Investimentos chineses viram-se para agricultura e infraestrutura digital

A Fitch Solutions considera que a China vai continuar a ser o maior parceiro comercial da África subsaariana, mas a aposta será feita em projectos mais pequenos, nas áreas da agricultura e das infraestruturas digitais.

“Acreditamos que o investimento da China continental na África subsaariana vai continuar significativo nos próximos anos”, escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, salientando que “apesar de a China continuar a ser um parceiro fundamental para a maior parte dos países africanos, a natureza do investimento no continente vai mudar”.

Numa análise ao investimento da China no continente, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que “as recentes promessas dos líderes do G7 mostram promessas de investimento de 200 mil milhões de dólares dos Estados Unidos e 300 mil milhões de euros da União Europeia contrastam com os 709 mil milhões de dólares já em utilização ao abrigo da iniciativa chinesa da nova Rota da Seda”.

Citando dados do Centro Global para o Desenvolvimento, um instituto de pesquisa norte-americano, a Fitch Solutions lembra que as instituições financeiras chinesas representaram 71,9 por cento do total de financiamento às infraestruturas da região entre 2007 e 2020, o que compara com um financiamento de 5,9 por cento dos Estados Unidos de 7,5 por cento do Japão no mesmo período.

“O financiamento chinês tem sido canalizado para grandes projectos desde a construção da linha férrea entre a Tanzânia e a Zâmbia, em 1950”, lê-se no relatório, que aponta também como exemplo a construção da fábrica de carvão de Nacala, em Moçambique, no valor de 1,4 mil milhões de dólares e completada em 2018

 

Conselho a seguir

Desde o princípio da década que os empresários chineses se têm afastado destas grandes obras, sinalizando a “crescente precaução” da China no financiamento de grandes projectos e a aposta em projectos “pequenos e bonitos” e de grande qualidade, como disse o Presidente chinês, Xi Jinping, em Novembro do ano passado.

De acordo com a Fitch Solutions, uma das novas áreas prioritárias será a agricultura: “A África subsaariana, onde a agricultura, florestas e pescas representa quase 20 por cento do PIB, é um destino atractivo para o investimento da China, um país fortemente dependente de importação de alimentos e que procura aumentar a segurança alimentar através da diversificação”, lê-se no relatório.

O documento dá ainda conta da aposta na infraestrutura digital, não só na própria construção dos cabos de ligação à Ásia e Europa, mas também através de investimentos no capital de empresas tecnológicas africanas.

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