Segurança | Maioria apoia recolha de identificação na compra de cartão pré-pago

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] maioria das opiniões recolhidas na consulta pública sobre a Lei de Cibersegurança de Macau apoia o recurso a dados de identificação na compra de cartões pré-pagos de telemóvel, revela o secretário para a Segurança.

Wong Sio Chak afirmou que as 716 opiniões recolhidas em 45 dias de consulta pública estão agora a ser analisadas para aperfeiçoar a proposta de lei, fase que deverá ser concluída ainda no primeiro semestre do ano.

O processo legislativo deverá ser iniciado no segundo semestre, disse à imprensa, segundo um comunicado do Governo.

As opiniões, recolhidas entre 11 de Dezembro e 24 de Janeiro, referem-se principalmente aos dados de identificação (“real name system”) na aquisição de cartão pré-pago, prática já existente em muitos países e territórios, acrescentou.

O responsável acrescentou que o sector das telecomunicações apresentou sugestões no âmbito da protecção dos dados pessoais e dos procedimentos.

O pedido aos utentes dos dados de identificação (“real name system”) na aquisição de um cartão pré-pago pode ser feito mediante o registo da informação pessoal na altura da aquisição, a inserção dos dados na activação do cartão, ou ainda uma combinação das duas, disse Wong Sio Chak. O secretário indicou ainda que a direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações está a analisar a questão para escolher o processo que dê maior protecção aos dados pessoais.

Os trabalhos de monitorização referidos na Lei de Cibersegurança visam garantir a segurança de infra-estruturas críticas e a dos cidadãos na utilização da internet, visando-se apenas o tráfego e características dos dados e não o conteúdo, reiterou. A descodificação do conteúdo só será possível com a autorização judicial, em caso de suspeita de crime, sublinhou Wong Sio Chak.

8 Fev 2018

China | Primeiro drone de passageiros realiza voo inaugural

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s veículos voadores que se deslocam entre arranha-céus, costumava ficar exclusivamente pelas histórias de ficção científica. No entanto, o sonho de voar sobre o trânsito rodoviário torna-se realidade.

O primeiro drone de passageiros no mundo, EHang 184, realizou o seu primeiro voo na terça-feira. Uma vez que os passageiros entram na pequena cabine e apertam o cinto de segurança, o avião automático pode descolar.

“Nenhum veículo voador tradicional pode materializar a meta de voo autónomo, por isso, é cedo para dizer que o veículo pode ser usado no transporte diário,” disse Hu Huazhi, CEO da EHang, o fabricante do drone. O voo levado a cabo na terça-feira significa que a cena da ficção científica “está bem próxima à população comum”, acrescentou Hu.

O fabricante afirma que o veículo é movido a energia eléctrica. O aparelho pode carregar uma pessoa com peso até 100 quilos, voando a uma altitude de 500 metros com a velocidade máxima de 100 km por hora por 25 minutos.

A companhia diz que o drone foi submetido a mais de mil testes, sendo projectado para resistir a vento moderado com a velocidade de até 50 km por hora. Mas a maior preocupação continua a ser a segurança. “Temos sistemas especiais de segurança que podem controlar o drone em caso de avaria. Além disso, os passageiros podem fazer com que o veículo páre e fique no lugar se for necessário,” afirmou Hu. Acredito que este ano podemos obter a permissão de voo em 80% dos países e regiões no mundo.”

No ano passado, o Dubai anunciou um plano de cooperar com a EHang para desenvolver um táxi de voo autónomo para transportar as pessoas na cidade.

De acordo com especialistas, o veículo voador autónomo pode reduzir o congestionamento visivelmente e, mais importante, pode ser usado nos serviços urbanos como resgate de emergência. A EHang afirmou que o produto final para uso comercial provavelmente entrará no mercado dentro de um ano.

8 Fev 2018

Sismo em Taiwan faz pelo menos quatro mortos

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos quatro pessoas morreram e 225 ficaram feridas num sismo de magnitude 6,4 registado em Taiwan na terça-feira à noite, havendo 145 pessoas ainda desaparecidas, segundo a Agência Noticiosa Central de Taiwan.

Seis edifícios de Hualien ficaram bastante danificados e três deles ruíram parcialmente, incluindo um hotel, cujo piso térreo abateu, matando um funcionário e deixando outros dois presos nos escombros. De acordo com a televisão TVBS, está ainda em curso a operação de resgate e salvamento no hotel Marshal, embora os hóspedes estivessem sobretudo nos andares superiores do edifício.

Devido à destruição causada pelo terramoto em edifícios e infra-estruturas, as autoridades suspeitam de que o número de mortos pode aumentar nas próximas horas, à medida que decorrerem as operações de resgate. O sismo danificou ainda dois hospitais e duas pontes de Hualien tiveram de ser encerradas devido aos estragos.

Também se registaram deslizamentos de terras que afectaram uma auto-estrada central da ilha e há fendas em várias estradas e ruas, com roturas em canos de água e gás e colapso de fios eléctricos, serviços que foram interrompidos em milhares de casas.

O sismo ocorreu às 23:50 locais, com epicentro a 18 quilómetros da cidade de Hualien e foi sentido em toda a ilha, incluindo a capital, Taipé.

O governo de Taiwan, citando informações do serviço de bombeiros, relatou que outro hotel também sofreu danos, mas sem adiantar mais pormenores, nomeadamente sobre eventuais vítimas.

O USGS, organismo norte-americano que é uma referência a nível mundial em matérias sismológicas, precisou que o sismo foi registado a uma profundidade de cerca de 9,4 quilómetros.

Nos últimos três dias foram registados mais de 20 movimentos sísmicos diários e o sismólogo Lee Chyi-tyi, da Universidade Central de Taiwan, referiu, na segunda-feira, que a ilha entrou num ciclo sísmico de 100 anos.

No século XX, a ilha de Taiwan, que a China considera ser parte integrante do seu território, registou dois sismos de magnitude 8,0. Um ocorreu em 1910 ao largo da costa de Yilan, enquanto o outro foi registado em 1920 ao largo da costa de Hualien.

Alguns sismólogos em Taiwan afirmam que será provável o registo de sismos de magnitude 8,0 em torno da Fossa Ryukyu, uma fenda geológica que se encontra a entre 500 e 600 quilómetros de Hualien, dentro de 10 anos.

8 Fev 2018

Marcas chinesas conquistam mercados

As empresas chinesas são encorajadas a ampliar os seus horizontes, e muitas delas começaram a explorar novos mercados, como o Brasil e o México, em vez de pensarem apenas na Europa e nos EUA

[dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]mpulsionadas pela inovação e pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, as marcas chinesas têm recebido um reconhecimento cada vez maior nos mercados globais, especialmente nos sectores dos produtos electrónicos e do comércio electrónico, de acordo com o último relatório de marcas divulgado na terça-feira pela Google e Brandz.

Analisando em profundidade as marcas chinesas que estão a criar impacto nos mercados internacionais, o relatório Top 50 Chinese Global Brand Builders 2018 classifica as marcas chinesas em termos de influência no exterior. A categoria de electrónicos de consumo é, de longe, a que contém as marcas mais conhecidas, como por exemplo a Lenovo, Huawei, Xiaomi e Anker. Simultaneamente, o sector dos jogos tem sido uma categoria com um rápido crescimento, com duas marcas classificadas no top 10 deste ano.

