Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping avisa Biden que Taiwan é “linha vermelha” O Presidente chinês, Xi Jinping, avisou o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para não “cruzar a linha vermelha” em Taiwan, durante o encontro bilateral que mantiveram na Indonésia, anunciou a diplomacia chinesa. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino-americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A resolução da questão de Taiwan é da competência dos chineses”, advertiu o líder chinês, citado pela agência francesa AFP. Os dois presidentes estiveram reunidos durante mais de três horas na ilha indonésia de Bali, à margem da cimeira do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes. Xi disse que “é a aspiração comum do povo chinês de alcançar a reunificação nacional e salvaguardar a sua integridade territorial”. “Qualquer pessoa que procure separar Taiwan da China estará a violar os interesses fundamentais da China e o povo chinês nunca o permitirá. Esperamos ver paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, mas a paz e a ‘independência’ de Taiwan são irreconciliáveis”, avisou. O líder chinês disse esperar que Washington “honre a sua palavra” e “respeite a política de uma só China e os três comunicados conjuntos assinados” pelas duas partes. “São a base das relações entre os nossos dois países”, insistiu. Xi recordou que Biden comentou “em numerosas ocasiões” que os Estados Unidos “não apoiam a independência da ilha” e não têm intenção de “utilizar Taiwan como instrumento para ganhar vantagem na sua concorrência com a China ou para conter a China”. “Esperamos que os Estados Unidos cumpram as suas promessas e ponham realmente tudo isto em prática”, acrescentou. A presidência norte-americana disse que, no encontro, Biden criticou as “acções coercitivas e cada vez mais agressivas” da China em relação a Taiwan. “Não creio que haja uma tentativa iminente da China de invadir Taiwan”, disse Biden, no entanto, na conferência de imprensa que deu em Bali após a reunião com Xi. As tensões entre Pequim e Washington agravaram-se em Agosto, na sequência de uma viagem provocatória à ilha pela presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. A China respondeu à visita com os maiores exercícios militares em redor da ilha em décadas e com sanções comerciais contra Taipé. Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e têm declarado que estarão do lado de Taipé em caso de um conflito militar com a China. Ucrânia: Nuclear, não obrigado Esclarecido este assunto, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo norte-americano que a China está “muito preocupada” com a guerra na Ucrânia e que Kiev e Moscovo devem retomar as negociações. “Apoiamos e aguardamos com expectativa o reinício das conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia”, disse Xi. A China também espera que os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO “conduzam diálogos abrangentes com a Rússia”. Xi disse a Biden que “conflitos e guerras não produzem nenhum vencedor” e defendeu que “não existe uma solução simples para uma questão complexa”. Xi e Biden concordaram em rejeitar a utilização de armas nucleares na guerra na Ucrânia. Xi também disse a Biden que o mundo é suficientemente grande para que ambos os países se possam desenvolver e prosperar. “Nas actuais circunstâncias, a China e os Estados Unidos partilham mais, e não menos, interesses comuns”, disse. A China não procura desafiar os Estados Unidos ou “alterar a ordem internacional existente”, disse também, apelando para que ambas as partes se respeitem mutuamente. Não há “democracias perfeitas” Xi defendeu ainda que “nenhum país tem um sistema democrático perfeito” e que as diferenças específicas entre os dois lados podem ser discutidas, “mas apenas na condição prévia da igualdade”. “A chamada narrativa ‘democracia versus autoritarismo’ não é a característica que define o mundo de hoje, muito menos representa a tendência dos tempos”, afirmou. No seu comunicado, a Casa Branca disse que Biden falou sobre a situação dos direitos humanos na China e, em particular, as acções de Pequim na região ocidental de Xinjiang, em Hong Kong e no Tibete. Sobre a Coreia do Norte, Biden transmitiu as suas preocupações sobre o comportamento do regime de Kim Jong-un, que intensificou o lançamento de mísseis e pode estar a preparar-se para realizar o seu primeiro ensaio nuclear desde 2017. Disse “ao Presidente Xi que penso que eles têm a obrigação de deixar claro à Coreia do Norte que não devem realizar testes nucleares”, revelou Biden após a reunião. Xi avisou Biden de que iniciar uma guerra comercial e tecnológica, procurando a desvinculação económica ou o corte das cadeias de abastecimento, “não serve os interesses de ninguém”. A Casa Branca apenas aludiu às práticas chinesas que vão contra a economia de mercado e não fez qualquer menção às tarifas que o ex-presidente Donald Trump (2017-2021) impôs às importações chinesas e que Biden manteve. Também não abordou as novas restrições que Washington colocou à venda de ‘microchips’ chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente chinês quer resolver dívida soberana dos países mais pobres O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem que as instituições financeiras internacionais e credores comerciais “participem” e façam “esforços” para reduzir e suspender as dívidas dos países em desenvolvimento. Durante a sua participação na cimeira do G20, Xi assegurou que essas organizações “são os principais credores dos países em desenvolvimento” e instou especificamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “acelerar” os empréstimos aos países mais pobres. “A China lançou a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G20 (DSSI) e, no seu âmbito, suspendeu a maior quantia em empréstimos entre todos os membros”, afirmou o líder chinês. Xi Jinping disse ainda que a “China também trabalhou com alguns membros do G20, no âmbito do Quadro Comum para o Tratamento da Dívida, ajudando assim os países em desenvolvimento a ultrapassar um momento difícil”. A reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento deve ser um dos temas na cimeira, que se realiza na ilha de Bali, na Indonésia. Os parceiros latino-americanos do G20 (Argentina, México e Brasil), em particular, estão interessados em criar as condições que lhes permitam reestruturar a sua dívida de longo prazo. Mundo frágil Xi enfatizou ainda que a economia mundial está numa posição “frágil” devido à “tensa situação geopolítica, governação global inadequada e a sobreposição de múltiplas crises em áreas como alimentos e energia”. Pediu que se “evitem divisões e políticas de confronto entre blocos”, apelando aos líderes dos vários países que “trabalhem de mãos dadas para abrir novos horizontes de cooperação”. O Presidente chinês realçou que a China propôs a Acção do G20 sobre Inovação e Cooperação Digital e que está “ansiosa para trabalhar com todas as partes para promover um ambiente aberto, equitativo e não discriminatório para o desenvolvimento da economia digital, visando reduzir o fosso digital entre os hemisférios Norte e Sul”. Xi manifestou assim o seu apoio à adesão da União Africana ao G20, e disse que o grupo deve “ter sempre em mente as dificuldades dos países em desenvolvimento e atender às suas preocupações”. “Dados os retrocessos sofridos pela globalização económica e os riscos de recessão enfrentados pela economia mundial, todos estamos a atravessar um momento difícil, sendo que os países em desenvolvimento são os mais afetados”, acrescentou. Comércio mundial mais aberto O líder chinês também pediu que se promova “activamente” a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para avançar com a “estruturação de uma economia mundial aberta”. “O comércio global, a economia digital, a transição verde e o combate à corrupção são fatores relevantes que impulsionam o desenvolvimento global. Devemos avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento”, acrescentou. Xi apontou que a sua proposta para assuntos de segurança, designada Iniciativa de Segurança Global (GSI), visa “manter o espírito da Carta da ONU, agir de acordo com o princípio da indivisibilidade da segurança e persistir no conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável “. A China “advoga a neutralização de conflitos por meio de negociações, a resolução de disputas por meio de consultas e o apoio a todos os esforços que levem à resolução pacífica de crises”. Em relação às alterações climáticas, Xi indicou que é necessário fazer uma transição para o desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono, mas que para isso “é imperativo cumprir o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de fundos, tecnologias e capacitação”, disse. O líder asiático também se pronunciou sobre o que considerou o “desafio mais premente para o desenvolvimento global”: a segurança alimentar e energética, cuja crise ele atribuiu às cadeias de fornecimento e falta de cooperação internacional. “Devemos fortalecer a cooperação na supervisão e regulação do mercado, estabelecer parcerias na áreas das matérias-primas, desenvolver um mercado de matérias-primas aberto, estável e sustentável, além de trabalhar em conjunto para desbloquear cadeias de fornecimento e estabilizar os preços no mercado”, apontou.
Hoje Macau SociedadeFeira de Produtos de Marca | IPIM satisfeito com vendas das empresas O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) indicou ontem que a Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e Macau (GMBPF) deixou parte das empresas expositoras satisfeitas com os resultados alcançados a nível de vendas. O evento que decorreu no fim-de-semana reuniu mais de 350 empresas “que exibiram e venderam no local produtos de qualidade de Guangdong, de Macau e dos países abrangidos pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota”. Foram também organizadas mais de 140 sessões de bolsas de contactos físicas e virtuais e, ao longo dos três dias da feira, as transmissões ao vivo de sessões de vendas e apresentações de produtos obtiveram mais de um milhão de visualizações. “As empresas de Macau afirmaram que a venda foi bastante satisfatória, traduzida na reposição de mercadorias por várias vezes durante os três dias da exposição”, dando conta da “expansão da clientela e procura de oportunidades de negócio”. O IPIM fez também questão de salientar que 118 expositores oriundos das nove cidades da Grande Baía marcaram presença na edição deste ano do certame, o que representou uma subida de quase 50 por cento em relação à edição de 2021.
