Gripe das Aves | Internado não queria isolamento mas tribunal obrigou-o

Um dos três comerciantes do Mercado Provisório do Patane, suspeito de estar infectado com vírus H7N9, não aceitou o isolamento imposto pelos médicos e recorreu aos tribunais. Os juízes deram razão aos Serviços de Saúde
O Tribunal de Segunda Instância (TSI) recusou um recurso apresentado por um dos três trabalhadores internados no hospital suspeitos de terem contraído o vírus H7N9. O recurso foi apresentado depois dos médicos terem declarado o isolamento obrigatório dos três doentes, decisão fundamentada pelo Tribunal Judicial de Base (TJB). Segundo o acórdão, “os três trabalhadores em causa recusaram o cumprimento das referidas medidas”, sendo que apenas um decidiu recorrer da decisão, “com o fundamento dos resultados negativos e da não manifestação da doença”.
Os juízes assumiram que o isolamento terá “prejudicado o interesse individual do recorrente”, mas lembraram que “esta doença tem alta letalidade” e representa grande perigo para a população em geral, sendo que não há certezas quanto ao período de incubação.
“Neste caso, os interesses prosseguidos, gerais, de saúde pública, de sociedade e da economia em geral, hão-de sobrepor-se, necessariamente, ao sacrifício de um cerceamento temporário da liberdade individual, de uma só pessoa, por um curto período de dez dias, ainda que numa época festiva muito importante”, lê-se no acórdão.
O TSI apontou ainda que “não há qualquer desproporção, visto os interesses em jogo, em função da natureza, gravidade e dimensão dos interesses concretamente sacrificados em dos direitos gerais, públicos e de saúde pública que têm de ser acautelados”.
O caso remonta ao passado dia 3 de Fevereiro, quando os técnicos do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) abateram dezenas de aves infectadas com o vírus da gripe H7N9, tendo os três trabalhadores do Mercado Provisório do Patane sido internados e sujeitos a isolamento. Os testes realizados confirmaram a ausência do vírus nestes doentes.

12 Fev 2016

Novo Banco Ásia | Lucros dobram mas “continuam a ser baixos”

José Morgado, presidente da Comissão Executiva do Novo Banco Ásia, garante que a instituição bancária poderia ter tido um melhor desempenho, apesar de ter registado lucros em 2015 de 4,7 milhões, o dobro face a 2014

Os resultados financeiros do Novo Banco Ásia relativos a 2015 foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) e mostram que a instituição bancária, uma subsidiária do Novo Banco em Portugal, registou lucros de 4,7 milhões de patacas, o dobro face a 2014. Apesar disso, os números revelam estabilidade e não um crescimento de maior dimensão como seria desejável, explicou ao HM José Morgado, presidente da Comissão Executiva do Novo Banco Ásia.
“Os resultados continuam a ser baixos, se compararmos com anos anteriores. Obviamente que dobraram o ano passado e isso é sinónimo de estabilidade, mas o potencial na Ásia é bastante maior e estamos a pensar que, de facto, podemos fazer ainda melhor”, disse José Morgado.
A curto prazo, o Novo Banco Ásia pretende manter a estabilidade que tem demonstrado. “Queremos manter a mesma linha de acção até que haja uma melhor definição relativamente àquilo que o Banco pretende fazer.”
Numa altura em que o processo de venda do Novo Banco continua por concluir, o Banco de Portugal escolheu o Deutsche Bank para ser o assessor financeiro deste processo. José Morgado não sabe se este impasse poderá ou não influenciar os planos do Novo Banco Ásia.
“Obviamente que as coisas estão ligadas, mas são um pouco complementares. Nós somos uma subsidiária do Banco em Portugal, nem sequer somos uma sucursal”, apontou.

Venda poderá acontecer

O presidente da Comissão Executiva da instituição bancária referiu ainda que “existem fortes possibilidades do Novo Banco Ásia ser vendido”. “Aparentemente a entidade supervisora europeia está a colocar como hipótese a venda, para que haja um esforço menor de capital numa altura em que o Novo Banco também está num processo de venda. Pelo que tenho lido, vai nesse sentido”, apontou José Morgado ao HM.
“O projecto na China é sempre interessante e, pelo que sei, a actual administração do Novo Banco queria manter esta situação porque a considerava estratégica. Continuo a achar que o projecto asiático tem muito potencial e tanto no passado como no presente existem alguns interessados na aquisição do Novo Banco, por isso pode ser que o processo evolua”, rematou.
Segundo o jornal Diário Económico, os principais bancos de Espanha, como é o caso do Santander, serão os principais interessados no segundo processo de aquisição do Novo Banco, incluindo o Banco Português de Investimento (BPI) e o seu accionista espanhol CaixaBank. O grupo chinês Fosun e a Apollo, gestora de fundos americana, e que já tinham participado na primeira tentativa de venda, poderão também estar na corrida para adquirir o Novo Banco.

12 Fev 2016

Annya Lai, estudante: “Macau é uma forma de poder ver o mundo”

Annya Lai é uma jovem estudante que nasceu do lado de lá das Portas do Cerco, mas isso não a impediu de transpor fronteiras para cá e sair da China que sempre conheceu, para descobrir o mundo. Deste pedaço de território onde se fala Português, Annya Lai garante que consegue ver tudo o resto.
“Desde que vim para Macau penso que posso ver mais do mundo e explorar mais coisas. Macau é um pequeno território mas tem muitos elementos… é a minha forma de poder sair da China para ver mais o mundo. Então penso que Macau é um bom lugar para mim”, contou.
Annya Lai sempre quis fazer todo o ensino superior na RAEM, mas acabou por frequentar a licenciatura de Comércio Internacional em Zhuhai. Hoje frequenta o Mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Macau.
Da Europa, esse continente do qual permanecem pequenos laivos em Macau, a estudante garante gostar da história e da cultura.
“Escolhi esta área porque achei que seria muito interessante. Na licenciatura estudei Comércio Internacional e achei que não era assim uma área que gostasse muito, então decidi mudar. Antes de entrar no mestrado não prestava muita atenção às questões europeias, mas comecei a gostar da história e da cultura. São as coisas que mais acho interessantes no continente. Macau também tem esse lado europeu, da mistura das culturas chinesa com a portuguesa”, referiu a estudante.
Annya Lai garante que Macau é uma boa cidade para viver uma vida mais tranquila. Embora não aposte nos casinos, a estudante diz gostar do ambiente. “Não jogo e não gosto, mas gosto do ambiente dos casinos, acho que é algo único. Mas não me quero envolver nesse ambiente. Gosto das atracções, é como se fosse uma cidade de sonho para muitas pessoas. Macau é um óptimo sítio para as pessoas que querem ter uma vida mais confortável.”
Num território onde o Jogo é rei, haverá algo que atraia os turistas mais do que apostar nas mesas dos casinos? Annya Lai garante que sim. “As pessoas do continente acham que Macau é um lugar muito tranquilo e dizem que esta é uma cidade agradável. A cultura e todos esse elementos de Macau atraem os chineses a vir cá antes de visitarem outras cidades do mundo. Para eles também é como se fosse uma janela para verem o mundo. Aqui eles desfrutam de um ambiente que é totalmente diferente do que existe na China continental”, apontou.
Apesar disso, Annya Lai acredita que é preciso fomentar a criação de mais actividades culturais. Estas são “muito importantes para Macau para fazer desta uma cidade mais diversa, sem estar muito ligada ao Jogo. Aqui já existe naturalmente um ambiente mais virado para a cultura, mas é preciso que as pessoas percebam isso. É preciso que compreendam que Macau tem este lado”.

Mudar a política

Annya Lai ainda não sabe o que quer fazer quando se especializar em Estudos Europeus. Talvez faça Gestão ou seja profissional de Relações Públicas. Uma coisa é certa: a estudante não vai virar costas a um desafio profissional no território, apesar de considerar que o mercado de trabalho poderia estar mais aberto a receber pessoas de fora, sobretudo os finalistas do continente.
“Na área da Educação, Macau tem muitos recursos para os estudantes e seria bom para o Governo criar mais oportunidades para os estudantes do continente. Para além disso, eles podiam usufruir dos frutos do esforço do Governo ao partilhar esses recursos. Há ainda muitas restrições no mercado de trabalho para as pessoas da China continental, mas talvez isso venha a mudar no futuro, porque Macau precisa muito de pessoas de fora e até do estrangeiro. Macau precisa de mais pessoas para que o mercado se diversifique”, considerou.
Quando olha para o seu país, Annya Lai vê uma sociedade mais aberta, onde as pessoas já assumem uma postura totalmente diferente do conservadorismo do passado.
“Desde que a China se desenvolveu, tanto os jovens, como os pais têm uma mentalidade mais aberta e querem que os seus filhos tenham uma educação no estrangeiro. Isso também faz com que os mais jovens estejam mais abertos. Isso é algo bom, o facto do país estar cada vez mais envolvido nas questões internacionais. Ainda há muitas pessoas com uma visão algo limitada e então são os jovens que tentam mudar a mentalidade e levar o país para o caminho certo em termos de desenvolvimento”, rematou.

12 Fev 2016

Hong Kong | Rixa em Mong Kok associada a movimento “Scholarism”

Começou por ser uma operação policial contra vendedores ambulantes de comida, mas acabou em violentos confrontos entre a população e a polícia, aos quais nem os jornalistas escaparam. A revolta ocorrida na zona de Mong Kok começa a ter contornos políticos, com a prisão de um membro do “Scholarism”

Na noite de terça para quarta-feira viveram-se momentos de terror nas ruas da zona de Mong Kok, em Hong Kong, num violento protesto como não se via desde 2014, ano em que o movimento Occupy Central ocupou o distrito financeiro da região vizinha. Os desacatos começaram com uma operação policial contra vendedores ambulantes, mas depressa grupos de pessoas manifestaram-se de forma violenta, cujos actos culminaram em 90 polícias feridos e dezenas de pessoas detidas, número que poderá aumentar, segundo o Executivo da região vizinha.
A operação da polícia desencadeou protestos entre os comerciantes e frequentadores da zona de Kowloon que, segundo a polícia, acabaram por lançar pedras, contentores e garrafas às forças de segurança. A polícia respondeu com gás pimenta e disparos de aviso.
O subcomandante da polícia de Hong Kong Crusade Yau Siu-kei disse ao jornal South China Morning Post que é provável que o protesto contra a polícia estivesse preparado e organizado porque, assegurou, os manifestantes tinham carros para transportar escudos, capacetes e luvas, entre outros objectos. A polícia já deteve mais de 60 pessoas, acusadas de ataque às forças de segurança, resistência à detenção, alteração da ordem pública e de obstaculizarem o trabalho policial. Os desacatos na rua duraram mais de dez horas, sendo que ontem a policia de Hong Kong ainda patrulhava o local.

