Hoje Macau China / Ásia MancheteNovos protestos em Hong Kong com cordão humano e manifestação de contabilistas [dropcap]O[/dropcap]s protestos anti-governamentais e pró-democracia voltaram hoje às ruas de Hong Kong com um cordão humano marcado para junto das estações das três principais linhas de metropolitano e uma manifestação promovida por contabilistas. A manifestação dos contabilistas começou às 12:30, com a previsão de ocorrência de um cordão humano para as 20:00. As duas iniciativas antecedem um protesto convocado para 31 de Agosto para assinalar os cinco anos do veto de Pequim à possibilidade de sufrágio universal na ex-colónia britânica. Por outro lado, acontecem após a manifestação pacífica de domingo – que juntou mais de 1,7 milhões de pessoas, segundo a organização, e 128 mil, de acordo com a polícia – e um tenso protesto esta semana numa das estações de metro que quase resultou em confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Os contabilistas vão marchar no centro da cidade, num desfile autorizado pela polícia, para exigir ao Governo de Hong Kong uma resposta às cinco reivindicações da Frente Cívica dos Direitos Humanos, o movimento que tem liderado os maiores protestos. Em causa está a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo. O cordão humano não tem uma liderança conhecida e tem sido promovida nas redes sociais, uma iniciativa para “continuar a dar eco aos apelos das pessoas de maneira pacífica, racional e não-violenta” e, “ao mesmo tempo, elevar a consciência internacional” para as reivindicações da população de Hong Kong. Na quinta-feira, a empresa gestora do metro em Hong Hong anunciou que, daqui em diante, ao mínimo sinal de violência, vai suspender os serviços e fechar as estações sem qualquer aviso. “A polícia pode ter que entrar na estações para tomar as acções necessárias para garantir o cumprimento da lei”, indicou a MTR, num comunicado citado pelo jornal South China Morning Post. Os protestos na região administrativa especial chinesa duram desde 9 de Junho e têm sido marcados por violentos confrontos entre manifestantes e polícia.
Hoje Macau China / ÁsiaFuncionário consular britânico detido na China por “solicitar prostitutas”, escreve imprensa oficial [dropcap]O[/dropcap] funcionário do consulado britânico em Hong Kong, que desapareceu na China continental no início de Agosto, foi detido por “solicitar prostitutas”, avançou hoje a imprensa estatal chinesa, uma acusação rejeitada pela família do jovem. Segundo o jornal do Partido Comunista Chinês Global Times, que cita a polícia de Shenzhen, Simon Cheng, de 28 anos, esteve com prostitutas na cidade fronteiriça, antes de ser detido, em 08 de Agosto. A família de Cheng considerou, entretanto, que aquelas notícias, difundidas pela versão em inglês do Global Times, são “fabricadas”. “Toda a gente deve perceber que se trata de uma piada”, apontou, em comunicado. O jornal escreveu que a polícia não contactou a família de Simon Cheng a pedido do próprio. “Devido ao ministério dos Negócios Estrangeiro britânico e à imprensa, que montou este caso, agora é do conhecimento de todos”, aponta. A diplomacia chinesa confirmou esta semana que o homem está detido em Shenzhen por ter violado uma lei chinesa de segurança pública. Caso não seja formalizada uma acusação criminal, Cheng deve ser libertado hoje, já que se completam 15 dias desde que foi detido – o período máximo de detenção administrativa, segundo a lei chinesa. Segundo o Global Times, Simon Cheng tem ainda de pagar uma multa de 5.000 yuan (640 euros). A família disse que Cheng foi a Shenzhen em 08 de agosto para uma reunião de negócios, mas que passou a estar incontactável quando atravessava a fronteira para Hong Kong. O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para “reconstruir a confiança”. “É simplesmente errado que o Governo britânico fale directamente com a chefe do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa. Londres disse, na quinta-feira, que procurava com “urgência” informações sobre o funcionário consular. No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Ambos os cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.
Hoje Macau China / ÁsiaYouTube fecha canais associados a campanha de desinformação sobre Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Google informou hoje que desactivou mais de 200 canais na plataforma de vídeos YouTube que alegadamente conduziam “operações de influência coordenadas” sobre os protestos em Hong Kong, dias depois de Facebook e Twitter tomarem a mesma decisão. O Google suspendeu 210 canais do plataforma de vídeo YouTube após detectar um “comportamento coordenado, ao difundir vídeos relacionados com os protestos em curso em Hong Kong”. A empresa não vinculou directamente a campanha com o regime chinês, mas associou a sua decisão “recentes observações e acções anunciadas pelo Facebook e Twitter”. Esta semana, o Facebook e o Twitter suspenderam também várias contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”. Ambas as empresas disseram que suspenderam as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado” chinês. A decisão levou a acusações de censura pelas autoridades chinesas. O Twitter anunciou ainda que não aceitará mais “propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado”, condenando comportamentos “manipuladores”. Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural. Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite directrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo. Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores. A antiga colónia britânica vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
Hoje Macau PolíticaGoverno chinês quer Macau a traduzir rádio e televisão em português [dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas querem que Macau crie um centro de tradução e produção de programas de rádio e televisão em língua portuguesa, disse, na quinta-feira, o “número dois” do regulador chinês do sector audiovisual. O director-adjunto da Administração Nacional de Rádio e Televisão da China (NRTA, na sigla inglesa), Fan Weiping, defendeu ainda o lançamento no território de iniciativas de cooperação e intercâmbio de conteúdo audiovisual entre a China e os países de língua portuguesa. A região administrativa especial chinesa poderá ser uma base de intercâmbio de programas para rádio e televisão entre a China e o mundo lusófono, disse o dirigente chinês, num encontro com uma delegação liderada pelo vice-director do Gabinete de Ligação do Governo central chinês em Macau, Xue Xiaofeng. No ano em que se comemora o 20.º aniversário da transição de administração de Macau, a China quer aproveitar ao máximo a relação próxima entre a cidade e os países de língua portuguesa no campo da rádio e televisão, explicou Fan Weiping, num comunicado divulgado pela NRTA. O regulador prometeu unir esforços com o Gabinete de Ligação, o Governo de Macau, a Teledifusão de Macau (TDM) e das televisões da cidade vizinha de Zhuhai e da província de Guangdong. Segundo o comunicado, a reunião contou com a participação de dirigentes da TDM, que opera um canal de televisão e uma rádio em língua portuguesa.
