Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Quase um milhão de pessoas foram vacinadas na China, diz farmacêutica estatal Sinopharm [dropcap]Q[/dropcap]uase um milhão de pessoas foram testadas com uma das vacinas em desenvolvimento na China para o novo coronavírus, até à data, “sem efeitos adversos significativos”, disse Liu Jingzhen, presidente da farmacêutica estatal Sinopharm. Liu apontou numa entrevista divulgada hoje pela imprensa local que “a vacina foi testada em quase um milhão de pessoas” e que “apenas um pequeno grupo teve efeitos adversos leves”. O responsável acrescentou que “diplomatas e estudantes que viajaram para mais de 150 países não apresentaram teste positivo para o coronavírus após serem vacinados”. Em 22 de julho passado, a China autorizou o uso de vacinas candidatas contra o coronavírus para certos casos excecionais, como “proteção de pessoal da saúde, funcionários de programas de prevenção, inspectores portuários e funcionários do serviço público”. Embora Liu não tenha detalhado se a vacina testada foi em todos os casos a da Sinopharm, indicou que este grupo está prestes a concluir a terceira fase de testes clínicos, realizados em dez países, com a participação de cerca de 60 mil pessoas. “Terminamos a coleta de sangue de 40 mil pessoas 14 dias depois de receber as duas injeções necessárias para vacinação. O resultado é muito bom”, afirmou. As autoridades chinesas não revelaram quando poderão comercializar as vacinas em larga escala, mas o diretor do Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão Nacional de Saúde, Zheng Zhongwei, indicou no final de outubro que o país asiático planeia fabricar 610 milhões de doses, antes do final deste ano, e mil milhões em 2021.
Hoje Macau EventosFilme “Listen” de Ana Rocha de Sousa exibido em festival em Singapura [dropcap]O[/dropcap] filme “Listen”, de Ana Rocha de Sousa, faz parte da programação do True Colors Film Festival 2020, festival de cinema de Singapura, que começa no dia 3 de Dezembro. Segundo informação disponível na página oficial do festival, “Listen” estará na secção “Spotlight”. Devido à pandemia de covid-19, todos os filmes do festival, que decorre até 12 de dezembro, serão transmitidos ‘online’ de forma gratuita. “Listen” estará disponível entre as 13:00 locais de 05 de dezembro e as 13:00 do dia seguinte para espectadores em vários territórios asiáticos, incluindo Macau e Timor-Leste. Já esta semana, foi anunciado que “Listen” vai ser o candidato de Portugal a uma nomeação para Melhor Filme Internacional nos Óscares do próximo ano. “Listen” é a primeira longa-metragem de ficção de Ana Rocha de Sousa, um drama familiar inspirado numa história real, sobre uma família portuguesa emigrada em Londres, a quem é retirada a guarda dos filhos, por suspeitas de maus-tratos. A narrativa acompanha os esforços da família em provar aos serviços sociais e judiciais britânicos que as suspeitas são infundadas. Com coprodução luso-britânica, o filme foi rodado nos arredores de Londres com elenco português e inglês, encabeçado por Lúcia Moniz, Ruben Garcia e Sophia Myles. O filme venceu seis prémios no Festival de Veneza, entre os quais o “Leão do Futuro”, para uma primeira obra, e o prémio especial do júri da competição Horizontes. Ainda que com uma reduzida presença de espectadores em sala, “Listen” colocou-se no topo dos filmes portugueses mais vistos este ano, com 32.162 entradas, segundo dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual, contabilizados até 18 de novembro.
Hoje Macau VozesPlano Director V – Da Morfologia Urbana – O espaço Canal (Continuação de dia 13) [dropcap]A[/dropcap] afirmação das ruas como a unidade espacial mais elementar de toda a organização social e económica urbanas, já não aconteceu nas cidades que optaram pela sua expansão em vez da sua intensificação. Isso aconteceu a reboque da utilização de transporte automóvel particular ter passado a estar ao alcance de todos, e é também razão porque essas cidades dependem hoje em dia exclusivamente de centros comerciais dentre de edifícios na periferia, porque nunca fixaram populações em densidade que permitisse o aparecimento nessas periferias de uma rede de ruas verdadeiramente comerciais, onde se abastecessem localmente. A razão para a expansão das cidades em bairros/cidades periféricas fundou-se também no aval do estado da urbanização mundial no 2.º quartel do sec. XX. A intensificação descontrolada e o excesso de tráfego tornaram as ruas das cidades impróprias para a habitação, nomeadamente na modalidade em que a habitação em banda dependia exclusivamente da orientação para essas ruas. O mesmo aval recomendava que a intensificação da ocupação urbana deveria processar-se antes pela construção em altura, com edificações mais distanciadas entre si, libertando mais espaço ao nível do solo, e resguardadas da circulação rodoviária por cinturas de vegetação. Os exemples mais notáveis disso em Macau são a torre habitacional de Chorão Ramalho na Av. Sidónio Pais, recuada em relação ao plano marginal da rua, e as Torres da Barra de Manuel Vicente. Por outras palavras, o mesmo significou um modelo de ocupação com características que foram mais a tradição do norte da Europa e menos as mediterrânicas. Como a proliferação do mesmo significou o abandono do “espaço canal” de rua e a decadência do elaborado modelo económico e social que resultou do desenvolvimento e intensificação das cidades, e que se renovava em cada geração desses habitantes. Efectivamente não foram modelos de baixa densidade o que caracteriza a cidade de Macau, tanto na génese da sua morfologia como no seu crescimento. Mesmo quando o território foi excedente de solo em relação ao que fora densamente ocupado na península, e foi excedente de solo nas ilhas quando a península estava densamente ocupada na sua totalidade. Se avistarmos do ar os bairros antigos revela-se uma elevação de construção com uma altura predominante, rasgada por canais. As torres que aí esporadicamente se impõem pautaram-se pela modalidade de acréscimo de volume de reconstrução que acontece apenas recuadamente, e que assenta sobre uma base (um pódio), o qual respeita o plano marginal da rua original. Foi também esse o modelo adoptado em novas urbanizações tais como a Zona de Aterros do Porto Exterior (o ZAPE) ou o bairro do Hipódromo, em sentido de manutenção da tradição do espaço canal (a rua), com a altura e largura achadas adequadas, e com todas as valências funcionais que caracterizam essa tipologia de espaço urbano a que chamamos “rua”. Enquanto isso, nas cidades onde se seguiu o modelo de torres isoladas, rodeadas por verde ambiental, tal como preconizado pelo urbanismo moderno, o mesmo não contribui para a socialização do espaço urbano. O acréscimo desse espaço, se nuns casos significou mais espaço para todos, noutros também significou mais espaço para ninguém. A segurança que resultou desse modelo de ocupação foi menor que a do espaço de rua tradicional, nomeadamente logo que as ruas mais exaustas e degradadas foram reabilitadas e o tecido social foi recuperado. O que aconteceu, entretanto, foi também que as mesmas ruas passaram a ter os limites de ocupação regulados, as actividades passaram a ser criteriosas e a circulação ajustada e condicionada à dimensão das vias e aos usos. Por outro lado, as ruas novas adoptaram logo de início condições geométricas e funcionais melhor ajustadas. O espaço canal nos bairros antigos é ainda portador de uma capacidade intrínseca de salvaguarda de património histórico. A rede de artérias, seja consequência de uma topografia ou de um modelo racional abstracto, confere às cidades aspectos próprios e únicos que são mais persistentes do que a vida económica ou o interesse nos edifícios aí construídos. Essa salvaguarda reside no facto de que o plano marginal do espaço urbano constitui uma barreira entre domínios, o púbico e o privado, que só é possível anular por medidas excepcionais. Em verdade, ao fim de algumas décadas, uma cidade pode ter o seu parque edificado inteiramente substituído, mas continuará a manter sinais expressivos da mesma cidade, que resultam da matriz do seu espaço público, e que não dependem exclusivamente das edificações que lá existiram. É exactamente disso que Macau é um bom exemplo. Por sua vez, a rigidez dos planos marginais do espaço urbano é algo que carrega tradição e elaboração, a que correspondem modalidades diversas de espaços vestibulares ou espaços de transição que, por sua vez, variam com características e tradições locais. Por razões diversas não se passa directamente de um espaço predominantemente público para um espaço predominantemente privado, como não se passa directamente de um espaço interior para um espaço exterior. Principalmente quando, o que acontece lá fora é demasiado mundano, e onde recorrentemente faz muito calor ou muito frio, ou frequentemente chove, ou o sol é abrasador. As componentes arquitectónicas configuradas para essa finalidade têm nomes, como alpendre, vestíbulo, arcada, peristilo ou nártex. Disto resulta que os atributos de uma rua ou de uma praça possam ser muitos e diversos, tornando o espaço urbano rico em elaboração. O projecto de Plano Director para a RAEM não discorreu sobre as características tipológicas do espaço urbano a preconizar nas novas urbanizações, seja na salvaguarda de uma tradição local que se desenvolveu e se ajustou, seja na vertente do seu aperfeiçoamento ou inovação.