Hoje Macau China / ÁsiaChina espera quase 3.000 milhões de viagens durante o Ano Novo Lunar [dropcap]A[/dropcap] China vive a partir da próxima semana a maior migração interna do planeta, com uma previsão de 2.990 milhões de viagens, ao longo dos 40 dias antes e após o Ano Novo Lunar. Por estrada ou por mar, de avião ou de comboio, milhões de chineses rumam à sua terra natal para festejar a passagem do Ano Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Entre 21 de Janeiro e 1 de Março, o país conta registar quase 3.000 milhões de deslocações internas, um aumento homólogo de 0,6 por cento, anunciou o vice-director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Lian Weiliang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Durante este período, o país terá em funcionamento cerca de 4.800 comboios, entre os quais 3.500 em linhas de alta velocidade, um aumento de 17 por cento, face ao ano anterior, reflectindo a rápida expansão da malha ferroviária de alta velocidade do país, que compõe já dois terços do total do mundo. O número de voos aumentará 10 por cento, com cerca de 532.000 travessias aéreas programadas durantes os quarenta dias. Citado pela Xinhua, Lian Weiliang explicou que os viajantes contarão com a ajuda de 230.000 voluntários, durante o pico das viagens. Dias de festa O feriado do Ano Novo Lunar começa este ano a 4 de Fevereiro, sob o signo do porco, um dos doze animais do milenar zodíaco chinês. Todas as escolas, do ensino primário ao superior, fecham durante um mês. Para muitos trabalhadores, as folgas e feriados concedidos nesta quadra pelo Governo e as empresas constituem as únicas férias do ano. É por isso também a única altura em que muitos das centenas de milhões de trabalhadores migrantes empregados nas prósperas cidades do litoral chinês regressam a casa e revêem os filhos. Na China, e em todas as ‘chinatown’ espalhadas pelo mundo, os edifícios são engalanados com lanternas vermelhas, enquanto nas ruas se lançam petardos e fogo-de-artifício para “afugentar os maus espíritos’. Com quase 1.400 milhões de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo.
Hoje Macau VozesA falsa trégua EUA-China Barry Eichengreen [dropcap]A[/dropcap] 1 de Dezembro, em Buenos Aires, o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, acordaram uma moratória de 90 dias sobre os aumentos das tarifas aduaneiras para estabelecerem uma janela para negociações. Infelizmente, esta abordagem à mediação não é sempre bem-sucedida, e os investidores não ficaram impressionados – como ficou evidente com a queda de 800 pontos do índice Dow Jones Industrial, a 4 de Dezembro. E se os mercados estavam cépticos na altura, estarão ainda mais cépticos agora, com a detenção da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, por violação das sanções impostas pelos EUA ao Irão. A abordagem dos dois Presidentes ao alívio das tensões comerciais tem um vasto precedente, mas estes episódios dão poucos motivos para esperança. Em Fevereiro de 1930, a Liga das Nações organizou uma conferência internacional em Genebra para enfrentar o problema do proteccionismo crescente, que “obstruía o desenvolvimento da produção em grande escala e impedia a recuperação europeia” e era geralmente implementado como “arma de guerra económica”. Trinta países enviaram delegações. Os Estados Unidos, embora não sendo membros da Liga, enviaram Edward C. Wilson, o primeiro-secretário da embaixada dos EUA em Paris. Previamente às negociações, o Comité Económico da Liga redigiu uma convenção para uma trégua aduaneira de dois anos. Mas os delegados não aceitaram este projecto de convenção, nem uma versão revista em baixa posteriormente apresentada pelos franceses. Os novos estados com planos ambiciosos de industrialização não estavam preparados para abandoná-los (algo similar ao “Made in China 2025”). Os países com défices crónicos estavam reticentes em celebrar um acordo que não incluísse o compromisso de outros países receberem mais exportações suas (uma objecção que encontrará eco em Trump). Nada de substancial foi acordado. Quando os EUA, em resposta a pressões políticas internas, adoptaram a Lei Smoot-Hawley quatro meses mais tarde, os indignados governos europeus responderam à altura. O resto, como se diz, pertence à história. O planeamento da Smoot-Hawley iniciara-se bastante antes da Grande Depressão. Mas o início da Grande Depressão aumentou a pressão para fazer alguma coisa – qualquer coisa – que pudesse aliviar o colapso do consumo interno. Dadas as discussões anteriores, a solução mais plausível seria o aumento das tarifas. Hoje, com o arrefecimento do mercado imobiliário e a contracção das condições financeiras nos EUA, não está posta de parte uma recessão nos EUA. Juntamente com um decréscimo no mercado bolsista, uma tal recessão aumentaria a pressão sobre Trump para parecer que faz alguma coisa – qualquer coisa – para estimular a economia. Muito provavelmente, essa solução seria à custa da China. Parte do problema em 1930 foi que os países participantes na conferência de Genebra tinham perspectivas muito diferentes sobre o que estavam a acordar, o que parece ser o que também acontece