China / ÁsiaChina | Acções sobem após promessas de guerra de preços Hoje Macau - 22 Jul 2025 As praças financeiras chinesas reagiram em alta nas últimas sessões, após Pequim prometer travar as guerras de preços que têm penalizado os lucros das empresas e agravado as tensões comerciais com parceiros como Estados Unidos e União Europeia. A expressão dominante entre autoridades e analistas é “involução” – referência ao esforço para conter a concorrência excessiva e a sobrecapacidade de produção em sectores como o dos painéis solares, aço e veículos eléctricos. Com a procura interna ainda fraca e o aumento das barreiras comerciais externas – incluindo tarifas mais elevadas nos EUA sob a presidência de Donald Trump –, muitos fabricantes chineses optaram por cortar preços, reduzindo margens de lucro e levando várias empresas à falência. O índice de preços no produtor, que mede os preços à saída das fábricas, está em queda há quase três anos na China, num ciclo prolongado de deflação. A tendência já se reflectiu nos mercados globais, com exportações chinesas a preços baixos a gerar atritos comerciais com parceiros como Washington, Bruxelas, mas também vários países em desenvolvimento. Face à pressão, o Governo chinês e várias associações industriais sinalizaram recentemente uma mudança de rumo. Em 30 de Junho, os 10 maiores fabricantes de vidro para painéis solares concordaram em reduzir a produção em 30 por cento. As autoridades também lançaram uma campanha de inspecção à segurança automóvel, visando travar práticas de corte de custos que comprometam a qualidade. As medidas impulsionaram as acções em sectores pressionados. Apesar de os investidores estrangeiros não poderem comprar directamente acções chinesas, têm acesso a cerca de 2.700 títulos e 250 fundos através da Bolsa de Valores de Hong Kong. Condenação superior As medidas seguem-se a declarações de alto nível contra a chamada “concorrência desordenada”. A 29 de Junho, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, publicou um extenso editorial de primeira página condenando o fenómeno da “involução” como contrário aos objectivos de desenvolvimento económico de “alta qualidade” do país. O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu numa reunião interna maior regulação sobre incentivos locais à instalação de fábricas, considerados causa da sobrecapacidade em sectores estratégicos. Economistas defendem que será necessário consolidar os sectores através de fusões e falências, mas reconhecem que o processo será lento, sobretudo devido à resistência dos governos locais, empenhados em proteger empresas e empregos regionais.