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia de Hong Kong detém três ex-deputados pró-democracia por desacatos no parlamento [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve hoje três antigos deputados da oposição por perturbarem as reuniões legislativas em Maio, num momento em que crescem as preocupações com a repressão sobre o campo pró-democracia. Ted Hui, Eddie Chu e Raymond Chan deixaram mensagens na rede social Facebook a informar que tinham sido detidos devido aos incidentes no parlamento local, quando o trio tentou impedir as reuniões legislativas nas quais se procurava aprovar a lei do hino, em maio e junho. A polícia de Hong Kong indicou que tinha detido três antigos deputados sob a acusação de desacatos no Conselho Legislativo. Os três antigos legisladores perturbaram as reuniões em que se debateu a agora aprovada portaria do hino, que criminaliza qualquer insulto ou abuso sobre o mesmo. Entre maio e junho, Hui largou uma planta podre e tentou pontapeá-la na direção do presidente do Conselho Legislativo, Chu espalhou um líquido malcheiroso, algo que Chan também tentou fazer, antes de ter sido detido pelos seguranças. Os três tentaram novamente perturbar a aprovação da proposta de lei em 04 de junho, mas foram todos expulsos. A lei passou nessa sessão e o trio foi mais tarde condenado a pagar até 252 mil dólares de Hong Kong por danos causados. Os serviços de emergência chegaram a ser chamados ao local e vários deputados pró-Pequim disseram sentir-se indispostos.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Estudo indica que vacina chinesa Coronavac é “segura” [dropcap]A[/dropcap] fórmula da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, é “segura” e induziu resposta de anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testados, segundo um estudo publicado na terça-feira na revista The Lancet. Os resultados preliminares são provenientes de um ensaio clínico aleatório da Coronavac, em 744 voluntários entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo. A investigação, realizada por uma equipa chinesa, identificou a dose ideal para gerar as respostas imunológicas mais altas nas fases um e dois dos testes, enquanto observou os efeitos secundários, que foram leves e desapareceram em 48 horas. Os cientistas frisaram que as descobertas da fase três serão “cruciais” para determinar se a resposta imunológica gerada pela Coronavac é suficiente para proteger contra a infeção por SARS-CoV-2. De acordo com o estudo, a persistência da resposta de anticorpos deve ser verificada em estudos futuros para determinar quanto tempo durará a proteção contra o vírus. Como apenas participaram nos testes adultos saudáveis com idades entre 18 e 59 anos, terão de realizar-se mais investigações em faixas etárias diferentes, assim como em pessoas que padeçam de uma condição médica prévia. “Os nossos resultados mostram que a Coronavac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos em cerca de quatro semanas de imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo”, disse o coautor do estudo, Fengcai Zhu, investigador do Centro Provincial de Controlo e Prevenção de Doenças de Jiangsu, na China. “Acreditamos que isso torna a vacina adequada para uso de emergência durante a pandemia. No entanto, são necessários mais estudos para verificar quanto tempo a resposta de anticorpos permanece após a vacinação”, sublinhou Zhu. O especialista acrescentou que “a longo prazo, quando o risco da covid-19 for menor, as descobertas sugerem que administrar duas doses com intervalo de um mês, ao invés de deixar um intervalo de duas semanas, poderá ser mais apropriado para induzir respostas imunológicas mais fortes e potencialmente mais duradouras”. A Coronavac, uma das 48 candidatas a vacinas contra o novo coronavírus atualmente em desenvolvimento, baseia-se numa cepa viral do SARS-CoV-2, originalmente isolada de um paciente chinês. Esta primeira fase dos testes foi realizada na província de Jiangsu (China), com pessoas sem histórico médico e que não haviam viajado para áreas com alta incidência da covid-19. Gang Zeng, um dos autores da investigação, do centro Sinovac Biotech de Pequim, destacou que a Coronavac “poderia ser uma opção [de vacina] atrativa porque pode ser armazenada num frigorífico padrão entre 2 e 8 graus”, algo típico em muitos imunizantes já existentes, como da gripe. “A vacina também poderia permanecer estável durante três anos, armazenada, o que ofereceria vantagens para a sua distribuição em regiões onde o acesso à refrigeração é difícil”, observou. Os autores identificaram algumas limitações no estudo, como o facto de que o ensaio da fase dois não avaliou as respostas das chamadas células T (células do sistema imunológico), que representam outra variante da resposta imunológica às infeções do vírus. A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.328.048 mortos resultantes de mais de 55 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia tailandesa dispersa manifestação com canhões de água e gás lacrimogéneo [dropcap]A[/dropcap] polícia usou ontem canhões de água e gás lacrimogéneo em Banguecoque contra manifestantes reunidos perto do Parlamento, onde deputados e senadores estão a debater uma possível reforma da Constituição exigida pelo movimento pró-democracia. Na tentativa de pressionar os parlamentares, várias centenas de manifestantes reuniram-se ao redor do prédio, protegido por blocos de cimento, arame farpado e centenas de polícias. Alguns activistas tentaram abrir caminho e a polícia usou canhões que misturavam água e produtos químicos e, pela primeira vez desde o início do protesto, gás lacrimogéneo, de acordo com jornalistas da agência de notícias AFP. Os manifestantes exigem a destituição do primeiro-ministro, Prayuth Chan-O-Cha, no poder desde o golpe de 2014, reformas para limitar os poderes da rica monarquia e uma revisão da Constituição, aprovada em 2017 e considerada também favorável ao exército. O parlamento reúne-se para decidir quais os projetos de emendas constitucionais que aceita considerar e deve votar na quarta-feira. “O seu voto é uma solução de compromisso, assim como a Tailândia é uma terra de compromisso”, disse numa mensagem publicada no Twitter Ford Tattep, um dos líderes do movimento pró-democracia, uma alusão a uma das raras reações do rei Maha Vajiralongkorn ao protesto que abala o país desde o verão. Várias propostas de alterações foram apresentadas ao parlamento por parte da oposição e por uma organização não-governamental (ONG), visando nomeadamente reformar o Senado, a Comissão Eleitoral e o Tribunal Constitucional, considerados demasiado próximos do exército. Uma das propostas também prevê que o primeiro-ministro seja nomeado a partir das fileiras do parlamento. Os 250 senadores, nomeados pela junta, não deverão concordar facilmente em reduzir as suas prerrogativas e uma possível mudança constitucional levará muito tempo de qualquer maneira, segundo a avaliação de especialistas. Os defensores da realeza também se reuniram perto do parlamento pela manhã para se opor a qualquer reforma. “A modificação da Constituição levará à abolição da monarquia”, declarou Warong Dechgitvigrom, fundador do grupo de defesa da realeza Thai Pakdee (“Tailandeses Leais”). O movimento pró-democracia garante que deseja modernizar a monarquia, mas de forma alguma quer aboli-la.
