Literatura | José Cordeiro, ex-docente em Macau, lança livro de crónicas

É com a chancela da Oficina da Escrita que José Cordeiro, que foi professor de educação física em Macau durante vários anos, se estreia nas lides literárias. Depois de muitas crónicas escritas na rede social Facebook, o incentivo de amigos e leitores levaram-no a editar “Ao Invés, Pois Claro”, onde nem falta um texto sobre o que é ser macaense

“Ao Invés, Pois Claro” é o título do primeiro livro de José Cordeiro, ex-residente de Macau e antigo professor de educação física no território. Com a chancela da Oficina da Escrita, o livro acaba de ser editado em Portugal e nasce de uma série de publicações, sobre diversos temas, publicados na rede social Facebook.

Conforme a descrição da obra, trata-se não apenas de uma “colectânea de crónicas”, mas também “um convite à liberdade de pensamento, a exploração da dúvida e do conhecimento”, a “celebração de diversidade de opiniões” que é feita com uma “abordagem descontraída”.

“Não tenho nenhuma orientação específica para fazer uma crónica, depende da disposição do momento. Não é algo doutrinário, não pretende influenciar nada. É um prazer pessoal que tenho, brincar com as palavras”, disse ao HM. Apesar de José Cordeiro sempre ter feito da actividade física a sua profissão, a verdade é que a ligação às letras sempre existiu.

“Sempre gostei de brincar com as palavras. Só comecei a escrever de forma mais sistemática recentemente. Seleccionei algumas crónicas, como uma cozinha literária, em que se faz uma sopa e muita dela acaba por ir para o lixo”, exemplificou. Os temas são diversos e “batem em religião, política, amizade, em tudo e nada”.

Uma das crónicas refere-se a Macau e ao ser macaense, uma questão da comunidade que José Cordeiro conhece bem. Em “Estado de sítio ou estado de espírito”, Cordeiro fala da existência da comunidade e diz que hoje, 25 anos depois, os macaenses vivem “as duas coisas”. “Pode ser um estado de sítio, por estarem circunscritos a uma comunidade, que é portuguesa em território chinês, e um estado de espírito, porque muita gente não vive em Macau, mas sente-se macaense vivendo fora”, frisou.

“Ao Invés, Pois Claro” é um nome que nasce da vontade do autor ser “um pouco do contra”. “Dizem que sou teimoso, e, pois, parece-me [que sim]. Não comento os comentários que fazem às minhas crónicas, e quando lanço uma crónica ela deixou de ser minha naquele momento, passa a ser de quem a interpreta”, disse.

O poder das redes sociais

José Cordeiro acredita que “uma boa maneira de a pessoa disciplinar o raciocínio é escrever” e escrever “é uma maneira de disciplinar a minha intervenção nos contactos que faço com as pessoas”. É “ter uma ideia clara e, num primeiro princípio, expô-la. Foi numa onda de brincadeira que fui fazendo as coisas, escrevendo. Houve pessoas que gostaram dos textos e sugeriram que os publicasse”.

“Digo que é um álbum porque, para mim, é outra coisa. É quando se toma um tema e ele é levado até ao fim”, frisou ainda José Cordeiro, que confessa que as redes sociais “vieram permitir tudo”, até dar a voz a novos autores.

“Às vezes sinto-me incomodado com aquilo que se faz [nas redes sociais], mas eu sou responsável por mim e por aquilo que faço. Não tenho pretensões de doutrinar ou de querer levar alguém onde quer que seja. Sou um simples cidadão que gosta de brincar na minha cozinha literária, como costumo chamar”, disse. José Cordeiro está ainda a preparar uma sessão de lançamento da obra, mas a mesma já se encontra à venda em diversas plataformas online.

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