urbanas do que rurais, a família continua a ser fundamental na sociedade chinesa, com o casamento e ter filhos a constituírem quase um dever.

23 Jun 2017

Liga de Elite, antevisão da jornada | Sprint final

Benfica, Monte Carlo e CPK, entram nesta penúltima jornada com hipóteses reais de serem campeões, nunca a Liga Elite teve tantos potenciais candidatos a levantarem o troféu como esta época. Contudo, as probabilidades são diferentes para os três.

João Maria Pegado

Benfica de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica, com a vitória do passado Sábado sobre o então primeiro classificado CPK, colocou-se na frente para renovar o título de campeão e conquistar o seu quarto campeonato seguido.

Neste momento os encarnados são a única equipa a depender de si própria para levantar o troféu. Para tal precisa de somar 6 pontos. Três desses seis pontos podem ser conquistados já este Sábado às 18:30 frente ao Kei Lun. No jogo da primeira volta o Benfica teve uma vitória fácil por 4-0, mas a equipa de Josicler melhorou muito desde então tendo vindo a realizar boas exibições, como aquela que empatou com o Monte Carlo.

Henrique Nunes, técnico dos encarnados, sabe que este não vai ser um jogo fácil mas ao vencer dificilmente o titulo lhe escapará e poderá mesmo ser campeão esta jornada se vencer e o dois perseguidores não ganharem.

Monte Carlo

Os canarinhos ainda hoje devem pensar no empate frente ao Kei Lun, pois não fosse a perda desses dois pontos e hoje estaria em primeiro lugar da Liga Elite. Para conseguirem quebrar a sequência de títulos do Benfica, os pupilos de Cláudio Roberto terão que ganhar os seus dois jogos finais e esperar por um deslize dos encarnados.

A equipa canarinha está a terminar o campeonato em alta, prova disso foi a vitória frente ao Benfica que relançou o campeonato e perante as equipas da parte de baixo da tabela tem goleado.

Entretanto este domingo, às 18:30, vão ter um adversário complicado: o Cheng Fung. Na primeira volta os canarinhos venceram por uns expressivos 7-2 mas é sabido a apetência desta equipa, liderada por João Rosa, para tirar pontos aos líderes da tabela, como fez por duas vezes esta época aos encarnados.

CPK

A equipa capitaneada por Diego Patriota é das três a que tem a situação mais complicada, o que não era verdade a semana passada. A verdade é que a derrota com os encarnados atirou o CPK para terceira posição e, neste momento, para voltarem a liderar o campeonato precisam de um verdadeiro milagre.

Os encarnados têm que perder pontos, assim como os canarinhos, tendo que a equipa liderada por Inácio Hui vencer ambos os jogos que faltam.

O primeiro desses dois jogos realiza-se no domingo, pelas 20:30, frente à Polícia.

Na primeira volta o CPK venceu por 2-0. Nesta segunda volta não se afigura um jogo fácil porque a derrota para o grupo da Polícia poderá indicar a descida de Divisão, algo que a equipa de Ka Li Man quer evitar a todo custo.

Restantes jogos

Sexta feira, 21:00. Sporting vs Development Team. A equipa liderada por Nuno Capela vai realizar o jogo de uma época. Com uma vitória sobre os jovens da associação irão realizar o que o muitos pensavam impensável antes do início do campeonato e grande objectivo deste grupo de trabalho: a manutenção.

Entretanto, vão apanhar uns jovens da associação feridos no orgulho após a derrota com o Lai Chi, que os deixou numa situação muito complicada e só uma vitória neste encontro poderá ainda dar esperanças aos jovens de Macau.

Sábado, às 20:30, Ka I vs Lai Chi. A equipa capitaneada por William Carlos Gomes tem praticamente a sua situação resolvida, só uma grande combinação de resultados os colocavam acima dessa posição ou até abaixo. Já o Lai Chi ganhou nova vida e uma vitória aqui e uma derrota da Polícia poderá colocá-los a uma jornada do fim acima da linha de água.