Hoje Macau EventosLivro português “1.º Direito” venceu prémio chinês de literatura infantil [dropcap]“1.º[/dropcap] Direito”, de Nicolau Fernandes e Ricardo Henriques, editado pela portuguesa Pato Lógico, foi distinguido como um dos cinco melhores livros ilustrados do ano, num concurso chinês de literatura infantil, no âmbito da Feira Internacional de Livros Infantis de Xangai. Segundo um comunicado divulgado pelos organizadores da feira, “1.º Direito” foi um dos dois livros estrangeiros a serem distinguidos com o prémio Chen Bochui, que toma o nome do escritor e tradutor chinês de literatura infantil e é promovido por várias entidades de Xangai, ligadas à edição e à promoção da leitura. Após avaliar 250 livros vindos de 15 países e regiões, o júri do concurso sublinhou que muitas das obras premiadas descrevem como os jovens estão a lidar com os problemas e sentimentos criados pela pandemia de covid-19, segundo o anúncio feito na sexta-feira, em Xangai. “1.º Direito”, sobre uma jovem que está fechada em casa e se entretém a observar as pessoas que vivem no prédio em frente, foi lançado em maio passado, durante o período de confinamento. “Foi uma coincidência feliz num momento infeliz das nossas vidas”, disse à Lusa o autor, Ricardo Henriques. “As pessoas viram neste livro um retrato deste momento que estamos a viver”, acrescentou o editor da Pato Lógico, André Letria. O objetivo original de “1.º Direito”, patrocinado pela Sociedade Portuguesa de Autores, era explicar a um público mais jovem a importância do trabalho dos artistas e “como às vezes isso é um pouco invisível”, disse à Lusa o ilustrador, Nicolau Fernandes. O livro foi inspirado no filme “Janela Indiscreta”, com Nicolau Fernandes a usar mesmo a paleta de cores do filme realizado por Alfred Hitchcock, em 1954, de tons castanhos e laranja. Além de chamar Graça à protagonista, “em homenagem a Grace Kelly”, principal atriz do filme, ao lado de James Stewart, Ricardo Henriques incluiu ainda uma homenagem ao diretor de arte Hal Pereira, habitual colaborador de Hitchcock, e descendente de judeus sefarditas portugueses. Ricardo Henriques acredita que o prémio Chen Bochui poderá abrir as portas da China ao “1.º Direito”. O primeiro livro do autor para a Pato Lógico, “Mar”, está a ser traduzido para chinês pela Shandong Science and Technology Press Co Ltd. André Letria ficou surpreendido com o prémio, lembrando que a protagonista do livro é uma menina negra a observar uma rua multicultural. “Estamos curiosos para perceber como será a reação na China”, diz o editor. Os vencedores do prémio Chen Bochui foram anunciados durante a oitava edição da Feira Internacional de Livros Infantis de Xangai, que terminou no domingo. O evento de três dias juntou 386 editoras de 21 países e regiões, incluindo a editora portuguesa Orfeu Negro, e atraiu quase 20 mil visitantes, referiu a organização.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Jornalista chinesa enfrenta prisão por informar sobre surto em Wuhan [dropcap]A[/dropcap] jornalista chinesa Zhang Zhan foi acusada de “causar altercações e problemas” por ter reportado sobre o surto do novo coronavírus na cidade de Wuhan, centro da China, e pode enfrentar até cinco anos de prisão. Segundo informou a organização de defesa dos Direitos Humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD), um tribunal da cidade de Xangai vai julgar Zhang por informações publicadas nas redes sociais sobre a disseminação da doença em Wuhan, no início deste ano. A jornalista pode ser condenada a uma pena de entre quatro e cinco anos de prisão. Zhang, de 37 anos, foi presa há seis meses por “provocar altercações e criar problemas”, uma acusação frequentemente usada contra críticos e ativistas na China. O CHRD relatou em setembro que a mulher havia sido detida em maio por ter difundido em redes sociais como o Wechat, Twitter ou YouTube que os cidadãos de Wuhan receberam comida estragada durante o confinamento de 11 semanas da cidade, ou que foram forçados a pagar para fazerem testes de despistagem do novo coronavírus. Zhang também informou sobre as prisões de outros jornalistas ou o assédio a familiares de vítimas da pandemia que exigiram que as autoridades se responsabilizassem pela má gestão nos estágios iniciais do surto. Outros cidadãos que também narraram o que se passou em Wuhan desapareceram ou foram presos este ano, incluindo o empresário Fan Bing, o advogado Chen Qiushi ou o jovem repórter Li Zehua. Em Wuhan, as autoridades locais atrasaram a divulgação de informações sobre o surto, nos estágios iniciais, porque, de acordo com o então presidente da câmara, Zhou Xianwang, precisavam da aprovação do Governo central para o fazer.
Hoje Macau China / ÁsiaBRICS | Xi Jinping defende Acordo de Paris e promete ajuda na recuperação económica [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu o Acordo de Paris sobre o clima e prometeu que o seu país se integrará mais activamente na recuperação da crise económica provocada pela pandemia de covid-19. Durante uma reunião por videoconferência dos líderes dos países BRICS (sigla em inglês para o grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Xi Jinping disse acreditar que é necessário “cumprir o Acordo de Paris com base no princípio da responsabilidade comum”, duas semanas depois de os EUA se terem retirado oficialmente desse tratado. “Anunciei recentemente na ONU a decisão da China de aumentar as suas contribuições voluntárias nacionais para que as nossas emissões de CO2 diminuam até 2030 e sejamos um país neutro em carbono até 2060”, disse o líder chinês. “Temos de alcançar a harmonia entre o homem e a natureza. O aquecimento global não parou porque há uma pandemia”, explicou o Presidente chinês. Xi Jinping deixou ainda a promessa de que o seu país se aplicará no mercado global, “para impulsionar a recuperação económica”, perante os efeitos da pandemia de covid-19. “A economia global está a passar pela sua pior recessão desde a Grande Depressão, na década de 1930, e a abertura e a inovação são necessárias para alimentar a recuperação global. A China estará mais activamente integrada no mercado global, para criar mais oportunidades e contribuir para a recuperação”, disse o Presidente chinês, durante a cimeira dos BRICS. Estabilidade e segurança Xi também prometeu “aprofundar a solidariedade e a cooperação” para “enfrentar os desafios da pandemia”, e observou que várias empresas chinesas estão a participar na terceira fase dos testes clínicos das suas vacinas, na Rússia e no Brasil, acrescentando que espera também cooperar a esse nível com a África do Sul e com a Índia. “Temos de olhar para o futuro juntos”, concluiu o Presidente chinês, apontando para a necessidade de abordagens multilaterais para os grandes problemas mundiais. A 12.ª cimeira dos BRICS, que tem por tema a “estabilidade global, segurança comum e crescimento inovador”, esteve marcada para Julho, em São Petersburgo, na Rússia, mas foi adiada para agora, devido à pandemia, estando a realizar-se em formato de videoconferência. A cimeira é liderada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, contando ainda com a presença, para além de Xi Jinping, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Hoje Macau EventosLusofonia | Pintura e fotografia no arranque “offline” da semana cultural Depois de cerca de 40 apresentações online, a 12.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa segue o seu caminho offline já a partir de amanhã. As obras de Raquel Gralheiro, Alexandre Marreiros e Bernardino Soares podem ser apreciadas até 6 de Dezembro no edifício do Fórum Macau [dropcap]N[/dropcap]uma época em que a distância é uma palavra detentora de novos contornos e significados, é sempre bom interagir com arte sem a ajuda de um ecrã. Após cerca 40 apresentações culturais online, oriundas de 11 países e regiões, chegou a vez de a 12.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa se encontrar no mesmo espaço físico que a sua audiência, para as exposições de pintura de Raquel Gralheiro (Portugal) e Alexandre Marreiros (Macau) e ainda de Bernardino Soares (Timor-Leste), na área da fotografia. Integradas no programa “1+3”, as exposições abrem ao público a partir de amanhã, podendo ser visitadas até 6 de Dezembro no edifício do Fórum Macau. Adicionalmente, explicando o “1” da equação que empresta o nome às actividades presenciais do evento, haverá lugar, segundo um comunicado oficial, a uma exposição sobre “as realizações do Fórum de Macau”, que apresenta não só a sua história e resultados obtidos, mas também “costumes e produtos culturais dos países de língua portuguesa”. Nascida em Viseu, Raquel Gralheiro é uma artista plástica formada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, cujas obras reflectem o seu fascínio pela figura feminina e a utilização do corpo como instrumento publicitário. Intitulada “Pop Pin”, a exposição pretende representar a mulher como elemento “congregador dos sentidos”, que emana energia positiva, materializada na infinidade de cores puras, patente nas suas telas. Já em “Whispering Rooms”, o arquitecto Alexandre Marreiros aborda a ideia de uma Macau vazia e silenciosa, com traços que procuram transpor para a tela, a realidade vivida nos primeiros tempos da pandemia da covid-19 no território. A ideia dos trabalhos apresentados é, segundo partilhou com o HM na semana passada, representar a “ideia fragilizada, isolada, permeável e visível aos nossos olhos dos espaços inocupados”, através de um registo temporal de Macau que, à semelhança de muitas outras, “se encontrou desabitada, assombrada pelo silêncio e pelo vazio”. Olhares discretos Da visão perspicaz e cuidada de Bernardino Soares resulta a exposição “Discreto”, que tem a particularidade de não se traduzir numa mostra de “meros instantâneos e imagens de ocasião”, mas sim obras artísticas cuidadas que têm as singularidades de Timor-Leste e das montanhas de Tata Mailau como pano de fundo. “Descobre-se na arte fotográfica de Bernardino Soares os sonhos telúricos dos mitos arcanos timorenses cruzando várzeas de um verde imaculado à sabedoria ancestral dos catuas”, pode ler-se na nota de apresentação do artista que consta no portal 12ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. Segundo a organização, durante as exposições, serão disponibilizadas visitas guiadas e sessões de intercâmbios com os artistas. Além disso, será ainda promovida a sessão “Encontro com os Delegados dos Países de Língua Portuguesa”, com o objectivo de “prestar apoio ao público no melhoramento do conhecimento sobre a cultura e a arte de Macau e dos Países de Língua Portuguesa”.
