ONU | China preside em Fevereiro ao Conselho de Segurança

A presidência chinesa já deu indicações de que pretende promover o multilateralismo e melhorar a governação global apelando à participação construtiva de todas as partes

 

A China, que preside este mês ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, vai organizar uma reunião de nível ministerial que visa “reformar e melhorar a cooperação global”, encontro que contará com a presença do MNE (Ministro dos Negocios Estrangeiros) chinês.

O representante permanente da China junto às Nações Unidas (ONU), Fu Cong, apresentou na segunda-feira à imprensa a sua agenda para Fevereiro, tendo indicado que o MNE da China, Wang Yi, presidirá, a 18 de Fevereiro, um debate aberto sob o tema “Praticar o multilateralismo, reformar e melhorar a governação global”.

O convite para participar no debate foi feito a ministros dos Negócios Estrangeiros ou altos funcionários de outros países, incluindo a Estados que não integram o Conselho de Segurança da ONU, disse Wang Yi.

De acordo com o diplomata chinês, esta será uma “boa oportunidade” para o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, se encontrar com o homólogo chinês, caso aceite o convite para se deslocar a Nova Iorque para participar na reunião do Conselho de Segurança.

“Ao assinalarmos este ano o 80.º aniversário da fundação da ONU e à medida que o mundo entra num período muito turbulento, este debate aberto visa encorajar os países a revisitarem as aspirações originais da ONU, reafirmarem o seu compromisso com o multilateralismo e a importância do papel das Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, e explorar formas de reformar e melhorar a governação global”, explicou o representante de Pequim.

“O objectivo é construir um sistema de governação global mais justo e equitativo, que aborde o défice de governação global e garanta que os seus benefícios são partilhados por todos”, acrescentou.

De acordo com Fu Cong, a solidariedade e a cooperação estão a ser substituídas pela divisão e pelo confronto, admitindo que, “muitas vezes o Conselho não conseguiu fazer nada perante grandes crises de segurança”.

Diferenças à parte

Questionado sobre se a deterioração das relações entre Pequim e Washington poderão afectar o trabalho do Conselho de Segurança – órgão do qual os Estados Unidos e China são membros permanentes -, o diplomata chinês afirmou que espera poder cooperar com a sua homóloga norte-americana, Elise Stefanik, apesar dos “preconceitos e ideias erradas” que tem expressado publicamente sobre Pequim.

“No geral, acredito que a China e os EUA (…) têm muito em comum e podemos cooperar nisso. Por exemplo, dentro da estrutura da ONU existem questões globais que exigem esforços conjuntos de toda a comunidade internacional e, em particular, de países como a China e os Estados Unidos, como o combate ao terrorismo, às drogas ou à não-proliferação. E também, na minha opinião, a questão das alterações climáticas deve ser uma questão em que os dois países podem cooperar entre si”, salientou.

“Espero que, apesar de toda a retórica que ouvimos dos políticos americanos, possamos adoptar uma abordagem construtiva e, sublinho, profissional no nosso trabalho aqui na ONU”, frisou. Durante a presidência chinesa do Conselho de Segurança, a situação no Médio Oriente continuará em foco, estando já agendados ‘briefings’ sobre a questão palestiniana, mas também sobre a Síria e o Iémen.

“Em relação a Gaza, há agora um cessar-fogo, mas a situação continua frágil. O Conselho necessita de acompanhar de perto os acontecimentos e tomar medidas, se necessário, para garantir que o acordo de cessar-fogo é implementado de forma plena e eficaz, e que o acesso humanitário se mantém aberto e desimpedido”, explicou Fu Cong.

“É evidente que a situação na Cisjordânia também merece a nossa atenção. Ainda ontem [domingo], ouvimos relatos de ataques militares das Forças de Defesa de Israel contra blocos residenciais nos campos de Jenin e Tulkarem”, disse.

Nesse sentido, o embaixador chinês reuniu-se na manhã de segunda-feira com o representante da missão palestiniana junto à ONU, Riyad Mansour, que por sua vez pediu ao Conselho de Segurança que adote medidas rápidas para pôr fim à situação e convoque uma reunião para abordar esses ataques.

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