Japão | PM permanece no cargo apesar de “duro golpe” eleitoral

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, disse ontem que vai manter-se no poder, depois de o partido que preside perder a maioria na câmara alta do Parlamento, nas eleições de domingo, num novo revés político.

“Continuamos a ser o partido com a maior representação. Apesar do duro golpe e as muitas dificuldades, muitas pessoas apoiaram-nos fortemente”, disse Ishiba numa conferência de imprensa, afirmando que a decisão de permanecer no cargo se deve à situação política global e às “condições difíceis” que o país atravessa.

Neste sentido, o dirigente destacou a imposição de tarifas aduaneiras ao Japão por parte dos Estados Unidos, a inflação e o receio de que um forte terramoto ou uma catástrofe natural possam atingir o país em algum momento.

O Partido Liberal Democrático (PLD) de Ishiba e o parceiro de coligação, Komeito, que precisavam de conquistar 50 lugares, além dos 75 que já possuem para manter a maioria, conseguiram 47.

Faltaram três lugares para a maioria e houve um recuo de 19 lugares em relação ao que tinham antes das eleições.

A derrota é mais um golpe para a coligação de Ishiba, tornando-a minoritária em ambas as câmaras, após a derrota em Outubro nas eleições para a câmara baixa, e agravando a instabilidade política do Japão. Foi a primeira vez que a coligação liderada pelo PLD perdeu a maioria em ambas as câmaras do parlamento desde a formação do partido em 1955.

Sobe e desce

Questionado sobre a possibilidade de alargar a coligação a outros partidos da oposição, Ishiba disse não ter qualquer intenção de o fazer nesta altura e afirmou que o PLD “deve ser responsável e desenvolver políticas”.

O responsável também excluiu a possibilidade de uma remodelação do Governo. “Vamos consultar seriamente os outros partidos e falar de responsabilidade e continuar com as políticas em matéria de tarifas e catástrofes”, acrescentou.

Entre os partidos da oposição, o Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP), liberal de esquerda, ficou em segundo lugar, com 22 lugares, enquanto o reformista Partido Democrático Popular (PDP) ficou em terceiro, com 17.

A surpresa foi o partido nacionalista japonês de extrema-direita Sanseito, que, sob o lema “Japão primeiro”, emergiu como um dos grandes vencedores das eleições de domingo, conquistando 14 lugares e tornando-se o terceiro maior partido da oposição.

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