Colectivamente, os electrónicos de consumo, jogos para dispositivos móveis e comércio electrónico representam 61% das 50 principais marcas chinesas mais influentes, segundo o relatório. “Os jogos são geralmente subestimados em termos de influência”, disse Scott Beaumont, presidente da Google Greater China, à CGTN na terça-feira, observando que o chamado nicho de mercado é muitas vezes maior do que as indústrias de filmes e música combinadas.

Além da inovação em produtos e serviços, a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de empresas no exterior. As empresas chinesas são encorajadas a ampliar os seus horizontes, e muitas delas começaram a explorar novos mercados, como o Brasil e o México, em vez de pensarem apenas na Europa e nos EUA, afirmou Beaumont.

Concomitantemente, a expansão global das marcas chinesas também beneficiou da abertura dos jovens consumidores. “Os consumidores mais jovens estão a voltar-se para marcas como a Lenovo, Alibaba e JD.com, pois combinam bons produtos com serviços interessantes e acessíveis”, referiu Doreen Wang, chefe global da BrandZ.

Os rankings são baseados em pontuações obtidas por um algoritmo aplicado a 168 marcas chinesas, em 12 categorias de produtos, com base em dados do Google e BrandZ.

8 Fev 2018

Embaixador: “China permanece confiante e aberta apesar do fraco juízo de alguém nos EUA”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador chinês nos Estados Unidos, Cui Tiankai, disse recentemente que apesar do fraco juízo de alguém nos Estados Unidos, a China permanecerá confiante no caminho do desenvolvimento e os que esperam pelo contrário devem enfrentar a realidade.

“Recentemente, registaram-se alguns desenvolvimentos nas relações China-EUA que são matéria de preocupação, o que reflecte a deficiência de alguém dos Estados Unidos no seu entendimento da China, e também o seu fraco juízo de estratégias adoptadas pela China. Por exemplo, alguém se sente deprimido por causa de adesão da China ao seu próprio caminho de desenvolvimento,” disse Cui numa reunião realizada na embaixada chinesa para celebrar o Ano-Novo chinês.

O caminho do desenvolvimento escolhido pela China está baseado nas realidades nacionais do país, guiado pelas suas próprias teorias, garantido por seu próprio sistema e estabelecido em sua própria cultura, disse Cui. “Então, nosso caminho do desenvolvimento não pode e não deve mudar.”

“A escolha chinesa do caminho do desenvolvimento não mudará devido ao pensamento de outras pessoas. Espero que aqueles O embaixador disse que a China permanece confiante, mas também permanecerá aberta a novas ideias e está disposta a aprender com outras culturas.

8 Fev 2018

Serviços de Saúde de Macau defendem aumento de imposto sobre tabaco

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe do Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo de Macau defende “um aumento substancial” dos impostos sobre os produtos do tabaco para reforçar as medidas de controlo do tabagismo.

Na análise do trabalho de controlo do tabagismo, Tang Chi Hou disse ser preciso um maior acompanhamento do consumo de tabaco entre os jovens e o impacto de novos produtos de tabaco aquecidos, sem combustão, e também um reforço de aplicação da lei.

Entre os jovens e os idosos, “o aumento do imposto sobre o tabaco é adequado para travar a subida do consumo nestes dois grupos etários”, afirmou o responsável, em conferência de imprensa, sublinhando ser essa também a recomendação da Organização Mundial de Saúde.

“O Governo vai vigiar constantemente o desenvolvimento e o consumo de produtos do tabaco aquecidos, sem combustão, para os incluir, o mais rapidamente possível, na regulamentação legal, de modo a reduzir o seu impacto entre os jovens”, indicou.

Em Janeiro último, as autoridades realizaram 34.280 inspecções de controlo do tabagismo e acusaram 507 pessoas de infracções, menos 20 por cento do que no período homólogo de 2016.

Dos acusados, 63,7 por cento são turistas, 32,7 por cento são residentes e 3,6 por cento são trabalhadores não residentes. Cerca de 13 por cento das infracções foram registadas em paragens de autocarros, acrescentou. É proibido fumar a menos de 10 metros dos sinais indicadores de paragens de autocarros e de táxis.

Em 2017, 67.300 indivíduos com mais de 15 anos consumiam tabaco, sendo 23,2 por cento do sexo masculino.

Tang Chi Hou sublinhou que, nos últimos anos, as doenças do foro oncológico, pulmonares e cardiovasculares, em que o uso do tabaco é um dos principais factores de risco continuaram a estar entre as dez principais causas de morte em Macau.

Nos últimos anos, a mortalidade por doenças relacionadas com o tabagismo em Macau foi de quase 30 por cento, ou seja, três em cada dez.

Aprovada a 1 de Janeiro de 2012, a Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo começou por visar a generalidade dos espaços públicos.

A versão final da lei, aprovada pela Assembleia Legislativa em meados de Julho de 2017 e em vigor desde 1 de Janeiro último, prevê a proibição de fumar em todos os recintos fechados, à excepção dos casinos e dos aeroportos, os únicos dois locais onde as salas para fumadores são permitidas.

8 Fev 2018

Hong Kong | Três activistas evitam prisão. Recurso aceite no tribunal

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês membros do movimento pró-democracia evitaram a prisão após o tribunal superior em Hong Kong aceitar o seu recurso, num caso considerado como um teste sobre a independência da justiça em relação a Pequim.

Os activistas Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow advertiram, no entanto, que ainda não é hora de celebrações, porque a liberdade de pensamento e de expressão ainda estão ameaçadas no território, que foi devolvido pelo Reino Unido à China em 1997.

Joshua Wong, de 21 anos, que se tornou o rosto da “revolta dos guarda-chuvas” – que ocorreu no outono de 2014 -, e os seus companheiros foram condenados, em agosto, a penas de entre seis e oito meses de prisão. Essa condenação seguiu-se a um recurso do Ministério Público, que pedia sentenças mais pesadas do que as decididas em primeira instância – realização de serviço comunitário e penas suspensas. Os três foram libertados sob fiança algumas semanas depois, enquanto decorria a análise do seu recurso perante o Tribunal Supremo de Hong Kong, o mais alto tribunal de recurso.

O juiz Geoffrey Ma referiu ontem que os três activistas receberam penas “significativamente mais pesadas” do que as sentenças geralmente impostas em casos de manifestações ilegais. Levando em consideração o idealismo dos réus, a sua juventude e o facto de o seu registo criminal estar limpo, o tribunal de primeira instância fez um julgamento adequado, declarou o juiz Ma.
Os três activistas foram condenados pelo seu papel numa manifestação ocorrida em 26 de Setembro de 2014, quando manifestantes escalaram barreiras de metal e entraram na Praça Cívica, que está situada num complexo governamental.

Na semana passada, 12 deputados dos Estados Unidos propuseram a nomeação dos líderes da ‘revolta dos guarda-chuvas’, Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, como candidatos ao Prémio Nobel da Paz, a atribuir em Outubro. De acordo com uma carta enviada ao comité Nobel, os 12 republicanos e democratas acreditam que Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, que lideraram o movimento, devem ser honrados “pelos seus esforços pacíficos para implementar reformas políticas e proteger a autodeterminação de Hong Kong”.

7 Fev 2018

FAO alerta para “epidemia avassaladora” da obesidade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) defendeu ontem que a fome no mundo se restringe cada vez mais a zonas de conflito, mas advertiu que a obesidade é “uma epidemia avassaladora”.

