Turismo | Nelson Kot diz que preços altos afectam pernoitas em Macau 

[dropcap]N[/dropcap]elson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, defende que o Governo deve estabelecer um mecanismo de controlo dos preços dos quartos de hotel, como garantia de que não existe grande diferença de preços entre os feriados e os dias normais.

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) revelou, no “Estudo e análise sobre a optimização das actividades e produtos turísticos realizadas à noite”, que são pedidas mais actividades nocturnas no território para que os turistas possam permanecer por mais tempo. Contudo, Nelson Kot acredita que os preços dos hotéis são a maior influência no facto da maioria dos turistas não dormir mais do que uma noite no território.

O mesmo responsável alerta ainda para o incremento de actividades nocturnas poder afectar a vida dos moradores. Nesse sentido, a qualidade dos serviços turísticos deve ser melhorada, além de ser necessária maior razoabilidade de preços no que ao alojamento diz respeito, frisou Nelson Kot.

2 Jul 2019

Meteorologia | Sinal 1 de tempestade tropical emitido ontem à noite

[dropcap]O[/dropcap] sinal 1 de tempestade tropical foi emitido ontem à noite. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a razão para tal prende-se com o facto de “uma vasta área de baixa pressão sobre a parte norte do Mar do Sul da China se estar a desenvolver gradualmente, para uma depressão tropical” dirigida a Hainan.

O sinal 1 pode ser içado devido à “circulação externa deste sistema” que pode resultar em aguaceiros fortes e frequentes acompanhados de trovoadas. Entretanto, e devido a influência da maré astronómica, esperam-se cheias nas zonas baixas entre hoje e sábado. Até à hora do fecho da edição, os serviços adiantavam que a possibilidade de emitir sinal mais alto era baixa.

2 Jul 2019

Brasileiro trazia no corpo 1,3 milhões de patacas em cocaína

Um homem de 34 anos foi detido no Aeroporto Internacional de Macau, no sábado, com 408 gramas de cocaína escondidas no corpo. Pelo serviço de “mula” ia receber 30 mil patacas

 

[dropcap]U[/dropcap]m indivíduo de 34 anos, com o apelido Ramos, foi detido no Aeroporto Internacional de Macau quando transportava 408 gramas de cocaína, com um valor de mercado de mais de 1,3 milhões de patacas. A revelação foi feita ontem pela Polícia Judiciária (PJ), que relevou tratar-se da maior apreensão deste ano.

Segundo a informação citada pelo canal chinês da Rádio Macau, o homem tinha sido contratado no Brasil para o serviço e, caso fosse bem-sucedido, ia receber 30 mil patacas, pelo transporte dos 408 gramas. Segundo os dados fornecidos pela PJ, ao HM, e anteriormente reportados, entre Janeiro e o fim de Maio deste ano, tinham sido apreendidas 355 gramas de cocaína, pelo que esta apreensão sozinha, é superior ao apreendido em cinco meses.

No entanto, o que surpreendeu as autoridades foi o facto de o homem ter um trajecto pouco comum para este tipo de casos. De acordo com a PJ, normalmente as pessoas envolvidas neste tipo de tráfico vêm para Macau vindos da Tailândia. Contudo, o homem viajou primeiro para a Etiópia, de onde seguiu para Xangai. Foi depois de chegar à “capital financeira” chinesa que embarcou com destino a Macau, no sábado passado. Por este motivo, a PJ acredita que o destino final não seria a RAEM, mas apenas um dos vários pontos de passagem.

A investigação terá sido iniciada devido a uma denúncia anónima, que levou as autoridades a conduzir o homem a uma máquina de Raio-X, que indicou o transporte de objectos estranhos.

Durante o exame, as autoridades detectaram 34 cápsulas de plástico com droga no interior. Cerca de 30 das cápsulas estavam na roupa e meias e quatro dentro do corpo do homem.

À PJ o homem terá explicado que trazia todas as cápsulas dentro do corpo mas que ao longo da viagem, principalmente em Xangai, que se sentiu mal e acabou por expelir 30 cápsulas. Assim, apenas quatro cápsulas acabaram por permanecer no seu organismo e só foram expelidas já no território, depois de ter sido detido. Por outro lado, o sujeito admitiu que antes do transporte já tinha recebido 2 mil dólares americanos, o equivalente a cerca de 16 mil patacas.

De acordo com os dados da PJ até Maio, a cocaína era a droga mais apreendida com 355 gramas, no valor de 1,065 milhão de patacas. A droga que ocupava o segundo lugar do pódio em apreensões é a quetamina, com 72 gramas no valor de 72 mil patacas. A medalha de bronze foi para a metanfetamina, mais vulgarmente conhecida por ice, com 29 gramas apreendidas no valor de 88.200 patacas.

2 Jul 2019

Adjunto da ministra da Justiça de Portugal contratado para assessor jurídico da Assembleia Legislativa

[dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) vai contratar mais um funcionário português para a área da assessoria jurídica. A notícia avançada pelo jornal Plataforma dá conta da contratação de Manuel Magriço, adjunto de Francisca Van Dunem, ministra da Justiça de Portugal, após este ter recebido a autorização do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) português para obter licença especial de dois anos com vista a desempenhar funções de assessor jurídico na Assembleia Legislativa (AL).

Manuel Magriço foi procurador do Ministério Público em Portugal durante 14 anos e chega a Macau como o terceiro jurista português contratado pela AL este ano.

O jurista, de 44 anos, exerceu funções de procurador ao longo de 14 anos, antes de ser nomeado para o Gabinete de Francisca Van Dunem e publicou em 2014 um livro sobre “A exploração sexual de crianças no ciberespaço”, fruto da sua tese de mestrado «Competitive Intelligence», apresentada na Academia Militar.

Manuel Magriço esteve em Macau em Janeiro de 2016 para participar num workshop intitulado “TAIEX (Technical Assistance & Information Exchange Instrument) – Workshop de Especialistas em prevenção e combate ao Tráfico de Seres Humanos e Protecção às Vítimas”, na Escola Superior das Forças de Segurança de Macau.

Mais um

O magistrado torna-se assim no terceiro jurista português a ser contratado pela AL este ano, juntando-se a Maria José da Costa Morgado, juíza desembargadora, em funções desde Janeiro, e ao jurista Paulo Henriques que transitou dos Serviços de Administração e Função Pública de Macau para a Assembleia Legislativa no passado mês de Maio.

A entrada de três portugueses este ano para a equipa de assessoria jurídica acontece após a Mesa da AL ter decidido não renovar os contratos dos juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa que terminaram funções no final de 2018 ao fim de 26 anos e 17 anos, respectivamente, de trabalho no órgão legislativo. Paulo Taipa regressou a Portugal e foi nomeado adjunto da secretária de Estado Adjunta da Administração Interna, em Abril deste ano.

