Governo estuda a possibilidade de criar bolsa de valores

[dropcap]O[/dropcap] Executivo vai estudar a viabilidade do estabelecimento de uma bolsa de valores no território, anunciou o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. “O Governo está, neste momento, a preparar a escolha de uma empresa de consultoria internacional para proceder a um estudo preliminar sobre a viabilidade do estabelecimento em Macau de uma bolsa de valores”, afirmou o responsável, de acordo com um comunicado oficial.

Lionel Leong sublinhou que o estudo vai ser orientado para “ir ao encontro do posicionamento definido pelo país para o desenvolvimento de Macau”, como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa e plataforma para a prestação de serviços financeiros entre Pequim e o bloco lusófono.

Por outro lado, esta iniciativa deverá reforçar as vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas”, no âmbito da livre circulação de capitais e o relacionamento com os países lusófonos, reiterou.

“O estudo está ainda numa fase bastante preliminar”, destacou o responsável, acrescentando que a empresa escolhida terá de “estudar se o território tem sistemas legais, de fiscalização e de regulação”, bem como “quadros qualificados adequados para garantir um mercado bolsista” e as possibilidades de contribuir para o alargamento das oportunidades de emprego e de participação dos jovens. Por outro lado, o estudo terá também de identificar as condições em falta para que se possa estabelecer uma bolsa de valores em Macau, disse.

O secretário lembrou que nas “Linhas gerais do planeamento para o desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” e também na revisão do acordo CEPA, assinado entre Macau e o Ministério do Comércio chinês, se refere a necessidade de realização de um estudo sobre o estabelecimento de bolsas de valores, para fomentar a diversificação económica do território.

2 Mai 2019

Jogo | Receitas da MGM sobem 23 por cento no primeiro trimestre

[dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo MGM Resorts apresentou receitas de 3,2 mil milhões de dólares, no primeiro trimestre, um aumento de 13 por cento face ao período homólogo de 2018, com as receitas de Macau a aumentarem 23 por cento.

De acordo com o comunicado apresentado na segunda-feira pela operadora norte-americana, as receitas em Macau no primeiro trimestre foram de 734 milhões de dólares.

O aumento das receitas homólogas do grupo em Macau, entre Janeiro e Março, tem grande parte que ver com a abertura do hotel-casino MGM Cotai em 13 de Fevereiro de 2018: este ‘resort’ integrado registou receitas no valor de 301 milhões de dólares, quando no mesmo período do ano passado tinha apresentado 85 milhões de dólares.

A MGM China registou um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado foi de 191 milhões de dólares, mais 26 por cento que no mesmo período do ano passado.

Em comunicado, a MGM China anunciou ter obtido mais 18 por cento em receita bruta de jogo e que os seus dois casinos em Macau representam 9,4 por cento da cota total do mercado do jogo no território.

A MGM China apontou ainda ter crescido em todos os segmentos de jogos, tanto no jogo de massas como no jogo vip, mais 3 por cento, ao contrário da tendência que se tem verificado no mercado global no território, que no primeiro trimestre do ano viu as receitas do jogo VIP caírem 13,4 por cento.

“Juntamente com o crescimento dos nossos negócios, estamos muito satisfeitos em ver a nossa subconcessão de jogos estendida. Estamos gratos pelo apoio do Governo de Macau e continuamos comprometidos com a evolução contínua da região”, apontou o presidente executivo e director executivo da MGM China, Grant Bowie, citado na nota.

2 Mai 2019

Economia | Desvalorizado decréscimo de receitas dos casinos

[dropcap]O[/dropcap] sector do jogo registou em Abril uma quebra de receitas de mais de oito por cento, quando comparado com igual período de 2018, algo que Lionel Leong, secretário para Economia e Finanças, desvaloriza.

Em relação à “proporção do jogo de massas e do jogo VIP, de acordo com os dados, entre Janeiro e Abril, o mercado de massas cresceu 51 por cento, o que significa que o mercado VIP registou uma quebra de uma estrutura tem vindo a mudar progressivamente”, comentou o governante.

Lionel Leong acrescentou que não se deve olhar para o mês todo em termos de receitas, mas para a sua estrutura.

De acordo com o secretário, a mudança que faz avolumar o segmento de massas, “ajusta-se melhor ao que chamamos de centro mundial de turismo e lazer, porque queremos ver o mercado do jogo de massas crescer por si próprio, dependendo de todo o bolo, do jogo VIP”.

Lionel Leong entende que esta mudança vai beneficiar as pequenas e médias empresas em outras áreas. No que respeita ao comportamento dos turistas que participam no jogo de massas, este tipo de consumidor faz compras e frequenta espaços no exterior, tem um comportamento diferente dos clientes dos junkets, refere Lionel Leong.

Quanto ao decréscimo global das receitas, o governante explicou que o crescimento é, obviamente, o objectivo de todos, mas que os “números totais das receitas do jogo não vão crescer como cresceram em 2013 ou 2014”.

2 Mai 2019

Chefe do Executivo | Elogios ao contributo da comunidade portuguesa

[dropcap]N[/dropcap]o discurso de despedida de Marcelo Rebelo de Sousa, Chui Sai On elogiou o contributo da comunidade portuguesa em Macau.

“Ao longo destes 20 anos, a sociedade de Macau mantém-se harmoniosa e tranquila; a nossa economia é próspera, o nível de emprego mantém-se estável, o bem-estar e a qualidade de vida da população cresce de forma sustentada e temos registado avanços em todas as actividades da sociedade”, disse Chui. “Tudo isto é fruto dos esforços conjuntos de toda a população de Macau, da qual faz parte a comunidade portuguesa”, acrescentou.

Por sua vez, Marcelo afirmou ter vivido um “dia inesquecível”, deixou agradecimentos a Chui e disse levar no seu coração a Flor do Lótus, símbolo da RAEM.

2 Mai 2019

Marcelo termina visita à China “muito feliz” e destaca “grau máximo” nas relações políticas

Inês Escobar de Lima, enviada da agência Lusa

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou-se hoje “muito feliz” com a forma como decorreu a sua visita de Estado à China e destacou a subida para “o grau máximo de relacionamento político”.