Hoje Macau SociedadePensões | PSD quer complemento para reformados de Macau O Partido Social Democrata (PSD) terá apresentado uma proposta para que os pensionistas residentes em Macau sejam abrangidos pelo “complemento excepcional a pensionistas”. A informação foi divulgada ontem por Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo China, Macau e Hong Kong, através de um comunicado. “O deputado António Maló de Abreu respondeu à Comendadora Rita Santos que o PSD já apresentou uma proposta no sentido de eliminar a discriminação no Decreto-Lei n.º 57-C/2022, de 6 de Setembro”, é revelado. Caso a alteração seja aprovada, os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações a residir no estrangeiro também poderão receber o complemento de pensão. Rita Santos está actualmente em Lisboa para participar nas reuniões do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas que decorrem até hoje. Além disso, foram agendados encontros com os grupos parlamentares do Partido Socialista, Partido Social Democrata, Iniciativa Liberal, Chega, Pessoas-Animais-Natureza e Livre. No âmbito desta deslocação, Rita Santos, enquanto membro do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, deverá ainda ser recebida pelo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
Hoje Macau SociedadeGP Macau | Previstos 20 mil visitantes diários Andy Wu, presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, prevê que cheguem ao território cerca de 20 mil turistas por dia, durante a realização do Grande Prémio de Macau. Ao jornal Ou Mun, Andy Wu explicou que a expectativa está em linha com os números do ano passado, porque a principal fonte de visitantes é a província de Guangdong. No entanto, como há um surto activo de covid-19 em Cantão, e Macau também tem casos importados, o presidente da associação reconheceu que o número diário de visitantes até pode ser menor do que o esperado. No ano passado, o número de visitantes no primeiro dia do Grande Prémio foi de 35 mil. Turismo | Pedidas medidas para atrair estrangeiros O deputado Cheung Kin Chung defende que com a futura ampliação do Aeroporto Internacional de Macau vai ser necessário criar medidas para tornar Macau um centro mundial de lazer. O objectivo passa assim por atrair não só visitantes do Interior, mas também do estrangeiro. Ouvido pelo jornal Ou Mun, o também presidente da Associação dos Hoteleiros de Macau apontou que o sector hoteleiro local é bem-desenvolvido e pode oferecer acomodação com qualidade, com preços e actividades diversificadas, sendo altamente competitivo. Mesmo assim, Cheung Kin Chung pediu que não se abdique do mercado do Interior e que também se tente fazer esse segmento crescer.
Hoje Macau Eventos“Há mais leitores e carinho por Saramago do que supúnhamos”, diz Pilar del Rio No centenário de José Saramago, Pilar del Rio surpreendeu-se por descobrir que há “mais leitores e carinho pelo escritor” do que supunha, e destaca a sua actualidade, quando fala da cegueira da sociedade, da perversidade das guerras, da injustiça social. Em vésperas de celebrar o centenário de José Saramago, que se assinala no dia 16 de Novembro, Pilar del Rio, companheira do escritor por “quase 30 anos”, e com quem continua a viver através da memória, trabalhando para perpetuar a sua obra e pensamento, fala à agência Lusa da descoberta de uma universalidade do escritor maior do que imaginava. Fazendo o balanço de um ano de comemorações do centenário, que arrancaram oficialmente no dia 16 de Novembro de 2021, quando o escritor faria 99 anos, Pilar del Rio, que preside à Fundação José Saramago, diz que “há mais leitores” do que imaginava e mais carinho pelo escritor” do que supunha, e que “a sociedade é generosa quando se trata de agradecer a um homem que compartilhou o que tinha, as suas reflexões, a sua capacidade de efabular, o seu olhar e até a sua casa”. Questionada sobre se ainda há muito trabalho a fazer na divulgação de José Saramago e da sua obra, Pilar del Rio respondeu, numa entrevista por escrito, afirmando ter dúvidas de que “em Portugal existam muitas casas onde não haja pelo menos um livro de José Saramago”. “Sei que há casas sem livros, isso é uma dor, porque se não há livros é sinal de que há outras carências, inclusive de comida. Mas nas casas com livros seguramente há um exemplar de José Saramago, é um bem português, os leitores de Portugal sabem-no e cuidam-no”. Diálogos com a actualidade Apesar de já terem passado 12 anos sobre a morte do escritor, a sua obra mantém-se actual, porventura mais ainda, considera Pilar, assinalando que José Saramago é “um autor contemporâneo que reflecte sobre a cegueira da sociedade, sobre as mentiras e as ocultações da história, ou sobre a perversidade das guerras”. E questiona: “O seu livro publicado, inacabado, ‘Alabardas’, diz que se existem fábricas de armas é preciso criar outras fábricas que gerem conflitos, é o que vemos hoje. É ou não actual?”. “Sem dúvida, é um contemporâneo que fala das nossas perplexidades como seres humanos, das sociedades em que vivemos e nos movimentos que se projectam para trazer e levar a massa humana de um lugar ao outro, muitas vezes parece que em direção ao precipício. Quando vemos como o número de excluídos aumenta no mundo e em Portugal, gente que nasce pobre e pobre morrerá, é justo fazer a pergunta que Saramago fazia: quem assinou isto em meu nome? Milhões e milhões de excluídos no mundo, isso é democracia? Perguntava-se Saramago. É ou não actual essa pergunta?”, acrescenta Pilar. Para a presidente da Fundação José Saramago, as ideias e o pensamento do escritor, presentes em obras como “Ensaio sobre a cegueira”, “A caverna”, “Ensaio sobre a lucidez” e “As intermitências da morte”, continuam a dialogar com os dias de hoje. “Penso que a cidade dos cegos, a do voto em branco, a das intermitências da morte, é o mundo: em todas as partes há cegos que vendo, não veem, há gente com vontade de fazer um mundo melhor, que é o que se conta no ‘Ensaio sobre a Lucidez’. E em todos os lugares queremos que o amor nos salve da dor da morte: com amor a morte é menos selvagem”. Manter a obra Refletindo sobre os anos vividos sem a presença de Saramago, mas com o sentimento de que continuam “juntos” e uma dedicação ao enorme legado do Nobel, que ajudou a construir, Pilar explica que a fundação tem “o ‘mandato Saramago’ como trabalho e também como vocação”. “Continuamos, todos os dias, a obra de José Saramago, a literatura e o pensamento, as ideias humanistas e de progresso que eram suas e que assumimos como nossas ao trabalharmos nesse projecto que é a fundação”, disse, garantindo ser sua intenção continuar, “seguir adiante, agora com força renascida ao ver tantas pessoas no mundo todo que lêem e valorizam a obra de José Saramago”. “A nossa função é preservar esse legado, e também o legado do carinho”, acrescenta. Sobre a possibilidade de virem ainda a encontrar-se inéditos de José Saramago, como aconteceu com algumas notas, teatro e até um romance, Pilar é taxativa ao afirmar que já “não há surpresas”. “Há inéditos da juventude que serão publicados em edições de estudo para que se conheça melhor o autor, mas não há obras acabadas que não foram publicadas, nem outro ‘Caderno de Lanzarote’ ou outra ‘Claraboia’. Lamentavelmente, José Saramago não tinha uma arca como [Fernando] Pessoa, mas mesmo assim deu-nos muito, deu-nos a vida toda”, esclarece aquela que foi a companheira do escritor desde 1988 [apesar de se terem conhecido em 1986] até à sua morte, em 2010.
Hoje Macau China / ÁsiaEducação | Universidades chinesas sobem no ranking mundial As instituições chinesas de ensino superior estão em ascensão nos rankings universitários globais, à medida que o país asiático se esforça para elevar o estatuto de várias das universidades. No ranking Global das Melhores Universidades de 2022-2023 publicado recentemente pelo Relatório Mundial & Notícias dos US, 338 universidades chinesas estavam entre as escolas listadas, superando as 280 listadas dos Estados Unidos, 105 do Japão e 92 do Reino Unido. Os novos rankings incluem 2.000 universidades de mais de 90 países, indica o Diário do Povo. É a primeira vez que a China tem mais universidades no ranking do que os EUA. No entanto, a maioria das universidades dos EUA aparece na metade superior do ranking, incluindo oito das 10 melhores. A classificação da Universidade Tsinghua subiu três lugares indo para o 23º, tornando-a a universidade mais bem classificada da Ásia. Já a Universidade de Pequim, subiu do 45º para o 39º lugar. Entre as 10 melhores escolas de inteligência artificial, cinco eram da China, incluindo a Universidade Tsinghua. A Universidade Carnegie Mellon ficou em 12º lugar no sector, sendo a melhor universidade dos EUA para pesquisa de IA. De acordo com o Ranking de Educação Universitária Mundial da Times de 2023, sete universidades chinesas foram classificadas entre as 100 melhores do mundo, contra seis no ano passado. A Universidade Tsinghua e a Universidade de Pequim ficaram em 16º e 17º, respectivamente. As outras cinco foram a Universidade Fudan, a Universidade Jiao Tong de Shanghai, a Universidade de Zhejiang, a Universidade de Ciência e Tecnologia da China e a Universidade de Nanjing.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Medidas de apoio para construtoras em crise na China O plano com 16 medidas visa dar um novo estímulo ao sector atingido por uma grave crise de liquidez. O anúncio já teve efeito na bolsa de valores de Hong Kong que cresceu 3 por cento na abertura, animada com fortes ganhos das imobiliárias A China anunciou ontem medidas para impulsionar o sector imobiliário, considerado crucial para a economia chinesa, mas abalado por uma crise de liquidez, depois de as autoridades terem restringido o acesso ao crédito. As autoridades estabeleceram 16 medidas para estimular o sector, incluindo directrizes do banco central e do regulador bancário e de seguros, que visam garantir maior acesso ao crédito para ajudar os construtores mais endividados a concluir projectos inacabados. Devido à falta de liquidez, alguns grupos suspenderam os trabalhos de construção de milhares de condomínios em todo o país. Em protesto, um número crescente de proprietários que adquiriu os imóveis em regime pré-venda recusou pagar as prestações mensais, ameaçando agravar a crise. As medidas divulgadas por Pequim “garantem” a conclusão dos imóveis e direccionam os bancos a conceder “empréstimos especiais” para atingir esse fim, segundo uma directiva citada ontem pela imprensa chinesa. Essa decisão reflecte uma “viragem” na postura das autoridades, desde que em 2020 decidiram restringir o acesso das construtoras ao crédito, de acordo com o economista Ting Lu, do banco japonês Nomura. “Estas medidas mostram que Pequim está pronta para reverter a maioria das suas decisões”, afirmou Lu, num relatório. A notícia fez com que a Bolsa de Valores de Hong Kong subisse ontem mais de 3% na abertura, com destaque para os fortes ganhos das imobiliárias. Sem liquidez O país registou um ‘boom’ no sector imobiliário, desde a liberalização do mercado, em 1998, num país onde a aquisição de propriedade é um pré-requisito para casar e o principal veículo de investimento das classes abastadas do país. Mas os reguladores passaram a exigir, em 2020, um tecto de 70 por cento na relação entre passivos e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector. Desde então, o acesso ao crédito pelas construtoras encolheu consideravelmente, enquanto a procura por imóveis afundou na China, face a uma desaceleração económica e à incerteza criada pelas medidas de prevenção contra a covid-19. Várias construtoras chinesas entraram em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada. Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa. Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador. A crise no imobiliário tem assim fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. Algum alívio Também na sexta-feira passada, a China anunciou o relaxamento de várias medidas de prevenção epidémica que penalizaram fortemente a economia, incluindo a redução do período de quarentena para chegadas internacionais. O país asiático é a última grande economia a manter uma política de tolerância zero ao novo coronavírus. Esta estratégia, designada ‘zero covid’, inclui o isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. Esta política tem implicações significativas para as cadeias de fornecimento globais e o consumo doméstico.