2 Jul 2019

Governo diz que há sete projectos de prevenção de cheias

[dropcap]C[/dropcap]heong Chui Ling, chefe de gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que actualmente estão em curso sete projectos de infra-estruturas de prevenção de cheias, seis deles coordenados pela Secretaria para os Transportes e Obras Públicas e um pelo Instituto de Assuntos Municipais (IAM).

A obra que está sob responsabilidade do IAM é a instalação de uma box-culvert da estação elevatória de águas pluviais do Porto Interior, cujo projecto foi iniciado em Fevereiro de 2019 e deve estar concluído em 2021.

Ella Lei pediu um calendário específico ao Governo, mas Cheong Chui Ling disse que não podem ser adiantadas datas sem ter a certeza dos detalhes dos vários projectos. O chefe de gabinete de Raimundo do Rosário deu mesmo como exemplo o projecto de requalificação dos estaleiros de Lai Chi Vun, que está dependente do processo de classificação de património cultural.

2 Jul 2019

Portugal tenciona abrir consulado honorário em Malaca

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado das Comunidades Portuguesas anunciou sábado à Lusa que o Governo português pretende abrir um consulado honorário em Malaca, onde existe um legado patrimonial e imaterial desde a chegada de Afonso de Albuquerque, em 1511.

“O senhor embaixador está a elaborar uma proposta que irá submeter ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (…) para criarmos aqui, em Malaca, um consulado honorário, disse à Lusa José Luís Carneiro, à margem da 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia.

O encontro juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.

“Depois de ser apreciado pelas autoridades portugueses [pretensão de abrir consulado honorário em Malaca] irá ser submetido às autoridades malaias”, explicou o responsável português, que esteve reunido na sexta-feira com o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Muhammad Shahrul Ikram Yaakob, em Kuala Lumpur.

“Tratar-se-á de um consulado honorário e naturalmente para que possa ser criado é necessário que haja condições físicas, materiais, para que possa funcionar como um consulado honorário”, revelou José Luís Carneiro, não apontando, contudo, uma possível data de abertura.

Acompanhado pelos artistas das comunidades de herança portuguesa da Indonésia, Malásia, Tailândia e Sri Lanka, que atuaram durante a conferência, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas assumiu o compromisso de ajudar estas comunidades através de apoio financeiro para actividades culturais e de preservação do legado deixado pelos portugueses, durante a época dos descobrimentos.

“Assumi o compromisso com a associação Coração de Malaca (e outras Organizações não-governamentais) em Malaca de os apoiar na elaboração de candidaturas para efeitos de financiamento por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (…) no apoio ao trabalho que aqui desenvolvem relativo à defesa e valorização da herança histórica que aqui une comunidades de toda esta região, desde a Indonésia, até Macau, Singapura, Tailândia e Malaca”, disse.

“Como se vê, são jovens que serão o futuro destas comunidades que aqui mostram a sua ligação a Portugal”, disse enquanto interagia com aqueles jovens luso-asiáticos.

O responsável português lembrou ainda o trabalho feito por dois portugueses em Malaca que querem identificar todo o património imaterial deixado por Portugal, desde o século XVI na cidade costeira da Malásia, onde ainda vive uma forte comunidade que diz ser portuguesa, e disse que o Governo os vai ajudar na candidatura à UNESCO, para que esta organização reconheça este património único.

Joana Bastos e Bruno Rego, dois bolseiros Fernão Mendes Pinto, um projecto de parceria entre a associação Coração de Malaca e o instituto Camões, disseram à Lusa que estão, desde que aterraram em Malaca, há cerca de três meses, a desenvolver um mapeamento cultural que vai abranger toda a comunidade luso-malaia com o objectivo de enviar estas informações à UNESCO

Por fim, o Secretário das Comunidades Portugueses anunciou ainda que para o ano, durante as celebrações do São Pedro em Malaca, o grupo vencedor das marchas de Santo António em Lisboa irá participar nas festividades da cidade outrora conquistada pelos portugueses.

As festividades do São Pedro arrancaram na sexta-feira em Malaca e terminaram este domingo.
A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509, quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

1 Jul 2019

Relações luso-chinesas entre 1644 e 1911 tema de curso na Fundação Oriente em Macau

[dropcap]A[/dropcap]s relações entre Portugal e a China entre 1644 e 1911 vão estar em foco num curso, na próxima semana, que vai realizar-se na delegação de Macau da Fundação Oriente.

“Dois Impérios, Cinco Tempos”, ministrado por Jorge Santos Alves, vai analisar as relações luso-chinesas, durante as duas últimas dinastias imperiais, a de Bragança em Portugal, e a Qing na China, em articulação com a evolução histórica de Macau, porto entre os dois impérios e com a história geral da Ásia oriental na transição para o período colonial, de acordo com um comunicado da delegação de Macau da Fundação Oriente.

“A compreensão desse quadro geral será repartida em Cinco Tempos, que correspondem a outros tantos processos históricos, alguns dos quais com forte ligação à época contemporânea”, indicou.

Este curso de formação avançada terá quatro sessões de duas horas, que vão decorrer entre 8 e 12 de Julho, na Casa Garden, em Macau. Jorge Santos Alves é professor auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas e Coordenador do Instituto de Estudos Asiáticos, da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Além de investigador sénior do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (FCH-UCP), Jorge Santos Alves dirige a Revista Oriente, da Fundação Oriente. Foi professor convidado da Universidade de Macau (2006-2010), onde tinha ensinado a título permanente entre 1990 e 1996.

1 Jul 2019

Manifestantes investem contra a entrada do Conselho Legislativo de Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong travou hoje, usando gás pimenta, manifestantes que investiram contra o edifício do Conselho Legislativo, quando decorre a marcha anual pela democracia no 22.º aniversário do regresso do território à China.

De acordo com a imprensa local, os manifestantes conseguiram quebrar algumas portas de vidro do edifício, enquanto a polícia de choque tentava dispersar a multidão com gás pimenta.
Devido aos confrontos, a organização Civil Human Rights Front [Frente Civil de Direitos Humanos] já indicou que a marcha não vai terminar no Conselho Legislativo, como estava previsto, mas num local próximo.

Milhares de pessoas estão concentradas nas ruas da região administrativa especial chinesa para a marcha anual em prol da democracia, que este ano é também uma marcha contra as controversas emendas à lei de extradição, que permitiria extradições para a China continental.

Esta manhã, pouco antes da tradicional cerimónia do hastear das bandeiras da China e de Hong Kong, a polícia carregou sobre grupos de manifestantes, sobretudo jovens, que tentavam bloquear algumas das principais artérias da cidade.

