China / ÁsiaMédio Oriente | Pequim rejeita que Gaza seja “moeda de troca” em negociações Hoje Macau - 20 Fev 2025 O líder da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterou na ONU a posição da China em defesa de Gaza e da Cisjordânia como a terra natal dos palestinianos O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, defendeu na terça-feira que Gaza não seja transformada numa “moeda de troca” em negociações políticas, frisando ainda que o enclave e a Cisjordânia são “a terra natal do povo palestiniano”. “A situação no Médio Oriente continua tensa e frágil. Gaza e a Cisjordânia são a terra natal do povo palestiniano, não uma moeda de troca nas negociações políticas. A governação palestiniana pelos palestinianos é um princípio importante que deve ser seguido na governação pós-conflito”, afirmou Yi, numa intervenção perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. “É vital defender a solução de dois Estados, pressionar por uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestiniana e trazer paz e segurança duradouras ao Médio Oriente”, acrescentou o líder da diplomacia da China, país que detém este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança. A posição de Pequim surge uma semana após o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter reafirmado o seu compromisso “em comprar e possuir” a Faixa de Gaza, acrescentando que os palestinianos não teriam direito ao regresso ao território. Trump adensou ainda mais a polémica ao propor que os habitantes de Gaza sejam reinstalados em outro lugar “permanentemente”, nomeadamente nos países vizinhos Jordânia e Egipto. Contudo, essas ambições foram duramente criticadas por grande parte da comunidade internacional e pela ONU, com o secretário-geral, António Guterres, a alertar que “qualquer deslocamento forçado da população é equivalente a uma limpeza étnica”. No debate de nível ministerial do Conselho de Segurança, subordinado ao tema “Praticar o multilateralismo, reformar e melhorar a governação global” e convocado por Pequim, Wang Yi abordou ainda a guerra na Ucrânia, sublinhando que a “China apoia todos os esforços que conduzam às conversações de paz”. “A crise na Ucrânia arrasta-se há quase três anos. Recentemente, o ímpeto de procura pelo diálogo e pela negociação está a aumentar. Desde que a crise eclodiu, a China tem defendido uma solução política e promovido negociações de paz. A China apoia todos os esforços que conduzam às conversações de paz”, disse o ministro, num momento em que os Estados Unidos e a Rússia estão em negociações directas para esse fim, mas sem incluir a Ucrânia ou a União Europeia. De acordo com o líder da diplomacia chinesa, Pequim continuará a trabalhar com todos os países, especialmente os países do Sul global, “para construir um consenso para pôr fim ao conflito e para abrir caminho à paz”. Mudança de planos Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia — o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, — reuniram-se na terça-feira na Arábia Saudita para discutir a melhoria dos laços e negociar o fim da guerra na Ucrânia — conversações que representam uma mudança na política externa norte-americana sob a liderança de Donald Trump. Trata-se da primeira reunião russo-americana a este nível e neste formato desde o início do conflito. O encontro foi criticado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que condenou o facto de Kiev não ter feito parte das discussões. “As negociações estão agora a decorrer entre representantes russos e norte-americanos. Mais uma vez, sobre a Ucrânia e sem a Ucrânia”, condenou o líder ucraniano durante uma deslocação à Turquia. Zelensky disse que o seu país não aceitará quaisquer resultados das negociações desta semana se Kiev não participar.