hoje. Enquanto a administração Trump espera uma evolução rápida na redução do défice comercial bilateral, a imprensa estatal chinesa refere-se à conveniência de uma redução “gradual”. Enquanto o comunicado de imprensa da Casa Branca especifica um prazo de 90 dias para negociações, a China não menciona qualquer prazo específico. Do mesmo modo, enquanto a declaração oficial da Casa Branca afirma que a China adquirirá exportações agrícolas, industriais e de energia “muito substanciais” aos EUA, a declaração da China diz apenas que importará mais mercadorias dos EUA. Mas claro que isso acabará sempre por acontecer, sem qualquer acção política, assumindo que a economia chinesa continua a crescer, o que é praticamente certo, dado o recente estímulo fiscal e monetário. Mais perturbadoras são as diferenças relativas à propriedade intelectual. Segundo a declaração dos EUA, a China negociará imediatamente a transferência forçada de tecnologia e a protecção da PI. Pelo contrário, a declaração chinesa apenas diz que os dois países trabalharão conjuntamente para alcançar um consenso em questões comerciais. A reforma do regime da PI (Propriedade Intelectual) é uma preocupação válida dos EUA. Na verdade, é a questão mais importante. Mas o fortalecimento das protecções da PI obrigará a uma mudança fundamental do modelo económico da China. As hipóteses de isso acontecer em 90 dias são nulas. Então, que rumo poderão tomar as negociações? Um dos cenários é que os chineses comprem mais alguma soja americana. Trump caracteriza isso como uma grande vitória. Assim que o Presidente dos EUA mostre a bandeira branca, a guerra comercial termina. Nada de importante terá mudado, mas pelo menos os ataques diplomáticos e comerciais e a incerteza disruptiva terão terminado. Mais uma vez, esta situação tem vários precedentes, já que a renegociação do Acordo de Comércio Livre Norte-Americano foi concluída deste modo. Em alternativa, poderíamos imaginar um resultado parecido ao da reunião de Trump com o líder norte-coreano, Kim Jong-un: a China anuncia, ou pelo menos a administração Trump imagina que a China anuncia uma transformação profunda da sua economia. Mas esta crença numa reviravolta é ilusória. Com efeito, nada de substancial se alterou. Quando Trump e os seus conselheiros despertarem para esse facto, as tensões voltarão a crescer, e a guerra comercial recomeçará. Qual dos cenários será mais provável? Tal como em 1930, a resposta depende de como se desenvolver a situação económica dos EUA. Se a expansão tardia continuar, como aconteceu durante a renegociação do NAFTA, Trump poderá estar inclinado a aceitar concessões cosméticas, que possa caracterizar como o “maior, mais significativo, moderno e equilibrado acordo comercial da história”. Mas se a economia dos EUA apresentar sinais de estar em recessão, Trump precisará de culpar alguém. E, neste caso, podemos estar relativamente certos sobre quem recairão as culpas. © Project Syndicate Barry Eichengreen é Professor de Economia na University of California, Berkeley. O seu último livro é The Populist Temptation: Economic Grievance and Political Reaction in the Modern Era.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Mulher do ex-presidente da Interpol pede asilo a França [dropcap]A[/dropcap] mulher do ex-presidente da Interpol o chinês Meng Hongwei, detido na China por corrupção depois de desaparecer de forma misteriosa quando viajava para Pequim em Setembro, vai pedir asilo a França porque se sente ameaçada. “Preciso que o Governo francês me proteja, me ajude, a mim e aos meus filhos”, disse sexta-feira a esposa de Meng, em declarações à France Info. Explicou que está “com medo de ser sequestrada”, que recebeu “telefonemas estranhos” e que foi seguida por um casal de chineses até ao hotel onde está hospedada. Nas imagens de vídeo-vigilância do hotel, vê-se um homem e uma mulher a entrar e a pedirem o número do quarto da esposa de Meng Hongwei com a desculpa – falsa – de que tinham um compromisso. Pouco depois, o mesmo homem é visto a correr atrás do carro da mulher de Meng para fotografar a matrícula. Por isso, a mulher do antigo presidente da Interpol diz que vai formalizar o pedido de asilo junto do escritório francês para a protecção de refugiados apátridas. Em parte incerta Meng era vice-ministro de Segurança Pública da China quando foi eleito presidente da Interpol, em 2016, perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China no passado dia 25 de Setembro. Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a Comissão Nacional de Supervisão da China confirmou a detenção. De acordo com o Ministério de Segurança Pública da China, a investigação a Meng foi aberta depois de as autoridades chinesas terem dito que detectaram que ele aceitou um suborno e violou a lei estadual com um comportamento que causou “sérios danos” ao partido e à segurança nacional. Em 21 de Novembro, a Assembleia Geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang. A organização policial internacional tinha recebido no dia 7 de Outubro uma carta de renúncia e uma comunicação de Pequim informando que Meng não seria o delegado da China naquele organismo.