Hoje Macau China / Ásia MancheteG20 | Reunião entre Xi Jinping e Joe Biden antecede cimeira Xi Jinping e Joe Biden abriram ontem a sua primeira reunião presencial desde que o Presidente dos EUA assumiu o cargo, há quase dois anos, com um aperto de mão, num hotel de luxo, na Indonésia, onde vão participar na cimeira do G20, que reúne os líderes dos países mais desenvolvidos e das principais potências emergentes. O Presidente chinês disse, durante a reunião com o seu homólogo americano que, “como líderes de dois grandes países, precisam de definir o rumo certo para os laços bilaterais”. “Desde o contacto inicial e o estabelecimento de relações diplomáticas até hoje, a China e os Estados Unidos passaram por mais de 50 anos movimentados, com ganhos e perdas, assim como experiência e lições”, disse Xi. “Notando que a história é o melhor livro de texto, o presidente chinês disse que os dois lados deveriam tomá-lo como um espelho e deixá-lo guiar o futuro. Actualmente, o estado das relações China-EUA não é do interesse fundamental dos dois países e do seu povo”, afirmou Xi, acrescentando que “também não é o que a comunidade internacional espera dos dois países”. “Como líderes de dois grandes países os dois presidentes precisam de desempenhar o papel de liderança, estabelecer o rumo certo para as relações China-EUA e colocá-lo numa trajectória ascendente. Um estadista deve pensar e saber onde liderar o seu país. Deve também pensar e saber como se dar bem com outros países e com o mundo em geral”, explicou a Biden. Desafios sem precedentes Sublinhando que neste tempo e época, grandes mudanças estão a desenrolar-se de formas como nunca antes, Xi disse que “a humanidade está confrontada com desafios sem precedentes. O mundo chegou a uma encruzilhada. Para onde ir a partir daqui? Esta é uma questão que não está apenas na nossa mente, mas também na mente de todos os países. O mundo espera que a China e os Estados Unidos lidem adequadamente com a sua relação”. Notando que o seu encontro com Biden atraiu a atenção do mundo, Xi disse ainda que os dois lados deveriam trabalhar com todos os países para trazer mais esperança à paz mundial, maior confiança na estabilidade global, e um ímpeto mais forte ao desenvolvimento comum. Para isso, Xi disse que “está pronto a ter uma troca de pontos de vista franca e aprofundada com Biden sobre questões de importância estratégica nas relações China-EUA e sobre grandes questões globais e regionais, acrescentando que também espera trabalhar com Biden para trazer as relações China-EUA de volta ao caminho de um crescimento saudável e estável em benefício dos nossos dois países e do mundo como um todo”. Por seu lado, Joe Biden pediu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “encontre formas de trabalharem juntos no sentido de impedir que a rivalidade entre as duas potências se transforme em conflito”. “As nossas duas nações compartilham a responsabilidade de administrar as suas diferenças, devemos evitar que a competição se torne em conflito. Devemos encontrar formas de trabalhar juntos em questões globais urgentes, que exigem a nossa cooperação”, disse Biden. Conversas prévias Antes da reunião, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning tinha dito que a China estava empenhada na coexistência pacífica, mas que defenderia firmemente os seus interesses de soberania, segurança e desenvolvimento. “É importante que os EUA trabalhem em conjunto com a China para gerir adequadamente as diferenças, avançar na cooperação mutuamente benéfica, evitar mal-entendidos e erros de cálculo, e trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho certo de um desenvolvimento sólido e estável”, disse Mao Ning em Pequim. Os funcionários da Casa Branca e os seus homólogos chineses passaram semanas a negociar os pormenores da reunião, que se realizou no hotel de Xi com tradutores que forneceram interpretação simultânea através de auscultadores. Os funcionários norte-americanos estavam ansiosos por ver como Xi se aproximava do Biden depois de consolidar a sua posição como líder inquestionável do Estado, dizendo que esperariam para avaliar se isso o tornava mais ou menos provável para procurar áreas de cooperação com os Estados Unidos. Biden e Xi trouxeram pequenas delegações para a discussão. Os funcionários norte-americanos esperavam que Xi trouxesse novos altos funcionários governamentais e expressaram a esperança de que isso pudesse conduzir a compromissos mais substantivos ao longo da linha. As muletas de Biden A delegação de Biden incluiu dois funcionários a nível de gabinete – uma relativa raridade para reuniões bilaterais que é um reflexo da importância que a administração está a atribuir à reunião. O Secretário de Estado Antony Blinken e a Secretária do Tesouro Janet Yellen sentaram-se aos dois lados de Biden, enquanto o grupo tomava os seus lugares em frente à delegação chinesa. Blinken tem sido uma figura de proa que moldou a actual política dos EUA em relação à China, apresentando a abordagem da administração num discurso há muito esperado em Maio, que chamou a Pequim o “mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional”. Yellen tem repetidamente adoptado uma linha dura sobre a necessidade de reduzir a dependência dos EUA das cadeias de abastecimento chinesas, mas expressou interesse em compromissos mais concentrados – incluindo sobre o impacto das políticas dos EUA e da China na economia global – durante os comentários aos repórteres no início do dia. Também à mesa estava o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, que se encontrou com o diplomata de topo da China Yang Jiechi numa reunião chave em Junho no Luxemburgo e também se juntou à reunião notoriamente controversa entre funcionários norte-americanos e chineses no Alasca ao lado de Blinken em Março de 2021. A delegação de Biden incluiu também uma série de funcionários focados na Ásia, incluindo o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos da Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Kritenbrink. Além disso, quatro funcionários do Conselho de Segurança Nacional centrados na Ásia e na China estiveram também presentes nas conversações, de acordo com uma lista fornecida pela Casa Branca. Os dois homens têm uma história que data do serviço de Biden como vice-presidente do seu país. O presidente dos EUA enfatizou que conhece bem Xi e quer utilizar a reunião para compreender melhor a sua posição. ASEAN | Uma noiva, dois pretendentes O Presidente dos EUA Joe Biden, durante a sua reunião no sábado com líderes dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), não poupou esforços para cortejar estes países, incluindo a elevação dos laços com o bloco a uma parceria estratégica abrangente e prometendo um pedido orçamental de 850 milhões de dólares em assistência aos países regionais. “Isto [a elevação dos laços] parece mais um acto simbólico. Os EUA estão a jogar o jogo da recuperação com a China”, disse Koh King Kee, presidente do Center for New Inclusive Asia, um think tank não governamental da Malásia. “Os EUA costumavam cultivar laços bilaterais com os países do sudeste asiático, a actualização dos laços com todo o bloco e a duplicação da centralidade da ASEAN revelaram que Washington deseja agora que todo o bloco possa desempenhar um papel central, para contrariar o que os EUA acreditam ser a crescente influência da China nesta região”, Chen Xiangmiao, um investigador assistente do Instituto Nacional para Estudos do Mar do Sul da China. Joe Biden tinha anunciado um pacote de desenvolvimento e segurança de 150 milhões de dólares para a ASEAN na Cimeira Especial EUA-ASEAN de 2022, realizada em Maio, tentando responder aos 1,5 mil milhões de dólares que a China prometeu aos membros da ASEAN em Novembro de 2021 para alimentar a recuperação económica e combater a pandemia da COVID-19. Já o primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou na sexta-feira passada na 25ª Cimeira China-ASEAN, durante a qual apelou ao reforço da cooperação com os membros da ASEAN, e à manutenção conjunta da paz e estabilidade regionais, informou a Xinhua. Li disse que “a China e a ASEAN são parceiros estratégicos abrangentes com um futuro comum, e que se mantiveram unidos durante todo o processo de consolidação da paz e estabilidade regional. Tomar partido não deve ser a nossa escolha. A abertura e a cooperação são o caminho viável para enfrentar os nossos desafios comuns”. A diferença fundamental entre a cooperação da China e dos EUA com a ASEAN é que o objectivo da China é alcançar uma ASEAN verdadeiramente próspera e pacífica. Além disso, a China não interfere nos assuntos internos dos membros da ASEAN. Em contraste, as políticas para a ASEAN dos EUA, ao enfatizarem a centralidade do bloco, estão na realidade centradas em torno de si, uma vez que Washington apenas quer que o bloco sirva de peão para contrariar a China, e para cumprir o seu próprio objectivo hegemónico, disse Chen Xiangmiao. “A presença da China no Sudeste Asiático é basicamente económica, a China e as economias da ASEAN têm maiores complementaridades económicas. Para os EUA, o seu interesse na ASEAN é geopolítico e não económico”, disse Koh. O valor do comércio Chinês-ASEAN subiu 28% para 878 mil milhões de dólares em 2021. Isso é quase o dobro dos 441 mil milhões de dólares no comércio total entre os EUA e o bloco ASEAN no ano passado. Embora Biden tenha feito promessas aos membros da ASEAN, as políticas dos EUA nesta região ainda estão a ser testadas, uma vez que a melhoria dos laços comerciais EUA-ASEAN foi atrofiada pela iniciativa do antigo presidente Donald Trump de sair do agrupamento regional de comércio da Parceria Trans-Pacífico em 2017, e ele só fez uma breve aparição numa reunião da ASEAN – em 2017, ano em que tomou posse. Em toda a região, há um cepticismo crescente sobre se as eleições de 2024 poderão trazer um presidente que não quer seguir o exemplo de Biden, disse recentemente Scot Marciel, um antigo secretário adjunto principal para a Ásia Oriental e o Pacífico no Departamento de Estado norte-americano, ao Politico dos media. Chen acredita que independentemente do partido que vencer as eleições americanas em dois anos, enquanto Washington continuar a ver Pequim como o seu némesis, continuará a cortejar a ASEAN e a tentar cotovelar o bloco para a linha da frente da luta contra a China na região. “No entanto, um presidente republicano pode procurar restringir a cooperação e assistência económica dos EUA a esta região, à semelhança do que Trump fez durante o seu mandato”, disse Chen. Chen advertiu que o facto de se fixar em se opor à China na região só afastará o bloco de Washington, uma vez que esta região tem manifestado repetidamente que não quer ser apanhada no meio da rivalidade Pequim-Washington.