“Hoje estamos confiantes no progresso em reduzir o número de famintos, cada vez mais a fome se restringe a ambientes de conflito explícito, guerra civil, impactados pela mudança climática e alguns bolsões de pobreza extrema”, disse José Graziano da Silva, na abertura do seminário sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no âmbito da reunião de alto nível de três dias a decorrer em Lisboa.

O director-geral da FAO alertou que, “paralelamente, uma epidemia fora de controlo, avassaladora, tanto em África como na Europa, ameaça-nos: a malnutrição, a obesidade, mais especificamente, em mulheres e crianças”. Na sua intervenção, José Graziano apontou algumas medidas essenciais para apoiar o sector da agricultura familiar, como a garantia do acesso dos agricultores aos recursos naturais e meios de produção, alertando que a ausência de “políticas específicas” impede um “reconhecimento explícito deste setor diferenciado”.

O responsável do organismo da ONU deu o exemplo “de muito sucesso” no Brasil, já replicado em vários países africanos e da América Latina, que garante compras directas aos produtores familiares para os lanches escolares. Graziano alertou ainda para a necessidade de “fortalecer os instrumentos da protecção social”, face ao envelhecimento da população de agricultores familiares. “Os agricultores familiares são fundamentais para a coesão social, o desenvolvimento do interior, a luta contra a desertificação da população, a manutenção da paisagem e a preservação dos vários ecossistemas”, considerou o responsável da FAO.

A agricultura familiar é “o maior empregador” na maioria dos Estados-membros da CPLP (entre 60 a 85% da população) e responsável pela produção de uma média dos 70% dos alimentos básicos, mas “a paradoxal verdade” é que os agricultores familiares “estão entre os mais pobres”, advertiu, por seu turno, a secretária-executiva da organização lusófona, Maria do Carmo Silveira.

Além disso, em vários países, as mulheres são “a maioria da força de trabalho na agricultura”, mas enfrentam “desigualdades de género”, com restrição de acesso aos recursos naturais, disse. Construir uma CPLP “livre da fome” é “um dos maiores desígnios” da comunidade lusófona, sublinhou a secretária-executiva.

Em representação da Plataforma de Camponeses da CPLP, Luís Muchanga recordou que o sector representa, nos países da comunidade, mais de sete milhões de agricultores e agricultoras. O representante dos camponeses identificou como “prioridades” o trabalho ao nível das leis, estatutos, registo e cadastro, “para ter uma radiografia real dos agricultores familiares”.

“A valorização da semente local e a promoção de banco de sementes são estratégias imprescindíveis”, bem como a promoção do “papel importante da mulher e os jovens” neste sector, defendeu.

Muchanga apelou ainda ao desenvolvimento, entre todos, de “estratégias de luta” contra “os novos inimigos: a escassez de água para a agricultura e os impactos das mudanças climáticas, “que carregam consigo várias pragas e que minam os esforços dos camponeses na luta incansável pela melhoria da produção e produtividade agrária”.

7 Fev 2018

Jornal do PC garante relações com o Vaticano “mais cedo ou mais tarde”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) considerou ontem que Pequim e o Vaticano vão estabelecer relações diplomáticas “mais cedo ou mais tarde”, o que implicaria que a Santa Sé cedesse na nomeação dos bispos. “Acreditamos que os diplomatas de Pequim podem gerir as negociações tendo em conta o interesse nacional e as crenças religiosas”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. A China tem cerca de 12 milhões de católicos, mas as manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Católica Chinesa, a igreja aprovada pelo PCC e independente do Vaticano. O objectivo é garantir que os católicos do país funcionam “independentemente” de forças externas e “promovem o socialismo e patriotismo através da religião”.

Milhões de católicos chineses estão, porém, ligados às chamadas igrejas clandestinas, constituídas fora do controlo daquele organismo estatal e que juram lealdade ao papa. “A chegada a um acordo com a China sobre a escolha dos bispos iria reflectir a habilidade dos católicos para se adaptarem às mudanças”, acrescenta o Global Times, em editorial.

Vários órgãos de comunicação próximos do Vaticano afirmam que um acordo entre ambos os Estados está pronto e pode ser assinado nos próximos meses, mas não se sabe ainda como será resolvida a questão da nomeação dos bispos.

No caso do Vietname, país vizinho da China e também governado por comunistas, um acordo assinado em 1996 estabelece que a Santa Sé propõe três bispos a Hanói, e o governo vietnamita escolhe um deles.

Na semana passada, o cardinal de Hong Kong Joseph Zen criticou a própria Santa Sé pelos seus avanços diplomáticos com o regime chinês. Zen acusou a igreja de forçar bispos a retirarem-se, para que possam ser substituídos por outros, apoiados por Pequim.

7 Fev 2018

Pequim, contra declarações dos EUA, sai em defesa da Venezuela 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo da China tomou posição na segunda-feira sobre as ameaças feitas pelos Estados Unidos à Venezuela, depois da viagem do secretário Rex Tillerson a vários países da América Latina. Tillerson chegou a defender um golpe militar na Venezuela e criticou a China, ao dizer que não há espaço para uma nova “potência imperial” na região. O secretário norte-americano pediu, inclusive, aos países do continente que intervenham no país vizinho, liderado por Nicolas Maduro.

O Tesouro dos Estados Unidos acusou a China de ajudar o governo do presidente venezuelano com investimentos suspeitos envolvendo empréstimos em troca de petróleo. Num discurso proferido na sexta-feira,no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o principal diplomata especialista em economia do Tesouro dos EUA, David Malpass, disse que o foco da China nas “commodities e em acordos financeiros vagos” prejudicaram, e não ajudaram, países da América Latina. O ataque ao papel chinês no apoio ao governo da Venezuela veio um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter aventado a hipótese de um golpe militar no país sul-americano rico em petróleo, antes de iniciar uma digressão de cinco dias pela América Latina.

O porta-voz do MNE chinês Geng Shuang disse que a cooperação financeira bilateral com a Venezuela foi estabelecida com base em princípios comerciais benéficos para os dois países. “O que os Estados Unidos disseram é infundado e extremamente irresponsável”, afirmou Geng. A cooperação entre a China e a Venezuela auxiliou a construção de mais de 10 mil casas de baixo custo, a geração de electricidade e o gasto com electrodomésticos para três milhões de lares venezuelanos de baixo rendimento, acrescentou, segundo informa a Reuters.

“A cooperação China-Venezuela incentivou favoravelmente o desenvolvimento socioeconómico da Venezuela e é aprovada e apoiada por todos os níveis da sociedade”, disse Geng. “Uma Venezuela estável atende aos interesses de todos os lados”. Ainda segundo a Reuters, recentemente, após a imposição de sanções individuais e económicas sobre Caracas pelos EUA, Maduro acusou Washington de tentar depô-lo para ter mais acesso à riqueza petrolífera do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

 

EUA temem perder influência

Washington advertiu vários países latino-americanos sobre os riscos da influência cada vez maior de Pequim na região e sobre os riscos de uma suposta dependência excessiva da segunda economia mundial, advertências vistas pela China como uma falta de respeito à política exterior dessas nações.