23 Jun 2017

China | Regulador investiga Fosun e HNA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] regulador chinês pediu aos bancos do país informações sobre os empréstimos concedidos a empresas que fizeram importantes investimentos além-fronteiras, como a Fosun e a HNA, depois de a China registar no ano passado uma fuga recorde de capital.

Segundo a agência de informação financeira Bloomberg, entre as empresas abrangidas pelo pedido da Comissão Reguladora do Sector Bancário Chinês (CBRC) constam a HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, e a Fosun, dona de várias empresas em Portugal.

A comissão pediu ainda informações sobre o grupo Wanda, a seguradora Anbang, que foi candidata à compra do Novo Banco, e o Xheijang Rossoneri, que faz parte do grupo que detém o clube italiano de futebol AC Milan.

A medida deverá levar a uma redução do investimento chinês no estrangeiro, isto já depois de uma queda homóloga de 56%, na primeira metade do ano, devido às medidas adoptadas por Pequim para prevenir a saída de capital.

A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

Ao atingir alguns dos homens mais ricos na China, o Presidente chinês, Xi Jinping, poderá estar a enviar um sinal do seu compromisso em sanear o sistema financeiro do país, a poucos meses de um importante congresso do Partido Comunista Chinês.

Depois de o pedido da CBRC ter sido tornado público, as ações do Fosun International, que é o accionista maioritário do Millenium BCP e controla a Fidelidade e a Luz Saúde, afundaram 7,1% na bolsa de Hong Kong.

Na bolsa de Xangai, as acções da subsidiária do grupo, a Shanghai Fosun Pharmaceuticals, recuaram 8,9%.

A CBRC pediu aos bancos para disponibilizarem informações sobre os empréstimos concedidos para investimentos no estrangeiro, sobretudo em propriedade, cinemas, hotéis, entretenimento e clubes desportivos, detalha a Bloomberg. Os bancos terão que submeter a sua análise sobre os potenciais riscos destes investimentos e as medidas que têm preparadas para lidar com estes riscos.

23 Jun 2017

Daesh destrói mesquita histórica de Mossul

[dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]s nossas forças estavam a avançar, na zona histórica de Mossul. Estavam a 50 metros da mesquita de Al-Nuri quando o Daesh cometeu outro crime histórico ao explodir as mesquitas de Nuri e de Hadba”, disse o comandante da ofensiva de Mossul, general Abdulamir Yarallah, num comunicado divulgado na quarta-feira.

Foi na mesquita de Al-Nuri, no Verão de 2014, que Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Daesh, auto-proclamou o “califado” nos territórios que o grupo radical islâmico controlava na Síria e Iraque.

O Ministério da Defesa iraquiano condenou a destruição da mesquita e do seu icónico minarete, conhecido como al-Hadba, quando combatentes detonaram explosivos dentro das estruturas na noite de quarta-feira.

O Pentágono mostrou na quarta-feira imagens da mesquita construída há 800 anos destruída. As fotografias mostram que na explosão desapareceu o minarete da Al-Nuri, também conhecida por Grande Mesquita de Mossul. O minarete, com uma inclinação semelhante à da Torre de Pisa em Itália, era uma das mais conhecidas imagens de Mossul.

“Quando as forças de segurança iraquianas se estavam a aproximar da mesquita, o Daesh destruiu um dos maiores tesouros de Mossul e do Iraque”, disse o chefe das forças terrestres da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, em comunicado.

“Este foi um crime contra o povo de Mossul e do Iraque e é um exemplo dos motivos pelos quais esta brutal organização deve ser aniquilada”, disse o major-general Joseph Martin, que reconheceu que a batalha pela total libertação de Mossul não foi concluída.

O labiríntico centro histórico de Mossul está a permitir que o Daesh continue a manter focos de resistência, depois de ter perdido a maior parte da cidade e toda a linha de abastecimento.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, escreveu no Twitter que a destruição da mesquita significa que o Daesh sabe que perdeu a que era a segunda maior cidade do Iraque. “A destruição do minarete e da mesquita de Al-Nuri é uma declaração formal da sua derrota”, disse al-Ababi.