Hoje Macau China / ÁsiaUniversidade de Oxford suspende financiamentos da Huawei [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Oxford anunciou sexta-feira a suspensão de bolsas de investigação e financiamentos provenientes da Huawei, perante as crescentes preocupações de segurança sobre o grupo chinês de telecomunicações. Em comunicado, a Universidade de Oxford, uma das mais importantes instituições de ensino do Reino Unido, indica que decidiu, em 8 de Janeiro, que “não vai procurar novas oportunidades de financiamento” com a Huawei ou com empresas relacionadas. A decisão, que se aplica tanto ao financiamento de contratos de investigação como a doações filantrópicas, foi tomada “à luz das preocupações do público levantadas nos últimos meses” em torno das parcerias do Reino Unido com a empresa. O comunicado da Universidade refere que dois projectos de investigação existentes no valor de 692.000 libras vão continuar. “Esperamos que estes assuntos possam ser resolvidos em breve e observamos a própria vontade da Huawei em tranquilizar os governos sobre o seu papel e as actividades”, salienta o comunicado. Por seu turno, o grupo chinês de telecomunicações Huawei disse que “não foi informado desta decisão” e aguarda a explicação completa da Universidade. Sob suspeita O secretário de defesa do Reino Unido e o seu responsável pelos serviços de informação expressaram preocupações no mês passado sobre o envolvimento da Huawei no lançamento de redes 5G no país. A Huawei esteve sob investigação pelo Congresso dos Estados Unidos, que num relatório de 2012 considerou que a empresa tem uma relação próxima com o Partido Comunista Chinês, e que facilita a espionagem chinesa. Fundada em 1987, por Ren Zhenfei, um ex-engenheiro das forças armadas chinesas, a Huawei é hoje o maior fabricante global de equipamentos de rede. As redes sem fios 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional. Na semana passada, a agência de contra espionagem da Polónia deteve o director de vendas da Huawei, por suspeitas de espionagem, depois de, no mês passado, a directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido das autoridades dos Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaVisita de membros do partido de Bolsonaro à China gera polémica [dropcap]M[/dropcap]embros do Partido Social Liberal (PSL), do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, viajaram para a China para tomarem conhecimento sobre tecnologias de reconhecimento facial, o que está a provocar polémica nas redes sociais. A controvérsia prende-se com as relações do Estado brasileiro com a China, o primeiro parceiro comercial do país sul-americano, acusado durante a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro de querer “comprar o Brasil”. A polémica surgiu no seio da extrema-direita brasileira. Daniel Silveira, membro do PSL, publicou na noite de quinta-feira um vídeo no qual diz ter sido convidado pelo Governo chinês, a par de outros membros parlamentares, para se familiarizar com técnicas de reconhecimento facial, com o objectivo de as “aplicar no Brasil”. Olavo de Carvalho, um escritor brasileiro que vive exilado nos Estados Unidos da América, apresentado como o guru de Jair Bolsonaro, e que é responsável pela indicação de dois ministros do actual Governo, foi o primeiro a tecer críticas à viagem à China. Segundo a agência France-Presse, o escritor descreveu os membros parlamentares em causa como “camponeses”, “palhaços”, “semianalfabetos” e “idiotas”. “Vocês estão a cometer uma loucura, vocês estão a entregar o Brasil para a China (…). O Executivo vai deixar essas pessoas entregarem o Brasil para o sistema chinês dessa maneira?” questionou Olavo de Carvalho. Também os apoiantes do Presidente brasileiro usaram a internet para criticar a viagem dos deputados ao país.
Hoje Macau SociedadeBanca | Pedro Cardoso vai ser responsável por área internacional do Bison Bank [dropcap]P[/dropcap]edro Cardoso, anterior presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU), vai ser o responsável pela área internacional do Bison Bank, antigo Banif – Banco de Investimento, adquirido à Oitante pela Bison Capital Financial Holdings em Novembro de 2018. Segundo o Jornal Económico, Pedro Cardoso foi inicialmente proposto para ser presidente executivo do Bison Bank, mas o banco acabou por optar pelo chinês Bian Fang, face ao risco de chumbo das avaliações de idoneidade do gestor português no Banco de Portugal. De acordo com o jornal, o risco de chumbo está relacionado com a auditoria forense à Caixa Geral de Depósitos no período entre 2000 e 2015, altura em que Pedro Cardoso foi administrador.
