Perspectivas VozesGeoturismo e Parques Temáticos – 2ª parte Jorge Rodrigues Simão - 18 Set 2025 Connie Kong, enquanto Directora do Parque Temático no Lisboeta Macau, tem desempenhado um papel fundamental na definição da visão operacional do parque e na estratégia de envolvimento com a comunidade. A sua liderança reflecte um forte compromisso com a integração da cultura local na experiência de entretenimento, garantindo que o parque não só divirta, mas também se identifique com a identidade colectiva dos residentes de Macau. Sob a sua direcção, o Lisboeta Macau tem apoiado activamente as PME locais através de iniciativas como a Sessão de Ligação Empresarial, promovendo a inclusão económica e reforçando o papel do parque como uma entidade socialmente responsável na região. Christine Hong Barbosa e Sophia Mok desempenharam papéis igualmente fundamentais na ampliação da presença e propósito do Lisboeta Macau. Como Vice-Presidente de Marketing e Desenvolvimento de Retalho, Christine Hong Barbosa criou experiências de compra que combinam nostalgia com inovação, posicionando o parque como um destino que homenageia o passado de Macau enquanto abraça o seu futuro. Por sua vez, Sophia Mok, Vice-Presidente de Vendas e Comunicação Corporativa, tem sido essencial na construção de parcerias estratégicas e na elaboração de narrativas que destacam a relevância cultural do parque e a sua filosofia centrada na comunidade. Em conjunto, as suas contribuições ajudaram a estabelecer o Lisboeta Macau não apenas como uma atracção temática, mas como um espaço significativo que celebra o património local e promove o orgulho entre os residentes de Macau. O Lisboeta Macau transcende as ofertas convencionais de entretenimento. Propõe uma verdadeira cartografia sensorial, onde cada atracção é desenhada para dialogar com o território, a memória colectiva e a cultura local. É um modelo experiencial que supera o paradigma dos parques temáticos asiáticos ao integrar corpo, espaço e narrativa numa proposta de turismo cultural com identidade. As atracções não são meros dispositivos de lazer mas são também instrumentos de leitura territorial, evocação histórica e diplomacia emblemática. Cada uma é concebida como capítulo de uma narrativa maior, onde o visitante não apenas consome, mas participa, interpreta e transforma. O Lisboeta Macau oferece narrativas experienciais, como o ZIPCITY Macau que se destaca como geografia em movimento. Sendo a primeira tirolesa urbana de Macau, é mais do que uma atracção de adrenalina, pois trata-se de uma instalação aérea que atravessa o skyline do hotel, oferecendo aos visitantes uma leitura panorâmica da paisagem urbana. Ao sobrevoar fachadas inspiradas no Macau dos anos 1960, o corpo do visitante torna-se veículo de reconhecimento espacial. A experiência não é apenas física mas também cartográfica, estética e simbólica. O ZIPCITY transforma o espaço em espectáculo e o movimento em interpretação. O GoAirborne Macau representa o corpo como instrumento de territorialidade. Este simulador de pára-quedismo indoor constitui uma inovação tecnológica e sensorial sem precedentes na região. Ao combinar tecnologia de túnel de vento com realidade aumentada, a experiência simula o voo sobre a cidade, reforçando a ligação entre corpo e território. O visitante não apenas sente mas também voa, observa e compreende. O GoAirborne é uma metáfora da perspectiva aérea, da cartografia viva e da geografia experiencial. O LINE FRIENDS PRESENTS CASA DA AMIGO encarna a cultura pop como diplomacia transnacional. Este espaço temático dedicado à cultura pop asiática é mais do que um centro de merchandising pois funciona como plataforma de diplomacia cultural, atraindo públicos jovens e conectando Macau a redes transnacionais de consumo simbólico. O seu ambiente lúdico, personagens icónicas e estética contemporânea criam uma experiência que transcende fronteiras, reforçando a dimensão cosmopolita do parque. A Maison L’OCCITANE representa a natureza como experiência sensorial. A primeira unidade temática da marca em contexto hoteleiro é uma obra de design sensorial. Os quartos são inspirados em ingredientes naturais como lavanda, verbena e flor de cerejeira, oferecendo uma estadia que conecta os visitantes às paisagens aromáticas da Provença. Esta proposta não é apenas estética mas também terapêutica, ecológica e simbólica. A Maison L’OCCITANE transforma o quarto de descanso em ritual, e a hospitalidade em experiência botânica. O Emperor Cinemas MX4D é imagem como imersão territorial. Equipado com tecnologia de movimento, aromas e efeitos tácteis, proporciona uma experiência cinematográfica multissensorial. Os filmes são cuidadosamente seleccionados para reforçar narrativas territoriais e culturais, posicionando o espaço como protagonista. O visitante não apenas assiste mas também participa, sente, cheira e vibra. O cinema torna-se uma extensão do parque, e a imagem, um instrumento de imersão. O H853 Fun Factory funde marcas internacionais com design inspirado na estética futurista da