1 Jul 2019

A grande dama do chá

Por Fernando Sobral

 

[dropcap]A[/dropcap] porta não tinha número. Só uma luz fosca, que vinha do interior de uma lanterna vermelha que se agitava ao sabor da brisa nocturna, deixava entender que ali havia uma casa comercial. Daqueles muito comuns na Rua da Felicidade, onde os donos nem vendiam nem compravam produtos. Eram fachadas para o jogo e para o consumo de ópio que se fazia no interior, algo que não inquietava ninguém, nem mesmo as autoridades policiais. Cada um vivia no seu mundo, como sempre acontecia em Macau. Cada casa daquelas escondia segredos muito próprios, tal como as pessoas que ali entravam. Quando Du Yuesheng entrou naquele local anónimo pediu aos seus guarda-costas para ficarem à porta. Nada o espantava, nem o fumo intoxicante, nem as luzes difusas, nem as prostitutas de olhar cansado que circulavam no interior em busca de clientes, nem os homens que, concentrados no jogo do fan-tan, não olhavam para quem entrava. Sabia que, mais escondidos, estavam os salões de ópio e os divãs onde alguns homens procuravam um pouco de amor e sexo. Até ali havia alguma discrição. Era um local para os mais pobres e marinheiros que não conseguiam entrar nos melhores bordéis e casas de jogo da rua de todas as perdições. Du caminhou calmamente em busca do seu objectivo. Tossiu, ao sentit o cheiro misturado do tabaco e do ópio de pouca qualidade. Num canto, com pouca luz, viu-o. Estava sozinho, com cartas na mão. Olhava para as que estavam sobre a mesa e para as que tinha entre os dedos. Jogava poker consigo próprio. Tinha um espelho na mesa, para onde olhava fixamente de vez em quando. Estudava a postura da sua cara, treinando uma das componentes principais do poker, o bluff. Algo que muitos diziam que era errado e imoral. Mas, que, de facto, era admirado como forma de sucesso.

Luc LeFranc estava assim, concentrado ou, pelo menos, abstraído de tudo o que o cercava. Du aproximou-se e ficou perto dele. Depois sentou-se à sua frente. Nem assim Luc desviou os olhos das cartas. O seu ar era um pouco oriental, o que era natural num filho de uma chinesa e de um francês. Conhecedor da língua chinesa, e também do francês, singrara rapidamente na polícia do quarteirão francês de Xangai. Fora lá que se tinham conhecido. Luc era conhecido pela sua razoável honestidade, algo que também era importante num mundo onde todos pareciam ser corruptos ou desejosos de o ser. Du devia-lhe algo. Era uma época sangrenta, sem muitas regras.

Nessa altura o chefe dos serviços secretos de Chiang Kai-shek, Dai Li, matava todos os suspeitos de serem comunistas em Xangai. E estes retaliavam como podiam. Du alinhava com Dai Li, e o seu Bando Verde era conhecido pela sua ferocidade. Quando tentaram raptar uma das amantes de Du, na Rue Lafayette, Luc vira e anotara a matrícula do carro que a levava. Fizera com que ela chegasse a Du. E este enviara os seus fiéis em busca dos raptores, que tinham sido mortos com uma violência inimaginável. Du agradecera-lhe, mas talvez cansado de tudo o que acontecia por esses dias, Luc LeFranc fugira de Xangai e refugiara-se em Macau. Ou talvez tivesse seguido uma mulher. Nunca se soube. Du, que não esquecia certos gestos, protegera-o discretamente de todos os que tinham contas a ajustar com LeFranc. Escondera o facto de ele viver em Macau e ganhar a vida a jogar. Mas sabia o que ele fazia. E viera ter com ele. Porque Luc LeFranc tinha olhos e ouvidos em todo o lado. Quem quisesse ganhar a guerra da informação em Macau tinha de contar com ele. Ao fim de algum tempo, Luc levantou os olhos das cartas, sorriu, e disse:

– O que o traz a Macau, senhor Yuesheng?
– Podes tratar-me por Du. Sempre o fizeste em Xangai.

Fez uma pausa antes de prosseguir:

– Não sabes porque estou aqui?

O olhar de Luc enfrentou o de Du. Continuava igual, irónico e mordaz, tal como o gangster o tinha conhecido em Xangai.

– Eu sei que és perseguido, mas não é isso que te traz aqui. Não estás com medo. Que queres saber, Du?

– Como está a correr a tua vida pacata.
– Só isso? É pouco. Não te incomodarias em vir até este sítio sebento só para saberes isso.
– É verdade. Não vale a pena mentir-te. Jin Shixin. Lembras-te dela, de Xangai? Como se tem comportado ela?
– Não é isso que queres saber. Queres saber quem ó o português, não é?

Du olhou à volta, para aquele ambiente escuro e encardido. Um dos que não era frequentado por ocidentais. Ali dentro só estavam chineses e Luc. Mesmo assim não era completamente seguro. Poderia haver comunistas ou agentes japoneses. Mas estava mais tranquilo. Lera no “South China Morning Post” uma notícia sobre ele que o deixara confiante. Dizia que tinha sido avistado em Hong Kong. Era bom que os seus inimigos e os japoneses acreditassem. Assim estava mais seguro em Macau. Voltou a olhar à volta, por precaução. Todos estavam com atenção ao jogo e não a eles. Luc deu uma gargalhada.

– Não te preocupes, Du. Todos eles estão aqui pelo fan-tan e pelas mulheres. Ninguém sabe quem tu és.

Du Yuesheng olhou para as cartas que estavam em cima da mesa.

– Continuas a jogar, Luc?
– Todos temos as nossas maneiras de ganhar a vida. Eu tenho o jogo. Chega-me para viver feliz. O Du tinha poder. Mas, já viu, o que é o poder?

Os olhos de Luc pareciam imersos numa abstracção sombria, olhavam para as cartas num jogo solitário. Vinha para ali abstrair-se antes de sair para ir jogar, e ganhar, nos hotéis e salas de jogo frequentados por ocidentais.

– Já não tenho tempo para sentimentos, Du. Tenho relações comerciais.

Luc falava pouco. Sabia o perigo que era, nesses dias, dizer o que se pensava ou se sabia. Agora todos se abstinham de confidências junto das pessoas que tinham conhecido pouco antes, pois num bar de hotel todos poderiam estar a soldo de alguém ou de um serviço secreto. Macau já estava cheio deles. Todos desconfiavam de todos. Du percebeu:

– Aqui até a lealdade tem um preço, não é verdade, Luc?
– Sim, é isso. Por isso é que este lugar é seguro. Aqui só vêm os que pouco têm. Por isso neste local imundo ouve-se o que mais ninguém escuta. Que desejas afinal?
– Informações. Saber o que todos fazem em Macau.
– É possível. E em troca?
– Tenho uma informação que te interessa.
– Não sabes nada que me interesse, Du. Tudo o que sabes, eu sei. Tal como acontecia em Xangai, mas ao contrário. Aí tu é que sabias tudo. Mas serás informado. Sobre os japoneses. Sobre os negócios.