Enquanto a administração Trump rompeu acordos e questiona alianças, o gigante asiático impulsionou os laços políticos, culturas e sociais, com destaque para a América Latina; as viagens constantes de Xi Jinping continuam a seguir a proposta de construir “uma comunidade global de futuro partilhado”. Na América Latina, a China, que há mais de dez anos é um importante parceiro comercial, aumenta agora sua influência política, cultural e social para ocupar o vazio criado pela ausente estratégia norte-americana. E, dessa maneira, a China acabou por se tornar uma ameaça aos interesses dos EUA na região, que por décadas esteve presente interferindo continuamente na soberania e nas decisões dos países latino-americanos.

Tillerson, pouco antes de fazer uma viagem por países como o México, Argentina, Peru e Colômbia, afirmou que a região não precisa de “novas potências imperiais” e advertiu sobre a estratégia de se apoiar excessivamente na China, “que significa ganhos no curto prazo em troca de uma dependência no longo prazo”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês considerou que essa premissa é falsa e que o intercâmbio com a América Latina se baseia “em interesses comuns e necessidades mútuas”. Como a China defendeu até o momento, a sua aproximação com as outras nações acontece seguindo os princípios de “igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão”.

A China reforçou recentemente seus laços com a região durante o segundo fórum ministerial entre o gigante asiático e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizado há apenas duas semanas em Santiago, no Chile, como informa o El País. O bloco decidiu apoiar, numa declaração oficial, a iniciativa chinesa da nova Rota da Seda – o megaprojeto de interconexão mundial idealizado pelo presidente chinês, Xi Jinping, que colocou sobre a mesa bilhões de dólares para investi-los em obras de infra-estrutura que melhorem a conectividade. O objectivo, segundo o MNE chinês, Wang Yi, é que o país se transforme no “parceiro mais confiável” da região.

7 Fev 2018

Óbito | Jao Tsung-I, mestre em estudos chineses, faleceu ontem

Faleceu, na madrugada de ontem, o mestre Jao Tsung-I, que nos anos 80 veio para Macau onde fundou, na antiga Universidade da Ásia Oriental, o departamento de história e literatura chinesa. No território, Jao Tsung-I deu também o nome a uma academia dedicada às artes e cultura. O Chefe do Executivo dedicou condolências à família

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]urpresa e consternação. Foram estas as primeiras palavras que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, usou para se referir ao falecimento do mestre de estudos chineses e grande nome das artes, Jao Tsung-I. Este morreu na madrugada de ontem, depois de uma carreira preenchida, que passou pela criação de duas academias com o seu nome, em Macau e Hong Kong.
Jao Tsung-I veio para Macau em 1981, quando foi convidado para ser professor catedrático da antiga Universidade da Ásia Oriental, actual Universidade de Macau (UM). Foi ele o fundador do departamento de história e literatura chinesa desta instituição de ensino.
Chui Sai On referiu-se a ele como sendo “um grande mestre dos estudos chineses, uma personalidade conceituada na China e no exterior”. “O professor Jao Tsung-I foi um famoso historiador, paleógrafo, literato, calígrafo e educador, cuja fama cruzou mares. Durante toda a sua vida, divulgou a cultura chinesa, contribuindo de forma importante para o ensino superior e a investigação académica em Macau.”
O Chefe do Executivo destacou ainda a importância que Jao Tsung-I continuou a ter na sociedade local após o regresso de Macau à China.
Este “continuou a dedicar-se e a orientar os estudos na área da paleografia, apoiando veementemente o nosso desenvolvimento cultural”. “Expôs aqui repetidas vezes os seus trabalhos de caligrafia e pintura, tendo oferecido algumas das suas obras aos museus locais”, disse Chui Sai On. Essas obras levariam à criação da Academia Jao Tsung-I.
Além disso, o mestre de estudos chineses tinha “o espírito patriótico”. “O trabalho académico meticuloso do professor Jao Tsung-I são um modelo para todos nós”, acrescentou o Chefe do Executivo.

Um grande contributo

De acordo com a biografia disponível no website da Academia Jao Tsung-I, o mestre, ao criar o departamento na Universidade da Ásia Oriental, com cursos de mestrado e doutoramento, “contribuiu consideravelmente para o desenvolvimento académico local lançando as sementes de estudos subsequentes em literatura chinesa”.
Em 2004 a UM concedeu a Jao Tsung-I o grau de doutor honoris causa em Humanidades, tendo-lhe sido atribuído também o título de Professor Honorário da universidade. A sua biografia aponta que o mestre “deu bastante atenção aos estudos arqueológicos em Macau, dando conselhos e orientando as escavações do sítio arqueológico da baía de Hac-Sa, Coloane, em 2006”.
Em 2011, Jao Tsung-I doou 30 pinturas e caligrafias da sua autoria ao Museu de Arte de Macau, além de 159 peças de arte e trabalhos académicos ao Governo, em 2013. “Ter estas peças de arte entre nós é uma honra e sentimo-nos gratos pois servirão de inspiração aos artistas locais e às gerações vindouras”, aponta a biografia do mestre.
Foram diversas as exposições que Jao Tsung-I realizou no território: Terra Pura – Exposição de Pintura e Caligrafia do Jao Tsung-I (Centro UNESCO de Macau, Novembro de 1999); Exposição de Caligrafia e Pintura de Rao Zongyi (Museu de Arte de Macau, Julho de 2001) onde, a par de 103 obras de arte de autoria do Professor Jao, foram apresentados outros trabalhos de artistas chineses do continente e ultramarinos, bem como uma variedade de objectos ornamentais e estudos; Lótus Imortal: Pintura e Caligrafia de Jao Tsung-i.
Alem disso, em Novembro de 2006 foi feita uma exposição para celebrar o seu 90º aniversário, tendo sido realizada, em Novembro de 2011, a iniciativa Aspirações Convergentes: Exposição de Pinturas e Caligrafias Doadas ao Museu de Arte de Macau por Jao Tsung-I, patente no Museu de Arte de Macau.

O apoio à Macaulogia

Entretanto, a UM reagiu também à morte do mestre, tendo referido, num comunicado, que os membros da universidade “nunca se vão esquecer” do seu contributo.
Jao Tsung-I foi, aos olhos da UM, “um académico erudito e um escritor prolífero”, bem como “um mestre da sinologia, um historiador, arqueólogo e académico de Confúcio”.
“Ele dedicou toda a sua vida à promoção da sinologia, também com grandes realizações na arte e literatura. O professor Jao Tsing-I e a sua persistência nos objectivos académicos é um exemplo para todos nós.”
Na UM, Jao Tsing-I “apoiou activamente o desenvolvimento da Macaulogia, tendo dado uma grandiosa contribuição para a UM na implementação e desenvolvimento da disciplina”.

7 Fev 2018

IPIM | Macau leva alimentos lusófonos à China

O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) vai levar os produtos dos países lusófonos à primeira exposição internacional de importações da China, em novembro, em Xangai. A representação na exposição de Xangai será feita mediante delegações de empresas de produtos alimentares de Macau e de agentes e distribuidores no território de alimentos dos países de língua portuguesa, organizadas pelo IPIM, de acordo com um comunicado oficial.
A direção dos Serviços de Turismo de Macau vai organizar também a participação de operadores turísticos de Macau. Além da delegação empresarial, vai participar na exposição uma delegação governamental do território. Anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em maio passado, durante o fórum “Uma Faixa, Uma Rota” para a cooperação internacional, a exposição internacional de importações da China constitui uma importante medida de Pequim para apoiar a liberalização do comércio e a globalização económica, abrindo ainda mais, por iniciativa própria, o mercado chinês ao mundo.

