China / ÁsiaPequim | Preparados para combater por Taiwan Hoje Macau - 17 Jan 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a ficar sem paciência para o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na questão de Taiwan, escreveu ontem a imprensa estatal, afirmando que Pequim está pronta a combater pelo território. Trump disse na semana passada que poderá reconsiderar o princípio “uma só China”, visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território, e reconhecido por Washington desde 1979. O Presidente eleito dos EUA quebrou já no mês passado com a tradição diplomática norte-americana, ao aceitar a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. No sábado, depois dos comentários feitos numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês avisou que o princípio “uma só China” é inegociável. Ontem, o jornal estatal China Daily disse que a questão de Taiwan é “uma caixa de Pandora de potencial letal”. A China tem dado o benefício da dúvida a Trump, mas se ele “está determinado a fazer este jogo ao assumir funções, será inevitável um período de interacção hostil e nociva, e Pequim não terá outra escolha a não ser preparar-se para combater”. Donald Trump prometeu uma postura dura face ao que considera ser concorrência desleal por parte da China e sugeriu que a política “uma só China” poderá servir como moeda de troca nas negociações com Pequim. “Tudo está sob negociação, incluindo o princípio ‘uma só China'”, afirmou. Pouco espaço Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Os EUA reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1979. O jornal Global Times, visto como próximo do PCC, avisou ainda que Trump tem menos espaço para negociar do que julga. A China vai “combater impiedosamente quem defender a independência de Taiwan”, afirmou em editorial na segunda-feira. Se Trump optar por usar a ilha como moeda de troca, talvez “acabe por ser sacrificado devido a essa estratégia desprezível”. O mesmo jornal escreveu no mês passado que a decisão de São Tomé e Príncipe de cortar relações diplomáticas com Taiwan “não foi acidental”, constituindo, “obviamente, um castigo” para Tsai Ing-wen. A Presidente de Taiwan fez este mês duas paragens nos EUA, numa viagem com destino à América Central, apesar dos protestos de Pequim. No regresso, Tsai afirmou que a sua “nova direcção” para a política externa é clara. “Devemos continuar a trabalhar para que Taiwan seja visto, para que Taiwan dê o seu contributo para o mundo”, disse.