23 Jun 2017

Cheang Chi Keong está de saída da Assembleia Legislativa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Cheang Chi Keong está de saída da Assembleia Legislativa (AL), tendo decidido aposentar-se, avançou ontem o jornal Ou Mun. De acordo com o diário de língua chinesa, o deputado, eleito pela via indirecta, não fez parte das duas comissões de candidatura pelo sector profissional que foram entregues junto da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Ip Sio Kai, ligado ao Banco da China e presidente da Associação dos Bancos de Macau, é o nome apontado para a sua substituição.

Um dos pedidos é liderado pelo deputado Chui Sai Cheong, tendo o outro pedido sido apresentado por Chan Iek Lap. Segundo o jornal Ou Mun, dos 55 grupos do sector profissional com direito à votação, 17 são do sector da saúde, pelo que não será difícil a Chan Iek Lap obter um assento no hemiciclo.

“Mesmo que haja uma divisão, com duas equipas a candidatarem-se à AL, acredita-se que o resultado não vai ser diferente do que foi obtido nas últimas eleições”, lê-se no jornal. O diário escreve ainda que os quatro assentos pelo sufrágio indirecto, destinado aos sectores financeiro, comercial e industrial, não vão sofrer grandes alterações.

Vice-presidente de saída

Quem também está de saída da AL é o actual vice-presidente e deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Lam Heong Sang. Ella Lei, também ligada à FAOM e deputada eleita pelo sufrágio indirecto, concorre este ano pela via directa.

Hoje, a FAOM realiza eleições internas para a escolha dos seus dirigentes, havendo quatro candidatos. São eles Lam Lon Wai, Leong Pou U, Lei Chan U e Choi Kam Fu. Dois deles serão candidatos a um lugar no hemiciclo pela via do sufrágio indirecto.

Quanto aos sectores social, educacional, cultural e desportivo, não deverão sofrer alterações.

22 Jun 2017

Instituto de Menores | Tráfico de droga motiva um quarto das entradas

Alon esqueceu-se que tipo de droga era, mas lembra-se bem do dia: foi detido há dois anos por tráfico, um crime que motiva um quarto das entradas de jovens no Instituto de Menores de Macau.

Diana do Mar, Agência Lusa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lon, como quer ser identificado, é um jovem de 17 anos que – como tantos outros da sua idade – gosta de futebol, em particular do clube espanhol Real Madrid e do craque português Cristiano Ronaldo, mas também de desenhar. Foi parar ao Instituto de Menores (IM) por causa de “um acto estúpido”, de que diz estar “arrependido”, que foi aceitar transportar droga de Hong Kong para Macau, “por causa de dinheiro”, depois de “influenciado por amigos”.

Alon afirma já não recordar que tipo de droga era, mas lembra-se bem que foi em 10 de Junho de 2015 que foi detido, com um amigo, no terminal marítimo.

O tráfico de estupefacientes representa o principal motivo de entrada no IM, com quatro de 16 jovens internados, seguido da criminalidade organizada (com dois), numa lista que se completa com outros delitos, como ofensa grave à integridade física, fogo posto ou furto – todos com um caso -, segundo dados oficiais facultados à agência Lusa.

Rapazes a mais

Os 16 jovens internados no IM até 31 de Março eram na esmagadora maioria do sexo masculino (15 rapazes e uma rapariga) e tinham entre 15 e 20 anos. Mais de dois terços eram naturais de Macau (11 jovens), com os restantes provenientes de Hong Kong (25% ou quatro) e um da China.

Natural de Hong Kong, Alon recebe a visita dos familiares apenas “uma vez por mês”, falando com mais frequência ao telefone com os pais, separados, e com o irmão mais novo, aos quais também escreve cartas. Também troca correspondência com uma amiga, descrevendo-lhe “a vida diária” e “as coisas que gostava de fazer e os sítios onde deseja ir com ela quando sair”.

O jovem deve deixar o Instituto de Menores no último trimestre do próximo ano, “se tudo correr bem”, isto é, se “continuar a manter o bom comportamento”, “caso contrário, a sua saída pode ser adiada”, podendo o tempo de permanência ir até cinco anos, segundo a lei, explica a directora do Instituto de Menores, Ada Yu Pui Lam, ressalvando, porém, que tal “raramente” acontece.