Marcelo Rebelo de Sousa fez o balanço da sua visita de três dias à República Popular da China numa conferência de imprensa no Consulado-Geral de Portugal em Macau, considerando que “superou as expectativas”, quer em termos globais, quer no que respeita a esta região administrativa especial.

O chefe de Estado destacou o memorando de entendimento que estabelece um novo patamar no plano das relações políticas bilaterais: “Subiu-se para o grau máximo de relacionamento político possível, ao nível dos Estados Unidos da América, do Reino Unido, da França e da Alemanha, parceiros políticos num diálogo que ultrapassa a mera parceria estratégica”. “Pois Portugal coloca-se aí”, realçou.

No que respeita às relações económicas, disse que houve “passos muito significativos” no fórum que decorreu em Xangai com empresários portugueses e chineses, alguns dos quais celebraram acordos.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “muitos outros foram negociados” nessa ocasião e o clima nos contactos entre empresários “não podia ser melhor, não havia uma razão de insatisfação”.

“Serenamente, como é próprio do nosso relacionamento, vão sendo dados passos muito importantes, cheio de perspectivas de futuro. E por isso saio muito feliz, e comigo sai feliz o Governo e sai feliz também a delegação da Assembleia da República”, declarou, no final da sua intervenção inicial nesta conferência de imprensa.

Acompanharam o Presidente da República na sua visita de Estado à China – dividida entre Pequim, Xangai e Macau – os deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e por Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Bloco de Esquerda e PAN optaram por não integrar a delegação parlamentar desta visita, o que justificaram com a situação dos direitos humanos e das liberdades na China.

Pela parte do Governo, integraram a sua comitiva oficial os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

1 Mai 2019

Com “Hotel Império” Ivo M. Ferreira fez um filme distópico sobre Macau

[dropcap]O[/dropcap] filme “Hotel Império”, de Ivo M. Ferreira, que se estreia a 9 de Maio em Lisboa, é uma obra distópica dedicada a Macau, onde o realizador tem vivido desde 1994, numa visão entre o passado e o presente.

“Quis fazer um filme distópico, no sentido que podia atravessar vários períodos da vida de Macau. Há cenas que não são credíveis agora, mas eram há dez ou vinte anos, mas, por outro lado, quis agarrá-lo muito ao presente”, contou Ivo M. Ferreira à agência Lusa.

“Hotel Império”, que será exibido no festival IndieLisboa, antes de chegar a 15 salas do circuito comercial, é protagonizado pela atriz portuguesa Margarida Vila-Nova e pelo actor anglo-taiwanês Rhydian Vaughan e foi integralmente rodado em Macau, o terceiro protagonista do filme.

O filme “vai buscar as minhas memórias e a curiosidade quando cheguei, quando ouvia mahjong numa janela e não percebia o que era, quando ouvia uma rapariga e entrava num sítio e não percebia onde ia”, explicou.

Esta é a história de uma portuguesa que vive num velho hotel situado nos bairros tradicionais de Macau, que é cobiçado por especuladores imobiliários para ser demolido. Maria canta num casino e acaba por ceder à prostituição de luxo para conseguir manter o hotel de pé.

Ivo M. Ferreira recorda que quis pegar em lugares-comuns associados a Macau – jogo e prostituição -, sem esquecer o problema da mudança agressiva do espaço urbano e, nesse aspecto, remete para uma realidade que é também portuguesa, pela especulação imobiliária.

“Há um lado identitário que me interessa imenso. O facto de o espaço urbano estar em erosão muito rápida também espoleta uma série de coisas que está a acontecer em Lisboa. (…) Não é nada um filme de despedida, mas um filme que viesse procurar coisas que eu tinha sentido na minha primeira chegada em 1994”, explicou.

Vinte anos depois da transferência administrativa de Macau de Portugal para a China, Ivo M. Ferreira fala de “uma cidade muito viva”, com património recuperado, mas com uma narrativa que não corresponde à realidade.

“‘Ah, os portugueses cuidaram disto muito bem e depois vieram os chineses e destruíram tudo’. É o contrário!”, disse. O realizador português, de 43 anos, estreia “Hotel Império” em Portugal, terminou uma série televisiva, “Sul”, para a RTP e prepara aquele que considera o primeiro projecto de vida, enquanto realizador.

“É talvez o meu primeiro desejo de filmar, com oito ou dez anos. Chama-se ‘Projecto Global’ e é muito inspirado nas FP25, que abalaram muito Portugal nos anos 1980”, disse o realizador, sobre o projecto que está ainda na fase de escrita do argumento.

Ivo M. Ferreira é autor de curtas como “O Homem da Bicicleta” (1997) e “Na Escama do Dragão” (2002) e das longas “Águas Mil” (2009) e “Cartas da Guerra” (2016).

1 Mai 2019

Xangai recebe I Mostra de Cinema em Língua Portuguesa

[dropcap]A[/dropcap] primeira mostra de cinema em língua portuguesa arranca na quinta-feira, em Xangai, com a exibição de filmes de Portugal, Brasil e Cabo Verde para promover a cultura lusófona no maior centro financeiro da China.

O ciclo abre na quinta-feira à tarde com o filme “A Mãe é que Sabe”, uma comédia do realizador português Nuno Rocha. Para o último dia está reservada uma sessão dupla, com o drama “Florbela”, sobre a poetisa Florbela Espanca, e o documentário “O Paraíso São os Outros”, de Miguel Gonçalves, com texto do escritor português Valter Hugo Mãe e que reúne depoimentos de falantes da língua portuguesa.

O programa inclui ainda “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo”, do Brasil, e “Os Dois Irmãos”, de Cabo Verde. Todos os filmes serão falados em português, com legendas em inglês.

A mostra é o primeiro evento organizado pelo recém-criado Grupo Lusófono, formado pelos Consulados-Gerais do Brasil e de Portugal na cidade de Xangai, para promover a cultura dos países de língua portuguesa “nas suas mais variadas vertentes”, disse o cônsul português, Israel Saraiva.