Hoje Macau SociedadeAviação | Estudo custou quase 800 mil patacas [dropcap]F[/dropcap]oi à empresa Flight Ascend Consultancy, que integra a Flight Global, que o Governo de Macau encomendou o estudo sobre o futuro da aviação em Macau. O projecto foi adjudicado em Maio de 2017 por 774.805 patacas, segundo dados publicados no portal da Autoridade de Aviação Civil (AACM). O estudo, cujas principais conclusões não são públicas, serviu de fundamento à opção pela abertura do mercado da aviação civil local e, por conseguinte, à não renovação do contrato exclusivo com a Air Macau, que expira em Novembro de 2020. A companhia aérea de bandeira da RAEM vai, no entanto, continuar a operar voos após essa data como operador aéreo registado em Macau.
Hoje Macau SociedadeBurla | Investidores perdem 400 milhões de yuan em projecto em Zhuhai [dropcap]A[/dropcap]proximadamente 300 investidores, de Hong Kong, Macau e da China, perderam um total de 400 milhões de yuan depois de os planos de desenvolvimento de um centro comercial perto de Zhuhai terem desabado. A notícia foi avançada ontem pelo South China Morning Post (SCMP) que indica que os investidores adquiriram espaços comerciais à empresa Zhaohong Shengshi Industrial que começou a construir um ‘shopping’, de 690 mil pés quadrados, no distrito de Xiangzhou. Contudo, o promotor utilizou outra empresa para dissuadir os investidores a avançarem com o dinheiro, indicou a Federação de Sindicatos de Hong Kong (FTU, na sigla inglesa), que tem estado a ajudar aproximadamente três dezenas de vítimas. A subsidiária alegadamente conseguiu então que assinassem um contrato de arrendamento prometendo um retorno lucrativo, mas muitos reclamam ter recebido muito pouco. A FTU deu conta de que as vítimas de Hong Kong foram enganadas em cerca de 20 milhões de yuan. “Desde a abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, os agentes imobiliários e outras empresas têm tentado activamente convencer os empresários de Hong Kong a investir em propriedades comerciais, prometendo elevado lucro. Mas, infelizmente, muitos acabam por cair numa armadilha”, afirmou Poon Chi-fai, director do braço do centro de serviços da FTU em Zhongshan, em declarações ao SCMP. Segundo o mesmo responsável, os investidores não têm hipótese de reaver o dinheiro porque o projecto não se concretizou e dado que a subsidiária com a qual assinaram o contrato é uma empresa fantasma. Ou seja, trata-se de uma firma sem activos significativos usada como fachada para a obtenção de financiamento ou evasão fiscal.
Hoje Macau SociedadeAmbiente | Identificar fontes de emissão de poluentes é prioritário [dropcap]O[/dropcap] investigador Yongjie Li, da Universidade de Macau, defende que a identificação das principais fontes de emissão de poluentes tem de ser uma prioridade, na medida em que só assim será possível elaborar políticas eficazes “A maior prioridade da nossa cidade deve ser a aposta na identificação das fontes de emissão e captar um quadro geral da situação”, afirmou à Lusa Yongjie Li. Para o especialista em poluição atmosférica, “sem tais evidências científicas não será possível uma política eficaz sobre como controlar as emissões”, pelo que as autoridades têm de ser mais pró-activas. Dados oficiais indicam que, em 2017, registaram-se em quase todas as estações que medem o índice de qualidade do ar (AQI, na sigla inglesa) mais de 20 dias insalubres. “Este é um grande desafio e o Governo de devia colocar [a qualidade do ar] numa prioridade maior do que a que está a fazer”, defende o professor. Na mesma linha do especialista ambiental, que apontou falhas na identificação e captação das fontes de emissão de poluentes, têm surgido na última semana críticas por parte da sociedade civil e de activistas ambientais, que apontam falhas nos dados sobre a qualidade do ar recolhidos pelo Governo. “Infelizmente, o que o Governo está a fazer em Macau não é suficiente em termos de política sustentável, que ainda está muito atrasada em relação ao resto do mundo”, afirmou à Lusa Annie Lao, um dos principais rostos de uma petição que reuniu milhares de assinaturas contra o plástico descartável. O Relatório do Estado do Ambiente de Macau de 2017 indica que as emissões de dióxido de carbono (CO2) subiram 6,2 por cento entre 2007 e 2016. “A percentagem das emissões estimadas de gases com efeito de estufa em 2016 aumentou 5,9 por cento comparando com 2015. Tal deve-se, principalmente, ao aumento da emissão estimada de CO2 resultante da incineração de resíduos, dos transportes marítimos e da produção local de energia eléctrica”, lê-se no relatório. Metas para 2019 Nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2019, o Governo estabeleceu, entre outras metas, controlar o crescimento do número de veículos para que a taxa de crescimento anual se fixe em 3,5 por cento em 2020, prometeu o aumento de lugares de carregamento de veículos eléctricos para 210 até 2019 e que 40 por cento da iluminação pública seja feita através de luzes LED. Macau tem aproximadamente 230 mil veículos motorizados, não tem metro, e os transportes movidos a energias sustentáveis são reduzidos. Até Setembro, havia 43.928 pessoas com dois ou mais veículos, numa população de sensivelmente 660 mil habitantes. Existem ainda 1.498 táxis, dos quais apenas 30 eléctricos, segundo dados fornecidos à Lusa pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Outra das preocupações de Annie Lao prende-se com os casinos por serem os maiores utilizadores de recursos como “água, energia e plástico”. “Banir palhinhas de plástico por parte dos casinos é apenas um pequeno passo, mas não é de todo suficiente porque os hotéis usam e grande número de plásticos descartáveis e que muitos deles não podem ser reciclados”, apontou a activista.