Ao abrigo da lei, o internamento tem a duração mínima de um ano e a máxima de três anos, mas há excepções, dependentes de diferentes factores, como a pena correspondente ao crime, mas também “o comportamento e as infracções disciplinares do jovem durante o internamento”.

Foi, aliás, o que sucedeu com Alon, que pouco depois entrar no IM cometeu a “infracção” de se envolver num “conflito com outros colegas” e de “fazer desenhos na parede”, mas que mudou a sua forma de estar e tem tido “boas notas” na avaliação.

Cada jovem tem uma classificação e uma boa nota significa acesso a certas actividades, como ver televisão, ouvir rádio ou jogar xadrez, no âmbito de uma política pensada para incentivar o bom comportamento, que inclui um plano que premeia os melhores, ao abrigo do qual os jovens podem pedir determinado tipo de comida e objectos como cadernos, canetas ou toalhas.

Disciplina e incentivos

A directora confirma que funcionam muito à base de incentivos, embora destaque também a “vida disciplinada” no IM, com horas para levantar e deitar e para comer. Mesmo as actividades do fim de semana, como as desportivas, têm horas fixas, explica.

As aulas começam pelas 09:10 e terminam às 17:35, sendo as disciplinas de educação física e artes visuais as preferidas de Alon que, em contrapartida, não gosta de matemática. Depois de ter reprovado duas vezes, diz sentir-se agora “mais bem acompanhado”: “Lá fora divertia-me muito e cá dentro estou mais concentrado”.

Quando sair, provavelmente não irá frequentar a mesma escola devido à idade. “Talvez vá para uma escola nocturna ou procurar emprego”, diz Alon, que quer ir para a universidade para um dia poder vir a ser professor primário.

A formação e reintegração dos jovens na sociedade figuram como as principais preocupações do IM, porque, como recorda a directora, quando entram no estabelecimento são-lhes colocados “muitos rótulos”.

O IM conta com um psicólogo, quatro assistentes sociais e 35 monitores. Tem ainda um professor, sendo os restantes docentes destacados pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.

O Instituto de Menores tem capacidade para acolher 95 jovens. No entanto, pelo menos nos últimos cinco anos, o número de internados nunca superou a barreira dos 20, segundo os dados do IM, que funciona actualmente sob alçada da Direcção dos Serviços Correccionais.

22 Jun 2017

Economia | Taxa de inflação a subir

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] taxa de inflação em Macau fixou-se em 1,37 por cento nos 12 meses terminados em Maio em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados.

De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou sobretudo por causa dos aumentos nas secções de bebidas alcoólicas e tabaco (+9,99 por cento), da educação (+7,75 por cento) e dos transportes (+6,12 por cento).

Só em Maio, o IPC geral médio registou um aumento 0,95 por cento em termos anuais homólogos, devido principalmente ao aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa e das consultas externas, bem como das propinas escolares, segundo a DSEC.

Em relação a Abril, o IPC geral, que permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias de Macau, cresceu 0,28 por cento.

Em 2016, a taxa de inflação de Macau foi de 2,37 por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 por cento.

Segundo as projecções do Fundo Monetário Internacional, a taxa de inflação de Macau deve fixar-se em dois por cento este ano, em 2,2 por cento no próximo e em três por cento em 2022.

22 Jun 2017

Fundação Rui Cunha | Concerto de gala no aniversário

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] quinto aniversário da Fundação Rui Cunha, que tem sido assinalado com diversas actividades, é comemorado no próximo domingo com um concerto de gala no Teatro D. Pedro V. Para a noite de música clássica foi convidada a pianista de Macau Poon Kiu Tung, que estará acompanhada por vários músicos de Hong Kong.

Em nota de imprensa, a Fundação destaca que a pianista oriunda do território tem mérito internacional. Doutorada em música pela norte-americana University Bloomington, é “possuidora de uma carreira brilhante e fértil em recitais de piano pelas melhores salas dos Estados Unidos, Alemanha, Áustria, China, Malásia, Singapura e Hong Kong”. Poon Kiu Ting colabora com alguns dos melhores compositores da actualidade. É professora na Universidade Chinesa de Hong Kong.