Hoje Macau SociedadeProprietários do ramo imobiliário não concordam com Ho Iat Seng [dropcap]V[/dropcap]ários proprietários do ramo imobiliário disseram ao jornal Ou Mun que não concordam com as ideias de Ho Iat Seng, candidato ao cargo de Chefe do Executivo de Macau, no que diz respeito a matérias de renovação urbana. O actual Governo, liderado por Chui Sai On, pretende realizar uma consulta pública no final do ano que prevê as percentagens relativas ao direito de propriedade para efeitos de reconstrução de edifícios antigos. Ho Iat Seng defendeu que a renovação urbana em Macau não deve seguir o modelo de Hong Kong, pois a possível redução da propriedade de um imóvel ou a realização de um leilão obrigatório podem envolver casos em tribunal e necessitam de tempo. Portanto, Ho Iat Seng propôs que o Executivo possa adiantar o pagamento das despesas relativas à reconstrução, sendo que o proprietário paga apenas pelos custos de construção. Contudo, as figuras ligadas ao sector do imobiliário apontam que a proposta de Ho Iat Seng é diferente face ao que foi discutido em reuniões anteriores sobre renovação urbana. “Mesmo que seja teoricamente viável, a realidade é contrária às expectativas dos patrões, sendo difícil incentivá-los a apoiarem a reconstrução dos edifícios em prol da renovação urbana”, lê-se no jornal. Um agente imobiliário indicou que os problemas relacionados com a renovação urbana são complexos, nomeadamente nos bairros antigos. No bairro do Iao Hon, por exemplo, há imóveis que operam como lojas, quando no registo predial consta o uso para fins residenciais, o que leva a que tenha um valor diferente no mercado. Face à situação do actual do mercado, o custo de construção por cada pé quadrado é de 1.500 patacas, o que significa que as obras numa fracção com mil pés quadrados deverão custar 1,5 milhão de patacas. A maioria dos proprietários de bairros antigos são idosos e não têm a capacidade de assumir essa despesa, sendo também difícil a obtenção de um empréstimo bancário, apontam os entrevistados ao jornal. Por outro lado, tendo em conta os casos de demolição de edifícios no Interior da China, os antigos proprietários acabaram por se mudar para casas provisórias, tendo posteriormente obtido uma nova casa de forma gratuita ou uma compensação igual ao valor do mercado. Por isso, os entrevistados consideram que o facto do Governo querer avançar com o investimento é um bom ponto de partida e uma medida “teoricamente exequível” mas, na prática, vai depender da situação civil de cada propriedade, o que não constitui um incentivo para os proprietários.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Excedente na conta corrente de 158 mil milhões em 2018 [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau anunciou ontem que no final de 2018 o território tinha registado um excedente na conta corrente de 158 mil milhões de patacas. Segundo dados preliminares divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), “em 2018 as fortes exportações de serviços turísticos determinaram a continuidade de um acentuado ‘superavit’ registado na conta corrente, no valor de 158 mil milhões de patacas”, um aumento de 23,7 mil milhões face aos 134,4 mil milhões de patacas registados em 2017. A balança da conta de serviços registou um excedente de 310,8 mil milhões de patacas devido ao aumento de 12,8 por cento em 2018, “em consequência da ascensão das exportações de serviços turísticos”, segundo a AMCM. No ano passado, apontou a AMCM, os activos financeiros líquidos não reserva, aumentaram para 141,8 mil milhões de patacas, mais 6,1 mil milhões de patacas do que no ano anterior, devido ao “crescimento dos activos financeiros no exterior, quer dos residentes, quer do sector público”. Por outro lado, o défice comercial de mercadorias aumentou para 88,2 mil milhões de patacas, mais 1,6 mil milhões em relação a 2017. Apesar de as exportações de mercadorias terem aumentado 11,7 por cento, as importações de mercadorias também subiram 5,6 por cento.
Hoje Macau InternacionalCimeira G7 | Agenda com Irão, divisão sobre Rússia e estreia de Boris Johnson Amanhã e domingo, a cidade francesa de Biarritz recebe a cimeira do G7 com um forte aparato de segurança. O retorno da Rússia ao restrito grupo dos sete tem sido um dos temas prévios mais quentes, depois do afastamento de Moscovo provocado pela anexação da Crimeia e a ofensiva na Ucrânia. Outro foco de interesse vem de Londres. Com o Brexit por resolver, Boris Johnson faz a sua estreia no restrito grupo de líderes [dropcap]E[/dropcap]ste fim-de-semana, volta a realizar-se a cimeira do G7, desta vez em Biarritz no sul da França, onde se vão reunir os dirigentes do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Reino Unido, União Europeia e Nações Unidas. Porém, é de uma ausência que se tem falado nos dias que antecedem um dos mais importantes eventos da agenda política internacional. O regresso da Rússia à mesa tem sido o aperitivo servido antes do banquete, depois do afastamento em 2014 na sequência na anexação da Crimeia e da ofensiva militar russa na Ucrânia. Por enquanto, do lado de Putin está o já habitual aliado Donald Trump, enquanto Macron entende que o regresso da Rússia é algo a debater, mas apenas face ao cumprimento do Acordos de Minsk, que implica o cessar fogo no leste da Ucrânia para colocar um ponto final num conflito que dura há cinco anos e meio. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disseram ontem em Berlim ser prematuro considerar o regresso da Rússia ao G7, uma ideia avançada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. Merkel reconheceu alguns “movimentos ténues” na aplicação dos acordos de paz na Ucrânia Oriental”, numa conferência de imprensa com o seu homólogo britânico Boris Johnson. “Se houvesse progressos com certeza que teríamos uma situação nova”, acrescentou Angela Merkel, referindo que “não foi possível avançar mais”. Boris Johnson, que efectuou à Alemanha a sua primeira deslocação ao estrangeiro desde que assumiu a chefia do Governo britânico, no passado dia 26 de Julho, concordou com as palavras da chanceler alemã. “Penso da mesma maneira que a chanceler, que a situação que permitirá o regresso da Rússia ainda está por concretizar”, vincou. O primeiro-ministro britânico destacou as “provocações” da Rússia não somente na Ucrânia, mas em múltiplas outras ocasiões, citando “o uso de armas químicas em solo britânico”, em Salisbury, quando um ex-agente duplo russo e a sua filha entraram em coma após terem entrado em contacto com o agente neurotóxico Novitchok, em Março de 2018. A Rússia negou sempre a sua implicação no caso. Prazo final Uma das novidades da cimeira deste fim-de-semana é a presença de Boris Johnson, o novo primeiro-ministro britânico. Antes da viagem para o sul de França, o sucessor de Theresa May foi a Berlim para discutir o Brexit. Apesar de ter referido inúmeras vezes que não vê inconveniente numa saída da União Europeia sem acordo, Johnson foi desafiado por Angela Merkel a encontrar uma solução num prazo de 30 dias para evitar a saída sem acordo. A proposta da chanceler alemã volta a colocar a responsabilidade em Londres. Depois de semanas de profunda tensão diplomática, Merkel aproveitou a reunião com Johnson na passada quarta-feira para demonstrar algum optimismo cauteloso quanto à possibilidade de se chegar a um acordo. Porta aberta “É relevante que a Rússia possa, a prazo, aderir ao G8″, disse ontem o Presidente francês Emmanuel Macron aos jornalistas durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial do Eliseu, em Paris, explicando, no entanto, que “a condição prévia essencial é que seja encontrada uma solução em relação à Ucrânia com base nos acordos de Minsk”. As declarações de Macron surgem no dia seguinte ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter defendido novamente o regresso da Rússia a este grupo de países, que desde que