Hoje Macau PolíticaETAPM | Função pública consultada sobre segunda fase de revisão [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) realizaram uma consulta junto dos serviços públicos e das associações dos trabalhadores no âmbito dos trabalhos da revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM). A segunda fase de revisão do ETAPM, após a primeira ter entrado em vigor a 1 de Janeiro, centrar-se-á no regime de subsídios e abonos com vista a que “o ETAPM possa adaptar-se às necessidades de funcionamento e gestão administrativa dos serviços públicos actuais e salvaguardar os direitos dos trabalhadores”, indicaram os SAFP em comunicado. Além do envio do documento de consulta aos serviços públicos, os SAFP também realizaram quatro sessões de esclarecimento que reuniram mais de 500 participantes. A consulta da segunda fase de revisão do ETAPM termina no próximo dia 31.
Hoje Macau PolíticaAssistentes Sociais | Governo exige 45 horas de formação a cada três anos [dropcap]O[/dropcap]s assistentes sociais vão ter de acumular 45 horas de formação contínua a cada três anos. Esta é uma exigência feita pelo Governo na nova versão da lei que vai regular a profissão. Segundo Chan Chak Mo, presidente da comissão da Assembleia Legislativa que está a discutir o diploma, na primeira versão da lei apenas era exigido que fosse realizada formação contínua sem haver requisitos ao nível do tempo exigido. A nova versão apresentada pelo Governo veio resolver o problema. Um outro aspecto que a comissão também queria ver resolvido e que não tem, para já, solução é a distinção entre assistentes sociais do sector público e privado. Os deputados pretendiam um regime universal para ambos os tipos de trabalhadores. Contudo, o Governo explicou que a função pública não tem uma carreira específica para assistentes sociais e que vai ter de continuar a haver uma distinção. Por este motivo, os funcionários que trabalhem para o Governo na área social ficam dispensados de fazer o registo na profissão. Já os trabalhadores do sector privado vão ter de cumprir essa obrigação para poderem aceder ao título profissional.
Hoje Macau PolíticaMedicina chinesa | Deputados visitam hoje a Ilha da Montanha [dropcap]O[/dropcap]s deputados deslocam-se hoje ao Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong e Macau. Inaugurado oficialmente em 2011, o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, com uma área de 0,5 quilómetros quadrados, localiza-se na zona de desenvolvimento tecnológico da Ilha da Montanha. Foi o primeiro projecto de construção implementado oficialmente no âmbito da cooperação entre Guangdong e Macau, desde a assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação, no mesmo ano.
Hoje Macau SociedadeEnsino Superior | Apoio para material escolar sobe para 3.300 patacas [dropcap]O[/dropcap] Governo vai aumentar o “subsídio para a aquisição de material escolar a estudantes do ensino superior” para 3.300 patacas. O valor em questão é referente ao ano lectivo de 2018/2019. Esta é a primeira vez desde o ano 2012/2013 que o montante, que antes era de 3.000 patacas, é actualizado. O apoio é disponibilizado aos alunos do ensino superior com Bilhete de Identidade de Residente que estejam matriculados neste ano lectivo. Os interessados devem registar-se para receber o apoio público entre 29 de Janeiro e 15 de Março. De acordo com o Governo, a medida vai abranger cerca de 34 mil pessoas e irá custar 112,2 mil patacas aos cofres da RAEM. Este subsídio foi criado no ano lectivo de 2011/2012. À altura, o valor era de 2.000 patacas.