No concerto de Macau, a pianista sobe ao palco com os “Viva! Pipers”, um quinteto de instrumentos de sopro totalmente feminino, pelo violinista Gary Ngan e o violoncelista Winca Chan, todos eles músicos da região vizinha.

Quanto ao repertório, além de uma abertura especialmente dedicada ao aniversário da Fundação Rui Cunha, poderão ser ouvidas composições de Chopin, Saint-Saens e Francis Poulenc. O concerto começa às 20h.

22 Jun 2017

Trump acusa Pequim de falhanço nas relações com Pyongyang

O presidente americano sugere que, face ao falhanço chinês, os EUA devem avançar. Com quê não se sabe mas teme-se o pior.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente norte-americano Donald Trump disse nesta terça-feira que os esforços chineses para persuadir a Coreia do Norte a parar o seu programa nuclear falharam, uma declaração que surge logo após a morte de um estudante americano que se encontrava detido em Pyongyang.

Uma das apostas de Trump em lidar com o regime de Kim Jong-un era que Pequim conseguisse exercer a sua influência sobre o país asiático. Nesse sentido, chegou a conversar com o presidente chinês Xi Jinping no início do ano.

“Embora aprecie muito os esforços do presidente Xi e da China para ajudar com a Coreia do Norte, não funcionou. Pelo menos eu sei que a China tentou!”, escreveu Trump no Twitter.

Não está claro se a mensagem significa uma mudança significativa na abordagem da Casa Branca em relação aos norte-coreanos e ao seu programa nuclear, ou se pode significar alguma alteração na relação com a China.

De acordo com especialistas, a mensagem de Trump pode expressar a frustração de Washington com a falta de avanços em relação ao regime norte-coreano, o que pode levar a uma nova abordagem para a questão em um futuro próximo.

Enquanto isso, há um forte temor que um sexto teste nuclear possa ser conduzido por Pyongyang a qualquer momento. O mais recente do género aconteceu em Setembro do ano passado. Já neste ano, o país asiático já realizou uma dezena de testes balísticos, outro aspect que preocupa a Casa Branca.

Coreia do Sul chama drone de ‘provocação’

Militares sul-coreanos confirmaram que um drone encontrado na zona fronteiriça entre os dois países neste mês era mesmo da Coreia do Norte, e que trata-se de uma “grave provocação” que viola o armistício da Guerra da Coreia, estabelecido em 1953 entre os dois países da península.

No equipamento foi encontrada uma câmara e várias imagens aéreas feitas do sistema norte-americano de defesa antiaérea THAAD. “A intrusão de nosso espaço aéreo pelo drone norte-coreano e a fotografia de uma base militar é uma violação do armistício e de um acordo de não agressão, e é também um acto de grave provocação”, afirmou Jeon Dong-jin, funcionário do Estado-Maior sul-coreano.

“Condenamos vivamente as contínuas tentativas do Norte de penetrar no Sul com drones e, mais uma vez, exigir que todos os actos de provocação sejam interrompidos. Se a Coreia do Norte continuar a se envolver em actos de provocação contra o Sul, nossas forças armadas retaliarão com força e avisamos que toda a responsabilidade pelos eventos que acontecem é com o Norte”, concluiu.

22 Jun 2017

MSCI adiciona acções de firmas chinesas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] gestora de índices de referência globais MSCI anunciou ontem que vai acrescentar títulos cotados nas praças financeiras da China continental aos seus índices bolsistas. A MSCI vai incluir acções denominadas na moeda chinesa, o yuan, de 222 sociedades chinesas de elevada capitalização, ao Índice de Mercados Emergentes. O processo de adesão, que arranca em maio de 2018, vai ser dividido em duas fases e representará 0,7% do índice.

É um passo importante para a liderança chinesa, que tem vindo a promover uma maior integração dos mercados e moeda do país no sistema financeiro global. Os índices do MSCI são seguidos por gestores de fundos de investimento. A decisão poderá levar a mais investimento estrangeiro em empresas chinesas, apesar dos analistas afirmarem que não esperam uma entrada imediata de capital, visto que o processo só arranca no próximo ano.