a Rússia saiu passou a ser conhecido como G7. “Faz muito mais sentido ter a Rússia”, disse Donald Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca na terça-feira, acrescentando que “poderia muito bem apoiar” o regresso da Rússia ao G7, que assim passaria novamente ao formato de G8. Em Junho do ano passado, Trump já tinha defendido o regresso da Rússia ao grupo, introduzindo então mais um elemento de tensão nas relações entre os Estados Unidos e estes parceiros, então no auge da guerra comercial. “Porque é que estamos a ter uma reunião sem a Rússia na reunião”, questionou então o líder norte-americano, acrescentando: “Eles deviam deixar a Rússia voltar porque devíamos ter a Rússia na mesa de negociações”. Pontos prévios Macron recebe hoje em Paris o ministro dos negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, de acordo com a agência de notícias iraniana, citada pela sua congénere francesa. “Vou ter uma reunião com os iranianos nas próximas horas, antes do G7, para tentar propor coisas”, disse o chefe de Estado aos jornalistas que cobrem a Presidência francesa. A França faz parte do acordo nuclear iraniano que foi celebrado em 2015 e liderou os esforços europeus para salvar o acordo desde a retirada unilateral decidida pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Maio do ano passado, que levou à restauração, pelos norte-americanos, de sanções contra o Irão. O acordo alcançado entre o Irão e o grupo de países composto pela China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha permitiu levantar algumas das sanções contra Teerão, em troca do compromisso do Irão não adquirir armas nucleares, mas perante a incapacidade de os países ajudarem o Irão a contornar as sanções determinadas por Washington, Teerão deixou, em Julho, de cumprir alguns dos seus compromissos. De acordo com a agência de notícias iraniana, o ministro dos Negócios Estrangeiros começou uma viagem diplomática mundial, que o levou já ao Koweit, no sábado, e que inclui a Finlândia, Suécia e Noruega, antes da França e da China, país que visitará “na próxima semana”. Guterres biológico O secretário-geral das Nações Unidas vai participar na cimeira do G7, seguindo depois para uma conferência sobre o desenvolvimento africano, no Japão, e ficará três dias na República Democrática do Congo para mobilizar apoio contra a epidemia de Ébola. De acordo com Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, o secretário-geral da ONU arranca hoje de Washington para participar, no fim-de-semana, na cimeira do G7, na qual intervirá em sessões sobre a biodiversidade e os oceanos, o combate às desigualdades e as parcerias entre África e a região do Sahel. Depois, o antigo primeiro-ministro português rumará para Oriente, onde participará, no dia 27, na sétima Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano, tendo prevista uma reunião com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. O porta-voz de Guterres anunciou ainda que o secretário-geral aterrará na República Democrática do Congo no dia 31 para uma visita de três dias, que inclui a deslocação a um centro de tratamento de Ébola e uma reunião com o Presidente Felix Tshisekedi.
Hoje Macau China / Ásia MancheteManifestantes barricam-se em estação de metro de Hong Kong contra polícia anti-motim [dropcap]C[/dropcap]entenas de manifestantes barricaram-se ao princípio da noite contra a polícia anti-motim numa estação de metro de Hong Kong, para assinalar um mês sobre o violento ataque contra dezenas de manifestantes por alegados membros do crime organizado. O protesto realizado hoje na estação de Yuen Long, estava a ser pacífico até à chegada de carrinhas policiais. Alguns manifestantes muniram-se de chapéus de protecção da construção civil e máscaras de gás, enquanto outros usavam extintores, e espalharam detergente, cerveja e óleo na entrada da estação para tentar a entrada da polícia. Há um mês, gangues de homens armados com cassetetes, hastes metálicas e tacos de beisebol, vestidos com ‘t-shirts’ brancas, espancaram manifestantes pró-democracia que estavam a regressar a casa depois de um protesto. O ataque de 21 de Julho deixou quase 50 pessoas feridas, incluindo transeuntes, alguns dos quais foram gravemente afectados. Nessa altura, muitas vozes se levantaram para criticar a polícia, acusada de ter demorado mais de uma hora para chegar ao local, sem ter detido qualquer atacante. O chefe da polícia, Stephen Lo, qualificou como “difamação” a ideia de um possível conluio entre as forças de segurança e as tríades, e garantiu que os agressores seriam processados. Este ataque atingiu a confiança do povo de Hong Kong nas autoridades públicas. Os protestos, que duram há nove semanas, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China. A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
Hoje Macau SociedadeIndústrias MICE | Macau com prémio melhor cidade da Ásia em 2019 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram ontem que o território venceu um prémio de melhor cidade para encontros, incentivos, conferências e feiras (indústrias MICE, na sigla em inglês) da Ásia em 2019. A primeira edição do evento, que decorreu em Singapura na terça-feira e que foi organizado pelo Northstar Travel Group, distinguiu o território com o prémio “Melhor Cidade MICE da Ásia, apontou em comunicado o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. Para este galardão contribuiu o facto de a RAEM ter tido uma alta avaliação das instalações de hardware e software MICE e dos serviços de Macau, em conjunto como “o apoio e cooperação dos diversos sectores da sociedade”, lê-se no comunicado. “No futuro, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau irá continuar a promover o desenvolvimento da indústria de convenções e exposições de Macau em conjunto com o sector MICE, no intuito de introduzir mais convenções e exposições de boa qualidade em Macau, permitindo que mais organizadores de MICE conheçam as vantagens de Macau para a realização de convenções e exposições”, acrescenta a nota de imprensa. Em 2018, segundo dados divulgados pelo Governo de Macau, o território realizou “um total de 28 reuniões com uma escala de mais de 1.000 pessoas”, um aumento de 50 por cento em relação ao período homólogo de 2017. No mesmo ano, chegaram ao território mais de 35.000 comerciantes para participarem em convenções e exposições.
Hoje Macau EventosCinema | Novo filme da saga 007 estreia em Abril de 2020 [dropcap]O[/dropcap] novo filme da saga 007, realizado por Cary Fukunaga chama-se “No time to die” e estreia-se no Reino Unido e nos Estados Unidos da América em Abril de 2020, foi ontem anunciado. “Daniel Craig regressa como James Bond, 007 em… No Time to Die. Estreia-se no Reino Unido a 3 de Abril de 2020 e a 8 de Abril de 2020 nos Estados Unidos”, lê-se numa publicação na página oficial da saga no Twitter. “No time to die” é o 25.º filme da saga centrada na figura do agente secreto James Bond, nome de código 007. Esta é a quinta vez que o britânico Daniel Craig interpreta o papel de 007, depois de “Casino Royale” (2006), “Quantum of Solace” (2008), “Skyfall” (2012) e “Spectre” (2015), o filme mais recente da saga, tendo os dois últimos sido realizados por Sam Mendes. Neste filme, o papel de vilão foi entregue ao norte-americano Rami Malek, cuja interpretação do cantor Freddie Mercury no filme “Bohemian Rhapsody” lhe valeu vários prémios. Do elenco de “No time to die” fazem ainda parte, entre outros, a francesa Léa Seydoux e o britânico Ralph Fiennes. O argumento de “No time to die” volta a ser da autoria de Neal Purvis e Robert Wade, que escreveram os filmes de James Bond desde “O Mundo Não Chega” (1999). “Goldfinger”, realizado em 1964 por Guy Hamilton e com Sean Connery no papel principal, é o primeiro filme da saga criada por Ian Fleming. Depois de Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan também deram vida a James Bond.