O ciclo, de entrada gratuita, vai decorrer na fundação Fosun, que foi estabelecida em 2012 como “braço humanitário” do grupo privado chinês. Em Portugal, a Fosun detém já a seguradora Fidelidade e a Luz Saúde, a maior participação no banco Millennium BCP e cerca de 5% da REN (Redes Energéticas Nacionais).

1 Mai 2019

Marcelo elogia “a diferença de Macau” e já fala na “próxima visita” talvez em Dezembro

[dropcap]O[/dropcap] Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou hoje “a diferença de Macau”, último ponto da sua visita de Estado à República Popular da China, e já fala na “próxima visita” ao território, possivelmente em Dezembro.

O chefe de Estado, que chegou na terça-feira à noite à Região Administrativa Especial de Macau, onde estará menos de 24 horas, começou o dia na Santa Casa da Misericórdia, e aí deixou a promessa de visitar “todas” as outras instituições macaenses “na próxima visita”.

Durante um passeio a pé pelo centro histórico até às Ruínas de São Paulo, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o Presidente chinês, Xi Jinping, “vem cá em Dezembro”, para as celebrações dos 20 anos da transição da administração do território de Portugal para a China, e adiantou: “Provavelmente eu também virei, veremos”.

“Dezembro pode ser um bom pretexto, por causa dos 20 anos. É evidente que a própria República Popular da China entende como naturalíssimo que Portugal esteja representado ao mais alto nível na celebração dos 20 anos, foi assim que aconteceu há 20 anos, é assim que acontece agora”, acrescentou, mais à frente.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “isso depende do que for ajustado com o Governo português”. Ao longo deste percurso, o Presidente português elogiou diversas vezes “a diferença de Macau”, onde não vinha há 31 anos, e disse ter falado desse tema com Xi Jinping. “Ele falava nisso mesmo, e falávamos nisso mesmo: o que faz a diferença é o que dá valor, e Macau é diferente”.

“Quando se é igual a tudo o resto, o que é maior esmaga o que é mais pequeno. E a diferença significa o quê? Um cruzamento de culturas, de línguas, de tradições, de usos, de gastronomia, é essa a riqueza de Macau, e por isso aqui vem tanta gente e admira essa diferença de Macau, que tem de continuar, na presença da língua portuguesa, na presença dos nomes de ruas portugueses, no património construído, nos hábitos, na gastronomia, em tanta coisa que faz a diferença de Macau”, defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa, que como professor de direito deu aulas em Macau nos anos 80, notou as diferenças no território: “Está maior, tem mais património construído, tem mais turismo, muito mais turismo, tem um turismo diferente”. No histórico, porém, reencontrou “aquilo que tinha encontrado há 31 anos”.

Junto às Ruínas de São Paulo, um dos monumentos mais emblemáticos de Macau, a comunicação social local perguntou-lhe o que vai resultar desta curta passagem pela região. “Vai resultar mais visitas. Quer dizer, eu não tenciono vir aqui despedir-me de Macau. Eu venho aqui para dizer a Macau até logo”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, que estava ao seu lado, afirmou que para o seu Governo “é uma honra que o senhor Presidente volte muito em breve”.

“Para além do próprio convite, que me honra muito, é irresistível voltar a Macau várias vezes”, respondeu o Presidente português, acrescentando: “Macau está sempre no meu coração”.

1 Mai 2019

Guterres discutiu com Xi Jinping direitos humanos da minoria muçulmana

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, discutiu com o Presidente chinês a questão dos direitos humanos em Xinjiang, onde se calcula que um milhão de muçulmanos estejam detidos indefinidamente em campos de reeducação, informou a ONU.

Pela primeira vez, o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, confirmou na segunda-feira que Guterres discutiu “a situação em Xinjiang”, com o Presidente da China, Xi Jinping, acrescentando que já houve ” vários outros contactos no passado recente sobre esta mesma questão”, junto das autoridades chinesas.

Dujarric apelidou as discussões de Guterres com Xi de “muito cordiais” e “francas”, durante o fórum “Uma Faixa, Uma Rota”, no final desta semana, em Pequim, que se realizou entre 25 e 27 de Abril e que contou com a presença de líderes de 37 países e regiões, incluindo o Presidente da República português.

Este anúncio vem na sequência de várias críticas de organizações não-governamentais, entre as quais da Human Rights Watch (HRW), que exortou o secretário-geral das Nações Unidas a denunciar publicamente, em Pequim, a detenção arbitrária de um milhão de muçulmanos.

As autoridades chinesas negaram durante muito tempo a existência de campos de internamento, mas, perante a publicação de imagens de satélite e de documentos oficiais na Internet que denunciavam a sua existência, referiram-se a centros educativos que ensinavam a língua chinesa, o desporto ou a dança folclórica para combater o extremismo religioso.

Numa carta aberta ao líder da ONU divulgada na semana passada, a Human Rights Watch lamentou o “silêncio” de Guterres sobre a “deterioração dos direitos humanos em Xinjiang, onde uigures e outros muçulmanos turcófonos estão detidos indefinidamente em campos de educação”.

“A posição do secretário-geral sobre este tema sempre foi a mesma em privado e público”, balizando esta questão em princípios indivisíveis, como os direitos humanos que devem ser plenamente respeitados na luta contra o terrorismo e na prevenção do extremismo violento e que cada comunidade deve sentir que a sua identidade é respeitada, explicou o porta-voz da ONU.

Segundo Dujarric, Guterres declarou às autoridades chinesas que “apoia totalmente as iniciativas” da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que tem vindo a pedir a Pequim acesso total à região de Xinjiang para avaliação da situação dos muçulmanos de origem uigur detidos em campos de reeducação.

Em Setembro de 2018, Bachelet pediu autorização a Pequim para o envio de uma equipa à região ocidental do país, mas ainda não obteve resposta, sendo que no início de Março voltou a fazer o pedido.

