Casinos | Centenas saem às ruas por melhores condições de trabalho

Protesto organizado pela associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores de Jogo saiu ontem à rua com destino à sede do Governo. Além do desejo de melhores condições de trabalho alargado a todos os colaboradores, a utilização de um tipo de mesa de jogo que produz radiação motivou a manifestação

 

[dropcap]“S[/dropcap]omos fundamentais para a economia de Macau, mas somos penalizados em termos salariais. Já que estamos impedidos de entrar em casinos à semelhança dos funcionários públicos, porque não podemos ter as mesmas condições que eles?”, partilhou com o HM uma croupier do Wynn, de apelido de Wong que se juntou ontem à manifestação organizada pela associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores de Jogo.

Centenas trabalhadores da indústria do jogo marcharam ontem nas ruas de Macau em protesto por melhores condições de trabalho. A organização fala na presença de 500 pessoas. Já a polícia diz que estiveram nas ruas 290 manifestantes.

Antes da marcha partir do Parque Dr. Carlos d’Assumpção com destino à sede do Governo, Cloee Chao, presidente da associação, enumerou os principais pedidos endereçados ao Novo executivo. Além de benefícios semelhantes aos dos funcionários públicos como o direito a duas folgas por semana ou a 22 dias úteis de férias por ano, os trabalhadores reivindicaram um aumento salarial de, pelo menos, 5 por cento, 14 meses de remuneração, subsídio de residência e ainda um subsídio para o trabalho por turnos e nocturno.

Questionada sobre os motivos que a levaram a manifestar-se, Wong, contou também ao HM que considera injusto não existirem subsídios compensatórios para os turnos nocturnos, já que existem para funcionários públicos. “Há quem trabalhe três semanas seguidas à noite, mas como o contrato de trabalho é por turnos, acabamos por sair penalizados”, apontou a manifestante.

Já um trabalhador do Galaxy disse esperar que o Governo e os casinos possam ouvir as reivindicações dos manifestantes. “Macau e os casinos estão cheios de dinheiro, e já que somos nós, os trabalhadores, que promovemos este sector, as receitas devem ser partilhadas”. Cheang, croupier do MGM que trabalha há nove anos no sector considera que” nem o salário nem as condições em termos de subsídios e de férias acompanham actualmente o nível de vida de Macau”.

Em relação aos salários, Cloee Chao considerou também que o aumento existente não é adequado, afirmando que “um acrescento de 2,5 por cento (…) não acompanha a vida nem a inflação”. “Claro que houve um aumento salarial exclusivo para os croupiers, mas estamos a falar de todos os trabalhadores do sector, como por exemplo da segurança e dos serviços de limpeza. Este aumento não é suficiente”, defendeu Cloee Chao.

Perigo de saúde

Outra das razões que motivou a associação a convocar a manifestação de ontem diz respeito ao facto de a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ter aprovado um tipo de mesa de jogo de usado no bacará que alegadamente produz radiação que prejudica a saúde dos croupiers. “Em 2018 já manifestámos a nossa preocupação com o uso destas mesas à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e à DICJ e na consequência disso, o uso ficou suspenso. No entanto, recebemos informações de que os casinos vão voltar a usá-las nos próximos meses, com a aprovação do DICJ”, frisou Cloee Chao.

Cloee Chao lembrou ainda que, na altura, a DSAL afirmou que ia exigir ao casino em causa melhorarias nas instalações e que iria dar tempo à operadora para apresentar um relatório que provasse que as mesas não provocam impactos negativos. Porém, dois anos depois, a responsável afirma ainda não ter visto qualquer relatório.

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