Hoje Macau SociedadeEntradas | Número de visitantes cresce mais de 20% até Julho [dropcap]M[/dropcap]ais de 23 milhões de pessoas visitaram Macau nos primeiros sete meses do ano, um aumento de mais de 20 por cento face a igual período do ano passado, indicam dados oficiais divulgados ontem. Entre Janeiro e Julho, o número de excursionistas (12.614.555) e de turistas (11.200.311) aumentou 33,6 por cento e 7,7 por cento respectivamente, em termos anuais, totalizando 23.814.866 de visitantes, segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC). Nos meses em análise, os visitantes permaneceram em Macau por um período médio de 1,1 dias, menos 0,1 dias, em termos homólogos. A maioria dos visitantes que entraram em Macau, até Julho, vieram do interior da China (16.884.398), mais 21,7 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Já os visitantes da Coreia do Sul (505.512), de Hong Kong (4.329.336) e de Taiwan (632.272)) cresceram 4,6 por cento, 22,1 por cento e 0,9 por cento respectivamente. Só no mês de Julho, visitaram Macau 3.530.233 de pessoas, um aumento de 18,9 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Na semana passada, a responsável pela entidade que gere o sector no território afirmou que as agências de viagens estão a excluir Hong Kong dos pacotes turísticos por causa dos protestos e os últimos números continuam a mostrar crescimento de turistas em Macau. “Muitas agências de diferentes países, sobretudo daqueles que têm acesso directo a Macau, estão a fazer uma mudança nos seus pacotes para não incluírem Hong Kong”, afirmou a responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes.
Hoje Macau SociedadeTransportes | Encontro empresarial sobre carris vai ligar Portugal à China Várias associações empresariais europeias e chinesas estão a organizar um inédito evento de ‘networking’ que vai decorrer ao longo de viagens de comboio na China e Europa, abrangendo Lisboa, Porto e Macau [dropcap]O[/dropcap] conceito, designado Business Rail, visa juntar empresários de diferentes sectores e países em viagens de comboio. A próxima edição, que decorre na China, entre 9 e 20 de Outubro, arranca em Pequim e termina em Macau, com passagens por Xangai, Shenzhen e Hong Kong. Em Macau, os empresários vão participar na Feira Internacional de Comércio e Investimento. Outros itinerários, que se realizarão na Europa, incluem a península ibérica – Barcelona, Madrid, Lisboa e Porto – e a Europa Central – partida em Bruxelas e destino final Roma. “A ideia é sempre promover Portugal”, disse à agência Lusa o presidente da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC) e cofundador da iniciativa, Alberto Carvalho Neto. “A grande vantagem de uma viagem de comboio é que podes entrar e sair, mudam as pessoas, e acaba por ser um evento giro a nível cultural e de ‘networking'”, descreveu. A primeira edição realizou-se na Península Ibérica, em 2018, com partida em Barcelona e destino final no Porto, onde os empresários participaram na Feira Internacional de Negócios. Rota das carruagens No futuro, Carvalho Neto quer aproveitar a iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, que inclui a construção de uma malha ferroviária entre China e Europa, através da Ásia Central, para alargar a iniciativa a mais países. “A ideia é que, em 2024, se consigam fazer viagens da China para a Europa: o transiberiano, que demora 10 dias, entre Pequim e São Petersburgo, e outra pelo sul, que passará pelo Cazaquistão, Uzbequistão, Turquia e Arménia”, revelou. Os empresários não têm que fazer todo o itinerário, podendo embarcar e sair em qualquer umas das cidades abrangidas. A iniciativa é organizada em conjunto pelas associações Centro Internacional de Cultura, Young Entrepreneurs Organization of the European Union e Federação SINO PLPE (Países de Língua Portuguesa e Espanhola). A partir do próximo ano, Alberto Neto quer alargar o projecto aos países de língua portuguesa. “Quando as pessoas se inscrevem têm de indicar o que estão à procura e por vezes pode haver correspondência dentro da delegação empresarial, mas acima de tudo é importante sabermos o que as pessoas querem e do que estão à procura, para fazermos ligação com as delegações locais”, explicou.
Hoje Macau SociedadeEnsino | Associação de Juventude pede revisão do sistema educativo [dropcap]O[/dropcap] conteúdo do currículo do ensino secundário de Macau é relativamente fácil comparado com o do Interior da China e de Hong Kong, e os requisitos para ingressar no ensino superior são pouco exigentes, o que torna o ambiente educacional cómodo e diminui a competitividade. Esta foi uma das ideias deixadas na reunião de terça-feira da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. De acordo com o jornal Ou Mun, a representante da associação, Lei Ka I, referiu que, actualmente, recursos pedagógicos e os métodos de avaliação estão inadequados face à actualidade. “Os professores usam materiais antigos para ensinar, o que torna difícil a adaptação dos alunos e afecta o seu desempenho escolar e leva à reprovação”. Os membros associativos sugeriram ainda a implementação de um sistema de avaliação com diversos critérios, além das provas escritas. Chester Ku, agente de aconselhamento da associação, disse que as escolas e o Governo têm de rever o actual sistema educativo, reunir as opiniões e o consenso social, e divulgar atempadamente ao público o procedimento da legislação do “Sistema de avaliação do desempenho dos alunos da educação regular do regime escolar local” para garantir a qualidade pedagógica.
Hoje Macau Manchete SociedadeIPM | Cerca de mil novos alunos recebidos para ano lectivo 2019-2020 Cerca de mil novos alunos vão frequentar cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento no ano lectivo de 2019-2020 no Instituto Politécnico de Macau, anunciou a instituição na terça-feira [dropcap]O[/dropcap]s novos alunos são oriundos de Macau, da zona da Grande Baía e dos países localizados ao longo da linha da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, indicou o IPM, num comunicado divulgado por ocasião da cerimónia de abertura do ano lectivo, durante a qual foi ouvido o hino da China e içada a bandeira nacional. O IPM atribuiu “bolsas de estudo a mais de 500 alunos”, acrescentou a nota. Na cerimónia, o presidente do IPM, Marcus Im, reiterou que a instituição vai continuar a cumprir o “princípio pedagógico para o ensino superior ‘Amar a Pátria e Macau, enraizar-se em Macau, servir melhor a sociedade e voltar-se para todo o Mundo'” na formação de quadros qualificados “com competências profissionais e espírito inovador”. Ao lembrar que os actuais alunos e graduados “obtiveram excelentes resultados nos concursos nas áreas do desporto e da inovação científica e tecnológica”, Marcus Im destacou que o IPM “dá muita importância ao pensamento inovador”, pedindo aos alunos que “procurassem um pensamento independente”. Os alunos devem aprender a “saber perguntar” e a liderar “com espírito inovador, os progressos da sociedade na nova era, explorando novas áreas e novos rumos com base nos estudos tradicionais, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do país e de Macau”, disse o responsável. O presidente do IPM aconselhou ainda os alunos a “aproveitar bem as oportunidades” decorrentes da “fase chave de desenvolvimento” do país e de Macau, com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e a estratégia da Grande Baía, nas quais a região administrativa especial chinesa tem uma nova missão. Cadeiras lusas De acordo com dados enviados pelo IPM à agência Lusa, em Maio, o instituto tem cinco licenciaturas em português: Relações Comerciais Sino-Lusófonas, Administração Pública, Tradução e Interpretação Chinês-Português, Educação Internacional de Língua Chinesa e Língua Portuguesa. O número de alunos matriculados nesta instituição nos cinco cursos era, àquela data, de cerca de 600, dos quais perto de uma centena era oriundo de países de língua portuguesa. Nova secretária-geral Lei Vai Fong foi nomeada secretária-geral do IPM, em comissão de serviço por dois anos. De acordo com despacho de Alexis Tam, publicado ontem em boletim oficial, a académica assume as novas funções a 1 de Setembro. Lei Vai Fong trabalhou no IPM como intérprete e tradutora entre 1996 e 2002. A académica desempenhou ainda funções de Chefe da Divisão de Apoio ao Conselho de Gestão do Instituto Politécnico de Macau e Chefe do Serviço de Estudos e Coordenação de Assuntos do Instituto do IPM. Entre as habilitações académicas, Lei tem mestrado em Administração Pública pela Universidade de Macau.