30 Abr 2019

Imperador Akihito abdica e deseja “paz e felicidade” para o Japão e o mundo

[dropcap]O[/dropcap] imperador Akihito anunciou hoje a sua abdicação, agradeceu ao povo japonês e desejou que a era do seu filho, que na quarta-feira lhe sucede, traga “paz e felicidade” ao Japão e ao mundo.

Akihito encerrou hoje as cerimónias de abdicação, após 30 anos de reinado no trono de Crisântemo, que será ocupado agora pelo seu filho mais velho, o príncipe herdeiro Naruhito.

Esta foi a primeira abdicação do trono de Crisântemo no Japão em mais de dois séculos. O imperador Akihito disse hoje que se sente “com sorte” por ter cumprido as suas funções “com um profundo sentimento de confiança e respeito para o povo”, nas suas últimas palavras pronunciadas durante a cerimónia de abdicação.

“Hoje concluo os meus deveres como imperador”, declarou o imperador do Japão no início de seu breve discurso durante a cerimónia, realizada no Palácio Imperial, em Tóquio, diante de 294 participantes, incluindo representantes da família real e dos três ramos do Governo japonês.

Depois de agradecer as palavras do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que o precedeu na cerimónia, também agradeceu ao povo japonês “por apoiá-lo e aceitá-lo em seu papel de símbolo do Estado”.

Akihito, de 85 anos, dirigiu-se ao público na cerimónia de abdicação, que durou pouco mais de dez minutos e foi realizada no Salão Pino, a maior sala do Palácio Imperial de Tóquio.

Antes dos discursos, os camareiros imperiais apresentaram dois dos três tesouros sagrados que Akihito guardou durante as suas três décadas no trono e que simbolizam o poder do cargo, além dos selos imperiais usados para assinar os documentos oficiais.

O acto terminou com Akihito a abandonar o salão, acompanhado pelos camareiros que carregavam os baús com os tesouros sagrados, seguido pela imperatriz Michiko e os demais membros adultos da família imperial.

De acordo com o protocolo imperial japonês, o imperador Akihito continuará no cargo até à meia-noite de hoje e a proclamação de seu filho mais velho e príncipe herdeiro Naruhito terá lugar na quarta-feira.

Akihito anunciou em Agosto de 2016 que a sua idade e problemas de saúde o impediam de cumprir plenamente os seus deveres como imperador. Após esse anúncio na televisão, aconteceram uma série de decisões políticas para a sua abdicação, possibilidade que não estava contemplada no quadro legal então em vigor, até que uma lei específica foi aprovada nesse sentido.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou hoje formalmente a abdicação do imperador Akihito e sublinhou a era de paz que o país tem experimentado nestas três décadas.
Shinzo Abe falou em nome do povo japonês no ato de abdicação de Akihito.

“O imperador, de acordo com a lei imperial especial, abdica hoje”, disse Abe na cerimónia. Na sua mensagem, o primeiro-ministro sublinhou ainda que Akihito “sempre quis a paz da nação e a felicidade do povo japonês”.

O chefe do Governo japonês lembrou o papel desempenhado pelo imperador Akihito e pela imperatriz Michiko para consolar os japoneses pelos desastres naturais que o país sofreu nos últimos trinta anos.

O príncipe herdeiro Naruhito subirá ao trono de crisântemo na quarta-feira e, numa cerimónia separada, herdará o privilégio imperial da espada e da joia, bem como os selos imperiais como prova da sua sucessão como o 126.º imperador do Japão.

30 Abr 2019

Ausência de Bloco e PAN “é um sinal da liberdade que existe em Portugal”, diz Marcelo

Por Inês Escobar de Lima, enviada da agência Lusa

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República considerou ontem que a ausência de Bloco de Esquerda e PAN na sua visita de Estado à República Popular da China “é um sinal da liberdade que existe em Portugal”.

Em resposta à comunicação social, num hotel de Xangai, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “não é a primeira vez que isso acontece” e defendeu que “assim deve ser, a escolha deve ser livre”.

Interrogado se não ficaria mais confortável se na China estivesse acompanhado por todos os partidos com representação parlamentar, respondeu: “Não, eu fico confortável com aqueles que vêm. Sabem, o povo português diz uma coisa: dança quem está na roda”.

“Portanto, quem quer estar na roda, está na roda. Quem está na roda, dança. Quem não quer estar na roda, não dança daquela vez, dança da próxima”, completou.

Bloco de Esquerda e PAN não quiseram integrar a delegação parlamentar que acompanha esta visita de Estado, opção que justificaram com a situação dos direitos humanos e das liberdades na China.

Num período de declarações aos jornalistas, acabado de chegar a Xangai, vindo de Pequim, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a ausência desses dois partidos, se a considera um embaraço ou um sinal.

“É um sinal da liberdade que existe em Portugal. Já não é a primeira vez que isso acontece”, retorquiu, acrescentando que houve outras visitas que esses partidos não integraram, “às vezes até por razões meramente de impossibilidade prática”

“Mas, tem sucedido que não tenham vindo por considerarem que não faz sentido integrarem a delegação, por uma escolha livre. E assim deve ser, a escolha deve ser livre. Não se impõe a nenhum partido a integração da delegação nestas visitas de Estado”, defendeu.

O Bloco de Esquerda não quis participar na visita de Estado do Presidente da República à China, devido às “restrições à liberdade e violação dos direitos humanos” neste país, justificou fonte oficial do partido, em resposta à agência Lusa.

O PAN comunicou que o seu único deputado, André Silva, também não iria integrar a comitiva, “em coerência com as posições críticas” que tem assumido “em relação ao regime autoritário chinês, de partido único, onde são constantes as restrições à liberdade e a violação dos direitos humanos, num país onde não existe liberdade de imprensa”.

Numa nota enviada à Lusa, o PAN invocou também a “invasão e a violenta ocupação do Tibete pela China, marcada pela repressão, prisão, desaparecimentos, tortura e assassinatos infligidos ao povo tibetano”.