Hoje Macau EventosFRC | Desenvolvimento de Hengqin em discussão A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe amanhã a conferência “Hengqin: Investimento e Desenvolvimento Económico”, um evento em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa. A palestra, que começa às 18h30, conta com a presença de António Lei Chi Wai, director interino da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. O responsável irá fazer “uma breve apresentação de todas as oportunidades e respectivas orientações de investimento planeado para toda a Zona de Hengqin, assim como de todas as oportunidades já disponíveis para todos os residentes de Macau e demais interessados”. O debate será moderado pelo jornalista Paulo Rego. António Lei ingressou na função pública em 1994, tendo desempenhado diferentes cargos em vários serviços públicos do Governo. A partir de 2012 passou a assumir os cargos de director adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência, tendo sido ainda director do Centro de Apoio Empresarial de Macau e Director do Departamento de Promoção Económico e Comercial com os Mercados Lusófonos junto do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). A palestra de amanhã insere-se num novo ciclo de conferências promovido pela FRC, intitulado “Hengqin Series”, que visa ajudar “a acompanhar de perto todo o desenrolar daquele que é um projecto chave para a diversificação económica e integração de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau”.
Hoje Macau China / ÁsiaNegada fiança a português acusado de sedição em Hong Kong Um tribunal de Hong Kong negou pela segunda vez fiança a um cidadão português de 40 anos, detido por suspeitas do crime de sedição, avançou a imprensa da região. Segundo notícias divulgadas no sábado, um juiz negou o pedido de fiança, apresentado directamente pelo suspeito, numa sessão realizada na sexta-feira. O suspeito, que já tinha visto o mesmo tribunal negar-lhe fiança a 4 de Novembro, não esteve presente na sessão, dispensou o advogado de defesa e disse ao tribunal não precisar de um advogado oficioso. O homem, professor no Royal College of Music no Reino Unido, disse ainda não ter intenção de pedir novamente fiança após oito dias, pelo que ficará detido de forma preventiva até ao julgamento, marcado para 26 de Janeiro do próximo ano. A sessão contou com a presença de representantes da Delegação da União Europeia em Hong Kong. O cidadão português foi acusado ao abrigo de uma da era colonial britânica. As autoridades de Hong Kong acusam o homem de “trazer ódio e desprezo” e “estimular o descontentamento” contra o governo, promover a “desobediência” civil e “incitar à violência” através de publicações em redes sociais feitas entre 9 de Outubro e 1 de Novembro. Em resposta enviada à Lusa a 4 de novembro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português disse ter “conhecimento da detenção de um cidadão portador de passaporte português em Hong Kong”. “De momento, o MNE, através do consulado-geral de Portugal em Macau, está a diligenciar junto das autoridades de Hong Kong para apurar mais elementos sobre este caso, bem como informar em conformidade a família, da qual foi recebido contacto”, referem as autoridades portuguesas.
Hoje Macau China / ÁsiaConfirmado encontro de Xi Jinping com Joe Biden O Presidente da China, Xi Jinping, vai participar na cimeira do G20 esta semana, em Bali, na Indonésia, onde se reunirá com o homólogo norte-americano, Joe Biden, confirmou na sexta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Xi vai reunir também, à margem da cimeira, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o líder argentino, Alberto Fernández, e com o senegalês Macky Sall. O também secretário-geral do Partido Comunista da China vai ainda participar na 29.ª reunião dos líderes da Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC), em Banguecoque, e realizar uma visita oficial à Tailândia, entre os dias 17 e 19 de Novembro, acrescentou, em comunicado, a diplomacia chinesa. Embora a Casa Branca tenha anunciado, na quinta-feira, que os dois líderes se iam encontrar hoje, um dia antes do início da cimeira do G20, a China não tinha ainda confirmado a participação de Xi, nem o encontro com Biden. A Casa Branca garantiu que o Presidente norte-americano não fará concessões a Xi durante a reunião, reafirmando que não deseja conflitos, mas sim competir com o país asiático. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se rapidamente, nos últimos dois anos, marcadas por uma prolongada guerra comercial e tecnológica e divergências em questões de Direitos Humanos, soberania do Mar do Sul da China ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong. Matéria sensível Biden garantiu que Taiwan vai ser um tema a abordar na conversa com o líder chinês. Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse na passada quinta-feira que a “China está pronta para a coexistência pacífica com os Estados Unidos e um relacionamento baseado no respeito mútuo e na cooperação”, acrescentando que, ao mesmo tempo, defenderá a sua “soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”. “É importante que lidemos adequadamente com as diferenças para evitar mal-entendidos e erros de cálculo”, acrescentou. Biden e Xi partilham um longo relacionamento pessoal: os dois conheceram-se há mais de uma década quando eram vice-presidentes e reuniram-se várias vezes. O encontro desta semana será, no entanto, a primeira vez que se reúnem de forma presencial na posição de chefes de Estado, embora tenham realizado duas reuniões por vídeo-conferência no ano passado.
Hoje Macau China / ÁsiaGuangzhou confina cinco milhões de pessoas após aumento de casos O aumento no número de casos de covid-19 resultou no bloqueio parcial de Guangzhou, uma das maiores cidades da China e importante centro industrial, agravando a pressão sobre as cadeias de fornecimento globais. Residentes em distritos que abrangem quase cinco milhões de pessoas devem permanecer em casa pelo menos até domingo, com um membro de cada família autorizado a sair uma vez por dia para comprar bens de primeira necessidade, disseram ontem as autoridades. A decisão surge depois de a capital da província de Guangdong, de 13 milhões de habitantes, ter registado mais de 2.500 novos casos entre quarta e quinta-feira. Muitas escolas em toda a cidade estão a dar aulas via ‘online’ e os estudantes universitários foram impedidos de entrar ou sair dos ‘campus’. O transporte público foi suspenso e as aulas foram interrompidas em grande parte da cidade. Os voos para Pequim e outras grandes cidades do país foram também cancelados, segundo a imprensa estatal. Um passo atrás No total, a China registou 8.824 novos casos entre quarta e quinta-feira, o valor mais elevado desde o final de Abril. Embora este número seja baixo, considerando que a China tem 1,4 mil milhões de habitantes, a escala geográfica do surto constitui um desafio para a estratégia dos ‘zero casos’. Todas as 31 regiões de nível provincial da China relataram novas infecções, nos últimos dias. Para além de Guangdong, no sudeste, também a província central de Henan e a região autónoma da Mongólia Interior diagnosticaram mais de mil casos entre quarta e quinta-feira. Outras áreas do país relataram várias centenas de novos casos. A Organização Mundial da Saúde disse, em Maio passado, que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é “insustentável”, devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron. Pequim recusou, no entanto, aprovar a importação de vacinas estrangeiras de RNA mensageiro no continente, já permitida nas regiões administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong desde o início da pandemia. A taxa de vacinação entre os idosos com inoculações domésticas, menos eficazes na prevenção de morte e doença grave, é de apenas 86 por cento, segundo dados oficiais.
