Macau no Ano da Serpente e o Turismo de Massas

“Today’s tourist no longer pays attention to consolidated elements – heritage, cultural, etc. – which have traditionally been located in what has come to be called the tourist bubble, but flees from it in search of what he or she considers authentic.”

Constructing the Tourist Bubble

Dennis R. Judd

Macau, uma região conhecida pela sua rica mistura de culturas portuguesas e chinesas, transformou-se num ponto de atracção turística global, sobretudo nas últimas décadas. Macau tem uma história complexa influenciada por vários intercâmbios culturais. Originalmente uma aldeia piscatória tornou-se uma colónia portuguesa no século XVI, estabelecendo rotas comerciais que ligavam a Ásia à Europa. Com o tempo, Macau começou a servir de porta de entrada para os comerciantes ocidentais que procuravam produtos asiáticos. A transferência de soberania para a China em 1999 marcou uma nova era, com a transição da gestão colonial para um estatuto administrativo especial sob governação chinesa.

No início da década de 2000, Macau conheceu um desenvolvimento significativo das suas infra-estruturas turísticas devido às políticas económicas favoráveis à liberalização. O governo incentivou os investimentos estrangeiros, o que levou a um aumento das infra-estruturas destinadas a casinos e hotéis de luxo. Este desenvolvimento diversificou significativamente a economia, criando emprego e estimulando a rápida urbanização. Como resultado, Macau emergiu como um destino de referência não só para o jogo, mas também para o lazer e o entretenimento, atraindo milhões de turistas todos os anos.

O ano da Serpente, que ocorre de doze em doze anos e que se verificou em 10 de Fevereiro de 2013, e se repete este ano pode simbolizar uma transformação e um crescimento significativos. Durante este período, Macau registará um afluxo de turistas, principalmente da China continental, contribuindo para a economia local. O modelo de turismo de massas proporcionou benefícios económicos, incluindo o aumento do PIB e das oportunidades de emprego. Todavia, a forte dependência do turismo, especialmente do jogo, coloca riscos para a sustentabilidade económica de Macau. À medida que a indústria do turismo cresce, começam a surgir preocupações quanto às potenciais repercussões económicas a longo prazo. O crescimento do sector do turismo conduz a um aumento do custo de vida, o que pode criar fricções entre residentes e visitantes. A inflação na habitação e nos serviços essenciais afecta as comunidades locais, que enfrentam a ameaça de serem marginalizadas no seu próprio território.

Há muito que Macau devia ter implementado um planeamento urbano à actividade turística e roteiro gastronómico no centro histórico da cidade com o encerramento do trânsito da Calçada de São João e Rua de S. Domingos a partir da esquina com a Travessa do Bispo até à Rua de Pedro Nolasco da Silva ou Rua do Campo e reabilitando a Travessa da Sé que oferece aos visitantes e residentes um ambiente degradante com estabelecimentos que vendem comida “fast food” chinesa sem qualquer controlo de qualidade de alimentos e higiene com as pessoas a partilharem nos bancos e de cócoras pela rua os recipientes de comida, bem como a implementação de um plano de todos os passeios da RAEM onde as bactérias e vírus proliferam

A Rua da Palha está invadida por amontoados de estabelecimentos que vendem todo o tipo de “fast food” chinês onde predominam os biscoitos de amêndoas cada vez menos artesanal e dos famosos pasteis de nata (que invadiram Macau e a Ásia e que a enciclopédia Wikipedia menciona e reproduzimos https://en.wikipedia.org/wiki/Egg_tart#cite_note-7 “In 1989, British pharmacist Andrew Stow and his wife Margaret Wong opened Lord Stow’s Bakery in Coloane, where they sold Portuguese tarts that copied the pastel de nata.

[7] This variation is a Portuguese tart (葡撻; poùh tāat).

[8][9] In 1999, Wong sold the recipe to KFC, which then introduced the Macau-style pastel de nata to other parts of Asia, including Singapore and Taiwan.

[3][10]” – Deve existir uma reflexão a propósito da consulta pública para classificar o pastel de nata como parte do Património Cultural Intangível de Macau pelo Instituto Cultural. Em 2011, o Pastel de Belém no Norte de Portugal conhecido por Pastel de Nata foi eleito uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal, pelo que devia o Consulado Geral de Portugal pronunciar-se também sobre este ícone da gastronomia portuguesa), para farmácias, etc. (onde as rendas das poucas lojas disponíveis são a preços milionários e que pouco ou nada existe na zona rendas de lojas que sejam compatíveis com as vendas e daí a constante dança de abertura e encerramento de estabelecimentos.

Será que esta lei de mercado do capitalismo selvagem e sem controlo interessa a Macau e que Milton Friedman tão bem descreve em “Free to Choose” sobre Hong Kong? Mesmo na ausência de regime de preços estabelecidos não deixa de constituir especulação e levam à criação de bolhas imobiliárias que todos sabemos as consequências.

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