7 Fev 2018

China acusa EUA de prática de dumping

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério de Comércio da China informou neste domingo ter dado início a investigações para apurar uma suposta prática de dumping nas exportações de sorgo dos Estados Unidos.

Informações preliminares apontam que grandes volumes do produto têm sido vendidos pelos EUA à China a preços baixos e com subsídios do governo dos EUA, prejudicando os produtores chineses. O ministério disse também que a produção chinesa de sorgo depende de um grande número de pequenos agricultores.

Ao anunciar a acção, o governo chinês não mencionou a recente decisão da administração Trump de impor tarifas sobre as importações norte-americanas de painéis solares chineses. Autoridades da China disseram a representantes de empresas dos EUA que Pequim está a preparar medidas de retaliação caso as exportações chinesas sejam afectadas pela política defendida por Trump conhecida como “America First”.

Os EUA estão envolvidos também em processos que podem impor à China penalidades relacionadas à propriedade intelectual e comércio de aço e alumínio.

Produtos agrícolas dos EUA são um alvo provável na lista do governo chinês, já que Estados agrícolas norte-americanos são vistos como a base política do presidente Donald Trump. A China tem-se destacado como um grande mercado para o sorgo produzido nos EUA. Desde 2013, mais de 27 milhões de toneladas do produto foram vendidas para o país asiático, conforme dados da associação de produtores de sorgo dos EUA.

6 Fev 2018

China | Estudante de 81 anos recebe diploma da Universidade de Tianjin

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]ue Minxiu, estudante de 81 anos, recebeu no domingo um diploma de graduação da Universidade de Tianjin. “Eu acho que o significado da vida é desafiar-se continuamente e melhorar, por isso queria agradecer à Universidade de Tianjin por me oferecer esta oportunidade preciosa para tornar os sonhos que não foram concluídos antes numa realidade”, disse Xue, que falava como representante dos estudantes na cerimónia.

“Para mim, o mais importante na vida é seguir meu próprio caminho. Isto é, não sucumbir à pressão dos colegas. Mesmo com tempo limitado, devemos permanecer fiel às nossas aspirações originais mesmo que estejamos com fome. O mais importante é ter a coragem de prosseguir”, assinalou Xue.

A idosa mencionou que, apesar de todas as dificuldades durante o estudo, tornou-se mais sábia e mais madura, acrescentando que alguém só se pode conhecer depois de enfrentar adversidades.

Xue elogiou a educação moderna à distância, que lhe forneceu os meios para conseguir o diploma. Também agradeceu aos professores da Universidade de Tianjin, que a apoiaram com cordialidade, esperança e coragem.

Xue inscreveu-se no curso “E-commerce” pela educação à distância da Universidade de Tianjin em Março de 2014 quando tinha 77 anos. Estudante mais velha da turma, ela era uma das mais estudiosas. Levantava-se às cinco da manhã todos os dias e a primeira coisa que fazia era ligar o computador e estudar por algum tempo. Xue nunca ligou a televisão na sua casa durante quatro anos, pois acreditava que devia aproveitar o tempo todo para estudar.

Xue tentou seis vezes antes de passar a última prova online e finalmente recebeu o diploma. A estudante de 81 anos fala cinco línguas (chinês, inglês, francês, russo e latim), também é boa em Excel e Photoshop. No seu tempo livre, Xue gosta de tirar fotos, patinar e nadar.

6 Fev 2018

Moçambique | Governo chinês doou arroz para famílias afectadas pelas chuvas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês doou sete mil toneladas de arroz para as famílias afectadas pelas calamidades naturais em Moçambique, anunciou o embaixador da China em Maputo. Su Jian, citado pelo diário Notícias, disse que o donativo representa “mais uma prova da visão da China em construir uma “comunidade de destino comum com os seus parceiros de outros países”, lembrando as “boas relações” que o seu país possui com Moçambique.

O donativo foi entregue na sexta-feira nos portos da Beira e Maputo e a cerimónia central, na capital moçambicana, contou com a presença do secretário permanente do Ministério da Administração Estatal e Função Pública, António Tchamo. “O donativo disponibilizado vai garantir a assistência as famílias afectadas pelos fenómenos calamitosos, minimizando assim o seu sofrimento”, declarou António Tchamo.

Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, fenómeno justificado pela sua localização geográfica, sujeita à passagem de tempestades e, ao mesmo tempo, a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral. O Governo estima serem necessários 447 milhões de meticais (61 milhões de patacas) para enfrentar os estragos provocados pela chuva e ventos ciclónicos que atingiram o centro e norte do país nas últimas duas semanas. Desde Outubro, 21 pessoas morreram devido às intempéries da estação das chuvas em Moçambique, sendo as províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia as mais afectadas.

6 Fev 2018

China ordena encerramento de plataformas de intercâmbio de criptomoedas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai reforçar os esforços para travar o uso de criptomoedas como a Bitcoin, incluindo o encerramento de firmas que negoceiam em moedas virtuais e respectivas plataformas de intercâmbio, noticiou ontem a agência oficial Xinhua.

A agência chinesa detalha que o banco central chinês quer encerrar todas as plataformas que fazem transacções de moedas criptografadas. Em Setembro passado, o banco central chinês e seis ministérios do país emitiram um comunicado conjunto a declarar a ilegalidade das moedas virtuais. Pequim ordenou então às empresas que comercializam aquela moeda que não registem novos utilizadores. As autoridades proibiram ainda os bancos e empresas de pagamentos que realizem transações de grandes valores com moedas virtuais.

A China é o maior consumidor e produtor mundial de bitcoins. Segundo dados citados pela imprensa chinesa, mais de 90% do comércio global da moeda chegou a ser feito na China. Ao contrário das divisas físicas, como o euro e o dólar, os Bitcoins não são regulados por bancos centrais, sendo gerados por milhares de computadores em todo o mundo.

Utilizado por milhares de ‘sites’ da Internet e mesmo por lojas reais, a moeda virtual (Bitcoin) pode ser trocada por serviços como tarifas de táxis, vários produtos ou mesmo divisas, a partir do momento em que a outra parte aceita o princípio da transacção virtual. No início de Janeiro, a bitcoin registou um ‘crash’, depois de em Dezembro ter valido quase vinte mil dólares, o preço mais alto de sempre e cerca de 20 vezes mais do valor 12 meses antes. Na semana passada, a moeda caiu para baixo da fasquia dos oito mil dólares, o preço mais baixo desde Novembro.

6 Fev 2018

Estado Unidos tentam vender armas a países vizinhos da China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos enviaram a sua diplomata responsável pela venda de armamento para promover armas norte-americanas na maior feira aeronáutica da Ásia, onde tem crescido a presença militar e influência política da China.

Tina Kaidanow disse aos jornalistas que uma vasta delegação dos EUA está a fazer “tudo o que pode” para encorajar os governos do sudeste asiático a comprar armamento ao país, como caças F-35.