Em três revisões do índice, feitas anteriormente, os títulos chineses não foram incluídos, devido ao acesso limitado que os investidores estrangeiros têm aos mercados do país.

Um outro ponto que levou a MSCI a adiar a decisão foi a volatilidade das praças financeiras chinesas, incluindo o colapso do mercado, no verão de 2015, que levou a que quase metade das ações fosse suspensa.

O índice incluirá apenas títulos disponíveis através das ligações estabelecidas, em 2014, entre a bolsa de Hong Kong e as praças de Xangai e Shenzhen.

Estas ligações entre mercados dão aos investidores estrangeiros um acesso mais amplo aos mercados da China continental, que estão restritos aos investidores locais.

Títulos que estiveram suspensos mais de 50 dias estão excluídos.

O Índice de Países Emergentes inclui 830 empresas, de 23 países. As empresas chinesas cotadas em praças financeiras além-fronteiras têm já a maior quota, de 28%, através dos títulos listados em Hong Kong, como a PetroChina, ou o grupo Alibaba, que está cotado em Nova Iorque.

22 Jun 2017

Aviação | Ofensiva contra gigantes do sector

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, com seu C-919, e a Rússia, com o MC-21, desejam romper o oligopólio da Airbus e Boeing no mercado dos aviões de média distância, um primeiro passo da sua ofensiva contra os dois gigantes mundiais do sector.

“Há décadas, só havia duas famílias de aviões que competiam no sector dos aviões de corredor único (fuselagem estreita e de alcance intermediário), o A320 e o 737” da Airbus e da Boeing, lembra Stéphane Albernhe, sócio da consultora Archery. Agora há a concorrência de aviões como o CSeries da canadiana Bombardier, o C919 da chinesa Comac e o MS-21 da russa Irkut, dispostos a “atacar esse duopólio”.

“Estes novos actores têm por trás Estados que os apoiam e que não pararão por aí. Começaram no mercado do corredor único, mas é muito provável, pelo menos no que se refere à China, que o próximo modelo seja um avião de longa distância”, afirma.

O C-919, da empresa pública chinesa Commercial Aircraft Corporation of China (Comac), realizou seu primeiro voo no dia 5 de Maio. Segundo a companhia, já há 600 pedidos para essa aeronave com capacidade para 168 passageiros e que pode percorrer até 5.500 quilómetros.

O russo MC-21, construído pela companhia pública Irkut, foi lançado dia 28 de Maio na Sibéria e já recebeu 175 encomendas. O avião tem capacidade de 132 a 211 passageiros e pode percorrer até 6.000 quilómetros.

Segundo Gilles Fournier, o director-geral do salão aeronáutico de Le Bourget realizado nesta semana perto de Paris, “estes aviões ainda não estão prontos para ser expostos” nesta feira, a mais importante do sector, “mas acho que estarão dentro de dois anos”.

China e Rússia querem ir mais longe e em 22 de Maio anunciaram um ambicioso projecto para desenvolver juntos um avião de longa distância, o C-929. A aeronave terá capacidade de 280 passageiros para voos de até 12.000 quilómetros, o que a tornaria concorrente directo do 787 “Dreamliner” da Boeing e do A350 da Airbus.

O C-929, desenvolvido conjuntamente pela Comac e pela companhia pública russa United Aircraft Corporation (UAC), supõe um investimento de entre 13 e 20 mil milhões de dólares, segundo a imprensa chinesa.

A estratégia da China é adquirir primeiro o conhecimento técnico e testar seus novos aviões no mercado doméstico antes de lançar-se no mercado internacional. Segundo as estimativas da Airbus e da Boeing, nas próximas duas décadas o mercado chinês precisará de 6.000 novos aviões por um valor total de 1 bilião de dólares.

