Covid-19 | Sindicatos de docentes em Portugal criticam DGS por manter escolas abertas

[dropcap]O[/dropcap] Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) criticou hoje as decisões da Direcção-Geral de Saúde (DGS) que defende o adiamento de eventos em espaços fechados com mais de mil pessoas, mas mantém as escolas abertas.
“É incompreensível que haja uma orientação da DGS para adiamento ou cancelamento de todos os eventos que possam implicar a concentração em espaços fechados de mais de 1.000 pessoas, quando temos escolas que registam diariamente este número entre entrada e saída de alunos e funcionários docentes e não docentes e continuam abertas”, afirma o SIPE em comunicado enviado para a Lusa.
O SIPE junta-se assim aos pais, professores e diretores escolares que têm criticado a decisão da Direcção-Geral da Saúde (DGS) de avaliar caso a caso as escolas que devem ser encerradas.
Depois de conhecidos os primeiros casos positivos de novo coronavírus entre alunos e funcionários, começaram a fechar estabelecimentos de ensino e os diretores sugeriram a antecipação das férias da Páscoa.
Para o SIPE, ter as escolas abertas pode “contribuir para o alastramento” da doença, que em Portugal já provocou 78 doentes, refere o sindicato em comunicado.
O sindicado alerta que as questões financeiras e económicas “não se devem sobrepor à segurança dos cidadãos portugueses” e que o país deve seguir o exemplo de “quem conseguiu controlar o vírus quando tomou uma decisão que simultaneamente abrangeu toda a sociedade”: “Devemos olhar para o exemplo de Macau”, concluiu.
O sindicato alerta ainda para o facto de o problema se poder prolongar no tempo e a pandemia se manter durante as férias da Páscoa. Nessa altura, “o problema do sítio onde colocar as crianças mantém-se, pois as atividades extracurriculares vão continuar fechadas”, lembra.
No entanto, o SIPE termina dizendo que “sendo a DGS a autoridade máxima no que refere a questões de saúde no nosso país, o SIPE considera que o Governo deverá ter em consideração as suas recomendações e decisões”.
Também o Sindicato Todos os Professores (STOP) defende o encerramento de todas as escolas e que o Estado “deve pagar na integra a todos os trabalhadores que ficam em casa para acompanhar os seus filhos”.
No comunicado hoje divulgado, o STOP questiona também as razões para cancelar reuniões, formações e iniciativas culturais, mas manter as escolas abertas.
“O Governo, supostamente, apoia-se nos peritos do Conselho Nacional de Saúde Pública para, como tudo indica, anunciar brevemente a manutenção do funcionamento da esmagadora maioria das escolas. Mas é importante esclarecer que estes ditos ‘peritos’ não são especialistas em epidemias e muito menos em pandemias e, neste Conselho Nacional, até temos membros com ligações à indústria farmacêutica e uma composição essencialmente institucional e não técnica”, acusa o STOP.

12 Mar 2020

Covid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para 78

O número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 78 em Portugal, mais 19 do que os contabilizados na quarta-feira, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). Dos 78 casos confirmados, apenas 69 estão internados, segundo o boletim sobre a situação epidemiológica divulgado pela DGS.

Em Portugal há um total de 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há ainda 4.923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, mais 1.857 do que na quarta-feira. O boletim de hoje indica que há seis cadeias de transmissão activas, número idêntico ao de quarta-feira.

Entre os doentes internados estão os casos de um menino com menos de dez anos e de 12 jovens entre os dez e os 19 anos. Existem dois casos de doentes infectados internados acima dos 80 anos e cinco entre os 70 e os 79.

É entre a população com idades entre os 40 e os 49 anos que se registam mais casos (21) de doentes internados, segundo o boletim da DGS, que indica a existência de 14 casos entre os 30 e 39 anos e e nove casos entre os 50 e os 59 anos. Há ainda registo de sete casos entre os 20 e 29 anos, nove entre os 50 e 59 anos e sete entre os 60 e 69 anos.

A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença. Há um caso confirmado no estrangeiro, segundo o boletim epidemiológico diário.

Segundo o mapa disponibilizado pela DGS, continua a não haver casos registados no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Os dados da DGS adiantam que 10 casos resultam da importação do vírus de Itália, cinco de Espanha, três da Suíça e um continua em investigação relativamente à origem da importação(Alemanha/Áustria).

A doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na quarta-feira. Em todo o mundo já foram infectadas mais de 124.000 pessoas e morreram mais de 4.500.

12 Mar 2020

Covid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para 78

O número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 78 em Portugal, mais 19 do que os contabilizados na quarta-feira, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). Dos 78 casos confirmados, apenas 69 estão internados, segundo o boletim sobre a situação epidemiológica divulgado pela DGS.
Em Portugal há um total de 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há ainda 4.923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, mais 1.857 do que na quarta-feira. O boletim de hoje indica que há seis cadeias de transmissão activas, número idêntico ao de quarta-feira.
Entre os doentes internados estão os casos de um menino com menos de dez anos e de 12 jovens entre os dez e os 19 anos. Existem dois casos de doentes infectados internados acima dos 80 anos e cinco entre os 70 e os 79.
É entre a população com idades entre os 40 e os 49 anos que se registam mais casos (21) de doentes internados, segundo o boletim da DGS, que indica a existência de 14 casos entre os 30 e 39 anos e e nove casos entre os 50 e os 59 anos. Há ainda registo de sete casos entre os 20 e 29 anos, nove entre os 50 e 59 anos e sete entre os 60 e 69 anos.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença. Há um caso confirmado no estrangeiro, segundo o boletim epidemiológico diário.
Segundo o mapa disponibilizado pela DGS, continua a não haver casos registados no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Os dados da DGS adiantam que 10 casos resultam da importação do vírus de Itália, cinco de Espanha, três da Suíça e um continua em investigação relativamente à origem da importação(Alemanha/Áustria).
A doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi classificada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na quarta-feira. Em todo o mundo já foram infectadas mais de 124.000 pessoas e morreram mais de 4.500.

12 Mar 2020

Covid-19 | Médicos chineses expõem novas informações sobre encobrimento pelas autoridades

[dropcap]O[/dropcap] hospital chinês onde trabalhava Li Wenliang, o primeiro médico que alertou para os perigos do novo coronavírus, foi o mais atingido pelo surto devido ao ocultar de informações essenciais, revela uma investigação da revista chinesa Caixin. Entre os 4.000 funcionários que trabalhavam no Hospital Central de Wuhan, 230 morreram devido a infeção pelo Covid-19, a maior taxa de mortalidade entre funcionários de saúde em Wuhan, cidade chinesa que é epicentro do surto.

O chefe de um dos departamentos do Hospital citado pela Caixin, uma das raras publicações independentes na China, culpou as autoridades por colocarem vidas em risco.

“As informações falsas divulgadas por departamentos relevantes [de que a doença era controlável e não era infecciosa entre seres humanos] deixaram centenas de médicos e enfermeiros no escuro, que fizeram tudo ao seu alcance para tratarem pacientes sem conhecerem a doença”, apontou o responsável, cujo nome não é identificado pela Caixin.

“E mesmo aqueles que adoeceram não puderam denunciar. Não puderam alertar os seus colegas e o público a tempo, apesar do sacrifício. Essa é a perda e a lição mais dolorosas”, disse. Segundo apurou a revista, o hospital estava sobrecarregado por pacientes com febre desde o início de Janeiro. Vários ficaram ao cuidado de médicos não especializados em doenças contagiosas.

Os médicos citados pela Caixin culparam a administração de “incompetência”. O chefe do Partido Comunista no hospital não tinha conhecimentos sobre doenças infecciosas e proibiu os médicos de divulgarem informações críticas para a saúde pública, apurou a revista.

Um documento interno do Hospital Central obtido pela Caixin revelou ainda interferência direta das autoridades municipais de saúde de Wuhan, que tornou difícil para o hospital divulgar casos, sobretudo entre os dias 12 e 17 de Janeiro passado, quando os quadros locais do Partido Comunista participaram nas reuniões do órgão legislativo local.