Hoje Macau China / ÁsiaSudeste Asiático | Líderes em maratona diplomática com agenda global O Sudeste Asiático vai acolher vários líderes mundiais a partir de hoje, numa maratona diplomática com uma agenda que engloba temas como a guerra na Ucrânia, a rivalidade EUA-China, Coreia do Norte, Myanmar ou a insegurança alimentar. A primeira etapa será na capital do Camboja, Phnom Penh, onde se realiza a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) e diversas reuniões bilaterais, entre esta sexta-feira e domingo. Segue-se a cimeira do grupo das economias mais desenvolvidas (G20), na ilha indonésia de Bali, na terça e na quarta-feira (15 e 16), e uma reunião da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), em Banguecoque, até 19. Em Phnom Penh, estarão, entre outros, o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, em representação do líder Xi Jinping. A Rússia vai enviar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, a Phnom Penh, onde já está o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deverá discursar na ASEAN por videoconferência, após ter sido convidado pelo primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, anfitrião da cimeira. Kuleba vai assinar em Phnom Penh um tratado que formalizará as relações diplomáticas de Kiev com a ASEAN e que constitui o mecanismo prévio para a Ucrânia ter um estatuto de parceiro de diálogo do bloco regional. Águas tremidas A ASEAN, fundada em 1967, integra actualmente 10 países: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname. A ASEAN vai também realizar encontros bilaterais com vários parceiros, incluindo ONU, China, Japão, Canadá, Coreia do Sul e Estados Unidos, motivo para a presença de Biden em Phnom Penh no fim de semana, numa altura de crescentes tensões entre Washington e Pequim. Um alto funcionário da administração norte-americana citado pela agência francesa AFP disse que Biden vai salientar a importância da paz na região, incluindo Taiwan, e o respeito pela “ordem internacional baseada em regras”. Pequim e Washington disputam a influência no mundo e o Sudeste Asiático tem tentado manter boas relações com ambos por serem indispensáveis para o desenvolvimento económico da região e dos seus mais de 660 milhões de habitantes. Acabado de garantir um histórico terceiro mandato consecutivo, Xi Jinping tem recebido uma série de líderes internacionais em Pequim, incluindo o chanceler alemão, Olaf Scholz. Xi é esperado na cimeira do G20, em Bali, onde poderá ocorrer o seu primeiro encontro presencial com Biden, depois de reuniões anteriores por videoconferência. Já o receio crescente de um teste nuclear da Coreia do Norte, deverá motivar encontros de Biden com o seu homólogo sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, à margem das cimeiras da ASEAN ou do G20, segundo a imprensa japonesa. Na agenda da ASEAN estará também Myanmar, que continua a embaraçar a ASEAN, que não conseguiu ainda negociar uma saída para a crise com o seu Estado-membro desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021. A ASEAN e Myanmar têm-se culpado mutuamente pela falta de progresso nas conversações e a única sanção significativa, até agora, é precisamente a ausência do líder da junta militar birmanesa, Min Aung Hlaing, da cimeira de Phnom Penh, por decisão dos seus pares.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão e EUA em exercícios militares conjuntos de armas O Japão e os Estados Unidos iniciaram ontem um grande exercício militar conjunto no sudoeste do Japão, uma região parcialmente reivindicada pela China, e após a Coreia da Norte ter lançado dezenas de mísseis. Os exercícios bienais “Keen Sword” começaram numa base aérea japonesa no sul do Japão e também serão realizados em vários outros locais, dentro e ao largo do Japão, até 19 de Novembro. Cerca de 26 mil soldados japoneses e 10 mil americanos, bem como 30 navios e 370 aeronaves de ambos os lados, devem participar nos exercícios, segundo o Ministério da Defesa japonês. Austrália, Grã-Bretanha e Canadá também se juntarão a partes dos exercícios, acrescentou. Exercícios de campo conjuntos, que incluem aterragem anfíbia, estão planeados em ilhas remotas do sudoeste do Japão, incluindo Tokunoshima, Amami e Tsutarajima. A China reivindica praticamente todo o mar do Sul da China, onde já construiu ilhas artificiais equipadas com instalações militares e aeródromos. Pequim também reivindica uma série de ilhas que são controladas pelo Japão no mar da China Oriental. Risco de segurança O exercício conjunto ocorre após a Coreia do Norte ter disparado pelo menos 34 mísseis desde 2 de Novembro, o último dos quais na quarta-feira, em direcção ao mar do Japão. A 3 de Novembro, o regime de Pyongyang disparou três mísseis balísticos, um dos quais activou alertas em várias regiões do Japão, apesar de aparentemente não ter sobrevoado o arquipélago devido a uma falha em pleno voo. O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, citando o agravamento da segurança na região, prometeu aumentar substancialmente a capacidade militar do país e possivelmente permitir a capacidade de ataque preventivo para atacar locais de lançamento de mísseis inimigos. Estes planos devem ser incluídos numa estratégia de segurança nacional revista e em directrizes de defesa de médio a longo prazo, cuja divulgação é esperada ainda este ano.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente da Fosun desce 35 lugares no ranking dos milionários Com uma fortuna agora avaliada em cerca de 5,5 mil milhões de euros, Guo Guangchang, patrão de várias empresas em Portugal teve um ano desastroso, à semelhança de muitos dos seus “colegas” multimilionários O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, caiu 35 lugares na lista dos mais ricos da China, para a 126.ª posição, no pior ano para os multimilionários do país desde 1998. A fortuna pessoal de Guo, 55 anos, fixou-se, em 2022, no equivalente a cerca de 5,5 mil milhões de euros, de acordo com a lista elaborada pela Hurun Report Inc, unidade de investigação sediada em Xangai e considerada a Forbes chinesa. A Fosun, que soma uma dívida equivalente a cerca de 38 mil milhões de euros, desfez-se já de milhares de milhões de euros em activos este ano, à medida que enfrenta crescentes dificuldades de financiamento nos mercados chinês e internacional. As acções da Fosun International Limited, a principal unidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, afundaram mais de 40 por cento, nos últimos 12 meses. A Fosun realizou, nos últimos dez anos, uma série de aquisições além-fronteiras, adquirindo em Portugal a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30 por cento no banco Millennium BCP e mais de 5 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais. Segundo a lista da Hurun, difundida ontem, o número de multimilionários na China registou, em 2022, a maior queda em 24 anos, reflectindo o impacto da política de ‘zero casos’ de covid-19 e a crise no sector imobiliário. De acordo com este ‘ranking’, 1.305 pessoas na China têm agora uma fortuna estimada em pelo menos 5 mil milhões de yuans, uma queda de 11 por cento, em relação ao ano passado. A fortuna acumulada dos multimilionários chineses é equivalente a cerca de 3,5 biliões de euros, uma queda homóloga de 18 por cento, o que representa também a maior descida homóloga dos últimos 24 anos. O preço a pagar A China é um dos últimos países do mundo a manter rigorosas medidas de prevenção epidémica. Os repetidos bloqueios de bairros, distritos e cidades inteiras implicam uma interrupção das cadeias de produção e abastecimento e do comércio, travando a actividade económica. Os multimilionários chineses também sofreram no mercado de acções, face a uma campanha regulatória lançada por Pequim no sector da tecnologia, as incertezas ligadas à guerra na Ucrânia e a subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos. A fortuna pessoal de Yang Huiyan, que dirige o grupo imobiliário Country Garden Holding, registou a maior perda, no valor equivalente a 15,7 mil milhões de euros. O chinês mais rico continua a ser Zhong Shanshan, fundador da empresa de água engarrafada Nongfu Spring, que viu a sua fortuna aumentar em 17 por cento, para 65 mil milhões de euros. Quase 300 chineses que, no ano passado, estavam nesta lista, deixaram de estar. A maioria pertence ao sector imobiliário, que enfrenta uma crise de liquidez. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia chinesa cresça 3,2 por cento, este ano, o que seria o ritmo mais fraco das últimas quatro décadas, excluindo 2020, o ano em que a pandemia da covid-19 começou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteChina reafirma o seu compromisso na luta contra as alterações climáticas A China reafirmou ontem o compromisso na luta contra as alterações climáticas. Mas há quem não esteja a cumprir, quer as metas, quer as promessas feitas aos países em vias de desenvolvimento, sobretudo no toca à protecção das florestas tropicais, parte fundamental da descarbonização do planeta. “A determinação da China em participar activamente no governo do clima mundial não vai recuar nem muito menos mudar”, declarou o enviado chinês, Xie Zhenhua, após a cimeira de líderes, realizada na 27.ª Conferência das Partes (COP27) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), que decorre em Sharm el-Sheikh. O aumento da tensão entre EUA e China, os dois primeiros poluidores mundiais, criou receios quanto à dinâmica da luta contra o aquecimento global. Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tinha-lhes apelado a que assumissem a sua “responsabilidade particular”. Xie referiu ainda as acções da China contra o aquecimento global, evocando a baixa contínua dos preços dos painéis solares, o seu lugar de primeiro construtor de veículos eléctricos ou a baixa de metade, desde 2005, da intensidade das emissões relacionadas com o produto interno bruto. Promessas por cumprir Mas Xie Zhenhua foi mais longe. “Os países desenvolvidos devem cumprir a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares em financiamento climático o mais rapidamente possível e desenhar um roteiro para duplicar o fundo de adaptação”. “Face aos graves desafios colocados pelos frequentes acontecimentos climáticos extremos que têm causado grandes perdas em todos os continentes e pela emergência de crises energéticas e alimentares este ano, o multilateralismo, a solidariedade e a cooperação continuam a ser a única saída para a situação difícil, disse Xie. Para ele, o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas e o mecanismo das contribuições determinadas a nível nacional continuam a ser a “escolha inevitável” para ultrapassar os desafios climáticos. Como o Acordo de Paris entrou na fase de plena implementação, “a COP27 tem a importante missão de manter o consenso sobre os princípios da UNFCCC e promover acções pragmáticas por todas as partes”, disse o enviado chinês. Notando que a China tem vindo a combater activamente as alterações climáticas com acções persistentes e pragmáticas, Xie disse que, após 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, “a determinação do país em seguir o caminho do desenvolvimento verde foi ainda mais reforçada”. “A firme determinação e posição da China em implementar os objectivos de atingir o pico do carbono e de conseguir a neutralização