Stéphane Albernhe adverte que tanto o C919 como o MS-21 ainda não foram homologados pelas agências europeia e americana e que “demorará até que as fabricantes russas e chinesas tenham a maturidade técnica e industrial da Airbus e da Boeing”. É o caso do avião regional chinês ARJ-21 que, à espera do aval da Federal Aviation Administration (FAA), só pode voar em seu país.

O sector, no entanto, leva muito a sério a concorrência da China e da Rússia. “Não se pode subestimar nunca a concorrência”, adverte Randy Tinseth, vice-presidente de marketing da filial de aviação civil da Boeing.

“Dentro de quinze anos [os chineses] terão o maior mercado de aviação, por isso investem nesses produtos. Têm o maior mercado interno, isso os coloca acima de todos os outros”, assegura.

John Leahy, director comercial da Airbus, prevê que nos próximos cinco ou dez anos não haverá “ameaças” para os dois gigantes do sector. “Mas dentro de 20 anos acredito que [os chineses] serão uma das três grandes fabricantes de aviões” do mundo. “Actualmente, o duopólio formado por Airbus e Boeing não parece estar em risco pelos novos concorrentes russos e chineses”, segundo a consultora AlixPartners. Será preciso esperar a próxima geração de aviões.

22 Jun 2017

Quarto espaço de Macau envolto em sombras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] projecto de construção de um quarto espaço do território pode vir a ser complicado. Em causa está a localização que não reúne, até agora, consenso.

De acordo com o consultor principal do Gabinete de Estudos das Políticas (GEP), Mi Jian, quando a ideia foi apresentada ao Governo Central, apesar de não ter sido recebida com entusiasmo, também não foi colocada de parte pelo que “o projecto ainda pode vir a ser realizado”.

Segundo o Jornal do Cidadão, as dificuldades estão relacionadas com a localização. A sugestão para que fosse construído entre Coloane e a Ilha de Huangmao apresenta, diz Mi Jian, várias dificuldades. A mais relevante, diz o consultor do GEP, é ficar fora da área de 85 quilómetros quadrados de área marítima do território.

A localização perto de Hac-Sá apresenta aspectos que, para Mi Jian, podem ser incontornáveis, entre eles consequências ambientais indesejáveis. Para que tal não aconteça, diz, “devem ser evitados os impactos negativos na zona de Coloane e de Hac-Sá e, assim sendo, o Governo deve escolher um local que fique o mais longe possível destas zonas”.

A ideia de criar um porto de águas profundas em Macau também é, de acordo com o consultor principal do GEP, um projecto difícil. Em causa estão os custos associados às obras e à falta de condições provocadas pela subida da maré.

22 Jun 2017

Luanda destrona Hong Kong como cidade mais cara do mundo

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]uanda voltou ao primeiro lugar da lista das cidades mais caras do mundo para trabalhadores expatriados, destronando Hong Kong, segundo o estudo da Global Mercer sobre o custo de vida em 2017, divulgado ontem.

O estudo conclui que “algumas cidades africanas continuam a ocupar um lugar de destaque” no levantamento publicado em 2017, o que para a consultora Mercer “reflecte os altos custos de vida e preços dos bens para trabalhadores expatriados”.

Luanda ocupa o primeiro lugar “como a cidade mais cara para expatriados” em todo o mundo, “apesar de a sua moeda [kwanza] ter desvalorizado em relação ao dólar norte-americano”, mais de 40%, desde 2015.

A capital angolana, como todo o país, enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só entre Janeiro e Dezembro de 2016 viu a inflação ultrapassar os 40 por cento, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.

O estudo da Mercer analisa dados de 209 cidades mundiais e leva em conta o preço de mais de 200 produtos e serviços, nomeadamente alojamento, comida, vestuário, transportes, lazer ou telecomunicações.

A título de exemplo, um café em Luanda custa mais de dois euros, o pão de forma quase 18 euros e o aluguer de um apartamento com três quartos pode ultrapassar os 12.200 euros mensais.

Segundo a Mercer, este estudo anual sobre o custo de vida nas maiores cidades e capitais mundiais fornece, entre outra informação, elementos-chave para as empresas estabelecerem “subsídios justos de custo de vida” a trabalhadores expatriados.

22 Jun 2017