Hoje Macau China / ÁsiaCamboja condena medidas sobre o arroz impostas pela UE [dropcap]O[/dropcap] Governo do Camboja acusou a União Europeia (UE) de violar as regras do comércio internacional, depois de Bruxelas ter anunciado que vai re-introduzir direitos de importação sobre o arroz proveniente daquele país e do Myanmar. A decisão tomada na quarta-feira pela Comissão Europeia tem como pano de fundo a protecção dos produtores europeus, uma medida solicitada por vários Estados-membros, entre os quais Portugal, e entra em vigor já esta semana. Contudo, o Ministério do Comércio do Camboja defende que a medida não está em conformidade com as regras do comércio internacional, nem reflecte uma boa cooperação entre o Camboja e a UE, tratando-se de “uma arma que matará” os produtores cambojanos endividados. “A decisão de introduzir medidas proteccionistas (…) vai privar os agricultores dos seus rendimentos e vai forçá-los à morte”, condenou o ministério, em comunicado. Neste sentido, o país asiático pediu às autoridades europeias para reverem a decisão que descreveu como “injustificável” e assegurou que está a estudar a legalidade da mesma. O Camboja e Myanmar (antiga Birmânia) são beneficiários do regime de comércio “Tudo Menos Armas” da UE, que concede unilateralmente acesso ao seu mercado, com isenção de direitos aduaneiros e sem limites quantitativos, aos países menos avançados do mundo (excepto para armas e munições). O pedido inicial de instituição de medidas de salvaguarda sobre as importações de arroz foi apresentado por Itália há quase um ano, em Fevereiro de 2018, com o apoio de todos os outros Estados-membros produtores de arroz: Portugal, Espanha, França, Grécia, Hungria, Roménia e Bulgária.
Hoje Macau SociedadeSulu Sou | Proibição de entrada de activista com motivações políticas [dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou considera que teve motivações políticas a proibição de entrada em Macau, na quarta-feira, de Yvonne Leung, uma antiga líder estudantil do chamado movimento dos ‘guarda-chuvas amarelos’ de Hong Kong. “Não vejo nenhum motivo pelo qual Yvonne Leung põe em risco a segurança. Como em muitos casos no passado, isto tem motivações políticas”, afirmou o mais jovem deputado de Macau à agência Lusa. Em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP), a ex-presidente da União dos Estudantes da Universidade de Hong Kong Yvonne Leung afirmou que as autoridades a informaram de que suspeitavam que quisesse entrar no território “para participar em certas actividades que poderiam comprometer a segurança pública ou a ordem pública”. Um argumento, de resto, utilizado anteriormente pelas autoridades de Macau. “A polícia muitas vezes abusa das razões de segurança e confidencialidade”, apontou Sulu Sou. Yvonne Leung, de 25 anos, participou no movimento dos ‘guarda-chuvas amarelos’, em 2014, que paralisou o território durante mais de dois meses, e foi a única mulher da delegação estudantil presente nas negociações com as autoridades de Hong Kong durante os protestos. Nos últimos anos, porém, Yvonne Leung retirou-se de qualquer actividade política ou activista.
Hoje Macau SociedadeEstacionamento ilegal | Três jovens acabam presos [dropcap]T[/dropcap]rês jovens foram detidos e acusados pelas autoridades da prática do crime de furto pelo facto de terem retirado um bloqueador de um veículo que estava estacionado no parque de estacionamento de um hotel do Cotai há dois meses. De acordo com o jornal Ou Mun, um dos jovens, que é proprietário do automóvel, está também acusado do crime de burla, tendo recusado pagar o montante de 40 mil patacas relativo aos dois meses de estacionamento. O dono do carro, que já foi presente ao Ministério Público, disse que estacionou o veículo no local porque um amigo lhe disse que o serviço era gratuito. Dois meses depois descobriu que tinha uma dívida de 40 mil patacas, tendo ido com os outros dois detidos, na quinta-feira da semana passada, retirar o bloqueador do carro.
Hoje Macau SociedadeTSI | Pedro Chiang perde recurso [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) negou ontem provimento a um recurso interposto por Pedro Chiang contra um despacho proferido por uma juíza do Tribunal Judicial de Base. Em causa estará uma questão jurídica relacionada com a prescrição de um dos processos em que esteve envolvido. O empresário foi condenado à revelia nomeadamente por subornar o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long.
Hoje Macau SociedadePatrimónio | Recolhidas 200 opiniões sobre classificação de nove bens imóveis [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) recebeu aproximadamente 200 opiniões sobre a classificação do segundo grupo de bens imóveis desde a entrada em vigor da Lei da Salvaguarda do Património Cultural, durante a consulta pública, que terminou no passado dia 5, ao fim de dois meses. Em comunicado, divulgado ontem, o Instituto Cultural (IC) indicou que a maioria dos que participaram nas três sessões de consulta pública manifestou apoio à classificação do conjunto, sem especificar quantos. Em causa, figuram nove bens imóveis. A saber: o Posto do Guarda-Nocturno (Patane), o Templo de Sin Fong, as Ruínas do Colégio de S. Paulo (Antigo Muro, troço na Rua de D. Belchior Carneiro, n.º 35), o Edifício na Calçada do Gaio, n.º 6, o Edifício na Estrada da Vitória, n.º 30, as Casas Moosa, o Cemitério de S. Miguel Arcanjo, o Antigo Mercado do Tarrafeiro e a Feira do Carmo (Antigo Mercado Municipal da Taipa). O IC tem agora um máximo de 180 dias para apresentar o relatório final relativamente às opiniões recolhidas.