Hoje Macau SociedadeIndústrias culturais | Receitas cresceram 8,7% em 2019 [dropcap]A[/dropcap]s receitas dos serviços das indústrias culturais em 2019 fixaram-se 7,85 mil milhões de patacas, ou seja um aumento de 8,7 por cento face ao ano anterior. De acordo com dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em 2019 havia também mais 209 organismos, totalizando 2.454 instituições, divididas pelas áreas de “Design Criativo” (1.397), “Exposições e espectáculos culturais” (281), “Colecção de obras artísticas” (138) e “Mídia digital” (638.) Ao nível do pessoal, a DSEC revelou que existiam 13.659 indivíduos empregados nas diferentes áreas, isto é, mais 6,8 por cento, em termos anuais. Já as despesas com pessoal alcançaram 2,18 mil milhões de patacas, ou seja, mais 10,2 por cento. O contributo das receitas para o valor acrescentado bruto (VAB) fixou-se em 2,98 mil milhões de patacas, ou seja mais 13,9 por cento em relação a 2018, representando 0,7 por cento do VAB de todos os ramos de actividade económica de Macau em 2019. A formação bruta de capital fixo das indústrias culturais atingiu 610 milhões de patacas, subindo 115,1 por cento, em termos anuais, devido ao facto de “alguns organismos terem adquirido equipamentos novos e terem efectuado melhoramentos em instalações durante o ano de referência”, pode ler-se na nota da DSEC.
Hoje Macau SociedadeHabitação | Preço médio aumentou em Outubro [dropcap]A[/dropcap]pesar da pandemia, o preço médio da habitação ficou mais caro em 6.719 patacas por metro quadrado em Outubro, quando comparado com o período homólogo. De acordo com os dados revelados ontem pela Direcção de Serviços de Finanças, no último mês o preço médio do metro quadrado foi de 108.532 patacas, quando em Outubro do ano passado tinha sido de 101.813 patacas. Quanto ao número de transacções, houve uma quebra de cerca de 12 por cento, de 632 transacções para 551, este ano. Em termos de localização, o preço das casas na Taipa foi o que mais subiu no espaço de um ano. Enquanto em Outubro do ano passado o metro quadrado custava em média 102.889 patacas, em Outubro deste ano o valor subiu para 121.118 patacas, ou seja 17,7 por cento. Além de uma subida de preço, houve igualmente uma maior procura por habitação na Taipa. Em 2019 tinha havido 110 transacções, que subiram para 162 em Outubro deste ano. Em termos das transacções na Península de Macau e de Coloane houve reduções do preço médio por metro quadrado de 99.879 patacas para 99.425 patacas e de 122.621 patacas para 116.750 patacas, respectivamente. Ainda na península, houve uma redução do número de trocas de habitação de 489 transacções para 360. Com uma tendência contrária, em Coloane houve um aumento do número de transacções face ao período homólogo, que cresceu de 24 transacções, em 2019, para 29, em Outubro deste ano.
Hoje Macau SociedadeJogo VIP | Receitas sobem 55,7% no terceiro trimestre [dropcap]A[/dropcap]s receitas brutas do jogo VIP no terceiro trimestre deste ano registaram uma subida de 55,7 por cento em relação aos três meses anteriores, indicaram dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). No segundo trimestre, as operadoras tinham arrecadado 1,5 mil milhões de patacas no segmento de altas apostas. Nos três meses seguintes contabilizaram 2,3 mil milhões de patacas. Ainda assim, muito longe dos resultados obtidos em anos anteriores, e dos primeiros três meses do ano, quando registaram receitas de 14,8 mil milhões de patacas, apesar das contas reflectirem já o impacto da crise provocada pela pandemia da covid-19. Os últimos dados do jogo em Macau mostraram que as receitas dos casinos em Macau subiram 228 por cento em Outubro, comparativamente a Setembro, mas, mesmo assim, com uma quebra de 72,5 por cento relativamente a igual mês de 2019. A subida no jogo VIP acompanhou os resultados globais do mercado do jogo. Em Outubro, as operadoras que exploram o jogo no território arrecadaram 7,27 mil milhões de patacas, mais 5,05 mil milhões de patacas que no mês anterior.
Hoje Macau PolíticaSegurança nacional | Alerta contra forças externas [dropcap]“I[/dropcap]remos adoptar medidas eficientes de prevenção efectiva da infiltração e intervenção das forças externas e diligenciar no sentido de criar relações de desenvolvimento e segurança, de modo a garantir a estabilidade e segurança da RAEM e salvaguardar a segurança nacional”, declarou ontem o Chefe do Executivo. As Linhas de Acção Governativa indicam que o regime da defesa da segurança nacional vai ser aperfeiçoado de forma constante. Será ainda criada uma subunidade para executar a lei de segurança do Estado, e promovida a elaboração do projecto do regime do segredo da RAEM. O patriotismo está também associado às principais orientações para 2021. “Iremos maximizar a função da ‘Base de Educação Patriótica’ destinada aos jovens, conjugar os recursos pedagógicos nos âmbitos sociais, históricos e patrióticos, aprofundar o reforço da educação do amor pela Pátria e por Macau, o sentimento patriótico juntos dos estudantes e jovens, aumentando o seu sentido de orgulho e de responsabilidade em serem chineses”, descreveu Ho Iat Seng.