“Scholarism” envolvido

Ontem os confrontos em Mong Kok começaram a estar associados ao movimento “Scholarism”, já que, segundo o jornal South China Morning Post, Derek Lam Shun-in foi preso. Derek Lam Shun-in pertenceu ao movimento Occupy Central e é membro do Scholarism, tendo sido apanhado pela polícia no Aeroporto Internacional de Hong Kong na manhã de ontem, acusado de ter incitado a rixa. Derek Lam Shun-in estaria a viajar para Taiwan para se juntar à família, sendo que os familiares terão regressado a Hong Kong assim que souberam da sua detenção.
Um comunicado publicado pelo “Scholarism” já veio negar esta acusação, dizendo que Derek Lam Shun-in estava em Mong Kok apenas para comprar comida aos vendedores ambulantes. “Ele deixou Mong Kok às 2h15 horas da manhã de terça-feira e não atacou nenhum política ou fez algo violento”, aponta o comunicado, que fala de uma detenção feita sem autorização judicial.
“Estamos profundamente indignados com o facto da polícia prender de forma indiscriminada um estudante, algo que significa um ataque aos direitos da pessoa e à sua liberdade de expressão. Até este momento o advogado não conseguiu contactar Derek de nenhuma forma. Pedimos à polícia que dê declarações sobre a situação do Derek e que autorize a sua libertação imediatamente. Nós, sem medo, vamos usar toda a nossa força para lutar nesta batalha ao lado do nosso membro Derek Lam”, lê-se no comunicado divulgado no Facebook.
Ao HM, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), acredita que podem existir ligações não directas ao “Scholarism” ou Occupy Central. “Podem existir elementos políticos por detrás do movimento. Não compreendo totalmente toda a situação, mas penso que a política será um dos motivos por detrás do que aconteceu”, disse Scott Chiang, que falou da possibilidade de “um número de pessoas terem recusado utilizar os canais normais para expressar a sua insatisfação e tomaram acções para mostrar ao Governo a sua posição política”.
“Podem ter tomado mais acções pró-activas ou diria violentas…em chinês chamamos de “locais” pró-activos, este tipo de pessoas convenceram-se que o pacifismo já não lhes serve desde o Occupy Central, e perceberam que talvez o facto de terem sido pacíficos fez com que o movimento tenha falhado. Penso que um grupo de pessoas se convenceu que deviam ser mais violentos ao lidar com o Governo, por isso vimos mais jovens a aderir à revolta, pareciam bem preparados. Não diria que já estavam organizados, mas sabiam o que estavam a fazer”, disse o presidente da ANM ao HM.
O South China Morning Post avançou ainda que depois da prisão de Derek Lam foi preso outro homem na zona de Sham Shui Po, sendo que a polícia terá descoberto cinco walkie-talkies em casa do suspeito.
Para além do “Scholarism”, o grupo “Hong Kong Indigenous” estará envolvido no caso, já que o seu líder, Edward Leung Tin-kei, referiu na sua página do Facebook ter sido preso acusado de estar ligado aos acontecimentos de Mong Kok. Edward Leung escreveu ainda que a polícia terá forçado a entrada em casa de outros alegados suspeitos, o que terá resultado na prisão de mais 20 pessoas.

CY Leung rejeita violência

Entretanto, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, já veio condenar os actos de violência, falando dos carros da polícia e de privados que ficaram danificados, para além dos agentes das forças de segurança que foram alancados com diversos objectos mesmo depois de já estarem caídos no chão e feridos.
“Penso que as pessoas poderão ver por si próprias nas imagens da televisão a seriedade da situação. O Governo condena com firmeza estes actos violentos”, afirmou.
Para Scott Chiang, CY Leung vai utilizar este episódio para garantir uma reeleição ao cargo de Chefe do Executivo, em 2017. “CY Leung usou este incidente para ter mais apoio, para que possa ter uma reeleição assegurada” defendeu o presidente da ANM.
Para o académico Larry So, o que aconteceu em Mong Kok não foi apenas por uma questão política. “Não se pode falar de um movimento puramente ideológico, diria que não foi um movimento político quando se transformou numa revolta, sem nenhuma ideia ou objectivo político por detrás disso. Numa primeira fase parecia planeado e organizado, mas não havia uma extensão. Uma mob deste género é irracional é um movimento colectivo”, defendeu.
Para o futuro, Larry So acredita que “mais acontecimentos deste género podem ocorrer, este tipo de descontentamento pode voltar a aparecer junto da sociedade. Se Hong Kong consegue suportar isso? Sim, mas terão de pagar um preço”, rematou. Scott Chiang acredita que “a situação se vai tornar mais polarizada”, frisou.

11 Fev 2016

Conselho Executivo | Centro de condução com novas regras

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Conselho Executivo já analisou as mudanças a implementar no funcionamento do Centro de Aprendizagem e Exames de Condução, através das alterações ao seu regulamento administrativo. O centro passará assim a funcionar entre as 7h00 e as 21h00, podendo o seu período de funcionamento ser prolongamento caso a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) assim o entenda. O novo regulamento diz que o centro “apenas pode ser utilizado pelo instruendo em fase de aprendizagem de condução, ou quando se encontre a prestar a prova prática do exame de condução, sendo exigidas, na utilização do centro, a posse de licença de aprendizagem válida e a presença de um instrutor no local, devendo ambos cumprir os procedimentos e as orientações indicados pelo pessoal da DSAT ali destacado”.
Os utentes vão passar a pagar taxas para a utilização do centro de aprendizagem e condução, sendo que quem não cumprir as regras poderá ser alvo de uma multa entre 500 a 2000 patacas. Cabe à DSAT a gestão do centro. O objectivo destas alterações é “melhorar a gestão e assegurar um funcionamento eficaz do Centro de Aprendizagem e Exames de Condução”.

10 Fev 2016

H7N9 | Comerciantes livres do vírus

Os três trabalhadores da banca onde estavam 15 mil aves contaminadas com o vírus H7N9 estão livres de perigo. Hong Kong já está a avaliar eventual perigo de contágio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s testes efectuados aos três trabalhadores que estavam no mercado provisório do patane confirmam que não estão contaminados com o vírus da gripe das aves H7N9. Um comunicado emitido ontem pelos Serviços de Saúde (SS) confirma os resultados positivos, bem como a obrigatoriedade de isolamento dos doentes para os próximos dez dias. “Os SS continuarão a acompanhar o estado de saúde destas pessoas e ainda não foi detectado qualquer sintoma”, explicaram.
Recorde-se que na noite de ontem foram abatidas cerca de 15 mil aves que estavam contaminadas com o vírus H7N9 no mercado, tendo as autoridades de Macau suspendido a importação de aves da China interior, até ser confirmada a origem do vírus detectado no mercado temporário de Patane. O vírus foi detectado quarta-feira à tarde numa “amostra do ambiente” do mercado (e não num animal), junto à banca de venda número 158, que vendia aves importadas de Gaoming, no sul da China.
As autoridades estão também a tentar contactar três vendedores do mercado onde foi encontrado o vírus para os colocar em isolamento, mas sublinharam não haver notícia de qualquer pessoa com sintomas de gripe ou suspeita de infecção com o vírus. Por outro lado, as autoridades vão proceder à limpeza e desinfecção do local e do mercado abastecedor.

A tempo da festa

O presidente do IACM disse esperar que as aves vivas possam voltar a ser vendidas em Macau no dia 6, ainda a tempo de serem compradas e consumidas nas festividades do Ano Novo Chinês (a partir do dia 8), permitindo assim à população cumprir uma das grandes tradições da época.
Macau não registou até hoje qualquer caso de contágio humano com o H7N9, mas em Março de 2014 o território abateu 7.500 aves por ter sido detectado o vírus num lote de galinhas vivas oriundas de Zhuhai, uma cidade chinesa adjacente. Na altura, as autoridades proibiram a importação de aves vivas durante 21 dias.
Entretanto os inspectores de saúde de Hong Kong estão a investigar se o mesmo fornecedor do interior da China abastece a cidade. O Secretário para a Alimentação e Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man, disse ontem que está preocupado com o incidente, mas acrescentou que a situação daquela região era diferente da de Macau, segundo o jornal South China Morning Post.
Ko Wing-man afirmou que, ao contrário de Macau, a empresa de Guangdong não fornece galinha amarela a Hong Kong, mas fornece outras carnes à antiga colónia britânica. “Às vezes ainda nos fornecem galinha amarela, mas vem de Hainan”, disse Ko Wing-Man à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). “O risco é relativamente baixo”, acrescentou.

10 Fev 2016

Hélder Beja, sub-director do Rota das Letras: “Vamos ter Bocage neste festival”

Com mais autores de língua inglesa, a quinta edição do festival Rota das Letras mostra que a internacionalização é o caminho a seguir, bem como o reconhecimento aos clássicos autores chineses e portugueses. Hélder Beja garantiu que, a par de Camilo Pessanha, também Bocage será recordado

[dropcap]U[/drocpap]ma ideia pensada desde o inicio transforma-se cada vez mais em realidade. A quinta edição do festival literário Rota das Letras começa também a pensar nos autores ingleses vindos de vários lugares do mundo e com diversos tipos de escrita. Jane Camens, da Austrália, Bengt Ohlsson da Suécia e Jordi Punti de Espanha são alguns dos nomes que provam isso mesmo. Pelo meio, Macau vai receber dois poetas filipinos, Ângelo R. Lacuesta e Mookie Katigbak Lacuesta, por forma a responder a uma das maiores comunidades aqui residentes.

Ao HM, Hélder Beja, sub-director e programador do festival Rota das Letras, fala de um encontro que se irá pautar ainda mais pela diversidade de palavras e de ideias. “Ao fim de duas edições começámos a perceber que era o que fazia sentido, avançar para um modelo que fosse ao encontro dos autores de língua chinesa e portuguesa, mas que se estende a outras nacionalidades”, disse em entrevista.

“Queremos posicionar o festival como sendo verdadeiramente internacional, para conseguirmos estar a par de outros festivais e fazer parcerias. A ideia de responder a outras comunidades existe, mas não é a dominante. Queremos trazer autores de outras proveniências e tornar o festival cada vez mais rico”, apontou Hélder Beja.

Para fazer esta edição, a direcção do festival decidiu desafiar Rui Zink e Lolita Hu, autores convidados de anteriores edições, para serem “padrinhos” e escolherem alguns escritores. Foi Rui Zink, por exemplo, que propôs o nome de Bengt Ohlsson.

“Vamos abrir a discussão a outras nacionalidades e a outras literaturas, que também são bastante ricas. Na Europa do Norte são mais conhecidos pelos trillers, por exemplo, e isso pode ser um processo importante para Macau”, garantiu Hélder Beja.

