China / ÁsiaPlano quinquenal | “Auto-suficiência tecnológica” como eixo central Hoje Macau - 23 Out 202523 Out 2025 O quarto plenário do PCC elegeu como uma das matérias centrais a ser implementada até 2030 a questão do desenvolvimento tecnológico O Partido Comunista Chinês definiu ontem a “autossuficiência científica e tecnológica” como um eixo central do próximo plano quinquenal, num contexto internacional marcado pela guerra comercial com os Estados Unidos e pressões sobre a segunda maior economia mundial. O comunicado divulgado após a conclusão do quarto plenário do XX Comité Central do Partido Comunista Chinês, que decorreu à porta fechada em Pequim desde segunda-feira, estabelece as prioridades para o período 2026-2030, sublinhando também a necessidade de “impulsionar novas forças produtivas” e reforçar a “base da economia real”. O documento apela à construção acelerada de “um sistema industrial moderno”, com aposta na manufactura avançada, digitalização e integração tecnológica, e defende uma “melhoria qualitativa efectiva e crescimento quantitativo razoável” como metas estruturantes para alcançar a modernização socialista até 2049 – ano do centenário da fundação da República Popular da China. A inovação científica ocupa um lugar central, com propostas para “reforçar a investigação em tecnologias críticas”, “coordenar o desenvolvimento de um país forte em educação, ciência e tecnologia” e “melhorar a eficácia global do sistema nacional de inovação”. Mais moderno O plano também realça a importância de “modernizar a agricultura e revitalizar plenamente as zonas rurais”, bem como “optimizar a distribuição regional” e “promover o desenvolvimento coordenado entre as regiões costeiras e o interior do país”, num contexto de crescentes desigualdades territoriais. O texto reitera o compromisso com a “abertura de alto nível” e a criação de “novas oportunidades de cooperação e benefício mútuo”, apesar das restrições tecnológicas impostas por Washington em sectores como os semicondutores. Embora o documento não mencione directamente o conflito comercial com os EUA, refere um “panorama internacional complexo” e sublinha a necessidade de “aperfeiçoar o sistema de gestão macroeconómica” para garantir “um desenvolvimento estável e de alta qualidade”. Novos desafios Ao contrário de anteriores ciclos de planeamento, o novo plano deverá dar maior destaque à mobilização de recursos internos, à eficiência energética e à sustentabilidade, reflectindo os compromissos de descarbonização assumidos pelo líder chinês, Xi Jinping, que estabeleceu como meta a neutralidade carbónica até 2060. O novo plano também surge num contexto político marcado pelo reforço do poder pessoal de Xi, que consolidou um terceiro mandato sem precedentes, e pela crescente centralização das decisões económicas no seio do Partido, em detrimento das autoridades locais. Desde 1953, os planos quinquenais têm servido como guia para a política económica da China. Inicialmente focados em metas de produção e crescimento, transformaram-se nas últimas décadas em documentos estratégicos que expressam as prioridades ideológicas e políticas da liderança. A versão final do plano será aprovada pela Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo chinês, em Março de 2026, e orientará a política económica e social da China durante a segunda metade do ano. Corrupção sem lugar O Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC) confirmou ontem a expulsão de vários altos quadros militares e civis motivada por escândalos de corrupção. Entre os expulsos estão o general He Weidong, até agora vice-presidente da Comissão Militar Central (CMC) – o mais alto órgão dirigente das Forças Armadas chinesas –, o almirante Miao Hua, antigo responsável pelo trabalho político no Exército de Libertação Popular, e o ex-ministro da Agricultura Tang Renjian, condenado por aceitar subornos milionários. O plenário terminou ontem com a divulgação de um comunicado que confirma a expulsão de 14 membros do Comité Central por “graves violações da disciplina e da lei”. A reunião serviu também para nomear Zhang Shengmin como novo vice-presidente da Comissão Militar Central, segundo o texto oficial, divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Além dos altos comandos militares, a lista inclui vários dirigentes civis implicados em investigações de corrupção. No comunicado, o PCC insiste que “para governar bem o país, é necessário governar bem o Partido”, e que “só um Partido forte pode tornar o país forte”.