Acompanham o Presidente da República na sua visita de Estado à China os deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Pela parte do Governo, integram a sua comitiva oficial os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Pequim na sexta-feira, para participar na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infra-estruturas, e ontem iniciou uma visita de Estado à China, que termina esta quarta-feira, em Macau.

30 Abr 2019

Líderes chineses querem “dar mais força” ao Fórum Macau, diz Marcelo

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente português disse hoje que a China quer fortalecer o Fórum Macau e admitiu participar nas celebrações dos 20 anos da transição da administração do território para a China, em Dezembro deste ano.

“Há o objectivo de dar mais força ao Fórum Macau: isso foi muito sentido em todos os encontros, nomeadamente no encontro com a delegação liderada pelo Presidente [chinês], Xi Jinping”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado português reuniu-se hoje com Xi e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, no arranque de uma visita de Estado de quatro dias, que inclui ainda passagens por Xangai e Macau.

A visita do Presidente da República ocorre no mesmo ano em que se celebra o 20.º aniversário da transição da administração de Macau de Portugal para a China. Xi Jinping deve participar das comemorações, que se realizam em Dezembro.

“Há uma grande vontade de Portugal estar também presente”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, não negando a possibilidade de voltar ao território por essa ocasião. “Veremos. Também poderá ser o primeiro-ministro, por exemplo”, ressalvou.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda a vontade de Pequim em apostar na Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

“A aposta na CPLP e a aposta conjunta na CPLP: uma via pode e deve ser o fórum Macau, mas todas as vias são boas para apostar na CPLP”, disse.

30 Abr 2019

Marcelo Rebelo de Sousa aplaude “subida de nível” nas relações bilaterais

Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, em Pequim. O Presidente português elogiou a aproximação cada vez mais profícua entre as duas nações com um histórico de amizade de vários séculos

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou ontem perante o seu homólogo chinês, Xi Jinping, a “subida de nível” nas relações políticas bilaterais, considerando que existe igualmente “uma aproximação de pontos de vista no plano multilateral”.

“Estamos a conseguir converter uma relação de séculos de amizade, de conhecimento e de colaboração entre a China e Portugal numa realidade viva virada para o futuro”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início de um encontro com o Presidente chinês, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, alargado às respectivas delegações.

O chefe de Estado português, que começou ontem uma visita de Estado à República Popular da China, salientou a “subida de nível de cooperação”, com a passagem da “parceria estratégica” estabelecida em 2005 para um “diálogo estratégico” entre os dois países.

Esta “subida de nível” no plano das relações políticas bilaterais foi formalizada logo após o encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Xi Jinping, através de “um memorando de entendimento para o estabelecimento de um diálogo estratégico”, assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, e chinês, Wang Yi.

Com este instrumento, Portugal e a China acordam em proceder a consultas políticas regulares sobre temas bilaterais e de política internacional e em aumentar os contactos entre as autoridades governativas, com visitas mútuas, uma vez por ano, ora na China, ora em Portugal, ao nível dos ministros Negócios Estrangeiros.

“Ao mesmo tempo, afirmamos pontos de vista, preocupados com a situação internacional, com uma perspectiva multilateral defensora dos direitos internacionais e universais, defensora das organizações internacionais, aberta à construção da paz, da segurança e do diálogo. Preocupada com a liberdade de comércio”, acrescentou o Presidente português.

Olhar em frente

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “assim, soma-se à preocupação e ao aprofundamento bilateral uma troca de pontos de vista e uma aproximação de pontos de vista no plano multilateral e universal”.

No plano bilateral, referiu que existe “também um aumento e aprofundamento quanto à importância das relações económicas, financeiras, culturais e sociais entre os dois países”.

O Presidente português falava perante a comunicação social, que assistiu às suas declarações iniciais neste encontro, antecedido de uma cerimónia de receção com honras militares, na Praça Tiananmen, em frente ao Grande Palácio do Povo, em que se ouviram os hinos dos dois países.

“Ao celebrarmos 40 anos de relações diplomáticas e 20 anos da transferência da administração em Macau, estamos a olhar para o futuro, nas relações bilaterais e no plano multilateral”, resumiu, sentado em frente a Xi Jinping.

A seguir a este encontro, o Presidente chinês ofereceu um banquete oficial em honra do chefe de Estado português, que à noite viajou de Pequim para Xangai.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou à China na sexta-feira, para participar na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas da Ásia à Europa, em que interveio, no sábado.

Inês Escobar de Lima
LUSA

30 Abr 2019

Função Pública | Apenas 60 por cento dos candidatos a exame comparecerem

[dropcap]D[/dropcap]os 6444 candidatos que se inscreveram no concurso de avaliação de competências integradas referente a habilitações académicas de bacharelato dos Serviços de Administração e Função Pública, apenas 3800 compareceram para realizar a prova, o que indica uma taxa de participação de 60 por cento.

De acordo com o jornal Ou Mun, houve candidatos que se queixaram da falta de tempo para realizar o exame de admissão e sugeriram que o Governo reveja os regulamentos nesta matéria. No exame em causa os candidatos tiveram uma hora e meia para responder a 60 questões.

30 Abr 2019

Taxa de desemprego com nível igual a 2018 no primeiro trimestre

[dropcap]D[/dropcap]ados oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que a taxa de desemprego, entre Janeiro e Março deste ano, apresentou valores semelhantes a igual período de 2018. Isto significa que a taxa de desemprego se mantém nos 1,7 por cento, enquanto que a taxa de desemprego dos residentes está nos 2,3 por cento. Já a taxa de subemprego, que se situa nos 0,4 por cento, desceu um ponto percentual.

Estes números mostram que Macau mantém uma situação de pleno emprego, o que significa que todos os que estão autorizados a trabalhar conseguiram preencher as vagas livres em pouco tempo.

No primeiro trimestre de 2019, o número total de empregados diminuiu em 900 pessoas, além de que o número de residentes empregados desceu em 1.800 pessoas. Em termos de ramos de actividade económica, o número de empregados das actividades imobiliárias e serviços prestados às empresas foi de 33.800 e o de empregados dos hotéis e similares atingiu 31.400, ou seja, mais 1.000 e 1.300 pessoas, respectivamente, face ao quarto trimestre de 2018. Em contrapartida, o número de empregados do comércio a retalho correspondeu a 31.400, menos 2.100 pessoas.