do carbono, e de participar activamente na governação climática global nunca mudará”, prometeu Xie. O enviado chinês manifestou a esperança de que a COP27 se concentre na implementação das promessas, ao mesmo tempo que exorta os países desenvolvidos a assumirem a liderança no exercício de esforços mais eficazes para reduzir as emissões de modo a alcançar a neutralização de carbono significativamente antes do prazo previsto, e alcançar resultados substanciais nas questões de adaptação e financiamento. Florestas em risco No pavilhão da Papua Nova Guiné, um enorme cartaz na parede dizia: “Precisamos de 100 mil milhões [de dólares americanos] anualmente para salvar as nossas florestas tropicais”. Kevin Conrad, director executivo da Coligação das Nações com Floresta Tropical, também director do pavilhão, disse que o slogan visa “escarnecer do fracasso dos países desenvolvidos em entregar os 100 mil milhões de dólares em financiamento climático prometidos aos países em desenvolvimento em 2009”. “Em 2022, ainda não entregaram”, disse Conrad. “O que estamos a tentar dizer é que 100 mil milhões de dólares não são suficientes apenas para proteger as florestas tropicais”. Precisamos de mais do que isso”. Conrad enfatizou a importância de proteger as florestas tropicais na batalha global contra o aquecimento global iminente. “Se perdermos as florestas tropicais, mesmo que paremos todas as emissões de carbono, continuamos a perder (a batalha climática)”, disse ele. “A China para nós é um bom exemplo dos tipos de investimento que precisam de ser feitos. A China está a mostrar esperança ao mundo”, disse Conrad, salientando a utilidade da China para a Coligação das Nações com Floresta Tropical, com o envio de peritos para a ajudar a proteger as florestas tropicais. A China espera que “os países desenvolvidos cumpram a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares o mais rapidamente possível e desenhem um roteiro para duplicar o financiamento da adaptação a fim de reforçar a confiança mútua e a acção conjunta entre o Norte e o Sul”, disse Xie. Xie disse, para concluir, que “estamos dispostos a trabalhar com todas as partes para aderir ao multilateralismo, construir um sistema de governação climática global justo e razoável com uma cooperação vantajosa para todos, e dar um maior contributo para enfrentar os desafios colocados pelas alterações climáticas globais”. MNE traça quadro geral Também o Conselheiro de Estado Chinês e Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi afirmou que “China continuará a participar na cooperação internacional sobre alterações climáticas e dará contribuições positivas para o sucesso da 27ª sessão da Conferência das Partes (COP27) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC)”, quando se reuniu através de uma ligação vídeo com Csaba Korosi, presidente da 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). Wang disse que a China iria prestar apoio e ajuda aos países em desenvolvimento dentro das suas maiores capacidades e dar contribuições positivas para o sucesso da COP27 que começou no domingo no Egipto. Como a China detém a presidência da 15ª reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica, conhecida como COP15, que tem início a 7 de Dezembro, Wang disse que a China iria trabalhar com as partes para organizar bem a segunda parte da COP15 e dela fazer um sucesso. O MNE chinês disse ainda que “a modernização chinesa procura a harmonia entre o homem e a natureza, e que a China continua empenhada em seguir um caminho verde, de baixo carbono e sustentável. A China está também pronta a reforçar o intercâmbio e a cooperação em matéria de recursos hídricos com outros países através da implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global”. Além disso, Wang disse que “tomaremos uma parte mais activa na reforma e desenvolvimento do sistema de governação global, praticaremos o conceito de governação global de consulta alargada, contribuição conjunta e benefícios partilhados, aderiremos ao verdadeiro multilateralismo, e aprofundaremos continuamente a cooperação com a ONU, e daremos maiores contribuições para a resposta da comunidade internacional aos desafios comuns”. Apoio total à ONU Sublinhando que a China apoia sempre a causa da ONU e o importante papel da AGNU, Wang disse que “face ao caos no mundo, a China defenderá firmemente o sistema internacional com a ONU no seu núcleo, a ordem internacional baseada no direito internacional, e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos objectivos e princípios da Carta da ONU”. Face à corrente adversa da anti-globalização, a China defende a adesão à direcção certa da globalização económica, opõe-se à “construção de barreiras” e à “dissociação e quebra de cadeias”, salientou Wang. “A China está empenhada na construção de uma economia mundial aberta, e na promoção de um desenvolvimento global comum”, adiantou. “Face ao conflito da teoria das civilizações e da política de poder, a China apela à promoção dos valores comuns de toda a humanidade, respeitando a diversidade das civilizações mundiais, e transcendendo as barreiras civilizacionais através do intercâmbio entre civilizações, e transcendendo os conflitos civilizacionais através da aprendizagem mútua”. Por seu lado, Korosi expressou a expectativa de reforçar a cooperação com a China para fazer da COP27 um sucesso e ajudar os países vulneráveis a enfrentar os desafios no que diz respeito à utilização e gestão da água, além de reforçar a sua vontade de apoiar os esforços da China e de promover a segunda vaga de reuniões da COP15 para a obtenção de resultados positivos.
Hoje Macau China / ÁsiaGuterres criticado na Coreia do Norte por condenar lançamento de mísseis A Coreia do Norte lamentou ontem a condenação por parte do secretário-geral da ONU, António Guterres, dos recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos e o pedido a Pyongyang que acabe com provocações e regresse ao diálogo. “Lamentamos profundamente que o secretário-geral da ONU tenha emitido uma declaração a criticar sem fundamento a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do Norte] pela sua justa reacção de autodefesa ao lidar com as provocações militares dos EUA”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano. Guterres está a agir como um “porta-voz de Washington”, o que considera “deplorável”, uma vez que “a ONU é um órgão mundial baseado na justiça e na objectividade, portanto, não deve ser enviesada pelos interesses e visões de uma grande potência”, disse o ministério, num comunicado citado pela agência noticiosa oficial KCNA. Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU reiterou “os seus apelos à Coreia do Norte para que desista imediatamente de novos actos de provocação e cumpra integralmente as suas obrigações internacionais ao abrigo de todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança”, sublinhou Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres. De acordo com a declaração, o secretário-geral está “profundamente preocupado com a tensão na península coreana e inquieto com o aumento da retórica de confronto” e instou Pyongyang a dar “passos imediatos para retomar as negociações”. Todas as partes envolvidas, adiantou, devem promover um ambiente propício ao diálogo. Alerta máximo As declarações de Guterres surgiram um dia depois da Coreia do Norte ter lançado três mísseis balísticos, um dos quais activou alertas em várias regiões do Japão, apesar de aparentemente não ter sobrevoado o arquipélago devido a uma falha em pleno voo. A Coreia do Norte lançou mais de 20 mísseis em apenas dois dias, em resposta a exercícios militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que deveriam terminar na sexta-feira, mas foram prolongados. Depois do anúncio da extensão dos exercícios por parte dos aliados, a Coreia do Norte disparou na quinta-feira cerca de 80 tiros de artilharia em direcção a uma “zona tampão” marítima da área de Kumkang, na província de Kangwon, na costa leste do país. Os disparos são “uma clara violação” do acordo inter-coreano de 2018, que estabeleceu essas “zonas tampão” para reduzir as tensões entre os dois lados, disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul. Na sexta-feira, o Japão anunciou que irá melhorar o sistema ‘J-Alert’, de alerta à população sobre emergências como mísseis ou sismos, após os últimos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte. O porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno, fez o anúncio, na sequência de críticas recentes contra o sistema de alerta civil, alegadamente lento a responder ao lançamento da Coreia do Norte.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimentos chineses viram-se para agricultura e infraestrutura digital A Fitch Solutions considera que a China vai continuar a ser o maior parceiro comercial da África subsaariana, mas a aposta será feita em projectos mais pequenos, nas áreas da agricultura e das infraestruturas digitais. “Acreditamos que o investimento da China continental na África subsaariana vai continuar significativo nos próximos anos”, escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, salientando que “apesar de a China continuar a ser um parceiro fundamental para a maior parte dos países africanos, a natureza do investimento no continente vai mudar”. Numa análise ao investimento da China no continente, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que “as recentes promessas dos líderes do G7 mostram promessas de investimento de 200 mil milhões de dólares dos Estados Unidos e 300 mil milhões de euros da União Europeia contrastam com os 709 mil milhões de dólares já em utilização ao abrigo da iniciativa chinesa da nova Rota da Seda”. Citando dados do Centro Global para o Desenvolvimento, um instituto de pesquisa norte-americano, a Fitch Solutions lembra que as instituições financeiras chinesas representaram 71,9 por cento do total de financiamento às infraestruturas da região entre 2007 e 2020, o que compara com um financiamento de 5,9 por cento dos Estados Unidos de 7,5 por cento do Japão no mesmo período. “O financiamento chinês tem sido canalizado para grandes projectos desde a construção da linha férrea entre a Tanzânia e a Zâmbia, em 1950”, lê-se no relatório, que aponta também como exemplo a construção da fábrica de carvão de Nacala, em Moçambique, no valor de 1,4 mil milhões de dólares e completada em 2018 Conselho a seguir Desde o princípio da década que os empresários chineses se têm afastado destas grandes obras, sinalizando a “crescente precaução” da China no financiamento de grandes projectos e a aposta em projectos “pequenos e bonitos” e de grande qualidade, como disse o Presidente chinês, Xi Jinping, em Novembro do ano passado. De acordo com a Fitch Solutions, uma das novas áreas prioritárias será a agricultura: “A África subsaariana, onde a agricultura, florestas e pescas representa quase 20 por cento do PIB, é um destino atractivo para o investimento da China, um país fortemente dependente de importação de alimentos e que procura aumentar a segurança alimentar através da diversificação”, lê-se no relatório. O documento dá ainda conta da aposta na infraestrutura digital, não só na própria construção dos cabos de ligação à Ásia e Europa, mas também através de investimentos no capital de empresas tecnológicas africanas.