Hoje Macau Manchete PolíticaLAG 2021 | Governo mantém cheques pecuniários mas regras de distribuição podem mudar [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, anunciou esta tarde na Assembleia Legislativa (AL) as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. A continuação dos cheques pecuniários à população é uma garantia do Executivo, ainda que a forma de distribuição dos mesmos possa vir a mudar. Segundo a TDM Rádio Macau, a “forma de distribuição” vai ser decidida “de acordo com as circunstâncias”. Actualmente os residentes permanentes recebem 10 mil patacas, enquanto que os residentes não permanentes recebem seis mil patacas. Ho Iat Seng prometeu “continuar a implementar medidas vocacionadas para o bem-estar da população” tal como “a comparticipação pecuniária, a devolução do imposto profissional, os benefícios de cuidados de saúde e apoio especial às famílias em situação vulnerável”. Fica também a garantia da continuação da “subvenção do pagamento de tarifas de água e de energia eléctrica”, entre outras medidas de apoio. O Chefe do Executivo frisou que “não obstante a contenção ao nível das despesas públicas, não serão reduzidas as despesas relacionadas com o bem-estar da população”, além de serem garantidas “as condições mínimas de vida e regalias de grupos vulneráveis”. Os valores dos apoios sociais mantém-se, portanto, iguais aos de 2019. Emprego para locais Para o ano financeiro de 2021, o Governo promete dar “prioridade aos trabalhadores residentes no acesso ao emprego”. Para ajudar os residentes que perderam o emprego por causa da pandemia, Ho Iat Seng promete “o alargamento do âmbito dos destinatários dos cursos de ‘formação remunerada’”, bem como apostar “na formação de reciclagem de trabalhadores afectados pelo impacto da pandemia para um acesso mais fácil a outros empregos”. Quanto aos trabalhadores não residentes, será optimizado o sistema de gestão, “implementando de forma rigorosa o mecanismo da sua entrada e saída no sentido de controlar o seu número conforme a evolução da situação epidémica e o desenvolvimento económico”.
Hoje Macau China / ÁsiaPelo menos sete mortos e sete em estado crítico num incêndio em Hong Kong [dropcap]P[/dropcap]elo menos sete pessoas morreram e sete estão em estado crítico, na sequência de um incêndio num edifício residencial em Hong Kong, noticiou hoje a imprensa local. As vítimas mortais foram três homens, três mulheres e uma criança de 09 anos, noticiou o jornal South China Morning Post (SCMP). Três homens e quatro mulheres foram hospitalizados, no domingo à noite, em estado crítico. Duas outras pessoas encontram-se em estado grave, indicou. O incêndio foi o mais mortal em Hong Kong em quase uma década. O apartamento terá acolhido uma reunião familiar, mas as autoridades estão a investigar se funcionava no local um restaurante sem licença. A maioria das vítimas é nepalesa. Os bombeiros informaram hoje numa conferência de imprensa que não havia medidas de segurança contra incêndios no edifício e que um dos presentes durante o evento conseguiu salvar-se ao subir pela janela da casa de banho do apartamento.
Hoje Macau SociedadeJogo | Cloee Chao pede bónus para trabalhadores [dropcap]A[/dropcap] Associação dos Direitos dos Trabalhadores do Jogo de Macau, liderada por Cloee Chao, exigiu ao Governo que pressione as operadoras a cederem o bónus do 13.º mês. A posição foi tomada na sexta-feira, com a entrega de uma carta na sede do Executivo. Apesar de agradecer às seis operadoras do jogo de Macau o esforço na protecção do emprego dos trabalhadores locais em época de pandemia, a associação alegou que este ano já não houve o bónus do Verão e que como “o pior [da crise] já passou”, com sinais de recuperação, as empresas têm capacidade para fazer face a mais esta despesa. Além disso, Cloee Chao defendeu que “as seis maiores empresas de jogo têm obtido lucros enormes ao longo dos anos, e quanto mais lucros fazem, mais responsabilidades têm de assumir, pelo que deveriam ser consideradas mais responsáveis pela promoção da recuperação económica de Macau e pela manutenção da estabilidade social”. A associação pediu ainda ao Governo que reconsidere a decisão de não injectar em 2021 as habituais sete mil patacas no Regime de Previdência Central Não Obrigatório. Esta é uma medida extraordinária que está indexada ao excedente orçamental. Como este ano e no próximo ano, deverá haver défices orçamentais, o Executivo suspendeu este apoio social. “Até o orçamento do Governo está no ‘vermelho’ este ano, o que mostra que o impacto da epidemia nas famílias dos cidadãos comuns é ainda maior”, salientou a associação face à necessidade de distribuição das sete mil patacas.
Hoje Macau VozesPlano Director V – Da Morfologia Urbana / O espaço canal [dropcap]E[/dropcap]m morfologia urbana importa tanto o que se concretiza, com as características e os atributos do que se concretiza. A tipologia urbana de espaço canal é caracterizada por um território rasgado por artérias onde os humanos circulam socialmente nas suas diversas formas de locomoção e de interacção urbana. A fronteira desses espaços constitui o limiar entre o público e o privado, e o mesmo significa territorialidade, segurança e privacidade. Naturalmente as configurações que disso podem resultar são diversas e as variações constituem manifestação cultural. Efectivamente, no espaço mediterrânico, o limiar desses canais era tendencialmente murado, e ainda é, independentemente de a edificação privada se estender, ou não, até esse limite. Disso resultava resguardo da luz, da territorialidade e da privacidade, senão mesmo contenção da ostentação privada que não era bem vista, sendo isso o que ainda persiste nas culturas a sul e a este do Mediterrâneo. Assim, as construções tinham poucas portas e janelas que dessem directamente para o espaço público, e tinham cortinas necessariamente. Aí, o espaço público era estritamente o necessário, porque não era de fácil manutenção, e nem sempre claro se o mesmo era de todos, ou antes, se era de ninguém. Foi também essa uma tradição que emergiu de densidades populacionais mais altas, i.e. onde a vida humana estava organizada em regimes de grande concentração e proximidade, numa cidade que representa o território em torno, e que se dedica a actividades predominantemente de entreposto comercial. Se nos distanciarmos desta realidade urbana ocidental, que sequer é estranha à oriental, e se progredirmos na direcção das tradições do norte europeu, que são as mesmas que proliferaram do outro lado do Atlântico, ao norte do continente americano, aí as ruas não são muradas sempre que a construção não se estende até ao limiar da rua, o espaço público abunda em climas onde é mais fácil manter estruturas de verde ambiental, e facilmente gera paisagem natural. É também uma tradição que emergiu de densidades populacionais mais baixas, onde poucas são as ruas que têm actividades comerciais. Aí, as construções já precisam de captar luz, as janelas são maiores e não se correm cortinas. Nos países de religião predominantemente protestante, correr cortinas é antes visto como encobrimento de algo que não é socialmente aceitável. Em verdade, circular à noite nas ruas de uma cidade holandesa, onde abundam edifícios com habitação no rés-do-chão, a tentação de um estrangeiro é mesmo olhar para os interiores das casas. E de tudo isso chegam ainda manifestações dispersas aos nossos dias, tais como, quando alguém responde a um anúncio de uma propriedade em Portugal, a primeira pergunta que faz é se está murada. Ou a avó que visita a casa dos netos na Holanda e vê as cortinas corridas, a primeira coisa que faz é abri-las, por causa do que os vizinhos