Du sorriu. Luc aprendera o valor da informação. Perguntou-lhe:

– Não tens medo de perder todo o teu dinheiro ao jogo?
– Não, Du. Nunca perderei ao jogo porque não tenho nada a perder.

1 Jul 2019

Trump é o primeiro Presidente americano a entrar na Coreia do Norte

Donald Trump tornou-se ontem no primeiro Presidente dos Estados Unidos a entrar em solo da Coreia do Norte, depois de cumprimentar o líder norte-coreano, Kim Jong-un

 

[dropcap]E[/dropcap]ste foi o terceiro encontro entre os presidentes dos dois países, depois da cimeira histórica de Singapura em Junho de 2018 e o encontro de Hanói em Fevereiro passado. “É um grande dia para o mundo”, disse Donald Trump depois de ter cumprimentado Kim Jong-un, cerca das 15:50 locais (14:50 em Macau). O Presidente norte-coreano afirmou que espera “ultrapassar as barreiras” graças às ligações com Donald Trump.

O encontro não será suficiente para solucionar o delicado ‘dossier’ nuclear norte-coreano, mas é simbólico para os dois países, que antes se ameaçavam de aniquilação mutuamente.

Este encontro, que ocorreu na vila de Panmunjon, onde foi assinado o armistício (entre as duas coreias) de 1953, “significa que queremos pôr termo a um passado infeliz e tentar criar um novo futuro”, afirmou ainda o Presidente norte-americano antes de uma reunião privada com o homólogo norte-coreano.

Donald Trump disse ainda que vai convidar o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a visitar Washington “no momento certo”. “Vou convidá-lo agora mesmo à Casa Branca”, afirmou Trump, depois de se encontrar com Kim na fronteira entre as coreias e momentos antes de ambos iniciarem uma reunião privada junto da linha divisória e da zona desmilitarizada (DMZ).

O Presidente dos Estados Unidos afirmou também que os dois países vão iniciar reuniões de trabalho “nas próximas três semanas” sobre o processo de desnuclearização. “O que vai acontecer é que nas próximas duas ou três semanas as equipas vão começar a trabalhar”, disse Trump, depois de concluir o encontro à porta fechada com Kim Jong-un, na fronteira entre as Coreias e que durou cerca de 50 minutos.

Apesar deste passo, o Presidente norte-americano disse que as actuais sanções à Coreia do Norte vão continuar em vigor.

Comitiva familiar

Antes de deixar solo sul-coreano, Donald Trump disparou as habituais críticas à Administração Obama e contra os meios de comunicação social, enquanto o Presidente Moon Jae-in se manteve em silêncio. O Presidente norte-americano agradeceu a Kim Jong-un a gentileza de o ter salvo das críticas dos jornalistas presentes e categorizou as relações com Pyongyang com a Administração Obama como “desastrosas”.

Porém, o alvo preferencial de Trump antes de entrar na zona desmilitarizada foram os jornalistas. “Se ele decidisse não aparecer, vocês iriam atacar-me fortemente. Quero agradecer-lhe [a Kim Jong-un] por ter sido tão rápido em proporcionar este encontro. Movemos montanhas”, disse Trump, antes de entrar na zona desmilitarizada.

Entre a comitiva norte-americana estiveram Ivanka Trump e o seu marido Jared Kushner. Assim que o casal saiu de uma das casas que estão ao longo da linha de demarcação, uma jornalista da Bloomberg perguntou à filha do Presidente norte-americano como tinha sido entrar na Coreia do Norte. “Surreal” foi a resposta de Ivanka Trump.

1 Jul 2019

Cimeira do G20 termina com apoio ao comércio livre e crescimento económico

[dropcap]O[/dropcap]s países do G20 concluíram no sábado a cimeira daquele grupo com uma declaração de apoio “aos fundamentos do livre comércio” e ao “crescimento económico”, com as tensões globais como pano de fundo, segundo o Japão, que recebeu a reunião.

Os líderes do G20 “concordaram na sua determinação em favorecer o crescimento económico” e mostraram “ansiedade e descontentamento no contexto da globalização” e pelo “sistema comercial global”, afirmou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, numa conferência de imprensa no final da reunião de dois dias. O grupo “foi capaz de reafirmar os fundamentos do livre comércio”, segundo Abe, que sublinhou em particular o apoio do G20 a “alcançar mercados abertos, livres e não discriminatórios” e “um terreno de jogo justo”.

“É difícil encontrar uma solução para tantos desafios globais de uma só vez, mas conseguimos mostrar uma vontade comum em muitas áreas”, afirmou o primeiro-ministro nipónico.

Os mandatários também reconheceram os “claros riscos da desaceleração da economia global”, segundo Abe, adiantando que os países do G20 “estiveram de acordo na sua determinação em favorecer o crescimento económico” e “reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC)”.

O comunicado final acordado pelos líderes do G20 sublinha “a intensificação das tensões geopolíticas e comerciais”, mas no texto não se inclui qualquer menção ao auge do proteccionismo, no actual contexto de conflitos comerciais entre os Estados unidos e a China e outros países.

“O crescimento global parece estar a estabilizar-se, e em geral espera-se um crescimento moderado mais à frente este ano e em 2020”, sublinha a declaração conjunta do G20, que também se compromete a “enfrentar os riscos” derivados das tensões anteriormente mencionadas e a “empreender mais acções” se for necessário.

Entretanto, 19 dos 20 membros do G20 – sem os Estados Unidos – reafirmaram em Osaka o compromisso da “implementação completa” do acordo assinado em 2015 em Paris sobre a luta contra o aquecimento global. Os signatários concordam na “irreversibilidade” deste acordo, numa declaração final redigida em termos similares aos publicados no final do G20 no ano passado mas obtido com dificuldade devido à oposição de Washington.

1 Jul 2019

Hong Kong | HRW quer confrontos entre polícia e manifestantes investigados

A Human Rights Watch defendeu que Hong Kong crie de imediato uma comissão independente para investigar o alegado uso excessivo de força pela polícia a 12 de Junho, quando confrontos com manifestantes causaram pelo menos 80 feridos

 

[dropcap]E[/dropcap]mbora a polícia tenha a responsabilidade de fornecer segurança pública, tem de obedecer a critérios de direitos humanos no uso da força”, afirmou a directora para a China da organização Human Rights Watch (HRW), Sophie Richardson. “O uso bem documentado pela polícia de Hong Kong de força excessiva contra manifestantes pacíficos exige urgentemente uma investigação totalmente independente”, considerou, numa carta enviada na sexta-feira à chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam.