Hoje Macau PolíticaPensões ilegais | Governo estuda relatório sobre criminalização [dropcap]O[/dropcap] gabinete da secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, entregou ao Chefe do Executivo o relatório elaborado por um grupo de trabalho interdepartamental sobre a possível criminalização de pensões ilegais. Segundo o jornal Ou Mun, o Governo está a estudar o documento, cujos resultados serão divulgados em breve ao público. A lei da proibição de prestação ilegal de alojamento entrou em vigor há nove anos, mas casos de criminalidade praticados em pensões ilegais continuaram a acontecer. O relatório em questão, pedido em Dezembro do ano passado, visa avaliar a viabilidade de punir mais severamente quem explora pensões ilegais, de forma a aumentar o efeito dissuasivo. Recorde-se que existia uma divergência no Executivo quanto a esta matéria. Alexis Tam concorda com a criminalização, enquanto Sónia Chan considera que será um crime “ligeiro” passível de punição com pena suspensa, ou seja, um efeito pouco “rentável” face à duração do processo e à dificuldade de recolha de prova.
Hoje Macau PolíticaVigília | Jornal Ou Mun defende legalidade da actuação da polícia [dropcap]O[/dropcap] jornal Ou Mun publicou ontem um artigo de um jurista anónimo a defender a legalidade da operação policial da noite de segunda-feira na zona do Largo do Leal Senado. Em relação às pessoas levadas a instalações policiais a quem foi pedida colaboração numa investigação, o jurista anónimo disse que, “os envolvidos eram suspeitos de participar numa reunião ilegal, portanto, as práticas da polícia não eram inadequadas e abusivas”. O Ou Mun defendeu ainda que o reforço de polícias para a intercepção de residentes e visitantes no Largo do Senado, era uma medida extrema num período extremo, mas que “se você for ao mesmo local esta noite, ninguém vai verificar a sua identidade”. Com base na ideia da suspeita que, supostamente, recaiu sobre quem foi conduzido à esquadra, o advogado acredita que “os órgãos de polícia criminal podem conduzir as pessoas ao posto policial mais próximo e compeli-las a permanecer ali pelo tempo estritamente necessário à identificação, em caso algum superior a seis horas”.
Hoje Macau InternacionalBrasil | Número de incêndios dispara este ano, com especial foco na Amazónia A época das queimadas deste ano está a devastar a floresta amazónica a um ritmo assustador. Além disso, os dados mostram um aumento considerável da desflorestação. Depois de dizer que os alertas da comunidade científica quanto às alterações climáticas são paranoia, Jair Bolsonaro insurgiu-se contra as alcunhas “Capitão Motosserra”, por favorecer a indústria madeireira em detrimento do ambiente, e “Nero” da Amazónia [dropcap]A[/dropcap]gora estou sendo acusado de tocar fogo na Amazónia. Nero! É o Nero tocando fogo na Amazónia.” Foi assim que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reclamou contra as acusações de nada fazer perante os incêndios que estão a consumir vastas áreas do pulmão da Terra. O número de incêndios no Brasil cresceu 70 por cento este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, tendo o país registado 66,9 mil fogos até ao passado domingo, com a Amazónia a ser o bioma mais afectado. De acordo com a imprensa brasileira, que cita dados do “Programa de Queimadas” do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma (conjunto de ecossistemas) mais afectado é o da Amazónia, com 51,9 por cento dos casos, seguindo-se o cerrado – ecossistema que cobre um quarto do território do Brasil – com 30,7 por cento dos fogos registados no ano. O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, ficando atrás em extensão apenas da floresta amazónica, com dois milhões de quilómetros quadrados. Segundo o portal de notícias UOL, em números absolutos, Mato Grosso é o estado com mais focos de incêndio registados no Brasil, com 13.109, seguido pelo Pará, com 7.975. No início de Agosto, o governo do Amazonas decretou uma situação de emergência no sul do estado e na Região Metropolitana de Manaus devido ao “impacto negativo da desflorestação ilegal e queimadas não autorizadas”. “O Amazonas registou, de Janeiro a Julho deste ano, 1.699 focos de calor (focos com temperatura acima de 47°C, registados por satélite, que indicam a possibilidade de fogo). Destes, 80 por cento foram registados em Julho, mês em que teve início o período de estiagem”, declarou o estado do Amazonas no seu ‘site’. Depois de o Amazonas decretar a situação de emergência, o governo do Acre declarou, na sexta-feira passada, estado de alerta ambiental, também devido aos incêndios em matas. O número de focos de incêndio no país já é o maior dos últimos sete anos. Ao jornal Estadão, o pesquisador Alberto Setzer explicou que o clima em 2019 está mais seco do que no ano passado, o que propicia incêndios, mas garante que grande parte deles não têm origem natural. “Nesta época do ano não há fogo natural. Todas essas queimadas são originadas em actividade humana, seja acidental ou propositada. A culpa não é do clima, ele só cria as condições, mas alguém coloca o fogo”, afirmou Setzer. A expectativa do especialista é que a situação piore ainda mais nas próximas semanas com a intensificação da seca. Capitão motosserra Quando no final do ano passado, os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) multaram 11 empresas madeireiras por atropelos ambientais na Amazónia, a reacção dos empresários, e funcionários desta indústria, foi protestar empunhando cartazes com menções a Jair Bolsonaro. Numa nota quase cómica, os madeireiros apelidaram a acção do IBAMA como “activismo ambiental xiita”, deixando de lado o ambientalismo sunita. Depois citações que teorizam que existe uma conspiração internacional para dominar a Amazónia, como “o Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer”, o mandato de Bolsonaro aumentou a margem de acção da indústria madeireira. Prova disso mesmo é o relato cada vez mais frequente de agressões contra fiscais e agentes do IBAMA desde que Bolsonaro ganhou as eleições, incluindo ameaças de morte e ataques contra veículos e instalações. Como tal, não é de estranhar que a desflorestação na Amazónia brasileira em Julho de 2019, comparando com o período homólogo de 2018, tenha aumentado 15 por cento, totalizando 5.054 quilómetros quadrados, de acordo com a organização Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon). O aumento da área desflorestada foi calculado pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) operado pela organização não governamental (ONG), que não depende do Governo brasileiro. Apenas em Julho de 2019, o SAD detectou 1.287 quilómetros quadrados de