Segundo apurou a Caixin, um funcionário do ministério de Segurança Pública visitou o hospital no dia 12 de janeiro, e ordenou que os formulários sobre doenças infecciosas só pudessem ser preenchidos e relatados após consultas com especialistas a nível municipal e provincial, atrasando o processo.

Em 13 de janeiro, Wang Wenyong, chefe do gabinete de controlo de doenças infecciosas do distrito de Jianghan, em Wuhan, ligou para o hospital e pediu que fossem alterados relatórios suspeitos de infeção pelo novo coronavírus, arquivados em 10 de Janeiro, para que constassem outras doenças nos ficheiros.

Em resposta, o hospital pediu às autoridades de saúde do distrito que colectassem amostras, mas foram informados que deviam aguardar. A espera durou três dias. Em 16 de Janeiro, após terminarem as reuniões do órgão legislativo local, o centro de controlo de doenças da cidade de Wuhan finalmente foi colectar amostras. Na altura, o hospital tinha 48 casos suspeitos.

As novas revelações ilustram como as autoridades de Wuhan agiram para suprimir informações sobre a doença, que já causou 4.500 mortos e infectou mais de 124 mil pessoas numa centena de países e territórios.

Reportagens anteriormente publicadas pela Caixin apuraram como, em 30 de dezembro passado, Ai Fen, chefe do departamento de emergência do Hospital Central, compartilhou as primeiras análises a pacientes infectados com uma nova “doença misteriosa”, através do aplicativo de mensagens instantâneas WeChat, com amigos da faculdade e equipas médicas do hospital, alertando-os para que tivessem cuidado.

Na mesma noite, vários médicos em Wuhan, replicaram o aviso. As mensagens circularam amplamente ‘online’, mas várias pessoas, incluindo Li e outros dois médicos do hospital, foram posteriormente punidos pelas autoridades por “espalharem rumores”.

Ai Fen foi convocado pelos supervisores do hospital, em 2 de Janeiro passado, e punido por instigar o pânico e “afectar o desenvolvimento geral” de Wuhan, segundo a revista. No dia seguinte, o Hospital Central pediu a todos os departamentos que vigiassem a equipa de Ai e exigiu que não divulgassem “informações confidenciais” ao público, segundo uma gravação que vazou para o público.

O surto provocou forte descontentamento popular na China, com as redes sociais do país a encherem-se críticas diretas ao regime e apelos por liberdade de expressão, num fenómeno inédito no país asiático, onde ativistas ou dissidentes são frequentemente condenados por “perturbação da ordem pública” ou “subversão do poder do Estado”.

12 Mar 2020

Covid-19 | Médicos chineses expõem novas informações sobre encobrimento pelas autoridades

[dropcap]O[/dropcap] hospital chinês onde trabalhava Li Wenliang, o primeiro médico que alertou para os perigos do novo coronavírus, foi o mais atingido pelo surto devido ao ocultar de informações essenciais, revela uma investigação da revista chinesa Caixin. Entre os 4.000 funcionários que trabalhavam no Hospital Central de Wuhan, 230 morreram devido a infeção pelo Covid-19, a maior taxa de mortalidade entre funcionários de saúde em Wuhan, cidade chinesa que é epicentro do surto.
O chefe de um dos departamentos do Hospital citado pela Caixin, uma das raras publicações independentes na China, culpou as autoridades por colocarem vidas em risco.
“As informações falsas divulgadas por departamentos relevantes [de que a doença era controlável e não era infecciosa entre seres humanos] deixaram centenas de médicos e enfermeiros no escuro, que fizeram tudo ao seu alcance para tratarem pacientes sem conhecerem a doença”, apontou o responsável, cujo nome não é identificado pela Caixin.
“E mesmo aqueles que adoeceram não puderam denunciar. Não puderam alertar os seus colegas e o público a tempo, apesar do sacrifício. Essa é a perda e a lição mais dolorosas”, disse. Segundo apurou a revista, o hospital estava sobrecarregado por pacientes com febre desde o início de Janeiro. Vários ficaram ao cuidado de médicos não especializados em doenças contagiosas.
Os médicos citados pela Caixin culparam a administração de “incompetência”. O chefe do Partido Comunista no hospital não tinha conhecimentos sobre doenças infecciosas e proibiu os médicos de divulgarem informações críticas para a saúde pública, apurou a revista.
Um documento interno do Hospital Central obtido pela Caixin revelou ainda interferência direta das autoridades municipais de saúde de Wuhan, que tornou difícil para o hospital divulgar casos, sobretudo entre os dias 12 e 17 de Janeiro passado, quando os quadros locais do Partido Comunista participaram nas reuniões do órgão legislativo local.
Segundo apurou a Caixin, um funcionário do ministério de Segurança Pública visitou o hospital no dia 12 de janeiro, e ordenou que os formulários sobre doenças infecciosas só pudessem ser preenchidos e relatados após consultas com especialistas a nível municipal e provincial, atrasando o processo.
Em 13 de janeiro, Wang Wenyong, chefe do gabinete de controlo de doenças infecciosas do distrito de Jianghan, em Wuhan, ligou para o hospital e pediu que fossem alterados relatórios suspeitos de infeção pelo novo coronavírus, arquivados em 10 de Janeiro, para que constassem outras doenças nos ficheiros.
Em resposta, o hospital pediu às autoridades de saúde do distrito que colectassem amostras, mas foram informados que deviam aguardar. A espera durou três dias. Em 16 de Janeiro, após terminarem as reuniões do órgão legislativo local, o centro de controlo de doenças da cidade de Wuhan finalmente foi colectar amostras. Na altura, o hospital tinha 48 casos suspeitos.
As novas revelações ilustram como as autoridades de Wuhan agiram para suprimir informações sobre a doença, que já causou 4.500 mortos e infectou mais de 124 mil pessoas numa centena de países e territórios.
Reportagens anteriormente publicadas pela Caixin apuraram como, em 30 de dezembro passado, Ai Fen, chefe do departamento de emergência do Hospital Central, compartilhou as primeiras análises a pacientes infectados com uma nova “doença misteriosa”, através do aplicativo de mensagens instantâneas WeChat, com amigos da faculdade e equipas médicas do hospital, alertando-os para que tivessem cuidado.
Na mesma noite, vários médicos em Wuhan, replicaram o aviso. As mensagens circularam amplamente ‘online’, mas várias pessoas, incluindo Li e outros dois médicos do hospital, foram posteriormente punidos pelas autoridades por “espalharem rumores”.
Ai Fen foi convocado pelos supervisores do hospital, em 2 de Janeiro passado, e punido por instigar o pânico e “afectar o desenvolvimento geral” de Wuhan, segundo a revista. No dia seguinte, o Hospital Central pediu a todos os departamentos que vigiassem a equipa de Ai e exigiu que não divulgassem “informações confidenciais” ao público, segundo uma gravação que vazou para o público.
O surto provocou forte descontentamento popular na China, com as redes sociais do país a encherem-se críticas diretas ao regime e apelos por liberdade de expressão, num fenómeno inédito no país asiático, onde ativistas ou dissidentes são frequentemente condenados por “perturbação da ordem pública” ou “subversão do poder do Estado”.

12 Mar 2020

Covid-19 | Coreia do Sul anuncia 114 novos casos, menor número em quase três semanas

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje ter registado o menor número de novos casos diários de coronavírus em quase três semanas, 114, somando um total de 7.869 pessoas infectadas. Do total das infecções, 7.470 são casos activos, depois de 333 terem recebido alta hospitalar. Nas últimas 24 horas há a registar mais seis mortes, o que elevou para 66 o número de vítimas fatais desde o início do surto.

Das 114 novas transmissões, a maioria, 81, foi registada novamente no foco principal do país, localizado na cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e na província de Gyeongsang do Norte. Este foco representa 89% dos casos.

No entanto, os últimos números na região sugerem uma estabilização do foco, já que Daegu, com 73 novos casos na quarta-feira, contabilizou menos de 100 infecções pela segunda vez esta semana. Já em Gyeongsang do Norte, há a registar oito infecções nas últimas 24 horas, o menor número de testes positivos desde 20 de fevereiro.

