China / ÁsiaChina | “Sozinhos e falidos” no Dia dos Solteiros Hoje Macau - 12 Nov 2015 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chinesa Cai Man aguardou até aos primeiros segundos de ontem para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas, cumprindo assim o ritual com que milhões de chineses assinalam o “Dia dos Solteiros”. “Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa sobre a efeméride, que está a gerar fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia. No conjunto, 50.000 marcas, entre as quais 5.000 não chinesas, aderiram à iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro. As vendas do gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, por exemplo, superaram, em apenas 13 horas e meia, 35 mil milhões de yuan, estabelecendo um novo recorde mundial de vendas ‘online’. O grupo, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, foi o primeiro a lançar ofertas no “Dia dos Solteiros”, em 2009, visando o trepidante crescimento do consumo ‘online’ na China, país com 668 milhões de internautas. Com base na cidade de Hangzhou, na costa leste da China, estima-se que a empresa fundada por Jack Ma, o segundo homem mais rico do país, controle 90% do comércio electrónico no país. Nos primeiros 12 minutos e 28 segundos após a meia-noite, os ‘sites’ do Alibaba atingiram um volume total de vendas de 10 mil milhões de yuan. “No ano passado, levou 38 minutos e 28 segundos a alcançar aquela marca”, notou o jornal oficial chinês China Daily. Cai garante que a culpa não é sua: “Eu só gastei 2.500 yuan (365 euros)”. Durante aquele período, a Ant Financial Services Group, a afiliada do Alibaba que administra a plataforma de pagamentos ‘online’ Alipay, registou 85.900 transacções por segundo. Além fronteiras Mas a voracidade do maior mercado consumidor do mundo não se limita às fronteiras do país. Na Austrália, uma empresa de laticínios teve que pedir desculpa às mães locais através da rede social Facebook, depois da sua fórmula de leite orgânica para bebés ter esgotado no mercado doméstico. “Fomos apanhados de surpresa”, admitiu o presidente da empresa, citado pela France Presse, aludindo à enorme procura por parte da China, onde comercializa os seus produtos através do Alibaba. E, a julgar pelas declarações de Zhang Jianfeng, o responsável pelas vendas a retalho do grupo chinês, aquela empresa não deverá ser a única “afectada” pela febre consumista na China. “Algumas das marcas já venderam mais de 60% dos produtos em ‘stock’ e outras deverão mesmo esgotar”, revelou Zhang ao China Daily, durante a manhã de ontem na China. Para celebrar, Jack Ma está em Nova Iorque, onde juntamente com o novo presidente do Alibaba, Daniel Zhang, tocou o sino que marca o início da sessão da bolsa em Wall Street. País mais populoso do mundo, com 18% da população mundial, o “gigante” asiático representa hoje um importante destino de quase todos os produtos consumidos no mundo, desde automóveis a vestuário.