Parcerias a caminho

Se no início caminhava sozinho para construir um evento que une várias culturas, hoje o Rota das Letras é cada vez mais contactado por outras entidades do meio literário para parcerias e participação de escritores. Foi o que aconteceu com Jordi Punti e Owen Martell, por exemplo. “É uma coisa que nos vem acontecendo cada vez mais, e são solicitações que não implicam investimento da parte do festival. Com diferentes nuances conseguimos encontrar uma forma inteligente de internacionalizar o festival, sem queimar muitos recursos”, explicou o sub-director do evento.
Do lado luso, o destaque vai para Matilde Campilho, a jovem autora que foi a que mais livros vendeu no Festival Literário do Paraty, no Brasil. Nascida em Lisboa, Matilde viveu no Rio de Janeiro e os seus poemas ousam misturar palavras em inglês com o português de Portugal e do Brasil.

“Antes de ela ter o brilharete em Paraty já tínhamos pensado nela. Quando as notícias do Paraty saíram, tomámos uma decisão. Há uma nova geração de poetas da qual ela é apenas uma das representantes, mas acho que faz sentido. Ela é a grande estreia da literatura dos últimos anos”, confessou Hélder Beja.

Apostar nos clássicos

A quinta edição do Rota das Letras vai recordar Camilo Pessanha, autor intimamente ligado a Macau, com a presença de Paulo Franchetti, Daniel Pires e Pedro Barreiros, académicos que estudaram os poemas de Pessanha. Mas a ideia é lembrar também o poeta português Bocage.

“Bocage esteve em Macau e estamos a preparar alguma coisa, que vamos avançar em breve. Vai haver Bocage neste festival”, garantiu Hélder Beja.

Lembrar os clássicos será uma nova aposta do Rota das Letras. “Não pensamos em fazê-lo todos os anos, mas quando houver um motivo muito óbvio iremos fazê-lo. O festival tem de ter esse papel, mas temos de trazer para o presente autores que estiveram em Macau ou que têm uma relação com Macau, e que estão um pouco caídos no esquecimento. Vamos fazer esse trabalho para o Pessanha e Bocage, por exemplo, mas também para outros autores de língua chinesa”, disse o sub-director.

Luís de Camões, autor também ligado a Macau, será também recordado com o espectáculo de António Fonseca, que fará um monólogo com os poemas de Os Lusíadas. “O festival volta às artes de palco, o ano passado não teve em português, este ano vai ter com um monólogo. É notável poder ver um homem que decorou os Lusíadas todo. Acho que vai ser um momento bonito deste festival”, considerou.

O regresso ao Fado

Depois dos concertos de Camané e Aldina Duarte, a direcção do Rota das Letras sentiu que tinha de regressar ao tradicional Fado, com a presença de Cristina Branco. “Tínhamos de voltar ao Fado, e em cinco edições vamos ter três com Fado. O maior desafio é inovar, mas também diversificar. Do lado chinês tivemos uma movida mais jovem o ano passado, mas para o ano podemos trazer de novo um rapper ou um cantor de intervenção, por exemplo”, referiu.

Prestes a estabelecer uma parceria com o Festival Literário Internacional de Hong Kong, o Rota das Letras cada vez mais atravessa fronteiras, mas ainda não atingiu a desejada maturidade. “Ainda há muito para fazer, acho que o festival caminha para a maturidade, mas ainda não chegou lá. O festival precisa de uma estrutura que acompanhe o festival ao longo do ano, ainda mais profissionalizada”, rematou Hélder Beja.

10 Fev 2016

Ensino superior | GAES admite necessidade de mudanças na estrutura

O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), admitiu, em resposta à interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, que são necessárias à sua estrutura organizacional e funcionamento. “Confrontado com uma nova carga, especialmente pesada, de novos trabalhos, há agora uma necessidade mais urgente do ajustamento da estrutura e das funções organizacionais do GAES”, lê-se na resposta.
“O Gabinete está a elaborar o plano do desenvolvimento a médio e longo prazo na área do ensino superior”, sendo que o GAES pretende fazer um “acompanhamento mais abrangente e eficaz na implementação e concretização das respectivas políticas”.
Quanto à criação de um regime de avaliação das universidades locais está a ser criado “com dinâmica”, “iniciando-se de modo ordenado os trabalhos preparatórios dos diversos aspectos desta matéria”. Em Dezembro o deputado questionou o Governo sobre a necessidade de alterar a estrutura de funcionamento do GAES, por forma a responder à nova Lei do Ensino Superior, actualmente em análise na especialidade na Assembleia Legislativa.

4 Fev 2016

Ex-sócio de associação de médicos de língua portuguesa denuncia uso indevido de dinheiros públicos

José Gabriel Lima, médico e ex-sócio da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau, acusa a entidade de ter usado de forma indevida dinheiros públicos na realização de um congresso em 2011. Rui Furtado, ex-presidente, nega tudo

A única lista candidata à direcção da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM), encabeçada por Jorge Sales Marques, vai hoje a votos, mas persistem problemas advindos da anteriores direcção. José Gabriel Lima, médico vogal do Conselho Fiscal da AMLPM, enviou uma carta ao HM onde acusa a anterior direcção, liderada por Rui Furtado, de usar de forma indevida dinheiros públicos.
“A existência da AMLP veio a conduzir a um clima de grande conflitualidade perante questões graves que foram fruto do modo como foram utilizados donativos ou subsídios de entidades públicas durante a I Conferência Internacional de Medicina de Macau-China e Países de Língua Portuguesa, que teve lugar em Novembro de 2011”, escreveu o médico na carta.
José Gabriel Lima fala de “actos” cometidos durante o congresso, tais como a “falta de critérios nos convites efectuados”. A carta fala da inclusão de “membros de família e amigos pessoais” de médicos, “a atribuição generosa de ‘pocket money’ muito acima do que é praticado em idênticas situações, a entrega de dinheiro em cash, o pagamento de passagens em classe executiva a pessoas que viajaram e o facto de terem sido desdobradas em viagens de classe económica para permitir ou facilitar a inclusão dos cônjuges no passeio turístico a Macau”. josé gabriel lima
José Gabriel Lima garante que depois destes actos as contas não foram aprovadas pelo Conselho Fiscal, tendo os valores sido chumbados em assembleia-geral de Junho de 2012. Para além disso, houve uma demissão dos órgãos sociais e marcação de novas eleições marcadas para daí a três meses.

Dinheiro devolvido

José Gabriel Lima acabaria por se afastar da AMLPM em Agosto de 2012 “com o propósito de demarcar-se do que se passava e para a salvaguarda do direito ao bom nome”, falando da “recusa ao diálogo por parte da direcção da associação, com impedimentos do legítimo acesso dos associados à acta da assembleia-geral”.
Segundo o médico, a associação teve de “passar a vergonha de ser intimida” a devolver centenas de milhares de patacas à Fundação Macau (FM) e Serviços de Saúde (SS)
A carta de José Gabriel Lima faz ainda referência à polémica das eleições ocorridas esse ano, em que Jorge Humberto foi candidato e se queixou da falta de acesso a uma lista actualizada de sócios para realizar a campanha. Recentemente o Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão a Jorge Humberto e anulou o recurso apresentado por Rui Furtado.
José Gabriel Lima considera que esse caso levou a uma “violação da cultura de honestidade que constitui as bases do exercício da profissão médica”. Sobre as eleições de hoje, o médico espera mudanças. “Desejo que quem venha a liderar os destinos da AMLPM lute pelo prestígio seriamente abalado da medicina de matriz portuguesa nestas paragens”, escreveu.
Ao HM, José Gabriel Lima garantiu que a divulgação desta carta no dia das eleições prende-se apenas com a denúncia de “coisas que não estavam bem”. “Foi toda uma sequência da minha renúncia e da eleição de Jorge Humberto, em que as coisas não foram muito transparentes. Achei que tinha de marcar uma posição”, explicou.

Rui Furtado nega tudo

Confrontado com a carta pelo HM, o presidente cessante da AMLPM, Rui Furtado, negou todas as acusações. “As contas foram aprovadas, não houve utilização indevida de dinheiros públicos, todos os actos do congresso foram decididos em reunião de direcção, e portanto não houve má gestão dos dinheiros. O que se passou é que houve uma queixa anónima para os SS e para a FM, sendo que pelos vistos neste momento já se conhece o autor da carta. Entregámos a gestão do congresso a uma empresa que nos disse que, como já tinham passado dois ou três meses, não tinha documentos. Então não conseguimos comprovar algumas das contas que iam ser apresentadas à FM, pelo que foi essa a razão por que tivemos que devolver o excesso do montante”, apontou Rui Furtado.
O médico aponta o dedo a José Gabriel Lima, a quem acusa de ser “talvez o principal responsável das dificuldades que a associação teve enquanto existiu e existe”. “Ninguém se apoderou de dinheiros públicos e as contas estão à vista de toda a gente. Limito-me a esperar e ver se tomaremos algumas medidas nos meios legítimos contra essa carta”, rematou o presidente cessante da AMLPM.

4 Fev 2016

Trânsito | Relatório defende partilha e licença especial para veículos

Um relatório elaborado por quatro funcionários públicos, vencedor de um concurso dos SAFP, defende a partilha de veículos e implementação de uma licença especial de utilização. O documento diz que o Governo deve ir além do aumento de lugares nos parques de estacionamento

[dropcap]U[/dropcap]m relatório elaborado por quatro funcionários públicos defende que o Governo deve atingir três objectivos para melhorar o sistema de transportes em Macau. Intitulado “Como melhorar o ambiente de trânsito em Macau para se articular com o posicionamento de centro mundial de turismo e lazer”, o documento venceu o concurso “plano sobre criatividade dos funcionários públicos no trabalho”, promovido pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Tong Chon Kit, Chao Pou Chu, Chan Iok Teng e Chan Weng Kei, que trabalham na Direcção dos Serviços das Forças de Segurança, defendem a criação de uma licença especial para a posse de veículos, segundo o documento ao qual o HM teve acesso. “Quanto à limitação do aumento de carros, podemos adoptar uma “licença para possuir um veículo”, regulando o número de residentes que precisam desta licença através de um sorteio. Podemos ainda estabelecer o sistema de “sobretaxa de licença de veículos”, sendo que os condutores que cumprirem a lei poderão ter uma diminuição dos impostos. Pelo contrário, os condutores que violem a lei terão de pagar mais”, pode ler-se.

Os autores acreditam que o Executivo pode ainda “estabelecer o plano de desistência dos veículos para reduzir o número de carros”, sendo que, para os condutores que possuírem a licença especial e queiram desistir de conduzir podem ter uma “compensação pecuniária”. Estas medidas poderiam, para os autores, “acelerar o processo de diminuição de veículos”.

O relatório aponta ainda para a necessidade de implementar o conceito de “partilha de veículos”, o que “poderia reduzir o número de carros nas ruas e melhorar a situação de transporte”. Os funcionários públicos acreditam que poderiam ser criados cursos no ensino superior para que “possamos ter especialistas que dominem (a área do trânsito e transporte)”.

Compensar os taxistas

Ao nível do transporte público, o relatório pede que o Governo faça uma consulta pública sobre o assunto, frisando a necessidade de criar políticas para atrair condutores.

“Em relação ao crescimento do nível dos serviços de transporte, deve ser feita uma formação a condutores de forma unificada e estabelecer algumas medidas para assegurar as suas regalias e atrair mais condutores para o preenchimento de vagas”, lê-se.

Quanto aos táxis, os autores garantem que com mais compensações os taxistas poderão fazer um melhor trabalho. “Pode ser feita uma melhoria do sistema de táxis através do estabelecimento de uma compensação para os taxistas, uma monitorização dos táxis e uma maior formação. Com estas medidas a fiscalização dos táxis será melhor e podemos melhorar o fenómeno da violação da lei”, refere o documento.

Os funcionários públicos acreditam que não basta analisar o número de lugares disponíveis nos parques de estacionamento para melhorar o trânsito. “O problema de transportes em Macau é muito sério e para resolver este problema o Governo deve fazer mais esforços e insistir, em vez de apenas aumentar os lugares nos parques de estacionamento. Esta não é uma solução fundamental”, conclui o relatório.

Os prémios foram conhecidos em Setembro e foram membros do júri os docentes Wang Jianwei, da Universidade de Macau (UM), Lou Shenghua, do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Helena Lo, do Instituto de Formação Turística (IFT).

4 Fev 2016

Semana Dourada | Governo espera o mesmo número de turistas de 2015

Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, diz esperar cerca de um milhão de turistas em Macau durante a Semana Dourada. Apesar da já elevada taxa de ocupação hoteleira, especialistas do sector garantem que o consumo no sector do retalho pode baixar e antevêem problemas com os táxis

É já para a semana que as ruas de Macau vão voltar a encher-se por ocasião da Semana Dourada do Ano Novo Chinês do Macaco, mas o número de turistas não deverá ser superior ao registado em 2015. A garantia foi dada ao HM por Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST).
“A nossa expectativa é termos o número de visitantes semelhante ao ano passado. Mesmo que haja um aumento deve ser muito leve, na ordem de 1%, na melhor das hipóteses. Este vai ser um ano difícil para fazer previsões, estamos optimistas, mas também temos uma postura mais conservadora”, apontou.
Helena de Senna Fernandes garantiu que o território está preparado para acolher um número elevado de visitantes. “Não esperamos muitos mais turistas, e neste momento temos infra-estruturas suficientes, mas há sempre possibilidades para melhorar. Temos estado a trabalhar com a polícia e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para saber quais as áreas em que podemos melhorar”, revelou.
Para este Ano Novo Chinês o objectivo é atrair turistas de longa duração. “Estamos a fazer todos os possíveis para que os turistas fiquem mais dias. Macau tem muitas atracções nesta quadra festiva e estamos a envidar todos os esforços para tentar fazer com que as pessoas fiquem por mais tempo. Esse vai ser o nosso alvo este ano e também para o futuro”, disse Helena de Senna Fernandes.
Também Anthony Wong, docente do Instituto de Formação Turística (IFT), não espera grandes alterações. “Espero o mesmo número de turistas este ano. Se olharmos para o número de turistas em 2015 (por comparação a 2014), o decréscimo foi pouco”, disse.
Frederick Yip Wing Fat, presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau, garantiu ao HM que a maioria dos quartos de hotel de Macau já estão reservados entre o terceiro e o sétimo dia do Ano Novo Chinês. Tendo em conta a realização de concertos, Frederick Yip Wing Fat espera um aumento de turistas na próxima semana, mas não muito elevado.
Manuel Wu Iok Pui, director-geral da agência Macau Explorer Cultural Travel, e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, confirmou que o terceiro dia do Ano Novo Chinês vai ser o feriado com mais visitantes.
“As reservas dos quartos de hotel vão estar cheias, e mesmo que este ano não seja tão bom como nos anos passados, Macau ainda é um dos locais preferidos para viajar”, explicou.

Mais abusos de taxistas

Anthony Wong acredita que no sector do retalho o consumo de produtos de luxo pode sofrer uma quebra, estimando que, para os casinos, esta semana não trará grandes mudanças.
“O tipo de jogadores mudou e há menos jogadores no sector VIP e mais jogadores no mercado de massas. Pode verificar-se um decréscimo, vão continuar a jogar, mas não como nos anos anteriores. Os casinos vão continuar a sofrer no Ano Novo Chinês”, defendeu.
Em termos de capacidade de acolhimento, o docente do IFT considera que “não houve grandes melhorias, no geral”. “As coisas não mudaram muito em termos de infra-estruturas, desde que haja o mesmo número de turistas a visitar Macau, os mesmos problemas vão continuar a verificar-se. Provavelmente o excesso de tarifas cobradas pelos taxistas vai continuar a ser um fenómeno comum”, disse.
Também Frederick Yip Wing Fat diz que os abusos cometidos pelos taxistas deverão aumentar. “Quando há mais turistas não podemos excluir a possibilidade de que mais facilmente as ilegalidades aconteçam. Só podemos esperar que os turistas ajam da melhor forma porque sei que as autoridades policiais também têm sido rigorosas a combater o problema”, referiu.
Apesar disso, o presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau acredita que Macau ainda não atingiu um ponto de saturação. “Não considero que haja grandes problemas entre os visitantes e os cidadãos, porque as fases em que recebemos um grande número de turistas não acontecem sempre. Apenas entre o terceiro e o sétimo dia do Ano Novo Chinês haverá um movimento maior”, considerou.

Especialistas pedem melhores infra-estruturas

“É possível aumentar a qualidade”

Manuel Wu Iok Pui considera que o sector do turismo pode focar-se em atrair mais visitantes oriundos do sudeste asiático, para além do interior da China. “Agora existem muitos voos baratos entre países do sudeste asiático e Hong Kong, e a vontade de visitar Macau aumentou por causa disso. Recentemente conheci muitos turistas que chegaram a Macau por via destes voos baratos”, frisou.
“É possível aumentar a qualidade de turismo em Macau. É necessário melhorar as instalações públicas, bem como realizar mais actividades características dos bairros comunitários. Temos uma grande quantidade de turistas mas não são de qualidade. É importante atrair turistas com um nível cultural maior, porque isso também afecta os cidadãos locais”, apontou.
Frederick Yip Wing Fat defende que, para Macau ser considerado um destino turístico internacional, terá de melhorar o serviço gratuito Wifi Go e distribuí-lo por mais locais no território. O responsável disse ainda que a parada do Ano Novo Chinês a realizar-se na zona norte pode ser uma boa actividade para afastar os turistas do centro da cidade. “As actividades podem distribuir os visitantes para outras zonas, que podem estar em roteiros turísticos promovidos pela DST. Acredito que os turistas escolhem passear por essas zonas e não apenas no centro”, rematou.
Manuel Wu Iok Pui destacou a realização do Festival de Luzes, defendendo a realização de mais workshops de artesanato e história para os turistas. “Estas actividades podem revelar um outro lado de Macau e não afectam a vida dos cidadãos”, disse.

3 Fev 2016

Centro de doenças | Alguns moradores falharam visita do Governo

Alguns dos moradores que estão contra a construção de um novo centro de doenças infecto-contagiosas junto ao hospital S. Januário optaram por não visitar as instalações a convite do Governo. Cheong, porta-voz dos residentes garante que estão à espera de reunir com Alexis Tam

A visita organizada pelos Serviços de Saúde (SS) às unidades de isolamento do hospital Conde de São Januário e ao novo Centro de Saúde Pública em Coloane passou ao lado de alguns moradores que estão contra a construção do centro de doenças infecto-contagiosas. Os residentes de um de quatro edifícios localizado junto ao futuro centro optaram por não estar presentes, segundo confirmou ao HM Cheong, porta-voz de um movimento criado no Facebook e que conta com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Cheong garantiu que alguns residentes optaram por esperar pelo encontro com Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em vez de conhecerem de perto as instalações. Esta reunião ainda não tem data para acontecer, disse Cheong, que simplesmente disse “não ser o momento certo” para visitar as instalações de saúde. O grupo está ainda a ponderar entregar uma carta à Organização Mundial de Saúde (OMS), caso o encontro com o Secretário não seja frutífero.
Os SS reservaram os dias de sexta-feira e segunda-feira para alunos, pais e directores do Colégio Santa Rosa de Lima, enquanto que o domingo ficou reservado para os moradores, que foram notificados da visita por carta.

Sem reservas

Segundo um comunicado dos SS, o reitor do Colégio de Santa Rosa de Lima, Ieong Chi Chau, terá dito que “até ao momento não recebeu nenhuma opinião negativa ou de contestação apresentada pelos pais dos alunos sobre a construção do edifício de doenças transmissíveis”.
Para além disso, o reitor do colégio disse que a visita “permitiu conhecer melhor os procedimentos de execução dos trabalhos de prevenção e controlo de doenças transmissíveis”, tendo sugerido aos SS que “reforce a divulgação das respectivas informações ao público”.
Cerca de 20 professores e trabalhadores da secção chinesa e da creche do colégio visitaram as instalações, tendo o director dos SS, Lei Chin Ion, garantido que o Governo pretende fazer um esforço “na actualização e aquisição de materiais e na criação de instalações provisórias” caso surja uma nova epidemia no território.

3 Fev 2016

Jogo | Cali Group fechou mais duas salas VIP em Janeiro

A associação Forefront of Macau Gaming confirma o fecho de mais duas salas VIP operadas pelo Cali Group, que também opera salas em Manila, Filipinas. Analistas corroboram tendência do fecho de mais salas, com Grant Govertsen a estimar uma queda do sector VIP em 12%

Ieong Man Teng, líder do grupo Forefront of Macau Gaming, confirmou ao HM o fecho de duas salas VIP da empresa junket Cali Group, as quais operavam no casino do Grand Lisboa e do City of Dreams. Desde 2012 que o grupo opera quatro salas VIP em Macau, sendo que as restantes continuam a funcionar no MGM e no Galaxy.
O líder da associação que luta pelos direitos dos trabalhadores do jogo revelou ainda que uma parte dos funcionários das salas deverão trabalhar nas salas que o Cali Group já opera em Manila, capital das Filipinas. Aqueles que não quiserem mudar-se para as Filipinas serão despedidos.
Segundo Ieong Man Teng, o Cali Group funcionará com base no modelo de investimento com “depósitos em dinheiro” semelhante à Dore, mas como o sector VIP está em quebra, os juros mensais baixaram de 1,5% para 1%.
O HM contactou três analistas que não se mostraram surpreendidos com a notícia. Grant Govertesen, analista do Union Gaming Group, apontou uma baixa no sector VIP de 12% para este ano.
“Duas salas é obviamente um número muito pequeno se tivermos em conta toda a Macau, mas estimamos que para 2016 haja o fecho de mais salas ou mesas. Prevemos que o sector VIP sofra uma quebra de 12% em 2016”, disse o analista, falando de um crescimento no mercado de massas para este ano. “As receitas de 2016 vão ser mais estáveis do que em 2015”, revelou.
Para o economista Albano Martins, o fecho das duas salas do Cali Group são reflexos do ano que ainda agora chegou ao fim.
“Parece-me normal que no início do ano haja ainda reflexos de coisas decididas no ano anterior, e no primeiro trimestre deste ano ainda irá cair muita coisa que foi decidida o ano passado”, apontou ao HM.
Albano Martins lembrou que as novas regras adoptadas pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) para a operação dos junkets pode ditar alguns encerramentos.
“É natural que algumas dessas salas acabem por fechar porque acredito que as autoridades vão ser muito mais pró-activas em termos de fiscalização e alguns desses promotores não vão satisfazer os requisitos mínimos das autoridades e vão ter necessariamente que fechar. Qual é o reflexo que isso pode ter no Jogo? Nunca será positivo em termos de receitas, será sempre negativo em termos de receita bruta gerada ao longo do ano. Vamos ver como é que isso não põe em causa o que se diz do facto do Jogo estar a estabilizar. O comportamento do primeiro trimestre pode-nos indicar se de facto está a estabilizar ou não. Dois meses não é representativo, por isso vamos aguardar até Abril”, explicou.

Investir nas Filipinas

Tal como o Cali Group, muitas empresas junket estarão a jogar todos os trunfos em novos mercados de Jogo, como é o caso das Filipinas. Ainda assim, Grant Govertsen garante que o negócio ainda não tem o sucesso que Macau já registou.
“As Filipinas estão a capturar estas mesas e salas VIP, mas penso que o casino nas Filipinas não está a ter um extraordinário desempenho, e talvez os junkets venham a perceber que transferir as operações para Manila pode não trazer grandes mudanças para o negócio”, apontou.
Kuok Chi Chong, presidente da Associação de Mediadores de Jogo e Entretenimento de Macau considera que o fecho das duas salas é normal.
“O Cali Group fechou duas salas VIP em Macau, porque sabemos que agora os negócios não são bons e precisam de cortar nos custos, bem como fazer uma melhor distribuição dos funcionários. Esta empresa criou o negócio das salas VIP em Manila, então é normal que queira diminuir o investimento em Macau e aumentá-lo nas Filipinas”, apontou ao HM.

Malditos vistos

Kuok Chi Chong lembra ainda que há uma tendência cada vez mais visível do fecho de salas VIP, mas garante que tudo depende da procura do mercado nos próximos tempos.
“No estrangeiro há uma menor exigência em termos de vistos de viagem para os turistas do interior da China. Em Macau é mais difícil. Este factor pode fazer com que uma parte dos clientes optem por se divertir fora de Macau”, disse.
O presidente da associação considera ainda que é necessário analisar “de forma racional” a questão da proibição do tabaco e a sua influência no sector VIP. Kuok Chi Chong citou uma notícia publicada no interior da China sobre o aumento do número de fumadores, o que pode originar um conflito para quem visita Macau.
“Se esta situação continuar é possível que os jogadores deixem Macau para procurarem entretenimento noutros locais, onde há uma maior liberdade para fumar”, rematou.

2 Fev 2016

BIR | Cônsul-geral sugere mudanças no valor dos requisitos salariais

Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, reuniu ontem com o Secretário para a Segurança e sugeriu que os comprovativos salariais para a obtenção do BIR tenham como base a média salarial de 15 mil patacas. Governo diz que não mudou a estratégia

Macau e Portugal limaram ontem algumas arestas quanto à atribuição do Bilhete de Identidade de Residente (BIR) a portugueses, depois do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) ter levantado a questão da exigência dos extractos bancários e limites salariais. Num comunicado emitido pelo Consulado-geral de Portugal em Macau, pode ler-se que tanto o cônsul-geral, Vítor Sereno, como o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, confirmaram “não ter havido qualquer mudança estratégica da política de atribuição de residência aos cidadãos portugueses”.
Vítor Sereno terá sugerido que “seja avaliada a possibilidade do cumprimento desse requisito (condições sócio-económicas) ser efectuado através de uma declaração da entidade patronal referente a esses rendimentos, os quais se devem alinhar com a mediana dos auferidos pelos residentes, por volta das 15 mil patacas”. A carta entregue ao cônsul-geral pelo CCP aponta para exigências salariais dos Serviços de Migração na ordem das 25 mil patacas.
Em relação à polémica com a exigência dos extractos bancários, foi referido que “quando os Serviços de Migração verificam qualquer mudança na relação laboral, torna-se imperiosa a prova do pagamento dos vencimentos declarados originariamente. Não sendo possível por outra forma, foi solicitado que, em abono do interesse do particular, (a prova) seja feita por via dos movimentos bancários”, aponta o comunicado.
O ano passado apenas quatro pedidos de residência foram negados por “incumprimento grosseiro” dos requisitos, tendo sido aprovados um total de 127 requerimentos. Em 12 anos houve uma taxa de aprovação dos pedidos de 94%, sendo que o actual tempo médio para a atribuição do BIR é de 76 dias, e de 25 dias o período necessário para a renovação.
Quanto ao número de portugueses com blue card, foram concedidos 97 o ano passado, pelo facto de existir uma “necessidade premente de iniciar funções laborais”. Wong Sio Chak confirmou que “tais circunstâncias não serão impeditivas da constituição, em simultâneo, do processo normal de obtenção do BIR”.
Wong Sio Chak terá dito ainda que vai empenhar-se para que “na observância dos preceitos legais, os cidadãos portugueses continuem a ser bem-vindos nesta RAEM e com ela colaborar”.

Lei é cumprida

Numa resposta enviada ao HM, os Serviços de Migração da Polícia de Segurança Pública (PSP) garantem que cumprem os requisitos previstos na lei de 2003, relativa aos “Princípios gerais do regime de entrada, permanência e autorização de residência”.
“Para o pedido de autorização de residência por razões de trabalho deve o interessado apresentar prova através de contratos ou declarações de trabalho, a fim de demonstrar que dispõe de recursos financeiros ou capacidade de subsistência e se, assim, atende aos requisitos do custo de vida em Macau”, garantiu a PSP ao HM.
O Executivo diz estar atento não apenas à política de atracção de talentos mas também aos factores “custo de vida” ou “objectivos de desenvolvimento social”. A PSP diz ainda que, sempre que necessário, “será exigida a apresentação de outros documentos adicionais para melhor apreciação do pedido e aprovação deste”. Os serviços nada disseram quanto à exigência de limites salariais de 25 mil patacas.

2 Fev 2016

Teatro Capitol | Vendilhões ainda não foram despejados

Os cinco vendilhões que terão de sair do interior do Teatro Capitol ainda não foram despejados pelo proprietário. Ao HM, a senhora Leong, uma das filhas da família de comerciantes, confirmou que o negócio é para continuar enquanto decorrer o processo judicial, apesar de ter sido exigida a sua saída até Novembro do ano passado.
“Continuamos com os nossos negócios porque não recebemos nenhuma novidade da comissão de gestão. Sei que a comissão de gestão reuniu em meados de Janeiro, mas não sabemos de nada. Pararam o processo de despejo porque pedimos ajuda a pessoas conhecidas como o deputado Chan Meng Kam e falamos com jornalistas. A associação de Chan Meng Kam já nos disse que nos ajudavam a chegar a um acordo, mas não fiz porque o deputado revelou estar preocupado”, contou a senhora Leong.
Os cinco vendilhões enfrentam novo processo por difamação por terem colocado cartazes à porta do Teatro Capitol a criticarem o processo de despejo. William Kuan é o homem por detrás do projecto de renovação do Teatro Capitol, sendo que há 20 anos que esta família de comerciantes aluga cinco espaços para vender comida rápida e sumos a turistas. Os proprietários alegam agora que os vendilhões estão a ocupar o espaço público e terão de sair.

2 Fev 2016

Reportagem | Homossexualidade, o tabu quase visível

Ser gay ou lésbica em Macau é hoje mais fácil do que há uns anos atrás. Mas a pequenez do território e a forte cultura tradicional chinesa fazem com que ainda seja difícil assumir uma relação em pleno. A homossexualidade continua a ser um tabu tolerado mas não debatido, e nem mesmo na comunidade portuguesa as coisas são mais fáceis

Calvin sabe que gosta de homens mas sente-se obrigado a casar com uma mulher para garantir a descendência familiar. António percebeu, desde o primeiro momento em que viu um tronco nu masculino na televisão, ainda em criança, que o sexo igual ao seu o atraía, mas só contou a uma prima mais próxima. Milo namora com um homem na Holanda e a família sabe de tudo. Miguel vive bem a sua homossexualidade e já não se importa com o que os outros pensam de si. Luciana é bissexual e também vive bem com isso.
Todos eles são chineses nascidos em Macau ou portugueses que fizeram do território a sua casa. Vivem a homossexualidade de maneira diferente mas afirmam: apesar de uma maior abertura, continua a ser um assunto que é reconhecido, mas sobre o qual as famílias, patrões ou colegas não falam. A pequena dimensão do território e os fortes laços da cultura chinesa dificultam uma maior expressão da sua sexualidade. Devido à quase inexistência de espaços “gay friendly” ou de actividades de apoio à comunidade LGBT, as aplicações de telemóvel ou internet acabam por servir de porto de abrigo. Para falarem abertamente do assunto, nenhum entrevistado aceitou ser fotografado ou dizer o nome verdadeiro, muito menos a profissão.
António, chinês nascido em Macau, nunca contou à família porque tem a certeza de que esta nunca aceitaria. “Acredito que a sociedade, no geral, tolera a existência de casais do mesmo sexo a viverem juntos. Contudo, não me sinto confortável a fazer isso ou a ter uma relação de forma aberta porque não quero que a minha família saiba. Uma vez que Macau é um território pequeno, e se me assumir como gay de forma frontal, a minha família vai saber. Sem a minha familia saber considero um dia viver com alguém. Acredito que é mais difícil ser gay em Macau devido ao tamanho do território”, contou ao HM.
A cultura chinesa faz com que seja mais difícil a um homem assumir a homossexualidade, garante António. “O estereótipo da homossexualidade na cultura chinesa tradicional é que todos os homens gay agem de forma feminina e preferem sexo anal. Esse é o estereótipo existente na sociedade chinesa em Macau. Também pensam que estão a rejeitar a sua herança cultural (不孝) porque um dos deveres do homem é reproduzir-se e continuar o nome da família. A geração mais velha também fica preocupada com o facto de ninguém da família se sacrificar por eles no futuro devido à falta de descendência”, aponta.
No caso de Calvin, ainda não contou à família, e provavelmente nunca o irá fazer. “Talvez venha a contar, mas não tenho a certeza quanto a isso”, contou ao HM. “Macau não é uma cidade muito gay friendly. Não há actividades ligadas à comunidade LGBT, nem espaços gay. Os homossexuais ou lésbicas só se podem conhecer através de aplicações de telemóvel. Segundo as velhas e tradicionais crenças chinesas a homossexualidade é uma doença. As famílias chinesas em Macau vão querer sempre que o seu filho ou filha não seja gay”, contou.
Apesar disso, Calvin mostra-se confiante com a evolução de mentalidades. “Não sei quanto tempo vai demorar, mas há uma esperança para os gays em Macau. O facto de dois rapazes darem a mão enquanto passeiam na rua é algo normal na Europa ou na Austrália, e as pessoas olham para eles como se fossem um casal heterossexual normal. Aqui, a história é completamente diferente.”

A excepção à regra

O caso de Milo Cheung será certamente uma excepção à regra: a família é chinesa de Macau e ele há muito que mantém uma relação homossexual aberta no país onde vive, a Holanda. “A minha família está feliz com o facto de eu estar numa relação. Sabem da minha relação, falam com o meu companheiro, mas referem-se ao meu namorado como meu amigo, sem falarem sobre ele. Às vezes perguntam-me quando é que as coisas se tornam mais sérias, quando vou crescer e arranjar uma namorada. É algo contraditório, mas eles encaram a minha relação como sendo fruto de uma “fase rebelde”. Tenho uma prima que tem uma namorada há dez anos, todos na família sabem, ela é bem-vinda em todos os encontros familiares, mas é sempre chamada de amiga e nunca de namorada”, contou ao HM por email.
Apesar disso, Milo Cheung teme expor os afectos quando visita o território. “As gerações mais velhas expandiram um pouco os seus horizontes, estudaram no estrangeiro, viajaram, mas não vejo grandes diferenças no que diz respeito aos direitos dos homossexuais e à sua aceitação, isto falando da sociedade no seu todo. Nunca me passou pela cabeça beijar o meu namorado ou dar-lhe a mão em público. Não iria sentir-me ameaçado, mas observado. Viver com alguém não deve ser um problema, tendo em conta que faz parte da cultura chinesa não interferir nas questões pessoais ou em tudo o que acontece dentro de casa. Para o bom e para o mau”, apontou.

Portugueses fechados

Apesar de em Portugal a sociedade ter mudado a sua postura em relação aos homossexuais, principalmente depois da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, os portugueses não vivem a sua homossexualidade no território de forma aberta, devido à pequena dimensão da comunidade.
Miguel, engenheiro a trabalhar num casino, sente isso na pele, e garante que não existe uma maior abertura face à comunidade chinesa. “Não me parece (que isso aconteça). Vivo de forma tranquila a minha homossexualidade e estou a borrifar-me para o que as pessoas pensam, mas também não ando propriamente com um autocolante na testa.”
“A minha sexualidade não é tema de conversa com os meus amigos de Macau, mas estou convencido de que a maior parte sabe que eu sou gay, mas não é assunto. Nunca ninguém me perguntou se era”, disse ainda o engenheiro.
Luciana é bissexual e trabalha como secretária. Apesar de ter chegado de Portugal há pouco tempo, garante que “isto é muito pequeno e toda a gente se conhece, e ainda mais na comunidade portuguesa. Essa questão deixa-me insegura, numa comunidade tão pequena às vezes pode ser um pouco complicado”.

Lésbicas: maior aceitação

Se em Macau ver dois homens de mão dada ou aos beijos na rua pode gerar reacções, a verdade é que ver duas mulheres juntas é bem mais comum e aceitável.
“Curiosamente é mais comum ver duas raparigas de mão dada, tenho visto muitas mulheres, filipinas acho, e com uma atitude aparentemente tranquila quanto à sua exposição”, apontou Miguel. “Já falei com chineses e eles dizem-me que isso tem novamente tem a ver com a herança cultural chinesa, já que há uma enorme esperança depositada no filho masculino. E, de certa forma, o papel social das mulheres é mais secundarizado. O que os chineses me dizem é que das mulheres não se espera nada. É um bocado indiferente se andam de mão dada na rua com outra mulher ou se se deitam umas com as outras. É um assunto que não se discute”, referiu.
Mas se a pressão familiar acontece no lado masculino, as mulheres lésbicas também sentem na pele a necessidade do casamento. “Conheço um casal de duas raparigas que estavam juntas desde o secundário e uma das raparigas acabou porque decidiu que era altura de casar, por pressão da sociedade e da família”, contou Luciana.
Ignorada ou passada para segundo plano, a homossexualidade é muitas vezes encarada como uma fase passageira. “Tenho quase a certeza que as famílias sabem, só que simplesmente a sociedade vive de forma tão harmoniosa que prefere não falar do assunto. Sabem que os filhos têm estas relações mas não dizem nada e sempre podem ter aquela possibilidade de “um dia, quando isso te passar, arranjas alguém”. No trabalho sabem mas ignoram. Conheço pessoas que trabalham na Função Pública, e simplesmente não comentam. É como se não existisse. Quando há jantares, as pessoas não levam o seu par”, rematou Luciana.

Boom, o bar que pretende mudar mentalidades

“Desde que abrimos o bar nunca tivemos problemas”

Há sete anos Jonathan Chong abriu o primeiro bar gay em Macau, o Candy Bar, mas um ano depois o espaço fechava portas. De regresso ao território e noivo e Piotr Szymczuk, Jonathan abriu o “Boom Bar” há cerca de um mês na Taipa, que promete noites de “speed dating”, shows travestis ou noites só para mulheres. boom bar
“Sentimos que havia potencial, e certamente há um mercado e uma procura junto da comunidade gay em Macau, porque costumam sair para Hong Kong. Foi mais fácil abrir este bar do que aquilo que estava à espera, porque muitas pessoas pensam que é muito difícil para a comunidade chinesa aceitar a homossexualidade. Penso que as novas gerações mudaram muito, então aceitam”, contou ao HM.
“Desde que abrimos que nunca tivemos problemas”, disse Piotr. “Na verdade as pessoas gostam do bar porque criamos um espaço para relaxar, falamos com as pessoas para que se sintam em casa. Criámos um espaço diferente porque podemos, gostamos de conversar com as pessoas.”
Todos podem divertir-se no Boom Bar, que até já tem clientes heterossexuais assíduos. “Quero fazer algo pela comunidade, porque quando percebemos pela primeira vez que somos gay, especialmente em Macau, não há forma de conhecer pessoas. Com a internet e aplicações é mais fácil hoje em dia, mas para mim conhecer alguém cara a cara num bar é diferente”, disse Jonathan.
Piotr, que saiu da Polónia por causa da discriminação, garante que em Macau a homossexualidade não é falada, mas também não origina violência. “A boa coisa dos chineses é que são conservadores, mas não são agressivos. Na Polónia muitas vezes senti medo, porque as pessoas olham directamente para ti e sentes-te ameaçado. Os chineses não são violentos”, contou.
“A sociedade está mais aberta, especialmente as gerações mais novas. Em relação aos mais velhos, tenho amigos que ainda têm medo que as pessoas descubram. Os mais jovens são mais abertos e há muitos deles que já contam às famílias. Os nascidos na década de 70 ainda estão presos e escondem aquilo que são, mas os mais novos são mais abertos em relação à sua sexualidade”, frisou Jonathan.

Anthony Lam, da Associação Arco-Íris

“Há mais pessoas conscientes dos direitos LGBT”

Anthony Lam é desde 2013 o principal rosto da Associação Arco-Íris, a primeira do território a colocar a homossexualidade na agenda política e social. Com apenas mil seguidores no Facebook, a associação continua a não ter membros formais. Anthony Lam garante que a comunidade continua a não querer expor-se demasiado, apesar de uma maior aberta de mentalidades.
“Desde a criação da associação iniciámos uma discussão pública sobre o assunto e há mais pessoas conscientes dos direitos LGBT. Nos últimos anos temos vindo a trabalhar para atrair as atenções do público, mas vemos que os gays continuam a não gostar deste tipo de actividades, preferem coisas mais discretas. Então daqui a um ano ou dois trabalharemos nesse sentido. O debate sobre as questões LGBT ainda não é muito popular, em Macau os hotéis e casinos ainda não proporcionam uma resposta aos casais gay, ao contrário de Las Vegas”, exemplificou.

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“Temos sido bem aceites pelo público em geral, se a situação dos LGBT em Macau se tornar mais aceitável, a associação também o vai ser. Na estrutura familiar chinesa nem o amor é debatido de forma livre, por isso a falta de discussão não é apenas um problema da comunidade LGBT. É uma questão cultural”, rematou Anthony Lam.

1 Fev 2016

Moda | Ana Cardoso aborda traje macaense de casamento em palestra

A designer Ana Cardoso vai participar numa palestra numa universidade do Canadá em Julho onde irá abordar o traje de casamento na cultura macaense durante o tempo colonial. “Vou falar sobre a indústria da moda no século XXI e também das fusões interculturais que houve em Macau e em Portugal. Na época colonial os portugueses casavam com as chinesas, e foi aí que surgiu a ideia”, contou a doutoranda da Universidade de São José (USJ) ao HM, que está a abordar este tema na sua tese.
Segundo Ana Cardoso, não foi fácil a fusão de trajes nos casamentos ocorridos em Macau naquela época. “Em Macau sempre existiu a parte chinesa e os portugueses que vinham de fora. Primeiro aos portugueses que chegavam era difícil o acesso aos chineses porque eles não tinham a parte católica, e só muito depois é que houve uma influência. Inicialmente os portugueses casavam com malaios e filipinos, era mais fácil em termos de casamento. Ao nível do traje de cerimónia, em Macau começou a fazer-se o duplo casamento, em que havia a cerimónia portuguesa e chinesa. O noivo e a noiva usavam dois tipos de traje, entre o século XVI até ao século XIX e XX. No inicio foi um bocado complicada (a adaptação), porque ou se casava de uma maneira ou outra. A partir de 1900 o noivo casava com o fato e a noiva tinha um fato branco, com rendas, e gola asiática e botões chineses. Mas isso quase a entrar no século XX”, contou a estilista.
Ana Cardoso considera que cada vez mais os noivos em Macau optam por casar de ambas as formas. “Essa tradição não se tem vindo a perder, e usa-se cada vez mais. No inicio havia muita aceitação do lado asiático casar com a moda europeia e ficar por aí. Só depois é que a parte asiática começou a fazer uma maior ligação. Começou a surgir uma espécie de mistura, com dois tipos de cerimónia. Antes não havia o duplo casamento. Antes os macaenses faziam tudo à moda europeia.”
Para a estilista, que também é formadora no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM), são necessários mais trabalhos sobre a moda dos antepassados. “Em termos do traje temos muito pouca informação e fazem falta mais estudos”, rematou.

1 Fev 2016

DSPA | Qualidade de águas costeiras piorou

O Relatório do Estado do Ambiente de 2014 revela que a qualidade das águas costeiras piorou e que o número de resíduos transportados aumentou. No geral, o número de maus indicadores ambientais manteve-se elevado. Associação de Ecologia de Macau critica números oficiais

[dropcap=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) publicou ontem o “Relatório do Estado do Ambiente de Macau” referente ao ano de 2014 e os resultados não são animadores. Apesar dos índices de qualidade do ar e da taxa de recolha de resíduos para reciclagem terem melhorado, a percentagem dos maus indicadores permanece elevada. Os dados indicam que 31,7% desses indicadores apresenta uma “pior” evolução face aos anos de 2012 e de 2013.
Na lista constam o número de turistas, o número de veículos motorizados em Macau, o volume de água e electricidade consumidos e a quantidade de resíduos transportada. O número de queixas apresentadas pela população registou também uma evolução negativa. 29116P7T1
Apesar de falar de uma evolução “suave” dos indicadores ambientais, a DSPA não deixa de admitir a existência de problemas. “O número de sub-indicadores que registaram uma tendência pior ainda ocupa uma percentagem maior que os restantes”, sendo que “a qualidade das águas costeiras piorou e o volume dos resíduos transportados para tratamento na Central Incineradora de Resíduos Sólidos aumentou significativamente”.
Apenas 18,3% dos indicadores ambientais tiveram uma “melhor” evolução, onde se inclui não apenas a qualidade do ar, a taxa de produtos entregues para reciclagem ou as reclamações referentes ao ruído. Com uma evolução “estacionária” estão 46,3% dos indicadores, onde se inclui as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera, a área de zonas verdes, a intensidade turística ou a população.
A DSPA apenas garante que vai “optimizar e aperfeiçoar” os dados constantes no relatório, para “permitir que os cidadãos conheçam as alterações e a tendência sobre o estado e o impacto ambiental em Macau”.

Ho Wai Tim critica resultados

Ho Wai Tim, presidente da Associação de Ecologia de Macau (AEM), disse ao HM que a DSPA costuma anunciar os resultados do relatório ao Conselho Consultivo do Ambiente antes da sua publicação, mas o membro deste organismo garante que desta vez isso não aconteceu.
O presidente da AEM critica os resultados por serem demasiado “gerais”, referindo que “de facto, segundo os dados que a nossa associação obteve, a qualidade do ar não melhorou”.
Quanto ao consumo de electricidade, indicador que piorou, Ho Wai Tim explicou que o plano de 5% de poupança e o financiamento dado pelo Fundo de Protecção Ambiental podem não ter sido eficazes o suficiente, sendo que os trabalhos de protecção ambiental não atingiram ainda os objectivos.
Ho Wai Tim critica ainda a actual política de recolha e tratamento de resíduos, defendendo que os trabalhos para a diminuição do lixo desde a sua origem e a reciclagem não foram fomentados.
“Actualmente produzem-se em Macau 1200 toneladas de lixo diariamente, sendo que um terço é de comida. Podemos ver que o tratamento dado aos restos de comida é muito pouco. Nas Linhas de Acção Governativa (LAG) dos anos anteriores foram apresentadas medidas, mas no ano passado o Governo não fez quase nada para promover a diminuição de resíduos”, defendeu. O presidente da AEM lembrou ainda o excesso de resíduos provenientes da construção civil.

29 Jan 2016

Pedro Lemos, produtor de televisão

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s imagens, reais ou imaginárias, fazem parte do seu dia-a-dia, seja no trabalho, seja nos tempos livres. Pedro Lemos, produtor de televisão, chegou a Macau há quatro anos e continua embrenhado naquilo que o apaixona desde sempre: o mundo das Artes. Licenciado em Som e Imagem pela Universidade Católica do Porto, Pedro Lemos conseguiu adaptar-se ao Oriente e compreender um território tão diferente de Portugal, apesar dos laços históricos que persistem.
“É uma sociedade diferente de lá, não tem o perfeccionismo europeu de que estamos sempre à espera, mas tem outras coisas. É difícil explicar por palavras quando vou lá [a Portugal] e as pessoas me perguntam como é. Por mais que descreva, é muito difícil, porque quando as pessoas cá vêm percebem que por mais palavras que use é complicado descrever esta realidade”, contou ao HM.
Para Pedro Lemos, Macau tem algo que não se encontra em territórios vizinhos como China, Hong Kong ou Taiwan. “Todos esses locais são diferentes. A força trabalhadora que trazem para cá faz com que esta sociedade seja claramente diferente de Hong Kong ou Taiwan. As pessoas que chegam trabalham em casinos ou obras, não é propriamente o género de pessoas que encontramos em Hong Kong, que têm ambições e o desejo de sucesso.”
Antes de se embrenhar pelo mundo das Artes, Pedro Lemos chegou a estudar Desporto, mas depressa percebeu que o seu caminho profissional não passava por aí. 29116P23T1
“Sempre tive queda para as artes no geral, desenhei a vida toda. Sempre tive esta necessidade de criar, de fazer coisas. Era um impulso inevitável, embora goste de praticar desporto. Mas o curso de desporto é mais virado para o ensino e achei que era uma área vazia para a minha personalidade”, apontou.
Terminada a licenciatura, Pedro Lemos teve várias experiências de trabalho, mas só na RAEM encontrou algo que o preenche. “Deram-me aqui a oportunidade de trabalhar nesta área. É mais interessante, não faço só produção”, contou. Em Portugal vivenciou a precariedade do mercado de trabalho. “Trabalhei como freelancer para empresas na área gráfica e também fazia alguns trabalhos de produção. Fazia um pouco de tudo dentro dessa área para sobreviver, não fui servir à mesa”, ironizou.

Desenhos nos tempos livres

Quando não está a editar imagens ou a produzir conteúdos, Pedro Lemos pega no lápis ou na caneta e desenha o que vê ou lhe passa pela mente. Os seus rabiscos mostram sobretudo caras e corpos de homens ou mulheres, ou remetem para algum tipo de mensagem.
“É um impulso, uma expressão muito natural em mim. Desenho tudo o que vejo e, às vezes, viro-me para o inconsciente e desenho o que me dá na cabeça, como caras e corpos. Surge espontaneamente, não tenho uma explicação natural. Há pessoas que escrevem, eu vou mais para o desenho para explicar alguma coisa. Viro-me muito para a figura humana, acho que é interessante. Gosto de misturar personalidades nas caras e nos corpos, nunca é alguém específico. Não estou sempre no mesmo género de desenho, às vezes vou mais para a banda desenhada. Acho que tenho várias personalidades no desenho”, revelou.
Para além do desenho, Pedro Lemos é um apaixonado por cinema. “Vejo bons e maus filmes. Gosto de ver maus filmes porque vê-se o que é mau, o que aconteceu de errado, e por isso é que há bons filmes. Só vendo o mau é que se consegue o bom.”
David Lynch é o primeiro realizador que lhe vem à cabeça, quando lhe perguntámos, pela sua forma diferente de fazer filmes. “Tenho muitos realizadores, apaixono-me por diferentes realizadores. Posso falar de alguns que me educaram, vou para o David Lynch em primeiro lugar, porque no fundo é um designer e usa isso na sonoplastia e na imagem. Usa isso para passar a emoção que quer, porque o cinema é isso, são emoções.”
Após alguns anos a viver na Ásia, Pedro Lemos garante querer continuar deste lado do mundo. “Estou a pensar continuar por aqui, para já. Não estou à espera de nada, estou numa onda mais budista (risos). Não penso tanto assim nisso. Tenho sonhos, sim, mas se mudar de sítio os sonhos continuam lá, não é o local que faz a diferença”, rematou.

29 Jan 2016

Auditoria | Chui Sai On defende necessidade de sondagens e consultas

O Chefe do Executivo garante que já reuniu com os Secretários para melhor responder às sugestões do Comissariado de Auditoria sobre o relatório que denuncia abusos nas adjudicações para estudos. Alexis Tam diz ter gasto apenas 600 mil patacas em dois estudos

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On, Chefe do Executivo, reagiu ontem pela primeira vez ao relatório do Comissariado de Auditoria (CA) que denuncia abusos cometidos pelos serviços públicos na realização de estudos. À margem da cerimónia de inauguração do edifício de doenças infecto-contagiosas em Coloane, o Chefe do Executivo garantiu que vão ser tomadas medidas e que há margem para melhorias.
“O Governo dá grande importância a este relatório e pessoalmente falei hoje [ontem] com os Secretários. Vamos aprender com as sugestões do relatório e alguns serviços já tomaram algumas medidas e vão ter em conta as sugestões, como por exemplo o Fundo dos Pandas. É um tempo muito importante para fazermos uma reavaliação e um estudo aos serviços que são adjudicados. Vamos poder ponderar como vamos dirigir os serviços públicos”, explicou aos jornalistas. chui sai on
Chui Sai On disse ainda que há um espaço para melhoria. “Em termos estratégicos teremos de ver quais os trabalhos que têm de ser melhorados em relação às adjudicações”, frisou, apontando que a grande parte dos estudos encomendados pelo Governo tem de ser feita. “Macau é uma cidade de rápido desenvolvimento e há muitos estudos que precisamos de fazer. Em termos de Administração, os estudos a nível interno são importantes para lançarmos políticas. Mas os Secretários vão reavaliar os processos”, explicou.
Questionado sobre se acredita existirem abusos cometidos na Função Pública, Chui Sai On negou. “Acho que não, não podemos dizer que as consultas não são qualificadas. Os meus colegas são empenhados e dedicados e um estudo é um princípio antes da política ser lançada”, rematou.

Alexis gastou 600 mil

Depois da inauguração do Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, frisou a importância da realização de estudos por parte dos departamentos públicos, afirmando que a existência destes sobre o Turismo, por exemplo, é algo necessário.
“É importante a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) realizar o estudo [do Plano Geral de Desenvolvimento de Turismo de Macau, que custa 18 milhões de patacas], porque o Gabinete de Estudo das Políticas trabalha directamente com o Gabinete do Chefe do Executivo. Existem estudos porque existem necessidades, temos diferentes âmbitos e, por isso, diferentes estudos”, referiu Alexis Tam, apresentando dados do seu Gabinete. “Da minha parte gastei apenas 600 mil patacas em dois estudos”, esclareceu.
Para o Secretário, é normal os estudos apresentarem diferentes valores. “Não devemos ponderar o montante apenas para depois comparar os estudos feitos. Um estudo de um milhão de patacas terá uma menor profundidade do que um estudo de 20 milhões, por isso é que há serviços públicos que aplicam esses montantes para contratar empresas profissionais”, disse Alexis Tam.

Alfândega | Novo director anunciado este mês

Questionado sobre o nome que irá suceder ao da falecida Lai Man Wa na direcção dos Serviços de Alfândega, Chui Sai On prometeu anunciar o nome até ao final deste mês.

28 Jan 2016

Infecções | Novo espaço em Coloane sem pessoal permanente

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]ustou 340 milhões de patacas ao Governo e está oficialmente inaugurado desde ontem. O Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, que servirá de apoio ao futuro centro de doenças infecto-contagiosas junto ao hospital, enquanto espaço de internamento, tem oito andares e capacidade para 60 camas. Contudo, os Serviços de Saúde (SS) confirmaram que o centro não terá pessoal médico permanente, o qual será transferido do São Januário conforme as necessidades.
“No momento em que não há surtos o pessoal médico trabalha nas enfermarias normais, não vai haver pessoal permanente”, disse Lei Chin Ion, director dos SS. Kuok Cheong U, director do Conde de São Januário, frisou que existe “pessoal suficiente para o centro”, tendo confirmado o projecto de contratar todos os anos mais pessoal médico.
“Pretendemos um aumento de pessoal entre 10 a 15% até 2020, data da entrada em funcionamento do novo hospital. Esse recrutamento inclui também a formação”, referiu. Alexis Tam disse ainda que a construção do novo hospital está a ser feita “dentro da normalidade” e conforme o novo calendário já anunciado.

28 Jan 2016

Hepatite C | Portugal continua a pagar tratamento de residentes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s doentes portugueses com residência em Macau que estão a ser tratados em Portugal com o novo medicamento contra a Hepatite C, o Sofosbuvir, não poderão transferir os processos para Macau, numa altura em que o território estará prestes a receber o novo medicamento. A garantia foi dada ontem pelo director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Kuok Cheong U, em conferência de imprensa.
“Não rejeitamos se o doente decidir sair de Macau para fazer o tratamento mas é o próprio doente que suporta os seus encargos”, referiu o director.
Ana Rute Santos, antiga doente de Hepatite C tratada em Macau com o Interferon (medicamento com mais efeitos secundários), garantiu ao HM que o marido, que padece da mesma doença, já fez o pedido para receber o Sofosbuvir em Portugal e que os médicos que acompanham o caso em Macau nada sabem da vinda do novo medicamento. Os portugueses que decidiram sair de Macau fizeram-no porque não havia forma de serem tratados no território com este medicamento, que tem uma taxa de cura de 90%.

Chefe autoriza

Num comunicado, os Serviços de Saúde (SS) divulgaram que já existe uma lista de 18 doentes que irão ser tratados com o Sofosbuvir, sendo que para cada doente o Governo estima gastar um milhão de patacas. A lei determina que os SS só podem autorizar pedidos até 500 mil patacas, pelo que será o Chefe do Executivo a dar a referida autorização.
“Já autorizei a utilização do medicamento para a Hepatite C e se o montante ultrapassar o limite terei de pedir autorização ao Chefe do Executivo. Os medicamentos já estão em fase de encomenda”, explicou Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O medicamento deverá chegar este mês.
Até agora apenas um doente de Macau está a ser tratado com o Sofusbuvir mas em Hong Kong, já que os SS entenderam que o seu caso carecia de intervenção urgente.

28 Jan 2016

Centro de Doenças | Moradores ponderam entregar carta à OMS

O Governo confirmou ontem que vai reunir com os moradores que estão contra a construção de um centro de doenças infecto-contagiosas ao lado do hospital público, mas estes prometem entregar uma carta à Organização Mundial de Saúde

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revolta pela construção do novo centro de doenças infecto-contagiosas que vai ser erigido ao lado do Hospital Conde de São Januário continua e desta vez os moradores prometem avançar com outras medidas. Cheong, porta-voz do movimento e morador no local, confirmou ao HM que vai ser enviada uma carta à Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Já preparámos uma carta para a OMS, que vamos enviar brevemente, e depois disso possivelmente vamos tentar falar com o director dos Serviços de Saúde (SS)”, disse o responsável. venenoso contagioso infecção centro de doenças
À margem da inauguração do Centro Clínico de Saúde Pública, ontem em Coloane, Lei Chin Ion, director dos SS, confirmou que está a ser pensada uma reunião com os moradores. “Estamos a preparar-nos para convidar os moradores da zona para conhecer o espaço de isolamento, bem como os responsáveis da escola. Vamos convidar as pessoas para visitarem o centro e para terem respostas sobre a questão do isolamento”, disse em conferência de imprensa.
Para Cheong, esta iniciativa do Governo de nada vale. “Apesar do Governo parecer estar a querer comunicar com os nossos representantes, a verdade é que nunca falou connosco directamente. Ninguém me ligou ou a outras pessoas do meu prédio para falar sobre isto. Dizem que querem reunir-se connosco, mas apenas estão a tentar parecer que fazem as coisas certas, mas não fazem”, frisou.
O grupo conta com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM). Ao HM, José Pereira Coutinho, presidente, confirmou a entrega de uma carta a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, antes do pedido à OMS.
“Vamos enviar uma carta ao Secretário para ver se nos pode atender e dialogar para saber quais as opções que podem ser viáveis. Quando o Comissariado da Auditoria (CA) diz que o Governo gasta muito dinheiro em estudos, nesta questão tão importante os moradores não foram ouvidos”, frisou.

Centro no Cotai

Cheong é o porta-voz de um movimento de protesto que já conta com mais de 300 apoiantes no Facebook e que já emitiu uma petição com 700 assinaturas. Os moradores pedem que o novo centro de doenças infecto-contagiosas seja construído no Cotai ao lado do novo hospital das ilhas. Essa seria, diz, uma das melhores opções.
“Colocar o centro aqui perto de residentes e da escola é muito perigoso, o nosso prédio fica apenas a três metros e não sabemos o que pode acontecer. Há um lugar para construção no Cotai, o novo hospital está em construção e é bastante afastado de uma zona residencial. Acredito que o projecto poderia ser melhor nessa zona”, adiantou Cheong.
Pereira Coutinho falou ainda dos centros semelhantes construídos em cidades vizinhas. “As orientações da OMS e da República Popular da China é de que todos estes centros têm de estar fora das zonas populosas. Mesmo em Hong Kong os hospitais com esses centros de isolamento estão dentro desse limite”, rematou.

Mais sócios na ATFPM?

Os moradores que serão vizinhos do futuro centro de doenças infecto-contagiosas começaram sozinhos esta luta, mas agora já contam com o apoio da ATFPM. Cheong garantiu que pediram apoio a Pereira Coutinho e Leong Veng Chai por serem muito populares, frisando ainda que irá tornar-se sócio, ainda que não seja funcionário público. “Não sou sócio da Associação, mas apoio muito o seu trabalho e vou considerar tornar-me membro”, disse ao HM, confirmando que outros moradores poderão seguir esse exemplo. “Não falei com eles sobre esta questão, mas acredito que estariam interessados. Talvez haja discussões posteriores, é o que posso dizer por agora”, referiu. Questionado sobre se o apoio a esta causa vai levar mais sócios à ATFPM, Pereira Coutinho disse apenas que “as pessoas são livres de fazerem o que quiserem”.

28 Jan 2016

Frio | EPM proíbe alunos de entrar na escola sem uniforme

Uma nota da direcção da Escola Portuguesa de Macau no Facebook proibia os alunos de entrarem nas instalações sem o uniforme, depois destes terem usado roupas normais na segunda-feira. Na prática a ordem não se verificou, tendo sido distribuídas peças suplentes do uniforme

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Escola Portuguesa de Macau (EPM) decidiu proibir a entrada aos alunos nas instalações da instituição de ensino que não tivessem o uniforme vestido. A informação constava numa nota publicada na página oficial do Facebook da instituição, que ditava que a ordem era para ser cumprida a partir de ontem.
“Notou-se um abuso por parte de alguns alunos relativamente à ausência de uniforme, trocando as peças do mesmo por outras bem mais ligeiras, no dia 25 de Janeiro. No dia 26, terça-feira, todos os alunos deverão vir devidamente uniformizados, sendo permitido apenas um agasalho mais forte. Quem não cumprir esta directiva irá a casa vestir-se de acordo com a mesma e só depois poderá permanecer na escola”, pode ler-se na nota assinada pela direcção.
Ao HM, o presidente da Associação de Pais da EPM, Fernando Silva, confirmou a existência de um “pequeno desentendimento entre a escola e os estudantes” e referiu que poderia abrir-se uma excepção. “Hoje [ontem] avisaram que os alunos não entravam se não levassem os uniformes por baixo de roupas mais quentes. Se me pergunta, acho que a escola tem problemas mais graves para resolver. Nestes dias [de frio], que são poucos, esta questão podia entrar no esquecimento e podiam dizer para pôr uma roupa mais quente. Abria-se uma excepção”, frisou.
Apesar de garantir que a associação não recebeu queixas de pais, a verdade é que o HM teve conhecimento da mãe de uma aluna que ponderou fazer queixa da decisão caso a entrada da sua filha não fosse aceite na EPM no dia de ontem, algo que não veio a acontecer.
Zélia Mieiro, vice-presidente da EPM, confirmou ao HM que nenhum aluno foi proibido de entrar na escola e que, afinal, foram fornecidas peças de uniforme suplentes. “A escola e a associação de pais têm peças de uniforme suplentes e os que não vinham de acordo com as regras (uniforme por debaixo de agasalhos quentes) tiveram de trocar a roupa que traziam e vestir as peças que lhes foram entregues. Depois seguiram para as aulas”, disse.

DSEJ emitiu ordem

O caso começou depois da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ter emitido um aviso em Chinês para que as instituições de ensino mantivessem o uso dos uniformes durante a semana, apesar do mau tempo. “A DSEJ publicou um aviso só em Chinês para alertar as escolas que tivessem cuidado com as baixas temperaturas e referiam que os alunos fossem mais agasalhados, mas com roupas por cima do uniforme. Sei que ontem (segunda-feira) alunos não levaram o uniforme e isso não é aceitável. Iam com roupas normais que não tinham nada a ver com a escola”, explicou Fernando Silva. “Pessoalmente, como presidente da associação de pais, enviei o aviso traduzido, porque a direcção da escola não sabia de nada e perguntei o que iriam fazer. O que a escola impôs é que por cima do uniforme pudessem usar agasalhos ou casacos. Esta é uma questão da escola, pessoalmente acho que o aluno se for bem agasalhado e levar o uniforme por baixo não terá problemas”, acrescentou o presidente da associação de pais.

Mudanças a caminho

Na calha, indicou ainda Zélia Mieiro, estão alterações às roupas da escola. “Temos tido problemas na execução dos modelos escolhidos e temos estado a fazer algumas adaptações que terão de estar concluídas antes do Ano Novo Chinês, para conseguirmos concretizar o nosso projecto, de modo a que no ano lectivo de 2016/2017 os alunos do 1º, 5º, 7º e 10º anos possam começar o ano com uniformes novos e do agrado deles”, disse ainda ao HM.

27 Jan 2016