O surto no sudeste está sobretudo associado à seita religiosa Shinchonji, com 60% das transmissões localizadas em Daegu, onde está sediada, sendo que mais de 200 mil membros já fizeram análises ao coronavírus.

A Coreia do Sul testou mais de 227.000 pessoas até o momento. Por sua vez, Seul registou 19 novos casos na quarta-feira e já identificou um total de 212 pessoas infectadas, tornando-se no terceiro local no país com mais infeções.

O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, alertou hoje numa reunião do Governo para o perigo de uma “super-transmissão” do patógeno em Seul e arredores, onde residem 26 milhões de pessoas, mais de metade da população do país.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença Covid-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os “níveis alarmantes de propagação e de inacção”.

12 Mar 2020

Covid-19 | Coreia do Sul anuncia 114 novos casos, menor número em quase três semanas

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje ter registado o menor número de novos casos diários de coronavírus em quase três semanas, 114, somando um total de 7.869 pessoas infectadas. Do total das infecções, 7.470 são casos activos, depois de 333 terem recebido alta hospitalar. Nas últimas 24 horas há a registar mais seis mortes, o que elevou para 66 o número de vítimas fatais desde o início do surto.
Das 114 novas transmissões, a maioria, 81, foi registada novamente no foco principal do país, localizado na cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e na província de Gyeongsang do Norte. Este foco representa 89% dos casos.
No entanto, os últimos números na região sugerem uma estabilização do foco, já que Daegu, com 73 novos casos na quarta-feira, contabilizou menos de 100 infecções pela segunda vez esta semana. Já em Gyeongsang do Norte, há a registar oito infecções nas últimas 24 horas, o menor número de testes positivos desde 20 de fevereiro.
O surto no sudeste está sobretudo associado à seita religiosa Shinchonji, com 60% das transmissões localizadas em Daegu, onde está sediada, sendo que mais de 200 mil membros já fizeram análises ao coronavírus.
A Coreia do Sul testou mais de 227.000 pessoas até o momento. Por sua vez, Seul registou 19 novos casos na quarta-feira e já identificou um total de 212 pessoas infectadas, tornando-se no terceiro local no país com mais infeções.
O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, alertou hoje numa reunião do Governo para o perigo de uma “super-transmissão” do patógeno em Seul e arredores, onde residem 26 milhões de pessoas, mais de metade da população do país.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença Covid-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os “níveis alarmantes de propagação e de inacção”.

12 Mar 2020

Covid-19 | China regista número mais baixo de novos casos desde que há registo

[dropcap]A[/dropcap] China registou hoje 15 novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em Janeiro, numa altura em que outros países lidam com novos focos do surto. Até à meia-noite de quarta-feira, o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infectados.

A Comissão Nacional de Saúde informou que 62.793 pessoas receberam alta após terem superado a doença, até à data, restando 14.831 em tratamento. Dez das onze mortes ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde surgiram também 8 dos 15 novos casos detectados a nível nacional.

Esses oito casos foram detetados na capital de Hubei, a cidade de Wuhan, de onde o vírus é originário, e sob quarentena desde 23 de Janeiro passado. No total, Hubei soma 3.056 mortes e 67.781 casos de infecção, a maioria a nível mundial.

Nas últimas 24 horas, foram detectados seis casos “importados” de fora do país, incluindo três na província de Guangdong, adjacente a Macau. Segundo dados oficiais, 677.243 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados foram monitorizadas clinicamente desde o início do surto, entre as quais 13.701 ainda estão sob observação.

Uma das prioridades das autoridades chinesas é agora “protegerem-se contra a importação” de infeções de outros países, à medida que Itália, Irão ou Coreia do Sul lidam com um rápido aumento no número de infectados. O surto de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos, entre mais de 124 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.

12 Mar 2020

Covid-19 | China regista número mais baixo de novos casos desde que há registo

[dropcap]A[/dropcap] China registou hoje 15 novos casos de infecção pelo Covid-19, o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em Janeiro, numa altura em que outros países lidam com novos focos do surto. Até à meia-noite de quarta-feira, o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infectados.
A Comissão Nacional de Saúde informou que 62.793 pessoas receberam alta após terem superado a doença, até à data, restando 14.831 em tratamento. Dez das onze mortes ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde surgiram também 8 dos 15 novos casos detectados a nível nacional.
Esses oito casos foram detetados na capital de Hubei, a cidade de Wuhan, de onde o vírus é originário, e sob quarentena desde 23 de Janeiro passado. No total, Hubei soma 3.056 mortes e 67.781 casos de infecção, a maioria a nível mundial.
Nas últimas 24 horas, foram detectados seis casos “importados” de fora do país, incluindo três na província de Guangdong, adjacente a Macau. Segundo dados oficiais, 677.243 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados foram monitorizadas clinicamente desde o início do surto, entre as quais 13.701 ainda estão sob observação.
Uma das prioridades das autoridades chinesas é agora “protegerem-se contra a importação” de infeções de outros países, à medida que Itália, Irão ou Coreia do Sul lidam com um rápido aumento no número de infectados. O surto de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos, entre mais de 124 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.

12 Mar 2020

Covid-19 | Portugal decide hoje se encerra escolas

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, remeteu para esta quinta-feira uma eventual decisão sobre o encerramento de escolas em Portugal, devido à pandemia de Covid-19. “Haverá a decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública, amanhã [quinta-feira] de manhã temos uma reunião do Conselho de Ministros e nessa altura serão adoptadas as orientações que tivermos de adotar”, declarou António Costa.

O chefe do Governo português falou aos jornalistas depois de um jantar com Angela Merkel na Chancelaria Federal, em Berlim, em que se abordou, também, a situação do novo coronavírus. António Costa defendeu a importância de o sistema político “ter a humildade de ouvir os técnicos e agir em função daquilo que é o aconselhamento técnico.”

Ainda sobre o eventual fecho dos estabelecimentos de ensino, o chefe do executivo assegurou que “esta noite não vai ser seguramente decretado nada”, destacando que a decisão de encerrar ou não escolas não se prende com o impacto que essas medidas possam ter na economia.

“Não podemos condicionar, por razões orçamentais ou por razões económicas, qualquer decisão que tenha a ver com a saúde das pessoas. A máxima prioridade é responder às necessidades de prevenção e à cura das pessoas infectadas”, adiantou.

Sobre a doença Covid-19, Costa reconheceu que “é um tema que concentra a atenção de todos”. “É uma ameaça global e todos temos de dar o nosso melhor para a controlar”, adiantou.

12 Mar 2020

Covid-19 | Portugal decide hoje se encerra escolas

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, remeteu para esta quinta-feira uma eventual decisão sobre o encerramento de escolas em Portugal, devido à pandemia de Covid-19. “Haverá a decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública, amanhã [quinta-feira] de manhã temos uma reunião do Conselho de Ministros e nessa altura serão adoptadas as orientações que tivermos de adotar”, declarou António Costa.
O chefe do Governo português falou aos jornalistas depois de um jantar com Angela Merkel na Chancelaria Federal, em Berlim, em que se abordou, também, a situação do novo coronavírus. António Costa defendeu a importância de o sistema político “ter a humildade de ouvir os técnicos e agir em função daquilo que é o aconselhamento técnico.”
Ainda sobre o eventual fecho dos estabelecimentos de ensino, o chefe do executivo assegurou que “esta noite não vai ser seguramente decretado nada”, destacando que a decisão de encerrar ou não escolas não se prende com o impacto que essas medidas possam ter na economia.
“Não podemos condicionar, por razões orçamentais ou por razões económicas, qualquer decisão que tenha a ver com a saúde das pessoas. A máxima prioridade é responder às necessidades de prevenção e à cura das pessoas infectadas”, adiantou.
Sobre a doença Covid-19, Costa reconheceu que “é um tema que concentra a atenção de todos”. “É uma ameaça global e todos temos de dar o nosso melhor para a controlar”, adiantou.