Washington tem tentado atrair países como o Vietname, outrora um inimigo, com a venda de armamento, numa altura em que uma política externa mais assertiva da China, que reclama a quase totalidade do mar do Sul da China, tem suscitado protestos dos países vizinhos.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2012, Pequim construiu várias ilhas artificiais e ergueu instalações militares em recifes disputados pelo Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei ou Taiwan. Kaidanow classificou a transferência de uma embarcação norte-americana de guarda costeira para o Vietname, no ano passado, de “incrivelmente positiva”. “Eles vão poder usar o nosso equipamento no domínio marítimo, para a sua segurança, é importante para eles”, disse Kaidanow, que na semana passada esteve em Hanói.

A visita ocorreu poucos dias após o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, ter anunciado no Vietname planos para enviar um porta-aviões para o país, numa demonstração de “solidariedade”.

Apesar da postura chinesa no Mar do Sul da China ter suscitado reclamações, Pequim tem também financiado e desenvolvido infra-estruturas na região, como forma de assegurar aliados, e vendido armas a Manila, em apoio à controversa campanha antidrogas do Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

Kaidanow disse ainda que reunirá com funcionários do Japão e outros países do sudeste asiático durante os próximos dias, argumentando que as nações da região devem comprar armamento norte-americano, “não só por questões de segurança, mas também para manter o equilíbrio na região”.

A diplomata norte-americana acrescentou que os EUA vão manter as suas operações de liberdade de navegação nas águas do Mar do Sul da China reclamadas por Pequim. “Iremos absolutamente manter o ritmo”, disse.

A China condena as operações de Washington na região como provocações “imprudentes”, que aumentam os riscos de confrontos militares entre os dois países.

6 Fev 2018

Escolas não precisam de antecipar férias por causa da gripe

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) adiantam, em comunicado, que a situação da gripe está controlada e que não é necessário antecipar as férias do ano novo chinês, como sugeriu um residente. “Os SS afirmam que a actual situação da gripe ainda está num nível esperado”, sendo que a taxa de vacinação permanece alta. Além disso, “os dados revelam a diminuição ligeira da gripe em Macau”.

O comunicado explica que “ainda existem vagas nas consultas externas, nas urgências”, além de existirem “camas disponíveis em diversas instituições médicas”. “Em articulação com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) os SS emitiram orientações de suspensão escolar, devido à influenza, para todas as escolas. No actual contexto foi decidido que as escolas ainda não precisam de antecipar as férias devido à epidemia da gripe.”

Numa semana “a proporção e o número de atendimento de pacientes adultos com gripe que recorrem às urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) passou de um nível elevado para um nível mais baixo”, sendo que “a proporção de pacientes infantis ainda é elevada”, ainda que com uma redução na última semana.

“Como Macau se encontra no período de pico da gripe não se pode excluir a possibilidade de aparecimento de infecções colectivas, sejam elas familiares ou escolares. Nem se pode excluir a possibilidade de aparecimento de casos graves de gripe e até casos mortais. Daí que os SS apelam a que os residentes cumpram de forma rigorosa as medidas de prevenção”, conclui o comunicado.

6 Fev 2018

Escolas construídas logo a seguir à habitação na Zona A, garante Chefe do Executivo

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem reunido com os membros da nova direcção da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), tendo dado alguns detalhes quanto ao planeamento da zona A dos novos aterros.

Citado por um comunicado oficial, Chui Sai On garantiu que “relativamente aos terrenos para infra-estruturas de ensino, depois de concluído o planeamento de habitação pública na zona A, o próximo passo será planear infra-estruturas de ensino”. O objectivo é assegurar “que os serviços competentes estão a desenvolver, de forma ordenada, os respectivos trabalhos e procedimentos jurídicos”.

O Chefe do Executivo deu ainda mais informações quanto à futura integração regional. Este indicou, relativamente ao projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau que há a “possibilidade dos residentes de Macau trabalharem e estudarem no interior da China”, além de que os idosos de Macau “podem ali viver depois de aposentados”.

No entanto, matérias como a “saúde e políticas de bem-estar são temas que merecem ser analisados pelo Governo”. “Após o lançamento do planeamento e desenvolvimento da região metropolitana da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau haverá uma direcção mais clara”, lê-se no comunicado.

Em relação à UGAMM, presidida por Leong Heng Kao, há o objectivo de “preparar a criação de uma delegação na zona sul da cidade, a fim de uma melhor coordenação e de um bom trabalho comunitário na referida zona”, bem como “ponderar o estabelecimento de um local a fim de reforçar o apoio aos residentes de Macau que moram, estudam e trabalham no interior da China, e ajudar os cidadãos a participar no desenvolvimento da Grande Baía”. A associação também pretende “expandir o serviço de teleassistência ‘Peng On Tung’ e reforçar o âmbito de serviço, com o objectivo de disponibilizar um serviço adequado aos mais necessitados”.

6 Fev 2018

Zheng Xiaosong, director do Gabinete do Ligação, quer reforçar divulgação da Constituição e da Lei Básica

Lei Básica implica “um país , dois sistemas”. Logo, Macau é segundo sistema. Fácil, não? Ou é preciso fazer um desenho? Zheng Xiaosong explicou. Como explicou os direitos do país sobre a região. Incluindo fiscalização…

[dropcap style≠‘circle’]Z[/dropcap]heng Xiaosong, director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, participou no Espectáculo Escolar e da Juventude em Comemoração do 25.º Aniversário da Promulgação da Lei Básica da RAEM e elogiou o evento por dar a conhecer à população a Lei Básica através de um espectáculo. Zheng apelou ainda para que no futuro se organizem mais cursos sobre a situação da pátria. E, além disso, numa ocasião que contou com responsáveis da imprensa local, o director comunicou as suas expectativas aos meios de comunicação social em Macau.

O evento “Espectáculo Escolar e da Juventude em Comemoração do 25.º Aniversário da Promulgação da Lei Básica da RAEM”, organizado pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), marcou a presença do director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, que, de acordo com o comunicado enviado ao HM, concordou com esforços dos organizadores e estudantes participantes no palco, referindo ainda que a ocasião conseguiu demonstrar os eventos importantes ocorridos no processo de criação e implementação da Lei Básica, e mostrou que os residentes obedecem a esta lei e defendem a constituição chinesa.

Por isso, Zheng Xiaosong concluiu que o evento demonstrou o respeito dos residentes de Macau pela Constituição e pela Lei Básica, além do seu amor pelo país e pela cidade.

Os sistemas e o país

O director do Gabinete de Ligação afirmou ainda que, desde a devolução da cidade à China, o governo e todos os sectores sociais de Macau têm seguido rigorosamente os princípios da Constituição e da Lei Básica, que servem como um código de conduta comum para os cidadãos da cidade, além da base institucional e jurídica para a prática de “um país, dois sistemas”.

Os factos, disse Zheng, demonstram que a Lei Básica de Macau ajudou a defender a soberania, a segurança e os interesses do país, além de propiciar a prosperidade e a estabilidade de Macau.

Segundo Zheng Xiaosong, o trabalho de governação das autoridades e do Chefe do Executivo, baseados na Constituição da China e na Lei Básica, incluindo a sua promoção, é reconhecido. Estando a Lei Básica bem divulgada e conhecida em todas as famílias em Macau, tornou-se no princípio comum de comportamentos dos residentes locais, afirmou.

Mas Zheng Xiaosong mencionou ainda que o Governo Central possui o direito total da administração de Macau, incluindo os poderes que pode executar directamente e a autorização dada à região de Macau para usufruir de um alto grau da autonomia. Além disso, o director sublinhou que o Governo Central tem o direito de fiscalizar, ao alto nível, a autonomia de Macau.

