China | Acções sobem após promessas de guerra de preços

As praças financeiras chinesas reagiram em alta nas últimas sessões, após Pequim prometer travar as guerras de preços que têm penalizado os lucros das empresas e agravado as tensões comerciais com parceiros como Estados Unidos e União Europeia.

A expressão dominante entre autoridades e analistas é “involução” – referência ao esforço para conter a concorrência excessiva e a sobrecapacidade de produção em sectores como o dos painéis solares, aço e veículos eléctricos.

Com a procura interna ainda fraca e o aumento das barreiras comerciais externas – incluindo tarifas mais elevadas nos EUA sob a presidência de Donald Trump –, muitos fabricantes chineses optaram por cortar preços, reduzindo margens de lucro e levando várias empresas à falência.

O índice de preços no produtor, que mede os preços à saída das fábricas, está em queda há quase três anos na China, num ciclo prolongado de deflação. A tendência já se reflectiu nos mercados globais, com exportações chinesas a preços baixos a gerar atritos comerciais com parceiros como Washington, Bruxelas, mas também vários países em desenvolvimento.

Face à pressão, o Governo chinês e várias associações industriais sinalizaram recentemente uma mudança de rumo. Em 30 de Junho, os 10 maiores fabricantes de vidro para painéis solares concordaram em reduzir a produção em 30 por cento.

As autoridades também lançaram uma campanha de inspecção à segurança automóvel, visando travar práticas de corte de custos que comprometam a qualidade. As medidas impulsionaram as acções em sectores pressionados. Apesar de os investidores estrangeiros não poderem comprar directamente acções chinesas, têm acesso a cerca de 2.700 títulos e 250 fundos através da Bolsa de Valores de Hong Kong.

Condenação superior

As medidas seguem-se a declarações de alto nível contra a chamada “concorrência desordenada”. A 29 de Junho, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, publicou um extenso editorial de primeira página condenando o fenómeno da “involução” como contrário aos objectivos de desenvolvimento económico de “alta qualidade” do país.

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu numa reunião interna maior regulação sobre incentivos locais à instalação de fábricas, considerados causa da sobrecapacidade em sectores estratégicos.

Economistas defendem que será necessário consolidar os sectores através de fusões e falências, mas reconhecem que o processo será lento, sobretudo devido à resistência dos governos locais, empenhados em proteger empresas e empregos regionais.

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