Hoje Macau PolíticaPublicado “Livro Branco” na China sobre o uso da internet a nível global A China publicou na passada segunda-feira um livro branco sobre a construção de uma comunidade global no ciberespaço, que introduz a visão da China sobre o desenvolvimento e a governação da Internet na nova era e as suas acções, delineando perspectivas de cooperação internacional. No documento, fundamentalmente diferente da proposta dos EUA sobre o ciberespaço, que “tenta criar divisão e confronto através da ideologia e conter o desenvolvimento da China”, afirma-se que cada país deve regular e controlar a sua internet como melhor entender O Gabinete de Informação do Conselho de Estado Chinês publicou o livro branco intitulado “Construir em conjunto uma Comunidade de Futuro Partilhado no Ciberespaço” e, durante uma conferência de imprensa na segunda-feira em Pequim, foram detalhadas as realizações das práticas chinesas de desenvolvimento e governação da Internet durante a última década e apresentada a proposta chinesa de construir o que chamam “uma comunidade de um futuro partilhado no ciberespaço”. O Livro Branco fornece “um esboço completo dos planos da China para que o mundo possa governar melhor o ciberespaço, salvaguardar os direitos e interesses de desenvolvimento de cada país, e realizar a segurança dos dados e o desenvolvimento de redes de cada país”, disseram os peritos chineses na conferência de imprensa. Sendo o maior país em desenvolvimento do mundo e o país com o maior número de utilizadores da Internet, a China “compreende as tendências subjacentes à era da informação; defende uma abordagem centrada nas pessoas; e apoia uma governação global baseada em consultas alargadas, contribuição conjunta e benefícios partilhados”, lê-se no documento. “A China está preparada para reforçar a sua força no ciberespaço e nas tecnologias digitais”, afirma-se no Livro Branco, observando que “foram feitos progressos na dinamização da economia digital, na construção de um ambiente em linha limpo e sólido, e na protecção contra os riscos para a segurança do ciberespaço”. A cada um a sua Inernet “Enquanto utiliza a Internet para erradicar a pobreza, a China tem também utilizado tecnologia para ajudar os países em desenvolvimento a melhorar o acesso à banda larga nas áreas mais pobres e nas áreas com baixa densidade populacional. Tem trabalhado para fornecer acesso universal e acessível à Internet nos países menos desenvolvidos, a fim de erradicar a pobreza causada pela falta de instalações de rede”, de acordo com o Livro Branco. Além disso, “a China tem desenvolvido activamente produtos públicos digitais e expandido a cooperação em serviços públicos digitais. Desde o surto global da COVID-19, as plataformas de previsão de pandemias desenvolvidas na China têm ajudado no controlo e mitigação em outros países”, refere ainda o livro. O Livro Branco também destacou o facto da China “respeitar o direito dos países individuais a escolherem independentemente o seu próprio caminho de desenvolvimento cibernético, modelo de regulação cibernética, políticas públicas da Internet e o seu direito à participação igualitária na governação internacional do ciberespaço”. Documento alternativo ao dos EUA Durante a conferência de imprensa, os funcionários chineses afirmaram que, “com problemas de desenvolvimento desequilibrado, regras pouco sólidas e ordem pouco razoável no ciberespaço a tornarem-se cada vez mais proeminentes e a hegemonia cibernética a representar uma nova ameaça à paz e desenvolvimento mundiais, são necessárias soluções eficazes e esforços conjuntos para resolver os problemas”. “O Livro Branco da China é fundamentalmente diferente dos EUA e da publicação conjunta dos seus parceiros em Abril intitulada ‘Declaração para o Futuro da Internet’. A declaração tenta impor as suas próprias normas aos outros, traçar linhas ideológicas no ciberespaço, desenhar ‘pequenos círculos’, criar divisão e confronto, e violar as regras internacionais. Estas acções minaram seriamente a unidade da família da Internet e afectaram seriamente o desenvolvimento estável da Internet global.”, disse Qi, director-geral do Gabinete de Cooperação Internacional da Administração do Ciberespaço, na conferência de imprensa. O título do documento ‘Construir em conjunto uma Comunidade de Futuro Partilhado no Ciberespaço’ “mostra uma grande diferença em relação à estratégia do ciberespaço dos EUA, que perseguem a hegemonia como núcleo e a estratégia da União Europeia que persegue a protecção absoluta da privacidade individual”, disse Shen Yi, director do Instituto de Investigação para a Governação Global do Ciberespaço da Universidade de Fudan, na segunda-feira. “O descrédito dos EUA e o ataque à chamada ‘ameaça cibernética chinesa’ nos últimos anos revelaram a sua preocupação subjacente com o apelo do modelo chinês a outros países. Mas até agora, ao contrário dos EUA, a China nunca forçou a exportação da sua prática na governação do ciberespaço, e qualquer país que esteja disposto a aprender com a experiência chinesa está a fazê-lo devido ao benefício mútuo”, salientou Shen. Ataques e defesas Segundo foi afirmado na conferência de imprensa, na competição no ciberespaço liderada pelos EUA, os países ocidentais têm conduzido um grande número de ciberataques contra alvos na China. Por exemplo, uma arma “oculta e adaptável”, utilizada pelo centro de inteligência da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA para lançar um ataque cibernético ao sistema de correio electrónico da Universidade Politécnica do Noroeste da China na província de Shaanxi – conhecida pelos seus estudos de aviação, aeroespacial e navegação – foi interceptada por especialistas chineses em cibersegurança, revelou a imprensa chinesa em Setembro. Também, sob pressão dos EUA, há muitas restrições ao desenvolvimento de empresas chinesas em alguns países quando exploram activamente o mercado internacional. “Utilizando o pretexto da segurança nacional, certos países abusaram das medidas de controlo das exportações para bloquear e suprimir as empresas chinesas, o que mina os direitos e interesses legítimos dessas empresas e causa graves perturbações na estabilidade da cadeia industrial global e da cadeia de abastecimento”, disse Qi. Empresas estrangeiras “sem problemas” na China É também claramente afirmado no último livro branco da China que “o governo chinês se opõe à politização de questões técnicas e ao abuso do poder estatal para suprimir e refrear empresas de outros países de qualquer tipo, uma vez que tal constitui uma violação dos princípios da economia de mercado e das regras económicas e comerciais internacionais”. Além disso, durante a conferência de imprensa de segunda-feira, Qi negou que o aumento da cibersegurança na China afectaria as operações das empresas estrangeiras na China. “Tais receios são totalmente desnecessários”, disse Qi, respondendo a uma questão levantada por um repórter dos meios de comunicação social estrangeiros. “O que é previsível é que a porta da China só se abrirá mais amplamente”. Dados das autoridades chinesas mostram que o número cumulativo de empresas financiadas por estrangeiros na China ultrapassou um milhão, o que também “mostra que as empresas estrangeiras estão muito confiantes no ambiente empresarial da China”.
Hoje Macau Via do MeioXunzi – Desfazendo Fixações, Parte I Tradução de Rui Cascais Na maioria dos casos, o problema das pessoas é ficarem fixadas em pormenores e permanecerem na ilusão relativamente à grande ordem das coisas. Se forem controladas, regressarão aos padrões correctos. Privadas de certeza, serão hesitantes e confusas. Não existem dois Caminhos para o mundo e o sábio não padece de incertea. Nos dias de hoje, os senhores feudais têm governos diferentes e as cem escolas têm ensinamentos diferentes, de forma que algumas estão certas e outras erradas, e que uns conduzem à ordem e outros ao caos. Os lordes de estados caóticos e os seguidores de escolas perniciosas buscam sinceramente aquilo que consideram correcto e empenham-se em consegui-lo. Melindram-se com aquilo que consideram ser visões erróneas do Caminho e há aqueles que se deixam seduzir pelo que propõem. Favorecem com egoísmo a abordagem em que colocaram o seu esforço e temem vê-la desbaratada. Privilegiam-na e temem que outras abordagens sejam louvadas. Assim, afastam-se cada vez mais da possibilidade de controlo e pensam estar certos ao continuar. Não será por se terem concentrado num pormenor, perdendo de vista o verdadeiro objecto da sua busca? Se o coração não atender aos olhos, podemos estar perante o preto e o branco e estes não os verão. Se o coração não atender aos ouvidos, podemos estar ao lado de tambores e trovões e estes não os ouvirão. Isto para nada dizer daquilo que, desde logo, o coração atende, que é a si próprio. A partir de cima, a pessoa de virtude e o verdadeiro Caminho são denunciados pelos lordes de estados caóticos; a partir de baixo, são denunciados pelos seguidores das escolas perniciosas. Não será isto lamentável? Assim, entre os casos de fixação, há quem se fixe em desejos e quem se fixe em aversões. Podemos fixar-nos nas origens, ou podemos fixar-nos nos fins. Podemos fixar-nos naquilo que está longe, ou podemos fixar-nos naquilo que está perto. Podemos fixar-nos numa aprendizagem ampla, ou podemos fixar-nos naquilo que é estreito. Podemos fixar-nos no passado longínquo, ou podemos fixar-nos no presente. Apesar da natureza diversa da miríade de coisas, cada uma pode ser um objecto de fixação a despeito de todas as outras. Este é o problema comum dos caminhos do coração. No passado, houve senhores de homens que foram fixados, tal como Jie da dinastia Xia e Zhòu da dinastia Yin. Jie era fixado em Mo Xi e Si Guan , e, como tal, não reconhecia o valor de Guan Longfeng. Por isso, o seu coração era confuso e a sua conduta caótica. Zhòu era fixado em Dan Ji e Fei Lian , e, como tal, não reconhecia o valor de Weizi Qi. Por isso, o seu coração era confuso e a sua conduta caótica. Assim, a totalidade dos seus ministros esqueceram a lealdade e trabalharam para seu próprio proveito. O povo comum sentia rancor pelos seus líderes e os acusava, sendo, por isso, de pouco préstimo. Os homens bons e meritórios retiraram-se para viver em reclusão e escolheram escapar para a obscuridade. Foi deste modo que Jie e Zhòu perderam as terras das Nove Pastagens e destruíram os seus próprios estados ancestrais. Jie morreu no Monte Ting e Zhòu foi enforcado num estandarte vermelho. Nem eles conseguiram antecipar estas coisas, mas também ninguém os advertiu. E este é o desastre de se estar fixado e barricado nos seus próprios pensamentos.
