Presidente chinês quer resolver dívida soberana dos países mais pobres

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O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem que as instituições financeiras internacionais e credores comerciais “participem” e façam “esforços” para reduzir e suspender as dívidas dos países em desenvolvimento. Durante a sua participação na cimeira do G20, Xi assegurou que essas organizações “são os principais credores dos países em desenvolvimento” e instou especificamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “acelerar” os empréstimos aos países mais pobres.

“A China lançou a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G20 (DSSI) e, no seu âmbito, suspendeu a maior quantia em empréstimos entre todos os membros”, afirmou o líder chinês. Xi Jinping disse ainda que a “China também trabalhou com alguns membros do G20, no âmbito do Quadro Comum para o Tratamento da Dívida, ajudando assim os países em desenvolvimento a ultrapassar um momento difícil”.

A reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento deve ser um dos temas na cimeira, que se realiza na ilha de Bali, na Indonésia. Os parceiros latino-americanos do G20 (Argentina, México e Brasil), em particular, estão interessados em criar as condições que lhes permitam reestruturar a sua dívida de longo prazo.

Mundo frágil

Xi enfatizou ainda que a economia mundial está numa posição “frágil” devido à “tensa situação geopolítica, governação global inadequada e a sobreposição de múltiplas crises em áreas como alimentos e energia”. Pediu que se “evitem divisões e políticas de confronto entre blocos”, apelando aos líderes dos vários países que “trabalhem de mãos dadas para abrir novos horizontes de cooperação”.

O Presidente chinês realçou que a China propôs a Acção do G20 sobre Inovação e Cooperação Digital e que está “ansiosa para trabalhar com todas as partes para promover um ambiente aberto, equitativo e não discriminatório para o desenvolvimento da economia digital, visando reduzir o fosso digital entre os hemisférios Norte e Sul”.

Xi manifestou assim o seu apoio à adesão da União Africana ao G20, e disse que o grupo deve “ter sempre em mente as dificuldades dos países em desenvolvimento e atender às suas preocupações”. “Dados os retrocessos sofridos pela globalização económica e os riscos de recessão enfrentados pela economia mundial, todos estamos a atravessar um momento difícil, sendo que os países em desenvolvimento são os mais afetados”, acrescentou.

Comércio mundial mais aberto

O líder chinês também pediu que se promova “activamente” a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para avançar com a “estruturação de uma economia mundial aberta”. “O comércio global, a economia digital, a transição verde e o combate à corrupção são fatores relevantes que impulsionam o desenvolvimento global. Devemos avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento”, acrescentou.

Xi apontou que a sua proposta para assuntos de segurança, designada Iniciativa de Segurança Global (GSI), visa “manter o espírito da Carta da ONU, agir de acordo com o princípio da indivisibilidade da segurança e persistir no conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável “.

A China “advoga a neutralização de conflitos por meio de negociações, a resolução de disputas por meio de consultas e o apoio a todos os esforços que levem à resolução pacífica de crises”.

Em relação às alterações climáticas, Xi indicou que é necessário fazer uma transição para o desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono, mas que para isso “é imperativo cumprir o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de fundos, tecnologias e capacitação”, disse.

O líder asiático também se pronunciou sobre o que considerou o “desafio mais premente para o desenvolvimento global”: a segurança alimentar e energética, cuja crise ele atribuiu às cadeias de fornecimento e falta de cooperação internacional.

“Devemos fortalecer a cooperação na supervisão e regulação do mercado, estabelecer parcerias na áreas das matérias-primas, desenvolver um mercado de matérias-primas aberto, estável e sustentável, além de trabalhar em conjunto para desbloquear cadeias de fornecimento e estabilizar os preços no mercado”, apontou.

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