12 Mar 2020

Hengqin | Proposta de lei pronta para aprovação

[dropcap]E[/dropcap]stá pronto o parecer da proposta de lei sobre as normas para a aplicação do direito da RAEM sobre o posto fronteiriço de Hengqin, após ter ter sido ontem assinado pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Chan Chak Mo, que preside à comissão, admitiu mesmo que, por ser “uma proposta de lei com urgência”, é possível que a reabertura do posto fronteiriço possa acontecer até ao final do primeiro trimestre do ano, mas lembrou que sem legislação não é possível fazer nada.

“Não sabemos quando vai ser a reabertura posto fronteiriço, mas sem esta proposta de lei não podemos fazer nada, nem exercer a jurisdição naquela parte de Macau na ilha de Hangqin. Talvez a proposta de lei esteja pronta ainda no primeiro trimestre mas, seja como for, temos de avançar com a proposta de lei primeiro”, explicou. Na reunião de ontem, Chan Chak Mo apontou ainda que as opiniões dos deputados foram acatadas pelo Governo, sendo que a proposta de lei inclui agora alguns mapas e a redacção do texto melhorada.

12 Mar 2020

Hengqin | Proposta de lei pronta para aprovação

[dropcap]E[/dropcap]stá pronto o parecer da proposta de lei sobre as normas para a aplicação do direito da RAEM sobre o posto fronteiriço de Hengqin, após ter ter sido ontem assinado pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Chan Chak Mo, que preside à comissão, admitiu mesmo que, por ser “uma proposta de lei com urgência”, é possível que a reabertura do posto fronteiriço possa acontecer até ao final do primeiro trimestre do ano, mas lembrou que sem legislação não é possível fazer nada.
“Não sabemos quando vai ser a reabertura posto fronteiriço, mas sem esta proposta de lei não podemos fazer nada, nem exercer a jurisdição naquela parte de Macau na ilha de Hangqin. Talvez a proposta de lei esteja pronta ainda no primeiro trimestre mas, seja como for, temos de avançar com a proposta de lei primeiro”, explicou. Na reunião de ontem, Chan Chak Mo apontou ainda que as opiniões dos deputados foram acatadas pelo Governo, sendo que a proposta de lei inclui agora alguns mapas e a redacção do texto melhorada.

12 Mar 2020

William S. Burroughs à conversa com Tennessee Williams

“Conversaram pela primeira vez numa festa, no início deste ano. Confraternizaram e falaram como velhos amigos.”
em THE VILLAGE VOICE ARCHIVES

 

[dropcap]E[/dropcap]mbora ambos tenham nascido em St. Louis, com uma diferença de apenas três anos, só se cruzaram por breves momentos em 1960 quando foram apresentados em Tânger, no Café de Paris, por Paul e Jane Bowles. Burroughs admirava os contos de Williams e, no final dos anos 60, Tennessee costuma citar na integra excertos de Naked Lunch de Burroughs. Mas, apesar dos amigos comum, (incluindo os Bowles e o pintor Brion Gysin), só se conheceram verdadeiramente em1975, num evento na American Academy of Arts and Letters. A primeira conversa entre os dois aconteceu no início deste ano, durante uma festa que se seguiu à sessão de leituras realizada por Burroughs na Universidade de Nôtre Dame. Confraternizaram e conversaram como velhos amigos.

A nova peça de Tennessee, Vieux Carré, estreia esta noite na Broadway. Assisti com Burroughs a uma ante-estreia há duas semanas. No dia seguinte, fomos visitá-lo ao Hotel Elysée, onde vivia há algum tempo numa espaçosa suite no 12º andar. A tarde estava a chegar ao fim e quando cheguei, uns minutos depois de Burroughs, já estavam sentados, cada um no seu canto do sofá. Tennessee parecia animado; levantou-se para nos mostrar uma aguarela em que tinha estado a trabalhar de manhã, no terraço. Trouxeram duas garrafas de vinho e Burroughs e Williams começaram a conversar.
— James Grauerholz

Burroughs: Quando me perguntam até que ponto a minha obra é autobiográfica, respondo, “Cada palavra é autobiográfica e cada palavra é ficção.” E tu? O que responderias a essa pergunta?”

Williams: Respondia que tudo é autobiográfico e que nada é autobiográfico. Não podemos fazer um trabalho criativo e ficar ao mesmo tempo presos aos factos. Por exemplo, na minha nova peça existe uma personagem, um rapaz que vive numa casa onde eu vivi, e que passa por experiências pelas quais eu passei, como jovem escritor. Mas tem uma personalidade completamente diferente da minha. Fala de uma forma totalmente diferente da forma como eu falava, por isso digo que a peça não é autobiográfica. E, no entanto, os acontecimentos descritos naquela casa são reais.

Todos eles?

Existem duas personagens, um rapaz e uma rapariga, que eu conheci mais tarde noutra casa e não naquela. Mas todos os outros estavam lá em 1939, no nº 722 da Toulouse Street.
O que é que aconteceu a esse prédio?

Ainda lá está, actualmente está desocupado. Tal como o rapaz diz no final da peça: “Agora a casa está vazia… desapareceram todos— foram-se embora…”

É uma estranha bolsa do tempo, o French Quarter.
Sim. Fui lá pela primeira vez em 1939. Passei por muitas daquelas experiências, mas não vivia com um “protector” rico. (Como o Jovem Escritor em Vieux Carré] Não sei porque é que o pus lá, enfim, ilusões…  Vivia com um clarinetista, tão teso como eu. Tinha de apanhar borrachos na Costa Ocidental para sobreviver — mas isso é outra peça.

E a dona da pensão, como é que ela era?
Era como a personagem da peça. Não se chamava Mrs. Wire, mas no resto era muito parecida. Deitava água a ferver pelos buracos do tecto, para o quarto do fotógrafo que morava por baixo. Acho que ele era um fotógrafo famoso, chamado Clarence Laughlin. Dava umas festas muito barulhentas, que a deixavam possessa— possivelmente porque não era convidada.

Bem, na peça ela é magnífica — a Sylvia Sidney.
Ela é magnífica. Eu penso que ela é uma das nossas maiores actrizes. É uma grande actriz.
Um assunto que eu gostava de salientar na peça é a recriação do passado, — a nostalgia, se quiseres. É mais evidente no teatro do que no cinema, com todas as maquinarias disponíveis em Hollywood. Claro que o cenário é espectacular, mas o que mais me impressionou foi poder, por vezes, sentir de facto aquela época. Mas depois eles tentam algo do género de The Great Gatsby e deixa de haver uma pitada de anos 20 que seja.