No dia 12 de Junho passado, milhares de manifestantes reuniram-se junto ao Conselho Legislativo de Hong Kong para protestar contra a lei da extradição, formando barricadas para impedir qualquer acção policial.

Junto ao parlamento, os manifestantes – a maioria dos quais com máscaras ou lenços a cobrir a quase totalidade da cara – gritavam palavras de ordem como “Não à China!” e “Precisamos de democracia!”. O protesto visou pressionar o Governo a recuar na intenção de avançar com alterações à lei da extradição, que permitiriam a extradição de suspeitos para países que não têm acordo com Hong Kong, como é o caso da China continental.

A polícia de Hong Kong acabou por carregar sobre os manifestantes, numa das zonas de acesso ao Conselho Legislativo local, lançou também gás pimenta para obrigar os manifestantes a dispersar. À carga policial, os manifestantes tentaram travar o avanço da polícia com grades, mas a esmagadora maioria colocou as mãos no ar. Outros começaram a distribuir máscaras de protecção contra o gás pimenta.

Reputação em jogo

O Governo de Hong Kong opôs-se a pedidos públicos para uma investigação completa sobre a resposta da polícia ao protesto que, segundo o Hospital de Hong Kong, provocou 81 feridos. “A reputação das autoridades de Hong Kong está em jogo, não apenas por promover uma legislação profundamente impopular, mas também pelo tratamento dado aos manifestantes”, alertou Sophie Richardson. “Criar uma comissão independente de inquérito – que defenda as obrigações de direitos humanos de Hong Kong – pode ajudar a restaurar alguma credibilidade”, concluiu.

1 Jul 2019

Guerra comercial sem impacto nas licenças de jogo, diz cônsul dos EUA

[dropcap]A[/dropcap] guerra comercial que se vive entre os Estados Unidos da América e a China não terá impacto na indústria do jogo de Macau, não comprometendo a atribuição de licenças em 2022. A ideia foi defendida pelo cônsul-geral dos Estados Unidos para Hong Kong e Macau, Kurt Tong, à Rádio Macau.

“A minha expectativa é a de que as pessoas que vão tomar as decisões em 2022 o façam com base unicamente nos investimentos que poderão ser feitos. O que quero dizer é que espero que o processo seja transparente”, disse me entrevista à mesma fonte.

A certeza advém das “garantias de toda a gente em Macau de que o processo vai ser justo e transparente”. Neste sentido, “quem procura fazer negócios aqui vai tomar a sua decisão com base no retorno que esperam obter dos investimentos e as pessoas que vão atribuir as licenças vão olhar para o desempenho passado, perspectivas futuras e tomar decisões racionais”, acrescentou. Como tal, Kurt Tong considera que “o processo não vai, de todo, ser afectado pelas negociações entre Washington e Pequim”.

O diplomata reconhece que Pequim tem uma palavra a dizer, mas insiste que o que importa é que o processo seja transparente. “O Governo Central tem um interesse legítimo na forma como Macau se desenvolve e certamente vai interessar-se pelo assunto, mas espero que tudo seja feito de forma transparente e que esteja focado, em primeiro lugar, no desenvolvimento da indústria e da economia”, referiu. Kurt Tong está de saída, deixando o cargo de cônsul-geral dos Estados Unidos para Hong Kong e Macau ao fim de três anos.

1 Jul 2019

Saúde | Centro médico fecha devido a suspeita de irregularidades

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde suspenderam a actividade de um centro médico situado no NAPE por um período de 30 dias. Em causa está a suspeita de prática ilegal de actos médicos, administração de medicamentos não autorizada e ampliação de estruturas não licenciadas, apontam em os serviços em comunicado.

A medida foi tomada após inspecção, realizada na passada quinta-feira, em que foi detectado um “stock de medicamentos suspeitos de importação ilegal, incluindo injecção de timosina, injecção de placenta, injecção de hormonas de crescimento, injecção de andrógeno e 93 doses de injecção de glutationa “somente para uso hospitalar”, assim como dois tipos de vacinas (dez vacinas contra o pneumococo e cinco vacinas contra o cancro do colo do útero)”, apontam os SS.

Os trabalhadores do centro também alegaram que médicos não registados em Macau têm prestado serviços de diagnóstico e prescrição de medicamentos a pacientes que ali vão diariamente.

Por outro lado, os compartimentos do centro médico também não estavam em conformidade com o projecto aprovado, nomeadamente no que diz respeito a “uma expansão significativa do local para outra fracção autónoma”.

1 Jul 2019

Fórum Macau | Xu Yingzhen reconhece que organismo precisa de mais projecção

O Fórum Macau precisa de projecção. Quem o diz é a secretária-geral, Xu Yingzhen, que admite que só assim poderá servir melhor as relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. Entretanto, o mais recente país a entrar no Fórum Macau, São Tomé e Príncipe, é anfitrião de mais um encontro do organismo

 

[dropcap]A[/dropcap] secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, reconheceu, em entrevista à Lusa, a necessidade de maior projecção e melhores canais de informação para “servir melhor” as relações comerciais entre a China e os países lusófonos.

Apesar de sublinhar os esforços feitos nos últimos anos, Yingzhen disse que o Fórum, criado em 2003, ainda “precisa de chegar a mais pessoas” para “servir melhor a cooperação e implementar mais resultados” concretos. “Através de vários canais de divulgação, podemos dar maior conhecimento ao mundo exterior deste Fórum de Macau”, reconheceu a secretária-geral, sublinhando que as crescentes deslocações às províncias do interior da China têm sido promovidas com esse objectivo.

Encontro especial

Entretanto, o encontro empresarial que se vai realizar a 8 e 9 de Julho em São Tomé e Príncipe – o último país a aderir ao Fórum Macau, em 2017, meses depois de cortar relações diplomáticas com Taiwan – é, na sua opinião, uma oportunidade para aumentar a eficácia do Fórum. “Acho que podemos, através destes encontros, nomeadamente este primeiro encontro que se vai realizar em São Tomé, promover um maior conhecimento entre as empresas da China e os países de língua portuguesa”, disse.

Sem adiantar muitos detalhes sobre o 14.º Encontro Empresarial China-Países de Língua Portuguesa, o primeiro realizado naquele país africano, Yingzhen enalteceu “a importância” do evento. “É um país que aderiu um bocadinho tarde ao Fórum Macau, por isso a realização deste encontro empresarial chama muito à atenção. O secretariado permanente dá enorme atenção e importância a este encontro”, afirmou.

