EventosFotografia | Ochre Space com mostra inédita sobre Hosoe Eikoh Andreia Sofia Silva - 21 Jan 2025 Fundada por João Miguel Barros, advogado e residente de Macau, a galeria Ochre Space, em Lisboa, continua a mostrar alguns dos grandes fotógrafos contemporâneos. Desta vez é Hosoe Eikoh, o protagonista da nova exposição da galeria disponível até 8 de Fevereiro Falecido a 16 de Setembro de 2024 em Tóquio, Hosoe Eikoh é homenageado com a nova exposição na galeria Ochre Space, em Lisboa, disponível até ao dia 8 de Fevereiro. Fundada por João Miguel Barros, advogado, curador e residente de Macau, a Ochre apresenta agora uma exposição inédita com um dos nomes mais conhecidos da fotografia japonesa contemporânea, mas também da história de arte feita no país. Segundo uma nota de imprensa, esta mostra “é a primeira em Portugal e no mundo após a morte de Hosoe”, tendo sido planeada um ano antes, “ainda com o conhecimento do artista”. Trata-se, assim, de uma exposição que “celebra a vida e o legado de um verdadeiro visionário da fotografia”, tido como “o mestre dos mestres”. “Hosoe Eikoh destacou-se pela sua abordagem única, que elevou a fotografia a uma forma de arte performativa e colaborativa. Trabalhos como ‘Barakei’, criado com Mishima, e Kamaitachi, em parceria com o dançarino butoh Tatsumi Hijikata, exploram os limites entre corpo, identidade e desejo, capturando momentos de intensidade visceral e beleza simbólica”, descreve-se na mesma nota. A escolha da data para a inauguração da mostra, 14 de Janeiro, deveu-se ao simbolismo que esta acarreta, pois marca “o centenário do nascimento de Yukio Mishima, icónico escritor japonês que inspirou um dos projectos mais emblemáticos da carreira de Hosoe, ‘Ordeal by Roses’ (Barakei)”. Este trabalho é mesmo o grande destaque da exposição na Ochre Space, onde Hosoe usou “a lente para reinterpretar a vida e a obra de Mishima, criando composições carregadas de força estética, e emoção”. Em 1961 Yukio Mishima, conhecido dramaturgo japonês, convidou Hosoe para o fotografar para um livro de ensaios que ia publicar. Mishima “pretendia uma fotografia de capa menos convencional”, mas segundo João Miguel Barros, Hosoe perguntou se “o podia fotografar à sua maneira”, ao que Mishima respondeu afirmativamente. “A série de fotografia tiradas foram totalmente inesperadas: Mishima envolto numa mangueira em diversas posições, de pé ou deitado no jardim de sua casa. Uma dessas fotografias acabou por ser a capa do livro de ensaios publicado em 1961, com o título ‘The Attack of Beauty’. E esse foi também o começo de ‘Barakei’, sendo essa fotografia e essa série uma parte importante do início do livro”, descreveu o fundador da Ochre Space. Assim, na galeria, o público pode ver uma selecção de imagens do livro “Barakei”, editado pela primeira vez no Japão em 1963, e que originalmente teve como nome “Killed by Roses”. Legado intemporal A galeria descreve ainda o facto de, ao longo da sua vida, Hosoe ter sido “amplamente reconhecido pela sua contribuição para a fotografia mundial, tendo recebido, entre outros, o Prémio de Realização de Vida da Sociedade Fotográfica do Japão (1963) e a Ordem do Sol Nascente, atribuída pelo governo japonês em 2017”. Esta mostra visa mostrar esse legado intemporal do fotógrafo e o “impacto duradouro de Hosoe na arte contemporânea, celebrando a sua capacidade de transcender barreiras culturais e temporais, desafiando e inspirando gerações futuras”. No dia 8 de Fevereiro, a partir das 16h, a exposição encerra com uma conversa em torno da obra do fotógrafo, sob o tema “Hosoe e Mishima juntos na Imortalidade”. Esta conversa reúne José Bértolo, professor na Universidade Nova, Tânia Ganho, autora e tradutora da obra de Yukio Mishima em Portugal, e João Miguel Barros. Promete-se “a exploração de diferentes ângulos da obra e legado de Hosoe”, nomeadamente as várias edições de “Barakei”, “a visão literária de Mishima e a potência da fotografia de Hosoe enquanto arte performativa e simbólica”. Trata-se, segundo a organização, de “uma oportunidade única para celebrar a intersecção entre artes visuais e literatura, no espírito visionário do mestre japonês”.