No período em análise, a população activa totalizou 393.600 pessoas e a taxa de actividade foi de 70,4 por cento. Salienta-se que a população empregada se fixou em 387.100 pessoas e que o número de residentes empregados atingiu 282.000 pessoas, ou seja, menos 1.000 e 1.600, respectivamente, em comparação com o período precedente. O número de desempregados foi de 6.500 pessoas, menos 200, face ao período transacto.

Residentes na mesma

A mediana de rendimento mensal situou-se nas 17 mil patacas no primeiro trimestre, o que mostra que os trabalhadores estão a ganhar mais mil patacas, de acordo com os dados revelados pela DSEC.

As estatísticas mostram também que “as medianas do rendimento mensal do emprego da população empregada nas lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos, bem como na construção foram de 20.000 e 17.000 Patacas, respectivamente”. Por outro lado, a mediana do rendimento mensal dos residentes não sofreu alterações. “A mediana do rendimento mensal dos residentes empregados cifrou-se em 20.000 patacas, sendo idêntica à do trimestre passado”, explica a DSEC.

O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 8,5 por cento do total da população desempregada, tendo aumentado 1,9 pontos percentuais”.

30 Abr 2019

Apoios sociais | Wynn adere a regime de previdência central não obrigatório

[dropcap]A[/dropcap] concessionária de jogo Wynn vai aderir ao regime de previdência central não obrigatório. De acordo com um comunicado emitido pela empresa, o novo programa de contas individuais estará disponível a partir do dia 1 de Julho para novos funcionários da Wynn Macau, Wynn Palace e Wynn Design and Development (WDD) Asia.

No que diz respeito aos actuais trabalhadores, que já possuem um outro sistema de segurança social, “podem ter como opção mudar para o novo programa ou manterem-se no programa já criado, que pode funcionar em paralelo”.

A Wynn já havia estabelecido um fundo de previdência em 2006, data em que o primeiro resort da concessionária abriu no território, como “uma forma efectiva de apoiar os seus funcionários a pouparem para o futuro”.

A concessionária defende que o novo programa de contas individuais abrangido pelo regime de previdência central não obrigatório “vai reforçar a protecção social dos residentes de Macau com uma idade avançada e complementar ao já existente sistema de segurança social”.

Para que os funcionários compreendam o novo programa, a Wynn vai organizar sessões de esclarecimento durante três meses. O regime de previdência central não obrigatório entrou em vigor em 2017 e destina-se a empresas privadas que queiram disponibilizar fundos de reforma aos seus funcionários.

30 Abr 2019

Estação Elevatória | Autorizadas obras no Porto Interior para travar cheias

[dropcap]U[/dropcap]m despacho assinado pelo Chefe do Executivo e publicado ontem em Boletim Oficial (BO) autoriza a realização das “obras de construção de Box Culvert da Estação Elevatória de Águas Pluviais do Norte do Porto Interior” por parte do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).

De acordo com o despacho, o IAM pode realizar as obras nas Rua de Miguel Aires, Rua Nova do Comércio, Rua do Bispo Enes e Rua do Visconde Paço de Arcos entre as 8 horas e as 22 horas, nos domingos e feriados, no prazo de 30 dias, contados desde ontem.

As obras podem também ser feitas entre as 20 horas e as 22 horas, nos restantes dias da semana, no prazo de 30 dias. A obra, anunciada no início deste ano, tinha arranque previsto para o primeiro trimestre do ano e está orçamentada em 90 milhões de patacas.

30 Abr 2019

Ilha Verde | 80 por cento de portas corta-fogo substituídas

[dropcap]E[/dropcap]stá concluída a substituição de cerca de 80 por cento das portas corta-fogo do auto-silo do Edifício do Bairro da Ilha Verde. A informação foi adiantada ontem pelo delegado do Gabinete para o Desenvolvimento de Infraestruturas, Lam Wai Hou, numa visita do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.

O membro do Governo fez a visita acompanhado pelos deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa à obra na Ilha Verde. Lam Wai Hou adiantou ainda que os trabalhos de substituição das 100 portas corta-fogo vai terminar no mês de Junho.

30 Abr 2019

Relações luso-chinesas sobem de patamar político com contactos anuais

[dropcap]P[/dropcap]ortugal e a China formalizam hoje, através de um memorando de entendimento, um novo patamar nas relações bilaterais, que passam da parceria estabelecida em 2005 para um “diálogo estratégico”, com contactos anuais.

O “memorando de entendimento sobre diálogo estratégico entre Portugal e a República Popular da China” vai ser formalizado hoje no Grande Palácio do Povo, em Pequim, onde o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, será recebido pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, confirmou à Lusa fonte diplomática.

Com este memorando, os dois países acordam em proceder a consultas políticas regulares sobre temas bilaterais e de política internacional e em aumentar os contactos entre as autoridades governativas, com visitas mútuas, uma vez ao ano, ora na China, ora em Portugal, ao nível dos ministros Negócios Estrangeiros.

O relacionamento de Portugal com a China passa da actual “parceria estratégica” assinada em 2005 para o patamar da França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos da América, referiu a mesma fonte diplomática.

À chegada à China, na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa fez alusão a este novo patamar político nas relações luso-chinesas, referindo que estava em curso “um salto qualitativo em termos bilaterais” e que Portugal passaria para o mesmo “nível de potências mundiais ou de países de grande afirmação europeia”.

“É o salto qualitativo que é dado durante esta visita, passando de um memorando, que já é do ponto de vista de parceria estratégica muito importante, agora no plano bilateral para mais do que isso”, afirmou.

Em declarações feitas na Grande Muralha, ao norte de Pequim, o chefe de Estado acrescentou que Portugal passava assim a ter com a China “um relacionamento político ao nível de países como a França, como o Reino Unido, como os Estados Unidos da América”.