Hoje Macau EventosOito projectos culturais vão receber financiamento do IC [dropcap]O[/dropcap]ito de 16 projectos foram escolhidos no âmbito do programa de subsídios à arte da comunidade 2019, anunciou ontem o Instituto Cultural. “Minha História na Jornada” (Comuna de Pedra), “Borboleta Colorida Espalhando Asa – Projecto de Coesão Comunitária de Teatro Uma Pessoa Uma História” (Zero Distance Cooperative), “Luzes Cintilantes e Flores Resplandecentes – Projecto de Arte Comunitária” (Dream Theater Association) figuram entre os seleccionados. O projecto “Mapa da Comunidade de Coloane e Visita guiada dos Moradores” (Rolling Puppet Alternative Theatre), “Diário da Comunidade do Porto Interior 2019” (Arts Empowering Lab), “O Que Eu Posso Fazer?” (Godot Art Association), “Sobre Nós” (Four Dimension Spatial) e “Exposição Temporária – Plano de Consolidação Comunitária da Rua dos Ervanários” (Own Theatre) completam a lista de projectos seleccionados para receber financiamento do IC. O programa, lançado pela primeira vez em 2013, tem como finalidade encorajar os grupos artísticos locais a entrarem nos bairros comunitários ou numa comunidade social particular instando os residentes a desenvolverem criações artísticas.
Hoje Macau SociedadeStudio City | Fichas mortas nas salas VIP acabam em 2020 [dropcap]A[/dropcap] Melco International Development anunciou na passada terça-feira que o casino do Studio City em Macau vai terminar com o funcionamento das fichas mortas nas salas VIP do seu casino, de acordo com o Jornal Ou Mun. Estas fichas não podem ser trocadas por dinheiro vivo. A medida entra em vigor a 15 de Janeiro de 2020.
Hoje Macau PolíticaDead Combo – “The Egyptian Magician” “The Egyptian Magician” (instrumental) Dead Combo TÓ TRIPS, PEDRO V. GONÇALVES
Hoje Macau EventosTaiwan | Nova feira de arte internacional inaugurada hoje em Taipei [dropcap]C[/dropcap]hama-se Taipei Dangdai e é a primeira edição da nova feira de arte internacional que acontece no centro de exposições Taipei Nangang. O evento foi hoje inaugurado e prolonga-se até domingo, sendo que o público poderá não só visitar obras de arte oriundas de galerias de todo o mundo como participar em palestras sobre a indústria. Citado por um comunicado, o director da feira de arte, Magnus Renfrew, garantiu que a inspiração da sua equipa passa por “trazer novos coleccionadores para o mercado com a nossa estrutura única de sectores, oferecendo qualidade em todos os preços”. “A arte tem tudo a ver com ideias que são comuns para todos nós, e a Taipei Dangdai aspira a ser um ponto de encontro para a troca dessas ideias, providenciando um contexto em que a arte é desembrulhada para uma audiência mais vasta e em que se reduz o fator intimidatório”, acrescentou. Amanhã o programa é marcado pela exploração do tema “Passado”, sendo feita uma retrospectiva do trabalho de artistas como Richard Lin e Li Yuan-Chia, considerada “uma das mais importantes artistas chinesas do século XX”. Sábado será dia de olhar para o “Presente”, onde o foco será as práticas de curadoria contemporâneas e os artistas emergentes. O domingo, último dia da feira, será dedicado aos principais museus e instituições de arte da Ásia do século XX.
Hoje Macau SociedadeAno novo chinês | Estimado aumento do preço da carne de porco [dropcap]A[/dropcap] Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue e a Nam Kwong União Comercial e Industrial consideram que o fornecimento de porcos vivos a Macau deverá manter-se estável, uma vez que as quatro pecuniárias de Guangdong, que são as grandes fornecedoras do território, vão voltar a funcionar. Ainda assim, as duas empresas defendem que os preços da venda de porcos vivos deverão aumentar por altura do ano novo chinês, dados os receios da ameaça da peste suína africana, custos de transporte e questões relacionadas com a oferta e procura. De acordo com o jornal Ou Mun, os representantes de ambas as empresas apresentaram esta terça-feira a situação de fornecimento de alimentos frescos e vivos em Macau no ano passado. Actualmente mais de uma centena de bancas nos mercados vendem carne de porco, bem como 29 supermercados. No ano passado foram vendidos mais de 113 mil porcos vivos, um número que representou um aumento de 3,6 por cento face a igual período de 2017. A Nam Yue e a Nam Kwong prometem pôr em prática o mecanismo de fixação de preços no mercado e reforçar a comunicação com as diferentes partes, para que não haja uma grande flutuação do preço dos alimentos. Sobre o novo mercado abastecedor, a Nam Yue disse que tem funcionado bem no último ano, sendo que as bancas dos quarto e sexto andares foram todas arrendadas, além de que o número de comerciantes de venda de vegetais aumentaram de 30 para 36. Houve ainda desistências e uma situação em que o comerciante não pagou a renda. Actualmente permanecem mais de 20 comerciantes em lista de espera, que vendem vegetais e ovos.