possam pensar. Em verdade, as dispersões das semelhanças destas tradições foram no passado mais em torno de um mar, de um rio, ou de um canal. Resulta por isso curioso que, no passado, os humanos já estiveram mais próximo de poderem ser nacionais de meios hídricos, nas margens dos quais se fixaram, do que dos territórios continentais que a partir dessas margens se estendiam. E tudo teve a ver com os caminhos que se percorriam, dos quais o caminho pelo meio hídrico já foi o mais fácil e o mais público. As tradições urbanísticas ocidentais do sul e do norte, muito embora norteadas pelo mesmo modelo clássico de urbanização, resultaram de diferentes densidades demográficas, onde numa, a escassez era mais a edificação, e noutra, a escassez era mais o espaço público. Foi a revolução industrial que veio homogeneizar essas diferentes demografias urbanas do mundo ocidental e, no final do séc. XIX, a ocupação dessas cidades já se caracterizava na generalidade pelo aproveitamento do solo com construção até aos limites do espaço privado. Assim, o espaço canal, formado principalmente por ruas (os segmentos), mas também por praças (os nós), definidos pelos seus planos marginais (o alinhamento das fachadas dos edifícios), passou a ser a modalidade mais generalizada de definição do espaço urbano. Em verdade, o território urbano onde a construção esporadicamente se elevava, passou a ser toda igualmente elevada, apenas esporadicamente perfurada no miolo do domínio privado por pátios ou saguões, para ventilação e entradas de luz, e rasgada no domínio público por fundos canais onde toda a vida social se concentrava e acontecia, fosse nas rotinas diárias, como nas ocasionais, fosse para ligações distantes ou próximas. As ruas passaram a ser o suporte mais elementar de toda a organização social e económica urbanas, às quais os residentes da cidade pertenciam como a uma nação, da mesma forma como já tinham pertencido no passado a um mar, um rio ou um canal. Continua…
Hoje Macau EventosExposição | Edifício do Fórum Macau acolhe mostra de Alexandre Marreiros Na próxima quinta-feira, dia 19, é inaugurada, no edifício do Fórum Macau, a exposição “Whispering Rooms”, da autoria do arquitecto Alexandre Marreiros. O autor destaca o facto de se ter baseado nas ideias de “registar, conceitualidade e tempo” para realizar trabalhos que revelam uma Macau vazia em tempos de pandemia [dropcap]O[/dropcap] arquitecto e artista Alexandre Marreiros está de regresso às exposições individuais com “Whispering Rooms”, uma mostra que será inaugurada na próxima quinta-feira, dia 19, às 18h no edifício do Fórum Macau. A exposição, que tem portas abertas até ao dia 6 de Dezembro, insere-se na 12ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau. “Whispering Rooms” tem produção executiva da Galeria 57 e curadoria do próprio Alexandre Marreiros e aborda a ideia de uma Macau vazia e silenciosa, uma realidade vivida nos primeiros tempos da pandemia da covid-19. O arquitecto destaca o facto de a mostra ir “de encontro a esta tríplice que considero fundamental: registar, conceitualidade e tempo”. “O conjunto de trabalhos que apresento será uma possível representação da ideia fragilizada, isolada, permeável e visível aos nossos olhos dos espaços inocupados. Um registo temporal da cidade que habito e que como muitas outras se encontrou desabitada, assombrada pelo silêncio e pelo vazio durante o presente ano de 2020”, descreve Alexandre Marreiros. Macau é, assim, representada como se fosse um “laboratório”, “vazia do que lhe faz dar sentido: as pessoas”. O autor aponta que “foi importante perceber esta transmutação em que nos encontramos obrigados a viver”. Registo e observação A maior parte dos trabalhos que integram “Whispering Rooms” foram feitos recorrendo à técnica mista sobre papel. Permanece “uma total ausência de figuras no espaço”, sendo esta “uma das linhas condutoras a que esta obra se propõe: registar o que fui observando durante o presente ano em Macau”. Alexandre Marreiros quis também, com este trabalho, “construir um território interrogativo do que representam estes espaços vazios”. O público poderá visitar esta exposição com o acompanhamento de Alexandre Marreiros. As visitas guiadas estão agendadas para o dia 28 de Novembro, entre as 11h e as 14h, e o dia 5 de Dezembro, entre as 14h e as 19h. À mostra junta-se um catálogo ilustrado com todas as obras expostas, com direcção de arte de Victor Marreiros, uma edição do Secretariado Permanente do Fórum Macau. Alexandre Marreiros estreia-se no edifício do Fórum Macau, mas já expôs em locais como o Museu de Arte de Macau, o espaço Creative Macau ou o espaço Art Garden, da AFA – Art for All Society. Em Portugal, expôs também na Casa da Cultura da Comporta. O arquitecto participou também no festival literário Rota das Letras onde apresentou a exposição “Ocupar o Imaginário”.
Hoje Macau SociedadeJogo | Analistas defendem adiamento do concurso para novas licenças David Green e Pedro Cortés defenderam que o concurso público para a atribuição de novas licenças de jogo deve ser adiado, tendo em conta a enorme crise que o sector do jogo atravessa devido à pandemia da covid-19 [dropcap]A[/dropcap]nalistas defenderam à Lusa o adiamento do concurso público para as novas licenças do jogo devido à pandemia da covid-19 que afecta, sem precedentes, a economia da capital mundial dos casinos e os seus operadores. A poucos dias do Chefe do Executivo apresentar as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano financeiro de 2021, as incertezas no território ainda são muitas, com as operadoras de jogo no território a apresentarem grandes prejuízos no terceiro trimestre do corrente ano. No próximo ano o Governo deveria apresentar o caderno de encargos para as concessionárias se prepararem para o concurso público agendado para 2022. “Não creio que a renovação da concessão deva ir em frente em 2022”, afirmou à Lusa analista David Green. O fundador da consultora especializada em regulação de jogos em Macau Newpage Consulting defendeu ainda que o Governo devia esperar pela recuperação da receita bruta do jogo. Nos primeiros 10 meses do ano, as perdas dos casinos foram de 81,4 por cento em relação ao igual período do ano anterior, em resultado do impacto da pandemia de covid-19 e das fortes restrições nas fronteiras. Só no final de Setembro passado, as autoridades chinesas retomaram a emissão de vistos em todo o país para Macau. O anúncio feito em Agosto, relativamente à criação de uma `lista negra’ de destinos turísticos de jogo em casinos por perturbarem a “ordem comercial do mercado de turismo no estrangeiro da China”, devia fazer também o Governo de Macau esperar pelas possíveis repercussões que esta medida de Pequim terá no território. Em Setembro, o Governo chinês estimou que a fuga de capitais do país, através de jogos de azar, ascenda a pelo menos um bilião de yuan, agravando os riscos de uma crise financeira. Por estas duas razões, frisou David Green, avançar com o concurso público é “convidar alguns descontos substanciais de investimento” por parte dos operadores de jogo. Muitas dúvidas O advogado Pedro Cortés, sócio da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, escritório que presta consultoria na área do jogo, também afirmou à Lusa ter muitas dúvidas que o caminho a ser seguido seja o do concurso público em 2022. “Nesta altura, o véu já deveria ter sido mais levantado, não obstante todos os constrangimentos que a situação pandémica tem colocado ao executivo”, disse. Apesar disso, Pedro Cortés diz que os sinais de que tanto as declarações do Chefe do Executivo e do secretário para a Economia e Finanças “têm ido no sentido do concurso”.