Lembras-te dos anos 20?
Oh meu Deus, claro que sim.
Só pergunto porque já há poucas pessoas que se lembrem… é o lado triste de envelhecermos, não é? — somos confrontados com a solidão…
Um dos muitos lados tristes.
Sim, um dos muitos— e isso, sim, é o pior.
Apesar de tudo, se não houvesse velhice, não teria havido juventude, não te esqueças.
No entanto, não gosto de olhar para trás, para o tempo em que era jovem… não que tenha tido assim tanta juventude.
Por regra os escritores não a têm… Dirias que esta peça é uma expansão do conto, “The Angel in the Alcove”?
Sem dúvida. Ao princípio pensei que era um enorme erro transferir uma história sobre estados de espírito — sabes, sobretudo sobre estados de espírito e nostalgia — para o palco; iria parecer que não tinha substância. Mas sabias que agora estamos a apresentar as duas peças ao mesmo tempo?
Então tem o quê, duas horas e meia? Não me pareceu que tivesse tanto tempo.
Tenho algumas peças em palco que parecem nunca mais acabar… Tu sabes, os actores nem sempre são bem tratados, a menos que sejam vedetas.
Têm uma vida difícil. O Hitchcock tinha pouca consideração por eles.
Eu considero-os o mais possível— à sua inteligência, se me faço entender. Penso que são muito mais inteligentes do que as pessoas acham. Capote dizia que são tontos — mas eu penso que são mais espertos do que ele… oh, ele vai processar-me! [risos] sabias que ele me moveu um processo de $5 milhões? [risos] Nunca me senti tão lisonjeado. Eu só exprimi o meu espanto por ele descer tão baixo, com a sempre adiada publicação de Answered Prayers. Acho estas coisas tão idiotas… porque quem é que vai querer passar o tempo todo em tribunais a pagar as custas dos processos? Os advogados é que ganham com isso, não é o queixoso não o réu. Mas digo-te, o Truman sabe autopromover-se. Tem uma personalidade muito teatral, lá isso tem.
Pois tem. Onde é que escreveste esta peça?
Escrevi Vieux Carré num barco chamado Oronza. O meu agente marcou-me a viagem, depois da apresentação da peça Out Cry (Clamor)— algumas pessoas chamaram-lhe Out Rage (Ultraje); em última análise era um ultraje, de tédio. Acontece que queria ir à Califórnia ver a Faye Dunaway no papel de Blanche DuBois, a contracenar com o o Jon Voight, e então disse, “Quero fugir. Quero fugir para bem longe”. O meu agente inscreveu-me no Cherry Blossom Cruise — que acabou por se revelar um cruzeiro geriátrico. Toda a gente tinha 80 anos ou mais, e o barco tinha enormes estabilizadores para o impedir de balançar. Sabias? O grande prazer de uma viagem por mar é balançar, o barco era desesperantemente quieto e mesmo assim aqueles velhotes partiam as ancas a torto e a direito. O consultório do médico estava sempre cheio deles. E três morreram antes de chegarmos a Yokohama.
Houve funerais no mar?
Sim, disseram-me que tinha havido um em segredo à meia-noite. E quando chegámos a Yokohama, o agente japonês da alfândega perguntou a sorrir: “Quantos foram desta vez?” Querendo dizer, quantos tinham sido colhidos pela Ceifeira. E nós respondemos, “Que se saiba ao certo, só três.” Ao que ele retorquiu, “Normalmente é o dobro disso, mesmo antes de chegarem a Yokohama.” Ah ah ah. Mudámos de barco em Yokohama, embora tivéssemos reservado a viagem à volta do mundo. Duvido que houvesse muitos passageiros vivos no final do percurso. Não havia nada para fazer a bordo do Oronza para além de jogar bridge ou escrever. Adoro jogar bridge, mas sou sempre corrido de todas as mesas de jogo. Sou muito incompetente. Aprendi a jogar bridge numa ala psiquiátrica. O meu irmão tentou ensinar-me a jogar xadrez, mas não consegui aprender.
Reparei que não tomas bebidas fortes?
Permito-me tomar uma bebida forte por dia. Enquanto estou a trabalhar. De outra forma, só bebo vinho. Porque realmente prefiro vinho, não faço grande sacrifício.
A história de “The Angel in the Alcove” foi escrita já há algum tempo, não foi?
Oh sim, Deus meu. Deve ter sido nos anos 50…
Paul Bowles tinha uma primeira edição desse livro de contos. Lembro-me de lha ter pedido emprestada para ler. Na altura andava na heroína e derramei uma quantidade de sangue em cima do livro, o Paul ficou furioso. [risos]. Era uma peça de coleccionador — primeira edição e o meu sangue por todo o lado.
Ainda tomas algum tipo de drogas?
Não, desse género já não. Não, não tenho nenhum vício nem nada disso.
Sempre quis experimentar ópio. E experimentei em Banguecoque. Fiz a viagem com um professor meu amigo. Ele tinha o hábito de, de vez em quando, dissolver um bocadinho — tu sabes, aquilo são uns pauzinhos pretos compridos — dissolvê-los no chá e bebê-lo. E ficava zangado comigo, ou mentalmente confuso, não sei dizer — por isso chamei-o uma manhã, e ele levou-me aquele pauzinho comprido de ópio e eu perguntei-lhe, “Paul, o que é que faço com isto?” E ele respondeu, “Põe-no dentro do chá.” Então eu pus o pauzinho inteiro dentro do chá. Ia morrendo de overdose, claro está. Fiquei verde como o teu casaco, estás a ver? E mais doente do que um cão raivoso. Chamei um médico tailandês, que me disse “Você deveria estar morto.” Eu respondi, “Sinto-me como se estivesse a andar e a cambalear.” Sabes, sempre disse que gostaria de escrever sob o efeito de drogas, como o Cocteau — e de repente, a minha cabeça parecia um balão, a subir até ao tecto… Já alguma vez tomaste barbitúricos?
Ummm, já, com certeza que sim. Mas não sou fã. Sabes, De Quincey contou que Coleridge tinha de contratar pessoas para o impedir de entrar nas farmácias e depois no dia seguinte despedia-os por tentarem obedecer às suas ordens. Dizia, “Sabes que há pessoas que caem mortas por causa do desejo de ópio?” Muito engraçado, realmente.