Hoje Macau EventosJoana Vasconcelos em Paris para abrir arte contemporânea a novos públicos [dropcap]A[/dropcap] exposição “Branco Luz”, de Joana Vasconcelos, é inaugurada hoje, em Paris, e a artista portuguesa considera que expor em sítios menos tradicionais abre “os públicos para o meio artístico”, aumentando “a intervenção da arte na sociedade”. “A estrutura estabelecida diz que o artista deve expor numa galeria ou num museu. Obviamente aqui [nos armazéns Bon Marché] estamos a transgredir a tradição. Mas em vez de fechar o meio artístico, estes locais abrem os públicos para o meio artístico. A arte contemporânea, quanto mais vista, mais influência tem e mais altera as formas de pensar. Ora, vir a estes locais mais inusitados para a arte contemporânea é ampliar a sua intervenção na sociedade”, disse a artista portuguesa em entrevista à Lusa na capital francesa. A exposição de Joana Vasconcelos no Bon Marché é inaugurada oficialmente na quinta-feira e fica patente até dia 17 de Fevereiro, englobando uma das suas Valquírias com 30 metros que abrange a escadaria principal e os três andares deste armazém parisiense, assim como as suas montras que dão para algumas das ruas mais prestigiadas da margem esquerda do Sena. A valquíria, figura recorrente na obra da artista portuguesa, tem desta vez o nome de Simone, inspirada tanto na política e activista Simone Veil como na escritora e filósofa Simone de Beauvoir, mulheres que Joana Vasconcelos considera como “grandes personagens francesas”. “É a ideia que há mulheres que marcam a sua cultura e a transformam, trazendo uma nova perspectiva para a cultura onde se inserem. A ideia de transformação é o que me interessa, mulheres que no seu tempo transformaram através da sua perspectiva. É uma projecção da minha parte, era o que eu gostava de fazer no meu tempo”, explicou a artista. Desta vez, é uma valquíria inteiramente branca – inserida no tradicional mês do branco do Bon Marché que nos últimos quatro anos tem chamado alguns dos artistas mais prestigiados da arte contemporânea para expor no seu espaço – intercalando tricot, crochet e LED que envolve o percurso dos clientes desta loja francesa. “Há uma interacção de técnicas entre o ‘craft’ e as tecnologias, nós misturamos duas coisas que no mundo existem separadamente. Nós construímos coisas grandes com uma técnica que usa as mãos”, descreveu Joana Vasconcelos, revelando que este projecto demorou cerca de dois anos a ser concluído, teve o contributo de mais de 60 pessoas e que vieram cerca de dez pessoas do seu ateliê para a montagem na capital francesa – que está a decorrer desde o início do ano. Para Vasconcelos, é um regresso às suas origens. Nascida em Paris, onde viveu até aos quatro anos, e educada em Portugal, a artista admite que esta seria a segunda cidade, depois de Lisboa, onde poderia viver devido à relação que mantém a capital francesa a diversos níveis. “A minha relação com Paris é bastante íntima, pessoal e, ao mesmo tempo, profissional. Eu nasci aqui há 47 anos e todo este tempo depois estou a colocar aqui duas peças: uma que é o ‘Coração de Paris’, na Porta de Clignancourt, onde eu nasci e onde o meu coração começou a bater, e estou a vir ao Bon Marché, que é um local iconográfico da história francesa onde integro aqui uma dimensão do luxo, do social”, disse a artista portuguesa. O projecto do “Coração de Paris” foi escolhido pelos habitantes do 18.º bairro e pela Câmara Municipal, tendo inauguração prevista entre o fim de Janeiro e o início de Fevereiro. A artista não esquece as dificuldades passadas pelos pais na transição entre Portugal e França e considera “um privilégio” ter nascido e crescido em democracia. “Eu sou a primeira fornada a ser educada desde a primeira classe em democracia em Portugal e isso significa um privilégio grande e agora, com a minha idade, quem deu valor a essa democracia e ao país que temos, está em locais de destaque naquilo que faz. É na minha geração que se recoloca o país no mapa. Assim como os portugueses da diáspora também têm lugares importantes e olham para Portugal de outra maneira. É fruto dessa democracia”, resumiu a artista. Joana Vasconcelos inaugura, no dia 14 de Fevereiro, uma exposição em Serralves, no Porto, e nos meses seguintes vai ainda expor em Colónia, na Alemanha, Edimburgo, na Escócia, Roterdão, na Holanda e Madrid, em Espanha.