Já quando recebeu Xi Jinping em Lisboa, no início de Dezembro do ano passado, o Presidente português tinha falado na vontade de “continuar a construir” a parceria entre Portugal e a China “com diálogo político regular e contínuo”.

Na actual legislatura, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, teve uma curta reunião com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante uma escala na Base das Lajes, nos Açores, em Setembro de 2016, e no mês seguinte o primeiro-ministro português, António Costa, visitou a China.

Em Julho de 2017, o então presidente do comité permanente da Assembleia Popular Nacional da República Popular da China, Zhang Dejiang, esteve em Lisboa, onde os dois parlamentos assinaram um memorando de entendimento.

Em 2018, houve visitas recíprocas dos ministros dos Negócios Estrangeiros, em Maio e Outubro, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, à China, em Novembro, e do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, em Dezembro.

Agora, Marcelo Rebelo de Sousa retribui essa deslocação, iniciando hoje uma visita de Estado de três dias à República Popular da China, dividida entre Pequim, Xangai e a RAEM, após participar na segunda fórum “Rota e Faixa”, na capital chinesa.

29 Abr 2019

Marcelo ouve lama budista em Pequim explicar importância do patriotismo

Por João Pimenta, da agência Lusa 

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente português ouviu hoje o responsável máximo pelo maior templo de budismo tibetano em Pequim a defender a importância de conciliar a religião com o patriotismo, pondo os interesses do Estado acima de tudo.

“Em primeiro lugar, temos de ser patriotas e defender os interesses do Estado e do país. Só assim poderemos ser bons budistas”, explicou Hu Xuefeng a Marcelo Rebelo de Sousa.

Hu é um dos lamas escolhidos pelo Partido Comunista Chinês (PCC) para encontrar a 15.ª reencarnação do Dalai Lama, o líder político e espiritual dos tibetanos.

O actual, que o regime chinês acusa de ter uma “postura separatista”, vive exilado na vizinha Índia, na sequência de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, em 1959.

Questionado sobre como conciliar o domínio exercido pelo PCC com a vida religiosa, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu a questão para o lama, que realçou que o budismo “não pode ficar preso a um passado de há 2.500 anos” e defendeu os esforços de Pequim “para achinesar as religiões”.

“O nosso objectivo é o mesmo: lutar pelo futuro da China, o futuro da nossa pátria”, explicou Hu Xuefeng, durante a visita de uma hora do Presidente da República ao Templo dos Lamas, complexo que combina os estilos chinês e tibetano.

Na China, os assuntos religiosos do budismo, taoismo, islamismo ou cristianismo estão atribuídos a congregações sob tutela do Partido Comunista, partido único no poder.

O Governo chinês apela às igrejas católicas do país para aderirem ao “socialismo com características chinesas” e adoptarem a “direcção correta de desenvolvimento”.

“Temos que modernizar e estudar a ciência, para vivermos em comunidade de uma forma moderna. Só adaptando-nos à nova era da modernidade é que podemos trazer o budismo para o futuro”, apontou Hu.

Com cerca de três milhões de habitantes, o Tibete é uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo, com os locais a argumentarem que o território foi durante muito tempo independente até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.

Pequim está a tentar reforçar o seu controlo sobre o processo de reencarnação dos lamas tibetanos e, por consequência, do próprio Dalai Lama, legitimando assim o domínio comunista na região dos Himalaias.

Hu, que nasceu na região da Mongólia Interior e não é de etnia tibetana, é tido como um dos lamas mais influentes. O responsável pelo Templo dos Lamas foi membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o principal órgão consultivo do Governo chinês, entre 1995 e 2000.

Lembrando que a liberdade religiosa é para os portugueses uma “evidência” que está na Constituição, Marcelo Rebelo de Sousa considerou haver no país asiático “uma tentativa de compatibilizar o espírito patriótico com a liberdade religiosa e a afirmação da unidade da China com o exercício da liberdade religiosa”.

O Presidente da República aproveitou a visita ao emblemático templo de Pequim para acender um incenso e formular o desejo de um Portugal “feliz e próspero”.

Marcelo Rebelo de Sousa está a realizar uma visita oficial à China, que inclui encontros com o homólogo chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, e passagens por Pequim, Xangai e Macau.

Em Março passado, o parlamento português aprovou um voto em que manifesta a sua preocupação pelo respeito das liberdades no Tibete e pediu empenho à China na protecção dos direitos humanos.

O voto, apresentado pela bancada do Partido Socialista, manifestou “preocupação pela subsistência de situações em que não são asseguradas as liberdades fundamentais no território do Tibete”.

E apelou “às autoridades da República Popular da China que assegurem, em diálogo com a sociedade civil e na linha dos padrões internacionais de protecção dos direitos humanos de que é signatária, no quadro da Organização das Nações Unidas, a sua plena efectivação”.

29 Abr 2019

Imperador japonês Akihito abdica do trono para o filho mais velho Naruhito

[dropcap]A[/dropcap]o fim de 30 anos, o reinado do imperador japonês Akihito termina esta semana, quando abdicar em favor do filho mais velho, Naruhito, que se tornará o soberano da mais antiga monarquia reinante do mundo.

No dia 1 de Maio, às 00:00 locais, o Japão entra no ano 1 da nova era imperial “Reiwa” (“Bela harmonia”), após três décadas sob o império de “Heisei” (Conclusão da paz”).

Pela primeira vez em dois séculos, um imperador abdica do trono em vida, em virtude de uma lei de excepção escrita especificamente para Akihito, que em 2016 tinha expressado o seu desejo de se poder afastar de funções, por “não poder exercer de corpo e alma” as tarefas de imperador, com problemas de saúde.

Com 85 anos, Akihito deixa o trono ao seu filho mais velho, o príncipe herdeiro Naruhito, de 59 anos, historiador de formação e propenso a ignorar a tradição imperial rígida e os protocolos severos do Japão.

Naruhito promete ajudar o Japão a avançar para a modernização da mais antiga monarquia reinante do mundo, tornando-se o imperador número 126 a subir ao Trono do Crisântemo.

