UE necessita de dois milhões de peritos em tecnologia até 2050

O presidente da Academia Europeia de Ciências, o português Rodrigo Martins, disse à Lusa que a UE vai precisar de formar ou atrair mais dois milhões de especialistas em novas tecnologias emergentes até 2050.

“Nós [a União Europeia (UE)] vamos precisar de talentos para estas novas tecnologias emergentes”, disse Martins, um especialista em nanotecnologia e microelectrónica.

O investigador recordou que o bloco europeu implementou desde 2023 várias agendas, incluindo na promoção dos semicondutores e na criação de uma cadeia de abastecimento sustentável e viável de materiais considerados vitais, como o lítio.

Em Setembro de 2023, entrou em vigor o regulamento europeu para impulsionar o setor dos semicondutores, o qual visa garantir a segurança do aprovisionamento e reforçar o investimento, num apoio de 3,3 mil milhões de euros em fundos comunitários.

Um dos principais âmbitos da nova lei europeia visa a transferência de conhecimentos dos laboratórios para as fábricas, colmatando o fosso entre a investigação e a inovação e as actividades industriais e promovendo a exploração industrial de tecnologias inovadoras pelas empresas europeias.

Semicondutores são a designação corrente para os circuitos integrados que permitem que os dispositivos eletrónicos – sejam telemóveis, micro-ondas ou elevadores – processem, armazenem e transmitam dados.

“Precisamos, no mínimo, de cerca de 300 mil novas pessoas nestas áreas, até 2030, e até 2050, mais dois milhões”, disse Martins. “E nós não temos essas pessoas. Onde é que as vamos encontrar? É na China, não estou a ver outra hipótese”, referiu o investigador em Macau.

A tal ponte

Para Martins, que lidera a Academia Europeia de Ciências desde 2018, “a ideia é ver se se faz uma melhor aproximação e talvez Macau seja a melhor ponte para se ligar a China com a Europa”. “Directamente é muito difícil”, lamentou o investigador, numa referência às tensões geopolíticas e comerciais entre Pequim e a União Europeia.

Martins falava à margem de uma conferência na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, onde discursou sobre materiais impressos sustentáveis para aplicação em electrónica. Na mesma conferência também falou a mulher, a antiga ministra portuguesa da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato (2022-2024). O casal é conhecido por ter inventado em 2008, com colegas, o chamado “papel electrónico”, o primeiro transístor feito de papel.

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