Grande sentido de humor. Talvez humor negro, mas fantástico. Se me dissessem que a minha peça saía hoje de cena, eu respondia “Ah ahhhh”
Tennessee, já escreveste argumentos para cinema?
Sim, escrevi um chamado One Arm, que deve andar por aí em algum lado, mas não sei onde. Escrevi-o durante um Verão, numa altura em que o Dr. Max Jacobson me andava a dar injecções. Escrevi os meus melhores textos quando andava a tomar aquelas injecções. Davam-me uma enorme vitalidade. Sabes? Ultrapassei-me como escritor. Entrei noutra dimensão. Nunca gostei tanto de escrever como nessa altura. Nunca escreveste sob o efeito de speed, Bill?
Bem, não. Não sou de maneira nenhuma um tipo do speed.
Eu sou um homem do calmante.
Não gosto muito de nenhum dos dois.
O speed é maravilhoso, mas precisas de ser jovem para o tomares; Mas, agora não gostas de nenhum dos dois? Não precisas de nenhum tipo de estimulantes artificiais?
Ummm, bem, tu sabes… claro, a cannabis é mais ou menos isso—
Comigo, a cannabis tem o efeito contrário. Mas acho que o Paul a considera uma grande ajuda — Paul Bowles. Eu experimentei; mas nada. Só fiquei bloqueado.
Trabalhaste no argumento de Suddenly Last Summer?
Felizmente não. De facto, quando o li pela primeira vez, afastei-me logo e apresentei as minhas desculpas ao Gore Vidal. Mas, ele fez um trabalho maravilhoso, fez sim… A pessoa que fodeu aquilo tudo, se me permites a linguagem, foi o Joe Mankiewicz. Eu escrevi a peça, mas, como sabes, — a peça é uma alegoria e consiste principalmente em dois monólogos.
O que é que achaste do filme?
Saí da sala. Sam Speigel, o produtor, fez uma mostra privada durante uma festa e eu levantei-me e saí. Quando começámos a ver Mrs. Venable, e aquilo é tudo tão realista, com os rapazes a subirem a colina — pensei que estava a ver um travesti. A peça é sobre como as pessoas se devoram umas às outras, num sentido alegórico. E como diz uma das personagens das minhas histórias: “Toda a arte é uma indiscrição, a vida é toda um escândalo.” [risos] É possível tornar isto verdade. Pelo menos o Taylor Mead conseguiu… Eu fiquei perto. [risos] Eu odeio a compostura. E tu, Bill, não a odeias também? Não gosto de pessoas que jogam pelo seguro — especialmente quando já há pouco a que nos podemos segurar. Tenciono desfrutar do pouco que há. Estamos a ter uma discussão muito literária, não estamos? [gargalhada] Eu evito falar sobre a escrita. E tu, Bill, não fazes o mesmo?
Sim, até certo ponto. Mas não vou tão longe como os ingleses. Sabes aquele tipo de conversa tipicamente britânico, sobre coisas que não fazem qualquer sentido para ninguém … Lembro-me do Graham Greene dizer, “Claro, Evelyn Waugh era um grande amigo meu, mas nunca falámos sobre escrita! “
Existe qualquer coisa de muito privado na escrita, não achas? De alguma forma é melhor falar sobre as nossas práticas sexuais mais íntimas — estás a ver — do que falar sobre escrita. E, no entanto, é para isso que nós, os escritores vivemos: para escrever. É para isso que vivemos e, apesar disso, não conseguimos discutir o assunto livremente. É muito triste… seja como for, vou sair da América, mais ou menos de vez. Primeiro vou a Inglaterra.
Para o bem ou para o mal.…
Bom, quando fui a Banguecoque deve ter sido para o mal, não sei — [risos] E depois de apresentar esta peça em Londres, devo ir a Viena. Adoro Viena no Verão. Adoro sentar-me nos jardins onde se bebe vinho.
Estive lá em 1936. Lembras-te dos Romanische Baden?
Os Banhos Romanos, também lá fui… são maravilhosos.
Mesmo ao lado do sítio onde fica o Prater.
Andei na Grande Roda, no Parque
Eu também.
Aquela que foi usada de forma tão bela em The Third Man. Fui pela primeira vez a Viena em… deve ter sido em 1949 ou em 50. Fui sozinho… oh, mas é impossível ficar sozinho em Viena, como sabes. Sobretudo no Verão. [pausa] Estou prestes a lançar um novo livro de poemas, Androgyne, Mon Amour. Não são naturalmente tão bons com o os primeiros. Mas, há um, ou dois ou três…
Esta tarde fiz alguma poesia com o I Ching.
O que é o I Ching?
Bem, é como o Livro das Mudanças. Abres o livro ao acaso, escolhes uma frase, escreves num papel, depois dás umas voltas ao papel e prende-lo em qualquer lado…
Oh, eu ia adorar! Talvez dessa forma me surgisse algo melhor.
Sim, é interessante.
Queres ouvir um poema sobre uma drogada?
Sim.
Está bem. Escrevi isto quando estava deprimido. [começa a ler]:
Cruzei-me com uma aparição, e ela também.
Estava mais encantadora do que nunca,
mais frágil do que nunca
Olhava-me e não me via.
Percebi que podia pensar e falar um pouco.
“O que é que tens feito?”
Indiferente, respondeu:
“Quando te encharcas em comprimidos, tudo o que podes fazer é arranjar dinheiro para pagar ao farmacêutico…”
Esta mulher era amante de um homem famoso que se viu livre dela; morreu depois de ter misturado álcool com comprimidos.
Combinação fatal. Porque, como sabes, o álcool potencia a toxicidade.
Sabes? Penso que é notável que tenhas evitado as drogas. Excepto a cannabis. E que tenhas sido suficientemente forte para te controlares. Eu sou suficientemente forte para controlar tudo o que tomo…
O velho Aleister Crowley, plagiando Hassan i Sabbah, disse: ‘Faz o que quiseres fazer, eis a mãe de todas as leis.”
Em relação às drogas, queres tu dizer.
Em relação a tudo… E as últimas palavras de Hassan i Sabbah foram estas: “Nada é verdadeiro; tudo é permitido.” Por outras palavras, tudo é permitido porque nada é verdadeiro. Se encarares tudo como uma ilusão, tudo é permitido. As últimas palavras de Hassan i Sabbah, o Velho da Montanha, o Mestre dos Assassinos. Com uma pequena variante, acaba por ser o mesmo que diz Aleister Crowley, quando afirma “Faz o que quiseres fazer, eis a mãe de todas as leis.”
Desde que queiras fazer as coisas certas, sim.
Ah, mas se as quiseres mesmo fazer, então são certas. Essa é a questão.
Não é um ponto de vista amoral?
Completamente… completamente.
Não acredito que sejas amoral.
Sou, sim.
Acreditas mesmo nisso?
Bem. Faço o que posso…
Não acho que seja verdade.
Fomos os dois criados com a grilheta da Bíblia; mas é óbvio que aquilo que queres fazer é aquilo que, de uma maneira ou de outra, acabarás por fazer. Mais cedo ou mais tarde.
Penso que todos vamos morrer, mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro adiar o acontecimento.
Sim, temos de considerar esse facto.
Não tenho pressa. Mas não temos escolha. Sempre tive horror da morte.
Bem… e porquê?
Não tenho a certeza. Digo isto e, no entanto, não tenho a certeza. E tu?
Bom, como já disse, não sei. Uma vez perguntaram-me qualquer coisa sobre a morte e eu respondi. “Como é que sabes se não estás já morto”

12 Mar 2020

Covid-19 | Pedidos incentivos para “linha da frente”

[dropcap]N[/dropcap]uma interpelação escrita enviada ao Governo, o deputado Mak Soi Kun sugere que os trabalhadores da linha da frente de combate ao novo tipo de coronavírus sejam homenageados através de um plano de incentivos, que deve inclui prémios.

Fazendo referência aos profissionais de saúde, da segurança e aos voluntários que “não têm poupado esforços para a combater a guerra epidémica”, o deputado dá o exemplo da bem sucedida operação de resgate de 57 residentes de Macau em Hubei, para pedir ao Governo que atribuia prémios a estas pessoas, com o objectivo de servir de incentivo e como demonstração de uma “atitude louvável e digna de louvor”.

“Na operação de resgate dos residentes de Macau em Hubei, e tendo em conta que a situação epidémica no interior da China ainda é severa (…) o Governo foi capaz de ultrapassar todas as dificuldades para realizar a tarefa. O que é ainda mais encorajador é que esta equipa era constituída por voluntários (…) com uma atitude de trabalho positiva e merecedora de louvor. Qual vai ser a resposta da Administração perante isto?”, questionou Mak Soi Kun.

12 Mar 2020

Covid-19 | Pedidos incentivos para “linha da frente”

[dropcap]N[/dropcap]uma interpelação escrita enviada ao Governo, o deputado Mak Soi Kun sugere que os trabalhadores da linha da frente de combate ao novo tipo de coronavírus sejam homenageados através de um plano de incentivos, que deve inclui prémios.
Fazendo referência aos profissionais de saúde, da segurança e aos voluntários que “não têm poupado esforços para a combater a guerra epidémica”, o deputado dá o exemplo da bem sucedida operação de resgate de 57 residentes de Macau em Hubei, para pedir ao Governo que atribuia prémios a estas pessoas, com o objectivo de servir de incentivo e como demonstração de uma “atitude louvável e digna de louvor”.
“Na operação de resgate dos residentes de Macau em Hubei, e tendo em conta que a situação epidémica no interior da China ainda é severa (…) o Governo foi capaz de ultrapassar todas as dificuldades para realizar a tarefa. O que é ainda mais encorajador é que esta equipa era constituída por voluntários (…) com uma atitude de trabalho positiva e merecedora de louvor. Qual vai ser a resposta da Administração perante isto?”, questionou Mak Soi Kun.

12 Mar 2020

Covid-19 | Organização Mundial de Saúde declara pandemia

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a doença Covid-19 como pandemia. “Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afectados aumente”, afirmou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A OMS justifica a declaração de pandemia com “níveis alarmantes de propagação e inação”. “Os países podem ainda mudar o curso desta pandemia se detetarem, testarem, tratarem, isolarem, rastrearem e mobilizarem as pessoas na resposta”, ressalvou Tedros Adhanom Ghebreyesus, na sede da OMS, em Genebra, na Suíça.

O vírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19, teve origem em Dezembro na cidade de Wuhan, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos entre cerca de 117 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.

12 Mar 2020

Covid-19 | Organização Mundial de Saúde declara pandemia

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a doença Covid-19 como pandemia. “Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afectados aumente”, afirmou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A OMS justifica a declaração de pandemia com “níveis alarmantes de propagação e inação”. “Os países podem ainda mudar o curso desta pandemia se detetarem, testarem, tratarem, isolarem, rastrearem e mobilizarem as pessoas na resposta”, ressalvou Tedros Adhanom Ghebreyesus, na sede da OMS, em Genebra, na Suíça.
O vírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19, teve origem em Dezembro na cidade de Wuhan, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos entre cerca de 117 mil pessoas infectadas numa centena de países e territórios.

12 Mar 2020

Covid-19 | Macau vai obrigar a exame médico quem tenha estado na Noruega nos últimos 14 dias

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau anunciou hoje que, a partir das 12h00 de quinta-feira, quem tenha estado na Noruega nos 14 dias anteriores à entrada no território será sujeito a exame médico.