A biografia de Naruhito não é a mais ortodoxa para o padrão dos príncipes herdeiros do Japão, tendo sido criado pela mãe, Michiko, e não pelo pessoal do Palácio Imperial, e tendo estudado no estrangeiro, em vez de ficar pelos estabelecimentos de ensino japoneses, como era tradição.

Tal como o pai, Naruhito casou com uma plebeia, a princesa Masako, a quem tem protegido de críticas e ataques públicos, sobretudo na fase em que esta atravessou uma fase de doença prolongada de foro psicológico.

A figura do imperador do Japão foi forjada ao longo dos séculos, a partir da origem divina que simbolicamente se lhe associa, mas a história recente tem reafirmado a sua personagem como um símbolo de unidade do Estado, embora com funções políticas quase nulas.

Nem sequer naquilo que está associado ao regime imperial que protagoniza: quando o governo do Japão recentemente escolheu o novo nome para a época que terá início em 1 de Maio, “Reiwa” (“bela harmonia”), o imperador não foi tido nem achado.

Após a derrota do Japão na II Guerra Mundial, o novo papel do imperador ficou muito limitado, praticamente com valor simbólico. É o imperador que nomeia o primeiro-ministro, mas estritamente de acordo com a decisão do Parlamento.

“Segundo a Constituição, o imperador japonês é um símbolo, mas penso que este imperador já transformou o símbolo num ser humano”, defende Makoto Inoue, jornalista que há 15 anos cobre a agenda imperial para o jornal Nikkei.

O imperador que agora abdica, Akihito, teve uma educação bem mais tradicional que a do filho, conduzida por tutores imperiais, mas passou por experiências traumáticas, como quando teve de fugir da II Guerra Mundial, em criança, através das montanhas de Nikko.

Desde que foi nomeado imperador, após a morte do pai, em 1989, Akihito recusou sempre ser tratado como um “ser divino” e procurou humanizar o cargo que ocupou, lutando sempre pela imagem do Japão como um país pacífico, tendo mostrado remorso pelos ataques do exército imperial japonês, durante a II Guerra Mundial.

Tal como o filho que agora o sucede no cargo, Akihito também casou com uma plebeia, a imperatriz Michiko, que conheceu a praticar ténis, um dos seus desportos favoritos.

Ao filho, Naruhito, incutiu o gosto pelas viagens, convenceu-o a estudar em Oxford, em Inglaterra, e sempre acarinhou o perfil mais heterodoxo do herdeiro que agora assume o lugar de imperador.

Os analistas dizem que o novo imperador manterá a proximidade com as pessoas que o pai já tinha trazido para o trono e espera-se que ele preserve o espírito pacifista e de defesa da Constituição japonesa.

Quem lida com Naruhito de perto descreve-o como “sincero e atencioso” com quem o rodeia e muito interessado nas causas sociais e ambientais.

Mas os japoneses estão já preocupados com a sucessão da família imperial, já que Naruhito e Masako têm apenas uma filha, Aiko, de 17 anos, que pela sua condição feminina não poderá aceder ao trono, deixando o lugar para o próximo na linha de sucessão, Akishino, irmão mais novo de Naruhito, e o seu filho, Hisaito, de 12 anos, único neto de Akihito.

29 Abr 2019

Li Keqiang defende mais cooperação com Portugal “em todos os sectores”

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, considerou hoje que o relacionamento luso-chinês “tem avançado sem sobressaltos” e afirmou que a China está disposta a reforçar a cooperação bilateral com Portugal “em todos os sectores”.

Li Keqiang falava no início de um encontro com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na residência oficial Diaoyutai, em Pequim, que durou cerca de meia hora.

“A China e Portugal são importantes parceiros de cooperação e temos salvaguardado o multilateralismo e o comércio livre. O relacionamento bilateral tem avançado sem sobressaltos e a parte chinesa está disposta a reforçar a nossa cooperação em todos os sectores”, afirmou.

A República Popular da China quer “estreitar ainda mais” o relacionamento luso-chinês, também “no quadro da cooperação China/União Europeia e entre a China e os países de língua portuguesa”, referiu.

“Acredito que a sua visita vai injectar um novo ímpeto à relação bilateral”, acrescentou o primeiro-ministro chinês, numa breve declaração inicial, com tradução simultânea, que a comunicação social pôde registar. Marcelo Rebelo de Sousa começou hoje uma visita de Estado de três dias à República Popular da China.

29 Abr 2019

Eleições em Espanha | Sánchez afirma que vitória de PSOE é vitória contra o autoritarismo

[dropcap]O[/dropcap] líder do PSOE, Pedro Sánchez, expressou ontem que a vitória do partido socialista nas eleições legislativas espanholas transmitiu a “mensagem perentória” à Europa e ao mundo “que se pode ganhar ao autoritarismo”.

Discursando da sede do PSOE, em Madrid, Pedro Sánchez disse que os resultados mostraram que o partido “não é muleta” do Partido Popular (PP, de direita).

Durante a sua intervenção, várias vezes interrompida por gritos de apoiantes, o candidato socialista e actual presidente do Governo espanhol, prometeu “respeitar a Constituição” e contribuir para a “convivência política”.

“Trata-se de ganhar as eleições e de governar Espanha (…). Vamos governar Espanha!”, afirmou perante milhares de apoiantes, acrescentando que o governo socialista será de “todos os espanhóis”.

Sánchez prometeu um Governo “pró-Europa, para fortalecer a Europa”, e construir “uma Espanha plural”, assumindo como prioridades o combate à injustiça social e à corrupção. “Não queremos o retrocesso, queremos um país que avance”, frisou.

Para o secretário-geral do PSOE, as eleições de hoje demonstraram que Espanha “tem uma democracia sólida” e que acedeu “em defesa do seu futuro e de mais direitos e liberdades”.

O PSOE foi ontem o partido mais votado nas eleições legislativas espanholas, embora sem obter a maior absoluta, ao eleger 122 deputados, quando estão apurados 99,5 por cento dos votos.

29 Abr 2019