desflorestação na Amazónia Legal, um aumento de 66 por cento em relação a Julho de 2018, enquanto o corte de floresta ocorreu numa área de 777 quilómetros quadrados. A desflorestação, em Julho de 2019, registou-se no Pará (36 por cento), Amazonas (20 por cento), Rondónia (15 por cento), Acre (15 por cento), Mato Grosso (12 por cento) e Roraima (2 por cento). A Amazónia Legal engloba nove estados do Brasil pertencentes à bacia Amazónica (Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondónia, Roraima e parte de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão), que têm em parte do território autorização para algumas actividades humanas. “As florestas degradadas na Amazónia Legal somaram 135 quilómetros quadrados em Julho de 2019, enquanto em Julho de 2018 a degradação florestal detectada totalizou 356 quilómetros quadrados, uma redução de 62 por cento”, destacou a ONG. O Imazon classifica como floresta degradada áreas em que há “um distúrbio parcial na floresta causado pela extração de madeira e ou por queimadas florestais”. O estudo também indicou que, em Julho de 2019, a maior parte (55 por cento) das acções de desflorestação ocorreu em áreas privadas ou sob diversos tipos de posse. O Imazon detectou que 20 por cento da desflorestação mapeada em Julho foi registada em assentamentos (áreas em que vivem pessoas sem nenhum tipo de posse da terra), unidades de conservação (19 por cento), que são áreas públicas mantidas para a preservação ambiental, e outros 6 por cento em terras indígenas. Tudo falso, claro Jair Bolsonaro, questionou na segunda-feira as estimativas oficiais que revelaram um aumento de 88 por cento da desflorestação na Amazónia, face ao mesmo período de 2018, criticando os países que querem interferir na política ambiental brasileira. “Não acredito que os dados que saíram no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sejam verdadeiros. Tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e por ponto final nessa questão”, afirmou o chefe de Estado durante uma reunião com a imprensa estrangeira em Brasília, chegando a insinuar que o presidente daquele instituto poderia estar “ao serviço de alguma ONG”. Importa esclarecer que o Inpe é uma instituição pública federal, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. “Em primeiro lugar, a Amazónia é do Brasil, e quem tem de saber dela somos nós, e não vocês”, acrescentou o Presidente, dirigindo-se a jornalistas estrangeiros que o questionaram sobre a sua política ambiental. Confrontado com os números, o chefe de Estado brasileiro declarou que existe uma “psicose ambiental” no país sul-americano. “Se formos somar o desmatamento que dizem que existiu nos últimos 10 anos, a Amazónia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo. (…) Somos o país que mais preserva”, declarou Bolsonaro. O mandatário acusou ainda os últimos Presidentes, referindo directamente Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff, de “fracos”, “antipatriotas” e “corruptos”. “Vocês de fora estão com saudades dos Governos corruptos e descomprometidos com o Brasil. É isso que vocês querem aqui. Se fosse outro Presidente, depois de Osaka, já teria mais 50 reservas indígenas demarcadas de forma subserviente. Isso mudou, têm que entender que isso mudou”, acrescentou o governante, referindo-se à cimeira do G20 que se realizou no Japão. Fundo ao fundo O ministro do Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, anunciou na semana passada a suspensão do Fundo Amazónia após a Noruega, principal doador para a protecção da floresta amazónica, ter anunciado o bloqueio de 30 milhões de euros destinados ao Fundo. O país escandinavo acusa Brasília de “já não querer parar a desflorestação” e de ter “rompido o acordo” com os doadores do Fundo para a Preservação da Floresta Amazónica, para o qual Oslo já transferiu 828 milhões de euros desde a sua criação, em 2008. “O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e com a Alemanha desde que suspendeu o conselho de administração e o comité técnico do Fundo Amazónia”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, ao jornal norueguês Dagens Naeringsliv (DN). “O Brasil não pode fazer isso sem que a Noruega e a Alemanha concordem”, acrescentou o governante. Em São Paulo, o ministro do Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, declarou que o Fundo está “suspenso”. “As regras do Fundo Amazónia estão em discussão. É natural que qualquer transferência de verbas aguarde o desfecho acerca da definição das regras. (…) O Fundo está suspenso. Portanto, temos que aguardar o resultado”, disse Salles, após reunir-se com ministros do Ambiente dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Recorde-se que desde 2017, Salles é réu num processo movido pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de alterar ilegalmente o Plano de Manejo da Área de Protecção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, com a intenção de beneficiar interesses privados. Criado em 2008, o Fundo Amazónia é mantido, maioritariamente, com doações da Noruega e Alemanha, e é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES). A captação de recursos para o Fundo Amazónia é condicionada pela redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas da desflorestação, calculados por um comité técnico, ou seja, é preciso comprovar a redução da desflorestação na Amazónia para viabilizar a captação de verbas. Em reacção à suspensão da transferência de verbas para o Fundo Amazónia pela Noruega, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, questionou se o país nórdico “não é aquele país que mata baleias e explora petróleo”. “A Noruega não é aquele que mata baleias lá em cima, no Polo Norte? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer-nos. Peguem no dinheiro e ajudem a [chanceler alemã] Angela Merkel a reflorestar a Alemanha”, declarou o chefe de Estado, citado pela imprensa local. Também a ministra alemã do Ambiente, Svenja Schulze, anunciou, em entrevista ao jornal alemão “Tagesspiegel”, a suspensão do financiamento de projectos para a protecção da floresta e da biodiversidade na Amazónia, no valor de 35 milhões de euros, devido ao aumento da desflorestação na região. “Apoiamos a região amazónica para que haja muito menos desflorestação. Se o Presidente [Bolsonaro] não quer isso no momento, então precisamos conversar. Eu não posso simplesmente ficar a dar dinheiro enquanto continuam a desflorestar”, acrescentou a ministra ao jornal alemão Deutsche Welle. Bolsonaro reagiu dizendo que o seu país não “precisa” de subsídios alemães. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, com a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).