Hoje Macau China / ÁsiaVitória de Lula traz política externa “mais alinhada” com China O analista chinês Zhou Zhiwei considera que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva vai contribuir para “melhorar significativamente” os laços entre Brasil e China e alinhar a política externa dos dois países. Zhou Zhiwei, director do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um grupo de reflexão (‘think tank’) sob tutela do Governo chinês, previu relações políticas mais “calorosas”, depois de estas terem “arrefecido”, durante a presidência “ideologicamente” anti-China de Jair Bolsonaro. “Depois de Lula assumir o cargo, com base na sua identidade de esquerda e uma atitude amigável em relação à China no passado, as relações políticas vão melhorar muito”, afirmou. O analista destacou o “multilateralismo”, a “cooperação Sul – Sul” e a “promoção da reforma do sistema de governação internacional” como prioridades diplomáticas de Lula que convergem com os objectivos de Pequim. “Estes [objectivos] têm muito em comum com a visão externa da China”, realçou. “A cooperação China – Brasil é crucial para manter uma ordem multipolar e unir os países em desenvolvimento”. Lula venceu as eleições de domingo por pouco mais de dois milhões de votos sobre o governante de extrema-direita Jair Bolsonaro. Durante os primeiros dois mandatos de Lula, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul. Aliança reforçada O líder chinês, Xi Jinping, deu os parabéns a Lula pela vitória nas eleições presidenciais. A “amizade de longa data entre China e Brasil conduz à manutenção da paz e estabilidade regional e mundial e à promoção do desenvolvimento e da prosperidade comuns”, apontou Xi, numa mensagem enviada ao presidente eleito. A relação entre Pequim e Brasília arrefeceu, no entanto, durante o mandato de Bolsonaro, que assumiu o poder com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Ernesto Araújo, que foi entretanto substituído, adoptou mesmo uma retórica hostil face à China. O governo de Lula vai, porém, coincidir com um Congresso dominado por forças de direita. Zhou desvalorizou a importância da composição do Congresso para a política externa do Brasil, lembrando que quem tem tomada de decisão na diplomacia chinesa é o chefe de Estado e o Itaramaty, o ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro. “Do ponto de vista do mecanismo de tomada de decisões políticas, o Congresso tem uma influência directa limitada nas relações externas”, observou. O analista lembrou ainda que, apesar da posição ideológica assumidamente anti-China de algumas forças políticas conservadoras, “muitos grupos de direita no Brasil são os reais beneficiários da cooperação” entre os dois países. “Por exemplo, os grupos agrícolas e pecuários, representados pelos partidos de direita brasileiros, obtêm lucros significativos nas trocas económicas e comerciais China – Brasil”, realçou. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de 9 mil milhões de dólares, em 2004, para 135 mil milhões, em 2021. Nos últimos anos, a participação da China nas exportações do Brasil superou os 30 por cento, à boleia do apetite do país asiático por matérias-primas, sobretudo soja e minério de ferro.
Hoje Macau China / ÁsiaCompras da China à Rússia mais do que duplicam Embora o comércio externo chinês tenha contraído, em Outubro, face ao enfraquecimento da procura global e ao peso das medidas de prevenção epidémica sobre o consumo doméstico, as trocas com a Rússia mais do que duplicaram, num claro aproveitamento sínico dos descontos russos As exportações chinesas caíram, no mês passado, 0,3 por cento, em relação ao período homólogo, para 298,4 mil milhões de dólares, abaixo do crescimento de 5,7 por cento registado em Setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país. A mesma fonte informou que as importações registaram uma queda homóloga de 0,7 por cento, para 213,4 mil milhões de dólares, em comparação com a expansão de 0,3 por cento alcançada no mês anterior. O excedente comercial da China subiu 0,9 por cento, para 85,2 mil milhões de dólares, no mês passado. As importações oriundas da Rússia, sobretudo petróleo e gás, mais do que duplicaram, aumentando 110,5 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 10,2 mil milhões de dólares. A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Isto causa fricções com Washington e países aliados, ao aumentar o fluxo de caixa de Moscovo e limitar o impacto das sanções. Os analistas esperavam já que o comércio chinês enfraquecesse, à medida que a procura global diminui, face ao aumento das taxas de juro na Europa e Estados Unidos. Medidas sem fim A nível doméstico, a procura continua a ser afectada pelas medidas de prevenção epidémica, que incluem o bloqueio, parcial ou total, de várias cidades, o que interrompe a actividade económica e confina milhões de pessoas nas suas casas durante semanas a fio. O PIB chinês aumentou 3,9 por cento, no terceiro trimestre, em relação ao ano anterior, depois de ter crescido 2,2 por cento, nos primeiros seis meses de 2022. Mas os analistas dizem que a actividade está a enfraquecer, à medida que as medidas de confinamento se tornam mais frequentes, em resposta ao aumento do número de casos em dezenas de cidades do país. “A economia voltou a desacelerar, em Outubro, devido a medidas mais rígidas de prevenção contra a covid-19, bem como à queda da procura externa”, afirmou Larry Hu, da empresa de serviços financeiros australiana Macquarie Group, num relatório. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 35,3 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 47 mil milhões de dólares, apesar da prolongada guerra comercial e tecnológica entre os dois países, que resultou na imposição de taxas alfandegárias punitivas por ambos os lados. As importações de bens norte-americanos aumentaram 52,4 por cento, para 12,8 mil milhões de dólares. O excedente comercial da China com os Estados Unidos, que é politicamente sensível, aumentou 29,9 por cento, para 34,2 mil milhões de dólares. As exportações para os 27 países da União Europeia aumentaram 5,5 por cento, para 44,1 mil milhões de dólares, enquanto as importações de produtos europeus encolheram 15,5 por cento, para 21,4 mil milhões de dólares. O excedente comercial da China com a UE aumentou 38,1 por cento, para 22,7 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaMaior feira de importações chinesa com produtos lusófonos A maior feira de importações chinesa arrancou no sábado em Xangai com a presença de dezenas de produtos dos países lusófonos. O Pavilhão de Produtos Alimentares e Bebidas dos Países de Língua Portuguesa na quinta Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), com uma área de 600 metros quadrados, vai expor mais de 70 produtos lusófonos, anunciou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O IPIM vai ainda montar o Pavilhão de Serviços Profissionais de Países de Língua Portuguesa, para promover serviços financeiros, logísticos, tecnológicos e de organização de convenções e exposições, indicou, em comunicado. Uma delegação com mais de 50 pessoas, incluindo representantes de 35 empresas de Macau, vai participar na CIIE, que decorre até quinta-feira. Governo de Macau e o Ministro do Comércio da China coorganizaram ontem um fórum para promover a região como plataforma de cooperação com os países lusófonos. Já fui ao Brasil Também o Brasil terá 14 empresas a expor, em stands individuais, na área da CIIE dedicada a produtos alimentares e bebidas, indicou a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos brasileira (ApexBrasil), em comunicado. A ApexBrasil disse que vai ainda organizar, em conjunto com o consulado-geral do Brasil em Xangai, o dia do café brasileiro e uma demonstração de culinária brasileira, para promover o café e a gastronomia do país. O Brasil vai também apresentar um pavilhão de tecnologia, com 19 ‘startups’ tecnológicas brasileiras, incluindo oito seleccionadas durante a terceira edição da Semana de Inovação China-Brasil, em Agosto. Moçambique será um dos oito países a participar pela primeira vez na CIIE, juntamente com Nicarágua, Djibuti, Mauritânia, Comores, República Democrática do Congo, Iraque e Islândia, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Segundo a televisão chinesa CCTV, Timor-Leste, que nas edições anteriores teve apenas um stand na CIIE, vai ter este ano, pela primeira vez, dois espaços, com um total de 30 metros quadrados, em duas áreas da feira. O destaque da participação timorense será o café “kopi luwak”, produzido com grãos extraídos das fezes da civeta, uma espécie de felino. No mês passado, a Associação de Amizade da Província de Yunnan, no sudoeste da China, entregou um apoio de 70 mil dólares à Associação Café Timor, que reúne produtores em todo o país.