Finalmente, o director enfatizou que é necessário reforçar a divulgação do princípio “Um País, Dois Sistemas” e a Lei Básica, sendo importante levar a constituição chinesa e a Lei Básica às escolas locais.

Imprensa justa e patriótica

Por outro lado, de acordo com o Jornal do Cidadão, num encontro de Primavera em que estiveram 60 responsáveis dos meios de comunicação social da imprensa portuguesa, inglesa e chinesa, Zheng Xiaosong avançou com quatro expectativas destinadas à imprensa local, esperando que, como habitualmente, os meios locais de comunicação social tenham em presente a pátria, divulguem mais os feitos recentes do desenvolvimento da China na nova era e a evolução histórica, e contem bem a história de como a China se tornou forte.

Noutro sentido, o director espera que a imprensa local pratique com sucesso o princípio “Um País, Dois Sistemas”, em reportagens profundas e ousadas, apoie a governação do Executivo através de acções práticas, para fazer com que os residentes locais se sintam orgulhosos pelo território e que o povo chinês usufrua da glória de Macau.

Quanto à responsabilidade da imprensa, o director exige que a imprensa insista em regras profissionais objectivas e justas, e que continue a transmitir energia positiva no sentido de impulsionar a estabilidade e desenvolvimento do princípio “Um País, Dois Sistemas” em Macau. Finalmente, o dirigente disse esperar que os meios de comunicação social locais confrontem os duros desafios das novas tecnologias, e procurem oportunidades no desenvolvimento do sector por forma a estender o nível de influência e alargar o espaço de desenvolvimento e de sobrevivência do sector da comunicação social em Macau.

6 Fev 2018

Xi e May fazem acordos de US$ 13,26 mil milhões

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, partiu este fim de semana da China com acordos de mais de US$ 13,26 mil milhões assinados ao final de uma missão comercial de três dias durante a qual presidente chinês, Xi Jinping, prometeu expandir a “era de ouro” do relacionamento.

O Reino Unido está a tentar reinventar-se como nação comercial global desde o referendo de 2016 que decidiu pela saída do país da União Europeia, e a China, a segunda maior economia do mundo, está no topo da lista de países com os quais Londres quer assinar um acordo de livre comércio.

Durante uma cimeira de negócios em Xangai, a capital comercial da China, May disse que o Reino Unido está determinado a ajudar a concretizar a visão de globalização de Xi e uma economia chinesa mais aberta. “Enquanto isso, o Reino Unido prepara-se para deixar a União Europeia. Estamos a aproveitar a oportunidade para nos tornarmos um Reino Unido global ainda mais aberto para o exterior, aprofundando nossas relações comerciais com nações de todo o mundo, incluindo a China”, frisou.

“O investimento chinês ajuda o Reino Unido a desenvolver a infra-estruturas e criar empregos, cerca de 50 mil empresas importam bens da China e mais de 10 mil vendem os seus produtos para o país asiático”, acrescentou. “Acertámos medidas para trazer mais alimentos e bebidas internacionalmente reconhecidos do Reino Unido para a China, para abrir o mercado para alguns dos provedores de serviços financeiros de nível mundial do Reino Unido”, afirmou May.

 

Abertura de vagas

 

Os US$ 13,26 mil milhões em acordos criarão mais de 2500 empregos em todo o Reino Unido, divulgou o governo britânico. As empresas britânicas de serviços financeiros sozinhas já garantiram acordos de mais de mil milhões de libras esterlinas e acesso a mercados que significarão 890 empregos, informou o governo, sem dar detalhes. Pequim vê Londres como um aliado importante no seu apelo por mercados globais mais abertos, apesar dos temores generalizados na comunidade empresarial estrangeira com a dificuldade de se operar na China, e os dois países referem uma “era de ouro” nas relações. Xi disse a May na capital chinesa que as duas nações deveriam “dar um novo significado aos laços bilaterais de maneira a forjar uma versão aprimorada da ‘Era de Ouro’”.

5 Fev 2018

Pequim critica nova estratégia americana de armas nucleares

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a nova estratégia de armas nucleares dos Estados Unidos, aconselhando os americanos a perderem a “mentalidade da Guerra Fria” e a assumirem a “responsabilidade principal” no desarmamento nuclear. O Ministério da Defesa chinês afirmou que o documento sobre a nova política de armas nucleares, elaborado pelos serviços americanos da Defesa, Estado e Energia, “especula com o caminho do desenvolvimento” chinês e exagera a ameaça que representam as forças nucleares do país asiático.

A nova estratégia de armas nucleares americana, anunciada esta semana pelo Pentágono, exige a introdução de dois novos tipos de armamento, acabando com os esforços da era de Barack Obama para reduzir o tamanho e o alcance do arsenal norte-americano. Durante a apresentação, o secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que a capacidade dos arsenais nucleares russo e chinês “estão a melhorar”, ao contrário do que acontece com os Estados Unidos.

A política da administração anterior dependia do que o então Presidente Barack Obama chamou de obrigação moral para que os Estados Unidos liderassem com o exemplo para livrar o mundo das armas nucleares. Mas oficiais da administração de Donald Trump e do Exército norte-americano argumentam que a abordagem de Obama se mostrou excessivamente idealista, particularmente quando a Rússia ressurgiu, com os Estados Unidos a não conseguirem persuadir os seus adversários nucleares a seguir o exemplo.

“Esperemos que os Estados Unidos compreendam correctamente a intenção estratégica da China e que assumam uma visão justa sobre a defesa nacional e o desenvolvimento militar da China”, respondeu hoje o porta-voz da Defesa chinês, Ren Guoqiang, citado pela agência estatal Xinhua. O porta-voz chinês exortou ainda os americanos a perderem “mentalidade da Guerra Fria”.

 

EUA desrespeitam América Latina

Entretanto, a China acusou os Estados Unidos de desrespeitarem a América Latina depois do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter alertado os países da região contra a dependência excessiva dos laços económicos com a China.

Tillerson, num discurso antes de uma visita ao México, Argentina, Peru, Colômbia e Jamaica, disse que a China estava a ficar mais forte na América Latina, usando políticas económicas para atrair a região para sua órbita.

Em comunicado divulgado no final da sexta-feira, respondendo a Tillerson, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China informou que a cooperação entre a China e a América Latina é baseada em interesses comuns e necessidades mútuas. “O que os Estados Unidos disseram é inteiramente contra a verdade e mostrou desrespeito ao vasto número de países latino-americanos”, afirmou o ministério.

A cooperação entre a China e os países latino-americanos baseia-se na igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão, acrescentou. “A China é um importante comprador internacional de commodities a granel da América Latina e importa cada vez mais produtos agrícolas e de alto valor agregado da região”, informou o ministério. O investimento e a cooperação financeira da China com os países latino-americanos estão em plena conformidade com as regras comerciais e as leis e regulamentos locais, acrescentou.

5 Fev 2018

Frankenstein continua a inspirar arte e ciência 200 anos depois

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o ano em que se assinala o 200.º aniversário da publicação do romance “Frankenstein”, a Biblioteca Nacional dedica-lhe uma exposição, a editora Guerra e Paz lança uma versão juvenil e os cientistas recordam a sua importância na ciência.