Hoje Macau Artes, Letras e Ideias hA sociedade está a mudar de base. O que acontece diante dos nossos olhos não é senão uma mudança de civilização (2018) RAOUL VANEIGEM No cruzamento de todos os lugares e de nenhum situa-se a encruzilhada do possível e do impossível [dropcap]U[/dropcap]m caos planetário assombra hoje as ruas e as cabeças. Estamos a sofrer os efeitos de um terramoto cujo epicentro está em toda a parte e em lugar nenhum. Tanto assim é que neste reino absurdo onde continuamos a subscrever um pretenso contrato social, nenhuma base, nenhum valor seguro oferece a ajuda da sua estabilidade. A mudança de civilização a que assistimos não se insere no círculo apocalíptico que fazia girar a peste, a fome, a sida, as guerras, as insurreições, a devastação atómica, a catástrofe ecológica. Resulta de uma evolução da história que, tendo atingido um impasse, revela a sua aberração original: o desvirtuamento de um devir humano, paralisado pelo surgimento de um sistema económico e social inadequado. O que surge em simultâneo é a superação que traça, como única saída, a fundação de uma civilização radicalmente diferente. A consciência de uma verdadeira humanidade exige o abandono das utopias putrefactas a que a opinião dominante sempre deu crédito. O Estado de Bem-Estar, a sociedade de bem-estar consumista na qual continuamos a tropeçar não prova que aquilo a que chamam de realidade é a verdadeira utopia: um lugar que não está em lugar nenhum e um tempo onde, representados por toda a parte, estão exilados do vosso próprio corpo? A rocha das velhas certezas despedaçou-se, não permitindo às evidências do passado senão uma rápida volta no frágil palco do espectáculo. Atingidos de frente por um passado em colapso e um futuro ensombrado pelo vazio do pensamento, os costumes e as mentalidades dobram-se sobre si mesmos, recuam para o que não mais tem lugar, falhando em abrir-se para o que ainda não existe e que, no entanto, está para nascer. O espectáculo da vida às avessas devora toda a esperança. Testemunhamos a renovação dos arcaísmos que fizeram a glória sangrenta do velho mundo. Embora cada retrocesso seja saudado pela fanfarra das novidades antigas, sabemos que nunca há volta atrás, que a cola estupidificante só produz efeito durante a colagem mediática, do furo, como dizem os jornalistas. Ontem, a crise económica havia revelado que era, na realidade, uma crise da economia. Evidência que, hoje, esconde outra. O desmoronamento do sistema revela, aos olhos que se abrem, algo que não é senão uma mudança de civilização. O desequilíbrio das sociedades resulta de um deslizamento das placas tectónicas, de uma total subversão das nossas condições de existência. Ainda não percebemos a infinidade de possibilidades que se abrem diante de nós. A exploração da vida é uma aventura que não tem comparação com a experiência labiríntica de sobrevivência, onde não temos nada mais a aprender, a não ser como escapar dela. A experiência da vida economizada foi um fracasso. Guiada pela consciência humana, a vida nada tem a demonstrar excepto a sua própria existência. O regresso da consciência humana A consciência proletária dotou de uma praxis – de uma prática inscrita nas condições particulares da história – essa consciência humana que o humanismo do Renascimento tinha revelado na sua forma intelectual, geradora, no entanto, de profundas convulsões psicológicas e sociais. O projecto proletário de uma sociedade sem classes foi além da ideologia humanista, rapidamente assumida pelo capitalismo filantrópico. Baseava na realidade vivida sob exploração, na existência consternada de milhares de homens, mulheres e crianças – da qual dará conta Flora Tristan –, a luta pela emancipação liderada pelo proletário, a fim de se libertar e de libertar o mundo da proletarização. A ascensão e o dinamismo do capitalismo produziram as condições históricas favoráveis ao nascimento de uma consciência proletária. A burocratização do movimento operário, a marginalização do sector produtivo e o tsunami consumista levaram a melhor. Os ganhos de ter estão destinados a perder-se. O que o ser adquiriu persiste. Embora o poder letárgico do capitalismo financeiro tenha confortado o sono do proletariado, o seu sonho permanece e é como se a consciência humana – de que a luta de classes se tinha, de certa forma, vestido historicamente – ressurgisse do fundo das trevas. Como se se preparasse para brilhar no quadro que a sociedade autogestionária lhe vai proporcionar. A consciência de ser e de querer ser humano nunca desaparece, desperta sempre dos seus entorpecimentos. Ao perceber, por meio de turbulências e confusões, que um processo de mudança radical está em acção, a inteligência sensível redescobre a consciência humana de que a consciência proletária e o seu projecto de emancipação se haviam revestido de forma historicamente fugaz. Tudo aquilo em que os homens acreditaram ruiu porque a sua credulidade levou-os sempre a confiar naquilo que os negou, sufocou e aniquilou. Eles têm essa qualidade extraordinária para se destruir, para odiar, para desprezar. Desconsideram aprofundar as alegrias que lhes competem em favor de um momento de amor, de felicidade, de criação. Um movimento de autogestão que não se empenhe, desde o início, em fazer com que a vida tenha precedência sobre a economia, apenas administraria a miséria de estar sob o jugo do ter. A robotização dos seres vivos não sobreviverá ao despertar da vontade de viver A experimentação das condições de sobrevivência atingiu o seu auge com as consideráveis melhorias que as tecnologias avançadas, o consumismo, a democracia de mercado trouxeram para o conforto desses animais domesticados e com antolhos que são as mulheres e os homens obrigados ao trabalho. Como não celebrar o progresso extraordinário das ciências médicas e farmacológicas? Temos os meios para prolongar a duração da existência muito para além do tempo fixado pelo passado. A desvantagem é que o beneficiário, tanto quanto esse pastor a quem Zeus concedeu o pedido de um desejo, escolhe ser imortal. Tendo-se esquecido de especificar que era permanecendo jovem que o queria, viu-se enrugado, murcho, quebrado sob o efeito da velhice eterna. O que as novas terapias melhoram não é a vida mas a ansiedade prolongada, um desconforto que progride e seca, uma esterilização do viver que «vivifica» o mercado da saúde. A farsa do transumanismo. Embora o homem não tenha ainda dado lugar ao ser humano, a máquina de descerebrar e de tornar a vida lucrativa oferece a sua concepção do futuro e a sua imaginação advogando um transumanismo. Desprovido dos pitorescos, muito questionáveis psicopatas que outrora nos matraquearam com o eugenismo, a teoria das raças, a inferioridade da mulher e outras verdades devidamente acreditadas pela ciência, defende-se o projecto de uma tecnologia enxertada nos vivos para eliminar doenças, para retardar o envelhecimento e a morte, em suma, para se sobreviver com a perfeição de um robô num universo regulado por uma máquina de lucro, que colocou Deus no desemprego abolindo a sua função de grande relojoeiro. Os intelectuais que trabalham para aperfeiçoar a ordem das coisas tendem a esquecer que dentro de um tanque de guerra há um homem que, de repente, decide salvar a sua pele e os seus desejos. A pobreza do cinismo deles é terrível. Eles têm a arrogância do poder e a fraqueza do lacaio. É por estarmos de joelhos há tanto tempo que não conseguimos levantar-nos para lhes cuspir na cara? Porque é ajoelhados que gritamos: «Basta!» É ainda ajoelhados que, elevando os nossos gestos de ameaça e de revolta para o céu vazio, estimulamos o sarcasmo dos exploradores e dos seus mercenários mediáticos. O que podemos opor à tirania e aos seus ditames senão esta consciência humana que, baseando-se na vida e na liberdade dos seus desejos, se afirma, também ela, como um facto consumado? A vida é algo indiscutível. Não tem de prestar contas a ninguém, e ainda menos a um sistema cujas engrenagens estripam os “cavalheiros” que se envaidecem de as fazer girar. Às estratégias dos assentamentos desumanizantes, a autogestão generalizada opõe o surgimento das terras livres onde se concretiza, poeticamente, a nossa vontade de uma vida soberana. Esta é uma determinação que exclui qualquer debate, qualquer compromisso, qualquer diálogo com o «partido da morte». tradução de: VANEIGEM, Raoul, “La société change de base. Ce qui est en cours sous nos yeux n’est rien d’autre qu’une mutation de civilisation”, in Contribution à l’émergence de territoires libérés de l’emprise étatique et marchande – Réflexions sur l’autogestion de la vie quotidienne, Paris, Éditions Payot & Rivages, 2018, pp. 77-85.