Participam neste 14.º Encontro Empresarial delegações de empresários dos países lusófonos, instituições públicas de promoção de comércio e de investimento e ainda empresários de municípios e províncias do interior da China, adiantou Xu Yingzhen.

Já sobre a possível adesão da Guiné Equatorial, Xu Yingzhen não afastou a hipótese. “O nosso fórum é uma plataforma aberta, se a Guiné Equatorial quiser aderir pode apresentar um pedido de adesão”, disse, escusando-se a debater o assunto.

De olho na Baía

Para Xu Yingzhen, outra grande oportunidade de promoção do Fórum surge com a Grande Baía, o projecto de Pequim para criar uma metrópole a nível mundial, que junta as regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong e nove cidades chinesas da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai). “Nas linhas gerais do planeamento para a Grande Baía, consta claramente o posicionamento de Macau enquanto plataforma de serviços”, o que obriga o Fórum a “envidar mais esforços para desempenhar o papel do Governo” neste projecto, acrescentou.

O projecto de Pequim prevê igualmente a construção de um corredor tecnológico e “Macau pode desempenhar um papel importante neste aspecto, nomeadamente na área da medicina tradicional chinesa”, elencou.

A estratégia de promover a medicina tradicional chinesa nos países lusófonos, utilizando Portugal como porta de entrada para a Europa, e Angola e Moçambique para África, é encarada como um dos eixos centrais de actuação para 2019 pelas autoridades de Macau.

“Na conjuntura do desenvolvimento da Grande Baía, Macau pode desempenhar um papel mais importante” enquanto plataforma, assumiu.

Bendita peste

A secretária-geral do Fórum Macau considerou ainda que a crise de peste suína na China pode beneficiar a produção agropecuária brasileira, reforçando as relações comerciais entre os dois países.

“A peste suína aumentou a necessidade de importação, o que pressupõe oportunidades alargadas para os países exportadores de carne de porco, como o Brasil”, disse Xu Yingzhen.

As importações de carne suína da China dispararam em Maio, numa altura em que o gigante asiático está a ser afectado por uma peste suína que está a ter efeitos inflacionários a nível mundial. “A expectativa é grande, até porque temos observado que a relação entre a China e o Brasil está num caminho de crescimento constante”, destacou Xu Yingzhen.

As exportações do Brasil parecem beneficiar também das tensões diplomáticas com o Canadá: Pequim bloqueou recentemente o mercado a três exportadores canadianos, numa altura de tensões com Otava devido à detenção de uma executiva da Huawei.

Questionada sobre a área em que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) mais intervém na relação entre os dois países, Xu Yingzhen não hesitou a apontar o empreendedorismo. “No futuro, achamos que a cooperação entre a China e o Brasil vai focar-se no âmbito do empreendedorismo e da inovação entre jovens empresários”, afirmou.

1 Jul 2019

Semanário Plataforma lança três novas marcas em dia de aniversário

[dropcap]O[/dropcap] semanário Plataforma de Macau vai lançar três novos projectos, quando cumpre cinco anos, que assinala hoje e sábado com uma conferência, disse ontem à Lusa o administrador.

As três novas marcas – Plataforma Grande Baía, Plataforma Azul e Plataforma de Sabores – são lançadas numa altura em que o projecto pretende multiplicar parcerias e estar presente em cada vez mais territórios, explicou Paulo Rego.

“Esta conferência assinala o crescimento para a produção de eventos, conjugando-se com o crescimento da diversificação da marca”, que tem reforçado a produção digital e multimédia, disse.

Sobre a Plataforma Grande Baía – que entretanto já tem um suplemento quinzenal – Paulo Rego adiantou que o objectivo é fazer ‘roadshows’ e conferências em Macau, no espaço lusófono e na região da Grande Baía, que Pequim quer transformar numa metrópole mundial. “Não é possível hoje pensar em Macau do ponto de vista da comunicação, do ponto de vista do desenvolvimento de modelos económicos e do ponto de vista do ‘network’, sem olhar para a Grande Baía”, o “centro do desenvolvimento de Macau neste momento”, sustentou.

Por outro lado, a Plataforma Azul traduz a “extensão do projecto para a sua responsabilidade social”, debatendo a sustentabilidade, as novas oportunidades de negócio e a “questão de a lusofonia ser também ela uma rota marítima”.

E porque, no seu entender, a promoção de relações económicas, comerciais e políticas “tem de ter substrato cultural”, a Plataforma de Sabores nasce para “abordar o eixo das trocas culturais a partir da gastronomia”, indicou. “Macau tem uma culinária muito particular, a gastronomia macaense é Património Imaterial da Humanidade, a portuguesa é famosa no mundo inteiro, a brasileira, angolana, a moçambicana…”, sustentou o responsável.

28 Jun 2019

Macau multado pela FIFA e fora da qualificação para o Mundial 2022

[dropcap]M[/dropcap]acau foi ontem multado pelo Comité Disciplinar da FIFA em cerca de nove mil euros, por falhar o jogo da segunda mão da qualificação asiática para o Mundial 2022, agendado para 11 de Junho. A FIFA atribuiu uma derrota a Macau por 3 – 0, no jogo agendado para Colombo, referente à segunda mão da primeira pré-eliminatória do apuramento asiático, e multou a federação de Macau.

Na nota ontem publicada na sua página oficial, o Comité Disciplinar da FIFA considera a Federação de Futebol de Macau responsável pela quebra dos artigos 5 e 56 dos regulamentos. O artigo 5 dos regulamentos para Mundiais diz respeito a desistências, jogos não realizados ou abandonados, e o 56 aplica-se ao regulamento disciplinar em jogos não disputados ou abandonados.

A situação teve ainda como consequência o apuramento do Sri Lanka, e quando Macau tinha vencido a primeira mão por 1-0, para a fase seguinte na qualificação asiática.

Na última quinta-feira, em 20 de Junho, o deputado Sulu Sou pediu à FIFA, em carta enviada ao presidente Gianni Infantino, o reagendamento do segundo jogo.

Também Nicholas Torrão, capitão da selecção de Macau, escreveu uma carta aberta à FIFA, entidade internacional responsável pelo futebol, a apelar a um novo agendamento da segunda mão frente ao Sri Lanka. A carta está assinada em nome individual e refere que os jogadores “ficaram totalmente devastados” com o cancelamento da segunda mão da eliminatória.

“Nós, os jogadores, ficamos totalmente devastados com o cancelamento do jogo da segunda mão frente ao Sri Lanka, que seria jogado no terreno deles, devido à Associação de Futebol de Macau se ter recusado a viajar”, pode ler-se no documento.