O “monstro” Frankenstein nasceu numa noite chuvosa do “ano sem verão” de 1816. O romance que o apresentaria ao mundo – o clássico “Frankenstein”, da escritora britânica Mary Shelley (1797-1851) – foi publicado pela primeira vez em Janeiro de 1818, e com ele nasceu o género “ficção científica”.

Mary Shelley cresceu num dos ambientes intelectuais mais avançados de Inglaterra, filha de William Godwin, filósofo e político revolucionário, defensor das ideias libertárias dos iluministas e dos ideais da Revolução Francesa, e de Mary Wollstonecraft, pioneira do feminismo moderno e autora do livro “Reivindicação dos Direitos da Mulher”.

No verão de 1816, com apenas 18 anos, Mary acompanhou o futuro marido, o poeta Percy Shelley, o médico e escritor John Polidori e o poeta Lorde Byron numas férias à Suíça, tendo ficado hospedados na Villa Diodati, perto do lago Genebra. Mas o mau tempo e a “chuva incessante” daquele que ficou conhecido como “o ano sem verão”, decorrente de uma grande erupção vulcânica na Indonésia, obrigou-os “a ficar muitas vezes fechados em casa”, escreveu a autora no prefácio da edição de 1831.

Nessas noites, “alguns volumes de histórias de fantasmas, traduzidas do alemão e francês, caíram-nos nas mãos”, contou a escritora, acrescentando que, para passar o tempo, Lorde Byron lançou-lhes um desafio, que foi aceite: “Cada um de nós vai escrever uma história de fantasmas”.

John Polidori escreveu o conto “O Vampiro”, que deu origem à personagem vampiro como hoje é conhecida, mas Mary Shelley sentia-se incapaz de escrever uma história que correspondesse ao que se propusera, “uma que falasse aos medos misteriosos da nossa natureza e despertasse horror arrepiante… uma que fizesse com que o leitor receasse olhar à sua volta, lhe gelasse o sangue e lhe acelerasse as batidas do coração”.

Durante as “muitas e longas conversas” entre Lorde Byron e Shelley, das quais Mary foi “uma devota mas praticamente silenciosa ouvinte”, foram abordados temas como o princípio da vida e a possibilidade de o descobrir, as experiências de Darwin, e experiências ocorridas em Londres sobre a influência da electricidade sobre o sistema nervoso (galvanismo), e a hipótese de assim se reanimar um cadáver.

Quando a noite já ia alta – era a madrugada de 16 de Junho -, foram para a cama, mas Mary não conseguiu dormir, com a imaginação a fluir e a dominá-la, até surgirem na sua cabeça, “com uma nitidez muito superior aos limites usuais dos sonhos”, as imagens que iriam compor a sua história. “Vi o pálido estudante de artes profanas ajoelhado ao lado da coisa que acabara de juntar. Vi o hediondo fantasma de um homem distender-se e, depois, graças a uma poderosa máquina, mostrar sinais de vida”, descreve a autora, que conta como acordou “aterrorizada” e como, assim, descobriu como iria aterrorizar os outros.

No romance – que inicialmente era para ser um conto, mas que foi ampliado por incentivo de Percy Shelley – Mary ficciona a história de um jovem cientista, Victor Frankenstein, que, determinado a entender o princípio da vida, desenvolve uma experiência com cadáveres para tentar criar uma bela criatura. O resultado, porém, é um monstro, renegado e abandonado pelo jovem cientista, que então se dedica a perseguir o seu criador até à morte.

A primeira edição do romance foi publicada anonimamente em Londres, em Janeiro de 1818, e tornou-se imediatamente um sucesso de vendas. O nome da autora surgiu cinco anos depois, numa segunda edição publicada em 1823, após o sucesso de uma peça de teatro baseada na história, e a edição popular da obra num só volume saiu em 1831.

Dois séculos depois da primeira publicação, “Frankenstein” continua a ser uma referência literária, que suscita dúvidas e reflexões, inspira artistas, e inquieta cientistas. Aquela que é tida como a primeira obra de ficção científica da história tem tido diversas adaptações ao cinema, ao teatro e à televisão, mas também literárias, como a versão juvenil publicada este mês pela Guerra e Paz, na colecção “os livros estão loucos”, adaptada por Raquel Palermo e João Lacerda Matos.

“Frankenstein” tem levantado também diversas questões científicas e filosóficas, relacionadas com a ética e os poderes e limites da ciência. O MIT publicou, no ano passado, uma edição de Frankenstein, que combina a versão original de 1818 do manuscrito com anotações e ensaios de especialistas que exploram os aspectos sociais e éticos da criatividade científica levantados por esta história.

A revista científica “The Lancet” assinalou, no dia 26 de Janeiro, a efeméride, recordando o artigo escrito, em 1828, pelo primeiro médico a realizar uma transfusão sanguínea, no qual refere a capacidade de imitar acções da natureza e alude à possibilidade de trazer “Frankenstein” para a realidade.

Já a revista “Science” lembrou as inspirações do romance de Shelley para a invenção do marcapasso electrónico, por Earl Bakken, e afirmou que, com o desenvolvimento dos transplantes, será cada vez mais fácil modificar seres humanos, alertando contudo para o risco de criar algo monstruoso.

A própria literatura científica está repleta de termos inspirados na história de Mary Shelley, tais como “alimentos Frankenstein”, “células Frankenstein” ou “leis de Frankenstein”, além de especialistas convictos da possibilidade de repetir a experiência enunciada no romance.

5 Fev 2018

Camioneta em chamas no centro de Xangai

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]elo menos 18 pessoas ficaram feridas, no centro de Xangai, quando uma camioneta em chamas saiu da estrada e atingiu vários peões no passeio, disseram as autoridades e testemunhas. Três pessoas ficaram gravemente feridas, acrescentaram. O acidente ocorreu cerca das 9:00, perto do emblemático parque do povo, num bairro comercial muito movimentado no centro da cidade, no leste da China, e quando numerosas pessoas se dirigiam para o trabalho.
De acordo com os primeiros elementos do inquérito, o condutor do veículo, de 40 anos, estava a fumar e transportava “sem autorização” substâncias perigosas. Um princípio de incêndio causou a perda de controlo do veículo, acrescentou a polícia do bairro de Huangpu, em Xangai. “A camioneta já estava em chamas quando saiu da estrada e subiu o passeio”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Zhang Sai, segurança de um prédio vizinho, que assistiu ao acidente. O veículo perdeu o controlo e subiu o passeio com grande velocidade, atingindo vários peões, enquanto outros fugiam da trajectória da camioneta.
Xu Xin, empregado de restaurante de 23 anos, contou à AFP que chegou ao local, no percurso da sua corrida matinal, quando várias pessoas telefonavam já para os serviços de emergência. No interior do veículo, disse, viam-se pequenas botijas de gás, de um modelo habitualmente usado para placas de cozinha.
O acidente ocorreu na secção oeste da rua de Nankin, zona muito frequentada e onde se situam hotéis de prestígio, restaurantes, grandes centros comerciais e edifícios de escritórios.
Em 2013, dois turistas morreram na praça Tiananmen, em Pequim, quando um veículo galgou o passeio, atingindo várias pessoas, antes de se incendiar. As autoridades chinesas atribuíram este atentado, no qual morreram três atacantes, a separatistas da etnia muçulmana uigur, oriundos da região de Xinjiang, no noroeste do país.

5 Fev 2018