Brasil | Investimentos chineses impulsionam sector tecnológico

As relações entre o Brasil e a China atravessam um dos melhores períodos da sua história. Pequim continua a investir em força no desenvolvimento tecnológico do país lusófono

O crescente investimento da China no Brasil deve impulsionar a inovação e a tecnologia locais, beneficiando a economia e gerando novas oportunidades de crescimento, segundo um artigo no jornal China Daily. Dados publicados este mês pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) revelaram que o investimento chinês no Brasil totalizou 4,8 mil milhões de dólares no ano passado, mais do dobro do valor registado em 2023, indica o Diário do Povo.

Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, disse que o Brasil pretende canalizar capital para tornar o país um produtor de tecnologia e um investidor em economias parceiras.

O país considera esse crescimento como muito positivo, numa parceria que se vem expandindo há mais de uma década, de acordo com Moreira, acrescentando que as fontes desses investimentos estão a diversificar-se e que o Brasil é agora o quinto maior destino de investimentos estrangeiros em todo o mundo, o que gera empregos e rendimentos.

Os investimentos chineses em toda a economia brasileira podem estimular ganhos em inovação e tecnologia para a indústria local, afirmou o responsável. Segundo Moreira, o Brasil pretende expandir os seus investimentos no exterior e em vários sectores já presentes na China, incluindo café, proteínas e alimentos, celulose e equipamentos eléctricos.

Com essas duas vertentes – receber e fazer investimentos, o Brasil está a construir sinergia para um ecossistema inovador, criando centros de pesquisa, enviando brasileiros para a China, ampliando a sua curva de aprendizagem e agregando valor à cadeia produtiva do país, observou.

Outros investimentos

Entretanto, os investidores privados também acolheram o crescimento dos investimentos chineses. Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos, da agência de corretagem da Bolsa de Valores de São Paulo, disse que os saltos nas duas direcções foram significativos. A China, como principal parceiro comercial do Brasil nos últimos anos, vem abrindo portas para maiores fluxos comerciais, destacou.

Isso permite a diversificação de mercados, assinalou Martins, acrescentando que as oportunidades nos projectos de agricultura, energia renovável, infraestrutura e aeroespaço estão a surgir desse relacionamento cada vez mais próximo. Da soja, minério de ferro, carne aos carros, foram abertas portas para 183 empresas brasileiras que exportam para a China, indicou Martins.

Para durar

Além disso, uma grande quantidade de investimentos chineses também foi para o sector energético, observou o responsável. Só a State Grid, da China, investiu cerca de 5 mil milhões desde que entrou no Brasil. Ramon Haddad, vice-presidente da State Grid Brazil Holding, disse que o Brasil faz parte da estratégia de longo prazo da empresa.

A State Grid opera em 14 dos 27 estados do Brasil, além do Distrito Federal. A sua infraestrutura fornece cerca de 10 por cento da electricidade do país. Haddad informou que mais projectos – principalmente para sistemas de transmissão de ultra-alta tensão – estão por vir, com um investimento total estimado de 3,5 mil milhões planeado para os próximos quatro anos.

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