A falta de comparência da selecção de Macau em Colombo aconteceu depois de a Associação de Futebol de Macau (AFM) ter bloqueado a viagem dos jogadores à capital do Sri Lanka, alegando “razões de segurança”.

A decisão da AFM foi conhecida no dia 8 e reiterada no dia 9 de Junho, apesar da desilusão generalizada dos jogadores, que chegaram a assumir total responsabilidade pela própria segurança na deslocação ao Sri Lanka.

28 Jun 2019

G20 | Holofotes apontados a Trump e Xi no 1.º aniversário da guerra comercial

O encontro bilateral entre os líderes da China e Estados Unidos marcará a cimeira do G20, numa altura em que se cumpre um ano desde o início de disputas comerciais que ameaçam a economia mundial

 

[dropcap]X[/dropcap]i Jinping e Donald Trump vão reunir em Osaka, no Japão, para tentar pôr fim à guerra comercial, num momento de impasse, após as negociações terem sido subitamente interrompidas, em Maio passado, quando após 11 rondas de diálogo o Presidente norte-americano subiu as taxas sobre cerca de 200.000 milhões de produtos importados da China.

Washington acusou então Pequim de retroceder em compromissos anteriormente alcançados, enquanto a China acusou a delegação norte-americana de não respeitar a soberania e a dignidade do país e de fazer exigências inaceitáveis.

Desde o Verão passado, os Governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro.

Esta semana, o vice-ministro do Comércio chinês, Wang Shouwen, recordou que a China exige “respeito mútuo” e pelas regras da Organização Mundial do Comércio, nas negociações com Washington. “O compromisso deve ser dos dois lados”, realçou.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, garantiu que um acordo comercial entre a China e os Estados Unidos está “90 por cento concluído”. “A mensagem que queremos ouvir é que eles querem voltar à mesa e continuar a negociar, porque acho que há um bom resultado para a economia chinesa e a economia dos EUA, com um comércio equilibrado e a continuar a construir esse relacionamento”, afirmou, citado pela imprensa norte-americana.

Conquistar o futuro

Em causa estão os planos de Pequim para o sector tecnológico, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Washington impôs já taxas alfandegárias de 25 por cento sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China e ameaça taxar mais 300 mil milhões.

Trump colocou ainda a gigante chinesa das telecomunicações Huawei na “lista negra”, que restringe as empresas dos EUA de fornecer ‘chips’, semicondutores, ‘software’ e outros componentes, sem a aprovação do Governo. Pequim ameaçou suspender a exportação para os EUA de terras raras, os minerais essenciais para o fabrico de produtos electrónicos.

Para durar

Analistas prevêem que, apesar da possibilidade de um acordo, a rivalidade entre a China e os Estados Unidos será duradoura, numa altura em que Xi legitima o seu novo estatuto como Presidente vitalício com a projecção do país além-fronteiras.

Xi anunciou já o início de uma “nova era” e reforçou o poder interno ao abolir o limite de mandatos para o seu cargo, com o objectivo final de firmar a posição da China como grande potência, até meados deste século.

Washington passou a considerar o país asiático como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que ameaça bipolarizar o cenário internacional.

Yu Yongding, economista-chefe da Academia Chinesa de Ciências Sociais, uma influente unidade de investigação próxima do Governo chinês, lembrou ontem que a rivalidade terminará apenas quando um novo equilíbrio for alcançado. “Eu talvez não veja o dia [em que essa rivalidade termine], pois já tenho 70 anos”, afirmou Yu, citado pela imprensa chinesa.

À guerra comercial poderá seguir-se uma “guerra de investimentos”, uma “guerra financeira” ou uma “guerra cambial”, e até mesmo “medidas de guerra quase quente”, como embargo de petróleo e o congelamento de activos chineses, previu Yu.

A marinha norte-americana tem reforçado as patrulhas no Mar do Sul da China, reclamado quase na totalidade por Pequim, apesar dos protestos dos países vizinhos, enquanto Washington tem reforçado os laços com Taiwan, que se assume como uma entidade política soberana, contra a vontade de Pequim, que ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência.

Referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns entre funcionários chineses e norte-americanos. “Podemos certamente pensar em várias frentes de batalha: no comércio, informática, defesa (Mar do Sul da China) ou tecnologia (5G). Mas isto é uma guerra entre uma superpotência mundial em declínio (os EUA) e uma em ascensão (a China)”, considerou Timothy Ash, estrategista na BlueBay, empresa gestora de activos.

28 Jun 2019

Panda Bonds | Portugal paga 0,62% após cobertura de risco cambial

O ministro das Finanças português afirmou que a taxa da emissão de dívida em moeda chinesa, as ‘Panda Bonds’, que Portugal realizou em 30 de Maio, é de 0,62 por cento a três anos após aplicada a cobertura de risco

 

[dropcap]A[/dropcap] taxa equivalente, e depois de devidamente protegida com ‘swaps’ do risco cambial, é de 0,62 por cento a três anos, o que compara mal com a taxa a que a República se financia a três anos, é verdade”, afirmou na quarta-feira Mário Centeno, sobre a emissão de ‘Panda Bonds’ de Portugal, ao falar na audição regimental da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) no parlamento.

Em 30 de Maio, Portugal colocou dois mil milhões de renmimbi em ‘Panda Bonds’ a três anos, naquela que foi a primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

Segundo um comunicado divulgado no ‘site’ do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, a procura dos investidores pelos títulos “foi forte”, 3,165 vezes o montante colocado, tendo permitido rever em baixa a taxa de juro para 4,09 por cento.

O ministro das Finanças admitiu, no parlamento, que os 0,62 por cento correspondem a “um esforço muito grande da República Portuguesa”, sublinhando que “o prémio que está a ser pago é exactamente” aquele, “para diversificar as suas fontes de financiamento”. Mário Centeno admitiu que “se calhar [a decisão] é hoje mais questionável do ponto de vista estritamente financeiro do que quando foi tomada”, porque se trata de “um processo muito longo” e actualmente as taxas dos títulos de dívida de Portugal estão muito mais baixas no mercado.

O ministro referiu também que a operação foi “pequena do ponto de vista da dimensão”, mas foi “um sinal muito positivo da necessidade de diversificar os custos de financiamento”.

Cobrir riscos

Em declarações à Lusa, Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros, explicou que, “a taxa relevante da operação são os 0,62 por cento porque analisando os ‘cash-flows’ finais em euros, entre entradas e saídas, Portugal irá pagar o equivalente a 0,62 por cento em euros”.