“A partir das 12:00 do dia 12 de Março de 2020, passa a exigir a todos os indivíduos que tenham estado na Noruega, nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, que sejam sujeitos a exame médico”, detalhou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus de Macau.

A razão desta tomada de decisão tem a ver com a recente “evolução epidémica do coronavírus Covid-19 na Noruega, que se tornou mais grave”, explicaram as autoridades de Macau.

“O Centro de Coordenação de Contingência de Novo Tipo de Coronavírus alerta que os infractores podem estar sujeitos a medidas de isolamento compulsório, além da sua responsabilidade criminal”, frisaram as autoridades.

Segundos os últimos dados oficiais disponibilizados pelo Instituto Norueguês de Saúde Pública no seu site, na terça-feira, foram confirmados mais 85 casos de novo coronavírus “nas últimas 24 horas, perfazendo um total de 277”.

Horas antes, na conferência de imprensa diária das autoridades de Macau sobre o Covid-19, O Governo de Macau disse estar a ponderar colocar mais países europeus na lista de alta incidência epidémica de Covid-19 e assim impor uma quarentena de 14 dias a quem tenha estado nesses países.

Esta afirmação surge um dia depois de ter entrado em vigor a imposição de uma quarentena de 14 dias para quem tenha estado na Alemanha, Espanha, França ou Japão nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, território que há 36 dias que não regista casos novos de infecção. Esta medida vigora também, há algumas semanas, para as pessoas provenientes da Coreia do Sul de Itália e do Irão.

11 Mar 2020

Covid-19 | Macau vai obrigar a exame médico quem tenha estado na Noruega nos últimos 14 dias

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau anunciou hoje que, a partir das 12h00 de quinta-feira, quem tenha estado na Noruega nos 14 dias anteriores à entrada no território será sujeito a exame médico.
“A partir das 12:00 do dia 12 de Março de 2020, passa a exigir a todos os indivíduos que tenham estado na Noruega, nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, que sejam sujeitos a exame médico”, detalhou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus de Macau.
A razão desta tomada de decisão tem a ver com a recente “evolução epidémica do coronavírus Covid-19 na Noruega, que se tornou mais grave”, explicaram as autoridades de Macau.
“O Centro de Coordenação de Contingência de Novo Tipo de Coronavírus alerta que os infractores podem estar sujeitos a medidas de isolamento compulsório, além da sua responsabilidade criminal”, frisaram as autoridades.
Segundos os últimos dados oficiais disponibilizados pelo Instituto Norueguês de Saúde Pública no seu site, na terça-feira, foram confirmados mais 85 casos de novo coronavírus “nas últimas 24 horas, perfazendo um total de 277”.
Horas antes, na conferência de imprensa diária das autoridades de Macau sobre o Covid-19, O Governo de Macau disse estar a ponderar colocar mais países europeus na lista de alta incidência epidémica de Covid-19 e assim impor uma quarentena de 14 dias a quem tenha estado nesses países.
Esta afirmação surge um dia depois de ter entrado em vigor a imposição de uma quarentena de 14 dias para quem tenha estado na Alemanha, Espanha, França ou Japão nos 14 dias anteriores à entrada em Macau, território que há 36 dias que não regista casos novos de infecção. Esta medida vigora também, há algumas semanas, para as pessoas provenientes da Coreia do Sul de Itália e do Irão.

11 Mar 2020

Covid-19 | Director da Faculdade Medicina do Porto destaca sucesso de Macau em carta

[dropcap]A[/dropcap]ltamiro da Costa Pereira, director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especialista em Epidemiologia e Saúde Pública, alertou hoje para “a necessidade de se virem a tomar, com urgência, medidas mais restritivas que possam ainda vir a conter esta grave pandemia” em Portugal.

Numa carta aberta ao Conselho Nacional de Saúde Pública, que reúne esta quarta-feira em Lisboa, o responsável frisou o caso bem sucedido de Macau no combate ao novo coronavírus.

“Na China, uma vez reconhecida a magnitude do problema, rapidamente foram colocadas em prática medidas de quarentena cuja efetividade é hoje por demais notória. De facto, Wuhan começa a voltar à normalidade, Macau já não tem novos casos há mais de um mês , e em território chinês teme-se agora os casos importados! Já a Itália demorou mais tempo a tomar medidas mais restritivas, agindo maioritariamente de forma reactiva à medida que o número de novos casos disparava (e com os graus de liberdade inerentes às democracias)”, aponta.

Na mesma carta, Altamiro da Costa Pereira defende que “o ‘timing’ para adopção das inevitáveis medidas mais restritivas em Portugal poderá ter importantes consequências. Na verdade, é possível fazê-lo agora e prevenir ao máximo o número de novos casos de infeção, ou é possível manter a atitude que tem sido adoptada de apenas actuar quando surgem novos casos”.

SNS está “exaurido”

Segundo Altamiro da Costa Pereira, “por mais problemas sociais ou prejuízos económicos que venham a existir, no imediato – face às eventuais medidas de contenção que urge serem tomadas –, estes serão certamente bem menores do que aqueles que poderão advir dentro de duas a quatro semanas quando enfrentarmos o pico da epidemia, já com um SNS exaurido e uma população desamparada e desiludida”.

Neste seu contributo acerca da epidemia de Covid-19, em Portugal, Altamiro da Costa Pereira afirma que a sua “principal preocupação tem que ver com a limitada capacidade de resposta do SNS para enfrentar uma sobrecarga de procura”.

“Se as dificuldades do SNS já eram evidentes antes da epidemia por Covid-19 (algo que se verifica, por exemplo, na dificuldade de manter urgências abertas e funcionais de alguns serviços hospitalares) e se a Linha de Saúde SNS24 já não consegue dar resposta a todas as chamadas neste preciso momento, é de esperar o pior – ou seja, uma situação mais próxima do colapso – com o passar do tempo e subsequente aumento exponencial do número de casos de infeção Covid-19”, sustentou.

Actuar de forma rápida

Considerando que a voz do Conselho Nacional de Saúde Pública será muito importante para o aconselhamento das autoridades de saúde e do Governo português, Altamiro da Costa Pereira defende que “actuar rapidamente de forma preventiva e efectiva parece-me ser uma absoluta necessidade nesta fase de evolução da epidemia”.

“De facto, embora o enfrentamento de uma epidemia destas proporções e num mundo de tal forma globalizado seja algo inédito para todos nós, o facto de os primeiros casos de infeção Covid-19 em Portugal terem sido diagnosticados mais tardiamente que na maioria dos restantes países europeus abre-nos uma janela de oportunidade para implementarmos medidas efectivas de forma preventiva”, considera o director da Faculdade de Medicina do Porto.

Em seu entender, “é ilusório pensar que os próximos dias/semanas não trarão consigo muitos mais novos casos de infecção Covid-19. Nesse sentido, vale a pena olhar para os dois países com um maior número de casos confirmados de infecção e para o modo como foram capazes de responder à mesma”.

No final, sublinha o especialista, Itália acabou por ter de decretar quarentena, mas quando o fez já mais de 9000 pessoas tinham sido infectadas e mais de 400 tinham morrido . Acresce que nos hospitais italianos, já há relatos da necessidade de fazer opções relativamente a quem tratar, e o descontrolo italiano foi parte da causa da rápida disseminação da infeção a outros países europeus.

“A Itália mostra-nos que este último caminho pode revelar-se demasiadamente perigoso, tanto em termos humanos como em termos socio-económicos”, frisa.

