China / ÁsiaBrasil | Sectores do peixe e marisco procuram a China Hoje Macau - 27 Out 2025 A imposição de tarifas de 50% ao Brasil por Donald Trump, devido ao julgamento de Bolsonaro, levou o país sul-americano a procurar outros mercados mais favoráveis A secretária nacional de Aquicultura do Brasil disse sexta-feira à Lusa que a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos (EUA) levou os sectores do peixe e marisco brasileiros a procurarem novos mercados, incluindo a China. “Quando fala de exportação de pescado, há muito produto a ser direccionado para os Estados Unidos, e isso, com a taxação, obrigou-nos a pensar nos outros destinos”, explicou Fernanda Gomes de Paula. O Brasil e os EUA estão a viver uma crise diplomática sem precedentes, depois de o Presidente norte-americano ter imposto tarifas de 50 por cento sobre grande parte dos produtos brasileiros. Donald Trump justificou a decisão com o julgamento em que o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, aliado do actual líder dos EUA, foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. “Eu acredito muito que nós temos que olhar sempre pelo lado positivo de todas as situações. Então, isso foi um despertar, está abrindo uma oportunidade para a gente buscar outros destinos para os nossos produtos”, disse a responsável. Antes da imposição das tarifas, cerca de 70 por cento das exportações brasileiras de pescado tinham como destino os EUA, valor que sobe para 90 por cento no caso da aquicultura. Fernanda de Paula, cuja secretaria está sob a tutela do Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil, defendeu que é preciso apostar no peixe e no camarão como produtos para “trabalhar comercialmente”. Há 15 anos que a China é a principal parceira comercial do Brasil. Sempre a aprender De acordo com dados dos Serviços de Alfândega chineses, as exportações brasileiras caíram 10,9 por cento nos primeiros oito meses de 2025, para 72,6 mil milhões de dólares. A secretária nacional de Aquicultura do Brasil defendeu que o país tem potencial para exportar mais peixe e outros produtos aquáticos para o mercado chinês. “Na verdade, a gente precisa se mostrar mais, precisa compreender o volume das nossas produções, a qualidade dos nossos produtos e demonstrarmos que temos condições de incluí-los aqui”, disse a responsável, em Macau. A dirigente falava à margem da cerimónia de encerramento de um colóquio sobre a economia digital entre a China e os países de língua portuguesa, que começou em 13 de Outubro. Fernanda de Paula disse que o evento, organizado pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) foi “extremamente importante”. A cadeia produtiva da aquicultura “está a passar por um processo de transição para digitalizar, trabalhar com inteligência artificial”, de forma a melhorar a gestão e aumentar a produtividade, explicou a dirigente. A secretária nacional de Aquicultura do Brasil aproveitou para “conhecer o que está a ser discutido, o que está a ser debatido [e] fazer as conexões certas”. “Temos um país que está aberto para colaboração. (…) A gente tem algo que pode oferecer, mas temos a humildade para compreender que temos também muito que assimilar”, acrescentou.