cidade, e não é apenas um espaço comercial mas também um museu vivo, galeria comercial, e evocação da modernidade urbana. Cada loja, cada montra, cada corredor é concebido para contar uma história, reconstruir uma época e transformar o acto de comprar num gesto de memória. A geogastronomia no Lisboeta Macau não é um serviço complementar mas uma linguagem que traduz o território em sabor, a memória em receita e a paisagem em experiência sensorial. A cozinha praticada no Lisboeta é uma extensão viva do parque temático, onde cada prato é uma cartografia, cada ingrediente uma evocação, e cada técnica uma ponte entre tradição e inovação. A proposta gastronómica está profundamente enraizada na fusão sino-portuguesa que define Macau, mas não se limita a reproduzir receitas históricas. Aqui, cozinhar é entendido como acto criativo e gesto de interpretação territorial. Os restaurantes do complexo não apenas alimentam mas também narram, educam e celebram. No Stanley’s Café, por exemplo, a elegância da memória é palpável. A decoração inspira-se nos cafés coloniais do século XX, com madeiras escuras, iluminação suave e detalhes que evocam os salões de chá de Cantão e Lisboa. Mas é na cozinha que se revela a verdadeira alquimia cultural, onde sabores e histórias se entrelaçam para oferecer ao visitante uma experiência simultaneamente íntima e universal. O Chef de Cuisine Raymond, figura de referência na gastronomia temática de Macau, apresenta criações que são verdadeiras sínteses identitárias como o arroz chau-chau com bacalhau, os pastéis de nata infundidos com chá de jasmim, e sobremesas que reinterpretam clássicos portugueses com ingredientes locais. A sua abordagem combina rigor técnico com sensibilidade histórica. Cada prato é concebido como narrativa, homenagem e gesto de diplomacia gastronómica. O Stanley’s não é apenas um café mas um espaço de memória comestível, onde se saboreia o território. A decoração evoca salões coloniais, mas é na cozinha que a alquimia cultural transforma o gosto em ferramenta de leitura histórica. O Royal Palace representa a alta gastronomia como cartografia sensorial. Aqui, a gastronomia atinge o estatuto de arte. Os menus de degustação são concebidos como itinerários gustativos que atravessam águas costeiras, mercados locais e saberes ancestrais. Ingredientes como o camarão de profundidade, o porco preto regional e as ervas aromáticas cuidadosamente cultivadas são tratados com precisão e respeito. A cozinha do Royal Palace não é apenas sofisticada mas é territorial. Cada prato afirma Macau como espaço criativo, território gastronómico, cidade que pensa através do sabor. O restaurante contribui directamente para o reconhecimento de Macau como “Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO” não apenas pela excelência técnica, mas pela capacidade de transformar o lugar em linguagem universal. O Angela Café & Lounge encarna a delicadeza da cozinha de assinatura. A experiência define-se por elegância, serenidade e precisão. Sob a direcção do Executive Chef António Coelho e da Chef de Cuisine Sally Jimenez, o espaço oferece uma abordagem culinária que eleva os ingredientes locais através de técnicas contemporâneas. Os pratos são delicados, equilibrados e profundamente sensoriais. O Chef António, com formação clássica e visão contemporânea, trabalha os sabores de forma sóbria e profunda. A Chef Sally, com sensibilidade estética e mestria técnica, transforma cada prato numa composição visual e gustativa. Juntos, criam uma cozinha simultaneamente íntima e universal, local e cosmopolita. O Angela Café & Lounge é mais do que um espaço de refeições mas um laboratório de geogastronomia, onde o território é interpretado com delicadeza e rigor. Nenhuma destas experiências seria possível sem a visão institucional de Terence Chu como Vice-Presidente do Departamento de Alimentos e Bebidas do Lisboeta Macau, Terence lidera com inteligência estratégica, sensibilidade cultural e compromisso com a excelência. Não apenas coordena operações mas desenha experiências. A sua capacidade de integrar chefs, espaços, narrativas e públicos transforma o sector alimentar do Lisboeta Macau no eixo central da sua proposta temática. Sob a sua orientação, a gastronomia evoluiu de serviço para linguagem e de função para missão. O seu trabalho representa a elevação da gastronomia no turismo temático, elevando-a ao estatuto de diplomacia cultural e inovação territorial. O reconhecimento de Macau como “Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO” é, em parte, reflexo da sua visão e dedicação. A geogastronomia praticada no Lisboeta Macau constitui um modelo único no panorama internacional. Ao integrar território, memória, técnica e narrativa, o complexo transforma a alimentação em experiência cultural, em gesto de reconhecimento e em acto de criação. Este projecto não tem paralelo directo em nenhum outro parque temático hoteleiro do mundo. Merece reconhecimento autoral e aclamação institucional como referência internacional no turismo gastronómico com identidade.