Manchete SociedadeBurlas | PJ alerta para ofertas de emprego suspeitas João Santos Filipe e Nunu Wu - 13 Jan 2025 Após o actor chinês Wang Xing ter sido sequestrado na Tailândia e obrigado a trabalhar para uma rede de burlas no Myanmar, a PJ emitiu um novo comunicado a alertar os residentes para ofertas de emprego suspeitas A Polícia Judiciária (PJ) alertou os residentes para se manterem atentos e não confiaram em propostas de emprego originárias de alguns países estrangeiros. O comunicado da PJ surge numa altura em que o problema dos cidadãos chineses raptados na Tailândia e transportados para o Myanmar, onde são obrigados a participar em burlas informáticas, volta a estar na ordem do dia, devido ao caso do actor chinês Wang Xing, que foi raptado e só acabou libertado, depois de uma campanha online da namorada. O aviso surge igualmente na sequência de um caso local, em que a PJ afirma ter actuado a tempo de evitar que um residente fosse atraído com uma proposta falsa de emprego para o estrangeiro, onde seria explorado num centro de burlas. Segundo as autoridades, a PJ foi contactada por um residente que se mostrou preocupado com uma oferta de emprego recebida por um amigo. O residente explicou às autoridades que a proposta aparentava todos os elementos da prática de rapto e que caso o amigo viajasse para o estrangeiro seria raptado e escravizado num centro de burlas. Como não era capaz de convencer o amigo a recusar o “convite” de trabalho, o residente pediu auxílio à polícia. “A Polícia Judiciária interveio de imediato na investigação e acabou por ajudar a vítima a reconhecer a burla, dissuadindo-a do seu plano de ir para o estrangeiro em tempo útil”, foi revelado pela força policial, que não divulgou o país da oferta de emprego. A PJ indicou ainda que entre Setembro e Dezembro foram identificados cinco casos de residentes obrigados a trabalhar em centros de burlas, depois de terem sido atraídos com ofertas falsas de emprego. Entre estes, quatro residentes foram obrigados a trabalhar em esquemas de burla em Taiwan, onde acabaram detidos pela polícia local, e no quinto caso o centro de burlas ficava no Camboja, embora o residente tenha conseguido fugir e regressar à RAEM. No comunicado das autoridades, os residentes são aconselhados a desconfiarem de propostas de emprego que implicam deslocações ao estrangeiro e que prometem salários elevados, para posições em que não são necessárias qualificações. Wan Kuok Koi mencionado Nos últimos dias, tem crescido o número de denúncias sobre cidadãos chineses que foram convencidos a deslocarem-se à Tailândia com ofertas de emprego e acabaram raptados no Myanmar e escravizados. Segundo a BBC, o caso do actor Wang Xing serviu como catalisador para o surgimento de várias denúncias de famílias do Interior desesperadas, que apelam às autoridades chinesas que actuem junto dos governos da Tailândia e Myanmar, para que os seus familiares sejam libertados. A existência de parques industriais utilizados como centros de burlas informáticas no Myanmar é conhecida e tem sido noticiada frequentemente. De acordo com os artigos pulicados pela emissora alemã DW e, mais recentemente, pelo jornal Wall Street Journal, Wan Kuok Koi, residente de Macau conhecido como Dente Partido, é um dos responsáveis por um dos centros de burlas no Parque KK, situado entre na fronteira do Myanmar junto à Tailândia. Também nos últimos dias, a conta de Wan Kuok Koi na rede social Douyin, o Tiktok do Interior, foi bloqueada, ao mesmo tempo que o agora empresário soma acusações online de contribuir para o rapto de cidadãos chineses. Uma destas acusações, partiu do influencer Zhao Haibo, que faz vídeos sobre a prevenção de burlas e que no passado esteve ele mesmo sob suspeita de cometer burlas.