Hoje Macau China / ÁsiaChina confirma detenção de funcionário do consulado britânico em Hong Kong [dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje a detenção de um funcionário do consulado britânico em Hong Kong, desaparecido desde 8 de Agosto, numa altura de tensão diplomática entre Pequim e Londres, devido aos protestos na antiga colónia britânica. Geng Shuang, o porta-voz da diplomacia chinesa, confirmou que o homem está detido na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong, por ter violado uma lei chinesa de segurança pública. Geng não avançou detalhes ou se ele será libertado após uma detenção administrativa de quinze dias, como está previsto na lei chinesa, caso não seja formalizada uma acusação criminal. “Perturbar a ordem pública” ou “ameaçar a segurança nacional” são acusações frequentemente usadas contra dissidentes e activistas políticos no país asiático, e que podem resultar em duras penas de prisão. O porta-voz lembrou que o funcionário não é britânico, mas antes natural de Hong Kong. “Isto é, chinês e, portanto, trata-se inteiramente de um assunto interno”, argumentou. Na terça-feira, o ministério britânico dos Negócios Estrangeiros disse estar “extremamente preocupado” com o desaparecimento do funcionário, durante uma viagem à China continental. A polícia de Hong Kong confirmou também a abertura de uma investigação sobre um caso de desaparecimento, em 9 de Agosto. Através da rede social Facebook, a sua família revelou que o funcionário, chamado Simon Cheng, foi a Shenzhen, em 8 de Agosto, para uma reunião de negócios. A família disse que ele passou a estar incontactável à noite, quando atravessava a fronteira para Hong Kong. Segundo a sua conta oficial no LinkedIn, Cheng trabalhava como director de investimentos e comércio na Scottish Development International, uma agência de investimento da Escócia, no Consulado Geral Britânico de Hong Kong. O Reino Unido e a China têm trocado algumas acusações, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para “reconstruir a confiança”. “É simplesmente errado que o governo britânico fale directamente com a presidente do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa. No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Ambos os cidadãos canadianos permanecem detidos por “prejudicarem a segurança nacional”.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE britânico “extremamente preocupado” com desaparecimento de funcionário [dropcap]O[/dropcap] ministério britânico dos Negócios Estrangeiros disse ontem que está “extremamente preocupado” com o desaparecimento de um funcionário do seu consulado em Hong Kong durante uma viagem à China continental. Em comunicado, o ministério revelou que já pediu informações às autoridades de Hong Kong e da província de Guangdong, no sul da China, sobre o paradeiro do funcionário, que foi detido quando regressava a Hong Kong, a partir da cidade fronteiriça de Shenzhen. A imprensa britânica identificou o funcionário como Simon Cheng Man-kit. Segundo a sua conta oficial no LinkedIn, Cheng trabalhava como director de investimentos e comércio na Scottish Development International, uma agência de investimento da Escócia, no Consulado Geral Britânico de Hong Kong. O funcionário deslocou-se a Shenzhen para participar num evento de negócios, em Shenzhen, em 8 de Agosto, mas nunca mais regressou a Hong Kong, apesar do seu regresso estar previsto para o mesmo dia. As autoridades chinesas não comentaram ainda estas informações. Segundo o jornal Financial Times, Cheng escreveu uma mensagem à namorada a pedir que rezasse por ele antes de ficar incontactável. Da extradição Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. No início do ano, a China deteve um empresário e um antigo diplomata canadianos, após a directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, ter sido detida em Vancouver, a pedido dos Estados Unidos, por suspeita de que a Huawei tenha exportado produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis. Ambos os cidadãos canadianos foram detidos por “prejudicarem a segurança nacional”. O Reino Unido e a China têm trocado algumas críticas, à margem dos quase três meses de protestos na antiga colónia britânica. A China criticou já o secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, no início do mês, após este ter falado com a líder de Hong Kong, Carrie Lam, sobre os protestos, e pedido uma “investigação totalmente independente” à actuação da polícia, para reconstruir a confiança. “É simplesmente errado que o governo britânico fale directamente com a presidente do Executivo de Hong Kong para exercer pressão”, afirmou então um porta-voz da diplomacia chinesa.
Hoje Macau SociedadeLojistas preocupados com restrição ao uso de sacos [dropcap]H[/dropcap]á comerciantes preocupados com a restrição ao uso de sacos de plástico, uma medida que entra em vigor no próximo mês de Novembro. De acordo com o sector, “os consumidores não vão entender a cobrança por cada saco de plástico”, apontam ao Jornal do Cidadão. Estes comerciantes sugerem ainda que o primeiro saco seja gratuito e que o pagamento só se faça a partir do segundo saco utilizado numa compra. Lei, responsável por uma papelaria afirmou que apesar de apoiar os trabalhos de protecção ambiental, está preocupada com a reacção dos clientes ao ser-lhes cobrado o saco de plástico onde levam as suas compras. Como alternativa à restrição ao uso deste material, Lei aponta a necessidade de medidas para aumentar a consciência dos cidadãos, adiantando que “para mudar os hábitos, são necessárias medidas coercivas e meios económicos que levem as pessoas a pensar realmente na necessidade de sacos”. Já Chan, dono de uma loja de roupa, acredita que cobrar uma pataca por saco é um limite razoável para os consumidores, na medida em que mais do que isso, “não seria aceitável”. “A maioria dos residentes reutilizam os sacos para o lixo doméstico, e se não houver distribuição gratuita, vão utilizar sacos de lixo, portanto não será uma grande mudança”, frisou, para justificar a sua oposição à medida. “O problema está nos sacos fornecidos em mercados que são utilizados abusivamente, pelo que é razoável cobrar a partir do segundo saco”, acrescentou. Problema interno Por outro lado, um funcionário de uma loja de sacos plásticos disse que, tendo por referência os dados das regiões vizinhas, a cobrança pode reduzir a quantidade nas vendas no sector. Para este funcionário, as restrições ao plástico podem provocar “o abuso de sacos de tecido ou de papel, que podem causar ainda mais poluição do que o plástico bem como provocar um desperdício de recursos”. O mesmo responsável sugere ainda que a medida seria mais bem aplicada caso fosse dirigida ao uso de embalagens descartáveis. “A lei vai definitivamente afectar o volume de vendas de sacos”, rematou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteActivistas desconfiam de plataforma de diálogo anunciada pelo Governo de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap] “plataforma de diálogo” anunciada hoje pela chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, foi recebida com desconfiança por activistas pró-democracia contactados pela agência Lusa. “Já vimos isto anteriormente (…) e ficamos com a sensação de que se tratará de uma falsa consulta, (…) mas não uma verdadeira resposta” às reivindicações dos manifestantes, defendeu a porta-voz Frente Cívica de Direitos Humanos, que tem liderado os grandes protestos em Hong Kong desde o início de Junho. Bonnie Leung, que é também vice-coordenadora do movimento, afirmou que pela experiência de controvérsias anteriores, o modelo de diálogo será “muito limitado em termos de tempo” e “com muitos sectores pró-Pequim”. Ao mesmo tempo que reiterou a vontade de se avançar para “negociações sérias”, Leung criticou que na conferência de imprensa, esta manhã, de Carrie Lam não tenha sido dada qualquer resposta às reivindicações do movimento. A activista sublinhou que a plataforma será “inútil se não se apostar na comunicação com os diversos representantes pró-democratas”. Já o fundador do partido pró-democrata Demosisto, Joshua Wong, elogiou a decisão, mas colocou sérias dúvidas sobre a capacidade de Carrie Lam para liderar esta plataforma. “É