PME | Estudo diz que tecnologia foi essencial para sobreviver à pandemia

Durante a pandemia, as pequenas e médias empresas de Macau foram obrigadas a procurar formas de sobrevivência e a aposta nas novas tecnologias e redes sociais ajudou a manter negócios. Uma dissertação de mestrado de Lai Ieng Chio, defendida no Instituto Superior de Economia e Gestão, apresenta quatro casos de resiliência e adaptação

 

Chama-se “A adaptação das PME à covid-19 em Macau: O foco na Informação Tecnológica” e revela a forma como algumas pequenas e médias empresas de Macau se adaptaram às novas tecnologias, alterando modelos de negócio e inovando, para responder à crise económica que o território enfrentou durante os anos de combate à pandemia da covid-19. Este estudo constitui a dissertação de mestrado em Gestão de Sistemas de Informação defendida por Lai Ieng Chio no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa.

Contendo entrevistas a quatro empresários locais, o estudo conclui que “as atitudes dos empresários e a adopção das tecnologias da informação foram essenciais para apoiar as pequenas e médias empresas (PME) de Macau a sobreviver à crise, melhorando a capacidade de resiliência e a eficiência das empresas”. Além disso, a aposta em formatos online ou nas vendas através das redes sociais, entre outras ferramentas digitais, trouxe a possibilidade de adaptação “às condições do negócio em constante mudança”.

As quatro empresas versadas no estudo operam nas áreas da educação, propriedade intelectual; desporto e saúde, no caso concreto um estúdio de Yoga fundado em 2019; e uma empresa de marketing. A empresa mais antiga foi fundada em 2013 e, à data das entrevistas, empregava 20 pessoas a tempo inteiro, tendo 400 trabalhadores ocasionais e em regime freelancer.

O responsável pela empresa de marketing lembrou que “antes de 2019, (as empresas locais em Macau) faziam principalmente marketing tradicional offline… A covid-19 obrigou-os a transformarem-se e a começarem a fazer marketing em linha… agora viram as vantagens disso e continuam a fazê-lo”.

Desta forma, Lai Ieng Chio aponta que o empresário “enquanto profissional da indústria das tecnologias da informação, apresentou uma perspectiva mais ampla, salientando a mudança significativa nas estratégias de marketing no panorama empresarial local em Macau”. Neste contexto, a pandemia “funcionou como um catalisador, obrigando-as a fazer a transição para o marketing online”, sendo que “as empresas continuaram a fazer marketing online mesmo após a pandemia, reconhecendo as suas vantagens”.

O empresário acrescentou que a pandemia trouxe lições e modos de trabalhar diferentes. “Foi uma grande oportunidade porque o nosso principal negócio era online. As restrições obrigaram as pessoas a mudar para o online pois viram que os resultados eram satisfatórios, existindo agora uma maior percepção quanto a isso. Cada vez há mais pessoas a pedirem-nos ajuda para a transformação [do seu negócio]”, apontou.

No caso desta empresa, o estudo salienta que “o negócio beneficiou com a mudança” ocorrida com a passagem do marketing offline para online, tendo em conta que “mais empresas procuraram ajuda para a transformação digital”.

Adaptações online

No caso da empresa ligada à educação, em formato de franchising, foi fundada em 2020, tendo apenas dois funcionários a tempo inteiro. Aqui a transição para o online foi bastante desafiante, com o encerramento das escolas e demais instituições de ensino em diferentes fases e períodos.

Porém, o entrevistado destacou que a empresa começou também a apostar no marketing online. “Utilizámos de forma oficial as redes sociais este ano [2023] e começámos a utilizar os sistemas de informação para encomendar e organizar materiais didácticos.”

Desta forma, o estudo destaca que a maioria dos entrevistados adoptou “o marketing online e sistemas de informação” digitais, sendo que o caso da empresa ligada à educação demonstrou “uma abordagem proactiva à adopção de ferramentas digitais, tanto para marketing como para eficiência operacional”.

O uso de ferramentas digitais foi também útil para manter o estúdio de Yoga operacional. “Fazemos algumas coisas online (…) utilizando o FaceBook, o Instagram, o Wechat (…) principalmente por ser conveniente para a promoção e o marketing (…) e começámos a utilizar sistemas de informação para o registo dos alunos”, foi dito na entrevista para o estudo.

No que diz respeito à empresa da área da propriedade intelectual, houve também a necessidade de adaptação, sendo que os anos de pandemia até levaram o entrevistado a perceber onde estava a errar no negócio.

“Graças à covid-19 consegui ver mais claramente os pontos fracos [da empresa], pelo que desenvolvemos uma nova forma de funcionamento e começámos a utilizar grandes volumes de dados e algoritmos para nos ajudar a navegar. Por exemplo, devido à pandemia, cada vez mais pessoas começaram a ter gatos como animais de estimação. Foi uma boa oportunidade para seguir esta tendência que os grandes dados me mostraram e lançar produtos relacionados”, foi referido.

Digital foi a resposta

Tendo em conta os quatro exemplos analisados, o estudo denota que “os empresários de Macau se depararam com uma miríade de dificuldades, que vão desde as dificuldades financeiras à exaustão emocional”. No caso do centro de explicações, a empresa do ramo da propriedade intelectual e do estúdio de Yoga houve “rendimentos nulos, despesas contínuas e um futuro incerto”, embora todos os empresários tenham demonstrado capacidade de “resiliência e adaptação”.

Desta forma, o recurso às plataformas online e meios digitais “foram identificadas como estratégias-chave não só para sobreviver, mas também para prosperar no panorama empresarial transformado”, tendo-se verificado, nos anos de pandemia, “numa resposta dinâmica e adaptativa dos empresários de Macau na sequência das perturbações sem precedentes provocadas pela crise sanitária mundial”.

O estudo denota ainda que “a capacidade de se adaptar e de adoptar novas tecnologias e abordagens revelou-se essencial para as PME de Macau sobreviverem e prosperarem num ambiente difícil”.

Verificou-se ainda “a importância crescente das tecnologias da informação, particularmente do marketing online através de plataformas de redes sociais e da aplicação de sistemas de informação no panorama empresarial de Macau”.

O estudo destaca também a continuidade do uso destas ferramentas por parte das PME locais. “Mesmo após a pandemia, as empresas continuaram a reconhecer as vantagens das tecnologias da informação para alcançar um público mais vasto, estabelecer contacto com potenciais clientes e melhorar a eficiência operacional. À medida que as PME continuam a navegar no ambiente empresarial em constante mudança, espera-se que a sua capacidade de adaptação e inovação continue a ser crucial para o sucesso a longo prazo.”

Lai Ieng Chio denota que a actual situação empresarial “é dinâmica e que o impacto da covid-19 nas PME de Macau vai continuar a evoluir”, apelando à realização de estudos com maior abrangência e actualização de dados.

Apesar destas conclusões, a verdade é que muitos deputados e analistas têm apontado as dificuldades que as PME continuam a enfrentar em Macau, não só porque estão ainda a recuperar dos anos da pandemia, como têm de se adaptar a novos formatos de consumo por parte dos residentes, que viajam mais para o Interior da China, e dos próprios turistas.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Mais Antigo
Mais Recente Mais Votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários