Andreia Sofia Silva EventosArt Macao | Projecto dos artistas The Haas Brothers para ver no COD Está aí mais uma exposição integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”. Desta vez o público terá a oportunidade de ver o projecto “The Haas Brothers: Clair de Lune”, patente no City of Dreams Depois da apresentação no The A4 Art Museum, em Chengdu, no ano passado, eis que “Clair de Lune”, obra dos artistas The Haas Brothers chega a Macau, integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, na secção de exposições especiais. Estando disponível para visitas no City of Dreams (COD), no Cotai, até ao dia 12 de Setembro, “Clair de Lune” apresenta uma série de peças e instalações dos dois irmãos nascidos em Austin, Texas, numa “viagem onde a memória e a emoção convergem num imersivo mundo de arte”, descreve o COD numa nota. Em “Clair de Lune”, a luz transforma-se numa “metáfora, construindo uma narrativa emocionalmente rica que é acompanhada por uma personagem antropomórfica”, tratando-se de uma aposta do COD na “exploração da arte e compromisso para com a cultura multidisciplinar”. Ainda segundo a mesma nota, esta exposição “reflecte a filosofia criativa consistente dos artistas”, que procuram “quebrar barreiras entre disciplinas, activar os sentidos e evocar uma ressonância emocional”, sendo que o nome da mostra remete para a composição do francês Claude Debussy, “Clair de Lune”. Os The Haas Brothers também foram buscar inspiração às memórias de infância das chamadas “Moon Towers” [Torres de Lua], estruturas utilizadas para iluminar Austin à noite. Para os dois irmãos, estas torres “tornaram-se um último símbolo das suas memórias de infância, ultrapassando a linha entre a verdadeira lua e a lua artificial”. Aqui, a lua torna-se numa metáfora “para a migração emocional, em que o fluxo de luz representa os dois caminhos de uma jornada entre ‘o chegar e o partir'”. Convida-se, assim, o público a desfrutar e interpretar à sua maneira estes jogos de luzes e sombras, construindo-se uma jornada de “percepção, reflexão e exploração emocional”. Seis peças com significado “Clair de Lune”, no COD, inclui seis instalações que “constroem um mundo poético e imaginativo” em conexão com a lua, apresentando-se cinco esculturas com lâmpadas inspiradas nas “Moon Towers”, com nomes como “A Street Light Named Desire”, “Let There be Street Light”, “A Light in the Streets and Freak in the Sheets”, “Lamp of Approval” e “Light to Remain Silent”. Os trabalhos, com “títulos evocativos e formas expressivas”, constituem “um reflexo de temas como o desejo, o reconhecimento ou o silêncio”. A sexta peça apresentada, “Reach-able Moment” apresenta uma personagem semelhante a um macaco que “simboliza a busca, não apenas por amor, paciência e devoção, mas também por um significado mais profundo”, tal como uma “reflexão pacífica e filosófica do sentido da existência”. Os The Haas Brothers são Simon e Nikolai Haas, vivendo actualmente em Los Angeles. Nos últimos anos “desenvolveram uma linguagem artística multidisciplinar e distinta, trabalhando com moda, cinema, música e design criativo”. A sua prática artística “continua a expandir as possibilidades da expressão artística ao desafiar ambientes convencionais”, apresentando “uma abordagem antropomórfica” na “experimentação de formas e materiais”. Nesse processo, ambos “questionam e respondem às funções sociais da arte e contextos da cultura onde estas habitam”. Mais concretamente sobre “Clair de Lune” e o poder da luz da lua, os dois artistas referiram, citados pela mesma nota, que se trata de algo “fugaz, mas poderoso”, que “muda tudo aquilo em que toca, que transforma o comum em algo fantástico”. “Essa transformação é aquilo que somos depois. Se conseguirmos levar o observador a um mundo tranquilo, humorístico e de reflexão, então fizemos o nosso trabalho como artistas”, referiram.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Património da UNESCO em destaque em nova mostra A nova exposição na Creative Macau revela uma perspectiva fresca sobre o património histórico de Macau e da China classificado pela UNESCO. Justin Ung pegou em sítios como o Templo Tin Hau, na Taipa, ou o Templo do Céu, em Pequim, e criou ilustrações que ensinam a história dos locais “Walking Colors: Architectural Hue Archives” é o nome da nova exposição patente na Creative Macau e que fica disponível para visita do público, de forma gratuita, a partir do próximo dia 6 de Agosto. A mostra reúne trabalhos de ilustração de Justin Ung que foi buscar inspiração aos sítios de índole religiosa classificados e protegidos pela UNESCO, seja em conexão com o catolicismo ou com budismo, em Macau, na China, mas não só. Desta forma, apostando numa perspectiva artística própria, com o uso abundante da cor, apresentam-se ilustrações de lugares como o Templo do Céu, em Pequim, o Templo Tin Hau, na Taipa, ou ainda a Sagrada Família, em Barcelona. Segundo uma nota da Creative Macau, apresenta-se a cor como sendo “uma das linguagens mais directas da arquitectura e o código de memória mais vívido de uma cidade”. Desta forma, o nome “Walking Colors” dado a esta mostra [Cores Ambulantes] promove isso mesmo: um percurso próprio por estes lugares especiais cheios de história, incluindo um passeio pelos “corredores arquitectónicos de Macau e das cidades classificadas como Património Mundial da UNESCO”. Assim, o público pode ver “os votos solenes do Templo do Céu, com um azul celeste esmaltado em Pequim” bem como “os sussurros românticos dos azulejos portugueses em tons pastel de Macau”. Há, depois, no caso da catedral da Sagrada Família, “o abraço acolhedor dos seus tons terrosos”, bem como, de regresso a Macau, “a vibração pulsante das luzes néon dos casinos, em que cada tonalidade conta a história de encontros culturais”. Releituras várias Em “Walking Colors: Architectural Hue Archives” é proposta “uma jornada visual pela arquitectura” e uma “decodificação cromática das culturas”, em que se pode seguir “os passos da cor” e fazer uma releitura “das histórias arquitectónicas do nosso património mundial”. No caso de Macau, o seu centro histórico passou a ser classificado pela UNESCO em 2005. Desde então que locais como as Ruínas de São Paulo, o Largo do Senado e zonas adjacentes são alvo de protecção e preservação próprias tendo em conta a classificação pelo organismo internacional. Também em 2005 foi classificado o Templo Expiatório da Sagrada Família, integrada num conjunto de obras do arquitecto espanhol António Gaudi, que viveu entre os anos de 1852 e 1926. No ano seguinte seria classificado o Templo do Céu na capital chinesa, que está integrado num conjunto de templos taoístas e considerado o maior do país. O Templo do Céu foi construído em 1420, tendo sido usado pelas dinastias Ming e Qing para pedir às divindades boas colheitas e agradecer por todos os ganhos e frutos obtidos. Relativamente ao protagonista desta mostra na Creative, Justin Ung, que tem como pseudónimo “Meow the Sardines”, conta no currículo com um mestrado em História e Estudos do Património. Actualmente é autor de ilustrações para diversas publicações, nomeadamente a revista “Fantasia”, tendo ilustrado vários livros infantis. A exposição fica patente na Creative Macau até ao dia 23 de Agosto.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCasinos | Ernst & Young acusada de ignorar crimes em Macau A consultora Ernst & Young foi acusada por um antigo funcionário de ter ignorado, durante anos, os crimes dos grupos junket Suncity e Tak Chun em Macau. O funcionário apresentou uma queixa contra a empresa nos EUA depois de, nas suas palavras, ter feito vários alertas sobre a situação É certo que os antigos patrões dos grupos junket Suncity (Alvin Chau) e Tak Chun (Levo Chan) já se encontram a cumprir as penas a que foram condenados, mas os processos de crime organizado associados às duas empresas que durante anos operaram no sector do jogo de Macau, angariando clientes VIP, ainda levantam polémica. Desta vez, um antigo funcionário da consultora Ernst&Young (EY), Joe Howie, que colocou a empresa em tribunal acusando-a de ignorar, durante anos, os sinais de alerta de que algo não estava bem nestas empresas junket nem em empresas a elas associadas. Joe Howie, que co-liderou o Centro de Excelência em Risco Global da EY, diz que durante anos alertou para falhas na adesão aos padrões definidos pelo Public Company Accounting Oversight Board, resistindo a investigações ou negando suspender contratos com clientes que estavam a ser investigados. Segundo o portal AGBrief, Howie trabalhou 35 anos na EY e, ao abrigo da legislação “Sarbanes-Oxley Act” apresentou agora a queixa num tribunal federal norte-americano, alegando que a empresa fez retaliações contra ele por ter deixado alertas sobre as operações da Suncity e Chun Tak. Segundo a queixa, estão em causa violações às leis de valores mobiliários dos EUA e condutas anti-ética. Na acção judicial é indicado que a EY fez durante anos trabalho de consultoria e auditou contas das duas empresas junket também noutros mercados asiáticos. O funcionário diz que a EY sabia que estava a trabalhar com empresas ligadas ao grupo Suncity, incluindo pessoas dos EUA que tinham grandes operações nos casinos de Macau. A EY não terá reparado na ausência de dados fornecidos por estas empresas à consultora. “Apesar das repetidas advertências, a EY continuou a lucrar com contratos assinados com esses clientes de alto risco”, lê-se no processo. Joe Howie terá sido “marginalizado e forçado a reformar-se de forma antecipada, sendo expulso da sociedade como forma de retaliação”, é referido. As três famílias Na queixa protagonizada por Joe Howie, lê-se ainda que cinco empresas listadas nos EUA, e com ligações próximas ao sector do jogo local, estavam associadas a “famílias ligadas às tríades chinesas, incluindo descendentes de Stanley Ho”, sendo que a queixa “identifica três famílias, não pelo nome, mas pela associação e papéis que tinham nas empresas, alegadamente ligadas ao império junket de Alvin Chau e outras redes de contacto”, lê-se na notícia. O portal AGBrief escreve ainda que na queixa apresentada contra a EY constam acusações de que esta “providenciou opiniões na auditoria pouco qualificadas, falhando em reportar e identificar falhas em programas contra branqueamento de capitais ou conflitos de interesses”. Do lado da EY a reacção foi de desresponsabilização, referindo que as acusações não estão devidamente fundamentadas e que se baseiam em informações divulgadas pela comunicação social, referindo que os processos dos grupos Suncity e Tak Chun foram “consideradas especulativas e politicamente motivadas”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSJM confirma construção de hotel de baixo custo na Ilha da Montanha A Sociedade de Jogos de Macau Holdings (SJM) anunciou ontem que vai mesmo construir um hotel de três estrelas em Hengqin depois de ter adquirido partes do empreendimento imobiliário “Xin De Kou An Shang Wu Zhong Xin”, através da subsidiária SJM Investment Limited. A confirmação surge depois do anúncio preliminar feito em Dezembro do ano passado, sendo que o investimento significa não apenas a expansão do grupo ligado aos sectores do jogo e do turismo, mas também “a aquisição estratégica que apoia a política nacional”, nomeadamente a cooperação crescente entre Macau e Hengqin. O empreendimento tem uma “proximidade estratégica aos pontos turísticos centrais do Grupo”, situando-se a dez minutos de carro do Grand Lisboa Palace, no Cotai, e a 30 minutos do Hotel Grand Lisboa, no centro da península de Macau. Desta forma, desbloqueiam-se novas oportunidades “para sinergias operacionais, partilha de infra-estruturas e promoções entre empreendimentos”. “Aquando da sua conclusão, espera-se que o hotel possa complementar o portfolio do grupo através da expansão eficiente de capital” tendo em conta a existência de carências de resposta no segmento de massas, bem como “ampliar o alcance de mercado e gerar mais fluxos de receita”. Ligação à vida O valor de aquisição é de 424 milhões de renminbis, excluindo impostos, tratando-se de um valor acordado “tendo em conta o valor de mercado, estimado em 660 milhões de renminbis para o imóvel, e de 108 milhões de renminbis em custos relacionados com a conversão”. O montante será pago em sete fases. O imóvel inclui 12 andares destinados a escritórios, a funcionar em regime de condomínio, e uma zona de retalho. Prevê-se que as obras de conversão e renovação demorem 24 meses a estar concluídas. Pretende-se que o futuro hotel passe a estar incluído “num ‘hub’ que compreende espaços residenciais, comerciais e de escritório”, e que funcionam perto do posto fronteiriço de Hengqin. Segundo uma nota da SJM, a construção do hotel “visa expandir o grupo na área da hotelaria na Grande Baía, apoiar o desenvolvimento integrado da Zona de Cooperação Profunda Guangdong–Macau de Hengqin e fortalecer o papel de Hengqin como um motor chave da diversificação económica de Macau”.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | Os Camões de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa Foi inaugurada no sábado a primeira exposição individual de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa, na galeria Passevite. A mostra reúne retratos de Luís de Camões retirados dos cartazes que o designer e artista macaense faz há décadas para celebrar o 10 de Junho. A inspiração, sobre esta e outras figuras de Portugal e da sua literatura, está longe de se esgotar “Camões, Cinco Zero Zero” é a exposição que pode ser vista até ao fim de Agosto na Galeria Passevite, em Lisboa, e a primeira em nome individual do artista e designer macaense Vítor Hugo Marreiros. Esta não é a primeira estreia total de Marreiros em solo português, tendo em conta a sua participação anterior em exposições colectivas, mas é a primeira vez que expõe em nome próprio e logo para mostrar um trabalho que tanta visibilidade lhe tem dado nos últimos tempos: os cartazes do 10 de Junho com o rosto de Camões, e não só. A mostra “Camões, Cinco Zero Zero” é, como o nome indica, uma exposição dedicada inteiramente às imagens do poeta nestes cartazes, mas com uma nova roupagem e linguagem artística. “Tudo partiu do desafio proposto por um colega meu, Henrique Silva, mais conhecido por Bibito”, contou ao HM. “Os quadros que estão aqui não são apenas retirados dos cartazes do 10 de Junho, mas também de outros trabalhos, porque ao longo da minha vida profissional tive inúmeras oportunidades de retratar temas lusos e ícones como Fernando Pessoa, Amália, até a sardinha”, contou. Vítor Hugo Marreiros faz os cartazes do 10 de Junho – Dia de Camões, Portugal e das comunidades portuguesas há 34 anos e sempre procurou mesclar a figura do poeta com alguns temas da actualidade do país, bem como os símbolos da portugalidade. “Nos últimos anos procurei retratar as preocupações da comunidade portuguesa [de Macau], bem como os acontecimentos em Portugal, a crise, a covid-19 ou a guerra na Ucrânia. O Camões fala por si, em anos diferentes e acompanhado sempre dos acontecimentos do ano. Às vezes ponho o Camões a falar por mim. A minha companheira diz-me sempre isso, que eu ponho o Camões a dizer aquilo que eu quero.” Houve tempos, e cartazes, em que o artista retratou alguns episódios da actualidade de Macau, como o aumento da instalação de câmaras de videovigilância ou mesmo a proibição de fumar em certos sítios. “Sentia que, dentro da comunidade portuguesa e de toda a Macau, este episódio [a proibição de fumar] tinha sido como que uma agressão. Às vezes vou ouvindo as preocupações da comunidade e também as minhas, não só em relação a Portugal, como também a Macau. Esses temas podem surgir isolados, mas também ligados ao Camões e a outros nomes que coloco [nos cartazes], por brincadeira”, acrescentou. O artista e o poeta Ironicamente, a relação de Vítor Hugo Marreiros com a escrita de Camões, seja a poesia, as cartas ou os próprios Lusíadas nem é de grande proximidade – o artista assume mesmo que prefere a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto. “Acho mais engraçado. ‘Os Lusíadas’ é uma obra mais pesada, forte, heroica. Prefiro a ‘Peregrinação’, e até para desenhar tem mais piada. Sempre que preciso de fazer algum trabalho, com uma parte histórica, noticiosa ou literária, começo sempre por ler a ‘Peregrinação’.” Aliás, Vítor Hugo Marreiros diz procurar sempre explicações sempre que os seus desenhos bloqueiam com a necessidade de alguma informação factual ou histórica. “Sou um drácula. Quando preciso de qualquer coisa ligada à medicina, vou ao meu amigo. Não tenho vergonha de pedir coisas a um amigo advogado. Aproveito a cultura dos outros também, porque é muito importante pesquisar”, disse. Na mostra da Galeria Passevite, “há arranjos diferentes em termos técnicos e há espaço para novas interpretações”. Vítor Hugo Marreiros diz não se ter cansado ainda de fazer o cartaz e até já tem dois preparados para os próximos dois anos. “Há espaço para novas imagens. O Camões tem de aparecer sempre, mas é acompanhado por figuras dos acontecimentos actuais, figuras de época, pelas preocupações nacionais. Há quem diga que sou um gráfico político, mas eu não sou muito ligado à política, preocupo-me mais com a sociedade. Por exemplo, no último cartaz do 10 de Junho surge o Trump, e também coloquei uma conversa entre D. Afonso Henriques e o presidente do FC Porto [ex-presidente, Pinto da Costa], porque D. Afonso Henriques foi rei e ele era o presidente. Há pequenos pormenores, vou brincando com coisas sérias, mas não ensino nada. Leio, interpreto e sugiro. Para mim a política, se é de direita ou de esquerda, diz-me pouco”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosGalaxyArt | Obras de design de Bruno Moinard expostas até Dezembro Conhecido pelo design criativo e mobiliário único, Bruno Moinard é o destaque da nova exposição patente no espaço GalaxyArt, incluída na programação do “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”. A mostra é apresentada como “uma viagem imersiva ao mundo visionário” de Moinard Mais de 300 obras originais de design e mobiliário estão patentes na nova exposição no GalaxyArt, intitulada “Na Mente de Bruno Moinard”, que está disponível para visitas do público até 31 de Dezembro. Integrada na edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”, a mostra nasce de uma parceria entre o Galaxy Entertainment Group e o Instituto Cultural (IC). Segundo um comunicado do Galaxy sobre a iniciativa, a exposição constitui uma “viagem imersiva ao mundo visionário” de Bruno Moinard, descrito como “pioneiro criativo internacionalmente aclamado”. Entre as 300 obras destacam-se “esboços a pinturas e manuscritos de design” e “conceitos de design personalizados do seu estúdio de design de interiores Moinard Bétaille para o empreendimento ‘Capella’, no Galaxy Macau, que será inaugurado em breve”. Trata-se de uma “residência dourada com suites que irá redefinir novos padrões de luxo personalizado”. Citado pela mesma nota, Bruno Moinard referiu na inauguração da sua exposição, que a mostra constitui “uma tentativa modesta, mas sincera, de convidar o público a entrar neste espaço invisível, que é uma alegoria do meu mundo criativo, onde várias disciplinas conversam, como a pintura, design, arquitectura de interiores ou cenografia”. “Juntas contam uma história, e uma forma única de ver o mundo”, acrescentou o artista. 30 anos de carreira Bruno Moinard é “conhecido por combinar as melhores tradições do artesanato francês com o design moderno”, tendo recebido a distinção de Cavaleiro da Legião de Honra em 2010. Expor o trabalho em Macau representa também uma forma de celebração dos seus 30 anos de carreira e 12 de constituição da marca com o seu nome, a “Bruno Moinard Éditions”. “Na mente de Bruno Moinard ― Uma exposição especial na Art Macao 2025” revela, assim, “os feitos multifacetados de Moinard, como artista por direito próprio e como designer de primeira linha, oferecendo aos visitantes uma visão única de sua filosofia de design exclusiva”. Ao mesmo tempo, destaca a organização, revela-se “a arte instintiva por trás de algumas das propriedades e espaços de luxo mais icónicos do mundo”, apresentando-se “uma diversidade de pinturas contemporâneas, fotografias e obras multimédia”. O foco é feito “na forma como o trabalho de Bruno Moinard, seja para as mais proeminentes ‘maisons’ [casas, ou empreendimentos] de luxo do mundo, seja no contexto do luxo quotidiano, irradia espontaneidade e talento instintivo”. O espaço GalaxyArt fica no primeiro andar do Galaxy Promenade, Galaxy Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFronteiras | Macau atrás de HK no ranking de melhores passaportes Macau ocupa a 31ª posição a nível mundial na lista dos passaportes mais poderosos, atrás de Hong Kong, que está na 17ª posição e tem mais destinos sem necessidade de visto. Portugal ocupa o 4º lugar e a China o 60º no ranking liderado por Singapura O mais recente índice de passaportes da Henley&Partners, intitulado “Henley Passport Index” coloca Macau em 31º lugar, bem atrás da 17ª posição detida por Hong Kong. As duas regiões administrativas especiais estão, porém, em melhores posições face à China, que ocupam o 60º lugar. O passaporte de Macau permite viajar sem visto para 144 destinos, enquanto que para Hong Kong a lista de países a viajar sem visto é maior, com 169. No caso da China, há apenas 83 países para onde os cidadãos nacionais podem viajar sem necessidade de visto. Num comunicado de imprensa sobre os resultados do relatório, a Henley&Partners destaca que a China lidera, juntamente com os Emirados Árabes Unidos (EAU), uma “mudança no poder dos passaportes”. A consultora destaca “uma mudança global geral em direcção a mais abertura, maior mobilidade e aumento da força dos passaportes”, tendo em conta que, na última década, “mais de 80 passaportes subiram pelo menos 10 posições”. Além disso, “o número médio global de destinos aos quais os viajantes podem aceder sem visto quase duplicou, passando de 58 em 2006 para 109 em 2025”. No caso da China, a subida foi de 34 posições, “passando da 94ª para a 60ª posição desde 2015 ― o que é particularmente impressionante, considerando que, ao contrário de outros países que mais subiram no ranking, a China ainda não obteve acesso sem visto ao Espaço Schengen da Europa”, destaca-se no comunicado. O índice de passaportes mostra como “a ascensão da China foi auxiliada pelo seu movimento significativo em direcção a uma maior abertura”, tendo em conta que o país “concedeu acesso sem visto a mais de uma dúzia de novos passaportes desde Janeiro, elevando a sua pontuação total de abertura para 75 nações, uma mudança notável considerando que permitia a entrada sem visto a menos de 20 países há apenas cinco anos”. Análise global O índice de passaportes da Henley&Partners classifica 199 países e regiões de acordo com o número de nacionalidades a que permitem a entrada sem visto prévio. Os dados que servem de referência a este ranking são da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Ainda no que diz respeito ao posicionamento da China, referem-se “as adições notáveis à lista de isenção de visto da China” este ano, com nações como o Bahrein, Kuwait, Omã e Arábia Saudita. Tal significa, para os analistas, que “os cidadãos de todos os países do Conselho de Cooperação do Golfo podem viajar para a China sem visto prévio ―, bem como de vários países da América do Sul, incluindo Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai”. “A concessão de acesso sem visto pela China a vários países europeus nos últimos dois anos também contribuiu para o domínio dos passaportes europeus no topo do Henley Passport Power Index, que mede a percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] global que cada passaporte proporciona aos seus titulares sem visto”, é referido. A nível mundial, “as nações asiáticas dominam o ranking de poder dos passaportes”, com os EUA e Reino Unido a continuarem “em declínio”. Singapura “detém o título de passaporte mais poderoso do mundo, com acesso sem visto a 193 destinos de entre 227 em todo o mundo”. Os países asiáticos continuam a liderar a corrida pela mobilidade global, com o Japão e a Coreia do Sul a partilharem o segundo lugar, cada um concedendo aos seus cidadãos acesso a 190 destinos sem visto.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTurismo | Visitantes internacionais aumentam 14,8% Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que no primeiro semestre deste ano o número de entradas de visitantes internacionais em Macau foi de 1.341.674, o que representa um aumento de 14,8 por cento em termos anuais. Destaque para a subida de 16,8 por cento no número de entradas de visitantes das Filipinas e 13,8 por cento da Indonésia. Relativamente ao Sul da Ásia, o número de entradas de visitantes da Índia (58.309) registou um crescimento homólogo de 6,2 por cento, enquanto que o número de entradas de visitantes da República da Coreia (282.151) e o do Japão (76.435) também aumentaram 21,7 e 23,5 por cento, respectivamente, em comparação com o primeiro semestre de 2024. No primeiro semestre do corrente ano o número de entradas de visitantes em Macau totalizou 19.218.540, mais 14,9 por cento em termos anuais. Realça-se que o número de entradas de excursionistas (11.182.913) e o de turistas (8.035.627) aumentaram 25,8 e 2,6 por cento, respectivamente, em termos anuais. No primeiro semestre o número de entradas de visitantes do Interior da China fixou-se em 13.767.810, mais 19,3 por cento em termos anuais, destacando-se o aumento de 24,6 por cento no número de entradas com vistos individuais. Da Grande Baía chegaram 7.016.216 pessoas em seis meses, mais 25,7 por cento face ao primeiro semestre de 2024, graças ao número de entradas de visitantes provenientes de Zhuhai ter crescido 57 por cento.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFórum Macau | Antigo assessor de Rocha Vieira realça complementaridade O papel do Fórum Macau deve ser encarado de forma complementar a outros meios de cooperação já existentes. A ideia foi defendida por Tiago Vasconcelos, assessor de Rocha Vieira, num simpósio promovido pela Universidade Cidade de Macau. O major-general concorda também com a extensão do âmbito do fórum aos países de língua espanhola Decorreu na terça-feira na Universidade Cidade de Macau (UCM) um simpósio centrado na cooperação em áreas da investigação científica e ensino superior entre Macau, China e os países de língua portuguesa, e que serviu para a apresentação de diversos projectos académicos que estão a ser desenvolvidos na RAEM. O evento contou com a presença do major-general Tiago Vasconcelos, que foi assessor do general Rocha Vieira nos últimos anos da administração portuguesa do território, e que defendeu um olhar mais abrangente em relação ao papel que o Fórum Macau pode assumir. Na sua apresentação, a que o HM teve acesso, lê-se que “a importância da criação do Fórum Macau não pode ser subestimada, tanto do ponto de vista simbólico como prático”, mas que “é preciso ser realista quanto ao que se pode esperar de uma organização deste tipo”. Assim, para Tiago Vasconcelos, “o Fórum Macau deve encontrar o seu lugar entre outras formas de diplomacia”, como “relações bilaterais, em alguns casos ‘parcerias estratégicas’ bilaterais, como é o caso do Brasil e de Portugal”, ou ainda “pertencer a outros fóruns” ou mesmo “organizações multilaterais como o G20 ou o BRICS, dos quais tanto a China como o Brasil são membros, ou o Fórum Regional da ASEAN, do qual tanto Timor-Leste como a China são participantes”. Trata-se para o responsável, de uma “geometria variável”, onde “a pertença de países a vários fóruns em simultâneo podem oferecer oportunidades para que a ‘plataforma de Macau’ alargue o seu âmbito”. E aqui o antigo assessor do último Governador português de Macau destaca a importância da extensão da plataforma da RAEM aos países de língua espanhola, algo que também já foi defendido pelo Executivo local. Assim, a RAEM pode, com a multiplicidade de papéis e parcerias do Fórum Macau, “chegar a outros países de língua latina, especialmente os de língua espanhola, dadas as semelhanças entre as línguas portuguesa e espanhola, e plataformas de diálogo existentes, como a Conferência Ibero-Americana, que liga Portugal, Espanha e a maioria dos países da América Latina”. Em termos gerais, o responsável entende que se deve “compreender o papel adequado desempenhado pelo Fórum Macau entre os vários formatos de cooperação bilateral e multilateral personalizados, bem como as lições aprendidas com os mais de 20 anos de história do Fórum”. Tal “é de suma importância para garantir o nível adequado de ambição e a eficácia de quaisquer novas formas de cooperação em que Macau possa actuar como uma plataforma útil”, considerou. Uma terra promissora Em jeito de conclusão, Tiago Vasconcelos referiu que desde a chegada dos primeiros portugueses ao território, em meados do século XVI, que “Macau tem desempenhado um papel tradicional como plataforma entre a China continental e o mundo exterior”, fazendo “parte do ‘mundo português’ durante quase 450 anos, integrando, naturalmente, a sua rede”. Assim, os laços com países de língua portuguesa são “um legado da sua história”, e que “ajuda Macau a preservar algumas das suas características distintivas, mas também a desempenhar um papel útil no apoio à diplomacia chinesa, facilitando ainda mais as relações da China com os países de língua portuguesa”. Para Tiago Vasconcelos, “são bastante promissoras as perspectivas de Macau continuar a desempenhar o seu papel tradicional e muito distintivo como plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa”, tendo em conta em que se inicia a metade do período de 50 anos de transição presente na Declaração Conjunta Sino-Portuguesa de 1987. Ainda na área do ensino superior, o major-general destacou que “apesar da sua dimensão, Macau está a tornar-se, se é que já não é, um centro de excelência para o ensino superior na China”. “Mesmo a nível mundial, o mesmo pode ser dito em relação a alguns sectores específicos, tornando Macau um destino altamente atractivo para estudantes muito talentosos”, acrescentou. O responsável realçou o papel dos quatro Laboratórios-Chave do Estado já existentes, nomeadamente o VLSI (Circuitos Integrados de Grande Escala) Analógicos e de Sinal Misto, na Universidade de Macau (UM); o laboratório de Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa, entre a UM e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau; o laboratório da Internet das Coisas para Cidades Inteligentes, na UM; e ainda o laboratório para as Ciências Lunares e Planetárias, da MUST. O seminário onde participou Tiago Vasconcelos, intitulado “Cooperação científica e tecnológica entre a China e os países de língua portuguesa”, contou ainda com a presença de representantes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM e ainda do próprio Fórum Macau, entre outras personalidades do meio académico e empresarial. Segundo uma nota de imprensa sobre o evento enviado ao HM, José Paulo Esperança, vice-reitor da Faculdade de Economia da UCM, falou da importância do financiamento de investigações académicas por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em Portugal, destacando “os esforços da FCT na promoção da cooperação internacional e na resolução de desafios comuns”. Ip Kuai Peng, vice-reitor da UCM e director do Instituto de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da mesma instituição de ensino, defendeu que Macau “deve basear-se na cooperação com os países de língua portuguesa”, bem como “expandir de forma activa o intercâmbio em várias áreas com os países de língua espanhola, construir um ecossistema de cooperação abrangente, profundo e sustentável, continuar a expandir o círculo de amigos internacionais e traçar um novo plano para a modernização” no formato seguido pela China. Além disso, o responsável acredita que a RAEM “continua a ser uma importante janela de abertura ao exterior de alto nível para o país”, devendo-se continuar a criar “um modelo de cooperação internacional em áreas como a alta tecnologia, economia digital e padronização da medicina tradicional chinesa, contribuindo para a construção de uma potência tecnológica do país e, ao mesmo tempo, alcançando um desenvolvimento económico diversificado e moderado”. Think-tank à espanhola O vice-reitor da UCM acredita que pode ser criado em Macau “um think tank inter-regional com as melhores universidades dos países de língua portuguesa e espanhola, com foco em áreas como energia verde, biomedicina e tecnologia digital, promovendo a circulação transfronteiriça com meios tecnológicos e ajudando os países em desenvolvimento a superar o fosso digital”. Entre os investigadores participantes no seminário, destaque para Marta Filipa Simões, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que apresentou o projecto de cooperação sino-português em pesquisa sobre fungos e astrobiologia. A académico sugeriu “a realização de vários projectos de pesquisa através da cooperação entre Macau e instituições de investigação científica de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, a fim de promover a inovação científica inter-regional”. Já André Antunes, da Universidade de São José, destacou que, actualmente, “Macau desempenha um papel importante como ponto de contacto na rede de países de língua portuguesa”, com uma cooperação ainda muito centrada “na área económica”, embora, defendeu, “a área científica irá tornar-se num novo ponto forte”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFebre da dengue | Autoridades alertam para risco de casos importados Macau está a enfrentar um período de “alto risco” de casos importados de febre da dengue e de Chikungunya. O aviso foi reiterado ontem numa conferência conjunta dos Serviços de Saúde e do Instituto para os Assuntos Municipais. Os números de casos de febre de dengue do ano passado foram os mais elevados das duas últimas décadas Os Serviços de Saúde (SS) e o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) juntaram-se ontem para alertar a população para o risco crescente de casos importados de febre da dengue e febre de Chikungunya, tendo em conta que o período de Verão é sinónimo de mais viagens e deslocações. Em conferência de imprensa, Leong Iek Hou, médica e chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS, adiantou que “existiu um aumento dos casos de febre da dengue e febre de Chikungunya nas regiões vizinhas, o que constitui um alto risco para Macau”. Além disso, acrescentou, “sabemos que estamos na época de Verão, há um aumento do número de residentes de Macau que viaja para o exterior, ou de turistas que viajam para Macau, factores que podem aumentar o risco de doença”. Assim, “o risco de ocorrência de casos [de febre] em Macau é elevado”, frisou a responsável. Leong Iek Hou avançou alguns números, tendo dito que até passado domingo registaram-se na cidade de Foshan 2.285 casos confirmados de febre, sendo que 2.100 ocorreram apenas no distrito de Shunde. No caso de Macau, entre 2013 e 2019 houve “dois a três casos importados de febre de Chikungunya, todos provenientes do Sudeste Asiático”, mas nos últimos anos o registou aumentou, apesar de não haver casos graves. Leong Iek Hou destacou ainda o facto de, na última sexta-feira, Macau ter registado o primeiro caso importado de febre de Chikungunya deste ano. Segundo uma nota divulgada pelos SS nesse mesmo dia, o doente é um homem de 61 anos de idade, residente e morador no Edifício Cheng I, na Avenida do Conselheiro Borja. Entre os dias 8 e 17 de Julho, o doente deslocou-se ao distrito de Shunde, em Foshan, com o objectivo de visitar familiares. Porém, descrevem os SS, logo na manhã do dia 17 “começou a apresentar sintomas como febre, dores de cabeça, dores musculares e articulares, entre outros”, tendo regressado a Macau e procurado tratamento médico no Centro Hospitalar Conde de São Januário. No dia 18, o Laboratório de Saúde Pública confirmou a presença do vírus de Chikungunya, com um resultado positivo. Até à data, o doente tem-se mantido estável. Desde o início do ano e até ao dia 19 de Julho, a cidade de Foshan registou um total de 1.873 casos confirmados de febre Chikungunya, dos quais 1.790 são do distrito Shunde, concentrando-se principalmente nas vilas de Lecong, Beijiao, Chencun. 49 casos ocorreram no distrito de Chancheng, concentrando-se principalmente nos subdistritos de Shiwanzhen, Zumiao e Zhangcha; enquanto 34 casos foram detectados no distrito de Nanhai, concentrando-se principalmente no subdistrito de Guicheng. Uma dengue do pior Quanto aos casos de febre da dengue, Leong Iek Hou destacou que em 2024 a ocorrência desta doença “foi relativamente mais grave quando comparada com os últimos 20 anos, pois registaram-se 38 casos de dengue, sendo nove locais”. “Este ano foram registados oito casos importados de febre de dengue, sendo um local”, disse ainda a responsável dos SS. Foi ainda referido que é possível travar e combater estas infecções através, por exemplo, da limpeza de água estagnada, que atrai a proliferação de mosquitos. “Este ano realizamos mais trabalhos para eliminar os mosquitos junto ao Jardim Camões”, adiantou Fong Vai Seng, chefe do departamento de higiene ambiental e licenciamento do IAM. “Podemos afirmar que conseguimos eliminar mosquitos que podem ser portadores do vírus [causador das febres], evitando a sua transmissão. De qualquer das formas estamos no pico de casos, sendo que residentes e turistas podem ser portadores do vírus, pelo que temos de estar alerta. Realizámos uma série de trabalhos de limpeza para evitar a fonte de proliferação de mosquitos, e até Junho [desde o início do ano] fiscalizámos cerca 7.400 espaços”, foi referido. As acções de fiscalização decorreram em 140 locais que são considerados “pontos negros” no que diz respeito à proliferação de mosquitos, sendo que, entre Janeiro e Junho deste ano, foram feitas 1.220 acções de eliminação química destes insectos que podem causar doenças. Ambas as entidades prometem trabalhar lado a lado na limpeza de terrenos. “O IAM e os SS dispõem de um mecanismo de acompanhamento e tratamento dos problemas de higiene em espaços privados ou em terrenos desocupados. Sempre que os SS verificarem que existe perigo para a saúde pública, ou em caso de uma situação de emergência, e sempre que não seja possível contactar os proprietários do terreno, o IAM irá colaborar na remoção de recipientes ou zonas com águas estagnadas que podem servir de proliferação de mosquitos”, foi dito na conferência de imprensa. Leong Iek Hou explicou também que não há ainda muitos locais em Macau onde se possam fazer testes que despistem a infecção. “Não são muitas as instituições médicas que têm este tipo de teste disponível. Quando clínicas ou hospitais privados quiserem fazer o teste para a despistagem das doenças transmissíveis, essas instituições enviam-nos as amostras de sangue e fazemos os testes no nosso laboratório de saúde pública de forma gratuita para os vários tipos de febre, tendo em conta que os sintomas são semelhantes.” Hong Kong em alerta O alerta de risco de mais casos importados destes dois tipos de febre também chegou a Hong Kong. Segundo o jornal South China Morning Post de quinta-feira, vários especialistas alertam para o elevado risco de infecções tendo em conta o surto registado na cidade de Foshan, pertencente à província de Guangdong. Wong Hoi-kei, médico e responsável sénior do Center for Health Protection de Guangdong, disse que “embora os surtos não ocorram em cidades populares entre os habitantes de Hong Kong, as viagens frequentes entre Guangdong e Hong Kong significam que é maior o risco de ocorrência de casos importados”. Também citado pelo mesmo jornal, o médico Joseph Tsang Kay-yan, especialista em doenças infecciosas, disse ser possível que Hong Kong venha a ter casos importados que possam levar a infecções esporádicas, e explicou que os dois tipos de febres têm sintomas semelhantes, mas com uma grande diferença: com a febre de Chikungunya os doentes sentem dores nas articulações. Wong Hoi-kei adiantou que estão a ser desenvolvidas diversas acções de limpeza para evitar a proliferação de mosquitos e para informar a população para os sintomas. “Temos a capacidade de reduzir ao mínimo possível o risco de um surto desencadeado por casos importados”, disse Wong. Só este ano, e segundo dados divulgados pelo SCMP, foram registados mais de 220 mil casos de febre Chikungunya em todo o mundo em 14 locais, incluindo as regiões de Taiwan e Singapura. Os últimos casos deste tipo de febre em Hong Kong tinham ocorrido em 2019, com apenas 11 doentes. Segundo os SS, os meios de transmissão e medidas de prevenção e controlo da febre Chikungunya e da febre de dengue são idênticos, ambas transmitidas por picadas de mosquitos da espécie “Aedes Albopictus”, que habitualmente se reproduzem em pequenas quantidades de água estagnada, limpa e parada. Tendo em conta a recente passagem por Macau do tufão Wipha, as autoridades lembraram ontem a importância de limpeza destes espaços. A febre Chikungunya é uma doença viral e tem um período de incubação de três a oito dias, que pode variar entre dois e 12 dias, tendo como sintomas febre e depois dores nas articulações, em zonas do corpo como pulsos, joelhos, tornozelos e articulações dos dedos. Dois a três dias depois surgem erupções cutâneas. “Todo o curso da doença dura geralmente cinco a sete dias, sendo o estado de saúde da maioria dos doentes considerado ligeiro”, explicam os SS.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteGuerra | Historiadores defendem monumento sobre vitória contra invasão japonesa Em ano de celebração dos 80 anos da vitória da China na guerra contra a agressão japonesa, as escolas de Macau foram incentivadas pelo Governo a transmitir estes episódios históricos aos alunos. No fervor da efeméride, um académico defendeu a construção de um monumento para assinalar a data. O HM ouviu historiadores que realçam as ideias que devem ser transmitidas pelo monumento 2025 é o ano em que se celebram os 80 anos do aniversário da vitória da China na chamada Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Mundial Antifascista, ou seja, quando a China e Hong Kong conseguiram escapar à ocupação japonesa. Macau, por ter administração portuguesa, e por Portugal se ter mantido neutro durante a Segunda Guerra Mundial, não foi ocupado pelos japoneses, embora o estatuto de neutralidade tenha sido bastante volátil, conforme demonstrou a historiadora Helena Lopes na obra “Neutrality and Collaboration in South China: Macau during the Second World War”. Neste contexto, as autoridades têm incentivado as escolas do território a recordar o episódio histórico através de várias actividades com um cunho patriótico, enquanto Lin Guangzhi, director do Instituto para a Investigação Social e Cultural da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês), defendeu que deveria ser criado em Macau um monumento em memória dos mártires da guerra com o Japão. O HM convidou dois historiadores, especialistas neste período histórico, a comentar o que de facto aconteceu nestes anos e quais as principais mensagens que deveriam ser transmitidas caso a construção do monumento avance efectivamente. Alfredo Gomes Dias, docente do Instituto Politécnico de Lisboa e autor da tese de doutoramento sobre a diáspora macaense nos anos da Segunda Guerra Mundial e fundação da República Popular da China, intitulada “A Diáspora Macaense. Macau, Hong Kong, Xangai (1850-1952)”, defende que a celebração deste período histórico é comum a vários países. “No caso da China, o fim da invasão japonesa, tendo em conta a violência de que se revestiu, pode e deve ser celebrado genericamente em todo o território chinês”, defendeu. Mas tendo em conta que Hong Kong teve uma ocupação efectiva, enquanto Macau lidou com crises de refugiados e jogos de poder entre portugueses, chineses, ingleses e japoneses, fará sentido ter um monumento na RAEM? Alfredo Gomes Dias entende que sim. “No caso de Macau, o monumento ganha relevo se ele perpetuar a memória de que chineses, portugueses e macaenses lutaram contra a invasão, principalmente na ilha de Hong Kong, muitos deles falecendo no campo de batalha. Além disso, Macau manteve a tradição de ser um território de refúgio que albergou chineses e macaenses de Hong Kong.” Essencialmente, o investigador entende que “em qualquer uma das cidades ele pode ser erguido”, mas, no caso particular de Macau, importa que o monumento “tenha a intenção de ter em conta a especificidade da história de Macau e a diversidade de origem dos seus residentes”. Além disso, que defende que deve “preservar a memória de todos os que se juntaram, lado a lado, para se oporem ao imperialismo japonês nessa época”. “Neutralidade ambígua” Para Helena Lopes, historiadora com interesse particular no panorama de Macau nos anos da Segunda Guerra Mundial, e autora da obra sobre a neutralidade de Macau neste período, disse não ver “nenhum problema na construção de um monumento comemorativo da Segunda Guerra em Macau”. Nos anos 30 e 40 do século XX, recorda, “a maioria da população era, como hoje, chinesa”, embora “um número significativo da população fosse refugiada, tendo procurado em Macau (como noutros lugares não ocupados na China) abrigo da violência do conflito”. Desta forma, Helena Lopes, professora de história da Ásia contemporânea na Universidade de Cardiff, em Gales, diz ser “normal que a China celebre a vitória na Segunda Guerra, como outros países dos Aliados o fazem”. Relativamente à neutralidade de Macau, a historiadora diz que esta foi “ambígua”, tendo em conta que “muitos lados opostos se cruzaram no território durante a guerra”. Nestes anos, “o território esteve profundamente ligado a redes de resistência e ajuda humanitária durante a guerra: não estava isolado do conflito, mas estava profundamente ligado a várias das suas dinâmicas de forma idêntica a outros territórios na China sob domínio estrangeiro (como as concessões estrangeiras de Xangai ou Hong Kong até esses territórios serem ocupados completamente)”. Neste contexto, acrescenta Helena Lopes, “parece natural que se celebre a resistência contra o Japão durante a guerra, onde participaram – abertamente ou na clandestinidade – várias pessoas em/de Macau (chinesas e de outras nacionalidades)”, apontou. O papel da educação histórica As escolas do território têm sido “encorajadas” pela Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) a organizar sessões para os alunos e professores assistirem em directo às cerimónias do “80.º aniversário da vitória do povo chinês na guerra contra o Japão e da vitória mundial contra o fascismo”. Segundo uma conferência de imprensa organizada para anunciar estas iniciativas, as comemorações dos 80 anos da vitória contra os japoneses arrancam a 3 de Setembro em Pequim, sendo que a DSEDJ pretende organizar vários eventos em Macau. Questionada sobre a inclusão das celebrações históricas, com um cunho patriótico, nas escolas locais, Helena Lopes diz “não ter elementos para comentar a situação educativa em Macau na actualidade”, recordando que, nos anos da Segunda Guerra Mundial, “as escolas em Macau foram, elas próprias, espaços de refúgio e resistência à ocupação japonesa da China”. Por sua vez, Alfredo Gomes Dias frisa que “a educação histórica é sempre um prolongamento da narrativa da história nacional”, “uma realidade comum a todos os países” e não exclusiva a Macau. A conferência de imprensa da DSEDJ para a apresentação dos eventos comemorativos contou com a presença da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, que tem o pelouro da educação. A governante disse, em Junho último, que o objectivo do Governo é “promover o grande espírito da Guerra de Resistência” e “inspirar o fervor patriótico”. Todas as actividades vão estar subordinadas ao tema: “Recordar a História, Acarinhar a Memória dos Mártires, Acarinhar a Paz e Criar o Futuro”. Um dos pontos altos das comemorações será a memória das vítimas do massacre de Nanjing, celebração agendada para o dia 13 de Dezembro. O massacre de Nanjing aconteceu em 1937, tendo decorrido durante algumas semanas após a conquista pelos tropas japonesas daquela que era a capital da República da China. Após a conquista, as tropas japonesas massacraram a população, incluindo crianças, mulheres e não combatentes. A invasão da China pelo Japão começou em 1931 com a ocupação da Manchúria, num primeiro momento. Em 1937, o Japão expandiu o escopo da guerra, procurando a ocupação total da China. O que começou como um conflito localizado na Ásia acabaria por integrar-se na Segunda Guerra Mundial, a partir de Dezembro de 1941, com os ataques de Pearl Harbour. Ao longo de vários anos, as estimativas apontam para que no lado chinês entre 3,8 milhões e 10,6 milhões de pessoas tenham morrido. A paz foi alcançada a 2 de Dezembro, depois de os Estados Unidos terem atacado o Japão com a segunda bomba atómica, em Nagasaki. O HM enviou questões a Lin Guangzhi, autor da ideia da construção de um monumento, mas até ao fecho desta edição não foi obtida resposta.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaÁgua | Pedida supervisão apertada após escândalos recentes Os quatro episódios de águas engarrafadas localmente que falharam os testes de qualidade e segurança levaram a deputada a pedir um maior controlo dos produtos em Macau e a pedir novas formas de testar as águas A deputada Song Pek Kei apela às autoridades para reforçarem as medidas de controlo de qualidade da água engarrafada no território. Foi desta forma que a legisladora ligada à comunidade de Fujian reagiu aos recentes episódios das águas engarrafadas localmente que não cumprem os padrões de qualidade nem de segurança. Na interpelação, a deputada escreveu esperar que as autoridades contribuam para assegurar a qualidade da água engarrafada em Macau e corrigir as falhas de inspecção existentes. E um dos problemas identificados pela deputada passa pela forma como o controlo da qualidade da água é feito: “Apesar de o Instituto para os Assuntos Municipais fazer regularmente inspecções aleatórias, a maioria destas inspecções é feita através das análises às amostras de água, pelo que a segurança da linha de produção e dos garrafões reciclados pelas águas não é controlada”, escreveu Song. Desde o início de Maio que as autoridades revelaram pelo menos quatro casos em que diferentes marcas de água engarrafadas e distribuídas em Macau não cumpriam os padrões e qualidade. As marcas visadas são a água Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou, marca Ieong Iat Tat, da fábrica com o mesmo nome, a água O Sun, do Miram Grupo, e ainda a água NK, da Fábrica de Água Potável NK. Sobre estes casos, que foram detectados pelo IAM, Song Pek Kei reconheceu que foram tomadas medidas para lidar com as diferentes situações. Todavia, criticou a falta de um mecanismo mais abrangente de controlo de qualidade e segurança. Casos que se repetem A deputada ligada à comunidade de Fujian mostrou-se preocupada com o facto de terem sido identificados “tantos casos” num curto espaço de tempo, o que contribui para uma “preocupação social” face à água fornecida. Song Pek Kei escreve que outra das preocupações da população visa a água disponibilizada em espaços públicos, em que muitas vezes os garrafões não identificam o fornecedor da água, não apresentam os resultados dos testes mais recente à qualidade da água, nem a data recomendada do consumo da água. Além disso, Song pretende que o Governo passe a disponibilizar nos espaços públicos a data da última limpeza das máquinas que fornecem a água dos garrafões. Por esta razão, a legisladora espera que o Governo peça aos fornecedores de água para fixarem as etiquetas com informações nos garrafões de água. Além disso, a deputada pede que as máquinas sejam limpas e mantidas regularmente, principalmente nos espaços e serviços públicos, como escolas, hospitais e lares para idosos. Uma das águas visadas pelos problemas de qualidade viu ser suspensa a certificação M-Mark, um selo de qualidade da Administração. Sobre este aspecto, Song Pek Kei considerou que este tipo de certificação deve estar sempre dependente de testes de qualidade, para que os produtos em Macau possam desenvolver uma reputação mais forte.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteColoane | Governo cancelou projecto do museu das palafitas há 9 anos Muito antes de as autoridades integrarem na jurisdição da RAEM os 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas, havia a ideia de erguer um museu das palafitas a fim de consagrar no tempo este tipo de habitações existentes em Coloane. Porém, anos depois, a Direcção dos Serviços de Turismo diz que o projecto não vai mesmo avançar, tendo sido suspenso logo em 2016 Entre 2016 e 2017, o Governo planeou erguer um museu sobre as palafitas de Coloane, para contar a história destas casas tão peculiares de Macau. Porém, depois de terem sido publicadas notícias na imprensa a veicular a inauguração do projecto em 2017, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) confirmou ao HM que não vai nascer nenhum museu. Mais: não só não vai ser construído, como o plano foi abortado há nove anos. “Devido à inclusão da área onde se localizam as casas de palafitas no plano de ordenamento urbano do Governo para a zona ribeirinha de Coloane, os estaleiros de Lai Chi Vun e a Rua dos Navegantes, a DST encerrou o plano de desenvolvimento do ‘Projecto Museu da Casa Palafita’ em 2016, e, subsequentemente, concluiu o procedimento de devolução do imóvel. Por conseguinte, o ‘Projecto Museu da Casa Palafita’ foi cancelado”, foi referido na resposta. O cancelamento logo em 2016 não deixa de surpreender, tendo em conta que a 14 de Junho do mesmo ano o Jornal Tribuna de Macau (JTM) noticiava que a inauguração do museu iria acontecer em 2017. Nesse artigo foram citadas declarações da directora da DST, Helena de Senna Fernandes, feitas ao jornal Ou Mun, explicando que o “projecto estava na fase de [concepção] do design”. Já teriam sido realizadas, inclusivamente, “várias consultas para recolher opiniões dos moradores daquela zona, na expectativa de aperfeiçoar a proposta de construção”. Segundo citou o JTM, o projecto deveria “estar concluído até ao final do ano” de 2016, para que a obra fosse “iniciada logo no princípio de 2017”, sendo que a DST esperava “que a construção estivesse concluída no mesmo ano”. Depois da promessa, em 2018 faltavam ainda “fundamentos legais” para erguer o museu em Coloane, conforme noticiou também o JTM. A justificação dada pela DST era de que Macau não dispunha ainda dos 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas sob sua jurisdição, algo que está legislado, precisamente, desde 2018. Uma questão de prioridades O HM procurou saber o estado do projecto do museu das palafitas na sequência do lançamento recente de um livro sobre as palafitas de Coloane, da autoria de Filipe Afonso, coordenador da licenciatura em Arquitectura da Universidade de São José. Confrontado agora com o cancelamento oficial do projecto de museu, o responsável lamentou a decisão das autoridades. “O cancelamento do Projeto Museu das Palafitas não é apenas uma notícia sobre um projecto que não avançou, mas sim um ponto de partida para equacionar as prioridades de desenvolvimento de Macau, a forma como o património é gerido e o que significa para a memória colectiva, neste caso de Coloane”, começou por dizer. Na opinião do autor de “The Coloane Grammar”, “o plano para a marginal da Rua dos Navegantes deveria incluir propostas de novas edificações que utilizem e reinterpretem a madeira como elemento principal e essencial de construção”, sendo que a conexão dessa rua com os estaleiros de Lai Chi Vun, “especialmente no que diz respeito à frente marítima, é uma oportunidade única para criar um corredor costeiro que celebre a história marítima e cultural de Coloane”. Assim, e “dada a riqueza do contexto e o cancelamento do museu das palafitas, o foco deve ser em integrar a memória dessas estruturas no novo plano”, pelo que se deveria restaurar as estruturas existentes dos estaleiros, das palafitas, mantendo as suas características originais e materiais, mas adaptando-as para novos usos”. Ainda sobre o valor patrimonial, Filipe Afonso descreveu, na entrevista ao HM, a proposta de “classificação das palafitas como património para lhes conferir protecção legal”. “Ao catalogar as palafitas existentes, o livro contribui para preservar a memória deste tipo de arquitectura e para uma discussão mais vasta sobre a sua possível protecção”, defendeu, acrescentando que as habitações, muitas delas deixadas ao abandono, “poderiam ser reaproveitadas para turismo de experiência, ou centros de interpretação cultural, valorizando a história local”. Poderiam ainda “ser transformadas em espaços criativos e artísticos ou na realidade propor novas construções em madeira ao longo da linha de água, com diversos usos e que possam gerar valor para a comunidade de Coloane, contribuindo para a diversificação cultural e económica de Macau”. Esperanças à beira-mar Filipe Afonso destaca o processo de revitalização e recuperação da zona dos estaleiros de Lai Chi Vun como uma “iniciativa com valor histórico e cultural imenso, e que remete para a rica tradição da construção naval da região”. Na verdade, a zona dos estaleiros de Lai Chi Vun é uma das “seis zonas” antigas a recuperar pelo Governo e operadoras de jogo, e que incluem também locais como os cais no Porto Interior ou Avenida Almeida Ribeiro, entre outros. Na zona de Lai Chi Vun já existe uma zona de lazer onde se têm realizado iniciativas culturais, com uma área museológica que conta a história da indústria de construção de juncos no território. Neste sentido, Filipe Afonso pede que “o Governo de Macau não limite o desenho destes projectos a um leque restrito de ‘short-listed companies'”, ou seja, um grupo restrito de empresas. Até porque, na sua opinião, “Macau tem uma nova geração de arquitectos e criativos talentosos prontos para dar a sua contribuição”. “Acredito que através de mais concursos de ideias, abertos, estes profissionais poderiam oferecer perspectivas inovadoras para os desafios urbanos e culturais da cidade. Excluí-los de processos tão cruciais para o desenvolvimento urbano e cultural de Macau é um desperdício”, acrescentou. O HM contactou outros arquitectos no sentido de obter reacções ao cancelamento do projecto do museu, mas não obteve respostas. O que diz a lei Entre a suspensão do projecto e os dias de hoje muita coisa mudou. Em 2018, Macau passou a dispor da Lei de Bases de Gestão das Áreas Marítimas, que inclui 85 quilómetros quadrados de área, e cujos princípios prevê a preservação ambiental de espaços como aqueles que as palafitas se inserem. A legislação introduziu conceitos como “zoneamento marítimo funcional”, no sentido da delimitação de zonas “com funções marítimas fundamentais e específicas de acordo com a localização, recursos naturais, condições ambientais e necessidades de exploração e aproveitamento”. Na lista de princípios a cumprir, a legislação fala de algo como a “protecção do ambiente das áreas marítimas”, no sentido de se dever “proteger os recursos naturais e o meio ambiente do mar, concretizando o planeamento de protecção e de fomento do ecossistema marinho, devendo as áreas marítimas ter em consideração a protecção do meio marinho”. Deve-se ainda “conservar a sustentabilidade do aproveitamento e desenvolvimento” dessas áreas, além de que a sua utilização deve ser feita “de forma científica”, segundo o zoneamento marítimo funcional”. Além da legislação concreta que empatava a concretização do museu das palafitas em 2016, faltava também um Plano Director à RAEM, algo que foi implementado em 2022 e que traz também novas directivas para a exploração das zonas marítimas. Coloane tem agora a sua própria UOPG – Unidade Operativa de Planeamento e Gestão, onde se deve aplicar uma “organização racional das infra-estruturas públicas e dos equipamentos de utilização colectiva”, bem como “um aproveitamento apropriado dos solos”, a fim de criar uma “estrutura espacial coordenada”. A UOPG de Coloane integra-se na “Zona de Conservação Ecológica”, que visa “a protecção das áreas com valor ecológico” e ainda “contribuir para a maior protecção dos recursos naturais com valor ecológico”. Aqui não será permitido “destinar solos para usos habitacional, comercial, industrial, turístico e de diversões”, lê-se no Plano Director da RAEM. A UOPG de Coloane está também integrada na “Zona verde ou de espaços públicos abertos”, devendo aqui “manter-se o actual uso para espaços verdes e actividades ao ar livre, integrando-o [a UOPG de Coloane] na zona verde ou de espaços públicos abertos”. Concretamente, a UOPG de Coloane deve “promover o desenvolvimento do ecoturismo e do turismo cultural, com a criação de uma zona de passeios pela natureza e da ‘Cintura Verde e Resiliente’, com base na conjugação dos recursos naturais, designadamente colinas, mar e linhas costeiras”. Deve também “conservar e optimizar as zonas industriais existentes, construir a ‘Cintura de Conhecimento – Indústria – Ciência’ e a ‘Cintura de Cooperação de Um Rio, Duas Margens’ e, simultaneamente, planear de forma racional as zonas habitacionais em localização adequada, de acordo com o princípio do equilíbrio entre as funções profissional e residencial”, sendo que estes pontos se interligam com a zona das palafitas, Rua dos Navegantes e estaleiros de Lai Chi Vun. O Plano Director explica também que “o uso predominante dos solos na UOPG Coloane é zona de conservação ecológica”.
Andreia Sofia Silva PolíticaJogos Nacionais | Ron Lam lamenta pouca participação de Macau O deputado Ron Lam recorreu ontem ao período de antes da ordem do dia do debate na AL para falar da pouca participação de Macau em algumas modalidades por ocasião da realização, no território, da 15.ª edição dos Jogos Nacionais. O evento inclui 34 modalidades de competição desportiva e 23 modalidades populares, podendo participar equipas de Guangdong, Hong Kong e Macau. Porém, segundo o deputado, a 20 de Maio o Instituto do Desporto (ID) “anunciou que Macau apenas iria participar em 19 competições desportivas e em 12 modalidades destinadas ao público, ou seja, em termos de proporção, corresponde a uma taxa de participação inferior a 60 por cento das modalidades”. O deputado destacou que “o Governo ainda não divulgou quais as modalidades em que Macau irá participar, desperdiçando-se a oportunidade única da população de Macau participar nos eventos nacionais”, ao contrário de Hong Kong, que iniciou em Janeiro deste ano “o processo de selecção em 23 modalidades para o público, com vista a permitir a inscrição de todos os residentes qualificados”. “É de salientar que as modalidades para o público não são para a participação de atletas profissionais. Por exemplo, a modalidade de badminton divide-se em quatro grupos etários, desde os 25 aos 64 anos de idade. Será que Macau não tem nenhum participante que possa participar nesta modalidade?”, questionou o deputado, que sugere a criação de um “meio formal para a inscrição dos atletas interessados em participar nos Jogos Nacionais e adopte critérios uniformizados, justos e transparentes para a selecção das equipas que vão representar Macau”.
Andreia Sofia Silva PolíticaAL | Novo estatuto dos deputados votado na generalidade Foram ontem aprovadas na generalidade as alterações a uma lei de 2000 relacionada com a legislatura e o estatuto dos deputados à Assembleia Legislativa (AL) e que clarifica, entre outras matérias, a perda de mandatos. Na sua declaração de voto, o deputado Kou Kam Fai defendeu que estas alterações, propostas por um grupo de deputados, onde se inclui o presidente do hemiciclo, visam “concretizar o princípio de Macau governada por patriotas”, tratando-se de uma “alteração necessária para o nosso ordenamento jurídico”. Fica assim clarificado quais “os deputados que não são fiéis à Lei Básica, tendo sido acrescentada uma norma quanto à violação grave dos deveres”. Para Kou Kam Fai, o novo estatuto vai “assegurar o direito da defesa dos deputados e aumentar a dignidade da AL”. Já os deputados Chan Chak Mo e Angela Leong declararam, de forma conjunta, que estas alterações permitem “o funcionamento mais eficiente do órgão legislativo, definindo mais claramente as responsabilidades e deveres dos deputados”, ideias assentes na garantia “da segurança do Estado”. Cria-se, assim, “um quadro jurídico mais actualizado e aprimorado”, acrescentou Angela Leong.
Andreia Sofia Silva PolíticaMuseu Ronaldo | Coutinho fala em “maior destreza” de HK O deputado José Pereira Coutinho utilizou ontem o período de antes da ordem do dia da sessão plenária para falar do novo museu dedicado ao jogador Cristiano Ronaldo, que abriu portas em Hong Kong, dizendo que a região vizinha teve maiores capacidades na criação de um projecto que pode atrair turismo e parcerias com empresas. “Este museu reforça a imagem de Hong Kong como destino cultural e desportivo, e não apenas um centro financeiro. Não restam dúvidas que os governantes da RAEHK são mais pragmáticos na atracção de investimento estrangeiro, agindo com destreza e celeridade na aprovação iniciativas que possam trazer um rápido retorno económico”, existindo uma “mentalidade pragmática, planos bem delineados e orientação para resultados concretos”.
Andreia Sofia Silva PolíticaETAPM | Criticada exclusão de clínicos privados Foi ontem aprovado na especialidade a alteração ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM) e diplomas conexos”, bem como as mudanças às “Disposições Fundamentais do Estatuto do Pessoal de Direcção e Chefia”. No que diz respeito ao ETAPM, vários deputados mostraram-se contra o facto de continuar a não ser possível apresentar atestados médicos passados por clínicos privados. “A alteração a esta lei não ponderou a inclusão de médicos e dentistas do sector privado e isso deixa-me desiludido. Nem sequer há uma calendarização para isso e espero ver essa norma legislada ainda no meu período de vida”, disse Chan Iek Lap, que votou contra este artigo do ETAPM. Já Ron Lam, absteve-se neste mesmo artigo, tendo referido que “alargar o âmbito dos profissionais médicos autorizados a passar atestados para as associações sem fins lucrativos vem aliviar a pressão sentida pelos profissionais das instituições públicas, mas deveria ser alargado a todos os médicos de clínica privada”.
Andreia Sofia Silva PolíticaOrçamento 2025 | Aprovações com queixas sobre cheques Foi ontem aprovado, na especialidade, a proposta de lei relativa à revisão orçamental para este ano, tendo o deputado Ron Lam votado contra o artigo relativo à fatia do orçamento que, parcialmente, seria gasta nos cheques pecuniários. O deputado aproveitou para criticar a forma como o Executivo alterou a forma de distribuição deste apoio. “Tenho recebido muitas opiniões da população que dizem que a atribuição dos cheques tem sido complicada e perturbadora. Não sabemos ainda quantos são os beneficiários. Há idosos que estão preocupados porque têm de tratar de um grande número de formalidades para ter esse direito. Há casos de pessoas que não cumprem a permanência dos 183 dias em Macau por apenas dois dias. O Governo deve fazer uma consulta pública e assegurar o direito de informação e de opção do público. Não sabemos os contornos da atribuição e ninguém sabe como vai ser feita no futuro”, disse.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAL | Novo regimento proíbe deputados de divulgar conteúdos das comissões Com o novo Regimento do hemiciclo aprovado ontem, os deputados passam a estar proibidos de divulgar os assuntos discutidos nas reuniões das comissões permanentes, à excepção dos seus presidentes e secretários. O assunto gerou debate ontem na Assembleia quanto aos limites do que pode ou não ser dito. Pereira Coutinho votou contra este artigo Os deputados da Assembleia Legislativa (AL) passam agora a estar proibidos de divulgar o que é discutido nas reuniões de comissão do hemiciclo, “seja por que meio for”, com a excepção do seu presidente e secretário. Estes divulgam habitualmente o conteúdo das reuniões em conferência de imprensa após a realização das mesmas, e isso irá manter-se. Esta nova regulamentação surge depois da votação e discussão, na generalidade e especialidade, da alteração ao Regimento da AL. Foi um dos temas mais discutidos no debate de ontem, com os deputados a argumentarem sobre o que pode ou não ser dito, tendo José Pereira Coutinho votado contra este artigo em concreto. A divulgação de informações das reuniões, que servem para analisar na especialidade propostas de lei e que decorrem sempre à porta fechada, era algo que não estava ainda regulamentado. Coutinho começou por perguntar se podia divulgar as informações “durante a reunião plenária”, por exemplo, tendo dito que “nunca ouviu falar de algum deputado que tenha violado esse dever”. “Houve reuniões no passado em que os secretários avisaram quanto às informações que não deveriam ser divulgadas e nada foi dito. Somos apenas 33 deputados e devemos pensar na possibilidade de revelar aquilo que foi discutido, pois é difícil definir as fronteiras sobre o que pode ou não ser revelado e isso dará origem a muitas discussões depois”, adiantou. O legislador destacou também que “pode ser difícil executar esta norma” e que deveria ser seguido “o princípio da transparência”. Ho Ion Sang, que presidiu à comissão que analisou o novo Regimento da AL, explicou que “o conteúdo das reuniões está sujeito ao dever de sigilo e esta matéria foi clarificada”. “O conteúdo pode ser dito pelo presidente das comissões depois das reuniões, nas conferências de imprensa, e os jornalistas podem colocar questões. Na prática mantém-se como sempre aconteceu e que tem dado bons resultados”, adiantou. Abrir as reuniões Outro ponto abordado, prendeu-se com a realização, ou não, das comissões permanentes à porta fechada, tendo Pereira Coutinho defendido a abertura ao público à semelhança do que acontece em Hong Kong. O Regimento da AL não proíbe reuniões abertas, mas tal depende sempre de uma deliberação prévia. Mas Iau Teng Pio, deputado, desaconselhou a abertura das reuniões. “O objectivo das reuniões à porta fechada é para que os membros do Governo, assessores e deputados possam discutir à vontade mesmo que não haja uma decisão final. Se calhar as reuniões à porta aberta não ajudam e não é benéfico para a proposta de lei.” Kou Hoi In, presidente da AL, lembrou que “o espírito da norma não foi alterado” e que vai tudo manter-se na mesma, apenas fica registada a proibição daquilo que os deputados não podem referir fora das comissões. “O carácter reservado das comissões permanentes é para que todos possam falar à vontade e se algum deputado disser isto ou aquilo isso pode espoletar sensações de injustiça na sociedade para com os deputados e isso não pode acontecer. Temos de proteger os deputados e assegurar a confidencialidade.” No encontro de ontem, teve também lugar a discussão do dever do deputado de participar em todas as comissões permanentes, mesmo naquelas a que não pertence. Vários deputados falaram da necessidade de uma melhor coordenação das agendas das reuniões. “No futuro poderá haver uma coordenação mais prática porque existem muitas reuniões e propostas de lei. Podemos programar as reuniões para que haja mais deputados”, disse. De resto, o novo Regimento da AL passa a proibir, por parte dos deputados, “roupa ou placas, estandartes, letreiros ou demais objectos que tenham conteúdo ofensivo ou de provocação política, ou que ponham em causa a dignidade da AL”.
Andreia Sofia Silva EventosD’As Entranhas | As descobertas de Maria João Pereira em “My Body” É amanhã inaugurada mais uma exposição do projecto teatral “D’As Entranhas”, que desta vez traz a Macau imagens de Maria João Pereira tiradas nos anos da pandemia. Em “My Body” observa-se um processo de múltiplas descobertas por parte da mulher fotografada que construiu uma nova relação com o seu corpo depois deste projecto Os anos de confinamento da covid. Uma mulher fechada em casa. Uma máquina fotográfica e a descoberta do seu próprio corpo. A nova exposição organizada pela companhia teatral “D’As Entranhas”, intitulada “My Body”, traz um conjunto de fotografias tiradas por Maria João Pereira a si própria durante a pandemia. Depois de ter publicado algumas nas redes sociais, surgiu a ideia de fazer este projecto. A inauguração acontece amanhã na Creative Macau, a partir das 18h30, e traz também uma performance da artista. Esta mostra é constituída por 42 obras registadas entre 2019 e 2024 em câmara de telemóvel, “a partir de múltiplas representaçōes do corpo da autora, no espaço privado da casa”. Segundo uma nota “D’As Entranhas”, “o conjunto de fotografias agora apresentadas expressa e interroga a memória do tempo presente, misturando ficçāo e realidade, em narrativas imaginadas, através da fotografia”, podendo ser visto até 2 de Agosto. O lugar do corpo Ao HM, Maria João Pereira revela que fazer estas fotografias constituiu para si “um pequeno escape” nos anos de confinamento, tendo sido uma espécie de “brincadeira com o corpo”. “Tenho alguma flexibilidade por causa da minha escola de teatro, dança e acrobática, e tentei fotografar imagens e posições pouco comuns, mais acrobáticas digamos assim, para ter a ideia de movimento, explorar a ideia de estar sozinho e confinamento, de estarmos fechados e podermos brincar com o que temos à mão”, explicou. Não se tratou apenas de fotografar o corpo, mas sim “criar pequenos cenários e deixar o público explorar tudo através da imaginação, entrando em realidades alternativas”. Maria João Pereira pertence ao projecto “D’As Entranhas” e esta é a primeira vez que expõe as imagens que tirou nesses anos. “Faço uma retrospectiva de todo este trabalho e da procura da linguagem do corpo. Fui fazendo as imagens aos poucos e nem fazia todos os dias. O que aconteceu é que tinha uma imagem na minha cabeça, olhei para o sítio e tentei reproduzir com o corpo. Quando a ideia chegava tentava fotografar”, contou. Para Maria João Pereira, este projecto tem muito a ver com “inspiração”, pois “há momentos em que surge e outros não”. “O confinamento levou-me à ideia de brincar com o corpo físico, ajudou-me o facto de ter alguma destreza, e foi algo que também me permitiu brincar. Acabou por me levar à descoberta do corpo fotográfico”, disse. Imagens harmoniosas Maria João Pereira confessa que foi fazendo uma “descoberta contínua”. “Não há [nesta exposição], uma imagem que tenha sido criada antes do que aconteceu [pandemia]. É sempre uma procura de coisas que se podem descobrir, coisas em que se podem trabalhar. Tenho mais cinco anos face à idade que tinha quando fiz estas imagens, mas isso não foi impeditivo de olhar o corpo de uma outra forma. É uma busca constante”, disse. A artista deixa a mensagem de que as imagens que o público vai ver não são de nu integral, muito menos “provocatórias ou vulgares”. “Quando uma pessoa faz este tipo de trabalho tem de estar preparado para o bom e mau. Mas trata-se de imagens harmoniosas, e mesmo aquelas em que tenho roupas, quis encontrar diagonais no espaço e no corpo, pelo que não é apenas um corpo nu”, acrescentou a artista, confessando que antes de “My Body” nem gostava muito de ser fotografada. “Criei, sem dúvida, uma nova mentalidade sobre o meu corpo. Não fotografava e odiava sê-lo, até ter descoberto que gostava de o fazer. Foi uma descoberta fantástica que me deu muita imaginação, poder criar linhas e diagonais com o corpo. Criei uma nova relação com o meu corpo”, rematou.
Andreia Sofia Silva PolíticaLares de idosos | Lo Choi In pede aumento do subsídio por cama A deputada Lo Choi In defendeu ontem na Assembleia Legislativa (AL) o aumento do subsídio por cama atribuído aos lares de idosos, actualmente de 500 patacas, “para que as famílias não tenham de suportar encargos elevados” com este tipo de acompanhamento. Da parte do Governo não houve resposta a este ponto em concreto, tendo o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, dito que 90 por cento dos idosos continua a viver em casa, sozinhos ou com a família, sendo que apenas “sete por cento estão em lares e três por cento perderam a capacidade para estar sozinhos”. A questão do acompanhamento na terceira idade surgiu com uma interpelação oral do deputado Ho Ion Sang, que propôs a criação de uma “indústria para a terceira idade”, com benefícios fiscais e criação de serviços a pensar nos mais velhos. Por sua vez, o Governo indicou que tem apoiado “o lançamento de produtos e serviços adequados para seniores em vários domínios”, nomeadamente “eventos turísticos emblemáticos organizados pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST)” e “fornecimento do serviço de visita guiada aos idosos”. A DST deverá “atrair os visitantes idosos que gostam de viajar de cruzeiro a visitar e consumir em Macau”, sem esquecer que a “Autoridade Monetária de Macau tem vindo a incentivar o sector de seguros para que lance fundos de pensões e produtos de anuidade”, além de se pedir ao sector financeiro para “alocar recursos suficientes para lançar mais serviços e produtos inovadores na área financeira destinados aos idosos”.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno identificou 1000 vagas de emprego para residentes O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, adiantou ontem que, nos últimos meses, o grupo de trabalho governamental dedicado a encontrar vagas de emprego no território identificou 1000, relacionadas com 300 cargos diferentes. Estas vagas são destinadas a residentes que procuram emprego. “Até ao momento, foram recolhidas mais de 1000 vagas de emprego, que envolvem 300 postos de trabalho, abrangendo os sectores de turismo e lazer integrado, hotelaria, tecnologia de informação, serviços bancários e financeiros, aviação, serviços sociais, entre outros”, foi referido no segundo dia de sessão plenária dedicada a responder a interpelações orais dos deputados. Neste caso, os deputados Leong Sun Iok, Nick Lei, Ngan Iek Hang e Ma Io Fong apresentaram questões sobre a situação do emprego e desemprego dos residentes. Este grupo de trabalho, de criação recente, também faz “acções de formação direccionada” e presta “assistência aos residentes de Macau no acesso ao emprego, mudança de emprego, mobilidade horizontal e ascensão profissional”. Porém, grande parte do debate foi centrada no facto de os residentes trabalharem a tempo parcial com falsos contratos, ou então em trabalhos pouco qualificados. O deputado Leong Sun Iok sugeriu mesmo a criação de uma “percentagem mínima para a contratação de locais nas empresas de casinos, pois não teriam oportunidade de escolha”. Actualmente, segundo relatos recebidos pelo deputado, as empresas “arranjam sempre razões para não contratar locais e há situações de desigualdade, sendo os locais contratados a curto prazo porque, na verdade, a intenção é contratar trabalhadores não-residentes (TNR)”, existindo “casos de falsificação” de contratos, acusou. Nick Lei também falou dos “testemunhos de residentes que dizem que os TNR trabalham a tempo inteiro, parecendo que os residentes apenas servem para ocupar os tempos parciais”. “Os nossos jovens querem trabalhar a tempo inteiro nos escritórios, por exemplo, e não conseguem encontrar trabalho. Mesmo nos bancos há muitos TNR”, disse. “Trabalhar umas horas” Ella Lei, por sua vez, falou de casos ocorridos nos restaurantes do aeroporto e no sector do retalho, “em que os empregadores pedem aos residentes para entrar de férias, com contratos que dizem que trabalham a tempo inteiro”. “Mas não! Os residentes trabalham apenas uma hora, entram para a empresa e ficam a tempo parcial. Como é que o Governo faz a fiscalização? Há queixas de contratações falsas, com casos em que os locais querem trabalhar, entram para a empresa, trabalham um tempo, mas depois é-lhes dito que não estão a trabalhar bem e saem”, explicou a deputada dos Operários. Da parte do Governo, o secretário Tai Kin Ip referiu que tem sido “observado com rigor o princípio de que a contratação de TNR serve apenas para suprir a insuficiência de recursos humanos locais. O governante disse ainda que vai prestar atenção à situação do emprego parcial, mas não se livrou de nova acusação do deputado Ron Lam: “A política de emprego tem de ter em conta as necessidades da nossa população e o Governo está a interferir no mercado laboral, ao permitir a contratação de TNR”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteObras | Revitalização dos Cais 23-25 e Pátio da Eterna Felicidade ainda este ano Existem seis zonas históricas a revitalizar com o apoio e investimento das seis operadoras de jogo, mas os deputados questionam a ausência de novidades sobre o que está a ser feito e a lentidão dos projectos. O Governo garantiu que entre o final do terceiro trimestre e início do quarto serão divulgados mais dados e concluídas revitalizações de zonas antigas A revitalização dos Cais 23-25, na zona do Porto Interior, e do Pátio da Eterna Felicidade deverá estar concluída ainda este ano, estando interligada com os projectos pensados e financiados entre o Executivo e as seis operadoras de jogo para seis zonas antigas de Macau. A garantia foi dada ontem pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip. “A revitalização das seis zonas é uma tarefa prioritária para o Governo, pois temos de contar com os investimentos das concessionárias. Realizámos estudos, fizemos um arranjo dos recursos e agora sabemos o que temos. Queremos, no final do terceiro trimestre, início do quatro trimestre, poder avançar com mais pormenores” sobre esta renovação. Mais concretamente, coube a um representante do Instituto Cultural confirmar que a reabilitação do Pátio da Eterna Felicidade e Cais 23-25 fica concluída na mesma altura. Tai Kin Ip garantiu que o Governo “não está parado” enquanto analisa e estuda. “Já demos instruções [às concessionárias] para os trabalhos que podem ser ajustados. Pedimos às concessionárias para fazerem a análise consoante as características das zonas. Vamos concluir as estruturas [este ano], com obras de remodelação e restauro, e estamos a trabalhar.” O secretário frisou que está também a ser analisado o tipo de consumo a realizar-se nestas seis zonas, conforme o tipo de turistas, com “duas categorias de consumo, o tradicional e das novas gerações”. “Peço que acelerem” Apesar das promessas de mais detalhes, os deputados lamentaram a falta de informações mais detalhadas. “O essencial é divulgar os projectos, porque o Governo tem de conduzir determinados investimentos e orientar o mercado. O Governo pode ter tempo para fazer os estudos, mas será que as pequenas e médias empresas aguentam esse tempo dos estudos? As lojas que estão nas seis zonas vão continuar a explorar a actividade?”, questionou o deputado Ron Lam. Segundo o deputado, as ideias para as seis zonas devem resultar num “projecto transparente e divulgado ao público”, pois “toda a sociedade [tem de ser ouvida] para que todos os projectos possam reflectir o panorama do mercado”. Outra voz crítica, foi a de Ip Sio Kai, que pediu uma revitalização abrangente. “Todos esperam mudanças na economia comunitária. As concessionárias têm esse compromisso para com as seis zonas, mas já passaram dois anos e meio [desde o anúncio dos projectos]. Claro que houve trabalhos de transição, mas há novos planos de concepção e tudo deve ser feito ao mesmo tempo. Por exemplo, pode haver obstáculos na concepção dos planos, porque temos a Rua da Felicidade bem perto do Pátio da Eterna Felicidade, e pode ser difícil continuar os trabalhos. Como podem ser revitalizadas as áreas circundantes das seis zonas? Peço que se acelere os planos de revitalização e restauro dessas zonas”, frisou. De frisar que as seis zonas em causa incluem a Rua da Felicidade, os Cais nº 23 e 25 do Porto Interior; a área envolvente da Avenida Almeida Ribeiro e da Rua de Cinco de Outubro; a zona da Barra perto da Doca D. Carlos I; os estaleiros de Lai Chi Vun, em Coloane, e ainda a zona da Fortaleza do Monte.
Andreia Sofia Silva PolíticaSeguros de saúde | Executivo sem planos para subsídios A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, referiu ontem no hemiciclo que não existem planos governamentais para a concessão de subsídios à população para a aquisição de seguros de saúde, conforme propôs o deputado Chan Iek Lap na sua interpelação oral. “Considerando que a implementação de um programa de subsídios para a aquisição de seguros de saúde beneficiaria apenas os residentes que já possuem seguro de saúde, tal não estaria em conformidade com o princípio de universalidade que rege as políticas públicas do Governo da RAEM”, referiu a governante na resposta ao deputado. O Lam considerou também que o “actual sistema de cuidados de saúde já cobre as necessidades básicas da maioria da população, garantindo que os grupos vulneráveis tenham acesso aos cuidados de saúde de que necessitam”, pelo que “não existem, por enquanto, planos para subsidiar a aquisição de seguros de saúde individuais”. Além disso, lembrou, “mesmo que o Governo da RAEM subsidie parcialmente o seguro de saúde, os residentes terão de assumir os custos remanescentes”. A secretária citou dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos relativos ao terceiro trimestre de 2024 que mostram que “42,9 por cento da população local com idade igual ou superior a 16 anos já adquiriu um seguro de saúde individual”, enquanto “46,8 por cento beneficia do seguro de saúde proporcionado pelo seu empregador”. Além disso, o Executivo disponibiliza os vales de saúde a residentes com um valor de 700 patacas, tendo, no ano passado, sido usados 87,6 por cento, com um montante de utilização de 280 milhões de patacas. O orçamento para os vales foi de 320 milhões.