O economista adiantou que, “de uma forma sensata e como faz normalmente nos casos em que incorre em risco cambial, o IGCP recorreu a instrumentos derivados de cobertura de risco”, que reflectem o diferencial de taxas de juro entre o euro e o yuan de uma forma inversa à da tomada do financiamento. “De facto, Portugal paga uma taxa de juro mais alta na emissão em yuan, mas é beneficiado ao cobrir o risco cambial da operação, mitigando a maior parte dessa diferença.

Portanto, a cobertura cambial compensou grande parte do diferencial de taxas de juro entre as duas moedas, o que acontece pelas tecnicidades do processo de cobertura”, adiantou Filipe Garcia.

Dito de outra forma, segundo o economista, “ao cobrir o risco, o IGCP também faz baixar a taxa de juro ‘implícita’ final a pagar”.

Filipe Garcia admitiu também, à Lusa, que o custo final em euros foi mais alto do que um financiamento que fosse realizado nos mercados mais habituais. “Mas parece-me que a operação teve objectivos de cariz político e simbólico, deixando o ângulo financeiro para um segundo plano, até pelo montante da emissão”, frisou, acrescentando que “é uma forma abrir uma porta para diversificar fontes de financiamento e sinaliza ao mercado que Portugal tem flexibilidade nesta matéria”.

A presidente do IGCP, Cristina Casalinho, disse, na semana anterior à operação, que a emissão de ‘Panda Bonds’ surgiu como “uma oportunidade” para Portugal continuar a alargar a base de investidores e adiantou que a operação demorou dois anos a ser negociada.

28 Jun 2019

Emirados Árabes Unidos | Viagens passam a estar isentas de visto

[dropcap]O[/dropcap] Governo dos Emirados Árabes Unidos decidiu isentar os portadores de passaporte da RAEM de visto de entrada no país.

De acordo com um comunicado ontem divulgado, os titulares do passaporte passam a ter direito de permanência no país por um período máximo de 30 dias. Presentemente, existem 142 países e regiões que concedem isenção de visto ou visto à chegada aos titulares do passaporte da RAEM.

28 Jun 2019

Patuá em declínio antes do Kristang, diz Joseph Santa Maria

[dropcap]U[/dropcap]m dos representantes da minoria luso-malaia afirmou ontem que a cultura e o crioulo de matriz portuguesa de Macau vão desintegrar-se “mais rápido do que o Bairro Português em Malaca”. “Em Macau já ninguém fala o Patuá”, disse Joseph Santa Maria, em declarações à Lusa, na cidade malaia conquistada pelos portugueses em 1511.

Derivado do crioulo de Malaca, o Kristang, o crioulo de base portuguesa de Macau, o Patuá, está classificado há quase uma década pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como “gravemente ameaçado”, o último patamar antes de uma língua se extinguir por completo.

“Nós perdemos Macau, no sentido em que Macau pertence à China, e penso que em Macau vai-se desintegrar aos poucos, sublinhou Joseph Santa Maria. Segundo o luso-malaio, apesar de o Bairro Português de Malaca ter menos apoios que Macau, as gentes que lá vivem “têm um orgulho enorme em ter um passado português”.

O Kristang surgiu há cerca de 500 anos, quando Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial. Ameaçada de extinção, a língua emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai influências dos dialectos chinês e indiano.

28 Jun 2019

Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas visita Malaca e Macau

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado das Comunidades Portuguesas chega amanhã a Malaca para participar na 2ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia, seguindo na segunda-feira para Macau. José Luís Carneiro, antes de chegar a Malaca para reunir com representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, irá à capital malaia, Kuala Lumpur, encontrar-se com o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Muhammad Shahrul Ikram Yaakob.

“Portugal tem uma responsabilidade moral, têm de ter consciência destas bolsas de comunidades portuguesas que existem na Ásia”, disse hoje o organizador da segunda edição da Conferência, Joseph Santa Maria, em declarações à Lusa, na cidade conquistada pelos portugueses em 1511.

Depois da conferência, José Luís Carneiro desloca-se ao bairro português em Malaca e vai assistir à missa, à procissão e à bênção dos barcos de pesca, “no contexto da Festa de São Pedro em Malaca”, lê-se num comunicado divulgado pelo seu gabinete. O responsável português irá encontrar-se ainda com o ministro-chefe de Malaca, Adly Zahari.

28 Jun 2019

Central Nuclear de Yangjiang | Registada anomalia sem consequências graves

[dropcap]O[/dropcap]correu esta quarta-feira uma anomalia na Central Nuclear de Yangjiang sem consequências graves. De acordo com um comunicado, “durante uma operação de manutenção de carácter isolado ao tanque de água da unidade 1 da referida central nuclear, ocorreu uma anomalia na bomba auxiliar de abastecimento de água, tendo o pessoal conseguido resolver de forma atempada a falha e a bomba auxiliar retomada ao seu funcionamento normal”.

O incidente foi classificado com o nível 0, o que significa que não houve problemas de segurança. Além disso, não afectou “o funcionamento seguro da central, a saúde do seu pessoal operacional, da população e do ambiente adjacente à referida central”. De frisar que esta central nuclear está localizada na província de Guangdong, a cerca de 160 quilómetros de Macau, tendo as autoridades feito uma visita ao local ontem para verificar a ocorrência.

28 Jun 2019

Justiça | Chefe do Executivo reuniu com presidente de tribunal de Guangdong

[dropcap]C[/dropcap]hui Sai On recebeu ontem, na Sede do Governo, o presidente do Tribunal Popular de Nível Superior da Província de Guangdong, Gong Jiali, e trocou “impressões sobre a próxima fase da cooperação judiciária entre os dois territórios”, aponta um comunicado do gabinete do Chefe do Executivo. A visita visou ainda o “aprofundamento do intercâmbio e cooperação com os tribunais e sector judiciário locais” e partiu de um convite feito por Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância da RAEM.

Gong Jiali referiu que o Tribunal Popular de Nível Superior da Província de Guangdong “tem realizado frequentemente visitas mútuas e procedido a vários tipos de intercâmbio com os tribunais da RAEM, sendo que, no ano passado, alcançaram-se consensos no âmbito do reforço da cooperação judiciária a nível regional entre os dois territórios”.

Já Sam Hou Fai defendeu que o facto de se celebrar, este ano, os 20 anos da transferência de Macau para a China “é a ocasião adequada para se fazer uma retrospectiva e também uma previsão sobre a colaboração e intercâmbio entre os órgãos judiciais dos dois territórios, especificamente no que concerne à criação de uma plataforma de cooperação entre os órgãos judiciários no âmbito da Grande Baía”. Chui Sai On lembrou que “a construção da Grande Baía é actualmente o assunto de maior destaque, salientando, porém, que a iniciativa envolve três sistemas legais diferentes, o que torna necessário um estudo sobre formas de cooperação”.

28 Jun 2019