uma boa decisão e boa oportunidade para as pessoas de Hong Kong encetarem um diálogo com os decisores de poder”, começou por comentar o activista, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018 e que lidera o partido, defensor da autodeterminação do território. “Mas perguntamo-nos se Carrie Lam é realmente a pessoa certa”, sustentou Wong, que foi libertado em Junho da prisão, na sequência das manifestações de 2014 em Hong Kong, conhecidas como a “Revolução dos guarda-chuvas”, uma campanha de desobediência civil que durou mais de dois meses e na qual se exigia o sufrágio universal na ex-colónia britânica administrada pela China. O Governo de Hong Kong anunciou a criação imediata de uma “plataforma de diálogo” com “pessoas de todas as áreas sociais”, dois dias após um protesto pacífico que juntou, segundo a organização, 1,7 milhões de pessoas. Em conferência de imprensa, Lam recusou avançar com um inquérito independente para investigar a alegada violência policial, uma das reivindicações dos manifestantes. A Frente Cívica de Direitos Humanos, movimento que tem liderado os protestos pró-democracia em Hong Kong, já veio dizer que o derradeiro objectivo dos protestos passa por garantir o sufrágio universal no território. Os protestos, que duram há nove semanas, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China. A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong. O protesto visou aumentar a pressão sobre o Governo de Hong Kong, num momento em que Pequim mobilizou milhares de tropas na cidade vizinha de Shenzen, fazendo crescer os receios de uma intervenção chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaTwitter bane propaganda dos ‘media’ controlados pelo Estado após suspender contas associadas à China [dropcap]A[/dropcap] rede social Twitter informou hoje que não aceitará mais “propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado”, condenando comportamentos “manipuladores”, depois de anunciar que suspendeu quase mil contas associadas ao regime chinês. “Comportamentos ocultos e manipuladores não têm lugar no nosso serviço – eles violam os princípios fundamentais sobre os quais a nossa empresa foi construída”, defendeu o Twitter, em comunicado. Na mesma nota, o grupo detalha que aquela medida não abrange órgãos independentes financiados pelos contribuintes ou que apenas se dedicam a conteúdo de entretenimento, desporto e viagens. Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural. Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite directrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo. Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores. No mesmo dia, o Twitter anunciou a suspensão de 936 contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”. A empresa disse que suspendeu as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado”. Também o Facebook disse que iniciou uma investigação, após receber informações do Twitter, e removeu cerca de 15 páginas, grupos e contas que estavam “associados ao Governo chinês” e também “focados em Hong Kong”. Os órgãos de Pequim, incluindo a agência noticiosa Xinhua ou os jornais China Daily e Diário do Povo, têm coordenado uma campanha nas redes sociais visando caracterizar as manifestações em Hong Kong como tumultos violentos perpetuados por separatistas pagos por forças externas. A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, provocar a polícia e a cercar esquadras. Imagens de demonstrações pacificas, que têm reunido centenas de milhares de pessoas, de alegados abusos pelas autoridades, ou até as reivindicações dos protestos, são omitidas.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim utilizou redes sociais contra manifestantes em Hong Kong [dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas utilizaram cerca de um milhar de contas do Twitter e várias páginas do Facebook para desacreditar e dividir os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, anunciaram ontem as duas redes sociais. A rede social Twitter anunciou que suspendeu 986 contas que “são coordenadas como parte de uma operação chinesa” para “minar a legitimidade e as posições políticas” dos manifestantes, disse numa mensagem. Já a rede social Facebook salientou que removeu, pelas mesmas razões, sete páginas e três grupos, também relacionados com “pessoas associadas ao Governo de Pequim”. Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. Em 1 de Julho, alguns manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong. Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos numa das infraestruturas aeroportuárias mais movimentadas do mundo. A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa. Para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
Hoje Macau EventosGoverno entregou a Paula Rego a condecoração de Mérito Cultural [dropcap]É[/dropcap] um gesto simbólico, com tudo o que isso significa, mas faltava este reconhecimento com a Medalha de Mérito Cultural do Governo do seu país, do Governo de Portugal, e que era importante que fosse feito”, disse, sexta-feira, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, após uma visita ao estúdio da artista, na capital britânica. A entrega da condecoração foi feita em privado, com a presença de dois dos filhos de Paula Rego, Caroline e Nick Willing, e da assistente e modelo, Lila Nunes, além do embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes. Graça Fonseca disse que, “de facto, é a última homenagem [que faltava]”, elegendo Paula Rego como “seguramente uma das nossas maiores [artistas portuguesas], senão mesmo a maior. Tenho alguma dificuldade com a maior, porque temos óptimos artistas”. A condecoração coincide com uma grande exposição retrospectiva da obra da pintora em Milton Keynes, cidade a norte de Londres, que a ministra vai visitar na próxima quarta-feira, e que se centra na consciência social e política de alguns dos seus trabalhos. “Paula Rego: Obediência e Desafio”, no museu MK Gallery, abrange a obra desde os anos 1960 até 2011, com mais de 80 trabalhos, desde desenhos e gravuras em papel a colagens e pinturas em grandes telas. A exposição vai estar em digressão, primeiro no museu Scottish National Gallery, em Edimburgo, de 23 de Novembro a 26 de Abril de 2020, e depois para o Irish Museum of Modern Art, em Dublin, de 25 de Maio de 2020 a 1 de Novembro de 2020, sendo a primeira primeira retrospectiva da obra de Paula Rego tanto na Escócia como na Irlanda. Da mostra fazem partes quadros produzidos durante a ditadura portuguesa, como “Salazar a Vomitar a Pátria”, de 1960, e sobre o aborto, alguns dos quais produzidos após o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, em 1998, repetido em 2007, resultando na despenalização apenas à segunda tentativa. A marcar gerações “Paula Rego marcou-me muito a mim, mas também marcou muitas gerações. A campanha, a série que ela fez sobre o aborto, o quadro extraordinário do Padre Amaro, teve uma importância gigante na altura, porque é uma série que nos abana e que nos faz pensar, que coloca um enfoque completamente diferente numa questão social na altura muito séria e que conquistámos, quem defendia, e em grande parte devemos isso à Paula Rego. Há aqui várias homenagens que devemos à Paula Rego”, disse a ministra. O embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, realçou que Paula Rego “é uma pintora reconhecida, amada [pelos britânicos], que vai ter uma grande exposição aqui em 2021, e mais que merecedora desta condecoração, aliada a uma personalidade que é fascinante e uma pessoa de uma simpatia e humanidade absolutamente fantásticos”. Percurso de excelência Nascida em Lisboa, Paula Rego, que completou 84 anos em Janeiro deste ano, viajou para Inglaterra aos 16 anos para terminar os estudos secundários numa escola privada e ingressou, no ano seguinte, na Slade School of Fine Art. Desde 2009 que a obra da artista tem um museu dedicado em Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego, o qual tem mostrado várias vezes a obra do marido, Victor Willing, falecido em 1988. Possui dupla nacionalidade, portuguesa e britânica, e em 2010 foi distinguida com o grau de Dame Commander of The Order of the British Empire pela rainha Isabel II, pela sua contribuição para as artes.