A carta aberta do Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto ao Conselho Nacional de Saúde Pública é subscrita pelo Conselho Nacional das Escolas Médicas. Altamiro da Costa Pereira é doutorado em Epidemiologia e Saúde Pública, pela Universidade de Dundee, Reino Unido, fundador e coordenador de uma unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o Centro de Investigação de Tecnologias e Sistemas de Informação em Saúde (CINTESIS), ex-director do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP e actual director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

11 Mar 2020

Covid-19 | Director da Faculdade Medicina do Porto destaca sucesso de Macau em carta

[dropcap]A[/dropcap]ltamiro da Costa Pereira, director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especialista em Epidemiologia e Saúde Pública, alertou hoje para “a necessidade de se virem a tomar, com urgência, medidas mais restritivas que possam ainda vir a conter esta grave pandemia” em Portugal.
Numa carta aberta ao Conselho Nacional de Saúde Pública, que reúne esta quarta-feira em Lisboa, o responsável frisou o caso bem sucedido de Macau no combate ao novo coronavírus.
“Na China, uma vez reconhecida a magnitude do problema, rapidamente foram colocadas em prática medidas de quarentena cuja efetividade é hoje por demais notória. De facto, Wuhan começa a voltar à normalidade, Macau já não tem novos casos há mais de um mês , e em território chinês teme-se agora os casos importados! Já a Itália demorou mais tempo a tomar medidas mais restritivas, agindo maioritariamente de forma reactiva à medida que o número de novos casos disparava (e com os graus de liberdade inerentes às democracias)”, aponta.
Na mesma carta, Altamiro da Costa Pereira defende que “o ‘timing’ para adopção das inevitáveis medidas mais restritivas em Portugal poderá ter importantes consequências. Na verdade, é possível fazê-lo agora e prevenir ao máximo o número de novos casos de infeção, ou é possível manter a atitude que tem sido adoptada de apenas actuar quando surgem novos casos”.

SNS está “exaurido”

Segundo Altamiro da Costa Pereira, “por mais problemas sociais ou prejuízos económicos que venham a existir, no imediato – face às eventuais medidas de contenção que urge serem tomadas –, estes serão certamente bem menores do que aqueles que poderão advir dentro de duas a quatro semanas quando enfrentarmos o pico da epidemia, já com um SNS exaurido e uma população desamparada e desiludida”.
Neste seu contributo acerca da epidemia de Covid-19, em Portugal, Altamiro da Costa Pereira afirma que a sua “principal preocupação tem que ver com a limitada capacidade de resposta do SNS para enfrentar uma sobrecarga de procura”.
“Se as dificuldades do SNS já eram evidentes antes da epidemia por Covid-19 (algo que se verifica, por exemplo, na dificuldade de manter urgências abertas e funcionais de alguns serviços hospitalares) e se a Linha de Saúde SNS24 já não consegue dar resposta a todas as chamadas neste preciso momento, é de esperar o pior – ou seja, uma situação mais próxima do colapso – com o passar do tempo e subsequente aumento exponencial do número de casos de infeção Covid-19”, sustentou.

Actuar de forma rápida

Considerando que a voz do Conselho Nacional de Saúde Pública será muito importante para o aconselhamento das autoridades de saúde e do Governo português, Altamiro da Costa Pereira defende que “actuar rapidamente de forma preventiva e efectiva parece-me ser uma absoluta necessidade nesta fase de evolução da epidemia”.
“De facto, embora o enfrentamento de uma epidemia destas proporções e num mundo de tal forma globalizado seja algo inédito para todos nós, o facto de os primeiros casos de infeção Covid-19 em Portugal terem sido diagnosticados mais tardiamente que na maioria dos restantes países europeus abre-nos uma janela de oportunidade para implementarmos medidas efectivas de forma preventiva”, considera o director da Faculdade de Medicina do Porto.
Em seu entender, “é ilusório pensar que os próximos dias/semanas não trarão consigo muitos mais novos casos de infecção Covid-19. Nesse sentido, vale a pena olhar para os dois países com um maior número de casos confirmados de infecção e para o modo como foram capazes de responder à mesma”.
No final, sublinha o especialista, Itália acabou por ter de decretar quarentena, mas quando o fez já mais de 9000 pessoas tinham sido infectadas e mais de 400 tinham morrido . Acresce que nos hospitais italianos, já há relatos da necessidade de fazer opções relativamente a quem tratar, e o descontrolo italiano foi parte da causa da rápida disseminação da infeção a outros países europeus.
“A Itália mostra-nos que este último caminho pode revelar-se demasiadamente perigoso, tanto em termos humanos como em termos socio-económicos”, frisa.
A carta aberta do Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto ao Conselho Nacional de Saúde Pública é subscrita pelo Conselho Nacional das Escolas Médicas. Altamiro da Costa Pereira é doutorado em Epidemiologia e Saúde Pública, pela Universidade de Dundee, Reino Unido, fundador e coordenador de uma unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o Centro de Investigação de Tecnologias e Sistemas de Informação em Saúde (CINTESIS), ex-director do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP e actual director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

11 Mar 2020

Covid-19 | Empresas de Wuhan autorizadas a retomar “gradualmente” a actividade

[dropcap]A[/dropcap]s empresas na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de Covid-19 e em quarentena desde Janeiro passado, podem retomar “gradualmente” a actividade, informaram hoje as autoridades locais. Para as empresas que produzem bens e serviços essenciais a retoma deve ser imediata, detalhou o Governo da província de Hubei, do qual Wuhan é a capital.

Nesta categoria estão incluídas empresas de equipamento médico e farmácias, serviços públicos como fornecimento de gás, electricidade ou aquecimento, supermercados de produtos frescos e a produção agrícola.

As empresas de outros sectores de actividade, mas com “grande importância na cadeia produtiva nacional e internacional”, poderão retomar o trabalho após obterem autorização. As outras empresas não poderão reiniciar actividade até 21 de Março.

Regras semelhantes serão aplicadas nas áreas de “alto risco” no resto da província: empresas ligadas à prevenção da epidemia, necessidades básicas e serviços públicos podem voltar ao trabalho. Em territórios classificados como de “risco moderado ou baixo”, mais empresas serão autorizadas a voltar ao trabalho.

O transporte de passageiros de avião, comboio, carro, barco e autocarro pode também “gradualmente ser retomado” em áreas de “risco moderado ou baixo”, que exclui Wuhan, detalhou o Governo de Hubei, sem adiantar uma data específica.

Situada no centro da China, a província de Hubei concentra a maioria dos casos e mortes devido ao Covid-19 registados a nível mundial, 67.773 e 3.046, respectivamente. As medidas de isolamento afectaram quase 60 milhões de pessoas distribuídas por 15 cidades da província.

As autoridades de saúde de Hubei anunciaram hoje apenas 13 novas infecções nas últimas 24 horas – todas em Wuhan.

11 Mar 2020

Covid-19 | Empresas de Wuhan autorizadas a retomar “gradualmente” a actividade

[dropcap]A[/dropcap]s empresas na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de Covid-19 e em quarentena desde Janeiro passado, podem retomar “gradualmente” a actividade, informaram hoje as autoridades locais. Para as empresas que produzem bens e serviços essenciais a retoma deve ser imediata, detalhou o Governo da província de Hubei, do qual Wuhan é a capital.
Nesta categoria estão incluídas empresas de equipamento médico e farmácias, serviços públicos como fornecimento de gás, electricidade ou aquecimento, supermercados de produtos frescos e a produção agrícola.
As empresas de outros sectores de actividade, mas com “grande importância na cadeia produtiva nacional e internacional”, poderão retomar o trabalho após obterem autorização. As outras empresas não poderão reiniciar actividade até 21 de Março.
Regras semelhantes serão aplicadas nas áreas de “alto risco” no resto da província: empresas ligadas à prevenção da epidemia, necessidades básicas e serviços públicos podem voltar ao trabalho. Em territórios classificados como de “risco moderado ou baixo”, mais empresas serão autorizadas a voltar ao trabalho.
O transporte de passageiros de avião, comboio, carro, barco e autocarro pode também “gradualmente ser retomado” em áreas de “risco moderado ou baixo”, que exclui Wuhan, detalhou o Governo de Hubei, sem adiantar uma data específica.
Situada no centro da China, a província de Hubei concentra a maioria dos casos e mortes devido ao Covid-19 registados a nível mundial, 67.773 e 3.046, respectivamente. As medidas de isolamento afectaram quase 60 milhões de pessoas distribuídas por 15 cidades da província.
As autoridades de saúde de Hubei anunciaram hoje apenas 13 novas infecções nas últimas 24 horas – todas em Wuhan.

11 Mar 2020