Hoje Macau China / ÁsiaDetido criador de porcos chinês que elogiou advogados de defesa dos Direitos Humanos [dropcap]U[/dropcap]m proeminente criador de porcos na China, que elogiou publicamente o trabalho de advogados de defesa dos Direitos Humanos, foi submetido na segunda-feira a “medidas coercivas”, informaram as autoridades chinesas. Sun Dawu, presidente do Hebei Dawu Agriculture Group, está entre os suspeitos acusados de “provocar altercações e interromper a produção”, segundo um comunicado da polícia de Baoding, cidade da província de Hebei, situada a cerca de 100 quilómetros de Pequim. A polícia não avançou com mais detalhes. As “medidas coercivas” podem incluir detenção, prisão domiciliar ou libertação sob fiança com restrições à circulação. Em agosto passado, a polícia entrou em confronto com funcionários do Grupo Dawu, que tentavam impedir que funcionários de uma firma estatal demolissem um dos edifícios da empresa. Mais de 20 pessoas ficaram feridas, revelou Sun nas redes sociais. Uma fotografia mostrava agentes da polícia de intervenção, com capacetes e escudos de choque, a empurrar uma multidão. Outras fotografias mostravam hematomas e arranhões sofridos pelos manifestantes. Na terça-feira à noite, cerca de 300 policias foram à sede do Grupo Dawu e detiveram Sun Dawu e outros funcionários, avançou a agência Associated Press, que citou uma funcionária da empresa, não identificada. “Eles disseram que eram suspeitos de terem causado problemas e interromperem a produção, mas não temos ideia qual é o motivo”, disse a mesma fonte. “Alguns policias foram embora, mas outros permanecem na empresa”, contou. Sun tornou-se conhecido na China, em 2003, quando foi acusado de “arrecadar fundos ilegais” depois de solicitar investimentos para o seu negócio junto de amigos e vizinhos. Esse caso desencadeou uma onda de apoio público a Sun, numa altura em que os empresários que geram a maioria dos novos empregos e riqueza da China foram excluídos do sistema financeiro estatal. Foi condenado, mas foi lhe pena suspensa. O seu advogado disse que a opinião pública favorável provavelmente foi a razão para decretada uma pena leve. Desde então, Sun tem elogiado o trabalho de advogados que ajudam o público, num momento em que figuras jurídicas proeminentes têm sido presas e perseguidas pela administração do atual Presidente, Xi Jinping. O advogado de Sun no caso de 2003, Xu Zhiyong, desapareceu em fevereiro passado e outros ativistas dizem que foi preso e acusado de subversão contra o poder do Estado. “Os advogados podem permitir que as vítimas vejam um pouco de luz, mantenham um pouco de fé na lei e tenham esperança de vida”, disse Sun. Num comentário publicado após a prisão de advogados de defesa dos Direitos Humanos, em 2015, Sun escreveu: “Que problema é que isto reflete? Eu acho que esta é uma contradição entre a ‘manutenção da estabilidade social’ e a ‘manutenção dos direitos'”. Durante um surto de peste suína africana no ano passado, Sun envergonhou as autoridades chinesas ao difundir fotografias de porcos mortos entre os seus rebanhos. Sun reclamou que os reguladores não revelaram que a doença tinha atingido a província de Hebei. O surto de peste suína matou milhões de porcos na China e fez disparar o preço da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na dieta chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaAmeaça de tufão obriga milhares a abandonarem casas nas Filipinas [dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas nas Filipinas foram obrigadas hoje a deixar as suas casas devido à ameaça de um terceiro tufão em três semanas. A tempestade Vamco deve atingir a ilha de Catanduanes, devastada há menos de duas semanas pelo tufão Goni, antes de chegar hoje à noite ou quinta-feira de manhã à ilha de Luzon, a mais populosa do arquipélago, onde se localiza a capital do país, Manila. Esperam-se ventos destrutivos e chuvas torrenciais em partes do centro e do sul de Luzon, segundo a agência meteorológica filipina. Cerca de 50.000 pessoas que vivem na zona de trajetória do tufão receberam ordem para abandonar o domicílio, disse Alexiz Naz, porta-voz regional da defesa civil. A região de Bicol, situada a sul da ilha de Luzon e que deve ser atingida pelo Vamco quando este se dirigir para Manila, ainda não recuperou da recente passagem dos tufões Molave e Goni, que deixaram milhares sem casa. Partes desta região continuam sem eletricidade e com grandes limitações ao nível das telecomunicações mais de 10 dias após a passagem do Goni. Este tufão, o mais poderoso dos registados este ano, destruiu milhares de habitações e provocou inundações. Cerca de 400.000 pessoas foram retiradas das suas casas antes da chegada da tempestade, o que permitiu salvar numerosas vidas. Na ilha de Catanduanes os esforços para retirar as pessoas confrontam-se com a dificuldade de centros de abrigo de emergência terem sido destruídos pelo Goni. O tufão Vamco deve ser acompanhado de rajadas de vento que podem atingir os 130 a 155 quilómetros por hora antes de tocar terra, segundo os serviços meteorológicos. Em Manila e nas regiões vizinhas são esperadas chuvas fortes que podem causar inundações e deslizamento de terras. Uma média de 20 tempestades e tufões atingem as Filipinas anualmente, devastando colheitas e infra-estruturas e contribuindo para manter milhões de pessoas na pobreza.
Hoje Macau China / ÁsiaDeputados pró-democracia de Hong Kong renunciam em massa [dropcap]O[/dropcap]s deputados pró-democracia de Hong Kong anunciaram hoje a renúncia de todos eles ao conselho legislativo da região semi-autónoma da China, após quatro terem sido afastados sob o pretexto de constituírem uma ameaça à segurança nacional. “Nós, [membros] do campo pró-democracia, permaneceremos ao lado dos nossos colegas que foram excluídos. Vamos renunciar em massa”, disse Wu Chi-wai, chefe dos quinze legisladores pró-democracia no parlamento local. O executivo de Hong Kong anunciou hoje que vai desqualificar os legisladores Alvin Yeung, Dennis Kwok, Kwok Ka-ki e Kenneth Leung. As desqualificações ocorreram depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China, que reuniu na terça e quarta-feira, aprovar uma resolução que afirma que aqueles que apoiam a independência de Hong Kong, recusam-se a reconhecer a soberania da China sobre a cidade, ameaçam a segurança nacional ou pedem a intervenção de forças externas nos assuntos da cidade, devem ser desqualificados. “Embora estejamos a enfrentar muitas dificuldades no futuro próximo na luta pela democracia, nunca, mas nunca desistiremos”, disse Wu Chi-wai. Wu disse que os legisladores pró-democracia vão entregar as suas cartas de demissão na quinta-feira. Durante a conferência de imprensa, os legisladores pró-democracia gritaram “força Hong Kong, permaneceremos juntos”, de mãos dadas. “Este é um acto de Pequim que visa soar o toque de morte na luta pela democracia em Hong Kong, porque eles pensariam que, de agora em diante, qualquer pessoa que eles considerem politicamente incorreto ou não patriota, ou simplesmente não lhes agradasse, poderiam simplesmente derrubá-lo”, disse a legisladora pró-democracia Claudia Mo. Pequim impôs este ano uma lei de segurança nacional, depois de meses de protestos anti-governamentais terem abalado a cidade no ano passado. “Em termos de legalidade e constitucionalidade, obviamente que, do nosso ponto de vista, isto é claramente uma violação da Lei Básica, e dos nossos direitos de participar nos assuntos públicos, e uma falha em observar o devido processo” legislativo, disse Kwok, um dos deputados desqualificados por Pequim, referindo-se à miniconstituição de Hong Kong. A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse hoje que os legisladores devem agir de maneira adequada e que a cidade precisa de uma assembleia composta por patriotas. “Não podemos permitir que membros do Conselho Legislativo julgados de acordo com a lei sejam incapazes de cumprir os requisitos e pré-requisitos para continuarem a trabalhar”, disse Lam. Uma renúncia em massa pelo campo pró-democracia deixará a legislatura de Hong Kong com apenas deputados pró-Pequim. O campo pró-Pequim já representa a maioria dos assentos, mas as renúncias podem permitir que os legisladores aprovem projetos de lei favorecidos por Pequim sem oposição. No início do ano, os quatro deputados agora desqualificados foram impedidos de concorrer às eleições legislativas, originalmente marcadas para setembro, antes do Executivo declarar que iria adiar as eleições por um ano, devido à pandemia do novo coronavírus. Eles foram desqualificados pelos seus apelos junto de governos estrangeiros para que impusessem sanções a Hong Kong e Pequim. Os quatro legisladores permaneceram nos seus cargos após o adiamento das eleições. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, disse hoje que a desqualificação dos legisladores é necessária para manter o Estado de Direito e a ordem constitucional em Hong Kong. “Apoiamos firmemente o Executivo [de Hong Kong] no desempenho das suas funções, de acordo com a decisão do Comité Permanente”, disse Wang, em conferência de imprensa.